Revista Mundo MPE 73

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Eleições 2020 O que a comunidade espera da próxima gestão municipal?



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NA CAPA Para falar sobre os desafios de Joinville e região, convidamos um ilustre joinvilense para a capa desta edição: Juarez Machado. A obra “Plebeu admirando o palácio”, de 1982, foi cedida pelo Instituto Juarez Machado, entidade privada e sem fins lucrativos. Com sede em Joinville, proporciona e incentiva o acesso popular a exposições de arte de importantes nomes do Brasil e exterior, assim como a preservação da memória artística de seu fundador. Com uma estrutura técnica qualificada e ambientes propícios para integração e contemplação às artes por seus visitantes, promove também outras atividades culturais como apresentações musicais, de dança e lançamentos literários, entre outros, além de receber eventos institucionais e corporativos.

Editorial Olá, empreendedores. Contribuindo para a evolução e sequência dos nossos negócios, lançamos esta nova edição da revista Mundo MPE, voltada para a troca de experiência entre empreendedores, tão bem disposta nas seções “Pequena notável”, “Se fosse começar de novo, por onde começaria?”. Nossa matéria de capa é relacionada às eleições municipais. Aliás, notaram de quem é a obra que ilustra a capa? Ficamos muito orgulhosos da participação do grande artista Juarez Machado! Esta é a primeira edição de uma trilogia que vai falar sobre as eleições. Pensando no futuro da sua empresa, algumas matérias relacionadas a inovação estão em destaque. Temos uma entrevista exclusiva com Murilo Gun, palestrante que esteve no Connect 2019, falamos também sobre criptomoedas, alimentação restritiva, relacionamento com clientes, os passos para aqueles que querem empreender e outros temas importantes para quem empreende. Faça bom uso da nossa Mundo MPE. Desejo uma boa leitura e reflexão sobre nossos negócios e nossa atuação no mercado. Continue interagindo no Portal Mundo MPE e em todas as nossas redes sociais. Desejo uma ótima leitura e muito sucesso!

Fernando Bade Presidente Ajorpeme

Expediente: Associação de Joinville e Região da Pequena, Micro e Média Empresa. Rua Urussanga, 292, Bucarein, 89202-400, Joinville/SC. Fone: (47) 2101.4100 Site: www.ajorpeme.com.br E-mail: karoline.lopes@ajorpeme.com.br Jornalista Responsável: Karoline Lopes Textos: Karoline Lopes Revisão: Mayara Coelho Rotermel Conselho Editorial: Karoline Lopes, Leonardo Santana, Eduardo Holz, Mayara Coelho Rotermel, Fábio Santana Corrêa e Luiz Lopes. Projeto Gráfico: Agência de conexão (47) 3029.4014 Diagramação: Renã Santos Fotos: Depositphotos, Pexels, divulgação, arquivos Ajorpeme e Jean Caê Impressão: Delta Print Editora e Gráfica Tiragem: 3.000 exemplares As matérias da Revista Mundo MPE podem ser reproduzidas à vontade, desde que citados a fonte e o autor. Os textos assinados não são de responsabilidade da Ajorpeme. A AJORPEME É CERTIFICADA COMO ENTIDADE DE UTILIDADE PÚBLICA MUNICIPAL, ESTADUAL E FEDERAL. Publicação:

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pequena notável Três décadas protegendo empresas

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gestão Se você fosse começar de novo, por onde começaria?

5 dicas Como dar feedback

Eleições 2020 O que a comunidade joinvilense espera da próxima gestão municipal?

tendência Desvendando as moedas digitais

vitrine Murilo Gun

Fale com a Ajorpeme (47) 2101.4100

Comunicação

karoline.lopes@ajorpeme.com.br

artigo O que fazer quando o cliente não tem razão?

Marketing

mayara.rotermel@ajorpeme.com.br

Serviços

tatiane.mundiendil@ajorpeme.com.br

Instituto Ajorpeme

Capa O que os empreendedores de Joinville e região esperam da próxima gestão municipal?

tendência Sem leite, sem glúten, mas com muito sabor

fabiana.bartolomeu@ajorpeme.com.br

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empreendedorismo e cultura A arte de empreender

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três décadas prOtEgEndO EmprEsas

Antes de fundar a Stagio, Maria Aparecida trabalhou por doze anos na área de marcas e patentes da Consul. Foi lá que percebeu a carência que existia nessa área e resolveu abrir o escritório. “Apenas as grandes empresas tinham a orientação correta feita por escritórios de fora. A Stagio veio para proteger as pequenas e médias empresas da nossa região”, conta. Naquela época não havia internet, download de arquivos ou e-mail para se comunicar. Tudo era feito em máquinas de escrever. As pesquisas sobre as patentes eram feitas por telex e cada cliente tinha uma pasta física, com as informações da empresa. “Caso uma pasta sumisse, havia o risco de perder todas as informações”, lembra Maria Aparecida.

pEquEna nOtávEl Ao abrir um negócio, o empreendedor precisa analisar uma série de investimentos: o local, os profissionais que farão parte da equipe, os produtos e serviços oferecidos e nome da empresa. Com o nome definido, desenvolve-se a identidade visual, registra-se o CNPJ e a razão social. Depois disso, está tudo certo para começar as atividades, certo? Errado! Uma parte importante desse processo, que muita gente esquece, é o registro da marca. “Se essa proteção não é feita, você pode receber uma notificação informando que é necessário mudar o nome da sua empresa, pois ele pode ser de propriedade de outra pessoa”, explica Elaine Lau da Silva Pereira, sócia e gestora da Stagio Propriedade Intelectual. Criada em 1989 pela advogada Maria Aparecida Pereira Gonçalves, a Stagio oferece serviços para os empresários protegerem suas criações intelectuais, suas marcas e invenções. Hoje, com 30 anos de história, que foram transformados em um livro, a empresa conta com mais de 1.500 clientes e mais de cinco mil processos em acompanhamento, tanto no Brasil como no exterior. “Nosso objetivo é orientar os empreendedores de Joinville e região. Imagine o impacto numa empresa que se apresenta com um nome e, de repente, por causa de problemas no registro da marca, precisa mudar”, observa André Gosmann, sócio e gestor da Stagio. “Não registrar a marca é como alugar um terreno e construir uma casa nele. Quando o dono aparece, a casa não é mais sua”, complementa Elaine.

a atual equipe da Stagio. na foto acima, os quatro sócios da empresa

Para Joceli Moreira, sócia e conselheira da Stagio, um dos principais desafios da Stagio foi conquistar clientes. “Conseguir entrar nas empresas sem ter um histórico de clientes foi muito difícil”, comenta. A solução encontrada para apresentar os serviços a outros empresário foi o associativismo. Na Ajorpeme, Maria Aparecida passou a participar de eventos de negócios e conheceu outros empreendedores. Em 2001, ela se tornou a primeira presidente mulher da associação. “Eu sabia que seria um processo complexo quando comecei a empresa. No início, éramos em duas ou três mulheres nas reuniões da Ajorpeme. Às vezes entrava em um lugar e não era vista como uma empresária. Como a primeira presidente, minha preocupação era que, se não fosse uma experiência boa, teriam dificuldade em eleger outra mulher”, afirma. Com os obstáculos superados e consolidada como referência no mercado, a Stagio também desenvolve uma cultura interna que estimula a equipe a trabalhar os valores de integridade, proatividade e determinação: “Envolvemos os colaboradores nas tomadas de decisão. Uma vez por mês, realizamos o Encontro CMA - Corpo Mente e Alma. É um momento para compartilhar experiências, aprendizados e desafios. Isso fortalece a integração entre o nosso time e com os clientes”.


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Se você fosse começar de novo, por onde começaria? gestão

“Em 2009, assumi o desafio de empreender. E acredite, empreender não é nada fácil. Mas sempre acreditei que toda mulher é capaz de conquistar tudo o que quer, basta ter garra e determinação. Comecei em minha residência e acredito que é nesse ponto que eu começaria se fosse necessário fazer tudo de novo. A maturidade empresarial, a

força que se tira para passar por cima de todas as dificuldades, você adquire dia após dia, e isso vem justamente do início, desde o primeiro dia. Você acaba agregando realização pessoal, o respeito com cada tarefa que faz e que proporciona ao seu cliente. Isso é maturidade. E essa responsabilidade você adquire com o tempo.”

Mary Iaczinski

Proprietária da Clínica Estética Virtuosa

“Minha passagem como executivo no grupo WEG foi o fato determinante para meu voo maior como empreendedor. Lá, fiz bons contatos, relacionamentos e obtive uma grande aprendizagem, como pessoa e como profissional. No ano de 1994 a legislação trabalhista havia passado por mudanças, principalmente em medicina e Segurança do Trabalho. Percebi ali uma oportunidade de negócio, somando a minha vivência e experiência acumulada na área. Em 1995, decidi criar a DESTRAMED com o objetivo de atender a demanda em prevenção ocupacional. Medicina e Segurança do trabalho são temas com-

Jorge de Souza

Diretor da Destramed

plexos. As empresas precisam oferecer um ambiente saudável. Para isso, é preciso ter um diagnóstico do ambiente laboral e também uma avaliação das pessoas em relação a este ambiente. Este é o foco da empresa Destramed. Muito bem: se fosse para começar de novo, faria da mesma forma. Com atitude pró-ativa, foco direcionado e permanente, grande dose de paixão por aquilo que faço e, finalmente, com um bom planejamento organizacional. O mundo dos negócios é desafiador e realizar o sonho de ver seu próprio negócio sair do papel é uma luta diária e ao mesmo tempo encantador.”


