Fala! Universidades - Edição 42

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MAIO DE 2019 DISTRIBUIÇÃO GRATUITA

#42

CONTEÚDO JOVEM DE VERDADE.

Capa O Reino Encantado - Tolkien e os Contos de Fadas

Cultura

A Abolição do Homem na Era Contemporânea Comportamento

O velho, o Antigo e o Vintage Saúde

Depressão Pós Faculdade Política

Quem é Greta Thunberg, a jovem indicada ao Nobel da Paz

falauniversidades.com.br


EXPEDIENTE ANHEMBI

No mês de Maio, a edição #42 da revista Fala!Universidades faz uma introdução ao pensamento do escritor britânico J. R. R. Tolkien, especialmente quanto aos Contos de Fadas e o papel de importância que eles exercem na sociedade. Também traz uma importante discussão sobre virtudes, autonomia e servidão na reflexão “A Abolição do Homem”. Além disso, nesta edição você encontra uma investigação sobre o sentimento de nostalgia e a sua exploração pelo mercado, uma reportagem sobre os crescentes níveis de depressão entre universitários, uma aula sobre distribuição, mercado e legislação do cinema brasileiro, e muito mais. E se você não conhece o Fala! em sua versão digital, é só acessar falauniversidades.com.br e acompanhar por lá as notícias e reportagens. Se você curte o Fala! e tem vontade de fazer parte dele, de expor suas ideias, sua arte e sua maneira de enxergar o mundo, envie um email para contato@falauniversidades.com.br.

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CÁSPER Alice Anhaia Mello Ana Carolina Prado Ana Luiza Andrade Anna Beatriz Capelli Anna Carvalho Arthur S. Eustachio Bárbara Moura Beatriz Biasoto Beatriz Cavallin Beatriz Salvia Beatriz Zolin Bia Martins Bianca Quartiero Bruna Somma Caroline Brito Daniel Benites Elisa Campanorio Fatime Ghandour Gabriel Balog Gabriel Costa Gabriela Girardi Gabriela Junqueira Glaucia Galmacci Giovanna Stival Giulia Tani Guilherme Carrara Helena Leite Helena Rinaldi Ingredi Brunato Isabela Barreiros Isabela Guiduci Isabella Codognoto

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ESPM Ana Clara Flavio Canzian Gabriella Varela Guilherme Ribeiro

Hugo Neto Natália Rocha Rafaela Silva Samira Figueiredo

MACKENZIE Flavia Gonçalves Julia Gnaspini Renan Andrade Antônia Beatriz Beatriz Araujo Beatriz Cruz Beatriz Gonçalves Bruna Liu Bruno Enrique Carolina Carvalho Carolina Huertas Dani Romanelli Daniel Fabra Fernanda Antônia Gabriel Ferreira Giovana Quartaroli Giovanna Lopes

Giulia Fantinato Isabella Baliana Leonardo Leite Letícia Bononi Louise Diório Lucas Gonçalves Luiza Granero Natália Gissi Nathalia Bellintani Nathália Martins Nathália Taise Patricia Carvalho Priscila Palumbo Raquel Pryzant Rodrigo Malagrino Victoria Gearini Victória Theonila

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Letícia Assis Luana Coggo Lucas Machado Lucca Di Francesco Manuela Avanso Maria Clara Milano Maria Eduarda Cury Maria Fernanda Favoretto Marina Fontenelle Marina Pires Mario de Andrade Melissa Yabuki Natanael Oliveira Natasha Meneguelli Paula Paolini Paulo Santos Rafaela Soares Sarah Santos Thiago Felix Vanessa Lino Victor Prudencio Virginia Mencarini

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USP Bia Ennes Julia Nagle Nayara Salaverry

EDITOR-CHEFE: Layon Lazaro

PUBLISHER: Pedro Alcantara

DIRETOR EXECUTIVO: Don Emilio

FIAM-FAAM Bianca Rocha Enzo Zillio Giovanna Carvalho Heloise Pires Illan Lima Juan Leopoldo

Lucas Silva Lucas Amaral Marcella Azevedo Nayara Souza Renata Ariel Vinicius Sarcetta

DIAGRAMAÇÃO E ARTE: Talita Murari

HEAD DE RELACIONAMENTO: Fernando Celani TIRAGEM: 35.000 EXEMPLARES

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#4

CULTURA Por Bárbara Moura, Clara Serranoni, Giovanna Favero, Isabelle Araújo e Karolina Pestrin

Como o processo de distribuição influencia a valorização do cinema brasileiro A produção é frequente, mas é na distribuição que está o real problema. O cinema, cada vez mais elitizado, possui 89% dos filmes exibidos em shopping centers.

#5

CÁSPER

Freepik

Das pornochanchadas ao filme “Tropa de Elite 2” (2010), longa de maior bilheteria nacional até hoje, as formas de consumir cinema no Brasil transformaram-se radicalmente ao longo do tempo. A popularização dos shoppings centers fez com que as salas de cinemas das grandes metrópoles brasileiras se tornassem praticamente obsoletas, desconfigurando as chamadas “Cinelândias”. Atualmente, apesar de alguns ainda resistirem com a exibição de filmes pornográficos, a grande maioria dos cinemas da “Belle Époque Brasileira” estão desativados e/ou abandonados. Outros poucos locais foram reformados e incorporados a grandes franquias, como é o caso do PlayArte Marabá, modernizado e readaptado para a Avenida Ipiranga (SP) do século XXI e do Cine Odeon, o único que ainda funciona na Praça Floriano (RJ). Apesar de o filme ser um meio de comunicação de massa, ir ao cinema passou a ser considerado um programa de elite. “Era uma coisa muito barata durante o século XX (até os anos 50 seria em torno de um real, hoje). A partir da década de 60, o público e o número das salas começaram a cair, principalmente no Centro de São Paulo, e os preços a subir, mas foi na segunda metade dos anos 80 que dispararam, por conta de inflação. Algumas salas fecharam, outras menores inauguraram e outras migraram para diferentes espaços da cidade. Isso tudo está atrelado às estratégias que estão sendo adotadas pelas produtoras”, explicou o produtor cinematográfico Felipe Abramovictz.

Do que vivem as grandes produtoras O processo de execução de um filme é árduo. Depois de oferecer uma ideia às produtoras, é necessário que o projeto seja aprovado, ganhando assim credibilidade para tentar conquistar determinada distribuidora. Esta, por sua vez, analisará as potencialidades da obra para chegar às salas de cinema e a possível margem de lucro. Fechado o negócio, começa a disputa por uma fatia dos editais de incentivo para os custear a operação.

