#6 AHEADMAG

Page 1

AHEAD

mag

O PARAÍSO INSULAR QUE CONQUISTOU GAUGUIN THE ISLAND PARADISE THAT SEDUCED GAUGUIN A MODA ATEMPORAL DE "BONEQUINHA DE LUXO" THE TIMELESS FASHION OF “BREAKFAST AT TIFFANY’S” 50 ANOS DE ROCK'N'ROLL COM O LED ZEPPELIN 50 YEARS OF ROCK WITH LED ZEPPELIN #06 PORT / ENG

R$ 18,00 7 5 13 20 9 552 89 6

00005

00004

00006

7 5 13 20 9 552 89 6

ISSN 2595-0533

7 5 13 20 9 552 89 6

IMAGEM EM CLOSE DE UMA BORBOLETA-CAUDA-DE-ANDORINHA (PAPILIO MACHAON) PAG. 66 // CLOSE-UP IMAGE OF THE BUTTERFLY OLD WORLD SWALLOWTAIL (PAPILIO MACHAON) P. 66



APRESENTANDO A COLEÇÃO TIFFANY PAPER FLOWERS Tiffany.com




A PA I XO N E - S E

P E LO

Ser viรงo de bordo /AviancaBrasil avianca.com.br


Nosso serviço de bordo é apaixonante! Feito com muito amor para que sua experiência de voo seja inesquecível. Aqui, fazemos tudo pra você se apaixonar. Boa viagem!


LETTER

VANGUARDAS AVANT-GARDES Um dos artistas mais importantes do século 19, o francês Eugène-Henri-Paul Gauguin foi um vanguardista na pintura e no turismo. Ao mesmo tempo em que sua produção artística pós-impressionista influenciou tantos pintores com o passar do tempo, seu exílio por conta própria no Taiti, em 1891, aconteceu muito antes de o arquipélago da Polinésia Francesa se tornar um dos destinos paradisíacos mais cobiçados do mundo. O pintor migrou para a Oceania fugindo dos códigos morais da Europa daquela época, mas não é preciso ser tão subversivo para aproveitar as paisagens deslumbrantes da Polinésia. Sorte da repórter Carla Lencastre, que passou duas semanas entre as ilhas de Taha’a, Bora-Bora, Taiti e Moorea para descobrir o que tanto atraiu Gauguin – resposta que você descobre apenas com um rápido olhar por nossas páginas. Se o assunto é vanguarda, a matéria de música desta edição resgata a história do Led Zeppelin, grupo inglês que revolucionou o rock. Em 2018, a primeira reunião de Jimmy Page, John Paul Jones, Robert Plant e John Bonham completa exatos 50 anos. Mas, por mais que milhões de fãs clamem por uma turnê de comemoração, um retorno aos palcos parece longe de acontecer. Ainda falando sobre tendências, resgatamos o figurino de Audrey Hepburn em “Bonequinha de Luxo”, filme de 1961 que virou sinônimo de clássico. Além disso, apresentamos o trabalho do designer egípcio Karim Rashid, considerado pela revista "Time" o "Príncipe do Plástico". Um dos principais nomes do design contemporâneo, ele coleciona uma prolífica produção que vai de pequenos objetos domésticos a projetos inteiros de grandes hotéis de luxo. As páginas desta revista ainda trazem reportagens sobre a gastronomia kosher – baseada em rigorosas tradições do judaísmo ortodoxo, a (r)evolução dos Muscle Cars, curiosidades por trás de uma lenda do beisebol, paisagens de castelos de tirar o fôlego e muito mais. Boa leitura!

// One of the 19th century’s most important artists, Frenchman Eugène-Henri-Paul Gaugin was an avant-garde man both in painting and in tourism. By the same token that his post-Impressionist artistic production influenced so many painters with the passage of time, his self-exile in Tahiti, in 1891, took place long before the archipelago in French Polynesia became one of the world’s most desired paradise destinations. The painter moved to Oceania to escape the European moral codes of his time, but you need not be as subversive as that to enjoy the breathtaking landscapes of Polynesia. Lucky for reporter Carla Lencastre, who spent two weeks between the islands of Taha’a, Bora-Bora, Tahiti and Moorea to discover what attracted Gauguin so dearly – an answer you will get with a quick look at our pages. If it is avant-garde we are talking about, the music piece of this edition brings back the story of Led Zeppelin, English group that revolutionized rock music. In 2018, the first reunion of Jimmy Page, John Paul Jones, Robert Plant and John Bonham celebrates its 50th anniversary. However, no matter how passionately millions of fans ask for a celebration tour, a return to the stage seems far from happening. Still talking about trends, we bring back Audrey Hepburn’s wardrobe in “Breakfast at Tiffany’s”, 1961 movie that became a synonym for classic style. In addition, we present the work of the Egyptian designer Karim Rashid, considered by the magazine "Time" the "Prince of Plastic". One of the leading names in contemporary design, he collects a prolific production ranging from small household objects to entire designs of large luxury hotels. The pages of this magazine also bring pieces about kosher food – based on the rigorous traditions of orthodox Judaism, - the (r)evolution of Muscle Cars, curiosities behind a baseball legend, breathtaking castle landscapes and a lot more. Have a nice reading!

Felipe Seffrin EDITOR

8 | AHEAD mag


DISCOVERY E DISCOVERY SPORT

CHEGOU A HORA DE DESCOBRIR O SEU MUNDO.

É tempo de explorar, de ir mais longe, de conhecer o novo. E a Família Discovery tem os SUVs ideais para acompanhar você nesses momentos. Com a versatilidade que você merece, aliada à nossa lendária capacidade off-road, ao incrível espaço interno e às tecnologias exclusivas que adaptam o veículo para qualquer caminho, seu destino será onde você quiser.

ATÉ 5 ANOS DE REVISÕES A PARTIR DE R$ 598,00/ANO

Visite uma de nossas concessionárias e descubra seu mundo. landrover.com.br

/ landroverbr Preço apresentado no anúncio é referente ao plano Land Rover Care para o modelo Discovery Sport SE Gasolina 240 cv, ano/modelo 2018. O plano Land Rover Care no valor de R$ 2.990,00 para o modelo Discovery Sport SE Gasolina 240 cv, ano/modelo 2018, e o plano Land Rover Care no valor de R$ 5.990,00 para o modelo New Discovery SE Diesel 258 cv, ano/modelo 2018, incluem os seguintes itens de revisão básica: óleo do motor, filtro de óleo do motor, bujão do óleo, filtro de ar, filtro de pólen, filtro de combustível (para veículos com motor a diesel), fluido de freio e mão de obra para estes itens. Pacote válido para até 5 (cinco) revisões básicas pelo período de 5 (cinco) anos ou 55.000 km, o que ocorrer primeiro. As revisões devem ocorrer em intervalos de 12 (doze) meses ou 10.000 km, o que ocorrer primeiro. O descumprimento ao plano de manutenção do veículo cancela o plano, sem direito à devolução do valor pago. A contratação do plano Land Rover Care deve ser feita no ato da compra do veículo e pago integralmente conforme o valor do plano, à vista.


sumário SUMMARY

84 Construções dignas de contos de fada

LIFESTYLE

12 14 16 18 20 32

A fotografia surreal de Paul Hamilton

The surreal photograph by Paul Hamilton Novos hotéis, restaurantes e museus mundo afora

New hotels, restaurants and museums around the world Três nightclubs com vistas privilegiadas

Three nightclubs with privileged views Museus fora do roteiro turístico convencional

Museums out of the conventional tourist route Lançamentos para a sua lista de desejos

Novelties for your wish list Uma experiência sensorial nas Filipinas

A sensory experience in the Philippines

42 48 50 52 58 64 66

O figurino clássico de “Bonequinha de Luxo”

The classic wardrobe of “Breakfast at Tiffany’s” Itens de beleza atemporal

Items of timeless beauty Roland Herlory e a moda praia da Vilebrequin

Roland Herlory and the Vilebrequin beachwear Conheça a obra do designer egípcio Karim Rashid

Meet the work of the Egyptian designer Karim Rashid Regras e delícias da gastronomia kosher