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cOmO dar FEEdbacK

5 dicas

Ao trabalhar em equipe, somos afetados pelo comportamento de outras pessoas a todo momento. Para alinhar expectativas e ajustar essa relação, o feedback é uma ferramenta essencial. Seja positivo ou negativo, esse é sempre um momento tenso entre os gestores e a equipe. O feedback não será o momento mais prazeroso do seu dia, mas, quando feito corretamente, pode ajudar você e seu time a crescer.

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antEs dE tudO, prEparE-sE

Fazer um checklist do que você quer comunicar é o ponto de partida para uma comunicação clara e eficiente. Liste os principais pontos a serem abordados e, antes da reunião, revise suas anotações e concentre-se nos itens mais importantes.

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dEstaquE Os pOntOs FOrtEs

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Ao repassar suas impressões, comece pelas boas notícias. Compartilhe o que você observou de positivo nos resultados, habilidades e atitudes. Leve exemplos concreto que mostram que o colaborador foi notado de verdade.

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pOntOs dE mElhOria

quEbrE O gElO

O rapport, técnica utilizada em vendas, é uma estratégia que pode ajudar você nessa hora. Ele é usado para criar uma ligação com outra pessoa. Antes de indicar os pontos fortes, resultados de avaliações e suas impressões como gestor, crie um clima confortável. Pergunte como a pessoa está se sentindo, como está determinado curso para, depois, introduzir na conversa as questões profissionais.

Falhas existem e não há como fugir delas. No feedback com a sua equipe, aborde-as como pontos a serem melhorados. Indique cursos, dê conselhos e aponte caminhos que podem ser seguidos.

próximO passO

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O objetivo do feedback é apontar soluções. Por isso, ao final da conversa alinhe quais são os próximos passos. O que fazer com os pontos a serem melhorados e como os pontos fortes se encaixam na empresa. Você pode estabelecer novas metas e agendar uma nova reunião para discutir os progressos.

Se você busca dicas de gestão e carreira, acesse o portal Mundo MPE

e fique por dentro das principais novidades do mundo dos negócios.

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dEsvEndandO as mOEdas digitais As criptomoedas não param de crescer e, se você tem dúvidas de como utilizá-las e realizar investimentos, saiba que não está sozinho. Muita gente sabe o que são as moedas virtuais, mas como elas funcionam? Assim como qualquer outro tipo de moeda - real, euro ou dólar - as criptomoedas podem ser utilizadas em transações financeiras como compras e pagamentos. “Elas são um conjunto de códigos de programação, compilados de uma forma específica e registrados dentro de um banco de dados global e não centralizado. As criptomoedas têm valor monetário, mas não tem cédula, governo ou economia nacional para regularizá-las”, explica Lorenzo Sanfelice Frazzon, CEO da Investtor, plataforma de compra e venda de Ativos Digitais. Na prática, isso significa que, caso você adquira uma criptomoeda, ela terá um número de identificação único. Esse número é o que permite dizer que você possui, ou não, a moeda. Ele também possibilita as transações, por meio de uma carteira eletrônica, para investir ou pagar contas. “Cada uma dessas moedas é única. Isso significa que o Bitcoin que existe na sua carteira, por exemplo, só existe nela. O Bitcoin de outras pessoas é semelhante ao seu, mas tem um número de identificação diferente”, conta. Além dos Bitcoins, citados por Lorenzo, existem mais de duas mil criptomoedas em todo o mundo. Mas, segundo o especialista, a grande maioria não deve durar muito tempo no mercado: “Para quem nunca comprou uma criptomoeda, sugiro se concentrar na compra de Bitcoins em um primeiro momento e somente depois pensar em comprar outras criptomoedas”.

valE a pEna? Investir em criptomoedas ainda é um negócio arriscado. Para te ajudar, Lorenzo Sanfelice Frazzon, CEO da Investtor, listou algumas vantagens e desvantagens das moedas digitais.

tEndência

Para quem quer começar a investir em criptomoedas e não tem ideia de por onde começar, foram criadas as Exchanger, as corretoras de criptomoedas que têm como objetivo facilitar as negociações. “Para realizar a compra de criptomoedas em uma exchange, primeiro você deve realizar seu cadastro. Muitas delas irão solicitar o envio de documentos para verificar sua identidade. Com o cadastro aprovado, basta realizar uma transferência bancária do valor desejado e realizar a compra”, afirma Lorenzo. Mas antes de sair por aí investindo em criptomoedas, é preciso avaliar os riscos desse investimentos. Por ser um mercado novo e inovador, as criptomoedas costumam oscilar muito: “Você pode ver suas moedas desvalorizarem 10% em um dia, porém, podem subir 15% no outro. Por isso, a melhor estratégia é comprar um pouco e guardar. Existe a possibilidade de perder muito dinheiro em curto prazo. Mas as chances de multiplicar três ou quatro vezes o valor investido a médio ou longo prazo é muito grande”. Apesar de ser uma tecnologia recente, hoje, mais de 40 milhões de pessoas utilizam criptomoedas. O Facebook já anunciou o lançamento da sua própria moeda virtual, a Libra, em 2020. De acordo com Lorenzo, após a Libra, outras criptomoedas privadas surgirão e os próprios bancos centrais devem começar a emiti-las. “Nada mais natural em um mundo que hoje é todo digital, que o dinheiro também seja e consiga fluir entre as pessoas de uma forma fácil e segura. As criptomoedas permitem isso. É um caminho sem volta”, finaliza.

vantagEns • São moedas globais e você pode usar em qualquer lugar do mundo • Não são censuráveis pelo Estado, o que significa mais liberdade • Grande potencial de valorização a longo prazo

dEsvantagEns • Forte oscilação pode gerar perdas a curto prazo • Muitos golpes financeiros usam as criptomoedas como pano de fundo

para mascarar as falcatruas • Mercado muito novo, pode demorar para se desenvolver e isso pode

comprometer a valorização dos cripto ativos



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Murilo Gun VITRINE

Quando se depara com um problema, Murilo Gun não se contenta com a primeira resposta que encontra. Ele vai em busca da solução mais criativa. Especialista no assunto, Murilo já foi empresário na área de tecnologia, já escreveu livros sobre a internet e já foi comediante. Em 2014, foi selecionado para morar 10 semanas no NASA Research Park, no Vale do Silício, estudando inovações disruptivas. Hoje, ele se dedica à área da educação e auxilia as pessoas a serem mais criativas. Faz isso com um podcast, um canal no youtube, cursos online e palestras por todo o Brasil.

Murilo esteve em Joinville para a quarta edição do Connect - Ideias e Negócios. Em conversa com a Mundo MPE, ele falou sobre a importância da criatividade para as empresas: “Criatividade é não usar só a memória para repetir uma solução. É se abrir para imaginar novos resultados”. Confira a entrevista completa.


15 Você afirma em suas palestras que criatividade não é um dom. O padrão é ser criativo. Nós nascemos criativos, desaprendemos e precisamos reaprender. Como é possível fazer isso? Murilo: O primeiro passo para sair da caixa é reconhecê-la. Assumir a caixa em que você está, descobrir o que nos colocou lá. A palavra descobrir é boa, pois descobrir é tirar a coberta. Então quando descobrimos o que nos colocou na caixa, descobrimos o problema. O ato de saber é transformador. A criatividade não vem do nada. Quando você vê alguém fazendo algo que acha criativo, com certeza aquilo veio da combinação de coisas já existentes. Eu vejo algo criativo em uma revista, por exemplo, e daqui há três anos, quando precisar criar algo, vou lembrar da revista. Nada vem do nada. Tudo se combina. Uma coisa que foi bloqueada na nossa educação foi a curiosidade. Fomos educados para ser estudiosos e não curiosos. Nunca vi mãe orgulhosa do filho curioso. Esse é um dos nossos bloqueios: quando aquele ser humano só decora padrões é valorizado e o outro que questiona, se interessa pelas coisas, é taxado como um problema.

Foto: Jean Caê

Ser criativo é sempre rotulado como algo “artístico”. Como é possível mostrar que todo mundo pode ser criativo, da equipe de marketing ao financeiro? Murilo: Nas agências de publicidade que visito, sempre me apresentam a equipe: o atendimento, o comercial e os “criativos”. Minha definição de criatividade é a imaginação aplicada para resolver problemas. Imaginação é algo que todo mundo acredita que têm. Se você fala “imagine agora um elefante voando”. Alguém consegue não imaginar? Se você fechar os olhos, imagina qualquer coisa. E todo mundo tem problema. Problema não é só tragédia, é pouco tempo para almoçar, por exemplo. Mediante o problema, posso parar diante da resposta óbvia, pedir serviço de quarto no hotel, ou posso imaginar outras soluções. Agendar a entrevista durante o almoço, por exemplo. Criatividade é não usar só a memória para repetir uma solução. É se abrir para imaginar uma nova solução.