IDEIA PRODUTORA EDITAIS DE INCENTIVO E ISENÇÃO FISCAL OU PRODUÇÃO INDEPENDENTE

DISTRIBUIDORA CINEMA

A Agência Nacional de Cinema (ANCINE), é a grande responsável por fomentar os projetos cinematográficos. Entre produtores, distribuidores e pessoas do meio existem polêmicas acerca dos critérios de distribuição de verba, que acabam frequentemente concentrando o Fundo Setorial do Audiovisual nas duas maiores distribuidoras do país, gerando uma forma de monopólio e não levando em conta as empresas independentes, que correspondem à metade dos lançamentos no Brasil. Silvia Cruz, fundadora da produtora Vitrine Filmes que tem o objetivo de divulgar o cinema autoral brasileiro e é hoje uma das maiores produtoras independentes do Brasil, acredita que pelo fato de a ANCINE lidar com um fundo de investimento (e não com um patrocínio) e com a ideia de que o dinheiro investido precisa ter um retorno, os filmes comerciais são mais valorizados e por isso as grandes empresas acabam sendo uma opção mais atrativa. “O cinema comercial não é um inimigo e também precisa existir para que a indústria se mantenha aquecida, entretanto ele não deve ser priorizado”, explicou. Ela acredita que dar prioridade para certas produtoras também pode ser prejudicial. “Essas empresas acabam detendo grande parte do mercado e como todo monopólio, ele pode ser prejudicial para a indústria, para as outras empresas, para os concorrente, para o mercado… porque ele dita as regras, e nesse momento, porque exerce a sua capacidade máxima, até mais do que isso, então alguns filmes saem prejudicados porque outros já vem na sequência”, explica. E ainda assim, o Brasil é um dos países da América Latina com maior incentivo para o cinema nacional. “Em qualquer parte do mundo os filmes americanos chegam com muito mais força, fazendo com que superproduções de ação ou super-heróis, por exemplo, sejam privilegiados por muita gente”, aponta Silvia. O Latim American Institute Film (LaFilm) é conhecido por seu curso de formação de cineastas, suas produções de longas metragens como “Alguém Qualquer”, “Jogo do Copo” e sua participação na produção de “Tropa de Elite 2”. Luciana Stipp, produtora, diretora e atriz do instituto, diz que há dificuldades em fazer um longa ser um filme bem sucedido e que poucos emplacam de forma marcante no Brasil. “Quando alguma produtora diz que tem filmes parecidos com “Tropa de Elite” ou “Cidade de Deus”, até pega mal porque isso é como se comparar a um pico fora da curva”, aponta. Para a produtora, obra precisa de dinheiro para atingir um grande público.

Como sobrevivem as pequenas Uma das alternativas utilizadas pelas produtoras menores, como a LaFilm, é vender seus filmes diretamente para canais de televisão fechados, pois para levá-los para o cinema é preciso pagar antecipadamente a uma distribuidora e no caso dos canais fechados, basta ter contato com um agente, que só cobra - um valor que chega no máximo a 30% da venda para uma distribuidora - após o contrato ser fechado com o canal. A realidade é que de qualquer forma a produtora não possui uma boa margem de rentabilidade “Pensando no lucro, o gasto é menor quando vendemos diretamente para o canal mas, por outro lado, quando o filme não passa pelo cinema o preço da venda é inferior independente de ser inédito ou não”, afirma Luciana. As obras da produtora já passaram por muitos canais da televisão como FOX, Warner Bros. Pictures, TNT, MTV, Canal Brasil, AXN. Além disso, no cinema já passaram pelo Espaço Itaú de Cinema, Cine Joia e Centro Cultural de SP. “Nós vendemos quase todos os filmes para canais, porque dessa forma abrem-se portas para a produção sair como lançamento”, explica.


#6

CULTURA CÁSPER

“os incentivos ainda funcionam como uma forma de renúncia fiscal das empresas, o cinema é entendido como um produto no qual as companhias terão seus nomes atrelados” Incentivo concentrado Uma possível saída para esse impasse seria um investimento governamental para incentivar as pequenas produtoras, porém esse sistema está caminhando na contramão dessa ideia. Recentemente a ANCINE divulgou as novas redistribuições de verbas, que beneficiam grandes produtoras e não incentivam as empresas independentes. Para Luciana, trata-se apenas de um edital contendo o que já era posto em prática. “Isso sempre aconteceu mas agora ficou mais claro. Se formos analisar em editais e leis as grandes produtoras conseguem muito e as pequenas nem tanto, não por falta de qualidade e sim de contatos renomados”, denuncia. Ela afirma que essa iniciativa da ANCINE coloca tudo às claras. “Por um lado, isso é bom para que não haja

mais enganação, mas por outro, é ruim pela falta de verba e pela impossibilidade de produção das empresas pequenas”, reclama. Segundo a diretora, a LaFilm nunca trabalhou com leis de incentivo ou editais. Todos os filmes ali produzidos são literalmente independentes. “Mexemos com o dinheiro de apoiadores e empresas privadas sem nenhuma isenção fiscal”. Ela completa reafirmando sua posição sobre o impacto da redistribuição da Ancine: “é claro que isso é ruim, porque tem gente querendo começar a trabalhar e utilizar as leis e as novas redistribuições dificultam para que consigam o dinheiro. Com esse modelo atual, as pequenas produtoras geralmente recorrem aos investimentos em outros setores, como a publicidade ou a relação de festivais. Nesse processo, o problema real deixa de ser as distribuidoras em si, mas sim esse modelo concentrado de negócio. “O mercado de filmes também é muito estreito, é uma disputa de poder e de interesses, o papel do governo é garantir que os recursos sejam distribuídos de forma igualitária, o que nem sempre acontece”, afirma Abramovictz. Assim, apesar das medidas tomadas pelo Estado, os incentivos ainda funcionam como uma forma de renúncia fiscal das empresas, o cinema é entendido como um produto no qual as companhias terão seus nomes atrelados. Essas leis de incentivo do Estado pertencem a um projeto de curto prazo, dependendo diretamente das decisões do governo, que pode cortar os fomentos e estímulos a qualquer momento.


#8

COMPORTAMENTO Por Maria Antônia Anacleto

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O velho, o antigo e o vintage O consumo do nostálgico no século XXI, paradoxo do jovem saudosista e o papel do marketing.

CÁSPER

“As coisas eram tão mais simples na minha época”, “Ai que saudade daqueles dias”, “Nos bons velhos tempos era tudo diferente”. Frases nostálgicas que com certeza você já ouviu alguma vez. O dicionário Aurélio define nostalgia como “sentimento ligeiro de tristeza sentido por alguém, pela lembrança de eventos ou experiências vividas no passado; saudades ou tristeza por algo ou alguém que já não existe mais ou que já não possuímos mais”; “Melancolia ou tristeza profunda causada em pessoa exilada ou longe de sua terra natal”; “Tristeza sem um motivo aparente”. A concepção de ser nostálgico, tanto na sua etimologia quanto aplicação na vida real, permeia uma ideia de melancolia, tristeza. As pessoas sempre foram e sempre vão ser nostálgicas, mas a hipermodernidade demonstrou que a nostalgia conseguiu atingir áreas e reações de certo modo novas.

