MARCONI

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Vieira, Alberto (1995), A Companhia Portuguesa Rádio Marconi na Madeira. 1922-1995

COMO REFERENCIAR ESTE TEXTO: Vieira, Alberto (1995), A Companhia Portuguesa Rádio Marconi na Madeira. 1922-1995, Funchal, CEHA-Biblioteca Digital, disponível em: http://www.madeiraedu.pt/Portals/31/CEHA/bdigital/avieira/MARCONI.pdf, data da visita: / /

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A COMPANHIAPORTUGUESA RADIOMARCONI NA MADEIRA.1922-1995 TEXTO: ALBERTO VIEIRA EDIÇÃO : CPRM CAPA E MAQUETE: ESC. RICARDO VELOSA DISCURSOS E DOCUMENTOS : DIÁRIO DE NOTÍCIAS, JORNAL DA MADEIRA, VIA PORTUCALE E ARQUIVO DA CPRM-DIRECÇÃO REGIONAL DA MADEIRA.

FOTOGRAFIA : MUSEU DE PHOTOGRAFIA VICENTES, RAUL PERESTRELO E J. PESTANA

ISBN: DEPÓSTIO LEGAL : FUNCHAL, 1995


APRESENTAÇÃO Habituados aos meandros da História, no sentido lato dos mais diversos domínios temáticos e dentro de um maior afastamento cronológico, foi com algumas reticências que encaramos a hipótese de elaborar uma monografia sumária de uma empresa como a Marconi, de História recente mas cuja actividade tem marcado, de modo evidente, nos últimos anos a Madeira. Mesmo assim aceitámos o desafio lançado pelo Eng1 Graciano Góis, porque nos agradam novas experiências, desde que enriquecedoras para a nossa faina historiográfica. A micro-história, um campo pouco conhecido no País, assumiu-se nas últimas décadas como uma via importante para a plena afirmação do conhecimento histórico: As História de uma empresa, de uma personalidade são fundamentais para a compreensão do devir histórico. Alguns dos grandes mestresda Historiografia o têm demonstrado. Aqui, queremos apenas seguir o seu exemplo e fazer com que esta monografia possa revelar a vida recôndita desta empresa que é parte significativa do devir histórico do arquipélago no presente século. Habituados que estamos a ver neste tipo de publicação uma forma, por vezes, insossa de valorização da entidadeem questão, quisemos com o presente texto mostrar que, a par disso, se pode concretizar um trabalho mais gratificante para quem o promove, elabora e recebe. O enquadramento da empresa no processo histórico, de que ela é resultado e factor, foi um dos principais objectivos orientadores Aqui, foi nossa intenção demonstrar e relevar a importância que a Marconi assumiu e continua a ter na sociedade madeirense: os feitos relatados são prova disso e não precisamosde tais referências insossas para realçar o seu protagonismo no campo das Telecomunicações. A intervenção da Marconi,nos últimossessenta anos, transformou, em certa medida, os hábitos quotidianos dos madeirenses. Além disso, os meios que a empresa colocou ao nosso dispor vieram banir todas as barreiras que definiam o casulo do nosso isolamento insular. Por fim queremos declarar que procuramos atribuir a este texto a dimensão de documento-testemunho capaz de transmitir aquilo que foi e continua a ser a acção da companhia no último meio século de História da Madeira: aqui estão reunidos discursos,


recortes de jornais, ilustrados com fotografias recentes e antigas, uma breve cronologia das telecomunicações, que queremos fiquem para a posterioridade como testemunho da real importância da Marconi na História madeirense. Por outro lado foi nossa intenção conciliar também o aspecto didáctico por meio de organigramas, fornecidos pelos respectivos serviços da direcção regional da empresa, que explicitam a evolução do sistema de telecomunicações. Ao longo deste périplo pelos meandros da História da Marconi contámos com a colaboração de alguns responsáveis dos diversos serviços da empresa e amigos, que não podemos esquecer. Em primeiro lugar o Sr. Eng. Graciano Góis, o principal mentor da ideia, que acompanhou com devota dedicaçãoeste projecto.Depois os Srs. Eng1s Barros e Londral que nos revelaram os segredos das tecnologias disponibilizadas pela empresa, por meio da elaboração dos organigramas explicativos sobre o equipamento.


MARCONI E AS TELECOMUNICAÇÕES


"Os meus esforços permitiram a milhões de seres humanos viver a um nível inatingível noutras condições. Pode acusar-se a máquina de ser em certo grau, a causa de excessiva produção. Talvez. Mas não é menos verdadeiroque os habitantes de Londres,por exemplo, não poderiam trabalhar como hoje fazem se não dispusessem do telefone e do telégrafo" (Marconi, 1933).


No presente momento o acto de comunicar faz parte do nosso quotidiano. Para isso a tecnologia colocou ao nosso dispor inúmeros meios que o facilitam e fazem dele um dos aspectos mais evidentes deste final do século vinte. Eles destronaram as inúmeras torres de Babel e fizeram com que o mundo se reduzisse a uma aldeia, onde todos se intercomunicam, ainda que anonimamente. São múltiplos os inventos do Homem que deram a verdadeira expressão ao acto de comunicar. Por muito tempo a comunicaçãosó podia fazer-se por meio da escrita ou sinais sonoros e visuais. Mas, passados alguns séculos sobre esta realidade, eis que aparece a possibilidade de comunicar por meio do sistema electromagnético ou por ondas hertzianas: a Telegrafia com ou sem fios, o cabo submarino, e, mais recentemente, o satélite, foram os meios necessários a tal revolução no acto de comunicar. A eles vieram juntar-se os instrumentos de comunicação, que cada vez mais se aperfeiçoam: a rádio, o telefone, a televisão, o telex, o fax (...). O sociólogo canadiano Marshall Macluhan foi quem primeiro chamou a atenção para a importância dos meios e técnicas que asseguram a transmissão das mensagens. Segundo ele os mesmos exercem um efeito muito maior que a própria mensagem. Macluhan definiu três estádios para a evolução do sistema técnico de difusão da mensagem: a sociedade tradicional e tribal, as galáxias de Gutemberg e Marconi. As duas últimas marcaram de forma evidente a difusão da mensagem. Aqui os inventos de Marconi tiveram um efeito espectacular ao propiciarem uma rápida e eficaz difusão da mensagem. A tão propalada "aldeia global", também definida por este sociólogo, é o resultado disso. Para um espaço insular como a Madeira o acto de comunicar, pela fruição destes meios, apresenta-se vital, sendo imprescindívelpara abater as barreiras geográficas, que definem a insularidade. É por isso, que hoje fazemos parte dessa "aldeia global", dispondo de alguns dos meios mais sofisticados de comunicação. Todo este serviço com o exterior é garantido pela Companhia Portuguesa Rádio Marconi, que desde 15 de Dezembro de 1926 iniciou as actividades na Madeira: começou com o TSF, mas hoje oferece aos madeirenses uma multiplicidade de serviços, através do seu Centro de Telecomunicações do Funchal.


Ontem como hoje as comunicações são um factor de desenvolvimento económico e social. Mas enquanto no passado era a situação económica das regiões e a conjuntura emergente das áreas em que se inseriam que quebravamo isolamento, mercê da atracção que exerciam sobre os potenciais interessados no comércio e consumo dos seus produtos, hoje a sua implementação é resultado de um compromisso político-social, um serviço prestado às regiões periféricas, que resulta num factor de franco progresso social e económico. Hoje dispomos de uma avançada tecnologia que torna possível a recepção da nossa voz e imagem em qualquer parte do mundo e, por isso mesmo, nos esquecemos das dificuldades que sentiram os nossos antepassados para saírem do casulo madeirense. Por isso, aqui apresentamos, numa breve síntese a situação das comunicações da Madeira desde o século XV até à actualidade, donde se destaca a função primordial da ilha no espaço atlântico, função que só a hodierna geração espacial do satélite e da aviação retiraram. Para um espaço como a Madeira, isolado no meio do oceano, comunicar foi sempre uma necessidade imperiosa das suas gentes. Mas, se na actualidade a tecnologia das telecomunicações permite um contacto imediato com o exterior, tempos houve em que estas ligações só seriam possível após alguns dias e, por vezes, meses de peripécias no vasto mar oceânico. No século XV as ligações com o reino só se tornavam possíveis apenas em seis meses do ano, demorando a viagem cerca de uma a duas semanas. Já nos finais do século dezanove a viagem do navio Priscilla, que saiu da Madeira com destino ao Hawaii durou cento e vinte dias. Estas dificuldades nas comunicações, que durante muito tempo se fizeram única e exclusivamente por via marítima, não são facilmente perceptivas à maioria de todos nós habituados às comodidades da actual tecnologia das comunicações, que vai do avião ao mais sofisticado sistema de telecomunicações. Mesmo assim nos séculos que nos antecederam a Madeira foi um espaço privilegiado a esse nível. Para isso terão contribuído alguns factores, sendo de consideraras condiçõesfavoráveis do oceano que a circunda e as condições económicas da ilha, resultantes da cultura da cana sacarina e da vinha: o mar ao mesmo tempo que separa a


ilha une-a aos mais diversos portos costeiros, tendo sido até ao presente século o meio privilegiado de ligação com o exterior; os produtos, o ouro arrancado à terra, desperta a atenção dos aventureiros do atlântico e fazem do Funchal um dos principais portos de comércio e navegação. Uma e outra situaçãocontribuíram para que a ilha quebrasse o isolamento definido pelo oceano e se mantivesse um assíduo contacto com o velho continente europeu e o novo mundo. Já nos alvores do século XV a coroa definira em 1443, segundo opinião de Zurara, o Funchal como principal entreposto de escala e apoio à navegação lusíada no Atlântico. Ao longo dos séculos XVI e XVII as novidades e contactos com a Europa são resultado da frequência de navegadores, expedicionários e mercadores que escalavam periodicamente o Funchal. A chegada de uma embarcação era sempre alvo da curiosidade dos presentes no calhau ou daqueles que dos terraços das suas casas as conseguiam avistar. As torres avista navios são o testemunho dessa ancestral miragem oceânica. A situação manteve-se por largos séculos e só foi quebrada com a afirmação da máquina a vapor na navegação e a crise do comércio do vinho. Desde então, a Madeira perdeu o convívio com as gentes do mar e acentuou-se o isolamento, só quebrado com a afirmação do turismo terapêutico, da afirmação da cidade do Funchal como estância de aclimatação para os colonialistas britânicos e o desenvolvimento da telegrafia sem fios. Também a posição privilegiada da Madeira, no caminho para a Madeira ou a América, fez com que assumisse uma função primordial na rede de cabos submarinos. Foi a partir da ilha que se fizeram em 1874 as primeiras ligações transatlânticas. Todavia o incremento deste meio em princípios do nosso século veio a confirmar o Porto da Horta (Faial-Açores) como o principal eixo do emaranhado de cabos que estabeleciam as ligações entre o continente americano e a Europa: para o período de 1893 a 1928 estão registados 15 cabos que amarravam ao referido porto. Mas, na actualidade, a Madeira volta a assumir de novo o protagonismo oitocentista afirmando-se com um importante nó de comunicações, via cabo submarino, no espaço banhado pelo Atlântico. Para o necessário enquadramento do historial da C.P.R.M. na Madeira considerámos necessário estabelecer as principais linhas