No caminho em busca de soluções mais criativas é preciso testar. E quando testamos algo novo, existe a possibilidade de errar. Essa possibilidade assusta muitas pessoas. O quão impeditivo pode ser esse medo? Murilo: Você tem repertório e curiosidade. Daí vem o problema e você imagina como combinar isso tudo e encontra uma solução. Mas, se algo é novo, não foi testado. Pelo menos você não testou. Quando falo em novo, é novo para você. “Ah, mas a empresa lá na Indonésia fez”. Você está aqui, não na Indonésia. Se algo não foi testado, existe um risco e medo. E nós fomos educados na base do medo. Quase tudo que fazemos na vida, fazemos com medo de alguém brigar ou julgar. O medo dominou a nossa sociedade. Preferimos fazer algo que nos protege dos nossos medos, do que buscar aquilo que amamos e queremos. Estamos sempre fugindo dos riscos. Isso é importante, mas a vida real acontece quando você busca o que quer e não quando foge do que não quer. Esse é um dos maiores bloqueios da criatividade: o medo de arriscar. Para melhorar isso, você pode frequentar e viver ambientes mais seguros. Um ambiente não seguro é um ambiente de julgamento. Todo mundo tem um grupo de pessoas em que pode falar ideias loucas à vontade e outros em que você analisa o que vai falar, pois este ambiente não é seguro. Todo mundo deve lembrar de alguma vez ter sido vaiado na escola. Isso é um ambiente não seguro. Um ambiente em que você não pode falar algo incerto, é um ambiente em que ninguém se manifesta. O líder tem o poder de criar ambientes seguros. Se eu fizer isso, vou conseguir com que as pessoas do meu time se expressem e tragam pra mesa o repertório delas. Se você é empresário, pense se o seu time está confortável para juntar repertórios. Acolha as ideias, mesmo não sendo boas.


16 Hoje, nós temos à disposição inúmeras ferramentas que prometem melhorar nossa produtividade e nosso desempenho. Essas ferramentas nos auxiliam a sermos mais criativos? Murilo: Pode ter influência, sim. Para aumentar a produtividade é preciso se organizar. As pessoas acham que criatividade e organização são coisas opostas. Se tiver 10 caras como eu, loucos, não acontece nada. Tem que ter as pessoas que aterram, que convergem, que transformam em plano de ação. Essas ferramentas ajudam a executar. Não adianta ter um monte de ideia, se não tem execução. Todos podem e precisam ser criativos, mas há pessoas que vão criar e outras que vão planejar. E um vai ajudar o outro. Nós nos conectamos com pessoas iguais e isso é arriscado. Eu já montei um time com todo mundo igual a mim. Foi um caos. Nesse sentido, a diversidade está muito conectada com a criatividade. Diversidade de pessoas é diversidade de repertório.

Em Joinville, existem muitas empresas tradicionais e há uma certa resistência com novos modelos de negócios. Além disso, quem empreende aqui enfrenta muito burocracia. Considerando esse cenário, como é possível inovar? Murilo: Primeira coisa é sair um pouco daqui, respirar novos ares. Não precisa ir pro exterior, o Brasil tem muita coisa boa. Não precisa ir pro Vale do Silício. É importante sair da bolha. Existe a sua caixa pessoal e a caixa da cultura que você está. Você acaba achando que o que tem aqui é o todo. Para inovar, seu trabalho de marketing tem que ser educativo. Fazer marketing do que todo mundo já conhece, é simples. Se você é um empresário de um segmento tradicional, procure conversar com quem quer inovar. Tem muita gente em startups sedenta por alguém para orientá-los. A chance de um jovem da área de inovação não acolher bem alguém mais experiente, é muito pequena. É mais fácil acontecer o contrário.

O nosso modelo de educação é quase uma linha de produção. As individualidades de cada aluno não são levadas em conta e os resultados esperados são os mesmos de todos. Como isso impacta a nossa vida enquanto adultos? Murilo: Já que a criatividade é a imaginação aplicada para resolver problemas, o nosso treinamento de solução de problemas na escola foram as provas. E lá não tinha criatividade, só memorização. As crianças são destreinadas. Como adultos, precisamos desapegar desse modelo. Não podemos desistir na primeira resposta que encontramos.


Foto: Jean Caê

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Para você ser criativo, é preciso se inspirar, vivenciar coisas novas e ter um olhar atento ao que acontece à sua volta. A criação do seu repertório também depende que você saia da sua zona de conforto, da sua bolha social, escute outros pontos de vista e outras formas de pensar. Nesse momento, no Brasil, olhar para o outro e aprender com o que ele tem a dizer é muito raro. Como é possível fazer isso em um cenário tão polarizado? Murilo: Ouvindo mais o outro. Um dos fatores do boom do coaching é a necessidade das pessoas serem ouvidas. O pior coaching do mundo ouve a pessoa. Mesmo com pouca experiência, ele vai te ouvir, te entregar a presença dele. E é ouvir mesmo. Não é ouvir pensando no que vai responder. Isso acontece muito em ambientes não seguros. As pessoas têm medo de falar e ficam elaborando as respostas. Um ambiente seguro gera mais escuta.

Além de ter uma equipe mais diversa e criativa, você também pode incentivar o intraempreendedorismo em busca de soluções inovadoras. Acesse o portal Mundo MPE e veja algumas dicas de como identificar intraempreendedores no seu time. bit.ly/2n2KOb9


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O quE FaZEr quandO O cliEntE nãO tEm a raZãO? artigO “Você está errado!” Jamais inicie sua argumentação com o cliente deste jeito. Estas palavras criam um bloqueio e acabam com qualquer possibilidade de diálogo. Importante dizer que em uma conversa mais dura com o cliente não se deve buscar o vencido e o vencedor. O objetivo deverá ser sempre resolver a situação através de um bom diálogo. A minha expectativa, é apresentar neste artigo ações simples, rápidas, econômicas e que funcionam na prática. Antes de qualquer coisa tenha disposição para escutar todas as alegações e argumentos do cliente, com toda a atenção, cordialidade e moderação que merece,

demonstrando respeito máximo por suas explicações e mostrando grande interesse para resolver aquilo que para o cliente não vai bem. Nesta fase o cliente está preparado para falar e não para ouvir. Tenha em mente que o cliente até pode não ter a razão, mas internamente encontra motivos para achar que tem. A tese que defendo é que, para uma empresa se manifestar alegando que o cliente não tem a razão, ela deve ter segurança, tipo uma habilitação, para este delicado posicionamento. Portanto, a questão chave que se apresenta para a empresa neste momento é: o que é preciso fazer para ter esta segurança / habilitação?

Em linhas gErais, a EmprEsa prEcisa praticar prOFundamEntE a idEia da cEntralidadE dO cliEntE. na prática dO dia a dia, rEcOmEndO as 04 açõEs abaixO quE cOmpõE Esta idEia:

Treinar a empatia: os colaboradores devem investir tempo lendo todas as mensagens dos clientes, das pesquisas de satisfação ou qualquer registro que estes façam nos pontos de interação com a empresa. Fazendo assim, aumenta-se a chance de construir uma empresa mais empática com o cliente e que ao invés de pensar “no” cliente pensa “como” cliente. Recrutar e selecionar com forte orientação para o cliente: a lealdade do cliente é produto da ação de colaboradores comprometidos com a missão e visão do negócio.

Em resumo, há momentos em que é preciso deixar claro que o cliente não está certo. Uma empresa que pratica a centralidade do cliente terá segurança / habilitação para fazer este tipo de posicionamento. Não há dúvidas de que o diálogo respeitoso é o melhor caminho para propor uma solução ao cliente que seja dentro da realidade da empresa e do que a situação permite.

Conectar a movimentação dos colaboradores com resultados de qualidade: as movimentações de colaboradores, por exemplo questões de remuneração e promoção, devem ser influenciadas diretamente pelas notas obtidas em pesquisas que apuram grau de satisfação e recomendação. Investir na adoção de metodologias que buscam conhecer melhor os clientes: por exemplo Design Thinking / Jobs to be done. O resultado desta aplicação são produtos e serviços moldados exatamente para serem as soluções efetivas dos problemas do cliente.

daniel luiz novaes machado Executivo comercial, operações e experiência dos clientes. Professor da Sustentare na disciplina “Gestão do Cliente”.


