Revista Alimentação Animal nº 107

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ALIMENTAÇÃO ANIMAL INVESTIGAÇÃO

PEPTIDOGLICANOS E FUNCIONALIDADE GASTROINTESTINAL NAS AVES Introdução A microbiota intestinal intervém em numerosas funções fisiológicas (Salzman et al., 2007; Lee e Hase, 2014; Marchesi et al., 2016; Round e Maz-

Estima-se que até 90% do peso seco das células de bactérias G+ é composto por PGN, em comparação com cerca de menos de 10% no caso das bactérias G – (Figura 1).

manian, 2009) tais como funções protetoras e estruturais, assim como processos metabólicos. Além do mais, contribui para uma ótima digestão e absorção, regulação do metabolismo da energia, prevenção de infeções das mucosas e modulação do sistema imunitário. Ricardo Martínez-Alesón

São numerosos os fatores que influenciam a funcionalidade gastrointestinal, incluindo a microbiota intestinal e a sua interação com o hospedeiro. Com efeito, demonstrou-se que a microbiota intestinal modula o desenvolvimento do trato gastrointestinal e melhora a sua morfologia, estimulando o desenvolvimento do sistema imunitário, com o consequente impacto no bem-estar dos animais. A microbiota é composta por bactérias Gram-positivas (G+) e Gram-negativas (G-). As paredes celulares destas bactérias são compostas em diferente proporção por peptidoglicanos

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(PGN). Estes fragmentos de paredes celulares bacterianos podem acumular-se no trato gastrointestinal diminuindo a sua funcionalidade, com o consequente impacto negativo na digestão e absorção de nutrientes para as aves, assim como uma limitação e diminuição do seu desenvolvimento e crescimento. Com efeito, em alguns trabalhos observou-se que os PNG podem ter um efeito pró-inflamatório no trato gastrointestinal

Figura 1 – Estrutura da parede celular em bactérias Gram + e Gram -

Quimicamente, os peptidoglicanos (PGN), também chamados mureínas, são polímeros de açúcares e aminoácidos que formam a estrutura da membrana plasmática da maioria das bactérias. Os açúcares são compostos formados por ß-(1,4) N-acetil glucosamina (NAG) e N-acetil ácido murâmico (NAM). O N-acetilmurânico está unido a um tetrapéptido (segmento de 4 aminoácidos) que se caracteriza por possuir D-aminoácidos (Figura 2). A composição do tetrapéptido é ligeiramente diferente em G+ e G-. Os diferentes tetrapéptido estão ligados entre si, quer através de pontos de pentaglicina (pentapéptido formado por 5 glicinas), como acontece com as G+, quer diretamente, como ocorre nas G-, formando estruturas tridimensionais rígidas que conformam as paredes das células bacterianas, conferindo a consistência e permeabilidade necessárias às mesmas.

(Linskens et al., 2001; Kyburz et al., 2003; Mayer, 2012; Wheeler et al., 2014).

O que são os peptidoglicanos? Os peptidoglicanos (PGN) são polímeros presentes nas paredes celulares das bactérias que conferem rigidez e dão forma às células, quer sejam esféricas, em forma de cotonetes, em espiral ou filamentosas. A estrutura polimérica dos PGN é única e exclusiva das células bacterianas. 26 |

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Figura 2 – Estrutura de um polímero de peptidoglicano


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