Rules and treats of kosher cuisine Descubra a Ilha da Madeira

Discover Madeira Island A beleza hipnotizante das borboletas

The mesmerizing beauty of butterflies

fotos/photos: Shutterstock, Carla Lencastre e Ron Raffaelli Collection Reel Art Press

// Constructions worthy of fairy tales


34 Como a Polinésia Francesa encantou Gauguin // How French Polynesia seduced Gauguin

expediente CONTRIBUTORS Publisher Carlos Koga Editor Felipe Seffrin Marketing Priscila Soares Produção Guiomar Barbuto Executiva de Conta Valéria Alves Financeiro Jane Elaine Assistente de Direção George Tebet Projeto Gráfico Leandro Guima Designer Ana Carol Abreu Online Renata Canivezo Revisão TGA Idiomas Tradução Ricardo Moura Assessoria Jurídica Savatore Morello Advogados Colaboradores Carla Lencastre, Luiza Vieira, Maria Fernanda Salinet, Marília Marasciulo, Natalia Horita, Raphael Calles, Roberto Saraiva, Rodrigo Mora ahead.mag

PARA ANUNCIAR comercial@mediaonboard.com.br (55 11) 5505-0078

POTENCY

68 78 80 94 95 96 98

Muscle Cars Camaro e Mustang duelam no Brasil

Muscle Cars Camaro and Mustang duel it out in Brazil Produtos essenciais para sua próxima viagem

Essential products for your next trip Tradições e curiosidades do beisebol

Baseball traditions and trivia Produtos com um toque oriental

Products with an Oriental touch A rede Hyatt Centric chega a Santiago

The Hyatt Centric chain debuts in Santiago O livro preferido de João Pedro Paro Neto

João Pedro Paro Neto’s favorite book Jornalistas compartilham suas descobertas

Journalists share their discoveries

26 O rock’n’roll do Led Zeppelin completa 50 anos // The rock’n’roll of Led Zeppelin turns 50

Impressão: MaisType Tiragem: 10.000 exemplares Periodicidade: Bimestral Todos os direitos reservados

Media Onboard   (55 11) 5505-0078 Rua Pensilvânia, 1126 - Brooklin  São Paulo - SP CEP: 04564 003

Distribuição Classe Executiva Avianca Brasil, Lounge VIP Star Alliance, Gran Hyatt, Tivoli Mofarrej, Palácio Tangará, Fasano, Blue Tree Premium Faria Lima, Blue Tree Premium Morumbi, Blue Tree Premium Paulista, Blue Tree Premium Copacabana Palace, Yoo 2 A AHEAD é uma publicação da Media Onboard. As pessoas que não constam do expediente da revista não têm autorização para falar em nome da revista. É necessário uma carta de autorização, atualizada e datada em papel timbrado assinada pelos editores. Os artigos assinados são de exclusiva responsabilidade dos colunistas e fica expressamente proibido a reprodução total ou parcial sem autorização prévia.


PORTRAIT

Paisagens em miniatura MINIATURE LANDSCAPES por/by Felipe

Seffrin

Através das lentes do fotógrafo britânico Paul Hamilton, minúsculas cenas captadas em um paredão à beira-mar na Ilha de Sheppey, no sudoeste do Reino Unido, se transformam em paisagens fascinantes de ecossistemas surreais. Não à toa, o trabalho “Seawall” foi finalista do prestigiado Sony World Photography Awards na categoria Natureza-Morta.

// Through the lenses of British photographer Paul Hamilton, tiny scenes captured in a wall by the seaside in the Island of Sheppey, in South East UK, are transformed into fascinating landscapes of surreal ecosystems. It comes as no surprise that the work “Seawall” was shortlisted by the prestigious Sony World Photography Awards in the Still Life category. “Seawall”, 2018 Paul Hamilton (UK) paulhamilton.photography



EXPLORE

NOVIDADES NOVELTIES

por/by Marília

Marasciulo

Apenas uma noite Just one night

Luxury in East Africa

// The new Serengeti Lodge, in lush Serengeti National Park, in Tanzania, focuses on sustainable practices: it generates its own energy and has a water treatment station. However, one of the hotel’s highlights is its luxury: there are three room categories and three restaurants, specializing in African, Mediterranean and Oriental cuisines.

// American R&B singer and composer Lauryn Hill comes to São Paulo to celebrate the 20 years of “The Miseducation of Lauryn Hill”, her only solo album. The quick stop occurs on May 3, 2019, at Espaço das Américas.

melia.com

lauryn-hill.com

O novo Serengeti Lodge, no exuberante Parque Nacional de Serengeti, na Tanzânia, possui foco em práticas sustentáveis: gera sua própria energia e possui estação de tratamento de água. Mas o hotel também se destaca pelo luxo: são três categorias de quartos e três restaurantes de cozinhas africana, mediterrânea e oriental.

14 | AHEAD mag

fotos/photos: divulgação e Shutterstock

LUXO NA ÁFRICA ORIENTAL

Cantora e compositora americana de R&B, Lauryn Hill vem a São Paulo para celebrar os 20 anos de “The Miseducation of Lauryn Hill”, seu único álbum solo. A passagem-relâmpago pelo Brasil acontece em 3 de maio de 2019, no Espaço das Américas.


O INCRÍVEL MUNDO DE LUCAS The amazing world of Lucas Dedicado ao processo criativo do idealizador da saga “Star Wars”, o Lucas Museum of Narrative Art tem inauguração prevista para 2021, em Los Angeles. O prédio em formato de nave espacial abrigará itens da coleção pessoal de George Lucas, como quadros de Degas e Renoir, além de possuir sala para projeções de filmes. // Dedicated to the creative process of the “Star Wars” saga idealizer, Lucas Museum of Narrative Art is set to open in 2021, in Los Angeles. The starship-shaped building will have items from George Lucas’ personal collection, like paintings by Degas and Renoir, as well as movie projection rooms. lucasmuseum.org

Restaurante estrelado Star-studded restaurant O chef espanhol Martín Berasategui coleciona oito estrelas Michelin – e agora exibe essa constelação em um restaurante a 120 metros de altura. Localizado na Torre Vasco da Gama, em Lisboa, o novo Fifty Seconds possui dois menus degustação incluindo clássicos do chef e receitas com toque português, como o mil-folhas de foie gras e a brandade de bacalhau. // Spanish chef Martín Berasategui is the recipient of eight Michelin stars – and now exhibits this constellation in a 390-foot high restaurant. Located at Vasco da Gama Tower, in Lisbon, the new Fifty Seconds has two degustation menus, including classics by the chef and recipes with a Portuguese touch, like the Napoleon of foie gras and the codfish brandade. fiftysecondsexperience.com

15 | AHEAD mag


EXPLORE

FESTA NAS ALTURAS ROOFTOP PARTYING

por/by Marília

Marasciulo

TEMPERATURA MÁXIMA A canadense Cube abre para festas somente aos sábados e talvez por isso faça de tudo para que o fim de semana seja sempre memorável. Além da pista, embalada principalmente por hip hop e música pop, há um pátio aquecido e com vista panorâmica para a cidade de Toronto. // Canadian Cube opens for parties only on Saturdays, which is reason enough to do everything to provide a memorable weekend. Besides the dance floor, which pulses to the sound of hip hop and pop music mostly, there is a heated patio with a panoramic view of Toronto. cubetoronto.com

16 | AHEAD mag

fotos/photos: divulgação

Maximum temperature


VERTIGEM ASIÁTICA Asian vertigo O Empire Nightclub recebe empresários após um longo dia de trabalho, do alto do 45º andar da Land Tower e com uma vista surreal de Singapura. DJs agitam a pista e o bar serve coquetéis e pequenas porções. Mas se a fome realmente bater, é só pegar o elevador e ir a algum dos restaurantes do prédio, entre eles um oyster bar e uma steakhouse. // Empire Nightclub welcomes entrepreneurs after a hard day’s work at the top of the 45th story of Land Tower, with a surreal view of Singapore. DJs charge up the dance floor and the bar serves cocktails and tidbits. However, if hunger sets in, the elevator is the right vehicle to one of the building’s restaurants, including an oyster bar and a steakhouse. fiftyrafflesplace.com

