Revista Alimentação Animal nº 110

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ALIMENTAÇÃO ANIMAL 50.º ANIVERSÁRIO DA IACA

A INDÚSTRIA DE ALIMENTOS COMPOSTOS PARA ANIMAIS – PIONEIRA NO SECTOR AGROALIMENTAR Ana Paula Marques* Grupo Valouro

É nossa perspectiva que a Indústria de Alimentos Com-

analítico dos alimentos. A constituição da CT 37/AC – virá

postos para Animais, desde a sua génese, se diferenciou

dar rigor às normas utilizadas, mantendo-se ativa e inter-

no setor Agroalimentar porque se estruturou a partir

ventiva até à atualidade. A preocupação na prevenção da

de três alicerces: sustentabilidade, nutrição animal

saúde animal e nas zoonoses foi sempre um foco, mas, o

e segurança alimentar. A Indústria antecipou a ótica

surgimento da maior crise alimentar – conhecida como

que viria a ser reconhecida no Livro Branco, publicado

BSE – provocará transformações profundas na Indústria e

em 2000, cujo principal objetivo era alcançar um nível

na Política Comum da U.E. A alimentação animal passará

mais elevado de proteção da saúde dos consumido-

a ser parte integrante e indissociável da cadeia alimentar

res de alimentos europeus, preconizando um plano de

humana. A Feed & food safety regulations – os conceitos

reformas assentes nos referidos três princípios. Pos-

de higiene, rastreabilidade, gestão de risco – dão rosto

teriormente, a Visão FEFAC para 2030 responde aos

à atual Indústria A.C. passando esta a constituir a base

reptos da Indústria com os mesmos conceitos, embora

da segurança alimentar do consumidor final.

ampliados com valores de partilha de responsabilidades, de multifuncionalidade da ciência, numa postura de eficiência e comprometimento que se ajustem à complexidade previsível para o futuro.

zado pela globalização: cadeias agroalimentares longas e complexas, a massificação da educação e da informação gerando desinformação, levando à propagação de “fake

Ora, a sustentabilidade enraíza-se nas origens da Indús-

news”. A este novo contexto a União Europeia responde

tria A.C. pela necessidade de se utilizarem subprodu-

com mais e mais legislação … e, muitas das decisões

tos desaproveitados da indústria alimentar tradicional. A abolição da Lei do Condicionamento Industrial e a entrada de Portugal na CEE potenciaram o crescimento da Indústria, levando-a à construção de novos modelos: a integração vertical (o sector avícola liderou esta tendência) e, ulteriormente a economia circular – partilha de recursos, reutilização de materiais, reprocessamento de produtos secundários e o processamento de coprodutos, acrescentando-lhes mais-valias para servirem de input a outros processos. Por outro lado, a nutrição animal apoiou-se na ciência agronomica para conhecer a composição química das matérias-primas e as necessidades elementares dos animais. A evolução da ciência foi determinante para se atingir uma formulação balanceada dos alimentos para as diferentes espécies. Este desenvolvimento traduzir – se-á na inevitabilidade de responder às necessidades da produção – o aperfeiçoamento genético e consequentemente, uma formulação mais exigente direcionada para o nutrimento específico dos animais, traduzindo-se numa melhoria da eficiência. Por último, a segurança alimentar encontra-se espelhada, logo, no primeiro Regulamento da Indústria, anterior a 1974, o qual impõe como requisito para o licenciamento de uma fábrica, possuir esta um laboratório. Esta condição obriga à formação de profissionais para o controlo * Responsável da Qualidade e Segurança Alimentar

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Presentemente, a sociedade vive num mundo carateri-

ALIMEN TAÇÃO AN IMAL

políticas nem sempre estão fundamentadas na evidência científica, apesar da EFSA ser uma instituição credível e independente, que apresenta os seus pareceres à Comissão Europeia. Todavia, o Parlamento Europeu privilegiará a aprovação das leis “mais populares” , que lhes garantam uma maior angariação de votos em detrimento da realidade, inclusive, científica. No meio deste “enredo” a Indústria Europeia de A.C. depara-se com um conjunto de obrigações, das mais rigorosas e exigentes do mundo, com as quais tem de cumprir, retirando-lhe competitividade. Mais uma vez, será a Indústria A.C. a contribuir com soluções para os planos de ação desenhados pela Comissão Europeia para reduzir o desperdício alimentar e desenvolver uma economia agrícola mais sustentável. É, o modelo de Economia Circular que ganha relevo com a gestão criteriosa dos recursos disponíveis onde: 36 % dos subprodutos e coprodutos das congéneres agroalimentares são incorporados nos alimentos para animais e 86 % dos materiais não comestíveis pelo Homem são valorizados e transformados em proteína animal pela nossa Indústria, tornando-os adequados a serem introduzidos no mercado. Neste âmbito, o Grupo Valouro foi precursor, em 1997, ao implementar um Sistema Integrado Agroalimentar e Ambiental, na Herdade da Daroeira, com o objetivo inicial da criação de frangos de carne em condições de elevada biossegurança. O desenvolvimento e concretização deste


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