mestras desta galáxia da comunicação no arquipélago em que a C.P.R.M. foi o principal e, por muito tempo, único protagonista. Deste modo optámos por estabelecer um pequeno historial dos meios postos à disposição do homem para o acto de comunicar em que inserimos a situação da Madeira. E só depois falaremos da C.P.R.M. e das concretizações e actuais meios que a empresa coloca à disposição do madeirense. Já atrás o dissemos que o acto de comunicar é uma necessidade biológica, nasceu com o Homem, e foi ele o principal obreiro das múltiplas cambiantes que o mesmo tem tido. Mas a comunicação tem muitas expressões de acordo com a distância a que se encontram os dois interlocutores: o emissor e receptor. As telecomunicaçõesexpressamum distanciamento expressivo entreos dois factores deste acto. De início a comunicação a longa distância a partir desta forma fazia-se por intermédio de meios pouco adequados mas capazes de cumprir a sua missão. Eram os sinais sonoros ou visuais, que a partir de um código preestabelecido, tornavam o acto possível. Dizem os anais de História que teria sido Plínio quem nos deu a conhecer em 100 A.C. o sistema de transmissão por combinaçõesde luzes, que teve a primeira aplicação prática no exército de Alexandre, o Grande. Todavia os grandes aperfeiçoamentos do sistema tiveram lugar muito mais tarde, sendo obra de Lippershem, Galileu e Kipler. Ele manteve-se até finais do século XVIII, altura em que os irmãos Chappe, em França, criaram o primeiro sistema semafórico, cujo princípio estará na origem do telégrafo (1844). Ambos foram também aplicados em Portugal e na Madeira, servindo de meio de comunicação das embarcaçõesentre si, com os portos e entre os vários núcleos de povoamento. Uma das principais utilidades deste sistema foi no aviso da presença de corsários, prontos a assaltar barcos e povoações. Desde o início da ocupação da ilha que os seus habitantes estiveram expostos ao livre arbítrio de piratas e corsários. Eles frequentavam com assiduidade o mar madeirense e apresentavam-se como uma permanente ameaça para as populações costeiras. Ficaram célebres os assaltos dos franceses em 1566 ao Funchal e dos argelinos em 1616 ao Porto Santo. Perante esta permanente ameaça foi necessário estabelecer medidas de vigilância e protecção. No primeiro caso destacam-se as vigias colocadas em locais estratégicos ao longo da vertente sul da Madeira, onde permaneciam turnos de guarda. A


presença de um navio estranho,indiciador de um pirata ou corsário, era de imediato avisado aos comandantes das ordenanças que de imediato reuniam as hostes por meio de um sinal sonoro: o repicar dos sinos da igreja ou o toque do tambor. Todavia as demais populações costeirasprecisavam também de ser avisadosde modo a poderem preparar a defesa. Para isso definiu-se em toda a ilha um sistema de comunicação por sinais luminosos (os fachos), que circulavam ao longo da orla costeira, por intermédio das elevações que propiciavam este contacto. A rede terminava no Pico da Cruz, em S. Martinho, que foi conhecido como o Pico Telégrafo. Daí resultou a designação de Pico do Facho às elevações onde se faziam os sinais luminosos. Com este nome surgem-nos dois picos no Porto Santo e na Madeira (em Machico). A forma de organização desta comunicação por sinais ópticos é-nos apresentada em 1805 pelo governador D. Diogo Pereira Forjaz Coutinho num regimento que estabeleceu para tal fim. Como é óbvio o sistema não permitia uma perfeita e total comunicação entre os dois interlocutores actuando apenas como meio de aviso rápido e eficaz. A par disso, inúmeros obstáculos se colocavam à sua concretização, numa ilha marcada pelo acidentado do terreno. Estas dificuldades só podiam ser ultrapassadas com o aparecimento de um novo meio de comunicação, no caso o telégrafo eléctrico, surgido em 1837. Foi neste ano que William Cooke e Charles Whatstone registaram a patente. Aqui há a considerar a Telegrafia com fios e sem fios, sendo de destacar na primeira a que se realizava por via terrestre ou marítima (=cabo submarino). O sistema de telegrafia com fios surgiu em Portugal a partir de 1855, mas só em Agosto de 1873 se procedeu à sua instalação na Madeira, por meio de uma linha que ligava o Funchal à Ponta do Sol e, no ano imediato, com a Ponta do Pargo e Machico. O facto de em 10 de Março de 1876 Alexandre Bell ter patenteado o novo invento (o telefone) veio a tornar obsoleto o sistema de telegrafia. Todavia ele em chegar à Madeira: em 1881 foi concedido o alvará de exploração à companhia Edison Gower Bell Company para a rede de Lisboa, mas só em 1911 é que os madeirenses puderam usufruir dele. A primeira ligação telefónica teve lugar a 6 de Outubro entre o Governador e o Diário de Notícias, que tinha o número 32. Entretanto no ano imediato a Câmara solicitava o alargamento a toda a ilha, o que só foi conseguido nos quarenta anos que se seguiram. Para as ligações com o exterior continuou a manter-se o sistema telegráfico e o usufruto do mesmo sistema, por meio do TSF ou


cabo submarino, que teve lugar muito mais cedo, mercê do facto de a ilha se situar num eixo importante das comunicações com o continente africano.


O CABO SUBMARINO

A ideia do cabo submarino havia sido sugerida em 1795 pelo catalão Salvat numa comunicação sobre o uso da corrente eléctrica para transmissão à distância, apresentada à Academia de Ciências de Barcelona. Três anos mais tarde era lançado em Madrid o primeiro circuito com 44 km, mas só a partir da década de quarenta da centúria seguinte este meio ganhou novo incremento. Para isso terá contribuído o facto de o português José de Almeida ter trazido da Malásia para a Europa a gutta-percha, apresentada em 1843 na Royal Asiatic Society de Londres. Este produto passou a ser utilizado como isolador dos cabos submarinos a partir de 1845. O período que se sucede foi marcado por múltiploslançamentos do cabo e pela criação de companhias para a sua exploração. Em 1856 surge a Atlantic Telegraph Company e em 1783 a Brazilian Submarine Telegraph Co. A última foi responsável pelo lançamento e exploração de um circuito entre Portugal e o Brasil com passagem pelo Funchal e S. Vicente (Cabo Verde). A imersão do cabo começou a 28 de Agosto de 1873, sendo executada pelo vapor inglês Seins. A 19 de Março de 1874 estava concluída a ligação com o Funchal, estabelecendo-se de imediato a prestação do serviço público. A ligação entre as ilhas da Madeira e S. Vicente foi realizada pelo vapor Hibernia, ficando concluído em 11 de Março de 1874, altura em que foram trocados telegramasentre a Câmara de S. Vicente e a sua congénere no Funchal. Em Janeiro de 1876 rebentou o cabo no percurso de Lisboa ao Funchal, o que levou a companhia a propor o lançamento de outro, concretizado em 1882, mas com o dobro dos circuitos. A partir de 1889 a companhia de exploração do cabo passou a chamar-se Western Telegraph e foi ela a responsável pelo lançamento de outro em 1901. Entretanto em 1947 foi estabelecido um novo cabo entre Gibraltar e o Funchal e, finalmente, em 1972 era inaugurada uma nova geração de cabos por iniciativa da Marconi. A companhia inglesa do cabo submarino havia encerrado oficialmente as instalações a 31 de Dezembro de 1970. A GALÁXIA DE MARCONI


A afirmação do cabo submarino como meio privilegiado de comunicação com o exterior foi de vida efémera. A concorrência da telegrafia sem fio, mercê dos progressos técnicos gerados por Marconi, a afirmação do correio aéreo, associados à depressão de 1929 conduziram a que este meio se tornasse obsoletoe de elevados custos, dando lugar a uma complexa rede de T.S.F. Este foi o primeiro passo para um rápido enlace de todo o mundo, conseguido em pleno na actualidade com a geração dos satélites. Não obstante as primeiras experiências de rádio serem de 1825, foi em finais do século dezanove, com Guilherme Marconi, que se deram os grandes progressos na transmissão pela Telegrafia sem fios. Foi em 1896, após um ano de experiências, que o mesmo registou em Londres a patente, criando no ano imediato a Wireless Telegraph Company. A conjuntura da primeira metade do século foi favorável ao rápido desenvolvimento da T.S.F. A primeira guerra mundial (1914-1919), os conflitos militares isolados, como o dos boers na África do Sul, criaram a necessidade de um rápido e eficaz sistema de comunicações, só possível com a telegrafia sem fios. A utilização, a partir de 1905, do rádio nas comunicações militares, e a acuidade destes conflitos nos primeiros decénios da presente centúria traçaram o caminho para a plena afirmação das comunicações via rádio. Foi Marconi quem durante a guerra divulgou no seu país o serviço de telegrafia e telefonia. Entretanto o invento patenteado por Marconi ia dando os primeiros resultados. Dos iniciais 4 km de comunicação passou-se para os 400 km e para a total cobertura do mundo. As experiências realizadas entre Julho e Dezembro de 1902 a bordo do vapor Carlos Alberto levaram ao desenvolvimento do sistema de transmissão em morse e a recepção telefónica de ondas, que lhe proporcionaram em 1902 a transmissão da primeira mensagem radiotelegráfica entre o Canadá e Inglaterra, e no ano imediato com os USA. A 16 de Setembro de 1906 foi inaugurado o primeiro serviço radiotelegráfico regular entre a Europa e a América. Os benefícios deste novo sistema de comunicações tornam-se evidentes na guerra ou no salvamento de embarcações naufragadas, como sucedeu em 1909 com os vapores Florida, e Republica e em 1912 com o grande paquete Titanic.


