Fala! Universidades - Edição 41

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ABRIL DE 2019 DISTRIBUIÇÃO GRATUITA

#41

CONTEÚDO JOVEM DE VERDADE.

Capa Cinema e Afeto: o que assistimos muda nossa vida?

Cultura

A Cultura Através do Olhar Jornalístico

Comportamento

Religão e Suicídio

Urbano

Casamento Infantil Comportamento

A vida não acaba aos 30 anos

falauniversidades.com.br


EXPEDIENTE ANHEMBI

No mês de Abril, a edição #41 da revista Fala!Universidades discute os efeitos variados que os filmes e séries a que assistimos exercem em nossas vidas, e as particularidades da cobertura jornalística de conteúdos culturais que só são plenamente atendidas pela mídia alternativa. Nesta edição, você lê uma investigação sobre a compreensão das maiores religiões do mundo quanto ao suicídio, um estudo sobre as razões pelas quais os adolescentes se cortam tanto hoje em dia e um alerta sobre a enorme quantidade de casamentos infantis realizados no Brasil e no mundo ainda hoje. Uma edição de assuntos tão graves quanto importantes. E se você não conhece o Fala! em sua versão digital, é só acessar falauniversidades.com.br e acompanhar por lá as notícias e reportagens. Se você curte o Fala! e tem vontade de fazer parte dele, de expor suas ideias, sua arte e sua maneira de enxergar o mundo, envie um email para contato@falauniversidades.com.br.

Esperamos por você que não tem medo de falar o que pensa.

FALA! AQUI VOCÊ É NOTÍCIA.

Ana Amorim Anita Hero Arlinda Fernandes Beatriz Mazzei Beatriz Monique Bia Favaro Bianca Dias Camila Rodrigues Carolina Malavazzi Carolina Ocana Danielle Moraes Elnatã Paixão Fernanda Godoy Fernanda Ming

Flávia Ávila Gabriel Ribas Gabriela de Almeida Helio Gustavo Juliana Nogueira Lais Costa Léo Martins Leticia Ventura Luana Dias Matheus Menezes Priscila Barbosa Raissa Francisco Rebeca Lavier Sarah Américo

CÁSPER Ana Luiza Andrade Anna Beatriz Capelli Anna Carvalho Beatriz Salvia Beatriz Zolin Bia Martins Bianca Quartiero Bruna Somma Daniel Benites Elisa Campanorio Gabriel Balog Gabriel Costa Gabriela Junqueira Giovanna Stival Giulia Tani Guilherme Carrara Helena Leite Helena Rinaldi Ingredi Brunato Isabela Barreiros Isabela Guiduci Isabella Codognoto Isabella Von Haydin Julia Cosceli Julia Helena Tabach

Karol Pestrin Karolyne Oliveira Laura Cesar Laura Hidemi Laura Redfern Navarro Leticia Cybis Letícia Rodrigues Letícia Zanaroli Livia Murata Luana Pellizzer Lucas Ignacio Maria Antônia Anacleto Mattheus Goto Michele Yang Nathalia Nóbrega Pedro Santi Saulo César Tayna Fiori Tiago Brussolo Tortella Thaís Chaves Vanessa Nagayoshi Victoria Martinelli Vinicius Gonçalves Vitor Risso

MACKENZIE Flavia Gonçalves Julia Gnaspini Renan Andrade Antônia Beatriz Beatriz Araujo Beatriz Cruz Beatriz Gonçalves Bruna Liu Bruno Enrique Carolina Carvalho Carolina Huertas Dani Romanelli Daniel Fabra Fernanda Antônia Gabriel Ferreira Giovana Quartaroli

Hugo Neto Natália Rocha Rafaela Silva Samira Figueiredo

FIAM-FAAM Bianca Rocha Enzo Zillio Giovanna Carvalho Heloise Pires Illan Lima Juan Leopoldo

Lucas Silva Lucas Amaral Marcella Azevedo Nayara Souza Renata Ariel Vinicius Sarcetta

Acesse:

PUC Antonio Gaspar Artur Ferreira Augusto Oliveira Beatriz de Oliveira Beatriz Pugliese Bruna Carmagnani Camila Alcântara Carolina Lopes Clara Peduto Dora Scobar Fabricio Indrigo Gabriel Paes Gabriela Neves Giordana Velluto Giovana Macedo Giovanna Cicerelli Isabela Savarezzi Isabella Mei Jamilly Oliveira Júlia Pestana João Abel João Guilherme Melo Lais Morais Larissa Santos

ESPM Ana Clara Flavio Canzian Gabriella Varela Guilherme Ribeiro

Giovanna Lopes Giulia Fantinato Isabella Baliana Letícia Bononi Louise Diório Luiza Granero Natália Gissi Nathalia Bellintani Nathália Martins Nathália Taise Patricia Carvalho Priscila Palumbo Raquel Pryzant Rodrigo Malagrino Victoria Gearini Victória Theonila

Letícia Assis Luana Coggo Lucas Machado Lucca Di Francesco Manuela Avanso Maria Clara Milano Maria Eduarda Cury Maria Fernanda Favoretto Marina Fontenelle Marina Pires Mario de Andrade Melissa Yabuki Natanael Oliveira Natasha Meneguelli Paula Paolini Paulo Santos Rafaela Soares Sarah Santos Thiago Felix Vanessa Lino Victor Prudencio Virginia Mencarini

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CMY

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USP Bia Ennes Julia Nagle Nayara Salaverry

EDITOR-CHEFE: Layon Lazaro

PUBLISHER: Pedro Alcantara

DIRETOR EXECUTIVO: Don Emilio

DIAGRAMAÇÃO E ARTE: Talita Murari

HEAD DE RELACIONAMENTO: Fernando Celani TIRAGEM: 35.000 EXEMPLARES

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#4

CULTURA E JORNALISMO Por Matheus Menezes

Reprodução

DO MACRO AO MICRO A CULTURA ATRAVÉS DO OLHAR JORNALÍSTICO

#5

ANHEMBI

“A velha Taylor morreu”, afirma a letra de Look What You Made Me Do, single da cantora americana Taylor Swift. Além de promover seu álbum, a artista aproveitou o lançamento do clipe para anunciar sua nova turnê. E assim foi “dada a largada” para a venda de ingressos. Rádios no mundo todo começaram a divulgar. Jovem Pan, 25 de agosto, é notícia:

Aqui, a rádio paulista enaltece o trabalho da cantora e cita o sucesso das vendas no site Ticketmaster. Mas essa manchete oculta as várias críticas que a campanha de marketing recebeu. Só procurando na internet você vai conseguir entender essa polêmica. Nexo Jornal, 04 de setembro, é notícia:

O artigo expõe as estratégias do Ticketmaster para afastar cambistas, mas aponta também que essas estratégias beneficiam os fãs que podem gastar mais. Comparado com a magnitude desse debate, a informação transmitida pela Jovem

Pan parece até insignificante. Isso prova: nas grandes emissoras ou nos grandes portais se encontra pouca contextualização. Isso quem faz com excelência é a mídia alternativa.

