Fala! Universidades - Edição 43

Page 1

JUNHO DE 2019 DISTRIBUIÇÃO GRATUITA

#43

CONTEÚDO JOVEM DE VERDADE.

Capa

Cultura

Representatividade das Minorias na Televisão Comportamento

A intimidade mais profunda dos nudes Saúde

Por que adultos se vacinam tão pouco Comportamento

Digital influencers roubaram o espaço das top models?

falauniversidades.com.br

Artista de rua: Tim Max (voz e violão)

A luta diária dos artistas independentes nos metrôs de São Paulo


EXPEDIENTE

No mês de Junho, a edição #43 da revista Fala!Universidades traça um retrato minucioso da luta diárias de artistas independentes nos metrôs da cidade de São Paulo. Também traz uma importante discussão sobre a fotografia do nu e aceitação do próprio corpo. Além disso, nesta edição você encontra duas matérias necessárias sobre saúde: uma investigação sobre os motivos pelos quais adultos não se vacinam como deveriam, e uma ilustração dos efeitos que as principais drogas consumidas no país exercem sobre o corpo. Aqui você lê também sobre a representatividade crescente das minorias na televisão em todo o mundo, como as digital influencers vem tomando o espaço das top models no mercado da moda, dicas de viagens para curtir no mês de julho, e muito mais. E se você não conhece o Fala! em sua versão digital, é só acessar falauniversidades.com.br e acompanhar por lá as notícias e reportagens. Se você curte o Fala! e tem vontade de fazer parte dele, de expor suas ideias, sua arte e sua maneira de enxergar o mundo, envie um email para contato@falauniversidades.com.br.

FALA! AQUI VOCÊ É NOTÍCIA.

ANHEMBI Ana Amorim Anita Hero Arlinda Fernandes Beatriz Mazzei Beatriz Monique Bia Favaro Bianca Dias Camila Rodrigues Carolina Malavazzi Carolina Ocana Danielle Moraes Elnatã Paixão Fernanda Godoy Fernanda Ming

Flávia Ávila Gabriel Ribas Gabriela de Almeida Helio Gustavo Juliana Nogueira Lais Costa Léo Martins Leticia Ventura Luana Dias Matheus Menezes Priscila Barbosa Raissa Francisco Rebeca Lavier Sarah Américo

CÁSPER Alice Anhaia Mello Ana Carolina Prado Ana Luiza Andrade Anna Beatriz Capelli Anna Carvalho Arthur S. Eustachio Bárbara Moura Beatriz Biasoto Beatriz Cavallin Beatriz Salvia Beatriz Zolin Bia Martins Bianca Quartiero Bruna Somma Caroline Brito Daniel Benites Elisa Campanorio Fatime Ghandour Gabriel Balog Gabriel Costa Gabriela Girardi Gabriela Junqueira Glaucia Galmacci Giovanna Stival Giulia Tani Guilherme Carrara Helena Leite Helena Rinaldi Ingredi Brunato Isabela Barreiros Isabela Guiduci Isabella Codognoto Isabella Von Haydin

Isabelle Colina Julia Cosceli Julia Helena Tabach Karol Pestrin Karolyne Oliveira Laura Cesar Laura Hidemi Laura Redfern Navarro Leticia Cybis Letícia Rodrigues Letícia Zanaroli Lívia Marques Livia Murata Luana Pellizzer Lucas Ignacio Maria Antônia Anacleto Mariana Pastorello Mattheus Goto Michele Yang Nathalia Nóbrega Nicoly Bastos Pedro Alvarez Pedro Santi Saulo César Tayna Fiori Tiago Brussolo Tortella Thaís Chaves Thamirys A. Costabile Vanessa Nagayoshi Victoria Martinelli Vinicius Gonçalves Vitor Risso Vivian G. de Souza

MACKENZIE Antônia Beatriz Beatriz Araujo Beatriz Cruz Beatriz Gonçalves Bruna Liu Bruno Enrique Carolina Carvalho Carolina Huertas Dani Romanelli Daniel Fabra Fernanda Antônia Flavia Gonçalves Gabriel Ferreira Giovana Quartaroli Giovanna Lopes Giulia Fantinato Isabella Baliana Julia Gnaspini

Leonardo Leite Letícia Bononi Louise Diório Lucas Gonçalves Luiza Granero Natália Gissi Nathalia Bellintani Nathália Martins Nathália Taise Patricia Carvalho Priscila Palumbo Raquel Pryzant Renan Andrade Rodrigo Malagrino Sola no Mundo Victoria Gearini Victória Theonila

PUC Antonio Gaspar Artur Ferreira Augusto Oliveira Beatriz de Oliveira Beatriz Pugliese Bruna Carmagnani Bruna Janz Camila Alcântara Carolina Lopes Clara Peduto Dora Scobar Fabricio Indrigo Gabriel Paes Gabriela Neves Giordana Velluto Giovana Macedo Giovanna Cicerelli Isabela Savarezzi Isabella Mei Jamilly Oliveira Júlia Pestana João Abel João Guilherme Melo Lais Morais Larissa Santos Letícia Assis

Luana Coggo Lucas Machado Lucca Di Francesco Luise Goulart Duarte Manuela Avanso Maria Clara Milano Maria Eduarda Cury Maria Fernanda Favoretto Marina Fontenelle Marina Pires Mario de Andrade Melissa Yabuki Natanael Oliveira Natasha Meneguelli Paula Paolini Paulo Santos Rafaela Soares Rafaele Rocha Sarah Santos Thiago Felix Vanessa Lino Victor Paulino Victor Prudencio Virginia Mencarini

USP Bia Ennes Jornalismo Jr.

Julia Nagle Nayara Salaverry

ESPM Ana Clara Flavio Canzian Gabriella Varela Guilherme Ribeiro

Hugo Neto Natália Rocha Rafaela Silva Samira Figueiredo

FIAM-FAAM Bianca Rocha Enzo Zillio Giovanna Carvalho Heloise Pires Illan Lima Juan Leopoldo

Lucas Silva Lucas Amaral Marcella Azevedo Nayara Souza Renata Ariel Vinicius Sarcetta

EDITOR-CHEFE: Layon Lazaro

PUBLISHER: Pedro Alcantara

DIRETOR EXECUTIVO: Don Emilio

DIAGRAMAÇÃO E ARTE: Talita Murari

HEAD DE RELACIONAMENTO: Fernando Celani TIRAGEM: 35.000 EXEMPLARES


Acesse:

falauniversidades.com.br

AQUI VOCÊ É NOTÍCIA. /falauniversidades

@fala_universidades


#4

SAÚDE Por Rafaele Rocha

Reprodução (Freepik)

Por que tão poucos adultos se vacinam? Segundo dados do Ministério da Saúde, apenas a vacina contra a febre amarela tem uma taxa de cobertura em adultos maior de 50% É sabido que os pais têm uma grande preocupação com o cartão de vacina dos filhos pequenos, mantendo-o atualizado e bem guardado. No entanto, com o passar dos anos, e principalmente ao chegar à fase adulta, este cartão acaba sendo abandonado, e só é lembrado novamente quando há uma campanha de vacinação ou em casos de epidemia. Até mesmo o cartão de vacina dos animais de estimação costuma estar mais atualizado que o dos membros adultos da família. Após o surto de febre amarela no ano passado, vários brasileiros se depararam com as seguintes dúvidas: ‘Será que eu já tomei essa vacina?’ e ‘Onde foi parar o meu cartão de vacina?’. A grande maioria não sabia a resposta. Sendo assim, tiveram que tomar todas as vacinas recomendadas para a fase adulta, mesmo que já tivessem sido tomadas

Quais vacinas o adulto deve tomar? Atualmente, o Ministério da Saúde recomenda

4 vacinas para adultos entre 20 e 59 anos: HEPATITE B

FEBRE AMARELA

TRÍPLICE VIRAL

Três doses, de acordo com a situação vacinal

Uma dose se nunca tiver sido vacinado

Se nunca vacinado, são duas doses para quem tem 20 a 29 anos e uma dose para 30 a 49

DUPLA ADULTO (DT) Reforço a cada 10 anos

Todas as vacinas listadas acima estão disponíveis na rede pública de saúde. Além dessas, a Pneumo 10 (pneumonia) e a Influenza A (gripe) também são encontradas na rede pública; a primeira é aplicada para adultos acima dos 50 anos e a segunda é aplicada somente mediante alguns critérios, como fator de risco e idade. Outras vacinas recomendadas para adultos, como a de Herpes Zóster só são encontradas na rede privada, e podem custar até R$500.