Em 1916 Marconi apresentava o primeiro aparelho de Telefoniapor ondas curtas e contribuía, decisivamente, para o progresso das comunicações a longa distância, e a afirmação de uma nova realidade que marcou a sociedade mundial a partir da década de vinte. Foram os anos da rádio: primeiro nos E.U.A. desde 1914, depois na Europa com a BBC (1922). Após isso o inventor desenvolveu as investigações sobre o sistema de ondas curtas, servindo-se, para o efeito, do vapor Electra. Deste modo em Maio de 1924 transmitia pela primeira vez a voz humana por meio da radiofonia entre a Inglaterra e a América. A descoberta do TSF, patenteada em 2 de Junho de 1896, colocou-o entre as personalidades ilustres e mais badaladas da primeira metade da presente centúria, e levou-o ao panteão do prémio Nobel ao receber o respectivo da Física em 1909. O iate Electra, o seu mundo ambulante, considerado pelos italianos"nave del miracolo", tornou-se no centro de experiências, enquanto Roma e Londres funcionavam como o meio de concretização técnica dos inventos, por meio da companhia que criara em Julho de 1897.


GUGLIELMO MARCONI NA MADEIRA Entre as primeiras experiências em 1896 e a generalização do uso do TSF nas comunicações marítimas, terrestres e aéreas, desde 1913-14, medeia um curto espaço de tempo, pelo que estes anos e os sucedâneos foram de intensa actividade para o cientista. Deste modo entre 1922-24 devassou o Atlântico, desde Cabo Verde, aos Açores e à Madeira, no sentido de encontrar uma solução adequada à dirigibilidade das ondas de pequena extensão: de 17 a 18 de Julho de 1922 esteve na Horta (Faial-Açores) e de 25 de Agosto a 2 de Setembro de 1924 passou pela Madeira. Esta curta estância na Madeira enquadrava-se no plano de experiências traçado para o mesmo ano que o levou também a Lisboa, Cabo Verde e Gibraltar. Foram três meses de demoradas pesquisas que contribuíram para a solução das principaisdificuldades resultantes da comunicação rádio eléctrica. Deste modo no seu regresso a Londres, a 3 de Novembro, deu início à construção da primeira estação equipada com o novo invento. Marconi chegou à Madeira na madrugada do dia 26 de Agosto e cá permaneceu até ao dia 2 de Setembro. O seu iate Electra vinha sob o comando do oficial da marinha italiana Comandante Lauro e acompanhavam-no nesta viagem a mulher e filha. Aqui, no Funchal procurou acolhimento no Hotel Reid's,onde consta a sua assinatura no livro de honra de hóspedes. Durante esta curta estância na ilha deu continuidade às experiências, tendo, também, aproveitado o pouco tempo disponível para visitar a cidade de automóvel, o que segundo os jornais da época foi alvo da curiosidade de muitos transeuntes. Todavia a imprensa local deu pouca atenção à sua presença, noticiando laconicamente a chegada e partida. Apenas o Diário de Notícias na edição de Domingo do dia 31 de Agosto transcreveu na primeira página uma entrevista que Marconi concedera ao "Século" de Lisboa, no dia 23 sob a epígrafe: "As grandes celebridades. Marconi na Madeira". Sabemos que o mesmo estivera no Porto Santo e que no Pico do Castelo teria feito algumas experiências, mas mais uma vez a nossa imprensa ignorou o feito, empenhada que estava na difícil conjuntura política e económica em que a ilha estava submersa. A inexistência de uma biografia completa e do seu livro de memórias, o esquecimento da imprensa e o desinteresse dos testemunhos presenciais, impedem-nos de conhecer e divulgar com pormenor a


sua breve estadia na Madeira: apenas o testemunho documental ĂŠ legĂ­timo enunciar.


A COMPANHIA DE MARCONI NA ILHA A ligação de Marconi à ilha ficou apenas testemunhada, até à sua morte em 1937, por esta efémera passagem em 1924. Mas a concretização em 1926 de uma estação de TSF no Caniçal, trouxe de novo a este rincão o seu nome, através dos inventos e de uma delegação da empresa criada em Setembro de 1922 para prover o território nacional de uma rede de TSF. Esta presença foi evidente a partir de 15 de Dezembro de 1926, data memorável para os anais da firma, que marcam o início de actividade em Portugal e também a afirmação da TSF em detrimento do cabo submarino, que entra na curva descendente. Desde então a concorrência entre os dois meios de comunicação dominará o panorama regional até que a companhia do cabo submarino encerra em 1970 os seus serviços na ilha, ficando a C.P.R.M. com o exclusivo das comunicações por TSF e cabo submarino. A viragem não foi pacífica, manifestando-se através de uma concorrência entre os meios de transmissão de telegramas por TSF e cabo submarino. Uma das primeiras consequências foi a redução das taxas cobradas por palavra na emissão de telegramas. Em 1942 a via Portucale confirma a supremacia do TSF. A derrota do cabo submarino na guerra de comunicação era evidente: o cabo estava velho e sujeito a constantes e custosas reparações, as despesas de manutenção eram elevadas, não podendo o cabo, deste modo, competir com o seu concorrente a TSF. A 16 de Outubro de 1927 a Western Telegraph Co. encerrou o seu Hotel e escola em Santa Clara. O cabo submarino, entretanto precisava de ser substituído em face da idade e dos constantes reparos a que foi sujeito em 1928, 1931, 1933, 1934, 1936.A sua morte foi protelada em 1929 com o estabelecimento de um pacto de colaboração entre as duas companhias. Mas, aos poucos, a companhia do cabo submarino ia perdendo o controlo da exploração no espaço português: em 1943 era estabelecido um acordo telegráfico com o Brasil que dava uma posição privilegiadaà Marconi, enquanto em 4 de Abril de 1969 no acordo celebradoentre o governo português e a The Western Telegraph Company e a Cable and Wireless Limited não lhe é concedido qualquer exclusivo. O governo português reservava-se o direito de estabelecer e explorar, directamente ou mediante concessão, outro cabo submarino, ou quaisquer sistemas de telecomunicações.


Vingou a última situação com a concessão à Marconi do direito a 11 de Agosto de 1966, de que resultou a inauguração da estação de cabo submarino de Sesimbra, que estabelecia a ligação entre Londres e a África do Sul. Os reflexos das descobertas de Marconi chegaram a Portugal por intermédio da companhia, Marconi Wireless Telegraph Co. Ldt. a quem o governo português concedeu a 22 de Agosto de 1922 a exploração, por um período de quarenta anos, da rede de rádio telegráfica nacional. A 14 de Setembro do mesmo ano foi constituída a empresa em Portugal e a 15 de Dezembro de 1926 eram inaugurados os primeiros serviços de TSF de ligação do continente com a Madeira, Açores e Inglaterra. Entretanto em 1966 foi feita nova concessão por 25 anos, sendo a prestação de serviços alargada ao cabo submarino de que resultou o aparecimento de novo cabo no Funchal em 1970. Note-se que as transmissões da telegrafia sem fios na Madeira não se iniciaram em 1926 com a estação da Marconi do Caniçal, pois no período da primeira guerra mundial os ingleses haviam já criado um serviço na Quinta Santana(espaço do actual hospitaldo Dr. João Almada), que encerrou as suas actividades em 2 de Abril de 1919. O material ficou na ilha sendo usado na montagem de uma nova estação no 11 andar de um edifício da Rua de João Gago onde estava instalada a Estação Telegráfico-Postal do Funchal. As obras da primeira estação da Marconi ficaram concluídas em 31 de Maio de 1922, iniciando-se as emissões no dia imediato. As primeiras comunicações foram com Las Palmas e depois com o vapor inglês Kenil Worth Castle. Esta estação fora criada por despacho publicado no diário do governo em 26 de Julho. Todavia a pretensão dos madeirenses era a de uma estação telegráfica mais adequada, integrada na rede estabelecida para todo o País, aprovada na Câmara dos Deputados em 21 de Agosto de 1922. Note-se que em 20 de Agosto o jornalista do Diário de Notícias reclamava a montagem de uma estação telegráfica no Funchal, para o necessário apoio à navegação, uma vez que a existente cobria um raio de acção de apenas 400 milhas. Entretanto em 1926 a estação do Funchal estava situada no Pico Rádio, mas com a entrada em funcionamento a 4 de Novembro da estação do Caniçal todo o serviço marítimo passou a ser assegurado por esta. O desenvolvimento dos meios de comunicação por meio de ondas electromagnéticas iniciou-se em 1924, tendo-se alcançado alguns


progressos nos anos de 1935-38, que levaram ao início das emissões regulares de televisão em Londres a partir de 25 de Agosto de 1938. Note-se que algumas das experiências que conduziram à afirmação da televisão tiveram lugar na Madeira em 1936 por iniciativa de W. L. Wrigth. Todavia a televisão só chegou aos lares madeirenses em época muito recente, se exceptuarmos a recepção da de Canárias.


OS ANOS DA RÁDIO Os anos vinte foram de autêntica euforia das ondas eléctricas. O período de 1920 a 1926 foi de perfeita loucura nos Estados Unidos, que levou o governo a estabelecer em 1926 uma legislação especial para disciplinar o espectro rádio-eléctrico. Esta vaga chegou à Madeira a partir do Verão de 1927, pois foi a partir de então que vimos referenciados os primeirosanún cios para a venda de material de telefonia da Marconi e Sterling. As primeiras recepções de rádio tiveram lugar a partir do ano imediato, enquanto em 1929 se dava os primeiros passos de uma emissão com a onda de 47 metros. Para isso deverá ter contribuído a presença de Alberto Carlos de Oliveira, funcionário da empresa do cabo submarino. Ele havia iniciado em 1914 em Cabo Verde as primeiras comunicações com os navios do alto mar. Em 1920 foi transferido para a delegação da empresa no Funchal e aqui manteve as experiências, tendo ensaiado em 1925 a transmissão com um emissor de lâmpadas em ondas curtas. Foi assim que se gerou na Madeira uma verdadeiraaficcion pelo semfilismo que perdura até à actualidade. A partir de 1930 aumenta o interesse pela rádio na ilha, sendo evidente a publicidade nos periódicos às diversas emissões em onda curta que seria possível sintonizar. Em 1935 era instalado numa casa particular do Estreito de Câmara de Lobos um aparelho de Telefonia tendo como objectivo propiciar diversão à população da localidade. Neste momento a recepçãode programas de rádio era variada, vindo de Madrid, México, Marrocos, Vaticano, Suiça, Rio de Janeiro e Moscovo. Ao nível local, seguiram-se várias emissões experimentais - rádio emissor CT3 AQ (Rádio Eddystone), CT3 AI, CT3 AR, que levaram à abertura da primeira estação de rádio: o Rádio Clube da Madeira, que começou as emissões em 25 de Maio de 1937, que só veio a receber o alvará a 4 de Janeiro de 1948. Entretanto em 28 de Dezembro iniciaram-se as experiências do emissor regional da Emissora Nacional que fez a primeira emissão em 20 de Maio.


