ALIMENTAÇÃO ANIMAL VIII JORNADAS DE ALIMENTAÇÃO ANIMAL
OTIMIZAÇÃO DO USO DE ENZIMAS EXÓGENAS EM NUTRIÇÃO DE MONOGÁSTRICOS PARA REDUZIR O IMPACTO AMBIENTAL
Fernando Garcilopez AB Vista, Marlborough, UK
Gilson Alexandre Gomes AB Vista, Marlborough, UK
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ALIMEN TAÇÃO AN IMAL
Com a melhoria do padrão de vida da população há um aumento não apenas na demanda de produtos de origem animal, mas também aumenta a expectativa de que além de nutritivos os alimentos devem ser seguros, saudáveis e resguardar o meio ambiente. A produção animal evoluiu e continua evoluindo muito através do melhoramento genético dos animais, além de melhorias na nutrição, manejo e ambiência. Contudo, mesmo em face das melhorias alcançadas quanto aos índices de produtividade, o consumidor ainda continua a questionar a respeito da sustentabilidade da produção animal, e mais recentemente temos visto um aumento de alternativas a produtos de origem animal que dizem ser mais sustentáveis e tão nutritivos quanto os produtos de origem animal. Fica então patente que a produção animal deverá tomar uma atitude proativa em reduzir o impacto ambiental causado pela mesma demonstrando os avanços para a opinião pública. A União Europeia, através do acordo de Paris, estabeleceu metas na redução de gases com efeito estufa. Apesar de neste primeiro momento as atenções não estarem voltadas para as atividades agropecuárias, é certo que com o tempo teremos metas a serem cumpridas já que a produção animal contribui com cerca de 15% do total de gases de efeito estufa produzidos pela ação humana. Passa a ser importante então entender os fatores que afetam as emissões na produção animal, e neste contexto sabemos que a nutrição dos animais é o maior contribuinte para as emissões. Para entendermos melhor esse impacto, imagine que quando usamos distintos ingredientes na formulação de dietas dos animais o fazemos para alcançar níveis de nutrientes ideais para o crescimento dos mesmos e para a melhor rentabilidade do setor. Do ponto de vista de sustentabilidade, quando usamos esses ingredientes assumimos o ônus do impacto ambiental causado pela produção dos mesmos. Desta maneira deve-se ter em mente que a melhor utilização desses ingredientes pelos animais trará uma redução no impacto ambiental ou na emissão de gases com efeito estufa. Neste contexto, a utilização de enzimas exógenas, como por exemplo a fitase e a xilanase, acaba por ser uma estratégia muito interessante, já que há uma melhoria na utilização dos nutrientes das dietas. A utilização de enzimas exógenas é algo relativamentes recente na nutrição animal. As primeiras enzimas disponíveis comercialmente foram as
carboidrases, que foram introduzidas em meados da década de 80. Inicialmente o objetivo foi o de propiciar a formulação de dietas com uma maior inclusão de grãos viscosos como a cevada e o trigo, já que esses ingredientes tinham custo mais acessivel, mas aumentavam a viscosidade intestinal, trazendo desafios a digestão dos alimentos. No início da década de 90, a fitase tornou-se disponível, e buscava a redução da inclusão de fosfato nas dietas, reduzindo o custo de formulação e também reduzindo a quantidade de P excretado e o risco de poluição por P e eutrofização. Com o passar dos anos, o melhor conhecimento dos efeito anti-nutricionais dos substratos para as enzimas exógenas, fitato no caso da fitase e arabino-xilanos no caso da xilanase, fez com que houvesse uma melhoria nas caracteristicas das enzimas, e hoje temos disponivel no mercado enzimas mais eficientes. Ainda assim é bastante comum que não exploremos todo o potencial dessa tecnologia, seja por uma questão da não otimização da dosagem das enzimas, ou por uma questão de mitigar o risco na perda de desempenho dos animais. É sabido que tanto o fitato como os arabino-xilanos são potentes anti-nutrientes, reduzindo a digestibilidade de minerais, aminoácidos e energia. Neste sentido, quanto maior a quebra ou hidrólise desses compostos, mais eficientes os animais serão na utilização dos nutrientes contidos nos distintos ingredientes. Desta maneira a AB Vista buscou analisar e compreender melhor o conteúdo de fitato e arabino-xilanos dos ingredientes, buscando assim otimizar o uso das enzimas. O conhecimento gerado culminou com a geração de serviços analiticos para a mensuração dos substratos via tecnologia NIR, o que nos possibilita fazer recomendações mais precisas para o uso da fitase especialmente, e poder entender melhor os desafios que podem ser causados pelos arabino-xilanos solúveis ou insolúveis. Mais recentemente uma série de 4 experiências foi realizada em frangos de carne e suínos para validar a aplicação. Foi utilizada uma dosagem de 2.000 FTU/kg de fitase em 3 das 4 experiências, e 9.600 BXU/kg de xilanase. Foi possível reduzir até 150kcal/kg na energia metabolizável das dietas, de até 0,22% na quantidade de P disponível, além da redução de até 0,05% na lisina digestível e de outros nutrientes como cálcio, sódio, e demais aminoácidos. Foram ainda incorporados ao desenho experimental dietas sem enzimas (controle positivo),