“[...] Jornais mais corporativistas não têm tanto interesse em cultura por cultura” Originalmente, a imprensa alternativa surge para oferecer pontos de vista diferentes e opostos aos valores vigentes. Durante a década de 60, com o estabelecimento da Ditadura Militar, os primeiros veículos alternativos surgiram apresentando uma agressiva propaganda contra o governo ditatorial. Em tempos de censura, periódicos como O Pasquim, Opinião e Versus - que possuíam críticas mais sutis - ainda conseguiam se manter “aos trancos e barrancos”, enquanto muitos jornais temporários apareciam por um curto prazo, mas logo sumiam das ruas. Na arte, esses canais de comunicação foram responsáveis pela propagação de filmes, livros e canções consideradas subversivas pelo Governo Militar. Consagraram-se grandes nomes desse período Glauber Rocha no cinema, Nelson Rodrigues na literatura e Chico Buarque na música.

Charge de Ziraldo de 14 de janeiro de 1971 para “O Pasquim”, um jornal de sátira e humor que debochava da Ditadura Militar.


#6

CULTURA E JORNALISMO ANHEMBI

Por Matheus Menezes

Com a redemocratização do país, a imprensa tradicional se tornou mais flexível. Hoje são poucos os veículos declaradamente alternativos. Podemos mencionar o Nexo Jornal, a revista Antro Positivo, o Mídia Ninja e o Jornalistas Livres. Além disso, temos também os blogs especializados, que se popularizaram a partir da década de 2000. Um exemplo é o Sociedade Jedi, um dos sites mais visitados no Brasil dedicado a Star Wars (Guerra nas Estrelas). Vebis Júnior, Mestre em Cinema e grande conhecedor do universo de Star Wars, fundou o site em março de 2015, junto com amigos que também são fãs da saga. Apaixonado por filmes, ele decidiu mergulhar na pauta escrita e na análise cinematográfica. Essa parece ser a tendência Vebis mantém o Sociedade Jedi e também de muitos blogueiros da sétima arte. participa de vários eventos de cultura nerd, como a CCXP e a Campus Party.

Vebis também é jurado do CineFantasy, um festival de cinema de horror fantástico e ficção cientifica. Eventos como esse normalmente não recebem um incentivo. “A gente entrega no Catraca Livre e eles ajudam a divulgar, mas a Folha nunca falou, o Estadão nunca falou. Então esses jornais mais corporativistas não têm tanto interesse em cultura por cultura. Eles querem estar sempre coligados de alguma maneira. ” – aponta Vebis. O Catraca Livre é um ótimo exemplo de mídia independente que utiliza de sua articulação para divulgar eventos culturais, na sua maioria gratuitos e acessíveis para a comunidade. Deborah Camargo, coordenadora do curso de teatro da Universidade Anhembi Morumbi, cita o papel do site na disseminação de peças teatrais e musicais. “Muitos espetáculos são de graça por causa de leis de incentivo do governo, e às vezes as pessoas não sabem. Elas têm vontade de ir, mas não sabem onde ocorrem essas peças. E o Catraca Livre é um dos meios que divulga peças gratuitas.” – ressalta a educadora. Podemos acrescentar nesse mesmo segmento o Guia da Semana e o Guia OFF. Leitora do Mídia Ninja e da revista Antro Positivismo, Deborah lamenta o estreitamente sofrido pelas mídias de cultura. “A gente perdeu muito espaço. Tínhamos vários jornais, algumas revistas eletrônicas em artes. E assim foram terminando.

Através do alcance do Catraca Livre, a cultura é disseminada e cenários educativos são estimulados.

Aos domingos o espaço é até maior do que nos outros dias, mas nós perdemos muito espaço sim. E não temos alternativas possíveis.” – aponta Deborah.

“[...] Um olhar mais diagonal da coisa” Outra grande variação e, talvez a mais importante, é o modo de abordagem. A mídia alternativa é muita mais aprofundada e ambientada. Camilo Rocha é um jornalista especializado em cultura e tecnologia. Nos seus 25 anos de carreira, ele já trabalhou em grandes jornais como o Estado de S. Paulo, a Folha de S. Paulo e O Globo, mas atualmente compõe a equipe do Nexo Jornal como repórter especial. Com experiência tanto no macro quanto no micro, ele avalia como mídias tão divergentes abordam o mesmo assunto. “Por exemplo, quando estrou Alita: Anjo de Combate, saiu matéria no Caderno Dois do Estadão e na Ilustrada da Folha falando do lançamento do filme, entrevista com o diretor, etc. O Nexo não faz isso. Nesse caso, ele pode falar sobre o cyberpunk - movimento literário que gerou a obra -, ou sobre adaptações de mangás em Hollywood. Enfim, vai ter um olhar mais diagonal da coisa.” - exemplifica Camilo. Vebis Júnior, gerenciador do Sociedade Jedi, confirma esse estilo. Ele percebe uma dissonância muito evidente quando outros sites citam os filmes da saga Star Wars (Guerra nas Estrelas). “Os grandes blogs de cultura pop, como Jovem Nerd e Omelete, não fazem um trabalho limpo. Quando eles vão falar de Star Wars, eles dão um tiro no pé, acabam fazendo quase uma antipropaganda. Vai falar de um filme que vai lançar, mas reclama do outro antigo. Quer dizer, o fã de Star Wars, que conhece a grande mídia de cultura pop, já lê descreditado, porque não existe um pensamento crítico.” – desabafa Vebis. Ele acrescenta ainda sobre a falta de profissionalismo hoje nas grandes redações. “São pessoas sem propriedade. Estão apenas transmitindo notícias. Eles não vão porque gostam daquilo. E isso acontece de modo geral. Você tem a visão de mercado e tem a visão de autor, seja no jornalismo, seja num blog especializado.” – prossegue Vebis. É quase um fato consumado que hoje a cultura tem seu lugar muito mais valorizado numa mídia pequena. O maior objetivo, nesse momento, é alcançar não só o público que aprecia o mundo da cultura, mas também as pessoas que não acompanham frequentemente o caderno cultural, conferindo um olhar mais diagonal da coisa e aproximando o público geral dos ambientes culturais. É um caminho a ser conquistado.

Redação do Nexo, um jornal digital criado em novembro de 2015 com a proposta de trazer contextualização para as notícias.