Versatilidade londrina London Versatility Subir para o rooftop do Tobacco Dock, na região central de Londres, é sempre uma aventura. Tecnicamente, o Skylight é um bar-balada, com bons coquetéis e música. Mas há também um campo de cróquete, outro de bocha e, no inverno, um rinque de patinação. Uma coisa é certa: a vista para o skyline de Londres é linda e a diversão é garantida. // Going up to the rooftop of Tobacco Dock, in East London, is always an adventure. Technically, the Skylight is a party bar with good cocktails and music. However, there are croquet and pétanque fields and, in winter, an ice skating rink. One thing is certain: the view to the London skyline is gorgeous and the fun is guaranteed. skylightlondon.com

17 | AHEAD mag


EXPLORE

MUSEUS IMPROVÁVEIS UNLIKELY MUSEUMS

por/by Felipe

Seffrin

Até cidades que estão totalmente fora da rota turística convencional possuem museus à espera de viajantes curiosos. Listamos três atrações indispensáveis para quem perder a bússola Even cities that are completely out of the conventional tourist circuit have museums awaiting curious travelers. We listed three great attractions for those who stray away

No país do gelo

IN ICE COUNTRY

O Museu Nacional da Islândia é uma das principais atrações turísticas de um país com pouco mais de 330 mil habitantes. Fundado em 1863 na capital Reykjavik, a instituição possui um acervo com mais de 16 mil itens que contam a história do povo e da cultura local, desde os primeiros vikings que chegaram à região há 1.200 anos. O maior tesouro é uma porta de igreja medieval do século 12. O local também recebe exibições de arte islandesa contemporânea.

// The National Museum of Iceland is one of the main tourist attractions of a country with a little over 330 thousand inhabitants. Founded in 1863 in the country’s capital, Reykjavik, the institution has a collection with more than 16 thousand items, telling the history of the people and of their culture since the first Vikings arrived at the region 1200 years ago. The greatest treasure is a medieval church door from the 12th century. The place also hosts contemporary Icelandic art exhibits.

thjodminjasafn.is

18 | AHEAD mag

fotos/photos: divulgação e Shutterstock

REYKJAVIK


MANAUS

Em plena selva IN THE MIDDLE OF THE JUNGLE Quem viaja para a Floresta Amazônica em busca de aventura nem deve pensar muito em uma programação cultural. Mas o Museu da Amazônia, o Musa, é uma parada obrigatória. O local oferece diversas trilhas ecológicas, serpentário, lago repleto de vitóriasrégias, orquidário, aquário, exposições de arte indígena e painéis que explicam diversas lendas amazônicas. O ponto alto da visita, literalmente, é uma torre de observação de 42 metros de altura. // Those who travel to the Amazon forest in search of adventure do not really think about cultural outings. However, the Amazon Museum, Musa, is an unforgettable stop. The place offers a series of eco trails, a serpentarium, a lake filled with water lilies, an orchidarium, an aquarium, indigenous art exhibits and panels that explain many Amazon legends. The high point of the visit is literally a 137-foot observation tower. museudaamazonia.org.br

DAMASCO

Tesouros da arábia

ARABIAN TREASURES

Não fosse a Guerra Civil da Síria, desde 2011, e a milenar capital Damasco seria um dos principais destinos do Oriente Médio. Quem quiser se arriscar no país do ditador Bashar alAssad precisa conhecer o Museu Nacional, em uma sinagoga do século 2 e reaberto após sete anos. Ele abriga mais de 9 mil relíquias pré-históricas, históricas, clássicas e islâmicas, como um túmulo do século 3 encontrado em Palmira, e o primeiro alfabeto do mundo, retirado das ruínas de Ugarit.

// If it were not for the Syrian Civil War, which started in 2011, the ancient capital Damascus would be one of the main tourist destinations of the Middle East. Those who want to risk a trip to the country of Dictator Bashar Al-Assad need to visit the National Museum, which is located in a Synagogue from the 2nd century and was reopened after seven years. It houses more than 9 thousand prehistoric, historical, classical and Islamic relics, like a grave from the 3rd century found in Palmyra and the world’s first alphabet, taken from the ruins of Ugarit.

syriatourism.org/en

19 | AHEAD mag


PREVIEW

Color & Hype COLOR & HYPE

por/by Raphael

Calles

PARKA T_JAMA A peça é feita em nylon e com estampa techno. Possui capuz embutido na gola e fecho em zíper que sobrepõe uma aba de botões de pressão. // PARKA T_JAMA The piece is made in nylon with techno print. It has an inlaid hood on the collar and zipper overlaying a pressure button flap.

FONE DE OUVIDO SONY WH-1000XM2 Possui sistema inteligente de cancelamento de ruído, que possibilita ao usuário optar entre ouvir melhor a música reproduzida, o som ambiente ou outras pessoas. Se adapta à pressão atmosférica e é ideal em voos.

R$ 570 / tjama.com

// SONY WH-1000XM2 HEADPHONES It has an intelligent noise cancelling system that allows the user to choose between listening better to the reproduced music, ambient sound or other people. It also has an atmospheric pressure optimizing feature, which makes it ideal for flights. R$ 2.100 / store.sony.com

ÓCULOS SALVATORE FERRAGAMO SF187S O design inovador da peça dá a sensação de que a lente flutua na armação. Os traços modernos refletem o DNA da marca criada pelo estilista italiano Salvatore Ferragamo e que se tornou sinônimo de luxo. // SALVATORE FERRAGAMO SF187S SUNGLASSES The piece’s innovative design gives us a sensation that the lenses are floating in the frame. The modern features reflect the DNA of the brand created by Italian stylist Salvatore Ferragamo, who has become a synonym of luxury.

// ROSI BAG BLACK FROM ISARO The brand was idealized to present sans gender pieces with simple traces. The shopping bag format is broken down by the leather strap that hugs the bag. R$ 235 / isarobrand.com

R$ 1.910 / marchon.com

20 | AHEAD mag

fotos/photos: divulgação

ROSI BAG BLACK, DA ISARO A marca foi idealizada para apresentar traços simples e peças sem gênero. O formato shopping bag é quebrado pela alça em couro que abraça a bolsa.


21104-003 - CAMPANHA FIDELI JEANS - FOLHETOS - ANUNCIOS DEZ_20,2x26,6cm.indd 2

12/11/18 12:00 PM


PREVIEW

Sentidos aguçados SHARP SENSES

por/by Raphael

Calles

LENÇO CANAL CONCEPT O lenço em viscose oferece versatilidade por sua combinação de cores. A leveza do tecido também permite o uso nas quatro estações do ano – e em qualquer destino. // CANAL CONCEPT SCARF The scarf in viscose offers versatility due to its color combination. The lightness of the fabric also allows it to be used in the four seasons of the year – and in any destination. R$ 139 / canal.com.br

BOLSA SHOPPING PEIXES POR LENNY NIEMEYER Pela primeira vez a marca Arezzo junta-se a uma marca de moda praia para uma coleção colaborativa. A peça traz como estampa um cardume em formato de onda e tons de areia, azul e laranja.

LAMPARINA COFFRET LEGENDE A marca francesa de lamparinas que perfumam e purificam Lampe Berger completou 120 anos e lançou três novos modelos. O Legende é esculpido com corpo de ametista rosa translúcido e possui tampa prateada.

// FISHES SHOPPING BAG BY LENNY NIEMEYER For the first time, shoe and accessories brand Arezzo joins a beach fashion brand to create a collaborative collection. The piece brings the printed image of a waveshaped school of fish in hues of sand, blue and orange. R$ 599,90 / arezzo.com.br

A peça da marca alemã homenageia James Byron Dean, considerado um dos maiores atores de todos os tempos. O tom vermelho da resina preciosa traz a cor da jaqueta de “Juventude Transviada”. Já o padrão lembra o jeans tão utilizado por Dean. // MONTBLANC GREAT CHARACTERS JAMES DEAN PEN The German brand’s piece pays homage to James Byron Dean, considered one of the greatest actors of all time. The red of the precious resin brings the color of the “Rebel Without a Cause” jacket. The pattern reminds us of the jeans that Dean wore so often.