#5

PUC

Cartão de vacina é muito usado na infância, mas negligenciado na vida adulta.

Em caso de perca do cartão de vacina, o profissional aplicará as quatro vacinas recomendadas, mesmo se a pessoa já as tiver tomado. É o que confirma a auxiliar de enfermagem Monique Zafalon Moreira, que trabalha há 16 anos na área da saúde, dos quais 3 são em UBS (Unidade Básica de Saúde): “A maioria dos adultos infelizmente não procura se vacinar. As mulheres tendem a procurar o serviço quando engravidam. Outros casos de procura também são quando as empresas solicitam a carteira de vacina do funcionário, ou quando a pessoa quer tirar um passaporte para viajar. Mesmo assim, essas pessoas quase nunca tem o cartão de vacina. Assim, é necessário fazer um cartão novo e aplicar todas as 4 vacinas de uma vez só. Alguns reclamam, mas mesmo assim acabam aceitando. ”

Resultados ruins De acordo com o Ministério da Saúde, as quatro vacinas principais recomendadas para pessoas de 20 a 59 anos estão abaixo do considerado ideal de cobertura vacinal. No tríplice viral, por exemplo, a taxa de cobertura é baixíssima (4,7%, quando o esperado era de 95%). A situação se mantém na hepatite B e na dupla dT (dupla- difteria e tétano) e dTpa (dupla- difteria, tétano e coqueluche). Das vacinas do calendário adulto, a única que passa dos 50% de cobertura acumulada entre 1994 e 2018 é a da febre amarela, com 78,8%. Mesmo assim é um número baixo se for considerado o recente surto da doença em 2018. A expectativa do Ministério era de 100% de cobertura. Desde 2004, o Ministério da Saúde passou a definir calendários de vacinação por ciclos de vida. O Ministério da Saúde não estabelece metas de cobertura vacinal anual em adultos como faz com as vacinas infantis e também não faz balanços anuais. Porém, mesmo não estabelecendo metas, no relatório de 2013 o Ministério da Saúde estabeleceu o ideal de cobertura vacinal para cada vacina dos calendários. Todas as vacinas recomendadas para adultos estão abaixo do que o PNI considera uma cobertura adequada.

Algumas causas O problema também é cultural. Diversos países, incluindo o Brasil, se concentraram na vacinação infantil nas últimas décadas, quando o objetivo era diminuir taxas de mortalidade infantil para doenças como sarampo, poliomielite e paralisia. Nos EUA, por exemplo, mais adultos morrem de doenças passíveis de prevenção por vacinas do que crianças, diz Renato Kfouri, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações. Ele acredita que exista uma cultura da desinformação sobre a vacina para adultos, inclusive entre os profissionais de saúde: “Nós médicos não aprendemos desde a faculdade a vacinar outras faixas etárias. Não é só a população que é impactada negativamente, o próprio profissional da saúde não tem também essa cultura. Então ele não recomenda, não prescreve.” O calendário adulto é relativamente recente na saúde pública mundial e por isso uma mudança de cultura ainda leva tempo.

Vacinação em adultos: cobertura vacinal está abaixo do ideal. Foto: Fila para vacinação contra a febre amarela em UBS de Pinheiros, São Paulo. (Gustavo Luizon/VEJA.com)

Taxa de abandono Outro grande problema é a taxa de abandono. Ou seja, quando uma vacina necessita de mais de uma dose para ter sua eficácia completa, mas os pacientes só tomam a primeira e não voltam para completar a prevenção. Há também os casos em que a vacina precisa ser tomada novamente após alguns anos, como a do tétano. A primeira dose da vacina contra o tétano é tomada aos 2 meses e um reforço acontece aos 4 anos. Depois disso, um reforço deve ser feito a cada 10 anos, mas a partir da adolescência é comum que o cartão de vacinação seja deixado de lado. Há também os surtos de doenças, em que as pessoas se apressam para tomar a vacina. Porém, se não conseguem se vacinar no momento estabelecido, passado o surto também não voltam.

Anti-vaxxers O movimento antivacina, ou Anti-Vaxxers, como o grupo ficou conhecido nos Estados Unidos, é contra a imunização e reúne pessoas com diversas motivações para repeli-las. Para alguns, a vacinação pode causar autismo e outras doenças. Outros rejeitam a vacinação por motivos religiosos. Também existem aqueles que acham que os ingredientes das injeções não são “naturais” o suficiente. Ainda que de forma tímida, os Anti-Vaxxers vão deixando sua marca no Brasil. De acordo com o Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde, a vacinação de crianças menores de um ano teve seu menor índice de cobertura nos últimos 16 anos, em 2018.

Controle A carteira de vacinação em papel ainda é uma realidade no Brasil. A tendência, de acordo com o Ministério de Saúde, é que as salas de vacinação do país sejam equipadas com um novo sistema de registro informatizado. Com o sistema, a ideia é que todos os brasileiros consigam acessar seus dados de vacinação e que eles não estejam centralizados somente na caderneta de papel, com a possibilidade de recuperação dos dados.


Por Victor Paulino

Getty Images

#6

CULTURA PUC

A representatividade das minorias na televisão com o passar dos tempos

Desde os primórdios da televisão, as comunidades feminina, negra e LGBT+ encontram grandes dificuldades para serem inseridas e se sentirem representadas no mercado cinematográfico televisivo mundial. Mulheres constantemente presentes em papéis de donas de casa, esposas ideais e mães corujas, negros em situações escravocratas – personagens importantes para o conhecimento das situações, mas existentes em excesso – e de baixa renda (normalmente na condição de empregados domésticos), e gays e lésbicas representados de forma extremamente estereotipada. Por muito tempo todos esses papéis e colocações foram aceitos por serem as únicas oportunidades existentes para atores e atrizes que procuram emprego, o que lentamente tem mudado. Taís Araújo, por exemplo, atriz global renomada, interpretou a primeira protagonista negra em uma telenovela brasileira em 2004, uma mulher vendedora de ervas de uma barraca em São Luís do Maranhão. A personagem fez muito sucesso na época e causou um grande rebuliço entre os telespectadores assíduos de novelas, boa parte conservadores. Já na televisão americana, foi o ator Bill Cosby quem conquistou o primeiro papel principal em uma série de TV, na aventura “I Spy”, da NBC, em 1965. Quanto ao primeiro beijo gay, aconteceu na série L.A. Law, em 1991, com Abby Perkins e C.J. Lambe, também na NBC. Quando se fala sobre o público LGBT+, sua representatividade sempre foi bastante controversa. Aqui no Brasil, até hoje em dia, os gays e lésbicas possuem características que firmam grandes e problemáticos estereótipos existentes na sociedade preconceituosa atual. Sempre beijando os pés de uma mulher, fazendo o possível e o impossível por ela, ou por trás e um homem, ofuscada e copiosamente tentando viver a vida dele. Além disso, uma intensa massa preconceituosa impede o avanço dessa história. Hoje, a discussão está mais presente do que nunca no cotidiano das pessoas. Cada vez mais gente está se mobilizando e entendendo a necessidade da inclusão e da expressão das minorias na televisão. Ainda que exista muita repressão por parte de quem não concorda com a visibilidade, os negros, as mulheres e a comunidade LGBT+ estão começando a entender a voz que possuem e como ela é importante para seu crescimento. A tecnologia também apenas agregou, trazendo grandes personalidades importantes e necessárias a elevadas situações de imponência. Não se pode mais fechar os olhos para a realidade e não é cabível a negação de que tais vidas existem e importam e que elas merecem seu espaço.