Por Laura Redfern Navarro

História

POR QUE OS ADOLESCENTES SE CORTAM TANTO HOJE EM DIA? Entenda a relação entre a internet e a automutilação, e por que os jovens estão tão vulneráveis a ela

#9

CÁSPER

Reprodução

Atualmente, tem-se criado um debate muito intenso acerca da saúde mental, valorizando principalmente questões como depressão e ansiedade. Mas a verdade é que esses não são os únicos problemas que afetam os adolescentes e a população em geral – tais patologias podem ter adjacências que precisam ser discutidas com urgência. É o caso da automutilação, que segundo a Rede para Educação Familiar da Universidade de Rutgers, trata-se de um problema global que atinge pelo menos duas milhões de pessoas, na maior parte mulheres. No Brasil, as estatísticas também servem de alerta: cerca de 20% dos jovens brasileiros se mutilam de alguma forma.

Historicamente, houve sempre uma certa polaridade na compreensão da automutilação. Se, durante a Idade Média, quem se auto-flagelava estava buscando a santidade, sendo um ato até mesmo incentivado em certa medida, nos dias de hoje, a pessoa que se automutila é vista com repulsa ou como se fizesse parte de uma tribo, sendo geralmente associada aos emos. A realidade é que essa visão não auxilia em muita coisa, afinal, ela é bastante simplista - um transtorno mental vai muito além de meros rótulos, e mantê-los só dificulta o tratamento. A pessoa que se automutila pode se retrair e sentir vergonha de seus sentimentos, não procurando nenhuma ajuda. No entanto, o estigma existe porque essa questão só começou a ser analisada há pouquíssimo tempo, sendo incluída no DSM (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais) como um dos critérios diagnósticos do Transtorno de Personalidade Borderline. Essa definição, porém, começou a apresentar problemas quando os psiquiatras notaram que a automutilação não era exclusiva do transtorno, podendo estar presente em inúmeras outras condições. Nos dias de hoje, a automutilação é estudada por alguns profissionais e enfim levada a sério no meio médico. A sociedade, entretanto, ainda enxerga quem sofre com isso com maus olhos ou, pior, encoraja - como é o caso de alguns fóruns e comunidades nas redes sociais, como o tumblr.

Adolescência e Automutilação A automutilação é mais comum na juventude, pois, segundo um pequeno vídeo da ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria), a época da adolescência estaria atrelada a uma série de mudanças acerca da forma como percebemos a nós mesmos e ao mundo. Assim, alguns jovens podem apresentar dificuldades em lidar com tais transformações, aderindo a comportamentos autolesivos, que nem sempre estão associados ao suicídio. Há casos, porém, em que algumas pessoas começam com tais comportamentos antes mesmo de adentrar a puberdade - é o caso de E. R., nossa entrevistada, que afirma que, apesar do cutting em si ter começado apenas aos doze anos, ela relata já ter um histórico de “gostar de se machucar” desde a infância. Além disso, o adolescente está mais vulnerável a manifestar, em decorrência da puberdade e das mudanças, episódios depressivos, transtorno bipolar ou sinais de transtorno de personalidade. No entanto, a falta de compreensão e encaminhamento familiar pode levá-lo, muitas vezes, ao comportamento de se machucar constantemente. Nossa entrevistada afirma que a automutilação, uma vez instaurada, é como um vício - e que mesmo com terapia pode ser difícil largá-lo.

Internet Apesar de ser um comportamento considerado repulsivo pela sociedade, a popularidade da automutilação tem alcançado níveis exponenciais. Mas por quê? A verdade é que existe, infelizmente, uma espécie de “seita” romantizando tais hábitos. É só entrar no Tumblr e no Instagram que você verá, de forma alarmante, uma horda de comunidades e blogs romantizando a automutilação, incentivando transtornos alimentares e, até mesmo, manuais ensinando o suicídio. Um olhar sociológico e empático pode entender essas manifestações como uma busca por identificação e para exposição daquilo que pais e adultos não veem ou, supostamente, “não se importam”, que pode, no entanto, ser extremamente perigosa. Afinal, uma pessoa que está envolvida com cortes pode se sentir compelida a continuar, mesmo se tratando de um comportamento negativo, pelo simples motivo de querer pertencer ao grupo. Por outro lado, existem pessoas - que não se sabe se são profissionais ou não - nessas redes sociais e em outras que se disponibilizam a ajudar e fazem postagens com o intuito de ajudar as pessoas envolvidas com SH (abreviação para Self-Harm, ou automutilação), ANAMIA (transtornos alimentares) ou outro tipo de questão. Inclusive, popularizou-se no Tumblr e na comunidade de automutilação o projeto borboleta, que consiste em desenhar uma borboleta no braço com um único objetivo: não matá-la, o que significa, basicamente, não se machucar.

CASO VOCÊ CONHEÇA ALGUÉM QUE PASSE POR ISSO A automutilação geralmente é escondida sob a aura de segredo devido ao estigma social associado a esta prática. No entanto, caso você ou algum amigo esteja passando por isso, tente levantar uma conversa com a pessoa, respeitando a sua abertura ao assunto. Feito isso, indique tratamento profissional. Abaixo, está uma lista de clínicas que atendem gratuitamente ou de forma acessível: Pontifícia Universidade Católica – PUC Endereço: R. Almirante Pereira Guimarães, 150, Pacaembu Telefone: (11) 3862-6070 (Triagem) De segunda a sexta-feira, das 8h às 20h. Universidade Paulista – UNIP Endereço: R. Apeninos, 267, Vergueiro Telefone: (11) 3341-4250 / (11) 3347-1000 De segunda a sexta-feira, das 7h às 19h. Universidade Presbiteriana Mackenzie Endereço: R. Piauí, 181, Higienópolis Telefone: (11) 2114-8342 *As inscrições devem ser feitas pessoalmente em datas específicas que são informadas ao longo do ano. Os interessados deverão levar o RG ou outro documento com foto e preencher a ficha. No dia da inscrição já serão informadas as datas de atendimento, que acontecem de segunda à sexta-feira, entre às 8h e 20h50. Universidade Cruzeiro do Sul – UNICSUL • Campus São Miguel Endereço: R. Taiuvinha, 26 Telefone: (11) 2037-5853 De segunda à sexta-feira, das 13h às 21h, e sábados, das 8h às 12h. • Campus Anália Franco Endereço: R. Prof. João de Oliveira Torres, 306 Telefone: (11) 2268-0867 De segunda a sexta-feira, das 9h às 20h, e sábados, das 10h às 14h. • Campus Liberdade Endereço: Rua Galvão Bueno, 724. 1º Andar Telefone: (11) 3385-3108 De segunda a sexta-feira, das 13h às 21h, e sábados, das 8h às 13h.