R$ 689 / lampeberger.com.br

R$ 4.140 / montblanc.com.br

22 | AHEAD mag

fotos/photos: divulgação

// COFFRET LEGENDE LAMPS The French brand of perfuming and purifying lamps Lampe Berger has completed 120 years and has launched three new models. The Legende is sculpted with translucent pink amethyst body and features a silver cap.

CANETA MONTBLANC GREAT CHARACTERS JAMES DEAN


F L AG S H I P J A R D I N S . I G U AT E M I S P . V I L L AG E M A L L . R I O D E S I G N L E B L O N M E R R I C K PA R K M I A M I . AV E N T U R A M A L L M I A M I

WWW.ADRIANADEGREAS.COM


PREVIEW

Pontualidade à prova d’água WATERPROOF PUNCTUALITY

01

por/by Raphael

Calles

01 IWC AQUATIMER CHRONOGRAPH EDITION SHARKS

// IWC AQUATIMER CHRONOGRAPH EDITION SHARKS Limited to 500 units, this model has an engraving of a school of hammerhead sharks on the back. The piece presents chronograph function, as well as indication of hours, minutes, seconds and date. R$ 60.500 iwc.com/brazil

03

02 OMEGA SEAMASTER PROFESSIONAL 300 O relógio celebra os 25 anos do modelo – e é o mesmo utilizado por James Bond nos filmes da franquia. A peça oferece 300 metros de resistência e possui outras 14 variações de cores e materiais. // OMEGA SEAMASTER PROFESSIONAL 300 The watch celebrates the 25th anniversary of the model – and it is the same used by James Bond in the movies of the franchise. The piece offers 984-foot tightness and has 14 variations of colors and materials. A partir de / From R$ 18.800 omegawatches.com/pt

04

03 CALIBRE DE CARTIER DIVER O modelo combina aço e ouro rosa enquanto a finalização é dada por uma pulseira de borracha. A peça indica horas, minutos, pequenos segundos e data. Possui resistência à água a até 300 metros de profundidade. // CALIBRE BY CARTIER DIVER The model combines steel and pink gold, with a rubber wristband wrapping up the piece. It indicates hours, minutes, small seconds and date. It is water resistant up to a depth of 984 feet. R$ 48.200 à vista / cash cartier.com.br

04 PANERAI LUMINOR SUBMERSIBLE 1950 A caixa em titânio oferece resistência a 300 metros sob a água e o mecanismo automático entrega 3 dias inteiros de reserva de energia. Indicação de horas, minutos, pequenos segundos e data. A coroa conta com o protetor patenteado da Maison. // PANERAI LUMINOR SUBMERSIBLE 1950 The titanium box offers resistance of up to 984 feet underwater and the automatic mechanism delivers 3 full days of energy reserve. It shows hours, minutes, small seconds and date. The crown counts with the Maison's patented protector. Preço sob consulta // Price under request panerai.com

24 | AHEAD mag

fotos/photos: divulgação

02

Limitado a 500 unidades, este modelo possui a gravação de um cardume de tubarões-martelo em seu verso. A peça apresenta função cronógrafo, além de indicações de horas, minutos, segundos e data.



PLAY

50 ANOS DE

No alto, Jimmy Page e John Paul Jones. Abaixo, John Bonham e Robert Plant (1968)

ROCK'N'ROLL 50 YEARS OF ROCK'N'ROLL 26 | AHEAD mag

fotos/photos: Dick Barnatt

// On top, Jimmy Page and John Paul Jones. Below, John Bonham and Robert Plant (1968)


Uma das bandas mais lendárias de todos os tempos, o Led Zeppelin completa cinco décadas de história (e polêmicas) e mantém fãs no mundo todo à espera de mais uma reunião do grupo One of the most legendary bands of all time, Led Zeppelin completes five decades of history (and controversy) and maintains fans around the world waiting for another group reunion por/by Roberto

A

credite, essa história tem cinco décadas: um sujeito de bigodes fartos acelera uma barulhenta Harley Davidson por um andar reservado do Continental Hyatt House, em Los Angeles. Os funcionários ficam atônitos, mas talvez pouco surpresos. Não seria a primeira e nem a última vez que John Bonham, talentoso e excêntrico baterista do Led Zeppelin, destruiria carpetes em hotéis de luxo com sua moto. Influente nos anos 70 como foram os Beatles uma década antes, o grupo inglês introduziu todos os futuros clichês associados ao rock: vocalista sexy e andrógino, guitarrista cool, baterista besta-fera e baixista discreto. Avião particular, devassidão, montanhas de álcool e drogas, escândalos, virtuose musical e referências à mitologia e ocultismo – o quarteto foi fundo até tornar-se sinônimo de um gênero inteiro. Em 2018, o Led Zeppelin frustrou os fãs e não se reuniu para um show em comemoração aos 50 anos da banda criada em 1968. Ao menos, o público ganhou materiais inéditos. O livro “Led Zepellin by Led Zeppelin” (Reel Art Press, 400 pg., R$ 260 na Amazon Brasil) revisitou a carreira do grupo com 300 fotos escolhidas pelos integrantes. Já o Spotify lançou um álbum chamado “50th Anniversary Interviews” com trechos curtos de entrevistas com os artistas. Seguindo firme no projeto de revisitar todo o catálogo da banda de maneira definitiva, o guitarrista Jimmy Page conduziu o relançamento do disco ao vivo “How the West Was Won”, de 2003, e de “The Song Remains The Same”, concerto-filme de 1976. DEUSES DO ROCK

Em 1968, porém, Page só queria encontrar integrantes para honrar o contrato dos Yardbirds, superbanda em processo de separação após cinco anos e formações com Eric Clapton e Jeff Beck. Mas, depois de ensaiar com Robert Plant (vocal), John Paul Jones (baixo) e Bonham, os planos mudaram. O New Yardbirds entrou em turnê em

Saraiva

// Believe it. This story is five decades old: a man with a hearty mustache revs up his noisy Harley Davidson through a reserved floor of the Continental Hyatt House in Los Angeles. The staff are speechless, however unsurprised. It would not be the first, nor the last time that John Bonham, - talented and eccentric Led Zeppelin drummer - destroyed carpets in luxury hotels with his motorcycle. Influent in the 1970s as The Beatles were a decade before, the British group introduced all the future rock-associated clichés: sexy and androgynous vocalist, cool guitar player, crazy drummer and discreet bassist. Private plane, debauchery, tons of alcohol and drugs, scandals, musical virtuosity and references to mythology and occultism – the quartet dove deep until becoming synonymous with a whole genre. In 2018, Led Zeppelin frustrated fans by not getting together for a show celebrating the 50 years of the band, created in 1968. The public at least got unreleased material. The book “Led Zeppelin by Led Zeppelin” (Reel Art Press, 400 pp, R$ 260 from Amazon Brazil) remembers the group’s career in 300 pictures selected by band members. Moreover, Spotify released an album called “50th Anniversary Interviews”, with small excerpts of interviews with the artists. Hanging firmly onto the project of revisiting the band’s whole catalogue in a definitive manner, guitar player Jimmy Page conducted the rerelease of the live 2003 record “How the West Was Won” as well as of “The Song Remains the Same”, 1976 film-concert. ROCK GODS

In 1968, however, Page only wanted to find members to honor the contract with the Yardbirds, supergroup undergoing a process of separation after five years and formations with Eric Clapton and Jeff Beck. Nonetheless, after rehearsing with Robert Plant (vocals), John Paul Jones (bass) and Bonham, the plans changed. The New Yardbirds went on tour in September, in Denmark, and that same month recorded a first album filled with rock and blues songs. Renamed, the “Led Zeppelin” would soar high with a US$ 143 thousand contract with Atlantic Records, a record-bre-