A compreensão de nostalgia A palavra nostalgia foi utilizada pela primeira vez no ano de 1688 pelo médico suíço Johannes Hofer. Em sua dissertação, Hofer estabeleceu uma semelhança deste sentimento com aqueles de outra doença que já vinha sendo estudada ao redor do mundo. Os alemães a chamavam de “Schweizerkrankheit”, os franceses de “Mal Du pays” e para os espanhóis era “Malatia Del pais”. Ansiedade, fadiga, palpitações, falta de esperança, obsessão por memórias de casa eram alguns dos sintomas. Nostalgia era tratada como um problema mental, considerada degenerativa à massa cinzenta humana. Ao decorrer dos séculos, com o advento do sistema de produção capitalista e da sociologia e antropologia, a nostalgia passou a ser observada a partir de outros olhares. Os estudos mais densos e “completos” sobre nostalgia se remetem ao século XX, mais especificamente a partir dos anos 80, que foi justamente a década na qual a nostalgia surgiu como um fenômeno geral dentro da juventude da época. Os anos 80 trouxeram o cinema e a arte falando de gerações passadas, construindo um presente nostálgico. Cenário oposto aos dos anos 50, por exemplo, no qual a literatura na sua grande maioria abordava possíveis sociedades futuras.

O jovem nostálgico O jovem dos anos 80 passou a ser aquele que originaria o jovem contemporâneo: com uma identidade inacabada, contraditória e fragmentada. Já que pensar no presente sem se referir ao passado era muito raro. Como disse Stuart Hall, O homem passou a “flutuar” entre as diversas culturas, línguas, estilos e épocas, logo ele perdeu completamente as suas referências do tempo presente e passou a construí-lo através de uma realidade passada. A nostalgia é compreendida por acadêmicos tanto dentro de um aspecto positivo como negativo ao indivíduo, ou até a mistura de ambos. Alguns a veem como um estado de espírito, outros como uma forma de melancolia, uma forma de elevação do seu autoconceito, ou até uma sensação agridoce: um sentimento que remete a situações agradáveis e desagradáveis.

O gancho publicitário Tanto bom ou ruim, a nostalgia é algo que resulta em um engajamento, por possuir um caráter e apelo afetivo. Dentro desta característica, se encaixa o consumo e o marketing. A sociedade contemporânea, diferentes das anteriores, se define pelo consumo de massa, pela supressão do ser pelo ter. Consome-se para depois definir o ser. Pesquisadores demonstram que a nostalgia é uma estratégia crescente utilizada por empresas para o consumo de suas marcas. O mundo atual traz tantas dúvidas e inseguranças sobre o quê há de vir, e a nostalgia funciona como uma forma de reconexão dos consumidores com o seu passado, gerando tranquilidade e conforto em meio a este mundo nebuloso. Esta persuasão do consumo resulta em uma maior lealdade à marca que possui apelos nostálgicos em seus produtos. O consumo de produtos com caráter nostálgico revela um desejo de reviver o passado.

#9


POEMA CÁSPER

Mas qual o motivo de hoje queremos tanto reviver o passado? (Ou de forma paradoxal, os jovens contemporâneos “reviverem” uma época na qual nunca viveram). Ao se perguntar a alguém com mais de 30 anos de idade sobre o passado, a grande maioria faz uma alusão a épocas melhores, com padrões de vidas mais altos, com mais segurança. As crenças nos ditos “velhos bons dias”. Mas será que o passado era tão ideal assim? Um estudo mostra que a nostalgia é, na verdade, a busca por um passado que nunca existiu, pois ele é tão demasiadamente idealizado que, em sua construção, todos os traços negativos foram apagados. Bebidas, brinquedos, cinema, teatro, livros, música, museus, doces, action figures e produtos alimentícios em geral são exemplos de produtos que hoje utilizam do apelo nostálgico com seus consumidores.

O papel da internet O ciberespaço também revela uma grande alta da disseminação do nostálgico, do chamado retrô, vintage. Mas diferente da esfera pública real, a internet gerou certa bagunça na lógica temporal, tanto na tecnologia quanto na sua cultura. Gerando consequências na sua grande parcela de internautas, os jovens. A atitude paradoxal de um jovem do século XXI consumir roupas e tirar fotos nos estilos dos anos 80, 90 traduz bem este fenômeno. A juventude sente nostalgia de algo que nunca vivenciou, se é que podemos chamar de nostalgia. Com o turbilhão de informações, a internet proporcionou uma nova realidade, mas deixou um vazio. Os internautas têm excesso de informação ao seu alcance, que não corresponde com o pouco tempo de que dispõem para consumi-la. Por isso, uma espécie de depressão se forma dentro dos sujeitos quando não é atendido o sentimento de urgência que desenvolvem, segundo a antropóloga cultural Nizia Villaça. Eles querem poder consumir tudo ao seu redor e não consumir seu tempo conjuntamente. O passado passou a ser uma alegoria para o jovem do século XXI, assim como era para aquele dos anos 80. A história passou a ser contada através de páginas da série na internet, DVDs, livros, catálogos, músicas, atraindo muitos fãs. Novamente, o presente é construído a partir do passado, de forma que ao invés de “descontruir padrões”, utiliza de estereótipos previamente elaborados e os transforma. Em uma pesquisa feita com 60 universitários, na sua grande maioria dentro da faixa dos 18 a 20 anos, 92% afirma gostar de coisas com aspecto retrô e 66% diz consumir estes produtos. A justificativa por este gosto de consumo gira em torno das mesmas palavras de sempre: “acho diferente”, “acho a estética muito original”, “possui cara de ser mais artesanal”, “sensação de viver outra época”, “é estiloso”, “é clássico”, “o moderno é muito homogêneo”, “possui carga histórica”. A constante valorização e idealização do passado por não conseguir entender e definir o presente. Um pensamento notado dentro de todas as redes sociais. Para Helena, 16, estudante do terceiro ano do Ensino Médio, o consumo do retrô é fomentado em sua grande parte pela “curiosidade em conhecer outras épocas”. Ao ser questionada sobre o paradoxo do consumo do retrô por parte do jovem, ela afirma que a geração de jovens da atualidade enxerga o futuro de maneira catastrófica, decadente, sendo assim, a busca por referências passadas é uma forma de apelo esperançoso. Helena revela o perfil do jovem contemporâneo, que é constantemente estimulado pela publicidade e que responde a estes estímulos utilizando-se de roupas, mercadorias, releituras e reproduções saudosistas. A palavra lembrança dificilmente remete a uma imagem negativa. De fato, o passado é a origem das condições do presente, mas ele não vai voltar. Utilizar de coisas retrô com a justificativa de estar fora do senso comum revela o início do triunfo do marketing: conseguiu fazer com que consumissem o retrô sem pensar. A estética supera o valor. Os anos 70, 80,90 estão de volta, mas na verdade estamos nos anos 2000. Revivemos constantemente o passado e o futuro ainda se mostra extremamente aterrorizante.