A GERAÇÃO DO SATÉLITE A partir dos finais da década de cinquenta iniciou-se nova revolução nas tecnologiasdas telecomunicaçõescom o desenvolvimento dos satélites. Depois do Sputnik, lançado em 1957 pelos russos. A evolução deste meio foi rápida, sendo de referenciar as iniciativas da NASA, a partir de 1958. Em 10 de Julho de 1962 o Telstar I emitia os primeiros sinais electromagnéticos, iniciando-se em 1965 as emissões regulares de Televisão. Portugal entrou também na geração dos satélites em 1974 com a entrada em funcionamento de três estações terrenas de tipo Intelsat IV - A. (Sintra, Angola e Moçambique). A estas vieram juntar-se mais duas: em 1977 a de Ponta Delgada (Açores) e em 1982 a do Funchal. Hoje o total domínio ao nível das vias de informação está no satélite, meio rápido e eficaz de comunicar entre os quatro cantos do mundo. E é por meio dele que o mundo, que aos portugueses do século XV se apresentava na sua vastidão e dificuldade de comunicação, se tornou numa aldeia. A par desta imprescindível função de comunicar o satélite oferece-nos ainda, através do sinal de TV, múltiplos canais de diversão levando à plena afirmação de uma Televisão sem fronteiras.


A COMPANHIA PORTUGUESA RADIO MARCONI

"A Marconi, nascia e haveria de desenvolver-se, sob o signo de renovação e do aperfeiçoamento técnico". (Discurso do Secretário de Estado das Comunicações Eng. Oliveira Martins no momento da inauguraçãoda estação do cabo submarino do Porto Novo em 1 de Setembro de 1971).


O Historial da CPRM em Portugal estende-se por mais de meio século, sendo rico em realizações que fizeram deste rincão ocidental um espaço aberto e em contacto permanente com o mundo. A posição charneira de Portugal continental e das ilhas do arquipélago da Madeira e dos Açores fez com que este eixo se afirmasse importante no domínio das telecomunicações. Havia uma tradição secular que perpetuara a função deste triângulo nas comunicações atlânticas, posição reforçada a partir de finais do século dezanove com o incremento das telecomunicações. O cabo submarino, a TSF, e o satélite vieram a atribuir-lhe uma nova e relevante missão. A Companhia Rádio Marconi foi constituída em 20 de Junho de 1897, mas só em 1922 a empresa chegou a Portugal onde se tornou pioneira na prestação do serviço de telecomunicações: pela lei n1. 1353 de 22 de Agosto de 1922 o governo foi autorizado a contratar com a Marconi Wireless Telegraph Company Ltd. o estabelecimento de uma rede radiotelegráfica. Todavia nesta lei estabelecia-se como cláusula contratual a obrigatoriedade da empresa constituir uma congénere nacional, até ao fim do ano. A constituição teve lugar em 14 de Setembro e em 8 de Novembro foi assinado o acordo de concessão do serviço público da rádio comunicações da C.P.R.M., ficando ela com o direito de exploração dos serviços entre o continente, a Madeira, os Açores, Províncias Ultramarinas e o estrangeiro, por um período de quarenta anos. Novos contratos foram assinados em 23 de Abril de 1930, 20 de Novembro de 1956 e 23 de Abril de 1966. No último foi ampliada a concessão ao serviço de cabo submarino e o prazo prorrogado por mais 25 anos. Situação que vigora na actualidade. Durante o período da primeira concessão a Marconi empenhou-se no estabelecimento de um serviço nacional e ultramarino: a 15 de Dezembro de 1926 a inauguração das instalações em Lisboa coincidiu com a abertura dos circuitos radiotelegráficos entre o continente e as novas estações telegráficas do Funchal e Ponta Delgada. Nos anos imediatos, para além da prestação de novo serviço (o radiotelefone) tivemos a abertura de novos circuitos com


as possessões ultramarinas: em 1927 com Cabo Verde, Angola e Moçambique e, depois, com Macau (1939), Goa (1938), S. Tomé (1949), Timor (1950) e Guiné-Bissau (1959). Com estas iniciativas a Marconi dava corpo à unidade do espaço metropolitano e colonial. A segunda fase de concessão, iniciada em 1956, é definida pelo recurso a novos e mais adequados meios de comunicação. Na década de sessenta foi a reafirmação do cabo submarino com a inauguração da estação de Sesimbra em 11 de Agosto de 1969. Este serviço (Sat 1) divergia para uma ligação de Londres a Portugal e à África do Sul num comprimento total de 10.787 Km e com capacidade para 360 circuitos. Ao longo do percurso estabeleceramse três amarrações (Tenerife, Sal e Ascensão). Seguiram-se outros que estabeleceram a ligação com a Madeira (1971), França (1979), Portugal/Senegal/Brasil (1982), Marrocos (1982) e África do Sul (1992). Em 1964 foi criada nos Estados Unidos a Intelsat (Organização Internacional para a Exploração de Telecomunicações por Satélite), mas Portugal só aderiu à organização em 1971, de modo que o primeiro serviço só foi instalado em 1974. Na estação terrena de Sintra estabeleceram-se os primeiros contactos com Angola e Moçambique e só depois com os Açores (1917) e a Madeira (1982). Em Sintra encontram-se quatro estações para o serviço de satélites disponíveis: Intelsat, Eutelsat, Inmarsat.


A MARCONI NA MADEIRA Até à inauguração do serviço rádio telegráfico da Marconi em 15 de Dezembro de 1926 todo o serviço de comunicação entre a ilha e o exterior fazia-se por cabo submarino ou por uma incipienteestação de TSF, montada em Junho de 1922 na estação Rádio Telegráfica do Funchal, situada na Rua de João Gago. Todavia um mês depois chegava ao Funchal o equipamento necessário para a montagem da nova estação rádio telegráfica da Madeira, que ficou instalada no Caniçal. Os trabalhos continuaram em ritmo acelerado e em 10 de Julho de 1926 o superintendente da estação de Lisboa, João Maria Carneiro, faz a primeira inspecção ao posto do Caniçal, onde se davam os últimos retoques na instalação das antenas e equipamentos. Finalmente a 4 de Novembro estavam por concluídos os trabalhos,podendo a estação receberas primeirasmensagens e estabelecer contactos com o exterior. Durante o dia dez os telegrafistas mantiveram contactos com inúmeros vapores que circulavam nas águas do oceano, próximas da Madeira. A abertura do serviço da Marconi na Madeira surge num momento de grandes dificuldades económicas, agravadas com a crise do comércio do bordado e de encerramento de algumas casas bancárias. Os prenúncios da crise que assolou o estado americano em 1929 eram já evidentes neste ano e conduziram ao processo conhecido como revolta da Madeira. O serviço da estação de TSF da Marconi era feito com extrema dificuldade devido às difíceis condições de acesso ao local onde estavam instaladas as antenase a inexistência de pessoalhabilitado. O acesso às referidas instalações era muito mais fácil por via marítima do que pelos caminhos íngremes que circundavam as serras entre Machico e o Caniçal. Deste modo a empresa tinha ao seu dispor na vila de Machico uma embarcação a remos que transportava os técnicos e operadores. Eles, de um modo geral, viviam no Funchal e deslocavam-se para aí, no início, de barco e, depois nos transportes públicos disponíveis. A estação encontrava-se isolada e por isso mesmo havia-se instalado aí os meios para que os funcionários da empresa se pudessem manter por uma semana a quinze dias. Para além das instalações de rádio telegrafia existiam quartos de dormir, cozinha e refeitório. A alimentação dos funcionários baseava-se em peixe seco e carne


salgada, que adquiriam na vila vizinha do Caniçal e de produtos da produção própria do local: aí plantavam leguminosase tratavam de coelhos e galináceos. O testemunho presencial do senhor Germano da Costa Campos, funcionário que entrou ao serviço como telegrafista em Outubro de 1927, traça-nos, de forma emotiva, os primeiros anos de vida da Marconi na Madeira. Numa prolongada conversa que tivemos oportunidade de presenciar em Lisboa, ficamos a saber das dificuldades e da monotonia do dia-a-dia na estação do Caniçal,das dificuldades para aí chegar e da vida de boémia nos saraus musicais dos casinos e salões madeirenses da época, no período de descanso. Foi desta verdadeira aventura, a exigir um redobrado esforço do Homem, que a Madeira perdeu o isolamento, através dos serviços de TSF da Marconi. As antenas e a estação estavam colocadasnum extremo da ilha, local com melhores condições de recepção e emissão para os meios técnicos da época, mas o principal destinatário estava no Funchal. Deste modo entre as duas localidades existiam fios telegráficos de comunicação que percorriam mais de cinquenta quilómetros. O centro estava instalado na estação telegráfica postal da Travessa do Cabido. Todavia a partir de 1927 foi negociado com os correios e telégrafos a instalação de um posto da Marconi nesta estação.Aí foi instalado em Setembro de 1927 um aparelho de comunicação permanente com o Caniçal. Em face disto melhoraram os serviços de atendimento ao público, que passaram a ser feitos ininterruptamente, só fechando aos sábados, domingos e feriados, mas em 4 de Fevereiro de 1931 ficará aberto todos os dias. Durante os 42 anos de existência este serviço de radiotelegráfico fixo da Marconi foi alvo de múltiplas transformações, sendo as mais significativas operadas em 1947 com a oferta do serviço radiotelefónico a partir da estação do Garajau. Os esquemas, preparados pelo engenheiro Barros, elucidam-nos sobre a forma como se processavam estas comunicações. As telecomunicações implantam-se para serviço da sociedade, onde elas se mantêm como o cordão umbilical que mantêm a ancestral ligação ao velho continente e espaço envolvente. A TSF, activa as vinte e quatro horas do dia, é a voz permanente do madeirense anónimo, das autoridades locais, dos veraneantes e estrangeiros de passagem e a única bóia de salvação para as embarcações em


dificuldades. Pelos transmissores de faísca electromagnéticos perpassam todos estes problemas.