Ilustração: wikihow

#8

COMPORTAMENTO


#10

URBANO Por Julia Gnaspini

#11

CÁSPER

Tallulah Fontaine

O que muito nos parece uma ideia inconcebível e absurda, é uma realidade de diversas meninas e meninos espalhados pelo mundo. É uma prática antiga, facilmente encontrável em livros de História, e infelizmente comum, vista diversas vezes na nossa linha do tempo. O casamento infantil não é um assunto discutido com propriedade em boa parte do mundo, ainda que haja estímulo para debates a fim de que uma prática tão retrógrada encontre seu fim.

Casamento infantil:

Cerca de 877 mil crianças até os 15 anos de idade se casaram no Brasil, sendo 88 mil aos 10

uma lastimável pauta que ainda discutimos no século XXI O Brasil, ocupa o primeiro lugar em casamento infantil no subcontinente americano, e quarto lugar no ranking global Sequencia de imagens retiradas do vídeo “Um casamento de contos de fadas - exceto por uma coisa” feito para promover a campanha da UNICEF e o UNFPA. Em pouco mais de uma semana vídeo teve quase 17 milhões de visualizações no Facebook.

Mas afinal, o que é o casamento infantil? Geralmente justificado pela pobreza e pressão social, casamento infantil, de acordo com a definição da UNICEF (Fundo das Nações Unidas para a Infância), é a união matrimonial formal ou informal com menores de idade. É bom lembrar que de acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), indivíduos menores de 12 anos são considerados crianças e aqueles até os 18, adolescentes. Esta é uma prática que atinge tanto meninas quanto meninos, ainda que o número de garotas seja excepcionalmente maior. Lugares como o sudoeste asiático e a África subsaariana ainda mantém abertamente o costume da união, e de acordo com a ONG Save the Children, a cada sete segundos uma menina com menos de quinze anos se casa no mundo. Quando se trata de casamento infantil, entretanto, pensar apenas em lugares como o Oriente Médio ou países africanos é um tanto vago, uma vez que a América Latina possui altos níveis de matrimônio com menores de idade. O Brasil, por sua vez, ocupa o primeiro lugar no subcontinente americano, enquanto se encontra em quarto no ranking global — nesse caso, ficamos atrás apenas da Índia (com mais de 26 milhões de casamentos com indivíduos de até 18 anos), Bangladesh e Nigéria.

Muito se perde com essa prática, e suas consequências são igualmente absurdas, sendo inclusive geralmente irreparáveis. Entre elas: »» Problemas de saúde: além de gravidez precoce e complicações no parto, o nível de DSTs aumenta e as chances da menor sair viva são pequenas. A gravidez na adolescência, principalmente antes dos quinze anos, também sofre com o risco de fístula obstétrica, uma grave condição médica após um parto não-adequado. »» Aumento da taxa de mortalidade infantil e materna. »» Analfabetismo: é infelizmente comum as chances de interrupção da educação das meninas que acabam nas condições do casamento infantil, a fim de se dedicarem aos seus maridos e tarefas domésticas. »» Pobreza: sem educação, as vítimas do casamento infantil se veem sem grandes oportunidades de conseguir renda o suficiente para serem independentes. »» Violência doméstica: a submissão de um casamento infantil abre portas para problemas que, atualmente, começamos a dar espaço para discussões. A violência física, psicológica e sexual tem consequências duradouras e as chances de recuperação da vítima são pequenas, dirá mínimas, incluindo a depressão e até o suicídio. Como supracitado, uma realidade como essa parece muito distante da nossa. Infelizmente, esse também não é o caso. Os números de casamentos são alarmantes: cerca de 877 mil crianças se casaram no país até os 15 anos de idade, sendo 88 mil aos 10. Dados do Censo de 2010 alegam que o Maranhão e o Pará lideram a quantidade de laços de matrimônios infantis e a lei atual não cobre totalmente o perigo dessa prática. De acordo com o mesmo estudo, no Brasil, o número de meninas submetidas ao casamento é maior que o de meninos. Em 19 de fevereiro, o Senado brasileiro aprovou um novo Projeto de Lei da Câmara (PLC) 56/2018 para dificultar cada vez mais a prática matrimonial infanto-juvenil. A proposta era alterar o Código Civil a fim de proibir o casamento entre menores de 16 anos. O Código de 2002 estabelecia que aqueles com menos de 16 anos poderiam se casar com autorização parental ou através de suprimento judicial. Em caso de gravidez, não existia limitação de idade.

Felizmente, há esperança para o fim definitivo dessa prática. No último dia 13 de março, o governo sancionou uma lei que proíbe adolescentes de até 16 anos de se casar, sem exceção. Esta entrou em vigor no mesmo dia. E mesmo que isso não evite totalmente o matrimônio entre pessoas menores de idade, é um grande passo tomado pelo Brasil a fim de evitar mais infortúnios e perdas de meninas e meninos que são submetidas a práticas como tal.


#12

CAPA Por Guilherme Carrara

#13

CÁSPER

Freepik

CINEMA E AFETO:

O que assistimos muda nossa vida?

De Cisne Negro a Curtindo a Vida Adoidado, todos os filmes nos impactam, mas até que ponto? Nina dança pelo palco, ela está nervosa. Seus ligeiros pés mostram com maestria os passos que lutou para realizar perfeitamente: rodopia, é levantada, salta, movimenta-se. É o centro das atenções. Sacrificou sua sanidade mental para se tornar o cisne perfeito. Em seus olhos, angústia e agonia. A música “Perfection”, de Clint Mansell, potencializa a tensão, que além de ser de Nina, também é nossa. Ela faz de tudo para manter seu papel. Do alto, vê o orgulho que tanto almejou nos olhos de sua mãe. Ela pula. Ela foi perfeita. Ela se tornou o cisne, física e mentalmente, e isso lhe custou a vida. Assim como seu personagem, encontrou a liberdade em seu último suspiro. A cena descrita acima foi retirada do filme Cisne Negro, do diretor Darren Aronofsky. É, sem dúvida, uma das sequências mais marcantes do cinema. Ela faz uso de diversos elementos para transmitir tudo aquilo que a personagem de Natalie Portman está sentindo ao dar o melhor de si para manter seu papel, depois da entrega mental e corporal que enfrenta ao longo da narrativa em busca da perfeição.

Quais elementos visuais nos afetam? É certo que o cinema tem o poder de despertar certos sentimentos e sensações, e isso não acontece por acaso. Desde o início da indústria, as produções cinematográficas já geravam efeitos emocionais e despertavam curiosidade em seus espectadores. Com o desenvolvimento tecnológico, surgiu a necessidade de novos métodos de produção de histórias. Hoje temos a possibilidade de combinar elementos visuais e auditivos, para estimular sensações com maior facilidade. Ao planejar seus trabalhos cinematográficos, sejam eles puro entretenimento ou aqueles que buscam ser mais instigantes e desafiadores, os produtores de um filme pretendem transmitir algo através daquilo que estão apresentando ao espectador. Para isso, utilizam de estruturas especificas na construção de sua narrativa. Entre elas, o enquadramento, que é um dos elementos de maior importância. A partir dele, o diretor determina o que faz parte ou não da história, o que merece ou não atenção – nada é mostrado por acaso.