Informe Publicitário

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lEi gEral dE prOtEçãO dE dadOs E quais Os impactOs nas EmprEsas! Conhecida como LGPD, a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais, que passará a vigorar a partir de agosto de 2020, foi criada com o objetivo de fixar um regramento no tratamento de dados pessoais sensíveis, independentemente do processamento em meio físico ou digital. Com base nos princípios constitucionais de proteção aos direitos fundamentais de respeito à privacidade, autodeterminação informativa, liberdade, inviolabilidade da intimidade, da honra e da imagem, livre desenvolvimento da personalidade e o exercício da cidadania, a LGPD traz ainda premissas advindas do Código Civil e do Código de Defesa do Consumidor. Importante destacar que a lei trata apenas da proteção de informações sensíveis da pessoa física e não jurídica! Assim, a nova regra se aproxima do conceito privacy by design, cuja expressão compreende uma forma de proteção à privacidade que deverá ser incorporada nas estruturas tecnológicas durante todo o processo de construção, com aplicação tanto nas soluções de software que, ao viabilizar a captura ou registro de dados pessoais, obrigue a autorização do usuário, bem como nos modelos de negócio, especialmente nas áreas de marketing ou até mesmo no setor de Gestão de Pessoas da empresa, para armazenar os dados de seus funcionários, por exemplo. Mas o que significa o tratamento de dados? Compreende desde a coleta, produção, recepção, utilização, acesso, transmissão, distribuição, processamento, arquivamento, avaliação, comunicação e até a extração de dados sensíveis. Na prática, será necessário, para coleta de dados, a autorização do titular de forma clara e precisa. Isso quer dizer que o cidadão deverá consentir com a coleta de seus dados e estar ciente de forma inequívoca sobre qual a sua finalidade, destinação e se seus dados serão compartilhados ou não. Assim, qualquer alteração da finalidade deverá ser precedida de nova anuência, facultando ao usuário, inclusive, a possibilidade de visualização, correção de dados incompletos, inexatos ou desatualizados, a anonimização, a portabilidade das informações a outro fornecedor de produto ou serviço e a exclusão das informações armazenadas. Cabe ainda destacar que o usuário poderá revogar sua autorização a qualquer tempo, e que uma das exigências da lei é que empresas ou órgãos públicos deverão excluir os dados após o término da relação com cada cliente. A LGPD não se aplica se o uso dos dados for realizado Por Christiane Schramm Guisso Schramm Hofmann Advogados Associados christiane@sh.adv.br

para as seguintes hipóteses: fins jornalísticos, artísticos, acadêmicos, proteção de dados, tutela da saúde em procedimento realizado por profissionais da área, proteção à vida, atividades de investigação, exercício regular de direitos em processo judicial, administrativo ou arbitral, repressão de infrações penais, quando necessário para a execução de contrato ou de procedimentos preliminares relacionados a contrato do qual seja parte o titular e a pedido do próprio titular dos dados. Entretanto, não estão abrangidos pela excludente prevista nos art. 4º e 7º da LGPD eventual vazamento de informações, tais como o tipo de contratação, valores e forma de pagamento. Desta forma, é extremamente recomendável uma visão estratégica de adequação iniciando pela análise do modelo de negócio, mapeamento de dados pessoais, avaliação das bases legais, roadmap, diagnóstico e planejamento para adequação à lei, incluindo a criação de uma política de segurança e proteção de dados com procedimentos internos, por exemplo, para solicitação de arquivamento de dados no desligamento do colaborador, método de descarte, processo de despersonificação de dados pessoais, dentre outros. Essa análise também deverá se estender nos contratos firmados com prestadores de serviços, terceiros e parceiros. Cumpre destacar que a nova legislação estabelece a responsabilidade civil dos responsáveis pelo tratamento de dados, que serão obrigados a ressarcir eventuais danos patrimoniais, morais, individuais e coletivos. Ainda, no tocante às penalidades, a LGPD prevê sanções administrativas como advertência, aplicação de multa diária de 2% do faturamento da empresa infratora, limitada ao montante de 50 milhões por infração, dentre outras. O valor da multa diária deverá observar a gravidade da falta e a extensão do dano ou prejuízo causado e ser fundamentado pela autoridade nacional. Neste novo cenário, é certo afirmar que todas as empresas sofrerão impacto com a vigência da LGPD, sendo de extrema importância a revisão, alteração e estruturação destes de forma a atender aos requisitos de segurança e às boas práticas de governança corporativa, com vistas a se adequar à evolução normativa relacionada à privacidade e proteção de dados. Para sintetizar a importância do tema, gosto muito da frase de Alexandre Secco que afirma: “A privacidade agora tem um valor e a irresponsabilidade tem um preço.”


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O quE Os EmprEEndEdOrEs dE jOinvillE E rEgiãO EspEram da próxima gEstãO municipal?

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Democracia representativa. Esse é o modelo adotado pelo Brasil para que os cidadãos, por meio do voto, escolham quem ocupará os cargos eletivos. Os representantes escolhidos durante as eleições têm como principal objetivo apresentar propostas, estabelecer e executar leis. Daqui a um ano, eleitores de todo o Brasil exercerão a democracia representativa ao irem às urnas para eleger os próximos representantes municipais. Em outubro de 2020, Joinville conhecerá seu 46º prefeito. Até lá, os principais desafios que a cidade enfrenta e que precisam solução estarão em evidência em entrevistas, debates e propagandas eleitorais. Por isso, a um ano das eleições municipais de 2020, a Mundo MPE lança a primeira parte de uma trilogia que propõem a análise dos principais desafios da região e a expectativa da comunidade empresarial sobre a futura gestão.

Antes de pensar no futuro é preciso olhar para o passado. Antes de ser Joinville, a maior cidade do estado foi a Colônia Dona Francisca. Seu início foi marcado pelo contrato assinado em 1849, entre a Sociedade Colonizadora de Hamburgo e o príncipe e a princesa de Joinville (cidade francesa de mesmo nome). Ele, filho do rei da França, e ela, irmã do imperador D. Pedro II. Com o acordo firmado, em 9 de março de 1851, chegaram os primeiros imigrantes europeus para colonizar o local. Durante o período da Monarquia, Joinville foi administrada pelos diretores da Colônia e, a partir de 1869, simultaneamente pelos presidentes da Câmara Municipal. Os diretores eram nomeados pela Sociedade Colonizadora de Hamburgo para administrar toda a Colônia Dona Francisca.

Com a instalação da Câmara Municipal, os vereadores eleitos pelo voto popular escolhiam o presidente da Câmara, que passou a acumular a função de chefe do executivo, tornando-se responsável somente pela administração da cidade de Joinville, ficando a Colônia Dona Francisca (que abrangia os atuais municípios de São Bento do Sul e Jaraguá do Sul) ainda sob a direção da Sociedade Colonizadora de Hamburgo. Na República, as funções executivas eram conferidas aos superintendentes, eleitos diretamente pelo voto popular. Eles foram substituídos, a partir da década de 1930, pelos prefeitos municipais. Desde então, 46 pessoas já ocuparam esse cargo na Manchester Catarinense. E, em outubro de 2020, os joinvilenses elegerão o próximo representante municipal, que enfrentará uma série de desafios.


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ExpEctativas para a próxima gEstãO Segundo o levantamento Joinville em Dados 2018, a cidade hoje conta com 577 mil habitantes. O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do município, que mede o grau de desenvolvimento de uma determinada sociedade nos quesitos de educação, saúde e renda, é de 0,809 (o 21º do país) e o Produto Interno Bruto (PIB) é de R$ 25,2 bilhões, o maior de Santa Catarina. No primeiro semestre de 2019, Joinville criou 6,7 mil vagas no mercado formal, o melhor resultado para o período desde 2011. Além disso, o município lidera o o Índice de Potencial de Consumo (IPC) em Santa Catarina: o valor estimado de consumo da população de Joinville soma R$ 21,68 bilhões, o que corresponde a 0,46266% do total que a sociedade brasileira deverá comprar, em 2019, em bens e serviços. Com um cenário tão favorável, quais serão os desafios que o futuro prefeito de Joinville enfrentará? Para Fernando Bade, presidente da gestão 2019 da Associação de Joinville e Região de Pequenas, Micro e Médias Empresas (Ajorpeme), o maior obstáculo a ser vencido é a burocracia que impede que

Joinville

empreendedores abram seus negócios com mais agilidade e movimentem a economia. “As licenças ambientais da Secretaria de Agricultura e Meio Ambiente são o maior exemplo disso. Já realizamos alguns encontros com a SAMA para analisar as dificuldades, com o objetivo de agilizar a aprovação de projetos, fiscalização e licenciamento ambiental. Precisamos buscar uma solução que atenda e minimize os prejuízos para as empresas e que respeite o meio ambiente, além de garantir a continuidade dos negócios e crescimento econômico de Joinville”. Bade ressalta que a Ajorpeme é apartidária, mas isso não significa que é uma entidade apolítica. “Estamos de olho nos poderes legislativo, executivo e judiciário para acompanhar as propostas que podem impactar a comunidade. O objetivo é garantir que não sejam aprovadas leis que contrariem os interesses das micro e pequenas empresas”, explica. Segundo ele, a expectativa é que a nova gestão atue em parceria com a Câmara de Vereadores: “Queremos a Prefeitura alinhada à Câmara para reduzir a burocracia”.