CÁSPER

Efêmero

#10

COMPORTAMENTO

Por Lívia Marques

Acordou, tomou banho, vestiu-se e sentou-se à mesa. Tomou café, leu o jornal, levantou-se, beijou-me o rosto e foi embora. Cá fiquei pensando, lembrando e revivendo. Lá ficou, esperando a hora de voltar. Todo dia chegava do trabalho, enchia-me de beijos. Acordou, tomou banho, vestiu-se e sentou-se à mesa. Tomou café, leu o jornal, levantou-se, beijou-me o rosto e foi embora. Cá fique pensando. Todo dia chegava do trabalho e beijava-me. Acordou, tomou banho, vestiu-se e sentou-se à mesa. Tomou café, leu o jornal, levantou-se, beijou-me a testa e foi embora. Todo dia chegava do trabalho e abraçava-me. Acordou, tomou banho, vestiu-se, tomou café em pé, beijou-me a mão e foi embora. Chegava do trabalho. Acordou, tomou banho, vestiu-se, apertou-me o ombro e foi embora. Chegava tarde do trabalho. Acordou, tomou banho, vestiu-se, olhou-me nos olhos e foi embora.

#11


#12

CAPA Por Lucas Gonçalves

Lucas C.S. Gonçalves dedica-se a estudar a ética e a moral cristã presentes na literatura e no pensamento de C.S. Lewis e J.R.R. Tolkien. Email: lgoncalves.teo@gmail.com

M.A.C.K

#13

Freepik

Nota do jornalista sobre John Gower: Quando Gower adjetiva seu personagem, somos expostos à seguinte caracterização: “as he were a faerie” [como se ele fosse uma fada]. Todavia, o poeta não havia escrito isso, e sim: “as he were of faerie” [como se ele fosse de Faërie (o Reino Encantado)]. Gower não quis dizer, portanto, que seu personagem parecia uma fada, mas sim que ele era belo e admirável como os habitantes da Terra dos Elfos.

O Reino Encantado: J.R.R. Tolkien e os Contos de Fadas

Nas últimas décadas, adaptações de obras fantásticas para o cinema e para a televisão, como O Senhor dos Anéis, Harry Potter e, mais atualmente, Game of Thrones, reavivaram a popularidade desse gênero narrativo, que conta com importantes nomes em seu hall de escritores, como George MacDonald, G.K. Chesterton, C.S. Lewis, J.R.R. Tolkien, além dos contemporâneos Neil Gaiman, J.K. Rowling e George Martin. Este gênero, também conhecido em outro momento como contos de fadas, possui peculiaridades especiais e muito ricas. Atentarmonos às suas características nos possibilita desfrutar mais do que a fantasia pode nos oferecer. Para tal, neste texto, pretendo apresentar curtos apontamentos sobre o que são os contos de fadas, bem como expor parte de sua importância para nós, segundo o pensamento de J.R.R Tolkien. Nota do jornalista sobre J.R.R. Tolkien: Naturalmente, aqui irei expor argumentos resumidos. Para se ter uma ideia mais profunda, recomendo beberem da mesma fonte que eu: Sobre Contos de Fadas, no qual J.R.R. Tolkien expõe parte de sua teoria literária.

Não se trata de fadas

Em Sobre Contos de Fadas, Tolkien inicia sua exposição contrariando o senso comum sobre o referido gênero. Naturalmente, pensamos nos contos de fadas como histórias infantis que giram em torno de pequenas fadas brilhantes, segundo os moldes de Tinker Bell. Nada poderia ser mais equivocado para o autor de O Senhor dos Anéis. Tolkien, então, nos mostra como erros de tradução e adaptação, somados à influência filosófica moderna, deturparam a estética e o peso primário deste gênero narrativo. Segundo ele, esses erros de tradução e adaptação se devem principalmente, respectivamente, ao Oxford English Dictionary e a Andrew Lang. Enquanto o primeiro falhou na leitura e tradução de Confessio Amantis, poema de John Gower, o segundo, ao editar sua coletânea de contos, trouxe uma atmosfera infantilizada a histórias que, originalmente, assustavam boa parte dos adultos. Uma primeira leitura nas versões tradicionais dos contos seria o suficiente para percebermos como essas histórias, definitivamente, não são infantis. A Chapeuzinho Vermelho não é resgatada pelo Lenhador, e o Sapo não se torna um príncipe, após beijado. Uma segunda leitura nos permitiria perceber que a filosofia impregnada nesses contos podem ser tudo, menos infantis. A corrupção filosófica se deve ao iluminismo. Uma vez que a razão supostamente daria conta de explicar e sustentar absolutamente todas as coisas, os aspectos

imaginativos perderam seu valor público. Como consequência, os grandes, importantes, belos e terríveis elfos das antigas histórias se tornaram pequenas fadas cintilantes, relegadas aos quartos infantis e sobrevivendo nas bocas das babás menos instruídas nas modas intelectuais de seu tempo.

A essência dos contos de fadas

Para Tolkien, o primeiro elemento mais importante dos contos de fadas é o lugar mágico onde a história se passa, o Reino Encantado. A narrativa não se prende à espécie dos personagens, mas sim ao lugar, que seria belo, cativante, mágico e, simultaneamente, perigoso e cheio de desafios mortais. A segunda grande característica dos contos de fadas para Tolkien é a eucatástrofe. O conceito, criado e sistematizado pelo próprio autor, se refere a uma virada narrativa, repentina e inesperada, que traz consigo a resolução de um problema possivelmente mortal. Provavelmente, o exemplo mais contundente desse conceito se dá na destruição do Um Anel, em O Retorno do Rei. Frodo, responsável por jogar o Anel nas chamas da Montanha da Perdição, falha em sua demanda. Gollum, que todos imaginavam estar morto, em uma tentativa de reaver o Anel, ressurge e, por acidente, cai com ele nas chamas da Montanha. A aparição de Gollum e o tropeço, que o leva a concluir a missão de Frodo, não foram acontecimentos esperados; porém, sem eles a história teria um final absolutamente infeliz.


#14

CAPA

Podemos viver no Reino Encantado

J.R.R. Tolkien sugere algumas funções desempenhadas pela narrativa fantástica, entre elas a recuperação, o escape e o consolo. Veremos superficialmente cada um desses desdobramentos práticos a seguir.