27 | AHEAD mag


PLAY

setembro, na Dinamarca, e no mesmo mês já gravou um primeiro álbum cheio de rock e blues. Renomeado, o “zepelim de chumbo” voaria alto com um contrato de 143 mil dólares (equivalente a cerca de R$ 4 milhões hoje) com a Atlantic Records, valor recorde para uma banda nova. O público americano impulsionaria a gravação de mais três obras-primas em dois anos. Sem nome, sem logo e sem texto, o quarto álbum confirmou o Led Zeppelin como a maior banda de rock do mundo e trouxe uma “musiquinha” de oito minutos chamada “Stairway to Heaven”. A faixa foi a mais pedida nas rádios dos EUA por dez anos. Mas, apesar do virtuosismo dos músicos, dos estádios lotados e de algo entre 200 a 300 milhões de álbuns vendidos, o grupo era ridicularizado por parte da imprensa. Misoginia nas letras, sexualização caricata e adoração dos adolescentes eram motivos para reportagens nada elogiosas, revelando um abismo entre crítica e público. Reconhecimento artístico, só na posteridade. O quarteto não se importava. Eles priorizavam shows, onde as canções poderiam desaguar em improvisos musicais de até meia hora. Com o passar do tempo, a banda foi variando do binômio rock & blues em direções para folk, soul, funk, reggae e até new wave. Depois dos discos “Houses of the Holy” (1973) e “Physical Graffiti” (1975) nada parecia dar errado, mesmo com escândalos envolvendo drogas e acusações de plágio, abuso sexual e até agressões a fãs. Isso até chegar a mega-turnê americana de “Presence”, em 1977. Plant se recuperava de um acidente de carro, Page se afundava na heroína e o sempre ébrio Bonham foi detido por participar de um espancamento. O périplo de 51 shows grandiosos pelos Estados Unidos teve prisões, bombas de gás lacrimogênio e terminou abruptamente quando o vocalista descobriu que seu filho Karac, de apenas cinco anos, morrera com uma infecção no estômago. Para piorar, pouco antes de iniciarem a divulgação de “In Through The Out Door”, em 1980, o exímio baterista John Bonham foi encontrado morto após beber 40 doses de vodka. Frente à situação-limite e sem saber como resolvê-la, o grupo se separou.

Jimmy Page em ação com sua inconfundível guitarra de braço duplo // Jimmy Page in action with his unmistakable double neck guitar

Influente nos anos 70 como foram os Beatles uma década antes, o Led Zeppelin introduziu todos os futuros clichês associados ao rock // Influent in the 1970s as The Beatles were a decade before, the Led Zeppelin introduced all the future rock-associated cliché

aking value for a new band at that time. The American public would boost the recording of three masterpieces in two years. Without a name, a logo, or a text, the fourth album confirmed Led Zeppelin as the world’s greatest rock band and included an 8-minute long “small song” entitled “Stairway to Heaven”. The track was the most requested in US radios for ten years and even today is an absolute classic. However, even considering the virtuosity of the musicians, the packed stadiums and a figure of between 200 and 300 million albums sold, the group was ridiculed by part of the press. Misogynous lyrics, pathetic sexuality and the adoration of teenagers were reasons for not so laudatory pieces, revealing an abyss between critic and public. Artistic recognition was reserved for posterity. The quartet could not care less. They prioritized the concerts, where the songs could give way to half hour musical improvisations. With the passage of time, the band varied from the combo rock & blues, veering towards folk, soul, funk, reggae and even new wave. After the albums “Houses of the Holy” (1973) and “Physical Graffiti” (1975), nothing seemed to be able to go wrong, even with scandals involving drugs, accusations of plagiarism, sexual abuse and even aggression to fans. All leading up to the 1977 American “Presence” mega tour. Plant was recovering from a car accident, Page was wallowing in heroin and ever drunkard Bonham was arrested for taking part in a beating. The 51 grandiose US concerts included prisons, tear gas bomb explosions and ended abruptly when the vocalist discovered that his 5-year old son Karac had died from a stomach infection. To make things worse, before starting PR work for “In Through the Out Door”, in 1980, virtuoso drummer John Bonham was found dead after drinking 40 doses of vodka. Faced with a threshold situation and without a clue as to how to solve it, the group split.

28 | AHEAD mag


29 | AHEAD mag


O último show do Led Zeppelin, em 2007, entrou para o Guinness como o show mais disputado da história: 20 milhões de pessoas tentaram conseguir ingressos // The last Led Zeppelin show in 2007 entered the Guinness Book as the most disputed concert in history: 20 million people attempted to get tickets

30 | AHEAD mag

fotos/photos: Dave Brolan/Reel Art Pres, divulgação e reprodução

RETRANCA PLAY


À direta, John Paul Jones, Robert Plant e Jimmy Page com o livro fotográfico que celebra os 50 anos da banda // On the right side, John Paul Jones, Robert Plant and Jimmy Page with the photographic book celebrating the band's 50th anniversary Acima, a última reunião do Led Zeppelin, que aconteceu no O2 Stadium, em Londres, em 2007 // Above, the last Led Zeppelin meeting, held at O2 Stadium in London in 2007 Ao lado, as capas de três discos clássicos: "Led Zeppelin" (1969), "Led Zeppelin IV" (1971) e "Physical Graffiti" (1975) // Beside, the covers of three classic discs: "Led Zeppelin" (1969), "Led Zeppelin IV" (1971) and "Physical Graffiti" (1975)

ETERNO RETORNO

THE ETERNAL RETURN

O Led Zeppelin foi uma das bandas mais influentes da história. As roupas extravagantes, o cabelão e o pendor pela grandiosidade nas performances motivaram a resposta do movimento punk, com Sex Pistols e The Clash, e também foram a inspiração do glam rock de Skid Row e Mötley Crew. Se não chegaram a criar o heavy metal – algo nas mãos do Black Sabbath – o hard rock está coberto das digitais do Led Zeppelin. O som do Nirvana e dos grunges de Seattle nos anos 90 deve muito a eles. O Smashing Pumpkins faz covers ao vivo de Led até hoje. Page e Plant tocaram juntos até o vocalista migrar para o blues e o folk e não voltar mais. Mais eclético, John Paul Jones virou produtor, lançou discos solo e participou da superbanda Damn Crooked Vultures, com Dave Grohl (Foo Fighters) e Josh Homme (Queens of the Stone Age). Page é o mais envolvido com o trabalho do Zeppelin, conduzindo o relançamento de todo o catálogo e participando de homenagens e releituras das suas obras. O Led Zeppelin voltou aos palcos quatro vezes, em eventos beneficentes ou comemorativos como o Live Aid de 1985. O último deles, em 2007, entrou para o Guiness como o show mais disputado da história, quando 20 milhões de pessoas tentaram conseguir ingressos – e só 18 mil felizardos foram contemplados com duas horas de show e com Jason Bonham substituindo o pai na bateria. A banda até que se divertiu, mas não ao ponto de voltar. Pelo menos por enquanto.

Led Zeppelin was one of history’s most influential bands. The extravagant clothes, long hair and the love of grandeur in performances motivated the response of the punk movement, with The Sex Pistols and The Clash, and served as inspiration for the glam rock of Skid Row and Mötley Crew. If the lead zeppelin didn’t exactly create heavy metal – Black Sabbath's honor – it covered hard rock with his fingerprints. The sound of Nirvana and of Seattle grunge bands of the 1990s owes loads to them. The Smashing Pumpkins still do live covers of Zeppelin. Page and Plant played together until the vocalist switched to blues and folk, never to return again. More eclectic, John Paul Jones became a producer, launched solo albums and took part in the supergroup Them Crooked Vultures, with Dave Grohl (Foo Fighters) and Josh Homme (Queens of the Stone Age). Page is the member most involved with the work of Zeppelin, guiding the rerelease of the band’s entire catalogue and taking part in homages and new versions of their works. Led Zeppelin regrouped four times on stage, in charity or celebratory events like Live Aid in 1985. The last of them, in 2007, entered the Guinness Book of World Records as the most disputed concert in history, when 20 million people attempted to get tickets – and only 18 thousand lucky ones were contemplated with a 2-hour show, with Jason Bonham substituting his father on drums, honoring John's drumsticks. The band had a good time, but not to the point of coming back. Unfortunately, not for now.