Hoje temos a possibilidade de combinar elementos visuais e auditivos, para estimular sensações com maior facilidade. A criação e apresentação dos personagens também são importantes nesse processo. É necessário que tenham a capacidade de provocar emoções, que sejam marcantes e com um propósito claro. A personalidade, os movimentos, os diálogos e as roupas auxiliam nessa construção. Além disso, a direção de fotografia e de arte, iluminação, escolha de cores, valorização do espaço físico e suas simbologias, som, trilha sonora, montagem e efeitos visuais também estão entre as estruturas que auxiliam a incitar emoções e sensações na audiência. Cores frias costumam passar a sensação de tristeza, por exemplo. Já uma música agitada, em ritmo crescente, pode ser a escolha certa na intenção de causar euforia.


#14

CAPA CÁSPER

Por Guilherme Carrara

#15

Relação com a psicologia do afeto Apesar desse planejamento, as narrativas podem ser percebidas de formas diferentes por cada pessoa. De acordo com o modelo de terapia cognitivo-comportamental - que considera a interpretação dos acontecimentos como o fator mais importante, e não o acontecimento em si-, isso acontece porque ao longo da nossa vida nós criamos o que a psicologia define como esquemas, que são estruturas cognitivas que impõem um padrão de percepção da realidade, como se fossem filtros mentais.

Com o passar do tempo, essas memórias passam a servir como um filtro e selecionar o tipo de informação ao qual iremos dar atenção, ou ignorar. Conforme o ser humano estabelece certas interações e vivencia determinadas situações, essas estruturam codificam e interpretam esses acontecimentos de modo a criar uma rede de memórias. Cada rede de memórias apresenta conteúdos cognitivos conceituais, que seriam uma espécie de associação, como de uma pessoa a uma comida, por exemplo: uma macarronada que te lembra de todos aqueles finais de semana na casa da avó. Além disso, elas também guardam um conjunto de associações emocionais e afetivas, como sentimentos relacionados ao momento em você comeu aquele alimento com determinada pessoa. Com o passar do tempo, essas memórias passam a servir como um filtro e selecionar o tipo de informação ao qual iremos dar atenção, ou ignorar.

plificadas por bolas, sempre relacionadas ao sentimento que a controlou ao viver aquilo. Se ao jogar hóquei a alegria tomou conta, essa memória será feliz. Ou, por exemplo, quando sua família decide se mudar de cidade e a tristeza toma conta, todas as memórias associadas à nova casa são tristes. As redes de memórias são exemplificadas por grandes torres, cheias de memorias coloridas, que conforme o tempo vai passando se tornam obsoletas ou mais importantes. A cada novo momento, essa relação entre memórias e sentimentos moldam como Ellie observa o mundo ao seu redor. Isso significa que se Ellie fosse assistir a um filme, usaria todo o seu arsenal de memórias para compreender e se conectar. Portanto, o importante deixou de ser a obra em si, mas a leitura que é feita dela. Um filme que mudaria a vida de Ellie provavelmente não teria o mesmo efeito em outra pessoa. Ao assistir a um determinado filme, uns podem se emocionar e avaliar aquela produção como sendo de grande qualidade. Outros, ao verem o mesmo filme, podem ter uma visão totalmente diferente, e o acharem péssimo. Isso acontece porque cada individuo tem redes de memória diferentes, e cada uma delas têm seus elementos ativadores particulares. Portanto, o realizador de um filme pode esperar que os receptores manifestem determinadas emoções e recebam uma mensagem específica, mas isso também depende da interpretação pessoal e contextos no qual o indivíduo está inserido.

Essa teoria é muito bem aplicada no cinema, que pode ajudar a compreendê-la de uma forma mais simples. Pete Docter apresentou, em 2015, a animação Divertida Mente, que conta a história de Ellie. A percepção apresentada pelo autor mostra a complexidade da relação entre sentimentos e memórias.

Professora de psicologia na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Aline Henrique Reis destaca que o que importa é a perspectiva, e não o evento em si. “Eu, Aline, ao assistir um filme, vou atribuir um significado especial àquele conteúdo conforme as minhas expectativas, o meu estado emocional e os esquemas que eu já tenho previamente formados. E aí ele vai me ativar de uma maneira específica que não necessariamente vai acontecer com você”.

Ao desenrolar da história, descobrimos que cada personagem apresentado no filme tem um painel de controle, onde os sentimentos de alegria, tristeza, medo, raiva e nojo são personificados, cada um com sua devida cor. Sempre que um sentimento assume o painel de controle, cria ações relacionadas a ele. A narrativa segue a vida de Ellie enquanto suas ações cotidianas são controladas pelos sentimentos. A cada momento se criam novas memórias, que no filme são exem-

Ela também conta que essa ativação depende de quão explicito é o conteúdo do filme. Algumas obras são mais furtivas, sutis na mensagem que pretendem transmitir, e exigem maior interpretação, enquanto outras são mais diretas. “Se eu quero passar uma mensagem política, cultural, emocional, enfim, o quanto as pessoas têm o conhecimento prévio pra captar a mensagem e não entender o filme só como uma narrativa de entretenimento?”

Como Divertidamente entende e usa essa ideia?

Mas enfim, o cinema pode afetar diretamente a vida de uma pessoa? Depois de analisar as ferramentas do cinema, e toda sua história de construção, é inegável que sim. A questão está na intensidade e forma com que isso acontece, e não existe resposta simples para como isso se manifesta.

A forma e intensidade com que o filme nos afeta está diretamente ligado as redes e conexões de memórias afetivas que temos “O cinema é muito usado em terapias, no que chamamos de psico-educação” admite a professora Aline. Neste tipo de terapia o cinema age por meio de “Role Models”, personagens que podem ser analisados e levam o paciente a uma reflexão. Funciona como se pudéssemos falar através dele, projetando nossos sentimentos e emoções. O tratamento é efetivo, mas para a professora, o tipo de consumo que temos ao assistir um filme em casa é completamente diferente, não tem como ter controle ou medir sua potencialidade. A forma e intensidade com que o filme nos afeta está diretamente ligado as redes e conexões de memórias afetivas que temos. João Costa, jornalista e organizador do projeto Cine Café em Campo Grande, cita “Curtindo a vida adoidado “como um dos filmes que o marcou. Ele tinha faltado aula naquele dia, e quando ligou a Sessão da Tarde viu justamente a história de um cara que enganou os pais pra não ir na aula e passar um dia divertido. Por um momento ele era o próprio Ferris Bueller. A identificação é instantânea, e nem sempre, como nesse caso, é racionalizada e identificada facilmente. Porém, ela é a chave para entender a pro-

fundidade com que um filme pode nos afetar. Ao nos identificarmos, passamos a questionar a realidade apresentada na trama e compará-la com a nossa realidade. “Eu não sei se um filme é capaz de mudar o curso de uma pessoa, o destino de uma pessoa, a não ser que ela deseje se expressar, em termos de cinema, na mesma fórmula do filme, na mesma fórmula que o filme propôs a se expressar”. Para João, talvez um filme não mude o destino de alguém, mas certamente fica inscrito na história do sujeito de alguma forma.