e

depois

O operador, o boletineiro são correias de transmissão do circuito mas alheios a tudo isso que as suas mãos movimentam. Apenas quando a situação atinge os limites e passa para o lado da anormalidade então os operadores, meros agentes passivos, passam a ser activos protagonistas. Assim sucedeu em Abril de 1931 com a célebre Revolta da Madeira, em que pela primeira vez foi posta a prova a funcionalidade e importância da Marconi nas transmissões a longa distância, através da estação de TSF do Caniçal. Quando a 4 de Abril rebentou a revolta o cabo que ligava o Funchal a Lisboa emudeceu e por isso a única via de contacto com o exterior eram as ondas electromagnéticas emitidas pela estação de TSF da Marconi no Caniçal. As comunicações preferenciais da estação eram com Lisboa que depois fazia a conexão com o mundo. Todavia a Madeira poderia estabelecer contactos com a estação de Ponta Delgada, Las Palmas e mesmo, de Madrid. Quando em Lisboa o receptor emudeceu para os sinais da ilha, o emissor madeirense não deixou de emitir orientando-se para os Açores, Las Palmas ou Madrid. Todavia até ao dia 26 de Abril seguiu-se uma troca de telegramas com Lisboa, apenas entre o governo da Junta Revolucionária e o da Ditadura. Foi, no entanto, a 26 de Abril que os emissores e receptores da estação de TSF da Marconi foram silenciados. As tropas destacadas para a ilha, com o objectivo de pôr cobro à rebelião,desembarcaram primeiro no Caniçal com o intuito de desmantelar a estação telegráfica. A força tomou, sem oposição da guarnição revolucionária, as instalações da estação e desmantelou o emissor e receptor. Por algum tempo a Madeira perdeu a ligação com o mundo. Os técnicos telegrafistas da Marconi das estações do Caniçal e Funchal passaram alguns dias de férias. Este foi o único período em sessenta e cinco anos da empresa na Madeira que as instalações foram silenciadas após terem sido protagonistas activas de uma conjuntura política peculiar e um importante instrumento de agitação política por parte dos revolucionários. O desenvolvimento das novas tecnologias conduziu ao paulatino apagamento desta estação, que acabou sendo silenciada em 1982, com o aparecimento de uma via alternativa para o cabo submarino,


com a inauguração da Estação de Satélites. Desde esta data, com as remodelações posteriormente realizadas, aí passou a funcionar apenas uma estação do serviço móvel marítimo e uma casa de repouso para os funcionários da empresa.

A ESTAÇÃO DE TSF DO PORTO SANTO A Madeira desde 1926 havia quebrado o isolamento com o TSF, mas a ilha vizinha do Porto Santo, já então uma importante estância de veraneio, continuava isolada e carente destes meios. Foram incessantes os esforços do Ateneu Comercial do Funchal e de um grupo de madeirenses ilustres para que o Porto Santo ficasse servido com o TSF. Em Fevereiro de 1927 conjugaram-se os esforços da Marconi com os das autoridades do arquipélago e deram-se início às obras de construção do edifício para instalar a estação de TSF. As habituais dificuldades burocráticas impediram que o material para a montagem da estação tardasse em chegar. Por outro lado o equipamento era obsoleto e provinha da estação de Sintra. Mesmo assim conseguiu-se mantê-lo e em Outubro de 1928 faziam-se os primeiros ensaios, estabelecendo-se contactos com a estação do Caniçal e o Funchal. Entretanto a imprensa anunciava que estava prevista a sua inauguração para 25 de Novembro de 1928. Mas só em 16 de Março do ano imediato saiu do Funchal o Gavião, levando a bordo as autoridades que no dia seguinte iriam inaugurar a nova estação. O equipamento aí instalado, sendo de segunda mão, não durou muito tempo e cedo sugiram as dificuldades: em 15 de Dezembro de 1932 o transmissor estava mudo e permaneceu nestas circunstâncias até à chegada de novo aparelho em 10 de Novembro de 1935. Este era um novo equipamento de radiotelegrafia, mas pouco se adaptou às condições da ilha, uma vez que em 15 de Janeiro de 1939 perdeu de novo a "voz" e só em Novembro chegou à ilha novo equipamento.



A ESTAÇÃO DO GARAJAU E OS NOVOS SERVIÇOS A Marconi entretanto mantinha-se atenta aos novos inventos ao nível das telecomunicações, procurando adequar as instalações e serviços na Madeira a esta realidade. Foi neste sentido que em Janeiro de 1938 iniciou as obras para a construção de um novo posto no Garajau (Caniço), capaz de prestar o serviço de radiotelefonia. A 10 de Dezembro todos os serviços foram transferidos para a nova estação que começou os contactos com o Continente e os Açores. As instalações do Caniçal (1 de Janeiro de 1939) foram desmanteladas e postas à venda em 9 de Julho de 1939, sem haver comprador. No decurso da segunda guerra mundial esta estação exerceu uma função primordial nas ligações da Madeira com exterior, mercê do bloqueio marítimo a que a ilha esteve sujeita. Entretanto as instalações da empresa no Funchal ganharam uma nova dinâmica com a abertura ao público de um serviço de aceitação e distribuição de telegramas. A nova realidade surge a partir de 31 de Dezembro de 1943 com a inauguração em novo edifício na Avenida Arriaga. O serviço funcionou até 1942 na travessa do Cabido, sendo transferido em 29 de Março de 1942 para o primeiro andar da Rosa d'Ouro à Avenida do Dr. António José de Almeida, donde depois foi transferida em 29 de Março do ano seguinte para a sede definitiva da Av. Arriaga, inauguradaem 28 de Outubro. Aqui passou a funcionar um serviço permanente de atendimento e distribuição de telegramas. O último era realizado, de início pelos boletineiros-peões, e, depois, a partir de 1970, por motociclistas. Na década de cinquenta redobram as responsabilidades da companhia ao ser-lhe atribuída a exploração do rádio móvel marítimo: os serviços aumentam em área, volume e qualidade. Imperativos técnicos conduziram a que se fizesse uma subdivisão entre os serviços de emissão e recepção: o Garajau permanece como central, dispondo apenas das antenas de recepção, enquanto o Caniçal é reactivado como posto de emissão e no Funchal ficavam centralizados desde 4 de Julho de 1951 todos os serviços de rádioescuta naval. A mudança técnica das instalações do Caniço só ficou concluídaem 25 de Março de 1968 com a inauguração da nova estação do Caniçal.


Ao acto estiveram presentes o governador civil do distrito e o director técnico da Marconi,Eng1. Fernando Feijó. Aí ficaram instalados os serviços de recepção das comunicações telegráficas e telefónicas e da estação costeira para a navegação. As obras iniciaram-se em Setembro de 1966, nas instalações abandonadasem 1942, tendo sido visitadas em 17 de Agosto de 1967 pelo então Ministrodas Comunicações. Nos primeiros anos das comunicações por radiotelefone para o exterior o ambiente das operações era algo de surrealista, comparado com a situação que hoje se vive: a ligação era feita via rádio através do operador da Marconi com a estação de Lisboa. Quando sucedia qualquer interferência interrompia-se a ligação e os operadores procediam à mudança de canal para uma melhor recepção. A sintonia era feita por meio de uma gravação do "bailinho da Madeira", que era passada pela estação do Caniçal. Concluída esta operação os utentes reatavam a sua conversão. As ligações com o Porto Santo continuavam a ser um problema, pois em Junho de 1945, em plena época de veraneio, tivemos mais de uma interrupção. Para o futuro a solução estava na nova estação de radiotelefonia, inaugurada em 30 de Agosto de 1959. No momento da inauguração o Governador Civil do arquipélago exclamava "que Porto Santo foi descoberto pelo estado novo". Na época era grande o incremento do serviço telefónico no arquipélago e a Marconi preparava-se para corresponder à procura. No Natal de 1958 a empresa promete presentear os madeirenses com novos serviços (o telex e a rádio fotografia), o que só veio a suceder muito mais tarde. O telefone chegou à Madeira em 1911 mas só na década de cinquenta teve o seu incremento, tendo-se iniciado em 1958 o processo de automatização da rede telefónica do Funchal, através das novas instalações no actual edifício dos CTT na Avenida de Zarco.


O CABO SUBMARINO O aumento desmesurado da procura dos serviçosde rádio telefonia e o carácter obsoleto dos meios disponíveis para a ligação com o exterior levaram a Marconi a apostar noutro serviço capaz de satisfazer as necessidades da ilha. Sob o lema, servir mais e melhor, a Marconi avançou a partir de 1969 com um novo meio de comunicação: o cabo submarino. Desde o Verão de 1971 ficou estabelecido que a Madeira ficaria servida de um novo cabo submarino, capaz de atender às solicitações dos madeirenses, substituindo assim o antigo e abandonado cabo dos ingleses. As obras iniciaram-se em Dezembro de 1971 e a 11 de Maio do ano seguinte deu-se início ao lançamento do cabo submarino, que seria inaugurado a 2 de Setembro. Para a inauguração deslocou-se, propositadamente, à ilha o Secretário de Estado das Comunicações o Eng1 Oliveira Martins.Ao acto estiveram presentes os Presidente e Vice-Presidente do Conselho de Administração da Marconi, respectivamente, o Dr. Manuel de Athayde Pinto de Mascarenhas e o Eng1. José Maria Camolino Ferraz de Matos e Silva. As referidas instalações foram, depois, visitadas pelo chefe do estado, o Almirante Américo de Deus Rodrigues Thomaz, aquando da sua visita à Madeira em 1962. O cabo submarino com 160 circuitos telefónicos abriu novas possibilidades às ligações com o exterior e à disponibilização de novos serviços, como o telex. Em 1980 esta oferta de serviços foi ampliada para 144 canais,com a instalação de um sistemaduplicado de vias. Com a esta nova via de comunicação a Marconi não desmantelou as estações de TSF do Garajau e Caniçal, mantendo-as no activo como reserva para qualquer eventualidade até ao aparecimento de novo meio alternativo, o satélite em 1982. Durante este período as estações trabalharam apenas algumas horas do dia de modo a não perder-se a soberania das frequências. A substituição deste cabo teve lugar com o lançamento de dois novos em fibra óptica: o Euráfrica e o Sat-2. O primeiro estabelecea ligação entre o continente a França e Marrocos, passando pela Madeira, enquanto o segundo estende-se até Cape Town. O desmantelamento do CAM-1 ocorreu pelas 11 horas do dia 29 de Junho de 1993. O Cabo Submarino de sistema analógico, ao fim de


vinte e um anos de serviço, passava à História, dando lugar à tecnologia digital. Note-se que a sua entrada em funcionamento contribuiu para uma melhoria significativa das comunicações com o exterior, uma vez que aos seis circuitos de rádio existentes veio juntar-se os 120 do cabo. O crescimento destes circuitos duplicou com a estação terrena de satélites, atingindo, na actualidade, com os novos cabos submarinos, mais de quinze mil circuitos. A concretização do Euráfrica, cuja assinatura do acordo de construção e manutenção teve lugar em 3 de Julho de 1989, com a participação francesa, marroquina e portuguesa. Este cabo vem substituir o Tagide, Amite, Atlas e Cam-1, estabelecendo uma ligação entre St Hilaire de Riez(França), Sesimbra, Funchal e Casablanca. Em 28 de Setembro de 1992 abriu-se esta via, fornecendo aos utentes um amplo leque de serviços de telecomunicações. O Sat-2 surge em substituição do Sat-1. O Sat-1 foi inaugurado em 18 de Fevereiro de 1969 estendia-se por 10787 Km, ligando Cape Town a Lisboa com amarrações em Ascenção, Cabo Verde e Canárias: com capacidade para 360 canais, atingiu em 1978 o limite da sua utilização pelo que se tornou necessário o lançamento do novo cabo, o Sat-2. Este cabo de fibra óptica liga o continente à Madeira, Canárias e África do Sul (Sat- 2), numa extensão de 9 mil Km e com capacidade para 15 mil circuitos bidireccionais e 30 canais de televisão. Em 8 de Março de 1990 foi assinado um acordo de intenção, subscrito pela Companhia Portuguesa Rádio Marconi, Correios e Telecomunicações de África do Sul, France Telecom, Telefónica de Espanha, British Telecom, Bundespost Telekom. O cabo com uma extensão de 9000 Km foi avaliado em 30.000 contos.


