ALIMENTAÇÃO ANIMAL INVESTIGAÇÃO
DESMAME SUSTENTÁVEL DE LEITÕES COM OS NÍVEIS CORRETOS DE ZINCO
Susanne Kirwan 1
O uso de óxido de zinco com elevados teores de inclusão já é proibido em alguns países Europeus e esta proibição vai extender-se a toda a Europa em 2022. Embora o modo de ação do Óxido de Zinco não seja completamente compreendido, o que é claro é que não existe um único produto que possa substituir diretamente os distintos efeitos benéficos do Zinco, especialmente no que corresponde à integridade intestinal e ao microbioma. O objetivo deste artigo é avaliar o efeito de elevados teores de Óxido de Zinco e a validação de alternativas em condições de campo.
Introdução
Szabolcs Tóth 2
É necessário fazer a distinção entre as necessidades fisiológicas de Zn como mineral essencial e o uso medicamentoso do Óxido de Zinco (ZnO), tendo este último consequências indesejáveis no ambiente e no desenvolvimento de resistências antimicrobianas. Tendo estes pontos em consideração, e independentemente da proibição, é essencial procurar alternativas aos elevados teores de inclusão de ZnO atualmente utilizados.
A necessidade fisiológica de Zinco
Mauro di Benedetto 3
Valentine Van Hamme 4
O Zinco é um mineral essencial, recomendado pelo NRC em 46.6 mg Zinco por dia em leitões durante as primeiras duas semanas após o desmame. Tendo em conta a ingestão após o desmame e o límite máximo imposto pela União Europeia – 150 ppm neste periodo – os leitões necessitariam ingerir 341 grs de alimentos compostos por dia desde o dia do desmame. Na realidade, este valor de ingestão só é atingido duas semanas após o desmame, significando que a quantidade de Zinco necessário para cobrir as necessidades fisiológicas não são garantidas. Esta situação pode contribuir para diarreias que por sua vez aumentam as perdas de Zinco. Níveis insuficientes de minerais podem também levar a situações de canibalismo quando os animais procuram fontes de minerais, isto pode ter um impacto significativo no bem-estar animal.
Uso de Óxido de Zinco em altos níveis de inclusão A biodisponibilidade do Zn no ZnO ronda os 20%, o que significa que o efeito das doses mais elevadas de inclusão (2500 ppm) resulta do seu efeito direto 1 - Global Technical Service Manager – Intestinal Health, Kemin Europa N.V. 2 - Technical Service Manager Monogastric, Kemin Europa N.V. 3-H ead of Technical Service Monogastric, Kemin Europa N.V. 4-B usiness Manager Intestinal Health, Kemin Europa N.V.
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ALIMEN TAÇÃO AN IMAL
no sistema gastrointestinal. O ZnO não é palatável e a sua inclusão resulta numa redução da ingestão, com efeitos negativos para o sistema gastrointestinal e os resultados produtivos. Potenciais substitutos deveriam ter um efeito neutro ou positivo na ingestão de alimento.
Integridade e estrutura do intestino O Zinco é essencial para a manutenção da integridade intestinal e das uniões estreitas (tight junctions), estas têm uma função essencial já que alguns agentes patogénicos dependem de translocação para causar doença severa. Mesmo sem agentes patogénicos presentes, a perda de integridade intestinal compromete a absorção de nutrientes e aumenta o impacto de micotoxinas. Os butiratos1 podem ser uma das alternativas à inclusão de elevados teores de ZnO, já que são absorvidos de forma muito eficiente e têm um efeito direto na integridade intestinal e uniões estreitas. Os butiratos devem ser de libertação lenta para garantir a sua ação ao longo do trato gastrointestinal4.
Impacto no microbioma O mecanismo de ação do ZnO com relação ao seu impacto no microbioma não é completamente conhecido, incluindo os efeitos sobre os agentes patogénicos (Yu et al.6 e Højberg et al.2). Algumas das possíveis soluções têm uma ação bem descrita sobre o microbioma, promovendo a proliferação da flora intestinal benéfica, tais como Lactobacilli e Bifidobacteria ao mesmo tempo que modulam as populações indesejáveis no intestino (E. coli, Clostridia spp.). Os ácidos orgânicos de libertação lenta exercem um efeito modulador sobre a flora Gram – enquanto alguns pré ou próbioticos, por exemplo, Bacillus, produzem moléculas bifidogénicas que promovem a proliferação de flora benéfica (como Lactobacilli e Bifidobacteria)3.
Imunidade A carência de Zinco, mesmo ligeira, tem um efeito significativo na imunidade dos suínos. A inclusão de elevadas doses de ZnO pode ter encoberto as necessidades de genéticas modernas, expostas quando as elevadas doses são retiradas. A suplementação com beta-(1,3)-glucano suporta o desenvolvimento e maturação mais rápida do sistema imunitário5.
Alternativas testadas no campo Para validar esta estratégia de substituição de ZnO um estudo comercial foi realizado na Hungria com desmame aos 26 dias de idade. O objetivo deste estudo era a substituição de elevadas doses de ZnO no alimento por uma solução com um