RECUPERAÇÃO Ao abordar a recuperação, Tolkien pontua que, com o passar do tempo, a vida torna-se monótona e enfadonha. Tudo acontece novamente como já aconteceu no passado; não há mais novidades a partir de um certo momento, e isso rouba o nosso senso de maravilhamento e contentamento com a vida. Nestes casos, a fantasia é uma ótima aliada. Segundo o autor, este gênero literário nos ajuda a realizar a recuperação. Com esse termo, Tolkien se refere à retomada, isto é, voltar a ver o mundo da forma como deveríamos: como algo belo e prazeroso. Ter contato com a narrativa fantástica seria como limpar os vidros de uma janela, a fim de vermos o mundo externo de forma mais clara e, assim, voltarmos a perceber o mundo como algo novo e maravilhoso. Ao lermos sobre Pégaso, o cavalo alado de Belerofonte, os demais cavalos se tornam especiais. Ao lermos sobre o nôitibus em Harry Potter, os ônibus são elevados a uma nova categoria em nossas mentes. Ao lermos sobre Gwaihir, o Rei das Águias de O Senhor dos Anéis, as águias do mundo real são dignificadas. Os contos de fadas, portanto, nos ajudam a nos apaixonarmos novamente e continuamente pelo mundo real.

ESCAPE Diante dos males físicos, emocionais e ambientais, abundantes em nossa experiência cotidiana de vida, os contos de fadas nos oferecem um rico recurso de escape. Entretanto, não podemos entender com isso que Tolkien era favorável à uma fuga covarde da realidade, mas, sim, defensor do desejo de transcendência da atual condição humana.

M.A.C.K

A proposta do autor não se assemelha à deserção de um soldado que covardemente foge de uma batalha. Ao contrário, a proposta se assemelha a um soldado, cativo pelo inimigo, que sonha com o mundo além das paredes e das grades que o cercam. Esses pensamentos o capacitam a suportar o sofrimento imediato e, em alguns casos, permitem até mesmo que supere esse estado. Ao lermos os contos de fadas e sermos expostos a virtudes morais, atos de heroísmos, ao amor sacrificial, a vitórias que contrariam as expectativas, a beleza em meio ao caos e a tantas outras coisas, nós encontramos inspiração para sobreviver às dificuldades diárias que nos cercam, bem como encontramos força para superá-las.

CONSOLO Retomando o conceito de eucatástrofe, Tolkien nos mostra que outra função dos contos de fadas é a de nos consolar de nossas dores, nos trazendo a esperança diária de que as coisas podem ser diferentes do que são. Essa não seria uma esperança tola e ilusória, pois, na perspectiva do autor, a eucatástrofe também se faz presente

em nossas próprias vidas. Quantas vezes nos vemos em situações desesperadoras e uma virada súbita e inesperada nos traz o auxílio necessário para vencermos o desafio em que nos encontramos? Assim, o contato com as narrativas fantásticas nos reavivam o senso de que nada é fatalmente ruim. Todas as coisas, de alguma forma, podem ser restauradas.

Por fim,

Ficaria muito grato, caso fosse possível, falar mais sobre o tema. Mas espero ter, ao menos, gerado o interesse no leitor de buscar conhecer mais sobre esse gênero tão rico. Se eu puder sugerir, dediquem também um tempo para conhecer melhor a Tolkien e a Lewis, dois dos maiores responsáveis por manter a fantasia viva, contrariando os anseios técnicos, científicos e racionalistas dos séculos XIX e XX. Gostaria de finalizar lembrando que o gênero fantástico se baseia em nossas vidas, em nossos desafios e nas nossas capacidades de perpetuar o bom e o belo. Isso quer dizer que, assim como nos livros, não importa o tamanho do dragão que enfrente, eles sempre podem ser vencidos.

s n e g s a ! e l r e a t o b n b e m a s e m i s s r o a e v v No No Exp


#16

SAÚDE Por Beatriz Biasoto e Luana Pellizzer

#17

CÁSPER

Cole Keister

O filósofo alemão Byung-chul Han, em sua obra Sociedade do Cansaço, define que no mundo atual, as pessoas exigem tanto de si mesmas que não precisam ser exploradas por ninguém, pois elas mesmas já se exploram. A juventude se cobra tanto que acredita que, para ser feliz, precisa ter sucesso em todos os aspectos. O psiquiatra Geilson Santana explica: “Hoje somos pressionados a produzir o tempo todo, a concorrência é muito grande, então existem pessoas que se sentem mal em momentos de lazer por não estarem produzindo e acham que estão ficando para trás. Mas é necessário saber dividir as coisas e não negligenciar o sono, o lazer, a diversão e os momentos com amigos, família”. Marcelo dá continuidade à colocação, explicando que os indivíduos querem fazer parte de um sucesso global que não existe. “Além disso, as pessoas almejam tanto realizar grandes feitos que esquecem que a felicidade está nas pequenas coisas do dia a dia”, completa.

Depressão pós faculdade: entenda o que assombra os recém-formados

A depressão é algo sério, por vezes negligenciada pela sociedade em virtude do preconceito. Geilson lembra que a depressão pode levar à morte, o que reforça a importância de consultar-se com profissionais da saúde mental: “Muitos acham que a vida não vale a pena e que seria mais fácil morrer. Dentro desse espectro têm os indivíduos com pensamentos suicidas, os que chegam a planejar o suicídio, as tentativas de suicídio e o êxito letal, quando a pessoa consegue se matar”.

Sair da faculdade pode ser uma vitória, mas entrar na vida adulta não é tão simples assim

Existe um perfil para o depressivo?

Terminar o curso que escolheu e dar início à trajetória em busca de um sonho parece ser algo romântico e ideal para qualquer um que acabou de pegar o diploma. No entanto, ao encarar a realidade do universo desconhecido que é o mercado de trabalho, muitos precisam lidar com uma sensação de impotência ao ver que as expectativas eram altas demais. Acontece que, para vários jovens, esse desamparo resulta em uma instabilidade emocional ainda maior: a depressão.

Não existe um padrão definido para pessoas que sofrem de depressão, até porque todos estão sujeitos a ela. Existem, no entanto, características comuns geralmente encontradas entre os indivíduos diagnosticados com a doença. De acordo com, Marcelo, essas pessoas geralmente são fielmente atreladas a regras, sejam elas religiosas, provenientes de uma construção social ou herança de criação, mas em sua maioria configuram conceitos muito estritos.

Do momento em que o jovem entra na fase de prestar vestibulares até o momento em que alcança a autonomia financeira, ele lida com uma pressão constante para o cumprimento de expectativas criadas pela família, amigos, ou até por si próprio. “Hoje vivemos uma crise e uma transformação muito grandes no mundo em geral, causando uma perda de referências. Pessoas com empregos menos valorizados ou com um mercado mais competitivo, por exemplo, têm um risco maior de sofrer depressão” explica o psiquiatra Geilson Santana.

O psiquiatra, Bruno Coelho destaca que as mulheres são mais afetadas pela depressão após a puberdade. Ele complementa que entre as causas, existem adversidades comuns identificadas entre os portadores, como abusos sexuais na infância, negligências e uso de drogas, além da mais recorrente: sobrecarga de estresse. Contudo, o psiquiatra reforça: “não existe perfil único (do depressivo), só fatores de risco”

É um período em que os sonhos são grandes, mas a realidade é dura. Por isso, essa juventude lida com uma instabilidade muito grande ao ver que o futuro não vai condizer tanto assim com aquilo que foi sonhado: “No caso do pós-faculdade, ele pode deprimir sim por conta de dificuldade de encontrar empregos, junto a outros fatores de risco”, reforça o psiquiatra Bruno Coelho. “Tristeza faz parte da vida: quando a glicose do indivíduo está desregulada é diabetes, a depressão é uma desregulação de humor - ele fica triste o tempo todo”, completa.