O SATÉLITE As telecomunicações que haviam avançado de forma lenta no meio aquático ganharam um novo vigor com a conquista do espaço celestial. Desde as primeiras tentativas de afirmação na década de cinquenta até ao presente sucederam-se inúmeros progressos que chegaram também às telecomunicações madeirenses. Todavia a Madeira que havia sido dos primeiros locais a usufruirdas ligações por cabo submarino e depois por TSF é agora a última a usufruir desse novo serviço de Telecomunicações -o satélite. As ligaçõespor essa via entre as ilhas, o continente portuguêse o mundo só tiveram lugar em 1982, isto é passados mais de oito anos sobre a entrada em funcionamento deste serviço em Portugal. Esta nova via foi possível graças a abertura de uma nova estação terrena em Sintra. A montagem da estação do Funchal, situada em S. Martinho, iniciou-se em Fevereiro de 1980, num investimento global de mais de meio milhão de contos. Os trabalhos para a este empreendimento tiveram lugar em Outubro de 1977 com a criação de um grupo de trabalho com o objectivo de estudar as possibilidades de alargamento à Madeira deste meio de comunicação. Em Fevereiro de 1980 iniciaram-se obras e foi aberto concurso internacional para o fornecimento do material necessário às estações terrenas da Madeira e de Sintra: o contrato foi assinadoem 18 de Fevereiro de 1981 com o consórcio italiano Satelit Telecomunications Systems. A antena instalada é o do tipo Cassegram, com reflector parabólico de 25 metros de diâmetro, pesando 240 toneladas. Ao acto de inauguração, que teve lugar no dia 16 de Novembro, estiveram presentes o Secretário de Estados dos Transportes Exteriores e Comunicações, José da Silva Domingos e os presidentes dos conselhos de administração da CPRM e CTT/TLP, respectivamente, o Dr. Miguel Horta e Costa e Eng1. Oliveira Martins, bem como as autoridades regionais. A referida inauguração foi considerada pelo Presidente do Governo Regional da Madeira , Dr. Alberto João Jardim como "uma reposição da unidade nacional", por outro lado salientou que o facto de a ilha ser "uma Região voltada para o mundo" este tipo de inauguração tornava-se imprescindível para a sua plena afirmação.


Na verdade a abertura do referido serviço na ilha veio propiciaraos madeirenses o acesso directo às emissões televisivas. Este meio veio propiciar, ainda, aos vinte mil assinantes da rede telefónica da Madeira o acesso telefónico directo à Europa e alguns países da África e América, uma maior aproximação entre os madeirenses residentes na ilha e aqueles que se encontramemigrados nos mais diversos destinos. Neste contexto merece referência a inauguração a 20 de Fevereiro de 1984 das ligações telefónicas directas com a Venezuela e África do Sul: seguiram-se depois o Panamá e Antilhas Holandesas (20 de Setembro de 1984), o Hawai (19 de Janeiro de 1985) e com a Europa Oriental (28 de Agosto de 1986). Hoje esta ligação directa abrange mais de setenta países. As potencialidades deste serviço ainda não se esgotaram. E tem hoje continuidade com o acesso, cada vez mais fácil dos madeirenses aos programas televisivos transmitidos por satélite. Em 15 e 16 de Dezembro de 1986 a Marconi propiciou aos madeirenses o visionamento de alguns destes programas:recebidos em Sintra através do Eutelsat I- F1 eram depois retransmitidospara o Funchal pelo Intelsat V- F11. Esta situação transitória foi uma demonstração daquilo que agora é possível com a série de satélites Eutelsat II e outros que permitem à Madeira a recepção de TV e outros sinais de telecomunicações, com una antena parabólica de dimensõesreduzidas. Deste modo a Marconi continuaa demonstrar uma total capacidade de respostaaos desafiosdas novas tecnologias de informação neste final de século. Perante esta situação a Marconi passou a oferecer aos madeirenses 288 circuitos, sendo 144 de cabo submarino e 144 via satélite. Todavia os serviços da companhia não se ficaram por aqui, pois para além do cabo submarino de fibra óptica, para substituir o de 1972, digitalizou-se as comunicações por satélite. Este esforço de modernização dos serviços da empresa, a partir de 1982, foi de mais de um milhão e setecentos mil contos.


O SERVIÇO MÓVEL MARITIMO Na actualidade a via rádio é apenas utilizada no Serviço Móvel Marítimo (SMM). Esta via baseia-se num serviço telefónico e telegráfico permanente em V.H.F., Onda Média e Curta. A sua modernização teve lugar a partir de 1979, assistindo-se desde 1984 a uma melhoria e variedade na oferta de serviços: em 1984 entrou em funcionamento a estação de V.H.F. do Porto Santo; em Maio de 1986 foi a vez da estação da Ponta do Pargo; em 1 de Agosto de 1988 inaugurou-se o centro de operações do Funchal, a partir do qual são telecomandadas todas as estações espalhadas pelo litoral da ilha; em 1989 foi o estabelecimento a cobertura em onda média com a entrada ao serviço das estações da Ponta do Pargo(em Abril), Pico da Cruz(em Maio)e Porto Santo(em Julho). Com este investimento no valor de cerca de 350 mil contos a Marconi conseguiu a cobertura total da ZEE madeirense, sendo a primeira no país a merecer tal oferta de serviços.


A NOVA SEDE Esta nova infra-estrutura corresponde a uma nova fase de valorização da empresa ao nível regional, iniciada em 1986 com a elevação da delegação local ao estatuto de Direcção Regional. Até 1982 a empresa era representada por um gerente de estação, passado, desde então, a existir o cargo de delegado regional, para o qual foi empossado o Eng1 Graciano Góis a 15 de Maio. Dois anos depois, em 27 de Abril foi decidido atribuir a esta à dos Açores a categoria de Direcções Regionais, situação que se mantém na actualidade. A partir de 15 de Março de 1991 a CPRM-Marconi passou a dispor de novas instalações para a sede da sua delegação regional na Madeira. Um espaço amplo, até então abandono,foi transformado e adaptado para a prestação de um novo serviço, que o imortalizará nos anais da História da ilha. Durante e após o acto de inauguração, momento solene na vida da cidade, foi referido a nobreza da iniciativa da Marconi em reabilitar um dos prédios mais importantes dos antigos que ainda restam da Rua de João Esmeraldo. Todos nós nos regozijámos com o acto que veio enobrecer a urbe, gerando neste espaço nobre da cidade (definido pela alfândega e Sé) uma nova dimensão. De um prédio em ruínas e de uso duvidoso fez-se nascer um edifício inteligente. De um vasto quarteirão de destroços, onde outrora se erguia o palácio de João Esmeraldo, traça-se agora uma praça. O futuro da cidade joga-se hoje neste espaço nevrálgico. Todos ou quase todos temos consciência da importância patrimonial do imóvel agora reabilitado mas poucos saberão quão conturbada e rica foi a sua História. A exemplo de muitos prédios que integram a malha urbana da cidade andou de mão em mão e a sua estrutura adaptou-se à bolsa e requinte dos seus usufrutuários ou inquilinos. Deste modo não estávamos perante um edifício de traça inalterável (coisa rara na arquitectura de um espaço construído de permanente uso), mas sim de um espelho destas transformações sociais e económicas, que se repercutiram no traçado dos espaços interiores e no requinte dos elementos decorativos. Ele acompanhou os êxitos e fracassos dos seus proprietários: uma actividade compensadora no comércio


manifestava-se sempre nos gastos desnecessários de aprimoramento do interior, ao contrário o fracasso produz, inevitavelmente, o abandono. Na História do edifício são conhecidas três grandes transformações, que definem iguais momentos importantes da vida do imóvel. A última acaba de ocorrer e pretendeu, num regresso ás origens, reconstituir os elementos mais genuínos dos momentos anteriores. Esta foi uma fase decisiva para a vida do prédio que se pronunciou por uma tragédia: o período prolongado de degradação, seguido de um incêndio a 14 de Julho de 1986, tornou o prédio disponível para uma possível transacção, o que aconteceu a 16 de Dezembro de 1986. A partir daqui o percurso para a sua transformação foi rápido: em Janeiro de 1988 iniciaram-se os estudos sobre a componente histórica do prédio e a definição do programa dos serviços a implantar; em Novembro de 1989 começaram as obras com um prazo de execução previsto de 14 meses. Aqui se iniciou uma nova era e terminou outra que havia marcado profundamente a fisionomiado edifício, até à sua fase de declínio no presente século. Este momento que antecedeu a actual situação é a mais controversa da sua vida e a que deixou marcas mais evidentes na sua estrutura. A cada proprietário e/ou inquilino terá coincidido uma nova roupagem e uso. A FAMÍLIA DA SILVA BARRETO Ao prédio inicial, propriedade da família de Nicolau da Silva Barreto, a quem pertence o brasão de armas pintado na tábua central, que cobria o salão principal onde se encontrava o oratório de pedra lavrada. Este espaço dominava o primeiro piso do imóvel a que lhe foram enxertados, com os posteriores proprietários, os blocos que o confrontavam. Das casas térreas, que João Esmeraldo aí fizera erguer em finais do século XVII, Eusébio da Silva Barreto fez construir outras de sobrado, onde se instalou após o seu casamento a 27 de Maio de 1986. A forma como sucedeu esta transacção não é conhecida, pois apenas se sabe da sua posse e escolha dela para albergue nupcial.ambos os nubentes estavam relacionados com as mais destacadas famílias