O que é certo é que todo filme nos afeta, e a forma como esse filme nos afeta determina uma série de outras questões.” Mudar vida de alguém a partir de um produto cultural é muito ambicioso, e os casos são raros. Porém, cada filme consumido passa a ser parte de nós, aumenta o nosso arcabouço cultural. Ou seja, quanto maior o arcabouço, mais compreensão, diálogos e possibilidades. Os filmes têm esse glamour de projeção sobre a realidade. Funcionam como uma máquina de sonhos para acordados, que coloca o espectador no mesmo palco dos personagens. Fazem pensar e questionar. Mas o quanto um filme nos afeta depende do modo, tempo, ambiente e sentimento em que o consumimos. Talvez, se “Curtindo a vida adoidado” for assistido em uma sala de aula, traz consigo um sentimento de revolta nos alunos por estarem sentados ali. Ou se “Brilho eterno de uma mente sem lembranças” for visto na tela de um celular por pessoa que nunca esteve em um relacionamento, o filme não tenha efeito reflexivo algum. Tudo depende da nossa rede de conexões.


#16

COMPORTAMENTO Por Beatriz Zolin

#17

CÁSPER

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A vida não acaba aos 30 anos Repita esse mantra: “não alcançar sucesso profissional até os 30 anos não é um problema” Você sentiu que estava ficando para trás quando teve que fazer um ano de cursinho por não ter passado na faculdade de primeira? Ou por não ter conseguido um estágio na sua área no primeiro semestre da faculdade? Já sentiu que estava desatualizado por não conseguir ler todos os livros, pôr em prática todos os projetos e ter visitado todos os lugares que você planejou na sua cabeça? Você sente que está fracassando por não ganhar o que esperava assim que se formou no ensino superior?

O imediatismo é a principal marca das gerações Y e Z. Os primeiros, mais conhecidos como millenials, nasceram entre a década de 80 e 90 e os segundos, mais novos, entre 1990 e 2010, formando, portanto, a juventude atual. Como pioneiros da era digital, o seu comportamento é extremamente diferente de seus pais e avós. A internet tornou tudo mais acelerado e acessível. A informação rápida e globalizada possibilitou a esses jovens ter o mundo na palma de suas mãos e não conseguir “conquistá-lo” tornou-se uma enorme frustração. Apesar de serem extremamente dinâmicos, autônomos e criativos, os nativos da geração Y e Z não sabem exatamente como lidar em momentos de crise, principalmente crises profissionais. Visto que cresceram em um contexto histórico de prosperidade econômica, desejam alcançar altos cargos em pouco tempo. Não atingir esse objetivo até os 30 anos é sinônimo de fracasso. O maior acesso à viagens, consumo e cursos qualificados fez com que as expectativas em relação à formação e remuneração crescessem. Contudo, as empresas não se atualizaram quanto às novas exigências da juventude, gerando enorme tensão e ansiedade nos rumos profissionais dessa geração. Uma maior consciência política e ambiental também é ponto de embate com o mercado empresarial. Porém, nem tudo está perdido! As gerações as quais os jovens fazem parte influenciam muito no seu comportamento individual, mas não são determinantes. Muitas das personalidades mais conhecidas e admiradas foram contra as características vigentes que as rodeavam e tornaram-se profissionais extremamente bem-sucedidos. Não alcançar o patamar que você havia planejado até os 30 anos não é sinal de derrota, muito menos motivo para desistir de seus objetivos. Respire fundo, tenha calma e inspire-se com as histórias dessas quatro celebridades que só alcançaram o sucesso bem (!) depois da faculdade.

COCO CHANEL: DE UMA PENSÃO PARA A ALTA-COSTURA Gabrielle Bonheur Chanel nasceu em 1883. Aos 18 anos, aprendeu a costurar em uma pensão para meninas católicas. Mais tarde, decidiu viver de forma independente. O contato com a elite a aproximou do milionário Arthur Capel que a ajudou a abrir a sua primeira loja de chapéu, um sucesso por toda Paris. Em 1919, Chanel abriu sua primeira casa de costura, na qual comercializava uma novidade para a época: as calças femininas. Já aos 36 anos, passou vestir as celebridades de Hollywood e tornou-se um ícone da moda, eternizada por sua marca Chanel.

STAN LEE: O HERÓI HUMANIZADO Stanley Martin Lieber nasceu em 1922 e morou em uma pequena casa no Bronx. Em 1939, iniciou no que mais tarde seria a Marvel Comics. Contudo, sua carreira foi interrompida pelo período que passou no Exército durante a Segunda Guerra Mundial. Quando retornou, voltou a trabalhar com quadrinhos, mas pensou em abandonar a carreira. A sociedade norte-americana não estava satisfeita com os impactos dos quadrinhos na juventude. Foi então que Lee, com quase 40 anos, criou o Quarteto Fantástico, revolucionando os quadrinhos com personagens mais humanizados e imperfeitos e dando uma sobrevida a Marvel, referência nesse universo até os dias atuais.

ANA MARIA BRAGA: A BIÓLOGA E SEU LOURO JOSÉ Ana Maria Braga nasceu em 1949 no interior de São Paulo. Quando jovem, se formou em Biologia na USP de São José do Rio Preto. Mudou-se para a capital paulista, onde arranjou um emprego na antiga TV Tupi para pagar as especializações acadêmicas que desejava. O contato com a área a fez repensar sua carreira: decidiu iniciar a faculdade de Jornalismo. Em 1980, atuou na Editora Abril, retornando apenas em 1992 às telinhas. Já com 43 anos, ela apresentou o programa Note e Anote na TV Record, o que lhe rendeu vários prêmios e visibilidade. Foi apenas com 50 anos que começou a apresentar o programa Mais Você na rede Globo, onde permanece até hoje com seu fiel companheiro Louro José.

MORGAN FREEMAN: O TODO PODEROSO Morgan Porterfield Freeman nasceu em 1937. Após se formar no Ensino Médio, passou a servir a Força Aérea Americana, com o objetivo de se tornar piloto. Contudo, trabalhou apenas como mecânico. Mudou-se para Los Angeles e depois para Nova York, onde teve contato com as artes cênicas. Em 1967, estreou na Broadway. Depois de atuar em pequenos papéis, foi indicado ao Oscar por sua performance em “Armação Perigosa”. Sua popularidade veio aos 50 anos com o filme “Conduzindo Miss Daisy”. Ele ficou conhecido quando interpretou Deus na comédia “Todo Poderoso”, tornando-se uma celebridade mundial.