Como identificar a depressão? “Tristeza, faltas de vontade de fazer qualquer coisa de levantar da cama, lavar o cabelo, não comer ou comer demais. Fiquei com medo de procurar ajuda e de falar que tinha depressão, não queria banalizar sem querer a doença” - Laura Uliana, 22 anos, diagnosticada em 2016.

O psicólogo Marcelo Rocha, professor da graduação em Psicologia da USP, fala dessa sensação: “Você avalia a si próprio como ruim, o mundo como ruim. Quando eu instalo essa negatividade no eu, no mundo e no futuro, estou deprimido”. Ele também alerta sobre as consequências da depressão: “quanto pior a visão negativa de futuro, maior risco a pessoa tem de pensar em suicídio e de ter algum impulso que possa levar a morte”.

1. Humor depressivo: a pessoa não

5. Nem sempre essa pessoa se isola ou

consegue regular o humor, fica triste na maior parte do tempo mesmo sem ter um motivo específico.

chora, mas seu comportamento passa a fazer menos trocas interpessoais

Quanto à expectativa criada pelo próprio jovem, Marcelo ressalta:

2. Falta de prazer com o que gostava: os

“O problema é que a gente acha que pode mudar o mundo.

hobbies, a profissão, o tempo que passa com os amigos ou qualquer outra coisa que trouxesse felicidade perdem o sentido, pois não trazem mais sensações positivas.

que algo está errado, pois querem negar o que está acontecendo

O mundo chegou bem antes da gente e nós temos que nos adaptar a ele”.

Rachel de Carvalho, enfermeira e professora da Faculdade Israelita de Ciências da Saúde Albert Einstein (FICSAE), acredita que a depressão pós faculdade não está necessariamente relacionada com a expectativa criada em cima da credibilidade da instituição acadêmica que formou o portador. A respeito da realidade da FICSAE, Rachel argumenta: “O fato de estarem em uma instituição de renome muda as expectativas dos alunos. Porém, hoje todos têm bastante acesso à informação, sabem como é o mercado de trabalho e que precisam de pós-graduação para se colocarem bem.”

7. Alteração do apetite e do peso 8. Sonolência ou insônia

3. Pessimismo: não reconhecer que as

9. Excesso de lentidão ou inquietude

coisas podem melhorar, achar que tudo está ruim e vai continuar assim.

10. Comprometimento cognitivo, como

4. Recente perda de algo que seja Alunos na FICSAE / Foto: divulgação

6. Dificilmente fala que precisa de ajuda ou

importante para o portador: um emprego, um namoro, etc.

problemas de memória e dificuldade de tomar decisões.


#18

CULTURA Por Leonardo Delatorre Leite e Vinícius Canalli de Castro

Ilustrações: Gastón Mendieta

M.A.C.K

#19

A ABOLIÇÃO DO HOMEM NA ERA CONTEMPORÂNEA A conquista da liberdade é bradada no ocidente desde a queda do Muro de Berlim e o custoso fim do totalitarismo, marcando o prevalecimento do exaltado Estado democrático de direito e, por conseguinte, a adoção de um caráter valorativo no ordenamento jurídico, trazendo o ideário de dignidade da pessoa humana para o seu núcleo. Após tais conquistas, seria lógica e imediata a expectativa de um Estado dedicado à manutenção e ao aperfeiçoamento das práticas que garantem a liberdade e a dignidade humana ao nível individual, expectativa esta que é perversamente afrontada pelas populares e crescentes ideologias relativistas que, com assustadora frequência e idolatria, recorrem ao estatismo como a absoluta solução para todos os males em detrimento dos mais fundamentais e indispensáveis direitos, banalizando até mesmo o direito punitivo do poder público. Cada vez mais cega, a espada da justiça ainda é incapaz de nos defender das agressões e injustiças das quais, ironicamente, tínhamos esperança de nos livrar. Em seus vários aspectos, as normas que compõem as ordens legais de diversos países acabam por se esquecer dos fundamentos principiológicos que supostamente deveriam nortear o âmbito jurídico contemporâneo pós-guerra. No caso brasileiro, a Constituição de 1988 prevê em seu escopo princípios de proteção da dignidade humana e defesa da liberdade econômica. É possível, entretanto, vislumbrar violações explícitas aos seus dispositivos nas normas infraconstitucionais e nas decisões proferidas pelos tribunais. Leis que procuram intervir na vida privada, regulamentações exacerbadas, formação de monopólios, relativização da liberdade de expressão e punição de crimes sem vítimas. Por conseguinte, o Brasil ocupa a posição 150 entre os 180 países analisados no que concerne ao respeito aos princípios de livre iniciativa, segundo dados estatísticos da Heritage Foundation (2019 Index of Economic Freedom). Somente no ano de 2018, 59,5% dos projetos de lei analisados violam a liberdade econômica em pelo menos uma dimensão, como avaliado pelo Centro Mackenzie de Liberdade Econômica. Conforme exposto, o respeito aos direitos e garantias individuais ainda não está nem perto de se consolidar, pois o estatismo permanece arraigado no anseio popular que se manifesta através da eleição de representantes populistas e intervencionistas. Mas afinal o que está por trás desse fenômeno, o que explica essa nefasta tendência da população em abrir mão das liberdades em prol da centralização do poder político? Ainda no século XVI, essa discussão já era eminente e ocupava a atenção dos grandes pensadores, dentre eles o jovem francês Étienne de La Boétie, cujos escritos refletiam uma atitude de inconformidade perante o fenômeno de concentração do poder nas mãos de um governo cada vez mais centralizado. Impor-

