ALIMENTAÇÃO ANIMAL TEMA DE CAPA
ENTREVISTA AO SECRETÁRIO DE ESTADO DA AGRICULTURA E DO DESENVOLVIMENTO RURAL Nuno Russo
“A biotecnologia pode dar um importante contributo para o avanço do melhoramento vegetal, desde que os produtos obtidos sejam considerados seguros para o Homem, animais e ambiente.”
“No panorama agroalimentar nacional, o principal setor da indústria transformadora em Portugal, a alimentação animal é uma das mais relevantes.”
“Vivemos um momento que pede que repensemos e alteremos comportamentos e métodos de trabalho, um momento que exige que reforcemos e valorizemos o que de bom produzimos.” 6 |
ALIMEN TAÇÃO AN IM A L
No momento atual o país regressa, paulatinamente, à normalidade possível após 2 meses de confinamento devido à situação pandémica. Num primeiro momento pensou-se que o impacto desta situação no setor agroalimentar iria ser tímido, mas, na realidade não foi isso que se verificou. Qual o ponto de situação que pode fazer acerca dos impactos da COVID-19 no setor agrícola e agroalimentar em Portugal? A situação da pandemia foi acompanhada pelo Ministério da Agricultura desde o início, sempre em articulação com as diversas áreas governativas envolvidas, e o trabalho levado a cabo permitiu, assim, garantir o abastecimento alimentar em todo o território, não se tendo verificado situações de rutura assinaláveis. Isto fica a dever-se, largamente, à resiliência e dedicação, dos trabalhadores e das empresas, e ao espírito de missão de todos os agentes do setor. Este acompanhamento aconteceu (e acontece) em permanente diálogo com o setor e as respostas apresentadas foram reflexo disso mesmo. Houve, no entanto, impactos significativos em algumas atividades específicas, fruto da sua elevada dependência do normal funcionamento do canal HORECA, como é o caso dos pequenos frutos, dos produtos de pequenos ruminantes (leite e carne), dos leitões e de alguns outros produtos obtidos a partir de raças autóctones. Na fase inicial, a não abertura de mercados locais e feiras de produtos tradicionais, por razões de saúde
pública, também tiveram impactos negativos no escoamento dos produtos locais. Uma fase cujos efeitos tentámos minimizar, designadamente através do lançamento da campanha "Alimente quem o Alimenta" e da plataforma associada. E foi com muito agrado que verificámos sinais de alguma revitalização do comércio de proximidade. Também foram identificados algumas dificuldades nos setores de maior orientação exportadora, para além da do mercado nacional, como é o caso dos produtos hortofrutícolas, do vinho e, também, das plantas e flores, afetados pela diminuição da procura externa e pelas contingências na logística do transporte, e pelo encerramento de algumas fronteiras. Por estes motivos, estamos já focados na retoma económica. A preocupação do Ministério é, sem dúvida, recuperar o ritmo de crescimento que caracterizava o setor agroalimentar e a evolução positiva da balança comercial do setor, verificada nos últimos anos, e antes do surgimento da pandemia. Os agentes do setor têm reclamado que deveriam estar a beneficiar de mais medidas de apoio e que elas deveriam ser mais céleres. Que medidas, tomadas por parte da União Europeia e do Governo de Portugal, já estão a chegar ao Setor? E o que está programado? As ajudas à armazenagem privada, a antecipação de pagamentos das ajudas diretas e as ligadas ao Programa de Desenvolvimento Rural