AP PHOTO / NBC

Como as mulheres, negros e a comunidade LGBT+ encontraram espaço durante os anos e como estão inseridos na atual era dourada da televisão mundial

Peter Dinklage, à esquerda e Viola Davis ganharam prêmios de atuação nos Emmys de 2015. A vitória de Viola Davis foi histórica por ser a 1ª mulher negra a receber o prêmio de melhor atriz.

Bill Cosby ao lado de Robert Culp, protagonistas de I Spy.

A grande discussão sobre a inclusão dessas pessoas no mercado gira em torno da oportunidade. Não é por falta de competência em determinados grupos sociais, mas o não aparecimento de personagens importantes traz consigo uma sistemática cheia de situações desfavoráveis para todos estes profissionais. A atriz americana Viola Davis, ao ganhar o Emmy 2015 de Melhor Atriz em Série Dramática, em seu discurso, falou sobre isso.

“Na minha mente, vejo uma linha. E depois dessa linha, vejo campos verdes, flores adoráveis e lindas mulheres brancas com seus braços esticados na minha direção, depois dessa linha. Mas não consigo chegar lá. Não consigo passar dessa linha. Quem disse isso foi Harriet Tubman, nos anos 1800. E deixem-me dizer algo a vocês: a única coisa que separa as mulheres negras de qualquer outra pessoa é a oportunidade.” De agora em diante, uma importante luta deve acontecer. A luta para que todos esses direitos alcançados e oportunidades conquistadas se mantenham por muito tempo. O populismo atualmente em alta, e todo o conservadorismo existente em países como o Brasil e Estados Unidos ainda impedem que todas essas pessoas passem por esses processos sem grandes dificuldades. Ainda haverá embate, mas a tendência é resistir.



#8

SAÚDE Por Luísa Cerne

Ilustrações (Freepik)

Cinco drogas e seus resultados no corpo humano Seja por diversão ou na tentativa de lidar com algum problema pessoal, as drogas são largamente usadas ao redor do mundo inteiro. Um Relatório Mundial sobre Drogas realizado pela ONU afirma que, em 2016, 5,6% da população mundial consumia drogas ilícitas, entre drogas tidas como “fracas” ou aquelas que assustam qualquer um pela sua fama. Mas ponderar experimentá-las apenas pela sua reputação pode trazer surpresas no futuro, por isso é importante estar ciente do processo pelo qual o corpo passa ao consumi-las.


CÁSPER

A MACONHA: Uma das drogas mais famosas, a maconha surgiu na Ásia e se espalhou pelo resto do mundo. A “brisa” causada pelo uso da droga se deve principalmente ao THC, que irá se ligar a receptores específicos do cérebro e que liberarão a dopamina, substância responsável pelas sensações de prazer. Contudo, esse processo não é livre de riscos: há estudos que afirmam que o uso regular da maconha aumenta o risco de depressão e esquizofrenia. Além dos efeitos psicológicos, a droga acelera os batimentos cardíacos e altera os reflexos do usuário. Mesmo diante desses dados, é importante ressaltar que não existe unanimidade nas opiniões sobre os perigos da droga, e há quem afirme que o uso ocasional de maconha não configuraria um quadro perigoso.

O ÊXTASE:

Outra droga muito usada por jovens, o êxtase chegou ao Brasil fazendo sucesso em casas noturnas por causar euforia e retardamento do sono, permitindo que o jovem não se canse durante uma festa, fato representado até em músicas tocadas nestas mesmas festas - como a do J Brasil que fala “nunca mais eu vou dormir, que isso? Michael Douglas”, se referindo à substância MDMA, presente no êxtase. Essa substância, porém, de acordo com a Revista Panamericana de Salud Pública, por ser ilegal não possui nenhum controle farmacêutico em sua produção, o que significa que ninguém nunca sabe exatamente as substâncias que estão sendo consumidas. Caso realmente se obtenha a droga com as substâncias corretas, o usuário está sujeito a insônia, aumento de risco de despersonalização e depressão, tontura, dores musculares. Assim como a maconha, há quem defenda que o consumo da MDMA não pode deixar sequelas.

A NICOTINA:

Uma das maiores responsáveis do mundo por doenças e mortes, a nicotina não deixa de ser uma droga por ser legalizada. De acordo com o INCA, ela altera o funcionamento do sistema nervoso causando uma sensação de relaxamento, porém é possível desenvolver tolerância a seu efeito sendo necessárias doses maiores para chegar ao mesmo ponto, o que aumenta o risco do desenvolvimento de doenças. Essa substância normalmente é inalada quando fumada no cigarro, juntos eles podem causar câncer de boca, pulmão, laringe, entre outros, doenças pulmonares como bronquite e enfisema e aumentam os riscos de doenças como a tuberculose.

O CRACK: Apelidado com esse nome pelo ruído que faz ao ser fumado, o crack era a princípio usado em cachimbos de vidro, no entanto, como a maior parte de usuários de crack do Brasil apresentam um baixo nível socioeconômico, os cachimbos são muitas vezes substituídos por latas de alumínio, o que além dos efeitos da própria droga deixa o usuário sujeito ao aumento do nível de alumínio no sangue, causando problemas no sistema nervoso central, fato retratado pelo artigo Uma visão psiquiátrica sobre o fenômeno do crack na atualidade de Felix Kessler e Flavio Pechansky. O artigo também afirma que há estudos defendendo que a droga em si não é responsável por muitas mortes, porém o processo envolvendo o tráfico causa diversas fatalidades, também uma pessoa dependente se mostra mais agressiva quando em abstinência.

A COCAÍNA:

A droga largamente usada por Jordan Belfort, protagonista do filme O Lobo de Wall Street, para suportar as exigências de sua carreira na bolsa de valores, a cocaína é o princípio fundamental para a produção de pedras de crack. Por ser um pó inalado os seus efeitos acontecem com muita velocidade, o principal deles seria a sensação de prazer que em uma pessoa dependente se torna o único tipo de prazer almejado, levando-a a ignorar o sexo, o trabalho, entre outras formas. Além disso, a droga pode prejudicar o sistema de tomada de decisões e a memória do indivíduo e levar a destruição dos neurônios.

Ainda existem inúmeras outras drogas que são usadas pelas razões mais variadas. Até mesmo as legalizadas podem ter um efeito tão devastador quanto as ilegais, é válido conhecer qualquer substância antes de decidir prova-la. O tratamento da dependência para todas as drogas citadas (exceto a maconha que os dados são conflituosos quanto a causa de dependência) é longo e exige muita determinação do paciente, por isso é interessante procurar outros meios para suprir as carências preenchidas pelas drogas.

#9


#10

VIAGENS Por Helena Leite

Reprodução (Google e Freepik)

Conheça destinos brasileiros para fugir do frio no inverno Julho chegando e logo começam a chuva de reportagens, propagandas e até certas apelações a respeito de destinos de viagens para curtir o frio. Quem não curte muito sair por aí agasalhado acaba se dando mal nessas férias de meio de ano e ficando quase sem opção. Justamente pensando nessas pessoas que odeiam sair por aí todo camuflado, nesta reportagem traremos opções de viagens super divertidas para quem quer fugir dos clássicos roteiros de inverno.

Isso (não) é uma matéria sobre lugares frios

Salvador ães r a m i u G ada dos

Chap

Com temperaturas em média de 25°C durante o inverno, a Chapada dos Guimarães é um dos lugares perfeitos para aqueles que amam grutas, montanhas e cachoeiras e querem fugir do inverno brasileiro sem sair do país. Localizada no Mato Grosso a Chapada possui incríveis opções de trilhas para admirar a natureza, que podem ser feitas tanto a pé quanto de bicicleta. Um dos pontos mais famosos do local é a Cachoeira Véu de Noiva, que tem aproximadamente 80m de queda livre.