31 | AHEAD mag


MUSTgo por/by Felipe

Five-star chocolate

Viajar para a paradisíaca ilha de Cebu, nas Filipinas, se tornou uma experiência ainda mais incrível. No luxuoso cincoestrelas Shangri-la Mactan, os hóspedes são convidados para uma jornada pelas delícias de chocolates produzidos dentro do próprio resort. Sommeliers de chocolate explicam as técnicas de cultivo do cacau e convidam o público a degustar iguarias como Sikwate nativo (Chocolate Quente), Martinis de chocolate e uma irresistível seleção de doces. // Travelling to the heavenly island of Cebu, in the Philippines, has become an even more incredible experience. In the luxurious five-star Sangri-la Mactan, guests are invited to a journey through the delectable chocolates produced in the resort. Chocolate sommeliers explain cocoa harvesting techniques and invite the public to taste delicacies like the native Sikwate (hot chocolate), chocolate Martinis and a tantalizing selection of sweets. Shangri-La's Mactan Resort & Spa Punta Engano Road, Lapu-Lapu, Cebu 6015. Filipinas shangri-la.com

32 | AHEAD mag

fotos/photos: divulgação e Shutterstock

Chocolate cinco estrelas

Seffrin


LIFESTYLE

PAG. 34 A PARADISÍACA ILHA DE TAHA’A

THE HEAVENLY ISLAND OF TAAH’A

PAG. 52 A CRIATIVIDADE DE KARIM RASHID

THE CREATIVITY OF KARIM RASHID

PAG. 58 SEGREDOS DA GASTRONOMIA KOSHER GASTRONOMIA KOSHER / KOSHER CUISINE

KOSHER SECRETS OF KOSHER CUISINE


fotos/photos: divulgação

JOURNEY

34 | AHEAD mag


BAUNILHA, RUM E PAISAGENS ABSURDAS VANILLA, RUM AND ABSURD LANDSCAPES Conheça a deslumbrante ilha de Taha’a, na Polinésia Francesa – o paraíso no Oceano Pacífico que conquistou o pintor francês Paul Gauguin Meet the breathtaking island of Taha’a, in French Polynesia – the paradise in the Pacific Ocean that conquered French painter Paul Gaugin por/by Carla

35 | AHEAD mag

Lencastre


U

ma ilha pequena e remota, com aroma de baunilha e gosto de rum, se destaca em meio às paisagens espetaculares da Polinésia Francesa. Se o clássico circuito Taiti, Moorea e Bora Bora logo vem à mente, pense além. Não que as três ilhas mais desejadas deste canto do Pacífico Sul não sejam incríveis. São. Mas ouse sair do lugar-comum como fez Paul Gauguin no final do século 19. O pintor francês chegou às (ainda hoje) isoladas Ilhas Marquesas em busca de inspiração e se encantou tanto que morou lá até falecer, em 1903. Taha’a faz parte do arquipélago vizinho das Ilhas Sociedade, onde fica o Taiti. Uma vez lá, é fácil entender por que a exuberância da Polinésia Francesa fascinou tanto o pintor pós-impressionista. Como se a beleza absurda não fosse o suficiente, a parte norte de Taha’a ainda oferece vista livre para o Monte Otemanu, um dos cartões-postais de Bora Bora. Que é escandalosamente linda, isso não se discute. Mas Taha’a não fica atrás e é um dos pontos altos de um roteiro pela Polinésia Francesa. O motu, como se chamam as ilhotas em frente às ilhas principais, cerca Taha’a e abriga duas ótimas opções de hospedagem, que moldam o programa de maneiras diferentes: Le Taha’a Island Resort & Spa e o Vahine Island Resort & Spa. Com o selo da associação de hotéis e restaurantes independentes Relais & Châteaux, Le Taha’a fica às margens de um jardim de corais impressionante. Quem se hospeda no resort precisa apenas pegar máscara e snorkel, usar um calçado apropriado para mergulho e aproveitar o dia. Hóspedes de pousadas de Taha’a ou Raiatea chegam de barco. Peixes e corais colorem o panorama submarino. A água do mar, transparente e morna, é azul-turquesa até quando o céu está cinza e chove.

// A small and remote island, which smells of vanilla and tastes like rum, stands out amidst the spectacular landscapes of French Polynesia. If the classic circuit Tahiti, Moorea and Bora Bora spring immediately to mind, think beyond. Not that the three most desired islands of that corner of the South Pacific are not incredible. They are. However, dare to go beyond the common place as Paul Gauguin did at the end of the 19th century. The French artist arrived at the (still today) isolated Marquesas Islands in search of inspiration and was seduced to the point of living there until his death in 1903. Taha’a is part of the neighboring archipelago of the Society Islands, where Tahiti is located. Once there, it is easy to understand why the exuberance of French Polynesia fascinated the post-Impressionist painter. As if the absurd beauty were not enough, the northern section of Taha’a offers a free view to Mount Otemanu, one of Bora Bora’s postcards. The fact that it is scandalously gorgeous is not under dispute. However, Taha’a is just as stunning and it stands as one of the high points of a tour of French Polynesia. The motus, as are christened the small islets facing the main islands, surround Taha’a and shelter two great lodging options, which shape the travel plan in two different ways: Le Taha’a Island Resort & Spa and Vahine Island Resort & Spa. Boasting the seal of the independent association of hotels and restaurants Relais & Châteaux, Le Taha’a is located on the edge of an impressive coral garden. Guests at the resort need only to get the diving mask and snorkel, wear appropriate diving shoes and enjoy the day. Guests from the hostels of Taha’a or Raiatea arrive by boat. Fish and coral color the submarine view. The seawater, transparent and lukewarm, is turquoise blue even when the sky is gray and it is raining.

Paisagem deslumbrante a partir da ilha de Taha'a, cercada por águas azulturquesa e com vista para o Monte Otemanu, em Bora Bora // Stunning landscape from the island of Taha'a, surrounded by turquoise waters and overlooking Mount Otemanu in Bora Bora

36 | AHEAD mag

fotos/photos: divulgação

JOURNEY


37 | AHEAD mag


Acima, nas águas calmas e transparentes do Oceano Pacífico vivem incontáveis espécies de peixes multicoloridos // Above, in the calm and transparent waters of the Pacific Ocean live countless species of multicolored fish

38 | AHEAD mag

fotos/photos: divulgação e Carla Lencastre

JOURNEY


Morador ilustre Eugène-Henri-Paul Gauguin foi um dos principais nomes da arte no século 19. Cansado das rígidas normas de conduta da sociedade francesa e em busca de novos temas para a sua arte, o pintor pósimpressionista viajou rumo à Polinésia Francesa e se exilou na paradisíaca Taiti, em 1891. Apaixonado pelo cenário exótico – e pelas nativas da região – foi lá que Gauguin desenvolveu boa parte de sua obra, retratando o cotidiano indígena. Gauguin faleceu em 1903 e está enterrado no cemitério de Atuona, nas Ilhas Marquesas, para sempre no paraíso que o conquistou. Illustrious dweller //Eugène-Henri-Paul Gauguin was one of the major artists of the 19th century. Tired of the rigid norms of conduct of French society and in search of new motifs for his art, the PostImpressionist painter travelled to French Polynesia and sought exile in heavenly Tahiti, in 1891. Passionate about the exotic scenery – and by the natives of the region – it was there that Gauguin developed a good portion of his work, portraying the indigenous routine. Gauguin died in 1903 and is buried in the cemetery at Atuona, on the Marquesas Islands, forever in the paradise that conquered his heart.