“Há diversas áreas que precisam de atenção em Joinville para que a cidade continue economicamente desenvolvida e permaneça na vanguarda. Tanto em assuntos que são responsabilidade direta da prefeitura, quanto nos que dependem da articulação com os governos do estado e federal. O município é uma referência em educação pública, mas carece de melhorias substanciais na mobilidade, especialmente nos acessos à cidade, na rede de esgoto, no fornecimento de energia, na saúde pública, além de precisar despoluir

Os dEsaFiOs dO próximO prEFEitO dE jOinvillE Após oito anos de gestão do prefeito Udo Döhler, o nome mais votado nas urnas em Outubro de 2020 terá a tarefa de comandar a maior cidade de Santa Catarina. Investimentos em educação, saúde, segurança e a criação de novos postos de emprego são apenas alguns dos inúmeros desafio a serem vencidos. Para analisar os principais pontos do município que precisam de atenção, a Mundo MPE conversou com empresários, representantes do Conselho das Entidades e outras personalidades.

o rio Cachoeira e seus afluentes. Também é importante facilitar o empreendedorismo e promover o resgate cultural do município. Éramos conhecidos como a cidade das flores, algo que começa a se perder e que deve ser revalorizado, assim como fazemos com a dança, que está integrada à cidade e é motivo de orgulho para os joinvilenses. Podemos tornar Joinville mais bonita e agradável, tanto para quem mora na cidade quanto para as pessoas que nos visitam, mas isso passa por esse resgate cultural.”

Mario Cezar de Aguiar Presidente da FIESC


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José Manoel Ramos Presidente da CDL Joinville

“Como a nossa missão é representar os associados, esperamos uma atuação maior do Executivo no combate à informalidade, principalmente no centro da cidade. Os ambulantes e as feiras itinerantes prejudicam os comerciantes que pagam seus impostos e geram empregos. Entre nossos pleitos também estão a padronização de calçadas e praças e maior agilidade na liberação de alvarás e licenças ambientais. A ação mais urgente é resolver o problema com as obras de macrodrenagem do rio Mathias. O centro precisa de revitalização e isso só será possível após o fim desse impasse, que tanto

prejuízo tem causado à cidade, principalmente ao comércio localizado no entorno das obras. Só assim poderão ser feitas melhorias na região central. Outro problema são as pessoas em situação de rua. O novo prefeito precisa ser visionário e ter o foco na inovação. Também precisa desenvolver projetos voltados ao desenvolvimento e à qualidade de vida das pessoas, além de ser um bom líder político. A entidade espera ainda que o próximo prefeito continue investindo em educação e saúde, mas aumente a atenção na infraestrutura.”

Rudi Soares Presidente da Acomac Joinville

“Esperamos do próximo prefeito a redução do quadro funcional da Prefeitura em 30%, desvinculando o serviço público para terceirização. Dentre os problemas mais urgentes que precisam de solução está a mobilidade urbana; a melhor distribuição das academias, praças e pista

de esportes entre os bairros da cidade; e a segurança pública. Também precisamos acelerar o processo das licenças ambientais e novas normas para o uso de caminhões nas ruas da cidade, com a flexibilização de horário para entrega de produtos.”

Maria Conceição Junckes Presidente do Conselho Municipal de Turismo (COMTUR)

“O próximo prefeito de Joinville precisa olhar para o turismo como uma atividade econômica, que gera emprego e renda. Como uma cidade industrial, Joinville tem forte apelo ao turismo de negócios, que é o segmento que mais traz investimentos para o município. Alguns problemas urgentes a serem resolvidos são: a revitalização

das nossas praças, do centro da cidade e nossos atrativos turísticos, que são administrados e preservados pelo poder público. Nossos cartões postais estão abandonados. Precisamos urgente de mais atenção para o turismo de Joinville. Turismo se vende pelos olhos e pela história que encanta o turista.”

João Joaquim Martinelli Presidente da ACIJ

“Não queremos um chefe do executivo que faça política na prefeitura e, principalmente, que não a use como um trampolim para próximas campanhas eleitorais. É preciso que o novo prefeito de Joinville assuma o compromisso de fazer o melhor para a cidade e sua população, independente do partido político ao qual pertença. A infraestrutura ainda será a maior demanda. Não faz sentido a maior cidade do estado não ter acessos decentes. Nas áreas de fornecimento de água e de saneamento temos acompanhado, há

um bom planejamento; que terá de ser seguido pelo próximo chefe do executivo joinvilense. Joinville passa por outro problema que aos poucos têm de ser resolvido, amenizado, com políticas públicas sociais. E falo aqui do número elevado de moradores de rua. Hoje são quase mil pessoas morando nas ruas, marquises e estacionamentos. Há de se ter um olhar e ação pontual para mudar esse cenário. Isso integra uma série de atividades; precisamos de uma cidade bonita, limpa porque isso melhorará autoestima dos moradores.”

Ir. Ivete Negreli Diretora geral do Hospital Infantil Dr. Jeser Amarante Faria

“A saúde é uma área que sempre merece atenção por parte da classe política, porque somente uma população saudável pode ajudar a construir uma nação próspera. Para que os joinvilenses, sobretudo as crianças e adolescentes, tenham cada vez mais qualidade de vida, nossos

futuros governantes deverão continuar tendo um carinho especial com as Unidades Básicas de Saúde, que representam a porta de entrada para o sistema de atendimento médico e assistencial, além de darem suporte às Unidades de Pronto Atendimento e Hospitais.”


23 “O Observatório Social do Brasil Joinville espera que a próxima administração municipal atue com foco na solução dos problemas emergenciais da cidade, sendo eles: saneamento básico, mobilidade urbana e melhorias contínuas nos processos de controle administrativo. Um ponto crucial para a administração pública será a adaptação às novas tecnologias de gestão, além de buscar redução do quadro de funcionários. Desta forma, aliviará os custos com a folha de pagamento, atualmente um problema que tornar-se-á ainda maior nos próximos anos. A abertura à novas ideias é fundamental para o sucesso administrativo das próximas gestões. Infelizmente, Joinville não é pensada de forma prática para os próximos 20 ou 30 anos. Trabalha-se a gestão pública no curto

prazo e isto impactará as próximas gerações. O grande problema que a cidade terá que enfrentar é a mobilidade urbana, pois está crescendo e não tem nenhum ordenamento neste sentido. A cidade está com um adensamento muito baixo, o que gera custos elevados para a administração pública. Obviamente, este é um tema cuja solução está no médio e longo prazo, mas deve ser pautado imediatamente. Outro ponto crucial é a questão da segurança, que deve ser pensada não no final do processo, mas sim pelo início, isto é, pela educação da população. O município, dentro de sua competência, deverá cobrar do Governo Estadual reforço na educação do ensino médio, pois é neste ponto que estamos perdendo os nossos jovens para a criminalidade.”

Alexsandro Schu Presidente do Observatório Social de Joinville

“Falando sob a ótica da Polícia Civil, existem problemas estruturais e baixo efetivo policial. Há necessidade de reformulação do modo de trabalho, rumo à especialização, para a apresentação de melhores resultados. Também precisamos de apoio no desenvolvimento de nossas atividades junto aos governos estadual e federal. Almeja-se uma atuação do executivo municipal nas áreas

de habitação e ambiental, com a necessária reestruturação de condomínios residenciais que se tornaram bolsões de criminalidade, como os Residenciais Trentino e Rúbia Kaiser, por exemplo. Há ainda que se ter uma ação efetiva com vistas à contenção do crescimento de áreas de invasão, as quais se iniciam a partir do aterro irregular das áreas de mangue.”

Tânia Harada Delegada regional de Joinville

“O Município de Joinville possui índices elevados de qualidade no que diz respeito à educação básica, resultado de boa formação dos professores e de investimentos em infraestrutura física, incluindo a tecnológica, e de pessoal. No entanto, devemos buscar permanentemente, uma formação de base cada vez melhor para nossas crianças e jovens. É por meio da educação que mudaremos nosso país para melhor. Um país sem corrupção, onde as pessoas possam ir e vir com segurança, onde tenham direito a um trabalho digno, saúde e qualidade de vida. E temos a

oportunidade de dar o exemplo a partir da nossa cidade. Esperamos ver as nossas crianças e jovens na escola até o final do ensino médio para que tenham condições de decidir o seu futuro, e não sejam forçadas a caminhos que, muitas vezes, não foram suas escolhas. Para isso, precisamos assegurar a qualidade do ensino e, ao mesmo tempo, tornar a escola mais atrativa e vencer a evasão escolar. Acreditamos, por exemplo, no potencial do esporte, da cultura e da tecnologia como importantes aliados nessa empreitada.”

Sandra Aparecida Furlan Reitora da Univille

Araquari e Balneário Barra do Sul


24 Araquari

O futuro da região Norte

Bal. Barra do Sul

Segundo o Índice de Performance Econômica das Regiões (IPer), o Norte de Santa Catarina foi a segunda região com o maior crescimento de atividades econômicas no ano passado: 8,75%, em relação ao memso período de 2017. A região Norte ficou atrás apenas do Vale do Itajaí, que teve um aumento de 11,86%. Nos últimos ano, o Norte catarinense recebeu fábricas de mutinacionais como BMW, Hyosung e TVH, que geraram centenas de postos de emprego e atraiu outras empresas em busca de parcerias e novas oportunidades. Além de Joinville, destaca-se na região o município de Araquari. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Araquari é a cidade que mais cresce no Estado. De 2018 para 2019, o município teve um aumento populacional de 3,9%, chegando a 38.129 habitantes. Um dos motivos do crescimento é a expansão dos negócios. Atualmente, Araquari possui mais de 5 mil empresas cadastradas no setor de Tributação entre micro empreendedores individuais, pequenas e grandes empresas.