tante ressaltar que La Boétie em meio a um contexto de inexistência de liberdade política afirmava que toda servidão é voluntária e tem suas raízes no próprio indivíduo, seja pelo hábito, pela superstição em torno da figura de um líder, pelo fascínio decorrente dos supostos benefícios do poder político ou até mesmo pelas paixões intrínsecas à própria natureza humana, como o medo, a necessidade de um sentimento de segurança e de estabilidade perpétua frente a um futuro de incertezas. Dando continuidade a essa discussão, o pensador Alexis de Tocqueville, já na Idade contemporânea, aprofundou o debate concernente às origens do autoritarismo na sociedade política. Em suas obras, procurou ressaltar a eminência da liberdade como meio necessário para a coexistência das vontades individuais e como valor moral a ser priorizado nas relações intersubjetivas. Com base nessa perspectiva, Tocqueville ressalta que a tirania não é imposta vias coercitivas, mas nasce quando outros objetivos que não sejam a liberdade ocupam o centro das atenções no campo político; objetivos estes que possuem uma origem interna e pungente no coração humano, frutos da inveja e da corrupção que se amplificam na esfera social dada a possibilidade do uso da força para a consolidação de vontades individualistas pervertidamente colocadas em nome da igualdade. Há de fato uma paixão viril e legítima pela igualdade que incita os homens a querer tudo para ser forte e estimado. Esta paixão tende a elevar o pequeno ao posto do grande; mas também encontra um gosto depravado pela igualdade no coração do homem, que faz o fraco querer atrair o forte ao seu nível, o que faz os homens preferirem a igualdade na servidão a desigualdade da liberdade. Isso não quer dizer que os povos cujo estado social é democrático naturalmente desprezam a liberdade; pelo contrário, eles têm um gosto instintivo por isso. Mas a liberdade não é o objetivo principal e contínuo da sua vontade; o que eles desejam com um amor eterno é a igualdade; eles correm em direção à liberdade com um impulso rápido e esforço repentino, e se perderem a meta eles se resignam; mas nada pode satisfazê-los sem igualdade, e rapidamente vão consentir em perecer do que perdê-la.


#20

CULTURA

Assim como afirma Benjamin Wiker, teólogo contemporâneo: “Nossa preocupação com conforto material leva-nos ao longo de um caminho para a servidão, em que nós voluntariamente abraçaremos um estado servil: segurança e conforto à custa da nossa liberdade”. Os desejos mais naturais do homem, dentre os quais a inveja, o medo, a angústia, a busca pela satisfação de interesses pessoais às custas de outros e a necessidade de preencher a desesperança e insegurança de um futuro incerto acabam por favorecer a ascensão de autoritarismos. Por este motivo, a defesa da liberdade deve ser acompanhada da paixão pela prática das virtudes, da responsabilidade e da prudência. Tal como disse Aristóteles:

“Assim como o homem é o melhor dos animais quando aperfeiçoado; separado do direito e da justiça… ele é o pior de todos. Porque a injustiça é a mais severa quando aparelhada com armas; e o homem nasce naturalmente possuindo armas para o uso de prudência e virtude, que, no entanto, são muito suscetíveis a ser usadas por seus opostos. Esta é a razão pela qual, sem virtude, ele é o menos sagrado e mais selvagem dos animais.” Sem controle próprio e sem o desenvolvimento de um senso de responsabilidade pessoal através da prática do Bem, o homem, inexoravelmente, sofrerá com os males nefastos do controle autoritário. “Os homens estão preparados para a liberdade civil na proporção exata de sua disposição a controlar seus próprios apetites com cadeias morais”, como dizia Edmund Burke em sua famigerada obra Reflexões sobre a Revolução Francesa. A esse fenômeno pós-moderno desconstrutivista marcado pelo abandono de um padrão moral objetivo a ser alcançado pelo cultivo das virtudes, CS Lewis atribuiu o nome de “abolição do homem”, uma vez que as correntes filosóficas contemporâneas estão conduzindo a humanidade cada vez mais para a total escravização, reprimindo a autonomia dos indivíduos rumo a realização plena de suas potencialidades e mitigando a capacidade pessoal de conhecer o mundo através de um impulso natural ao saber, a Verdade e a liberdade. Na realidade, o que os teóricos atuais propõem não passa de uma perspectiva completamente reducionista da natureza humana e de sua complexidade. É clara a recorrente intenção de restringir o homem a aspectos meramente físicos (naturalismo), à sobrevivência do mais apto (darwinismo), ou até mesmo às interações socioeconômicas (materialismo dialético), reduzindo a virtude a concepções meramente factuais que, por sua vez, são insuficientes para descrever a condição humana, negando, assim, o impulso inato do espírito ao que é transcendente. Tal insuficiência faz com que esta sociedade desnorteada de uma ordem moral objetiva transfira a sua necessidade pelo que é intrinsecamente correto ao que é essencialmente falho, a ponto de que não sabermos, não apenas quais políticas legitimamente adotar, mas até quais ações tomar nas situações mais rotineiras. Em meio a esse contexto de vazio existencial e de insuficiência ética, o Estado surge como resposta aos mais variados anseios e angústias humanas. A lei positiva, imposta pelo Poder político centralizado, passa a ser o padrão de conduta e de referencial aos comportamentos e costumes.

M.A.C.K

A forma totalitária de Estado surge logicamente da negação da realidade desse reino das ideias transcendentais. Quando as fundações espirituais para toda a livre dedicação às atividades humanas - do cultivo da ciência ou do academicismo, da distribuição da justiça, da profissão de religião, do exercício da arte sem peias e da livre discussão política -, quando as razões transcendentais para todas essas atividades livres são sumariamente negadas, então o Estado se transforma necessariamente, em herdeiro de toda a devoção do homem. (Michael Polanyi). Por conseguinte, a liberdade só é verdadeiramente legítima quando se encontra em correspondência com os pressupostos dessa ordem moral objetiva e transcendental, também denominada de Lei Natural, um sentimento compartilhado de justiça intrínseco à natureza humana, um mínimo ético universal cuja origem encontra-se somente em Deus, o Sumo Bem e fim último da existência. Assim, tendo em vista a perda da concepção de um sentido transcendente à nossa realidade, de um compromisso deontológico para com os princípios morais, é evidente que voltamos sempre a cair no ciclo de idolatria ao mundano e na infrutífera tentativa de preencher o vazio imensurável do coração humano que, como escreveu João Calvino, “é uma fábrica de ídolos”. Neste ciclo, criamos uma sucessão de tiranos que perversamente oferecem sórdidas medidas disfarçadas de soluções miraculosas que se aproveitam de mentalidades utilitaristas e hedonistas, estas sendo resultados claros e diretos da ausência coletiva de princípios sólidos e basilares. Sem estes, nos tornamos maleáveis e sujeitos às dissimulações ideológicas que atormentam, em nome do mundano e efêmero, nossos princípios transcendentes e eternos; pois, como dito por Jordan Peterson, “ideologias são como religiões aleijadas, essa é a forma correta de pensar sobre elas. São como uma religião que perdeu um braço ou uma perna, mas ainda consegue sair mancando por aí, proporcionando certa segurança e identidade de grupo, muito embora esteja torta, pervertida, distorcida. São parasitas de algo que a precedem, algo muito rico e verdadeiro”. Portanto, é evidente que, ao abandonarmos os valores que nos precedem, não apenas fracassamos na busca pelo Sumo Bem, mas também trazemos tormento e angústia ao mundo de forma cíclica e constante. O romance Admirável Mundo Novo, de Aldous Huxley, nos choca com a fatalidade de tais trágicas premissas ao nos apresentar uma sociedade cientificista e voluntariamente submissa, desprovida de qualquer conceito de transcendência e dominada pelo hedonismo desenfreado (mas atendido), nos provendo, nas palavras do autor, uma reflexão cruciante aos dias atuais: “Um estado totalitário realmente eficiente seria aquele em que o todo-poderoso executivo de chefes políticos e seu exército de gestores controlam uma população de escravos, os quais não precisam ser coagidos, porque amam sua servidão”. Logo, é inevitável a conclusão de que a liberdade genuína depende fortemente da disciplina de sermos submissos ao divino para, finalmente, nos livrarmos das correntes do mundo, pois Jesus disse aos que creram: “Se vocês permanecerem firmes na minha palavra, verdadeiramente serão meus discípulos. E conhecerão a verdade, e a verdade os libertará”. Apenas assim, libertos, poderemos caminhar para longe da escuridão, não apenas hoje, mas por toda a eternidade.