O famoso calor de Salvador não aparece apenas no verão. A temperatura média no inverno da capital baiana é de 23°C, mas pode facilmente chegar aos 30°. A cidade é famosa por suas maravilhosas praias, porém também possui áreas urbanas que podem impressionar, como o Pelourinho, que encanta com suas cores e estilo arquitetônico. Além da praia e do Pelourinho, o turista poderá conhecer o elevador Lacerda, o Mercadão e provar a incrível culinária típica (como os acarajés). Salvador é uma cidade completa: a curiosa disposição urbana se mistura com as praias maravilhosas e com todo significado histórico. É a viagem perfeita para quem gosta de passar as tardes na praia, conhecer a cidade e ainda entender um pouco mais sobre a história do nosso país (uma vez que Salvador foi a primeira capital brasileira).

Natal A temperatura média da capital do Rio Grande do Norte no inverno é de 26°. A temperatura elevada somada com as águas mornas, característica do litoral nordestino, com certeza irá agradar quem quer fugir do frio. O grande atrativo de Natal são as praias com incríveis dunas para fazer passeios de bugue. Além disso, as falésias (paredões íngremes esculpidos pela ação natural, como vento e chuva) podem surpreender. Outro passeio recomendado é visitar os mercados de artesanato para conhecer mais a produção local.


#11

CÁSPER

Para os que gostam do frio.. Como não só de calor vive o homem, aqui vai algumas dicas para aqueles que não abrem mão de curtir o friozinho do inverno. Para fazer diferente, trouxemos lugares que não são tão comuns, nada dos clássicos destinos (como Campos do Jordão, Gramado, etc).

Manaus Com uma média de temperatura de impressionantes 27°C no inverno, Manaus é a cidade perfeita para quem uma viagem para se conectar com a natureza. Entre os passeios imperdíveis estão: conhecer o encontro das águas do rio Negro com Solimões, o Teatro Amazonas, o MUSA ( Museu da Amazônia), o Museu do Seringal e o Mercadão. Além dos pontos turísticos, Manaus possui uma culinária bem típica que não pode deixar de ser saboreada. Entre os mais famosos pratos típicos estão: o Tacacá, o açaí (que é bem diferente do nosso) e o sorvete de Tucumâ.

Há apenas 66 km de São Paulo, São Roque é uma boa escolha para aqueles que sonham em esquiar mas não podem ir para o exterior. A cidade possui um parque com mini estações de ski, o Mountain Ski Park, que é um destino que agrada todas as faixas etárias, basta ter sede por aventura! Além do parque que oferece serviços desde ski a passeios de cavalo, um bom passeio para ser feito em São Roque é a Estrada do Vinho. Com cerca de 10 km de extensão, a Estrada do Vinho conta com restaurantes que oferecem passeios como: conhecer a vinícola, colher uva e provar de seus vinhos recém-fabricados. Por ser próxima de São Paulo e não ser uma cidade muito grande, é recomendável passar apenas um fim de semana, ou até mesmo fazer bate e volta.

A cidade fica há aproximadamente 220 km de São Paulo, na divisa com o Rio de Janeiro. O destino é ideal para casais, por ter um cenário mais romântico, e para aqueles que querem relaxar. A cidade possui incríveis cachoeiras, trilhas e lugares tão charmosos que parecem ter saído de um filme. Além disso, Cunha é famosa por suas cerâmicas e ateliês famosos. Um dos passeios mais famosos é a visita ao Lavandário, uma plantação de lavanda com estilo inspirado nas de Pronvence, no sudeste da França. Para os amantes do por-do-sol, a vista do alto da colina é surpreendente!

Para aqueles que realmente querem frio, a cidade catarinense é um ótima escolha! Urubici é uma das cidades mais frias do Brasil, chamando atenção pelas frequentes temperaturas abaixo de zero e neve ocasional. Além do centro super charmoso, com inúmeras opções de gastronomia e lazer, o turista que vai até Urubici poderá visitar a famosa Cachoeira das Noivas, o Morro do Campestre, o Mirante Urubici, entre outras atividades. A cidade possui muitas cachoeiras e morros e se destaca, além do frio, pela magnífica paisagem natural.

e u q o R o ã S

Cunha

Urubici


#12

CAPA Por João Guilherme de Lima Melo

A luta diária dos artistas independentes nos metrôs de São Paulo

Artistas: Fábio (violinista); e João (flautista)


#13

PUC

“Quanto você ganha para irritar os outros?” perguntou um rapaz. Ao mesmo tempo uma criança de aproximadamente 5 anos foi até o artista e, sorrindo, depositou algumas moedas em seu coador (o recipiente em que o compositor guarda seus lucros diários). O cantor trata as contradições do ocorrido com uma leveza de se admirar, como se tivesse presenciado somente a cena do menininho que o presenteou com uns trocados simbólicos e um sorriso muito contundente. Em seguida, com um grande sorriso no rosto, Tim inicia uma nova canção. Cantando sempre em parceria com seu violão e seu amplificador, Tim Max está desde 2010 na missão de levar um pouco mais de alegria para as pessoas durante a correia que já faz parte do DNA da capital paulista. Ele iniciou essa caminhada tocando em frente ao Conjunto Nacional, na Avenida Paulista, contudo, após sentir que o movimento havia caído, o cantor e compositor decidiu levar a sua arte para o metrô de São Paulo. Se a selva de pedra endurece o peito das pessoas que nela residem, as músicas cantadas pelo artista tratam de amolecer um pouco o coração dos passageiros que as escutam. É com a música “Sandália de prata”, de João Gilberto, que Tim começa sua tarde de shows. Inicialmente são poucas as pessoas que se atrevem a soltar a voz para cantar junto com ele. Porém, se não é possível escutar a voz delas, é possível perceber suas expressões sendo tomadas por uma leveza trazida pela melodia da canção interpretada por Tim. Em média, ele toca três músicas por vagão. Fã de bossa nova, este é o estilo que predomina no repertório de Tim, que além de cantor pode também ser considerado um atleta, dado que a cada show encerrado ele rapidamente se move para outra porta e novamente inicia suas cantorias. Às vezes todo o esforço para sair de um vagão e logo entrar em outro não dá resultado, e são nesses momentos que

o artista fala um pouco sobre algumas particularidades do seu estilo, como o fato de gostar de criar sempre coisas novas e fazer seu próprio arranjo das músicas. Com o passar dos vagões, pode-se perceber que a plateia vai se soltando. Alguns já começam a cantarolar baixinho, outros vão batucando com os dedos na perna, mas tudo ainda muito sutil. Com o passar das estações é possível também ver que mais pessoas estão contribuindo financeiramente para o show, algo muito importante, até porque os artistas precisam também sobreviver. Tratando essa questão, Tim diz que trabalha numa agência de turismo, e que durante a semana trabalha até o fim da tarde, para só depois ir vender sua arte no transporte público, o que não deixa de ser um trabalho. Porém, sempre entre uma música e outra o cantor faz questão de falar aos passageiros que tem muito prazer de estar fazendo aquilo. Aos finais de semana, normalmente no sábado, ele toca das 12 horas até as 15, período que ele entende ter maior fluxo de pessoas nas estações. Após terminar mais um show, reclama das músicas que há pouco tempo começaram a ser tocadas pelo sistema de som do metrô. Segundo ele, elas são tocadas para atrapalhar mesmo quem quer expor sua arte de maneira independente dentro dos vagões. Mas quem anda de metrô diariamente por São Paulo percebe que essa tentativa não vem dando resultado, e ainda bem! Ainda dentro dessa questão da aceitação dos artistas de metrô, há o ponto dos próprios passageiros, aqueles que não se enxergam como plateia, mas somente como passageiros. Muitos desses não valorizam a arte desenvolvida e apresentada por esses artistas, ou simplesmente preferem escutar o que vem de seus fones de ouvido do que a voz de quem canta ao vivo para eles. Uma das espectadoras destaca que aqui no Brasil ainda valorizamos pouco os artistas de metrô, e que no exterior isso é uma prática comum. Ela, que se empolgou bastante quando Tim tocou “O Barquinho”, música muito famosa composta por Roberto Menescal, completou dizendo que não faz sentido não incentivarem tanto, aqui no Brasil, os cantores e artistas de metrô, já que tem muita gente com muito talento por aqui. Mas, em contrapartida, tem muito passageiro que gosta de ser visto também como plateia, como espectador do show apresentado por Tim e seus colegas artistas, que expõem a sua arte pelos vagões da terra da garoa. Muitos já se