Póxima a Araquari, Balneário Barra do Sul também chama a atenção dos catarinenses, principalmente na temporada de verão. Época em que a cidade chega a receber cerca de 100 mil pessoas. Com população estimada em 10.550 moradores, Barra do Sul atrai os veranistas pelas belezas naturais, como um arquipélago formado por cinco ilhas: dos Remédios, Feia, Araras, Instriptinga e Islobo. Apesar de tantos atrativos, as cidades vizinhas ainda enfrentam algumas dificuldades como o abastecimento de água, a distribuição de energia, investimentos em infraestrutura e outros desafios que aguardam a gestão que será eleita nas eleições municipais de Outubro de 2020. A Mundo MPE conversou com alguns empreendedores para entender o que ainda é preciso melhorar na região.

Vandio Barbosa Radialista

“Como radialista, tenho contato direto com as pessoas e observo alguns problemas que precisam de soluções urgentes: saneamento básico, calçamento, pavimentação de ruas, infraestrutura, mais saúde e emprego. Araquari é a cidade que mais cresce, na região Sul, por isso recebe-

mos muita gente nos últimos anos, o que exige mais investimentos na cidade. Espero que, quem quer que seja o novo prefeito, possa dar continuidade as obras que hoje estão sendo feitas, e, as que se fazem necessárias, para que o povo tenha a qualidade de vida que merece.

Juliano Matias Empreendedor

“Que o próximo prefeito, antes de tudo, tenha comprometimento com os Barrasulenses, seja na área da saúde, educação, segurança e turismo. Espero do novo prefeito um gestor, que olhe com carinho como se fosse sua empresa, que nas dificuldades saiba ser humilde e busque soluções. Que nós possamos contemplar um gestor dedicado, que venha ser parceiro e buscar soluções, a busca deve ser constante e colocar aos Barruselenses uma esperança de qualidade de vida. Os principais problemas do município que ele precisa resolver são: fortalecer o comércio local, infraestrutura na orla, dar sequência/continuidade no saneamento, pavimentações e saúde. Olhar com muito carinho pelo plano diretor e

principalmente na verticalzação (entendo que a construção gera empregos, fomenta o comércio local e atrai olhos de novos investidores, digo que é uma das prioridades URGENTES), essa colocação tem que ser levado a sério, pois já estamos atrasados e perdemos muito sem ter esse plano diretor definido, volto a dizer que estamos alguns anos atrás de Municípios que cresceram e nós ficamos na mesma e velhaquem política, falando mais sobre atrair investidores ou futuros moradores o turismo tem que ser fortalecido, somos rodeados por ilhas paradisíacas e águas própria para banhos, uma lagoa espetacular para esportes aquáticos e navegações, quando realmente olhar para estes pontos teremos um Município para todos e são essenciais.”


25 “É preciso estar cada vez mais atento à eficiência da máquina pública, tanto no que se refere à gestão de gastos e arrecadação, como na concepção de políticas públicas que incentivem os milhares de empreendedores a continuar cumprindo sua função social de gerar empregos e renda. O prefeito poderá regulamentar e implementar o tratamento favorecido e diferenciado às micro e pequenas empresas, previsto pela Lei Geral da Micro e Pequena Empresa. Além de promover o uso do poder de compras do município e o desenvolvimento de novos mercados em benefício às MPEs, dando preferência ao empresário local Outras iniciativas interessantes: disponibilizar espaço público único para atendimento ao empreendedor, à exemplo da Praça do Empreendedor implementada no município de Blumenau; simplificar e desburocratizar a abertura , alteração e baixa de empresas; inserir o tema Educação Empreendedora no currículo da rede municipal de Ensino Fundamental; e promover a cidadania

empresarial , mapeandoos potencias empreendedores que atuam na informalidade. O fortalecimento dos pequenos negócios está diretamente relacionado à promoção de condições satisfatórias de acesso à informação, redução da burocracia no processo de abertura de micro e pequenas empresas, facilidades tributárias, dentre outras. A Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas, sancionada em 2006, trouxe avanços significativos aos pequenos empreendimentos no país ao concretizar o tratamento favorecido e diferenciado à previsto na Constituição Federal de 1988. Vários municípios catarinenses já adotaram a legislação própria sobre o tema, adequando os princípios da Lei Geral Federall. Conhecer a realidade local e os caminhos para regulamentação municipal que traga benefícios práticos para as empresas locais é o primeiro passo de um candidato disposto a promover o desenvolvimento socioeconômico em seu município.”

“O próximo prefeito de Araquari deverá investir na área logística e mobilidade urbana. A cidade está em ritmo fora da curva de crescimento, mas sem nenhuma estrutura de rodovias e desvios para escoamento do transito, visto também que todo tráfico do porto de São Francisco do Sul passa pela rodovia que corta a cidade, a prefeitura deverá cobrar mais o governo federal para duplicação e melhorias da rodovia. Já em outras regiões da cidade não a nenhum planejamento para melhoria do transito, ruas abandonadas, nenhum projeto de padronização de calçadas, áreas industriais com grande fluxo de carros e pedestres, com muitas ruas de barro esburacadas que deixam a cidade com cara de abandonada. O próximo prefeito terá que negociar com grandes redes para investir na cidade, um exemplo que gera muito trabalho aos empresários da região é a falta de redes Bancarias, pois muitos tem que se deslocar até Joinville devido à falta de

bancos na região. Temos as questões fiscais, que tem um tempo de espera elevado considerando o tamanho da cidade, a fiscalização de licenciamento (bombeiro, vigilância) praticamente não existe, tendo empresas abertas a mais de 12 meses sem a fiscalização, gerando riscos a comunidade. A cidade está em ritmo de crescimento acelerado, e com isso a prefeitura deve ter investimento pesado e muito planejamento visando o futuro. E não se tornar só mais uma cidade travada e cheia de burocracias, que são os principais motivos para perder investidores. Precisamos de um prefeito aberto as negociações, que pense nas carências da região, que busque parcerias para a cidade, e principalmente coloque um time qualificado na prefeitura, para que a cidade seja planejada pensando nas empresas e na população.”

Viviane Awdzeijczik Empreendedora

Leonardo Kersten Empresário

Esta é a primeira parte de uma trilogia dedica às eleições de 2020. Acompanhe as novidades nas próximas edições da Mundo MPE e em nosso portal online.

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sem glúten

Sem leite, sem glúten, mas com muito sabor Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), 1% da população mundial é celíaca. No Brasil, de acordo com a Federação Nacional das Associações de Celíacos do Brasil (Fenacelbra), a doença acomete dois milhões de pessoas. Há também estimativas que apontam que até 40% da população brasileira adulta é intolerante à lactose (em diferentes graus) e 18% são alérgicos à proteína do leite. Embora essas restrições alimentares existam há anos, o boom do mercado especializado nesse nicho é recente. E o principal desafio é mostrar que é possível fazer pratos saborosos, sem glúten e derivados do leite. Pioneira na área, Simone Ribeiro, nutricionista e sócia da Essência de Baunilha, fundou a empresa em 2007: “Quando meu segundo filho nasceu, apresentou alergia à proteína do leite de vaca. Naquela época, nos deparamos com um mercado sem opções. Diante desse cenário, uma colega começou a testar produtos para o nosso consumo”.

Tendência

Simone explica que a ideia inicial era focar no desenvolvimento de produtos para lojas e mercados. Porém, com a demanda cada vez maior, o foco da empresa mudou. “Hoje, produzimos para outras lojas e supermercados e também oferecemos produtos frescos como pães, bolos e biscoitos. Todos os alimentos são 100% livres de glúten, lactose (açúcar do leite de vaca) e caseína (proteína do leite de vaca). Também oferecemos opções livres de soja, ovo, açúcares e veganas”, conta. Além do público que convive com restrições alimentares devido à problemas de saúde, muitos dos clientes da Essência de Baunilha não são celíacos ou alérgicos: “Eles buscam nossos produtos por apreciarem o sabor e para optar por opções mais saudáveis de consumo”.


28 Esse também é o perfil dos clientes do Lait de Riz, restaurante que oferece opções sem glúten e sem lactose no cardápio. “Nosso propósito é trazer pessoas com restrições alimentares e mostrar para o consumidor comum que é uma comida gostosa. Apesar de não ter glúten ou lácteo, os pratos são muito saborosos”, ressalta Marina Dedekind, sócia do Lait de Riz. Marina também é nutricionista e, assim como Simone, sofreu com a falta de opções na cidade após o nascimento da filha: “Precisei retirar todo o glúten da nossa alimentação, pois havia suspeita de alergia e o valor dos produtos era muito caro. Acredito que seja muito interessante mostrar que agora existem opções acessíveis”. O Lait de Riz segue o conceito de bistrô e serve pratos feitos na hora, doces e salgados. Tudo isso em um ambiente livre de contaminação. “Oferecemos um ambiente seguro para quem tem restrições alimentares. Ouço muito que o restaurante ‘parece ser caro’. Esse é o nosso maior obstáculo: mostrar que cobramos um preço justo por uma comida saborosa”, conta Marina.