A baunilha é um dos produtos mais típicos da região e pode ser encontrado em pratos quentes e sobremesas // Vanilla is one of the most typical products of the region and can be found in hot dishes and desserts

Mesmo com visitantes, nunca há muita gente e em vários momentos temos a sensação de que o colorido jardim de corais é só nosso. Le Taha’a dispõe de uma piscina de frente para o mar para a qual ninguém dá muita bola, já que peixes e corais estão poucos passos adiante. A praia de areia branca, do lado oposto aos corais, é boa para caminhada, passeios de caiaque ou stand up paddle – e tem um pôr do sol magnífico. Espreguiçadeiras, mesas e cadeiras espalhadas pela ilha formam diversos cantinhos com vistas incríveis. Mas poucas coisas são mais relaxantes que começar ou terminar o dia simplesmente descendo as escadas do seu bangalô sobre as águas azul-turquesa e dando um mergulho para contemplar os primeiros (ou últimos) peixes do dia. Nos bangalôs overwater, amplas janelas e recortes estratégicos nas paredes permitem ver o mar da cama e até da banheira. Ao longo das passarelas sobre palafitas, painéis solares contribuem para um turismo sustentável. Além da paisagem cinematográfica, de modo geral, come-se muito bem por lá. Taha’a é famosa pela produção de rum e de baunilha, usada em diversos pratos – de iogurtes a peixes. Peixes e frutos do mar destacam-se no menu do excelente restaurante Vanille (baunilha, em francês), do Le Taha’a. O vinho Blanc de Corail vem de Rangiroa, no arquipélago de Tuamotu. A carta também tem

39 | AHEAD mag

Even with visitors, it is never crowded, and there is often that peculiar sensation that the colorful coral garden is only ours. Le Taha’a is equipped with a pool fronting the sea that no one pays much attention to, since the fish and coral are only a few steps ahead. The white sand beach on the opposite side of the corals is good for walks, kayak rides or stand-up paddle – and has a magnificent sunset. Lounge chairs, tables and chairs scattered around the island adorn many small corners with amazing views. However, few things are more relaxing than starting or ending the day simply by going down the stairs of your bungalow, located over the turquoise blue waters, and diving in to contemplate the first (or last) fishes of the day. In the overwater bungalows, wide windows and strategic openings on the walls allow us to see the ocean even from the bed and the bathtub. Along the footbridge on stilts, solar panels contribute to a sustainable tourism. Besides the movie-like landscape, we can also eat very well there. Taha’a is famous for the production of rum and vanilla, which is used in many dishes – from yogurt to fish. Fish and seafood are the highlight of the excellent restaurant Vanille (vanilla, in French), at Le Taha’a’s. The wine Blanc de Corail comes from Rangiroa, in the Tuamotu Archipelago. The list also offers options from traditional French wine regions, like Alsace, Burgundy and the Loire Valley. However, at the end of the afternoon, the tip is to order one of


JOURNEY Peixes e corais colorem o panorama submarino. A água do mar, transparente e morna, é azul-turquesa até quando o céu está cinza e chove // Fish and coral color the submarine view. The seawater, transparent and lukewarm, is turquoise blue even when the sky is gray and it is raining

No coração da Polinésia Com suas 118 ilhas divididas em cinco arquipélagos, a Polinésia Francesa é das melhores imagens para o clichê “lugar paradisíaco”. As paisagens mudam, mas uma constante na ilha é o calor. O verão é quente e úmido. A alta temporada, de abril a outubro, é mais seca. Taha’a está a cerca de 30 minutos de barco (o tempo depende do tipo de embarcação) de Raiatea, uma ilha bem maior e onde fica o principal aeroporto desta região das Ilhas Sociedade. Chega-se em voos regulares diários da empresa regional Air Tahiti, em 45 minutos (direto) ou uma hora (com escala em Bora Bora), a partir de Papeete, capital do Taiti e porta de entrada para os visitantes internacionais. In the heart of Polynesia // With its 118 islands divided in five archipelagos, French Polynesia is one of the best images for the cliché “heavenly place”. The landscapes change, but a constant in the island is the heat. Summer is hot and humid. The high season, from April to October, is drier. Taha’a is located at a 30-minute boat ride (the time depends upon the type of boat used) from Raiatea, a much bigger island and where the main airport of that region of the Society Islands is located. There are daily flights made by the regional company Air Tahiti, in 45 minutes (direct) or one hour (with a stop at Bora Bora), lifting off from Papeete, Tahiti’s capital and port of entry for international visitors.

40 | AHEAD mag

the rums produced at the island. The drink should be taken pure, in a small dose, with or without ice. Vahine Island is a tiny and enchanting boutique hotel installed on three private islets, interconnected by small bridges. There are only nine suites. Three bungalows are located above the waters of the transparent lagoon that separates the motu from Taha’a’s mains island. On the other side, you can see the vastness of the South Pacific, with a beach of volcanic rock. The stretch of sand and stone facing the ocean is only good for walks. Moreover, the motu’s area facing the lagoon is a playground for swimming, diving and kayak riding. The delicious restaurant with tables on the sand is the perfect spot to taste a Hinano, the region’s most popular beer. Or a rum, like Mana’o, blanc or ambre. Be sure to taste the vanilla yogurt for dessert: the flavor sticks to your memory for months. Faced with so many sensations, it is hard not to get emotional and leave a part of your heart in French Polynesia, in the best Paul Gauguin style.

fotos/photos: divulgação e Carla Lencastre

opções das regiões vinícolas francesas tradicionais, como Alsácia, Borgonha e Vale do Loire. Mas ao cair da tarde a dica é pedir um dos tipos de rum produzidos na ilha. A bebida deve ser tomada pura, em uma pequena dose, com ou sem gelo. O Vahine Island é um minúsculo e encantador hotel boutique instalado em três ilhotas privativas, interligadas por pequenas pontes. São apenas nove suítes. Três bangalôs estão sobre as águas da laguna transparente que separa o motu da ilha principal de Taha’a. Do outro lado, encontra-se a imensidão do Pacífico Sul, com uma praia de rochas vulcânicas. O trecho de areia e pedras voltado para o oceano é apenas para caminhadas. Já a área do motu voltada para a laguna é um playground para nadar, mergulhar e passear de caiaque. O delicioso restaurante com mesas na areia é o lugar perfeito para tomar uma Hinano, a cerveja mais popular da região. Ou um rum, como Mana’o, blanc ou ambre. Não dispense o iogurte de baunilha na sobremesa: meses depois o sabor perdura na memória. Diante de tantas sensações, é difícil não se emocionar e deixar um pedaço do coração na Polinésia Francesa, ao melhor estilo Paul Gauguin.



FRONT ROW

ELEGÂNCIA ATEMPORAL TIMELESS ELEGANCE Como o figurino de “Bonequinha de Luxo”, imortalizado por Audrey Hepburn, atravessou décadas e se tornou um sinônimo de sofisticação How the costume design of “Breakfast at Tiffany’s”, immortalized by Audrey Hepburn, has crossed decades, becoming synonymous with sophistication

M

oda e cinema caminham lado a lado, um influenciando o outro. Poucos filmes, porém, possuem um figurino tão memorável quanto “Bonequinha de Luxo” – do original “Breakfast at Tiffany's”. O longa de 1961, estrelado por Audrey Hepburn, evoca uma das cenas de abertura mais clássicas de Hollywood: Audrey desce de um táxi ao amanhecer na (surpreendentemente deserta) Quinta Avenida, em Nova York, vestindo um tubinho preto, luvas pretas de cetim e um opulento colar de pérolas. A atriz usa ainda uma pequena coroa de diamantes e óculos escuros com armação de gatinho arrematando o visual, enquanto toma café de frente para as vitrines da Tiffany. O sucesso de “Bonequinha de Luxo” consagrou o “pretinho básico”, que permanece até hoje como sinônimo de elegância e item essencial em qualquer guarda-roupa feminino. No filme, os vestidos criados pelo icônico estilista francês Hubert de Givenchy e as peças desenhadas por Edith Head, premiada figurinista americana, prezam por uma simplicidade clássica e atemporal. A roupa da personagem Holly Golightly é quase uma personagem à parte na

Marasciulo

// Fashion and movies walk hand in hand, one influencing the other. Few films, however, had a costume design as memorable as “Breakfast at Tiffany’s”. The 1961 movie starring Audrey Hepburn evokes one of Hollywood’s most classic opening scenes: Audrey steps out of a cab at dawn in a (surprisingly deserted) Fifth Avenue, in New York, wearing a little black dress, black satin gloves and an opulent pearl necklace. The actress also wears a diamante hair ornament and kitty sunglass frames rounding up the look, while she drinks coffee in front of Tiffany’s display window. The success of “Breakfast at Tiffany’s” enshrined the “little black dress”, which until today is a symbol of elegance and an essential item in any feminine wardrobe. In the movie, the dresses idealized by iconic French stylist Hubert de Givenchy and the clothes created by Edith Head, award-winning American costume designer, value a classic and timeless simplicity. Character Holly Golightly’s attire is almost a character in its own right, in this story of a call girl who dreams of marrying a millionaire, but falls in love with a writer supported by his lover. Analyzing the film currently, almost 60 years later, it almost seems obvious that it would become a fashion reference.