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CULTURA

Adultos também aprendem Muita gente acredita que só se aprende uma língua nova quando se é criança, e que as dificuldades são muito maiores quando se é adulto. Acontece que a capacidade de cognição é natural e inerente ao cérebro humano em qualquer estágio - o que quer dizer que idade não é um impeditivo para alguém possuir as condições necessárias para aprender um novo idioma. Basta seguir o método mais adequado ao perfil de cada um.

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O método, aliás, é o primeiro passo para começar essa jornada de aprendizado, tornando todo o processo prazeroso, adequado às suas necessidades e executável – afinal, sejamos sinceros, se não for algo que encaixe na sua rotina, não rola. Por isso, separamos algumas dicas, a seguir, para lhe ajudar na busca pelo melhor método nos estudos de um novo idioma. Confira:

Escola de idiomas A escolha de uma escola é, talvez, a parte mais interessante do percurso. É preciso que os professores sejam qualificados e que suas metodologias de ensino se adaptem a forma de estudo do aluno. Instituições como a Cultura Inglesa, por exemplo, oferecem o ensino de inglês com alta tecnologia, excelência acadêmica e prática, além de possuir educadores com boa percepção sobre o aprendizado do estudante, garantindo, assim a melhor maneira de ensinar e entender as necessidades de cada aluno na hora que surgirem as dificuldades.

Intercâmbio Se você quer fazer o seu idioma voar (literalmente), essa é a grande opção. Morar em outro país, sair da zona de conforto e imergir integralmente em outra cultura pode acelerar consideravelmente a evolução da língua. No entanto, é importante lembrar que, para que isso aconteça de forma confortável (digo, sem muito perrengue e sem choro), é necessário já possuir ao menos um nível básico de inglês, a língua franca em todo o mundo. Com um vocabulário razoável e gramática básica do idioma local, é bem mais fácil para um adulto adquirir a fluência desejada. Outra dica é evitar o contato com pessoas que falem a sua língua nativa, e se forçar para tentar falar na língua estrangeira o máximo possível. Para esse método é preciso ter muita disponibilidade de tempo e algum dinheiro para investir, afinal, novo país, novas despesas.

Esqueça a vergonha No aprendizado de uma nova língua, é comum que adultos tenham receio para praticá-la, evitando conversar por medo ou vergonha. No entanto, para quem está empenhado a se tornar bilíngue, isso deve ser superado tão rápido possível. Tenha em mente em que o domínio de uma língua nova sempre tem um início difícil e, aos poucos, se abra para situações mais complexas – como uma conversa com um nativo, por exemplo. Com o tempo você encontrará o equilíbrio e seu conhecimento e confiança aumentarão exponencialmente. Aprender uma nova língua significa ser capaz de se comunicar com o mundo sem muitas dificuldades e tratar com naturalidade as situações cotidianas diversas em que a língua estrangeira está presente. O mais importante é saber que nunca é tarde demais e que aprender é um processo para a vida toda.

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COMPORTAMENTO Por Tayna Fiori

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Religião e Suicídio “Prazer, prezado leitor, eu já faleci. Meu nome tornou-se irrelevante, mas vou deixar para vocês minha história. Sempre fui uma pessoa muito confusa. Nasci há 35 anos, em uma família tradicionalmente católica. Fui batizada, crismada... Conforme fui crescendo, percebi que as ideologias daquele lugar não eram para mim. Comecei a conhecer religiões novas, e me tornei membro da comunidade evangélica. Passei alguns anos por lá, mas me sentia perdida novamente pelo fato de ter pensamentos muito distintos, ideologias distantes daquelas. Tentei me encontrar no espiritismo e em outras tantas religiões, mas no fim conclui que não acreditava em nenhuma ‘figura superior’. Desse jeito, não daria certo em nenhuma! Tornei-me atéia, decidi ser só eu por mim mesma. Minha família e amigos me criticaram muito, o que foi cansativo demais. Minha vida tomou formas estranhas e acabei entrando em depressão. Quem eu considerava ser o amor da minha vida me largou, e encontrei-me perdida no mundo. Os remédios não faziam mais efeito algum contra a tristeza que se instalava em mim. Eu só queria acabar com ela. Planejei tudo, detalhe por detalhe. Em um dia bem chuvoso, aqueles dias tristes, sabe? Em um dia desses, me joguei da janela do apartamento, do 14 ø andar ao chão. Foi meu fim. Cortei minha grade e me deixei cair, a depressão me deu coragem. Eu fiz essa opção, planejei e executei. Sem ninguém para me dizer sim ou não. E agora estou aqui, morta, com o corpo sendo consumido por todo tipo de vermes e insetos. Compartilho minha história para dizer a vocês que o suicídio é algo maior que a religião, a sociedade ou até você. Nós vivemos dores todos os dias, e cada dia é decisivo. Cuidem-se uns dos outros”.

Suicídio é algo a ser compreendido além do ato de “se matar”, há toda uma base anterior para tal façanha. Às vezes o suicida nem considerava a ocorrência, mas um momento de coragem mudou tudo. Estudos e especialistas avaliam que existem circunstâncias variadas com capacidade de deixar uma pessoa a ponto de negar a própria vida. Segundo os princípios de Freud, o suicídio é uma autopunição: o ser humano possui vontade de matar alguém, mas acaba se autodestruindo para não dizimar o outro – já que o assassinato ao próximo é algo moralmente condenável. Antes de matar-se, há indivíduos que também pensam na condenação segundo sua religião, elaborando uma punição antecipada. Algumas religiões pregam a total rejeição do ato, e o suicídio torna-se um pecado e até um possível castigo diante à figura Divina de cada credo. Estudos apontam que o crescimento social acelerado está ligado ao aumento de doenças físicas e mentais, as quais geram uma população que se automutila e se mata. O suicídio atinge majoritariamente a massa masculina, e as taxas de morte transfiguraram-se em um fator social, um grande problema de saúde pública que entrou em crescimento nos últimos anos. Há uma estimativa de que alguns cidadãos evitam suicidar-se por medo da condenação religiosa. Em uma visão geral, a imensa maioria das religiões enxerga o ato como algo repulsivo, um atentado à vida, uma interrupção incorreta do ciclo natural das coisas. O suicídio é tratado como falta de fé do indivíduo, por não conseguir esperar a figura divina o ajudar, por não ter crença suficiente. É válido pontuar que existem religiões, como a palestina, em que o ato suicida pode ser visto como um ato heroico. Nessa ideologia, a pessoa realiza um ato de coragem, destinado a seu deus. Entretanto, na grande maioria das religiões, o suicídio é tido como falta de coragem e desvalorização do maior presente divino: a vida. Diante das diferenças de princípios religiosos, é muito necessário se informar. Caso saiba de alguém que pensa em realizar o ato, procurar ajuda é o primeiro passo. Um pensamento idêntico em todas as vertentes é a ideia de total importância à vida, e independentemente de sua crença ou a falta dela, prezar o bem maior.