deixaram levar pela leveza das canções interpretadas por Tim, e com isso é cada vez mais fácil ver o sorriso estampado no rosto das pessoas depois de as melodias da bossa nova entrarem em seus ouvidos e tocarem os seus corações. Entre uma apresentação e outra, Tim Max revela como é satisfatório quando ele entra no vagão e os passageiros cantam uma música junto com ele, e ao final aplaudem e exibem sorrisos em seus rostos, sempre com muita sinceridade. O artista revela que uma vez estava tocando “Como é grande o meu amor por você” e quando terminou de cantar, uma senhora, depois de dar a ele uns 10 reais, começou a chorar. Tim diz que chorou também, e afirma que quando toca no metrô sente uma troca de energia muito louca intensa com as pessoas. Seguindo viagem, depois de perder mais um vagão, ou melhor, mais um palco para a sua apresentação, Tim inicia um novo show. A música da vez é “Diz que fui por aí”, de Zé Keti, música inclusive que fala bastante sobre Tim e a sua trajetória ao lado de seu violão. “Se alguém perguntar por mim, diz que

“...como uma mágica Fábio abre seu porta-violino, João “saca” a sua flauta, a caixinha de som é ligada e inicia-se o show. A energia logo de início é muito boa, e após a primeira das duas músicas que a dupla toca muitos aplausos podem ser ouvidos”

fui por aí, levando o meu violão debaixo do braço”. Finalizada mais uma apresentação, entra em cena a versão atleta de Tim, que corre para conseguir chegar na hora para o seu próximo show, mas, mesmo conseguindo ser pontual, ele desta vez não entra no palco, mas por causa de um um fator diferente. No momento em que ia entrar no vagão, ele vê um grupo de rappers se apresentando. Eles vão andando por toda a extensão do vagão, por eles também conhecido como palco, e interagem com a plateia ao rimarem em cima de uma batida, fazendo freestyle. Em sinal de respeito, e para não atrapalhar o show de seus colegas, o artista decide esperar o próximo metrô passar para iniciar uma nova apresentação. Tim começa o próximo show com uma linda composição de Tom Jobim em parceria com Vinicius de Moraes, a música “Chega de saudade”. “Vai minha tristeza, e diz a ela, que sem ela não pode ser. Diz-lhe numa prece, que ela regress…” No instante em que o cantor iria completar a primeira estrofe da canção, a bateria de seu mini amplificador acaba. Os espectadores parecem não entender muito o que aconteceu, mas rapidamente Tim explica. Mais rápida ainda foi a troca da bateria que se esgotara por uma nova, para que assim ele pudesse continuar seu show. Entre todas as canções do repertório do cantor e compositor, a que mais o conecta com a plateia é, sem sombra de dúvida, “Mas que nada”, de Jorge Ben Jor. O ritmo dessa música parece envolver quase todos os passageiros dos vagões por onde Tim a toca, sejam crianças, adolescentes ou adultos. Em um dos shows é possível até ver duas pessoas sambando com o metrô em movimento, como se tivessem numa plena sintonia entre o balanço do trem e o balanço melódico que Tim dá à canção. O artista já dava sinais de quem estava perto de encerrar mais um


#14

CAPA

Artistas: Toni (voz e violão); e Mayara (voz e violão)

dia de shows dentro dos vagões de São Paulo. Enquanto ele recebia seus últimos aplausos e suas últimas moedas do dia, um passageiro que cantava Jorge Ben junto com suas duas filhas destaca a importância da arte nos metrôs para a divulgação de novas formas de cultura, e que as apresentações também são uma forma de educar as pessoas a ouvirem o que os outros têm a dizer. São duas horas da tarde e o barulho das moedas sendo recolhidas do coador de Tim, assim como seus movimentos para guardar seu violão e seu amplificador, seus dois fiéis escudeiros, indicam que encerrava-se ali mais uma tarde de show. Entre muitos aplausos, sorrisos, cumprimentos, o fechamento das portas do metrô Penha indica um até logo do artista para os palcos, que são os vagões, para sua plateia, seus passageiros, e deixa a lição de que nem sempre a sua maior recompensa vem em forma de dinheiro. E as mesmas portas que se fecharam para Tim ao final de seu dia de shows quase que não abriram para outros dois artistas. Enquanto ainda carregavam a bateria da caixinha de som que os auxilia durante as apresentações, João e Fábio são abordados por dois seguranças, que pedem para eles saírem daquele lugar e dar uma circulada por outras estações. Contudo, o faltava pouco para que o instrumento estivesse devidamente pronto para o início dos shows, e então a dupla decide esperar mais um pouco ali. Alguns minutos depois, um dos seguranças volta até onde estavam os artistas e pede pela última vez que eles saiam dali, uma vez que o colega de trabalho dele queria expulsá-los do metrô, antes mesmo de a dupla iniciar os trabalhos pelos vagões de São Paulo. E dessa vez, com a caixinha já carregada, eles decidem iniciar o dia de apresentações.

Já a postos no primeiro palco do dia, como uma mágica Fábio abre seu porta-violino, João “saca” a sua flauta, a caixinha de som é ligada e inicia-se o show. A energia logo de início é muito boa, e após a primeira das duas músicas que a dupla toca muitos aplausos podem ser ouvidos, mas mais do que isso, podem ser sentidos por João e Fábio. Outra atitude dos passageiros que se faz muito presente desde o início são os elogios e os agradecimentos. Um ótimo combustível para eles tocarem a próxima canção e continuarem o dia de shows. Ao longo do tempo o número de espectadores dos shows continua na mesma média, assim como os cumprimentos e os elogios que partem deles e chegam até os artistas. A cada apresentação que se passa parece que a dupla está mais entrosada com seus respectivos instrumentos. João consegue se conectar cada vez mais com a sua flauta, e Fábio aparenta sentir cada vez mais a energia que sai do seu violino. Com isso, a harmonia dos sons dos instrumentos, conectada à música tocada pela caixinha, leva para a plateia todo o sentimento presente nas canções interpretadas pela dupla. Depois de alguns shows, a dupla decide esperar um pouco até iniciar a próxima apresentação, e essa pausa ocorre num lugar que é uma espécie de ponto de encontro dos artistas que se apresentam nas linhas azul e verde do metrô: a Sé, no espaço do primeiro vagão na plataforma da linha azul, no metrô que vai sentido Jabaquara. Aquele lugar é como um backstage dos artistas de metrô, onde acontecem as conversas sobre como está a plateia para os shows, tanto no que diz respeito à quantidade como no que se refere à remuneração recebida, e também sobre quais são as estações em que os seguranças estão concentrados no tal dia.


