Revista Alimentação Animal n.º 111

Page 28

ALIMENTAÇÃO ANIMAL INVESTIGAÇÃO

MELHORAR A EFICÁCIA DA VACINAÇÃO MEDIANTE A ALIMENTAÇÃO, UMA ABORDAGEM AINDA NÃO GENERALIZADA, MAS COM UM FUTURO IMENSO O papel da vacinação

Valentine Van Hamme Business Manager Intestinal Health, Kemin Europa

David González Sánchez Technical Service Manager Monogastric Nutrition, Kemin Europa

A vacinação desempenha um papel vital na gestão da saúde de todas as espécies de aves, com importância crescente desde a proibição do uso de antibióticos promotores de crescimento; e é uma ferramenta importante para reduzir o uso de antibióticos para uso terapêutico. O principal motivo para a vacinação de aves é minimizar as perdas devido à morbilidade e mortalidade causadas por todos os tipos de patogénicos. Uma vacina ajuda a prevenir uma doença, estimulando o sistema imunitário dos animais para produzir anticorpos que, por sua vez, combatem o patogeno invasor, protegendo-o contra a doença causada por este invasor específico. Certas doenças são muito comuns ou difíceis de erradicar e requerem um programa de vacinação de rotina. No entanto, a vacinação nunca consegue fornecer 100% de proteção contra doenças infeciosas. É apenas parte, mas muito importante, de uma complexa política de prevenção, da qual os programas de biossegurança, higiene e nutrição são componentes essenciais. Infelizmente, a vacinação nem sempre significa uma proteção eficaz. Existem muitos fatores que determinam a eficácia da vacinação. Uma falha de vacinação é definida como: “Quando os animais não desenvolvem níveis adequados de títulos de anticorpos e/ou são suscetíveis a um surto de doença de campo, após a administração da vacina”. Atribui-se frequentemente a culpa à vacina, mas muitas coisas podem correr mal entre o desenvolvimento e a preparação da vacina e a produção de anticorpos protetores pelo animal, pelo que se devem considerar outros fatores, tais como: • O programa de vacinação não se adapta à situação de saúde do bando. • Má administração ou manuseio da vacina. • Interferência de anticorpos maternos na estirpe da vacina. • Administração deficiente. • Estado de saúde: as aves já estão infetadas. • A qualidade da vacina ou a estirpe não está atualizada. • Deterioração da resposta imune do animal devido ao stress/doença/... • Imunossupressão nos grupos populacionais mais fracos (jovens/idosos/grávidas/imunodeficientes). Gerir estes fatores envolvidos não é fácil, mas é viável. Uma ferramenta para melhorar a eficiência da vacinação, que ainda não se utiliza sistematicamente, é a utilização de um suplemento na alimentação que module o sistema imunitário. A pesquisa

28 |

ALIMEN TAÇÃO AN IMAL

demonstrou que a resposta à vacinação pode ser melhorada utilizando ingredientes moduladores do sistema imunitário, como os beta-glucanos administrados através dos alimentos.

Vacinação e beta-glucanos Os beta-glucanos são estruturas polisacarídicas encontradas em bactérias, fungos, algas e plantas. Estas estruturas podem ser reconhecidas por um recetor localizado nas células imunológicas. Após o reconhecimento, um efeito adicional de modulação imune é induzido. Consequentemente, as respostas imunes inatas e adquiridas são fortalecidas. Para a vacinação em espécies de aves, em geral, administra-se à ave, por via oral, um patogénico ligeiramente desativado, mas vivo. Este antígeno é reconhecido pelo sistema imunitário e, em resposta, produzem-se anticorpos contra esse patogeno que protegem o animal contra uma ameaça futura deste invasor. Como a vacinação se baseia no funcionamento adequado do sistema imunitário, a utilização de uma substância moduladora do referido sistema, que reforça tanto a resposta imune inata como a adquirida, será benéfico para melhorar a eficácia da vacinação. Um candidato perfeito a suplemento alimentar é um novo beta-(1,3)-glucano de origem excecional: uma alga chamada Euglena gracilis. Na prática, foram realizados vários ensaios para adquirir experiência na eficácia destes beta-(1,3)-glucanos derivados de algas como potenciadores dos títulos de anticorpos em resposta à vacinação.

Melhorar a eficácia da vacinação contra a doença de Gumboro Uma das infeções virais mais comuns nos frangos é a doença bursite infeciosa (IBD) ou a doença de Gumboro. Causada pelo vírus IBD, destrói os linfócitos B na bolsa de Fabricio, causando imunossupressão e piora dos resultados produtivos, o que leva a perdas económicas significativas. A vacinação é muito importante para ajudar a prevenir e controlar a IBD, pelo que vale a pena tentar qualquer solução que possa melhorar a sua eficácia. Assim, realizou-se um ensaio científico para testar o efeito de um beta-glucano de algas na vacinação contra a IBD. Dividiram-se 96 frangos ROSS 308 machos por 3 tratamentos: • Controlo negativo: sem vacinar contra a IBD • Controlo positivo: vacinado contra a IBD • Beta-glucano de algas marinhas (Aleta™): vacinado contra a IBD e suplementado com Aleta a 50 g/t de ração.


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.
Revista Alimentação Animal n.º 111 by IACA - Issuu