madeirenses. Eusébio da Silva Barreto era filho do terceiro casamento de Pedro Ribeiro Barreto e Maria de Sousa Silveira e bisneto de Domingos Alvares Onzel, cavaleiro francês que se havia fixado na Tabua e aí casou com Maria Delgada. Leanor de Freitas era filha de Diogo de Freitas Corrião e de Leanor de Freitas. Nos ascendentes de ambos é evidente as ligações aos Bettencourts, Azevedos, Ornelas e Vasconcelos. A sua esposa era neta pela parte materna de João de Ornelas de Vasconcelos. Entretanto em 1699 por morte de António Carvalhal Esmeraldo, sucedeu-lhe como administrador do morgadio do Vale da Bica a seu sobrinho Aires de Ornelas e Vasconcelos. Esta mudança do morgadio para a casa vinculada dos Ornelas, com importantes interesses fundiários no Caniço, deverá ter propiciado o aceso de Eusébio da Silva Barreto ao convívio dos Ornelas e certamente à posse das referidas casas térreas da Rua de João Esmeraldo. A forma como isso sucedeu é ignorada, não existindo rasto na documentação. Deste enlace nasceram dez filhos: dois foram padres, outros dois capitães de ordenança e as seis filhas fizeram voto no convento de Santa Clara. Com tamanha prole e em face de momentos menos propícios ao pecúlio familiar, a vida de fulgor desapareceu num ápice como o seu património. A entrada, a partir de 1696, das filhas (Helena Maria, Tormina do Socorro, Maria da Exaltação, Vitorina Caetano, Antónia de S. Pedro e Patronilha) no convento implicou elevados encargos com a sua comedoria e depois dote. Assim o casal deveria desembolsar anualmente 25000rs por cada uma, divididos em dois pagamentos semestrais. Mesmo assim ainda foi possível ao mesmo reunir em 1700 os réditos necessários para ampliaçãodo património fundiário com a compra a Francisco Carvalhal Figueira de terras e casas em S. Gonçalo. Este terá sido o último acto nesse sentido, pois a partir daí


o património do casal entrou em franco declínio. A 23 de Março de 1718 Eusébio da Silva Barreto vergava sobre os efeitos da doença e velhice. Morreu, deixando entregue aos seus herdeiros um vasto património que na acto das partilhas se desfez. Á frente da casa sucedeu-lhe Nicolau Geraldo de Freitas Barreto que ficou como seu testamentário que, por isso teve direito à sua terça nos bens agora partilhados pelos herdeiros. Não nos foi possível encontrar o testamento feito junto do notário Luís Soares Severim, pois perderam-se os livros deste, mas sabemos, por outro documento de partilhas, disponível nos cartórios do convento de Santa Clara, do valor dos bens legados. Assim às casas da Rua de João Esmeraldo, avaliadas em 2681$122rs, reuniam-se as quintas de Boa Nova e S. Gonçalo. Noutro documento de 1730 sabe-se que também pertencia ao casal outra quinta nos Louros. Note-se que em 28 de Maio de 1715 Nicolau havia sido nomeado capitão do Forte de Nossa Senhora da encarnação dos Louros. Das casas da rua de João Esmeraldo224$374 rs eram pertença do Convento de Santa Clara, como herança das seis filhas aí recolhidas. Nicolau Geraldo casou com Isabel Juliana Betencourtde Menezes e Atouguia, filha do capitão do presídio de S. Lourenço, Amaro de Atouguia e Bettencourt. A sua estirpe nobre fez com que atingisse a patente de capitão e em 3 de Maio de 1731 a sua coroação máxima com a carta de armas. Este título deve ter-lhe custado muito caro, pois em 20 de Abril de 1731 foi forçado a pedir um empréstimo de 307$500 rs, deixando como hipoteca as fazendasde Sto António e S. Gonçalo. Mas maiores dificuldades se sucederam com os compromissos de entrada de seis filhas no convento de Santa Clara, entre 1739 e 1751. Mesmo assim em 1742 ainda possuem os meios suficientes para comprar terras na Camacha a António Machado de


Moura por vinte e seis mil reis. Terá sido neste período, a partir de 1718, que este, como principal inquilino dos aposentos da Rua de João Esmeraldo, procedeu a algumas transformações. A data de 1731, como o momento de concessão da carta de armas, poderá indiciaro momento em que fez obras no salão principal do primeiro andar, construindo o referido oratório, que depois cobriu com uma pintura que ornava as suas armas. Outras duas hipóteses são possíveis: em 1748, altura do registo da carta de armas no tombo da câmara do Funchal, ou 1758, pois nesta data pediu um empréstimo à Santa Casa no valor de 80$370rs, dando como fiança a fazenda de S. Gonçalo e a própria casa onde vivia.

OS INGLESES À CONQUISTA DA CIDADE No compromisso do empréstimo e hipoteca da casa ficara estabelecido o pagamento desta quantia a partir de Julho do ano imediato. Mas a vida não parece ter-lhe corrido de feição. A hipoteca perdurou sendo em 1794 de 1217$390rs, com juros acumulados de 909$731rs. Perante esta delicada situação os filhos não conseguiram segurar o património e decidiram vender as referidas casas a Lamar Hill Bisset & Co. Saldada a dívida restaram ainda 1200$000rs. Esta transacção marca o início de uma nova fase da rua. O comércio do vinho estava no seu auge e quase todos os edifíciosdela estavam reservados a armazém de vinhos. Algumas das principais casas comerciais de súbditos ingleses têm aí ou nas proximidades as lojas e escritórios.


A atracção estrangeira por esta rua surgiu em 1704 com Benjamim Hemingl que alugou os velhos aposentos de João Esmeraldo a Agostinho Dornelas e Vasconcelos. Em 1727 foi a vez de John Bissett, seguido do Dr. Richard Hill, que em 1739 montou o seu escritório no número 39. A estes juntaram-se em 1802 a firma Newton Gordon, Murdoch & Co que arrematouem praça públicaum prédio da Misericórdia por 1150$000rs. Depois tivemos Gordon Duff & Co, que comprou o imóvel de José do Egipto da Costa, foreiro da Santa Clara, por 3626$700rs. Em data que desconhecemos Gordon Duff & Co adquiriu o prédio que fora de Nicolau Geraldo à firma americana, Hil Bisset & Co e ampliou com os granéis fronteiriços do lado do Beco do Assucar,de Nuno de Freitas Lomelino. Ambos foram vendidos em 1859, por 3800$000rs a James Adam Gordon Duff, ficando o edifício que o confrontava a norte na posse da viúva. O acto de venda teve lugar no número doze, pertencente à propriedade da viúva do proprietário do imóvel transaccionado, onde, então, vivia Diogo Bean. Pelo menos desde 1855 este detinha todos os aposentos,onde residia, tinha o seu escritório e, parte deles, subalugados a diversos inquilinos. Na posse de James Adam Gordon Duff o edifício conheceu um momento de fulgor na sua História ter-se-ão sucedido algumas alterações no espaço interior, sendo desta época a construção da sala de música e os estuques pintados. De novo as dificuldades começaram a surgir aos seus inquilinos. Para isso contribuiu a contracção do mercado do vinho desde os inícios do século dezoito e as crises de produção motivadas pelo oídio(1852) e filoxera(1872), que quase deram o golpe de finados a este produto. E com isso a maior parte dos ingleses fez as malas e rumou a outras paragens. As casas, até então apinhadas de pipas de


malvasia, quase pareciamfantasmas. Deste modo Elisa Jennet Duff, viúva de James Adam Gordon Duff, optou em 1875 pela venda destes aposentos à Sociedade Cooperativa de Consumo e Credito do Funchal SARL, representada por personalidades ilustres da cidade: José Leite Monteiro, Manuel José Vieira e Augusto Mourão Pitta. A escritura de venda dá a entender ser este um amplo espaço, constituído de 6 pavimentos, dispondo de dois poços com bomba e água potável. Esta Sociedade Cooperativa, que teve os estatutos aprovados em 29 de Abril de 1875, durou pouco tempo, saldando-se a sua actividade por um fracasso: a primeira mercearia encerrou em 1880, sendo reaberta depois por iniciativa de dois comerciantes que a mantiveram até 1888, data em que se procedeu à liquidação da sociedade. O imóvel foi mais tarde, certamente em 1916, vendido a José Figueira Júnior por quarenta contos. Termina aqui a sua fase de ampliação e engrandecimento, iniciando-se a de prolongada decadência. José Figueira Júnior é desde 1916 o novo proprietário que, em 14 de Março de 1969, fez o registo predial sob o n1 1045 em seu nome. José Figueira Júnior(1902-1970) foi um importante comerciante, societário das firmas Figueira, Freitas & Co, Lda e Figueira e Freitas (adubo), Lda, com sede no prédio em questão. Note-se que já no período de posse deste prédio por ele funcionou aí um estabelecimento para o ensino primário e secundário, que ficou conhecido como o "colégio Câmara", sob a direcção de Alfredo Bettencourt da Câmara. Este destacou-se como professor e divulgador da temática do ensino. Em 1967 o edifício servia de escritório da firma, de que o seu dono


era societário. Foi no decurso deste ano que Samuel Gonçalves Canha Jardim, escriturário da firma, deparou-se no salão centraldo primeiro andar com um conjuntode tábuas pintadas, então cobertas por estuque. A descoberta foi o início de um aceso debate que contribuiu para a valorização do imóvel que, não obstante, avançava a passos largos para a total degradação. Em 1985 a então Caixa Económica do Funchal adquiriu o imóvel aos herdeiros de José Figueira Júnior.


1478. Primeira viagem de Colombo ao Funchal com o objectivo de comprar açúcar. 1480-84. Estância de Cristóvão Colombo na Madeira e Porto Santo. 1480. Data provável de fixação de João Esmeraldo no Funchal. 1489. Abertura da rua, que mais tarde ficaria com o nome dos Esmeraldos. 1495. João Esmeraldo constrói a sua residência no Funchal. 1498/Julho/10. Terceira passagem de Colombo pelo Funchal, aquando da terceira viagem. 1531. Primeira referência à Rua de João Esmeraldo. 1533/Outubro/30. Testamento de João Esmeraldo, referindo no inventário dos bens as "casinhas térreas" defronte do seu palácio. 1686/Maio/27. Casamento de Eusébio da Silva Barreto com Leanor de Freitas. 1715/Maio/28. Nicolau Geraldo de Freitas Barreto é nomeado capitão do Forte dos Loures. 1718/Março/23. Morte de Eusébio da Silva Barreto, ficando como testamentário Nicolau Geraldo. 1731/Maio/3. Concessão da carta de armas do Capitão Nicolau Geraldo.