PUC

#15

“...mais palmas podem ser ouvidas dentro do metrô, o que dá um pouco de esperança para Toni e Mayara continuarem tentando trazer um pouco mais de leveza para as pessoas naquele dia”

Após alguns poucos minutos de pausa e de algumas conversas, João e Fábio reiniciam as apresentações, mas parece que nesse tempo em que ficaram parados o público do metrô mudou um pouco. As músicas já não eram mais correspondidas com tantos aplausos, e as pessoas não aparentavam estar tão interessadas em escutar algo ao vivo durante a viagem. Mas nada que desanimasse a dupla. Eles continuavam tocando como se ao final de cada canção a onda de sorrisos e palmas fosse voltar a retribuir o som que eles entregavam aos passageiros. Mas além da questão do desânimo que parecia ter tomado conta dos passageiros, outro empecilho que passou a acompanhar os artistas foram as músicas tocadas pelo sistema de som do metrô. A partir de certo momento, quase todos os vagões que eles entravam estavam tocando alguma música, o que fazia existir uma competição entre o som dos instrumentos da dupla e o som que saía dos alto falantes do metrô. E essa competição foi vencida pela arte independente! A cada apresentação que se passava os artistas estavam mais dentro do ritmo das músicas por eles interpretadas, e assim, sentindo o esforço deles frente às caixas de som dos vagões, a plateia aos poucos voltava a distribuir as energias positivas necessárias para que eles seguissem tocando. Durante um dos shows, uma espectadora comenta que João e Fábio são os artistas que mais se destacaram entre todas as apresentações que ela já assistiu, uma vez que eles destoam do perfil que predomina entre quem se apresenta nos vagões, o perfil que contém uma pessoa tocando violão e outra cantando. E ela não é a única que está gostando do show. Muitos outros passageiros do mesmo vagão filmam a apresentação da dupla de amigos, ao mesmo tempo em que comentam algo positivo com a pessoas que está sentada ao lado. Em um raro intervalo entre as apresentações, Fábio, um dos integrantes da dupla, explica que eles adaptam o repertório de acordo com a linha do metrô em que tocam e que, como normalmente se apresentam na linha azul, optam por músicas internacionais, dado que veem o público dessa região mais ligado a este tipo de canção. Mas o quesito internacional não se restringe às músicas tocadas pela dupla. O flautista João conta que está tocando no metrô para juntar dinheiro e ir para Portugal estudar flauta. E, enquanto não junta o valor necessário para ir morar com seu irmão no país europeu, ele faz aulas particulares de flauta para ir se acostumando com as técnicas utilizadas para tocar esse instrumento. Dando sequência ao dia de shows, o próximo palco em que a dupla se apresentou tinha um bom público, uma plateia que não deixou uma cadeira sequer vazia para acompanhar a apresentação. O flautista e o violinista seguiam o roteiro de músicas, e as pessoas curtiam bastante o som que era pra elas apresentado. Porém, um casal gostou tanto do show, que a euforia deles passou a atrapalhar os artistas. Ao mesmo tempo que comentaram um com o outro que adoraram as músicas, começaram a conversar em voz alta sobre as canções que já escutaram dentro do metrô, e tudo isso ao lado de Fábio. Logo que saíram desse vagão, o violinista fala com João sobre o que aconteceu, e depois diz que muitas pessoas não respeitam os artistas de metrô, que por aqui (no Brasil) eles ainda são vistos como pessoas que tocam lá apenas por hobby. Ele ainda afirma que nós brasileiros reclamamos muito da educação, mas esquecemos que a educação e as mudanças que queremos acontecem primeiro dentro das próprias pessoas.

Na última apresentação do dia, um show muito parecido com o primeiro, com muitas pessoas sorridentes e transmitindo de volta para os artistas toda a energia positiva que as canções deles levam consigo. Entre muitas palmas e agradecimentos, a dupla retorna ao backstage dos artistas de metrô e começa a guardar os seus instrumentos ao lado de um cantor que também estava encerrando seu dia de apresentações. Estava finalizada mais uma jornada de João e Fábio, uma jornada finalizada com êxito, principalmente depois de vencerem as barreiras impostas por um certo momento de desânimo do público, pelas músicas tocadas pelo sistema de som dos vagões, e pelos seguranças que quase não permitiram que a dupla fizesse suas apresentações. Venceu a música, venceu a arte independente! Mas infelizmente a sorte que acompanhou João e Fábio durante esse dia de apresentações não esteve ao lado de outros dois artistas que também se apresentam no metrô de São Paulo. Toni e Mayara decidiram não ficar casa num dia chuvoso na terra da garoa, mas o céu cinza por si só parecia indicar um dia difícil para os dois artistas. Enquanto preparavam os últimos detalhes para a primeira apresentação do dia, Toni comenta com Mayara que hoje a sua voz não está das melhores, e que por isso a jornada deles terá de ser mais curta do que o normal. Então, eles embarcam no vagão onde acontece o primeiro show. A plateia aparenta estar na mesma sintonia da temperatura fria daquela tarde na capital paulista, e os artistas assumem a responsabilidade de tentar melhorar o humor dos passageiros. No primeiro show eles até conseguem tirar alguns sorrisos e algumas cantigas discretas das pessoas que se encontram no vagão e, ao final da primeira música, muitas delas aplaudem a dupla. Quando acabam a segunda canção, mais palmas podem ser ouvidas dentro do metrô, o que dá um pouco de esperança para Toni e Mayara continuarem tentando trazer um pouco mais de leveza para as pessoas naquele dia. Enquanto esperavam o próximo vagão para apresentarem-se, encontram-se com um cantor que também se apresenta no metrô, e ele comenta que o dia não está bom para os artistas no geral, dado que poucas pessoas decidiram sair de casa, e que as que saíram não estão no “clima” dos shows ao vivo. Quando chega o próximo metrô, a dupla despede-se dele e busca transmitir as suas energias em outro vagão. A plateia desse show está mais desanimada do que a primeira, apesar de mais pessoas contribuírem financeiramente com os artistas. Combinado antes, eles trocam uma das músicas que foram tocadas na apresentação anterior por outra mais animada, mas mesmo assim os passageiros não correspondem à vontade deles de esquentar um pouco seus corações naquele dia frio da capital paulista. Finalizado o segundo show, poucos aplausos saúdam Toni e Mayara e, enquanto encerravam a apresentação, eles avistam um segurança parado na plataforma da estação. Era o fim do dia para eles depois de apenas dois shows, depois de apenas duas tentativas de melhorar um pouco a viagem de algumas pessoas. O segurança os “convida” a se retirar do metrô, e a dupla pede que apenas contem os trocados recebidos durante as duas apresentações, para então seguirem o caminho de suas respectivas casas. Enquanto fazem a contagem do valor que está contido no chapéu, Toni comenta que eles tocam no metrô há mais ou menos um ano, e que eles não são uma dupla fixa, mas sim que também se juntam com outros artistas de metrô para apresentarem-se. Ele ainda conta uma curiosidade antes de ir embora: era segurança de metrô antes de começar a tocar pelas estações!


#16

CAPA

Essa contradição junta-se a outra que pôde ser percebida durante todas as apresentações dos artistas, seja de Tim, de João e Fábio, ou de Toni e Mayara. Contradição que coloca frente a frente os artistas que buscam expor o seu trabalho de maneira independente, com a intenção de ter um ganho a mais no fim do mês e também de levar um pouco mais de alegria para quem anda de metrô, e um “sistema de metrô” composto por seguranças e músicas que tentam a todo momento atrapalhar as apresentações dos artistas. A contradição entre o cansaço de uma viagem acompanhado da alegria levada por uma música, e o cansaço solitário abastecido por expressões fechadas dos passageiros.

Artista: Tim Max (voz e violão), saindo do metrô

PUC

“São duas horas da tarde e o barulho das moedas sendo recolhidas do coador de Tim, assim como seus movimentos para guardar seu violão e seu amplificador, seus dois fiéis escudeiros, indicam que encerrava-se ali mais uma tarde de show. Entre muitos aplausos, sorrisos, cumprimentos, o fechamento das portas do metrô Penha indica um até logo do artista...”