#21


UNIVERSI DADES

Anders Hellberg

DP NA CERTA

#23

Cruzadinhas e Sudokus

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Verticais 1- Fruto da bananeira. 2- Ação ou efeito de abocanhar. 3- Criar borbulhas. 6- Med. Infecção causada por bacilos. 7- Relativo aos Caingangues, indígenas do Estado de São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. 8- Tartaruga de água doce. 10- Dar feitio de bigode; Colocar bigode. 11- Aborrecer, importunar, maçar. 14- Estado de caipora; infortúnio; má sorte; caiporice, caipora. 15- Preguinho de cabeça redonda, usado em várias indústrias.

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Horizontais: 4-barato 5-abatatado 9-baita 12-bacurau 13-edícula 16-cadastral 17-barcelonês 18-bailadeira 19-FMI 20-abalo Verticais: 1-banana 2-abocanhamento 3-aborbulhar 6-bacilose 7-caingangue 8-cabeçuda 10-abigodar 11-cacetear 14-caiporismo 15-balmázio

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Filha de Marlena Ernman, cantora de ópera, e Svante Thunberg, ator, Greta cresceu em Estocolmo, na Suécia, e começou seu histórico ativista já aos 9 anos de idade. Como é comum, Greta teve seu primeiro contato com os problemas climáticos na escola, quando seus professores lhe mostraram imagens de ursos polares com lares destruídos, florestas desmatadas e resíduos plásticos nos oceanos.

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Greta Thunberg também já foi convidada a falar pelo Papa Francisco e já discursou no Parlamento Europeu. De acordo com Greta, o Estado precisa ouvir os cientistas e tomar uma atitude rápida, pois o tempo está se esgotando. Em todas as suas viagens, Greta se recusou a andar de avião, optando por trens e navios – por serem menos nocivos ao meio ambiente.

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O movimento ganhou dimensões globais no dia 15 de março de 2019, quando mais de 1,5 milhões de estudantes foram às ruas ao redor de todo o mundo, convocados por Greta para uma marcha histórica pelo clima o #schoolstrike4climate.

No Dia Mundial do Autismo, Greta fez uma declaração: “O autismo (assim como o TDAH, o ADD, o Tourette, o TOC, o ODD, etc.) não é um ‘presente’. Para a maioria, é uma luta interminável contra escolas, locais de trabalho e agressores. Mas sob as circunstâncias corretas, dado os ajustes certos, pode ser uma superpotência. Eu tive meu quinhão de depressões, alienação, ansiedade e distúrbios. Mas sem meu diagnóstico, eu nunca teria começado a escola. Porque então eu teria sido como todo mundo. Nossas sociedades precisam mudar, e precisamos de pessoas que pensam fora da caixa e precisamos começar a cuidar umas das outras. E abrace nossas diferenças”.

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A saga de Greta ganhou visibilidade internacional quando a garota discursou na COP 24, a Conferência do Clima da ONU, que ocorreu em dezembro, na Polônia. “No ano de 2078, vou celebrar meu 75º aniversário. Se eu tiver filhos, talvez eles passem esse dia comigo. Talvez eles perguntem sobre vocês, talvez eles perguntem por que vocês não fizeram nada enquanto ainda havia tempo para agir. Vocês dizem que amam seus filhos acima de todo o resto, mesmo assim estão roubando o futuro. Até vocês focarem no que precisa ser feito além do que é politicamente possível, não há esperança” discursou a jovem, na Conferência. Greta se mostra indignada com o fato das pessoas considerarem a alteração climática uma ameaça existencial, mas continuarem a viver sem fazer nada a respeito.

Diagnosticada com síndrome de Asperger, transtorno obsessivo-compulsivo e mutismo seletivo, Greta possui uma forma diferente de pensar, desenvolvendo uma grande capacidade de concentração e interesse extremo sobre um assunto, além de um grande poder de desenvolvê-lo. “Se eu fosse como todo mundo, não teria começado essa greve da escola, por exemplo”, afirmou Greta. “Isso me faz diferente, e ser diferente eu diria que é uma dádiva. Me faz ver coisas além do óbvio”.

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O ato solitário de desobediência civil de Greta começou em agosto de 2018, quando a garota deixou de frequentar a escola às sextas feiras para protestar em frente ao parlamento sueco, exigindo dos políticos que tomassem medidas contra o aquecimento global e mudanças climáticas. Posteriormente, o movimento ficou conhecido como Friday For Future.

“Comecei a pensar nestas coisas o tempo todo e fiquei muito triste. Aquelas imagens ficaram na minha cabeça”, contou.

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Seu estilo de vida vegano e ecologicamente consciente começou a exercer influência dentro de sua própria casa, levando sua família a adotar o uso de energia solar, carro elétrico e bicicletas, e também a cultivar uma horta. A partir dali, Greta começou sua jornada por um mundo sustentável.

Horizontais 4- Por baixo preço; Sem muito custo. 5- Com forma de batata, mal acabado, grosso. 9- Popularmente, o que é muito grande. 12- Nome de várias aves noturnas, da família dos Caprimulgídeos. 13- Casa pequena, geralmente construída nos fundos da casa principal. 16- Relativo a cadastro. 17- Relativo a Barcelona (Espanha). O natural ou habitante de Barcelona. 18- Mulher que baila; Bailarina. 19- Fundo Monetário Internacional. (Sigla) 20- Ação ou efeito de abalar; abalamento.

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Quem é Greta Thunberg, a jovem ativista indicada ao Nobel da Paz Conhecida pelo seu comprometimento com as questões climáticas e ambientais, Greta Thunberg, de apenas 16 anos, é uma concorrente ao prêmio Nobel da Paz, foi considerada a mulher mais influente do ano na Suécia e esteve entre os 25 jovens mais influentes em 2018 da revista TIME.

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Por Brenda Umbelino

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POLÍTICA


“ANTES, EU SÓ CONSEGUIA ENTENDER O LÁ LÁ LÁ DA MÚSICA.” “AGORA EU APRENDO INGLÊS COM OS MELHORES PROFESSORES.”

SEM TAXA DE MATRÍCULA. culturainglesasp.com.br

FAÇA DE VERDADE. FAÇA CULTURA INGLESA.


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