1758/Julho/7 .Pedido de empréstimo à Santa Casa da Misericórdia do Funchal, dando como fiança a casa da Rua de João Esmeraldo. 1794/Março/31. Venda do prédio da Rua de João Esmeraldo a Hill Bisset & Co. 1859/Novembro/30. Gordon Duff & Co vende o imóvel a James Adam Gordon Duff. 1875/Setembro/2. Elisa Jennet Duff vende o prédio à Sociedade Cooperativa de Consumo e Credito do Funchal, SARL. 1916. Posse do edifício passa para José Figueira. 1968/Maio/ .Descoberta das tábuas pintadas, gerando acesa polémica na imprensa funchalense. 1969/Março/16. Inscrição do prédio a favor de Figueira e herdeiros, estando arrendado a diversos. 1969/Abril/24. Classificação das referidas tábuas como património inalienável para o estrangeiro. 1984. Resolução n1.1086 do Governo Regional decidiu expropriar todos os imóveis da área em frente da sede da Marconi, para aí construir uma praça. 1986/Julho/14. Um incêndio destrói o prédio. 1986/Novembro/19. A Marconi decide em conselho geral adquiriro prédio em ruínas. 1986/Dezembro/16. Escritura de compra do edifício pela Marconi à


Caixa Económica do Funchal. 1988/Janeiro/. Início dos estudos de investigação relativos à componente histórica do edifício e definição do programa dos serviços. 1988/Setembro/.Protocolo entre o governo Regional da Madeira, a Câmara Municipal do Funchal e a CPRM-Marconi, em que são estabelecidas as normas de cooperaçãonos projectosde recuperação do imóvel e praça. 1989/Novembro/. Início da obra de reconstrução do edifício com prazo de execução previsto para 14 meses. 1991/Março/15. Acto inaugural do edifício.


1731/Maio/3 ARM, CMF, Registo geral, tomo IX , fols.137-138v1 a 29 de Março de 1748).

(registado

Brasão darmas do cappitão Niculao Geraldo de Freytas Barreto fidalgo da caza de Sua Magestade que Deos guarde com a merce do habito de Christo natural da ilha de Madeyra. Passado no ano de 1731

Dom Joam por graça de Deos Rey de Portugal e dos ALgarves daquem e dalem mar em Africa Senhor de Guine e de conquista navegação, comercio de Ethiopia, Arabia, Percia e da India, etc. A quantos esta minha carta virem. Faço saber que o cappitão Niculao Geraldo de Freytas Barreto fidalgo da minha caza e de sollar com a merce do habito de Christo, natural da ilha de Madeyra me fez petição, em como elle descendia, e vinha da geraçam e linhagem dos Silvas, Barretos, Freytas e Vasconcellos, que são fidalgos de sollar conhecido, e suas armas lhe pertencemde direito, e pedindome por merce que para a memoria de seus antecessores senão perder e elle gozar da honra das armas que pellos merecimentos de seus servissos ganharão e lhe forão dadas e assim dos privilegios//, honras, graças, e merces, que por direitoe por bem dellas lhe pertencem lhe mandasse dar minha carta das ditas armas que estavão registadas, em os livros dos registos das armas dos nobres, e fidalgos de meus reynos, que tem Portugal meu principal Rey darmas.


A qual petição vista por mim mandey sobre ella tirar inquirição de testemunhas pelo doutor Alexandre Botelho de Moraes de meu dezembargo, e meu dezembargador em esta minha corte e caza de supplicação, corregedor do civel em ella, por Caetano Jozeph de Moura escrivão do dito juizo, pellos quaes fuy certo, que elle procede, e vem da geraçam, e linhagem dos ditos Silvas, Barretos, Freytas e Vasconcellos como filho do cappitam Euzebio da Silva Barreto, e de Dona Leanor de Freytas de Vasconcellos Netto pea parte paterna de Pedro Ribeyro Barreto, e de Maria de Souza Silveyra, e neto pela parte materna de Diogo Freytas Corrião, e de Dona Maria de Ornelas de Vasconcellos; os quaes seus pays e avós foram pessoas nobres dependentes das illustresfamilias dos Silvas, Barretos, Freytas, e Vasconcellos,e que sempre se tratarão a ley da nobreza, com o estado a ella devido, como pessoas nobres que erão, sem que nelles ouvese raça de judeu, mouro, ou mulato, nem outra infecta nação, e que de direyto as suas bermas lhe pertencem; As quaes lhe mandey dar em esta minha carta com seu brazão, elmo, e timbre, como aqui são devizadas, e assim como fiel, e verdadeiramente se achara devizadas, e registadas em os livros dos registos do dito Portugal meu Rey de armas. A saber hum escudo esquartellado, no primeyro quartel, as armas dos Silvas, em campo de prata hum leão rompente vermelho, no segundo as dos Barretos campo de prata semeado de arminhos, pretos;//no terceiro as dos Freytas, em campo vermelho, cinco estrellas de ouro; no quarto as dos Vasconcellos em campo preto, trez faxas veiradas de vermelho rompente, e por diferença huma brica azul com hum farpão de ouro, o qual escudo, armas, e sinaes possa trazer e traga o dito capitam Niculao Geraldo de Freytas Barreto, assim como as troxerão, e dellas uzarão seus antecessores em todos os lugares de honra, em que os ditos seus antecessores, e os nobres, e antigos fidalgos, sempre as costumarão trazer em tempo dos muy esclarecidos Reys meus antecessores, e com ellas possa entrar em batalhas, campos, escaramuças, e exercitarcom ellas todos os outros


autos licitos da guerra, e da paz; e assim as possa trazer em seus firmães, aneis, sinetes e devizas, e as por em suas cazas e dificios e deixadas sobre sua propria sepultura,e finalmentese servir, honrar, gozar, e aproveitar dellas em todo, e por todo, como a sua nobreza convem. Com o que quero, e me praz, que haja elle de todos seus descendentes todas as honras, privilegios, liberdades, graças, merces, izempções e framquezas, que hão, e devem haver os fidalgos nobres e de antiga linhagem, e como sempre de todo uzarão e gozarão seus antecessores. Porem mando a todos meus corregedores e dezembargadores, juizes, justiças, alcaydes, e especial aos meus reys darmas,e tratus, e passavantes, e a quaesqueroutros officiaes e pessoas, a que esta minha carta for mostrada, e o conhecimento della pertencer, que em todo lho cumpram, e guardem, e façam, cumprir, e guardar, como nella he contheudo, sem duvida, nem embargo algum, que em elle lhe seja posto porque assim he minha mercê. El Rey Nosso Senhor o mandar por Manuel Pereyra de Silva seu rey darmas Portugal. Frey Joseph da Cruz// da Ordem de São Paulo reformador do cartorio da nobreza do reyno por especial provizão do dito semhor a fez anno do nascimento de Nosso Senhor Jezus Christo de mil setecentos e trinta e hum aos trez dias do mes de Mayo, e vay sobescripta por Antonio Francisco e Souza escrivão da nobreza nestes reynos, e senhorios de Portugal e suas conquistas e eu Antonio Francisco de Souza o sobrescrevy. Rey darmas Gaspar. Fica registado este brazam no livro outavo do registo dos brazoens de nobreza de Portugal a folhas cento e cesenta, Lisboa a occidental aos do mes de Mayo do anno de mil septecentos e trinta e hum. Francisco de Sousa.



O NOVO CENTRO DE TELECOMUNICAÇÕES

A maior oferta de serviços pela Marconi e a reafirmaçãoda Madeira com eixo importante das telecomunicações com o Atlântico sul levaram a companhia a apostar num novo Centro de Telecomunicações, capaz de corresponder a esta realidade. Deste modo a Madeira dispõe desde 25 de Setembro de 1992 deste centro, que coordena toda a actividade da empresa em termos da tráfego dos cabos submarinos de fibra óptica e transmissão digital (EURAFRICA, SAT-2, COLUMBUS-2, INLAND), rede móvel e satélites. Esta infra-estrutura concentra todos os serviços que estavam dispersos pelo Porto Novo, Garajau e Funchal. Aí está instalada a nova estação de cabos submarinos dos sistemas EURÁFRICA e SAT-2, os serviços de exploração, englobando o Centro de Operação e controlo do Serviço Móvel Marítimo e a Central Telegráfica, bem como os serviços técnicos e administrativos. A inauguração do Centro foi em simultâneo com a do cabo submarino internacional EURÁFRICA. A este seguiu-se em 28 de Abril de 1993 do cabo SAT-2 que liga a república da África do Sul às Canárias e À Madeira. Este último é o maior cabo submarino do Atlântico e o terceiro no mundo. O Sat-2 permitem a ligação de 15 mil circuitos telefónicos e a transmissão de 32 canais de televisão. Esta aposta da Marconi levou a que a Madeira retomasse a histórica vocação de plataforma do Atlântico. De novo a Madeira assume um papel destacado como entroncamento de infraestruturais submarinas de telecomunicações e Portugal passa a dispor de uma posição de relevo na rede atlântica de cabos submarinos.



ASPECTOS SOCIETAIS DA EMPRESA Folheando os diversos números da Revista "Via Portucale", surgida em 1959 para ser a imagem ilustrada das actividades da companhia e da acção dos seus funcionários, fica-se com a ideia de que a empresa funcionava como uma ampla família. As suas preocupações eram sentidas por todos os funcionários, o mesmo se podendo dizer com as de cada funcionário, em particular, com a empresa e parceiros de ofício. Ao longo do ano havia três momentos para a reunião desta família: as comemorações do dia do Arcanjo S. Gabriel (23 de Março), do aniversário da empresa (15 de Dezembro) e a festa infantil por alturas do Natal. Nos dois primeiros momentos reunia-se a família madeirense da Marconi, para sufragar a alma dos falecidos e depois em jantar de confraternização. Enquanto o dia do Arcanjo S. Gabriel era e é comemorado em colaboração com outras empresas do sector das telecomunicações, o dia 15 de Dezembro era só para a Marconi. Todos os anos se reuniam administradores, empregados e convidados para comemorar o aniversário. O momento era sempre noticiado na imprensa local, que não se cansava nos seus elogios aos bons serviços da empresa. Por vezes esta data era aproveitada para a inauguração de alguns melhoramentos de infraestruturais da empresa,feitos no sentido de assegurar uma melhor qualidade dos serviços. Assim sucedeu em 1972 com a inauguração oficial do serviço de Telex e em 1985 com a oferta de programas de TV do satélite europeu.


Este momento era ainda aproveitado para homenagear os funcionários mais antigos da casa. Todos aquelesque completavam vinte anos recebiam neste dia de aniversário um relógio. Entretanto a partir de Dezembro de 1971 a delegação da empresa no Funchal passou a contar com novos meios de apoio ao convívio desta família. Assim foi inaugurada a 1 de Setembro a primeira filial do Grupo desportivo da Marconi. Desde esta data os trabalhos da empresa passaram a dispor de um local de convívio e para a prática de diversas modalidade desportivas.



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