VEJA OS VÍDEOS DAS APRESENTAÇÕES DOS ARTISTAS NO PORTAL DO FALA!: falauniversidades.com.br\ artistas-independentes


s n e g s a ! e l r e a t o b n b e m a s e m i s s r o a e v v No No Exp


#18

COMPORTAMENTO Por Thamirys Alano Costabile e Vivian Gonçalves de Souza

A intimidade mais profunda dos nudes

Foto: Thamirys Alano Costabile

nos explica Hugo Godinho, 34 anos. Hugo é ator, modelo e fotógrafo, e em todas essas artes utiliza seu corpo nu para transmitir a mensagem desejada. A discussão que mais atrai sua curiosidade é a tendência do ser humano em sexualizar a nudez, mesmo quando as poses, gestos e comportamentos passam mensagens completamente diferentes. Hugo diz que sua missão é inspirar as pessoas a debaterem a aceitação do corpo.

Modelo: Carolina Merino

“A nudez é libertação em muitos sentidos”,


#19

CÁSPER

A série “Florescer” do fotógrafo Rony Hernandes. Modelo: Hugo Godinho

“Eu quero um ensaio que expresse você da forma mais pura” é o que o fotógrafo Vitor Augusto de 20 anos (também conhecido pelo nome artístico de Tront), afirma para suas modelos. Fotógrafo desde 2014, Vitor se interessou em entrar no universo da fotografia de nus só em 2016. Para ele, a fotografia de nu tem a capacidade de transparecer a essência do fotografado de uma forma artística que ele nunca teria se visto antes. Seu principal desejo é proporcionar aceitação entre suas modelos - em sua maioria, pessoas que não modelam profissionalmente. “A distinção entre nu artístico e pornografia? A grande diferença é o mistério envolvendo o que vem depois”, conta Egídio Shizuo Toda, fotógrafo profissional e professor universitário na área de fotografia, design gráfico, jornalismo e publicidade. Egídio tem uma visão bastante completa sobre todo o processo de ensaios fotográficos, desde o contato com modelos até o processo de divulgação desse conteúdo, decorrente de suas experiências pessoais.

O PUDOR DO CRU O tabu da sexualização circunda a vida das pessoas que vivem no meio da fotografia de nu, mesmo quando o tema não retrata sexualidade. A primeira modelo de Tront nesta área foi uma amiga, que aceitou fazer as fotos para que Tront testasse suas técnicas. Depois, quando ela começou a namorar, foi proibida de continuar no processo por ciúmes do namorado. Tront também sente uma presença muito forte da questão da sexualização quando compartilha com seus amigos suas novas experiências e a primeira pergunta que lhe fazem é se ele fica excitado ao realizar os trabalhos. Em resposta, ele explica que sua preocupação com iluminação e todos os outros fatores que um fotógrafo tem que controlar para fazer um bom trabalho não permitem que ele fique excitado. Hugo, como modelo, vive estes tabus em outra dimensão: “estou aqui discutindo uma coisa que é bem política, na verdade, com esse corpo, e tem umas

pessoas falando assim ‘nossa que delicia’”, lamenta. Mas ele também diz que não é exatamente um incômodo o que sente quando as pessoas sexualizam suas fotos - para ele, as pessoas tentam sexualizar tudo. Assim, a questão é sempre explorada em uma troca: primeiro entende-se por que as pessoas pensam assim, para então ajudá-las a entenderem o nu de uma forma diferente: “esse tipo de questão me leva, justamente, a querer continuar fazendo esse trabalho, para abrir a cabeça de quem só enxerga uma coisa quando vê uma imagem de nu”. Já Egídio acredita que a sexualização do corpo provém da religiosidade da sociedade. “Acredito que é essa formação judaico-cristã que determina o que é, o que não é, o que pode, o que não pode, que faz essa confusão em cima das pessoas, no entendimento das pessoas”. O fotógrafo acredita que esse tabu está sendo desconstruído aos poucos, uma grande mudança para um país como o Brasil, que culturalmente sexualiza o corpo, principalmente da mulher. Egídio acredita que no futuro, embora seja provável que permaneça algum preconceito contra esse tipo de arte, o nu artístico no Brasil será como na Europa, algo mais aceito pela sociedade.

O QUE TANTO TE INCOMODA? Mesmo atuando como modelo na área, Hugo afirma que tem seus complexos com o próprio corpo como qualquer pessoa, mas que tem trabalhado para acabar com estes problemas. “Estamos acostumado ao corpo como uma coisa a se esconder, então em diferentes níveis as pessoas têm dificuldade em lidar com o próprio corpo”. Hugo afirma que ao perceber a importância do que essa arte despertava - um autoconhecimento nas pessoas que obtinham visões diferentes do corpo nu -, ela tornou-se sua grande inspiração. A fotografia do nu o ajudou a conseguir aumentar o amor próprio. “Eu tinha essa preocupação com a minha imagem, no começo. (..) Depois de um tempo eu fui relativizando isso, eu fui vendo que a proposta é justamente mostrar uma diversidade, que eu posso fazer um ensaio em que eu estou feio de propósito, e que gera uma repulsa nas pessoas. Quando comecei a fazer isso, eu pude desassociar a minha imagem, e pude ser 100 coisas diferentes”. E até por esta proposta, Hugo não é adepto ao Photoshop - mexe em iluminação para destacar o que for preciso, mas não altera o que poderia se considerar como ‘imperfeição’, a não ser que faça parte de algum projeto para despertar um questionamento específico. Tront também enxerga nas fotografias uma possibilidade de tornar o amor próprio algo mais intenso. Para ele, é fundamental fazer a modelo confiar no fotógrafo, assim ela pode ficar descontraída, e expressar de fato o que ela deseja com aquelas fotos. Em seu segundo ensaio, também para portfólio, ele optou por fotografar uma prostituta, pois imaginou que ela se sentiria mais confortável com a exposição, e em troca ela teria um portfólio para adotar no oferecimento de seus serviços. Tront, contudo, se surpreendeu quando se deparou com uma mulher tímida na frente da câmera. Ele explica que um ensaio fotográfico tem uma curva: no início, a modelo está tímida, mas depois que ela vê as primeiras fotos e percebe o que é possível melhorar, começa a se sentir mais confortável. Foi assim com a prostituta: ela viu a foto, exclamou um surpreso “uau”, ficou mais à vontade e tornou as fotos seguintes mais naturais. Assim como Tront, Egídio acredita que precisa haver uma certa ligação entre o fotógrafo e a modelo, para que o ensaio ocorra de forma leve. Conta também que é comum que modelos e atrizes fotografadas escolham “viver” um roteiro no qual serão uma personagem, e assim ficam mais à vontade no ensaio. “Antigamente, quando se usava filme, o fotógrafo tirava o filme da máquina e começava a fazer o ensaio com a modelo, e quando ele via que a modelo ficava bem à vontade, recolocava o filme na câmera e começava a tirar as fotografias. A modelo não sabia o que estava acontecendo, era mais um trabalho psicológico para deixar a modelo à vontade e aí o ensaio render na imagem fotográfica”, conta Egídio.


