Revista Alimentação Animal nº 107

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ALIMENTAÇÃO ANIMAL INVESTIGAÇÃO

PERIGOS MICROBIOLÓGICOS No último Encontro realizado em Fátima uma ques-

A indústria está particularmente atenta a alguns

tão levantada por alguns oradores foi a segurança

perigos com que tem de lidar todos os dias, as

alimentar na indústria de rações. Na verdade, este

micotoxinas são um exemplo disso mesmo, mas

tema que tem desde há vários anos legislação

outros há que pela sua “aparente” complexidade

aplicável à alimentação humana e animal é foco de

de execução analítica ainda não se englobam nas

permanente atenção por operadores, fiscalizadores e consumidores. Existe hoje uma preocupação

mos dos perigos microbiológicos.

crescente sobre os perigos que afetam a produção

A contaminação microbiológica está presente no

primária e a forma como estes se podem transmitir Artur Melo CEO Ambifood

análises de rotina da maioria das empresas. Fala-

na cadeia alimentar. Se é expectável um aumento considerável de produção animal nas próximas décadas, isso trará vários desafios para a indústria e no topo estará, certamente, assegurar a segurança alimentar em toda a cadeia. Julgo, até, que nunca fez tão sentido a conhecida frase "do prado ao prato", hoje já esquecida, mas a qual encerra em si mesma esta obrigação económica e social a que todos estamos sujeitos. A segurança alimentar é, não só, um pré-requisito para a segurança alimentar humana, com também um fator de bem-estar animal, de saúde e gerador de desenvolvimento económico. Bastará relembrar os incidentes recentes relativos a casos como a BSE, dioxinas, micotoxinas, E.coli, e dos impactos que geraram no setor.

ambiente que nos rodeia, o que até favorece o nosso sistema imunitário ao criar defesas para os microrganismos com que contata. Se assim não fosse viveríamos num mundo de esterilidade o que no limite nos seria desfavorável. Quando falamos de critérios microbiológicos, o Regulamento 183/2005 que estabelece os requisitos de higiene dos alimentos para animais refere explicitamente "a necessidade de definir critérios microbiológicos baseados em critérios científicos de risco" e na obrigação de "cumprir critérios microbiológicos específicos". A questão fundamental é saber quais são os organismos que queremos controlar e os limites a que deveremos estar cingidos. Desde logo há uma exceção porque já legislada, a salmonela, que deverá estar ausente em 25g de amostra, tal qual para a alimentação humana, devido à sua patogenicidade e consequências para a saúde. O grupo dos outros microrganismos que nos interessam serão aqueles a que chamaria indicadores microbiológicos de qualidade e englobam os que pela sua natureza podem ser nefastos, ou seja, os coliformes que se podem encontrar na água, plantas e material fecal, a e.coli que pertencendo aos grupo dos coliformes tem alojamento no trato intestinal e consequências mais graves em caso de contaminação, os bolores e leveduras porque

No caso da indústria de alimentos para animais

causam deterioração de produtos, por exemplo

já existe legislação aplicável relativa à higiene

desenvolvendo o aparecimento de micotoxinas, e

relativamente aos perigos biológicos, químicos e físicos. Por exemplo, a implementação de um sistema de HACCP, ou Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controlo, é um requisito básico de autocontrolo que arrasta consigo transformações das organizações e, sobretudo, de mentalidades.

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a contagem total de microrganismos como indicador do processo de higienização. Existem já empresas preocupadas com estes temas e que têm o seu próprio controlo microbiológico e dentro de cada uma, as suas próprias especificidades é que condicionam o estabelecimento dos cri-

A elaboração do manual, a definição de critérios,

térios microbiológicos. De referir que não falamos

a implementação, a sua aceitação e cumprimento,

somente de matéria-prima ou produto acabado,

são alguns desafios que se colocam a todos os

mas também de processos de higienização. Não

intervenientes.

há sistema de HACCP que não seja fundamentado


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