Para Simone, o principal desafio é deixar o cliente seguro e fidelizá-lo. “Essa é uma área que atrai olhares de muitos empreendedores, por ter uma demanda crescente. Muitas pessoas se arriscam nesse ramo, oferecendo aos clientes novas opções e sabores. O desafio é fazê-los retornar. Para isso é necessária inovação, novos produtos e novas apresentações”, observa. Apesar de ser um mercado em expansão, ela ressalta que ainda há poucos incentivos para quem empreende na área: “Não recebemos incentivos tributários ou de qualquer outra natureza, apesar de estarmos trabalhando para melhoria da saúde das pessoas. O que nos mantêm no mercado é o incentivo de clientes e parceiros que reconhecem nossos diferenciais e apreciam nossos alimentos”.

EntEnda as diFErEnças

dOEnça cElíaca

intOlErÂncia À lactOsE

alErgia À prOtEína dO lEitE

A doença celíaca é uma doença autoimune, ou seja, as próprias células de defesa imunológica agridem as células do organismo, causando um processo inflamatório. Na doença celíaca, a inflamação é provocada pelo glúten, proteína presente no trigo, cevada e centeio. Esse processo inflamatório, que no caso ocorre na parede interna do intestino delgado, leva à atrofia das vilosidades intestinais, gerando diminuição da absorção dos nutrientes.

Intolerância à lactose é o nome que se dá à incapacidade parcial ou completa de digerir o açúcar existente no leite e seus derivados. Ela ocorre quando o organismo não produz, ou produz em quantidade insuficiente, uma enzima digestiva chamada lactase, que quebra e decompõe a lactose, ou seja, o açúcar do leite.

A APLV é um tipo de alergia ao leite na qual o sistema imunológico do bebê responde às proteínas encontradas no leite de vaca, fazendo com que ele apresente sintomas alérgicos. Estes podem incluir problemas com a pele (erupção cutânea, urticária, pele seca, escamosa ou coceira), sistema digestivo (diarreia, vômitos, constipação e refluxo) e sistema respiratório (respiração barulhenta, tosse, corrimento nasal). Geralmente a APLV ocorre antes do primeiro ano do bebê.



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EmprEsa 4.0 artigO Há uma revolução em curso, trata-se da quarta revolução industrial, ela causará mudanças radicais na forma como vivemos. Tudo será afetado: o trabalho, o lazer, a forma como nos relacionamos e como vemos o mundo. E a maioria das empresas não estão preparadas para ela. Esta é caracterizada pelo big data, o fenômeno do armazenamento e processamento de dados em quantidades jamais experimentadas anteriormente e suas mais diversas aplicações.

Sinais da quarta revolução? A produção aditiva - uso de impressoras 3D já alcança 0,5% de toda a produção mundial e em 2020 teremos em torno de 250 mil carros sem motorista nas ruas.

Há estimativas de que em 2021 terão desaparecido por incapacidade de adaptação 40% das maiores empresas do mundo listadas na Fortune 500. Precisamos ficar atentos principalmente à nova economia que surge, a Outcome Economy, a economia de resultados. Nela as empresas farão parte de ecossistemas - vários fornecedores unidos participando do resultado de um ou mais clientes – e a monetização será por participação nos resultados.

Fenômenos mais próximos e palpáveis? Que tal as Plataformas? Elas estão revolucionando tudo o que sabemos sobre estratégia de negócios. Este novo modelo de negócio muda nossa forma de pensar. Uber, AirBnB, Amazon, eBay, Alibabá, Apple, Google, Facebook, só para falar de grandes plataformas.

No Brasil, enquanto o discurso agora está voltado para as startups como a grande tendência, os números do IBGE apontam que por três anos seguidos, de 2014 a 2016, a quantidade formal de empresas fechadas superou a de empresas abertas. O que necessitamos para mais do que apenas sobreviver na 4ª Revolução Industrial? Mudança dos

nossos modelos mentais; reflexão sobre nossos pressupostos; aceitação do novo, dificuldade da maioria dos empresários; incorporar o pensamento sistêmico e o complexo em nosso dia a dia para enxergarmos mais possibilidades e mais realidade a nossa volta. A adaptação será, então, uma emergência, uma consequência.

décio marcellino Consultor em Recuperação, Crescimento Organizacional e Bem-estar. Psicólogo Organizacional, Educacional e Clínico. Socionomista Didata. Doutorando em Psicologia (UCES – Buenos Aires). Graduado em Marketing. Pesquisador. Cientista de Dados. Escritor. Professor de Pós-graduação. Desenvolvedor de Games, Aplicativos e Plataformas. Investidor-anjo em Startups (tecnologia, disciplina de execução e tração).


Informe Publicitário

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navEgar é prEcisO Em apresentações que realizamos recentemente sobre a Lei Geral de Proteção de Dados, seja em clientes ou eventos, de maneira geral temos percebido o tom desanimado dos gestores com mais uma exigência legal, o que fatalmente resulta em custos adicionais. Não há como negar essa constatação, mas entendemos que é indispensável uma outra visão do alcance dessa nova Lei, na qual em seu artigo 1º é definido “... objetivo de proteger os direitos fundamentais de liberdade e de privacidade e o livre desenvolvimento da personalidade da pessoa natural.” Ainda que seja possível lembrar de algum exemplo contrário, as leis tentam estabelecer uma ordem, o que nos permite afirmar que os direitos fundamentais de liberdade, privacidade e livre desenvolvimento da nossa personalidade, estão sendo, de algum modo, realizados de maneira não adequada. Em artigo publicado em www.scientificamerican.com, Michael Fertik, em 2013 já emitia um alerta no título e subtítulo de seu artigo: Internet dos ricos é diferente das dos pobres - 99% de nós vivemos do lado errado de um espelho de mão única. Ainda que o tom alarmista sirva para melhorar a audiência, algumas reflexões se fazem necessárias: Realmente estamos fazendo escolhas quando utilizamos a internet ou nosso controle é ilusório na medida em que o que nos é apresentado é fruto de um refinamento de terceiros? Esses terceiros decidem qual produto, preço, notícia, pessoa, etc., nos é apresentado? Para entender um pouco melhor o cenário temos um termo em voga que é BigData, que, resumidamente é a capacidade de processar grandes volumes de dados em tempo reduzidíssimo. Essa capacidade permite extrapolar algo que já deve ter ocorrido com todos que navegam na Internet.

Eduardo Pagano, é bacharel em ciências contábeis, pós-graduado em contabilidade e finanças e possui MBA em tecnologia da informação. pagano@zemus.com.br

Experimente fazer uma busca na internet com o título barraca amarela. A partir dessa busca, seu e-mail, redes sociais e até novas buscas trarão, sem você pedir, anúncios de vendas, clubes, etc., de... barracas amarelas. O que o autor e vários outros tem afirmado é que, dada a grande capacidade de análise, a oferta de uma barraca amarela estará limitada ao que terceiros julgam que você pode gostar e por fim comprar, ou seja, por conta dessa “curadoria” você provavelmente não terá acesso a todas alternativas, mas apenas àquelas que julgam ser mais apropriadas a você. Se isso for correto, o que dizer de buscas por notícias, históricos, pessoas, etc.? Será que recebemos o que procuramos ou o que acham que devemos receber? Teorias da conspiração a parte, vale a pena pensar e refletir sobre nosso consumo de internet e sobre formas de evitar que essas Teorias se transformem em Práticas. Isso nos parece possível, ou pelo menos não muito distante, quando começamos a desenvolver uma visão crítica em relação aos nossos dados pessoais e ao que nos é ofertado. Gestores e empresários podem, e agora - por força de Lei devem, colaborar na criação dessa nova consciência entre seus clientes, fornecedores, empregados, etc. A Lei Geral de Proteção de Dados pode ser vista apenas como mais um penduricalho nesse cipoal de Leis existentes no Brasil, ou, como uma ferramenta para uma mudança cultural significativa em nossa sociedade. Como já disse o poeta: navegar é preciso. No entanto, nesses novos tempos, além de navegar precisamos ter certeza ou, no mínimo, conhecimento de que o vento não está sendo direcionado.