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COMPORTAMENTO Por Tayna Fiori

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DP NA CERTA

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Cruzadinhas e Sudokus 1

Verticais 1- Expelir o bafo. 3- Fazer degenerar; alterar, corromper. 4- Tipo de vegetação litorânea adaptada ao ambiente salino submetido à influência das marés. 7- Tipo de vegetação encontrada na Região Sudeste, é caracterizado por uma cobertura herbácea, com gramíneas e plantas rasteiras. 9- Debicar com, fazer troça, zombar. 10- Em decadência. 12- Estado que faz parte da 20 Região Sudeste do Brasil. 13- Lugar plantado de abetos.

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14- Massa de ar fria vinda do sul que afeta as temperaturas no sul e sudeste do Brasil. 15- Boate, prostíbulo, lupanar. 17- Tipo de chuva ocasionada pelo relevo. Na Serra do Mar as montanhas formam obstáculos que impedem a passagem dos ventos marítimos.

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Horizontais: 2-Oceano Atlântico 5-abarracado 6-São Francisco 8-balaustrada 11-aboboreira 16-dano 18-tropical de altitude 19-subtropical 20-barateamento Verticais: 1-baforar 3-abastardar 4-manguezal 7-campos 9-caçoar 10-decadente 12-Espírito Santo 13-abetal 14-Polar Atlântica 15-cabaré 17-orográfica

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to cristão. A base religiosa evangélica diz que o suicídio é um atentado contra a si mesmo, mas a decisão de ser salvo ou ser condenado pertence somente a Deus. O papel da igreja, enquanto o indivíduo está vivo, é aconselhar pessoas que possuam esse pensamento e motivá-los a buscar ajuda em Deus. O suicida é considerado um sujeito que carece de ajuda, e em alguns casos, a igreja indica à pessoa que passe com um psiquiatra. A visão em relação ao poder terapêutico de grupos de jovens é positiva. Pensam que gera um acolhimento, além de ser um momento em que a pessoa é escutada. Consideram, também, que a falta de uma figura divina pode gerar uma carência de força, desestrutura emocional, psicológica e espiritual. O ato suicida é considerado um pecado, um ato condenável, mas entendem a pessoa suicida como alguém que não resistiu às pressões e tentou livrar-se de suas angústias.

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Há muitas ideologias, cada uma com sua posição e tratamento. Enxerga-se que todas abrem algo para ajudar e tentar tirar pensamentos de morte da cabeça das pessoas. Ao suicida, é preciso procurar auxílio, perceber que precisa de ajuda. Caso não concorde com nenhum princípio religioso, recorrer a familiares, amigos, psicólogos ou psiquiatras pode ser um socorro. Há, também, o Centro de Valorização à Vida (CVV), criado justamente para o apoio emocional e a prevenção. O CVV realiza atendimento telefônico no número 188, pela internet no chat e por e-mail. É possível encontrar mais informações no site: www.cvv. org.br; o sigilo é total e fica disponível por 24 horas. Independentemente de sua crença, a vida é algo muito importante, não é preciso sentir a dor, pode-se resolvê-la. Você não será mais fraco ou mais forte por pedir ajuda. E, caso há conhecimento de alguém na atual situação, ampare a pessoa. Ninguém está sozinho, existe alguém que quer te socorrer.

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Vertente Evangélica: O movimento evangélico é uma vertente do movimen-

Horizontais 2- As águas das Bacias do Leste e do Sudeste-Sul dirigirem-se para lá. 5- Com feitio de barraca. 6 6- Importante Rio da Bacia do São Francisco localizado na Região Sudeste. 8- Fileira, série de balaústres. 11- Nome de muitas plantas cucurbitáceas, umas rasteiras, outras trepadeiras, cujo fruto é a abóbora. 16- Mal ou ofensa que se faz a outrem. 18- Clima predominante na Região Sudeste do Brasil. 19- Tipo de clima do extremo sul da Região Sudeste encontrado também no estado do Paraná. 20- Ato ou efeito de baratear; barateio.

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fico, cujos pensamentos giram em torno da evolução da espiritualidade humana. Acreditam que sua alma retorna a um corpo por sucessivas reencarnações, até evoluírem por completo. No caso dos indivíduos que se suicidam, os quais buscam a morte como fuga do sofrimento, ficam com a alma parada no tempo. Causando uma deficiência no processo evolutivo de cada criatura. Consideram um atentado à lei da preservação que há dentro de cada um. Pode gerar o sentimento de culpa ao espírito, levando-o à beira da loucura espiritual. A religião dispõe de uma limpeza enérgica, para ajudar com os pensamentos e a culpa. Pedem para ter fé e procurar ajuda de um profissional, e buscar amigos e família é um auxílio importante. Quanto a quem já realizou o suicídio, suplicam a oração pela pessoa, para que seu espírito consiga evoluir e ter paz. Procurar ajuda é o mais aconselhável em qualquer caso e indivíduo.

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vência e fé. Prezando a salvação da alma, pregam que cada um é responsável pela vida, necessitando preservá-la. O suicídio é avaliado, pela igreja, como algo contrário ao amor de Deus. Também é oposto do amor ao próximo, pelo fato de desamparar a família. Ademais, se a pessoa sofre de alguma doença psicológica, angústia ou medo da falta de aprovação, pode acarretar na diminuição da responsabilidade do suicida. A igreja manifesta oração a almas em conflito, para que elas se arrependam do que fizeram e possam ir para o céu. O catolicismo diz que só Deus pode condenar ou não a pessoa que se mata. Entendem que grupos de jovens e grupos de oração são uma maneira de prevenção. Especificando também, em alguns casos, que a falta da figura divina pode trazer transtornos psicológicos ao indivíduo, levando-o a vontade de se suicidar. A vida humana, por mais fraca que seja, é o maior dom que Deus pode dar, a intenção é valorizá-la.

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Vertente Espírita: O espiritismo é uma doutrina de cunho filosófico e cientí-

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Vertente Católica: O catolicismo é uma religião crente na salvação pela vi-


“ANTES, EU SÓ CONSEGUIA ENTENDER O LÁ LÁ LÁ DA MÚSICA.” “AGORA EU APRENDO INGLÊS COM OS MELHORES PROFESSORES.”

SEM TAXA DE MATRÍCULA. culturainglesasp.com.br

FAÇA DE VERDADE. FAÇA CULTURA INGLESA.


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