Consciência e Liberdade N.º 15 (2003)

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A liberdade religiosa

– estão hoje totalmente desacreditadas, rejeitadas, substituídas! Não teriam as espiritualidades sem Deus, sem nos apercebermos, tomado o lugar das grandes tradições monoteístas que deram origem às civilizações judaico-cristãs ou islâmicas? As grandes tradições religiosas, como aliás as ideologias, tendo-se mos­ trado dramaticamente incapacitadas do impedir as tragédias e os massacres da história, não é de admirar que a palavra “religião”, nessas condições, se tenha tornado suspeita… Teremos já chegada a uma era de transcendência sem Deus? Finalmente, nesta hora de moder­ nidade, temos nós ainda necessidade de uma referência divina, de dogmas intocáveis, de verdades impostas do alto? Centralizar tudo no indivíduo, a sua felicidade, a sua experiência, o seu carácter único? Prestemos atenção à solidão in­quieta do homem sem bússola, ao caminhante na noite sem estrelas! Necessitamos, acima de tudo, de reencontrar Deus.

*Esta intervenção não poude ser apresentada oralmente. No entanto, o seu autor, aceitou que publicássemos este texto. **Presidente honorário da Universidade Pantheon-Assas antigo membro do Conselho Constitucional de Paris.

1. NR. Depois da redacção deste texto, e na sequência do relatório da Comissão Stasi, no fim de 2003, a Assembleia Nacional francesa envolveu-se num debate sobre um projecto de lei sobre a laicidade e o uso de insígnias religiosas, nos estabelecimentos de ensino público em França.

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