32 • Quais os principais desafios que já enfrentou como empreendedor? Trabalhar com cultura é muito instável. Precisamos nos adaptar aos períodos do ano. De uns anos para cá, trabalho muito na área de educação ambiental e do trânsito, em parceria com órgãos públicos. No final do ano, focamos no Natal para suprir a necessidade do momento. Na época do Festival de Dança, montamos um espetáculo chamado “Tudo vira dança”. A produtora também tem parcerias como a Feira do Livro, por exemplo. E com a Enjoy Ticket temos uma visibilidade interessante. Temos clientes como o Bolshoi, Festival de Corais, a Associação Joinvilense de Teatro (Ajote) e o Pianístico. Procuramos a Ajorpeme também para começar a ingressar no mundo corporativo. Fazemos a venda de ingressos online para congressos, seminários e outros eventos. • Como avalia o incentivo à cultura em Joinville? As políticas públicas e o Simdec são muito fortes aqui, apesar de alguns obstáculos que enfrentamos ao longo dos últimos anos, devido à gestão atual. A lei consegue garantir bons recursos para os artistas locais. A duras custas, Joinville é forte nessa área. Existem problemas, poderia ser muito melhor, mas, quando decidi voltar foi por conta disso. • Você tem alguma dica para quem quer empreender nessa área? A economia criativa está em alta. A cultura proporciona criatividade de uma forma muito ampla. A arte é cada vez mais necessária. Pensando na forma criativa que a arte pode proporcionar, existe essa vontade de transformação. É um universo a ser explorado. Não é fácil, assim como qualquer área. Trabalhando com cultura hoje, me sinto realizado pois tenho a oportunidade de fazer as pessoas se verem de um jeito diferente. Se enxergarem e se reavaliarem enquanto indivíduos.

a artE dE EmprEEndEr EmprEEndEdOrismO E cultura Há mais de 20 anos, Cássio Correia trabalha na área da cultura. Formado em teatro pela Universidade Regional de Blumenau (Furb), ele é produtor cultural, ator e empresário. Cássio está à frente da Essaé Cia. de Teatro, da Essaé Produção e Casting e da Enjoy Ticket. Em conversa com a Mundo MPE, ele revela os principais desafios de empreender na área cultural: “A arte é cada vez mais necessária e é um universo a ser explorado”. Confira! • Como você começou a empreender na área da cultura? Eu trabalho com três segmentos. Tenho uma companhia de teatro, a Essaé Cia de Teatro, onde sou ator. Hoje, somos em 4 pessoas na equipe. Tenho uma produtora cultural, a Essa é Produção e Casting, que produz espetáculos e eventos como a Feira do Livro, por exemplo. E também tenho uma empresa de bilheteria de eventos, a Enjoy Ticket. Tenho nove anos de estrada como técnico de cultura do Sesc. Cheguei a trabalhar como coordenador de cultura do estado, em Florianópolis. Toda essa experiência, apliquei na hora de empreender. No início foi desafiador. Paralelamente ao meu trabalho no Sesc, eu já tinha a companhia de teatro. Quando decidi empreender, embora Florianópolis seja a capital, não pensei em ficar lá. Vim para Joinville pelo incentivo à cultura que encontrei aqui. Lá acontecem mais coisas, existem mais teatros, mas, considerando fundos municipais de incentivo à cultura, Joinville é muito mais rica.


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Entre altos e baixos Começar uma startup ou um novo negócios no Vale do Silício não é nada fácil. Antes de fazer sucesso e alcançar crescimento exponencial, você (provavelmente) fracassará algumas vezes. Silicon Valley mostra as principais dificuldades que os empreendedores enfrentam para emplacar suas ideias no Vale!

As lições de Silicon Valley para a sua empresa Na tela O Vale do Silício, região da Califórnia fértil em inovações tecnológicas e científicas, é o cenário da comédia Silicon Valley. Lançada em 2014 pela HBO, a série acompanha a vida de seis programadores. No primeiro episódio, o protagonista Richard Hendricks recebe duas propostas: vender sua ideia de negócio por US$ 10 milhões ou receber um aporte de US$ 200 mil por 5% da empresa. Apesar da ficção, a história lida de maneira divertida e crítica com os problemas reais enfrentados por empreendedores da região. Veja alguns insights de Silicon Valley para aproveitar na sua empresa.

Tire as ideias do papel Para ler Empreendedores são movidos por ideias, mas nem todos conseguem colocá-las em prática. Investir no desconhecido é algo que causa insegurança até na pessoa mais experiente. Para ajudar você a tirar todas as suas ideias do papel sem medo, separamos dois livros que podem te ajudar nessa jornada.

A cultura do Vale do Silício A cultura organizacional é um dos pontos mais fortes das empresas de sucesso. No Vale do Silício, empresas como Google e Amazon são aclamadas pelos modelos adotados na rotina dos colaboradores. Na série, a Hooli - uma gigante da tecnologia que parodia a Apple - mostra os benefícios e malefícios desse tipo de ambiente no trabalho. Encontre especialistas Apesar de uma grande ideia, Richard não sabe nada sobre gestão de negócios. Para conseguir levar a empresa adiante, ele precisa contratar um especialista na área. Se assim como na série você também não tem conhecimento técnico sobre alguma área específica, procure um profissional que possa auxiliá-lo.

De onde vêm as boas ideias: Uma história natural da inovação Autoras: Steven Johnson Editora: Zahar Sobre o livro: Steven Johnson investiga como surgem as boas ideias e as características dos ambientes em que elas são mais comuns. O autor identifica os ambientes férteis em pensamentos originais -(laboratórios científicos, redes de informação na internet) e mostra o que têm em comum com ambientes naturais também tipicamente inovadores (os recifes de coral, as florestas tropicais). Como empreender na era digital e tirar ideias do papel Autoras: Tiago Mattos Editora: Belas-Letras Sobre o livro: O mundo está cheio de histórias de empreendedores que começaram do nada. O autor mostra neste livro que você pode criar uma empresa bem-sucedida do zero, se tiver o mindset certo e entender como o mundo está mudando.




o sonho de empreender. É o que mostra uma pesquisa realizada Herbalife Nutrition e conduzida pela OnePoll. Para abrir a própria empresa, não basta uma boa ideia. É preciso planejamento. “Empreender no nosso país não

Seja paciente e cuidadoso. Se você está trabalhando, não pense em deixar o seu emprego no curto prazo. Se não está trabalhando, procure um emprego que te permita ter essa tranquilidade. Utilize bem o dinheiro que ganhar para não desperdiçar recursos que serão úteis no futuro.

é tarefa fácil, é para os fortes.

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Os negócios mais lucrativos começaram como uma solução simples e, com o tempo, foram se desenvolvendo e gerando lucro. Esse é o caminho natural. Com a sua empresa, você deve ser capaz de fazer a vida das pessoas mais fácil, com muita qualidade e a um preço justo.

4 Tenha um caderninho sempre a mão para anotar ideias e tarefas. Não deixe passar nem subestime nenhuma ideia! Anote tudo o que vier na sua mente, o que escutou de alguém, que viu na rua, etc e que acha que poderá ser útil para o seu negócio.

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diretor geral da Conselho Consultoria de Negócios. Está meio perdido e não sabe por onde começar? Matías separou 10 passos para você se planejar financeiramente e ser o seu próprio chefe. Confira!

Defina um horário semanal para dedicar tempo a pensar, investigar, calcular e estruturar o seu negócio. Seja realista, procure um momento que você tenha pelo menos 99% de certeza que terá o tempo, as energias e o ambiente necessário.

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Mas não é algo impossível! Com muito foco você pode,

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Baseado no ponto anterior, faça os ajustes necessários. Com as sugestões e opiniões colhidas, volte ao plano de negócios e reescreva, acrescente, aprofunde, mude ou reduza o que for necessário. Não se desanime se a ideia inicial do negócio mudar, já que é provável que nesse estágio ela esteja mais próxima de ser uma solução do que uma simples ideia.

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Planeje as finanças do seu negócio, começando pelos custos e despesas. Coloque em uma planilha o investimento inicial, todos os custos mensais e anuais, recorrentes e esporádicos, salários, prólabore, etc, etc. Se para o investimento e capital de giro for utilizar recursos próprios, crie um fundo pessoal com bastante antecedência. Se não, procure recursos em investidores, fundos, banco. etc.

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Busque opiniões e “venda” a solução para os seus achegados. Leve a sua ideia para os seus amigos, colegas, familiares e teste. Tente perceber se com pouca informação, as pessoas conseguem enxergar uma solução para um problema. Eles vão ser sinceros e vão te ajudar a ver coisas que você não está vendo.

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Faça um Plano de negócios simples. Escreva a solução que você oferece, qual será o canal de venda, qual estrutura será necessária, qual o capital necessário, entre outros. Não precisa criar um grande documento com muitos estudos, previsões e indicadores. Foque nas informações que você tem disponíveis e que serão úteis para se ter uma visão geral do negócio.

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Com a estrutura de custos pronta, defina qual será a margem de lucro e qualquer outro item que seja aplicável no seu negócio e que afetará o preço, como margem de desconto ou multiplicadores. Não pense que os clientes comprarão de você simplesmente por ser o mais barato. Fazer um benchmarking de como estão os preços de produtos ou serviços semelhantes no mercado também é uma boa ideia.

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Complete o planejamento financeiro com a estimativa das vendas e faça uma revisão do plano de negócios. Com o preço definido, estime a sua receita média por mês, leve isso para planilha e veja como se comportará o negócio no médio prazo. Lembre-se: o final do planejamento financeiro é o início de um negócio de sucesso.





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