#20

COMPORTAMENTO

ALÉM DE UM NUDE Carolina Merino, 19 anos, estudante de jornalismo, aceitou como experimentação realizar um ensaio nu. Antes de começar o ensaio, Carolina afirmava que não conseguiria ficar nua por completo, e que estava com muita vergonha. Após algumas fotos, ela conseguiu retirar todas peças de roupa, exceto a calcinha. Quando questionada por que essa parte do corpo era mais difícil de expor, ela afirmou que as mulheres têm sobre si uma pressão muito grande para ficar de pernas fechadas, que até a imposição sob os seios é menor. Contudo, só fotografou sem sutiã fazendo poses em que o mamilo não aparecesse, pois para ela, hoje é mais comum expor as laterais dos seios. Outra parte do corpo que lhe preocupava muito era a exposição da barriga, pois para ela existe um limite até onde ela poderia engordar, e isso é refletido nesta parte do corpo. Carolina compartilhou conosco que sua preocupação maior com o ensaio era a sua exposição à pessoas que não a conhecem verem seu corpo, e de que certa forma se sentisse violada. Também apresentou uma preocupação com a sua reputação caso alguém de seu trabalho tenha acesso ao ensaio. Para ela não foi difícil fazer o ensaio, por se considerar uma mulher bem resolvida com o corpo, mas isso não a exclui de se preocupar com a opinião alheia. Usuária assídua do Instagram, ela se preocupa com as curtidas, acreditando que são um reflexo de quão bonita as pessoas a acham. Isto ficou ainda mais claro quando, depois que finalizamos o ensaio e mostramos a ela as fotos, ela postou imediatamente uma em seu Instagram Stories, sempre conferindo quem havia visto. “Meu Feed é uma construção do que eu sou. O Instagram mostra um lado meu, mas eu tenho vários lados, por isso me identifico na foto (nua), elas são um lado

CÁSPER

Ensaio realizado pelas estudantes de jornalismo Thamirys Alano Costabile (Foto) e Carolina Merino (Modelo).

meu. Eu sou muitas pessoas dentro de uma só. Só mostro o que quero mostrar”, afirmou sobre sua relação com a rede social. A irmã da Carolina, Beatriz Merino, de 15 anos, assistiu a todo o ensaio e participou da entrevista a pedido da própria Carolina. Sobre a sua opinião do que achou de ver a irmã tirar fotos nua, afirmou que foi algo especial, pois demonstra que a Carolina é segura com o próprio corpo, sendo essa uma herança passada entre as irmãs. Carolina disse que o maior desafio para realizar o ensaio foi ter que deixar a vergonha de lado e ser ela mesma. “Era eu na frente da câmera, só isso, mostrando quem eu realmente sou, numa parte muito íntima”.

O COADJUVANTE DOS NUDES Oii, meu nome é Thamirys Alano Costabile, mas me conhecem nas redes sociais como @tataalano, sou fotógrafa e estudante de jornalismo e tenho 19 anos. Para essa reportagem resolvi fotografar o meu primeiro ensaio de nu, e ter essa experiência foi muito marcante para mim! Uma grande vivência, principalmente por eu ter questões com o meu próprio corpo. De certa forma foi libertador, onde uma parte de mim começou a pensar diferente sobre algumas questões. No meu ponto de vista, a parte mais importante do ensaio foi a conversa com a modelo. Saber as diferentes visões sobre o mesmo assunto entre diferentes pessoas é extremamente significativo, principalmente quando se vive em um país em que há uma indústria da moda que ainda é muito forte perante a sociedade, ditando o corpo ideal. Sem dúvida acho que todos deveriam viver algo assim, fotografando, modelando ou até mesmo só estando presente.


COMPORTAMENTO CÁSPER

Por Fernanda Almeida

Ilustrações (Freepik)

#21

Como as digital influencers roubaram o espaço das top models no mercado da moda Com a ascensão das redes sociais, deu-se o boom das digital influencers. Elas vêm tomando o espaço e a influência que, antes, eram principalmente destinados às rainhas das passarelas. Essas influenciadoras, com o uso das plataformas digitais, promoveram mudanças de sentido no conceito de celebridade. O distanciamento e a idealização tão valorizados anteriormente deram lugar à proximidade e à identificação dos seguidores com seus ídolos da moda. Isso não significa que desfilar em uma Fashion Week ou ser uma Angel da Victoria’s Secret não dão mais status nesse mundo, mas, atualmente, o mercado fashion vem buscando, principalmente, influenciadores para conectar consumidores a marcas. Esse contexto se dá pela proximidade e pela facilidade de interação que as redes sociais oferecem. As influenciadoras digitais são mais “reais”, elas expõem seu dia a dia (principalmente nos stories do Instagram), muitas vezes respondem seus seguidores e, assim, eles se identificam com a “realidade” mostrada e se sentem próximos delas. Cria-se uma base de confiança. É como se eles, de fato, conhecessem aquelas pessoas falando do outro lado da tela. O interesse das marcas entra aí. O intuito do marketing é, justamente, aproximar produtos de pessoas e ninguém melhor para fazer essa ponte do que essas que detêm a atenção e confiança dos consumidores em potencial. Por outro lado, as top models assumem postura de distanciamento do público, o que dificulta a identificação dele com elas. As influenciadoras são bem-sucedidas, nesse sentido, uma vez que se tornam extensões das marcas, levando a publicidade a outro patamar.

A blogueira e dona da NV Nati Vozza com seu filho, Bernardo

A blogueira e digital influencer Luisa Accorsi

Gisele Bündcthen e Alessandra Ambrósio desfilando no Victoria’s Secret Fashion Show

As influencers Ma e Lu Tranchesi com Antonio, filho muito carismático de Lu


#22

CRÔNICA Por Bruna Janz

Reprodução (Internet)

Padrões “Gordinha”; “Pluz-size”; “Cheinha”; “Fofinha” Etc etc etc... “Apenas adjetivos”, é o que dizem. “Auto aceitação”, é o que pregam. “Saúde importa, estética não” virou um mantra. Mas como conseguir se olhar no espelho todos os dias e mentir “você é linda”? E mentir “você consegue”? E mentir “o tamanho da sua roupa não é importante”? E mentir para si mesma todos os dias enquanto chora durante as noites e foge de perguntas durante o dia? Perguntas... “Qual o seu tamanho de roupa?”; “quanto você pesa?”; “qual a última vez que foi ao médico?”; “moça, tem maior?”. O mundo não escraviza, ele prega a abolição. Abolição aos shorts. Abolição às regatas. Abolição aos vestidos e saias. Abolição à blusa cropped e à calça rasgada, abolição às roupas de verão e às roupas de praia. Está tudo abolido do guarda-roupas e do espelho de quem está acima dos 40 quilos. Como comprar roupas se para entrar no maior tamanho é preciso suar? Como pegar emprestado se vive com medo de rasgar? Como viver em um mundo onde o “bonito” para uma parte é o “desnutrido” para outra? Como continuar? “A balança é seu inimigo e o GG uma vergonha. Encolha essa barriga, sugue esse ar, prenda a circulação sanguínea, consiga se encaixar, faça como no passado e use corpetes e quebre costelas, oxigênio é supérfluo, num jeans skinny 38 você pode entrar.” (“Na verdade uso 46...”) “No 38 fica mais bonita, é a numeração das magras. Quer ficar bonita? Pare de respirar, se esforce, no 38 você consegue entrar.”

PUC


POESIA PUC

Eis a frieza da nova ordem mundial? Artistas vivos ou mortos são o prato principal. Tomem partido e carreguem suas munições! É Guerra declarada contra os corações. The new tendency é 1, 2, 3. Mas esqueceram que sem A, B, C não se fala inglês. Silenciem a ameaça! São os tais cantores no sarau da praça. Os usuários de estudo também vão se dar mal. Traficando o saber em plena Universidade Federal? Acabem com a balbúrdia dessas facções! Quem diria, o pensar banido das tradições. “Penso, logo existo” fora, em tempos, sensatez. Carentes princípios de Descartes, caminhando para a escassez. Não questione, apenas faça! Sem filosofia o mundo não tem graça. Pobre Durkheim dizia que toda sociedade é moral. Mas de que valem suas ideias, se o moralismo as tornou banal? Fujam desta doutrinação! Sem sociologia, resta a alienação. Então vamos à praça e afiemos as palavras! Adotemos como escudo a filosofia, e de livros vamos nos armar. Cultivando rosas e rimas. É só lutando que nos permitiremos pensar.

Por Luise Goulart Duarte

Ilustrações (Freepik)

#23

POESIA ARMADA


“ANTES, EU SÓ CONSEGUIA ENTENDER O LÁ LÁ LÁ DA MÚSICA.” “AGORA EU APRENDO INGLÊS COM OS MELHORES PROFESSORES.”

SEM TAXA DE MATRÍCULA. culturainglesasp.com.br

FAÇA DE VERDADE. FAÇA CULTURA INGLESA.


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.