42 | AHEAD mag

foto/photo: Getty Images

por/by Marília


43 | AHEAD mag


FRONT ROW

Os vestidos criados pelo icônico estilista francês Hubert de Givenchy e as peças desenhadas por Edith Head prezam por uma simplicidade clássica e atemporal

história da garota de programa que sonha em se casar com um milionário, mas se apaixona por um escritor bancado pela amante. Ao analisar o filme hoje, quase 60 anos depois, parece até óbvio que ele se tornaria referência para a moda. “Tínhamos uma atriz considerada muito bela para o período, um figurino de Givenchy, que já era ícone da alta costura parisiense, e o nome de uma das principais joalherias do mundo no título”, destaca João Braga, professor de história da moda da Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP). “Isso tudo gera uma aura de desejo, de luxo. Quem não gostaria de viver nesse universo? O cinema, assim como a moda, faz sonhar.” Mas nada disso era muito evidente naquela época. Depois de décadas de glamour e excessos, os anos 1960 foram marcados pelo caráter trans-

“We had an actress who was considered extremely beautiful at the time, a wardrobe by Givenchy, who was already an icon of Parisian haute couture, and the name of one of the world’s major jewelry stores in the title,” highlights João Braga, professor of fashion history at Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP). “All this combined generates an aura of desire, of luxury. Who wouldn’t want to live in that universe? Movies, like fashion, make us dream.” Moreover, this was not as evident at the time. After decades of glamour and excesses, the 1960s were marked by a transgressive character in fashion. Longer hemlines gave way to shorter ones, petticoat skirts lost space to cropped pants, while miniskirts reigned absolute. Youth started crying for greater freedom and, although Audrey had a young beauty at 32, she did not represent those values. The actress

44 | AHEAD mag

fotos/photos: Getty Images

// The dresses idealized by iconic French stylist Hubert de Givenchy and the clothes created by Edith Head value a classic and timeless simplicity


gressor na moda. Comprimentos longos deram lugar aos mais curtos, saias rodadas perderam espaço para calças com corte seco e minissaias reinaram absolutas. A juventude passou a gritar por mais liberdade e embora Audrey tivesse um padrão de beleza jovial aos 32 anos, ela não representava esses valores. A atriz era mais conhecida por interpretar princesas ou “boas-moças”. Tanto que o próprio Truman Capote, autor do livro que deu origem à adaptação, visualizava Marilyn Monroe no papel. A combinação de pretinho básico e pérolas também não era nenhuma novidade e havia sido lançada por Coco Chanel em 1926. Por que, então, “Bonequinha de Luxo” marcou época e permanece até hoje como referência? Uma das teorias do historiador João Braga é que o filme tenha captado uma linguagem de purismo minimalista que começava a surgir nas artes, mas só chegaria à moda a partir dos anos 1980. Há também quem acredite que as escolhas foram cuidadosas para evitar qualquer relação com o erotismo e substituí-lo por sedução. O mais lógico, porém, é acreditar que o figurino do filme marcou época justamente por escancarar toda a elegância de um visual clássico. Embora Chanel tenha lançado o combo pretinho básico e pérolas, foi Givenchy quem consagrou a versatilidade da peça, estilizada de diferentes maneiras no longa para comprovar que elegância não é sinônimo de exagero. Ao mesmo tempo, a parceria de Givenchy e Audrey – que ultrapassava as telas – deve ser exaltada. Na vida real, a atriz se vestia basicamente como a personagem principal do filme, o que serviu para alimentar o desejo do público por aquele visual, já que Audrey Hepburn era (e ainda é) considerada um ícone de estilo. “O ar do tempo está presente, mas a tendência maior pende ao clássico, que é algo muito mais duradouro”, explica Braga. Talvez seja por isso que, quase 60 anos depois, a moda de “Bonequinha de Luxo” permaneça tão viva em nossa memória e eternamente desejada.

A cena clássica, e que dá nome ao filme no original em inglês, em que Audrey Hepburn toma café admirando a vitrine da Tiffany // The classic scene, which gives name to the film, in which Audrey Hepburn drinks coffee admiring the window of Tiffany's store

O sucesso de “Bonequinha de Luxo” consagrou o pretinho básico, item essencial em qualquer guarda-roupa feminino // The success of “Breakfast at Tiffany’s” enshrined the little black dress, an essential item in any feminine wardrobe

was more renowned for playing princesses or “good old-fashioned girls”. To the extent that Truman Capote, author of the book adapted for the screen, visualized Marilyn Monroe in the role. The combination of little black dress and pearls was not a novelty either, having been launched by Coco Chanel in 1926. So why, then, did “Breakfast at Tiffany’s” become so famous, remaining a reference until this day? One of historian João Braga’s theories is that the film captured a language of minimalist purism that started to surface in the arts, but would only enter the world of fashion in the 1980s. There are also those who believe that the choices were carefully made in order to avoid any relation with eroticism, substituting it with seduction. The logical answer, however, is to believe that the movie’s costume design became a landmark by highlighting the elegance of a classic look. Although it was Chanel who launched the combo little black dress and pearls, Givenchy consecrated the versatility of the piece, stylized in different ways throughout the movie, to prove that elegance is not synonymous with exaggeration. At the same time, the Givenchy-Hepburn partnership – which went beyond the silver screen – should be exalted. In real life, the actress basically dressed like the film’s leading character, which served to feed the public’s desire for that look, since Audrey Hepburn was (and continues to be) heralded as an icon of style. “The air du temps is present, but the bigger trend is tipped towards the classic, which is longer lasting,” explains Braga. Maybe that is the reason why, almost 60 years later, “Breakfast at Tiffany’s” fashion remains so vivid in our memory and is forever cherished.

45 | AHEAD mag


FRONT ROW

POR DENTRO DO FIGURINO DE AUDREY HEPBURN

O pretinho básico Hubert de Givenchy desenhou dois vestidos pretos para Audrey Hepburn: um longo (o original era mais curto, mas Edith Head o adaptou) e outro curto, com plumas na barra. Ambos não têm mangas e se destacam pelas linhas retas e secas, com colo arredondado. O primeiro, porém, virou um símbolo do filme e é impossível imaginar Holly Golightly sem ele. Além da peça original feita à mão guardada no acervo da marca, existem duas cópias: uma está no Museu do Filme, em Madri, e a outra foi leiloada pela Christie’s em 2006 por mais de 467 mil libras (R$ 1,7 milhão, à época).

// The little black dress Hubert de Givenchy designed two black dresses for Audrey Hepburn: a longer one (the original one was shorter, but Edith Head adapted it) and a shorter one, with plumes on the hemline. Both are sleeveless and are highlighted by the dry, straight cut, with rounded cleavage. The first, however, became an icon of that movie and it is impossible to imagine Holly Golightly without it. Besides the original, handmade piece, stored at the brand’s collection, there are two copies: one is in the Film Museum, in Madrid, and the other was auctioned by Christie’s, in 2006, for over 467 thousand pounds (over US$ 920 thousand at the time).

O colar de pérolas Ao contrário do que o nome do filme em inglês sugere, o colar de pérolas usado por Audrey não foi desenhado pela Tiffany, e, sim, por Roger Scemama. O joalheiro francês criava joias para diversas casas de alta costura da França, entre elas a Givenchy. Aliás, em todo o filme a atriz não usou uma joia, sequer, da Tiffany.

// The pearl necklace Contrary to what the movie’s title suggests, the pearl necklace used by Audrey was not designed by Tiffany, but by Roger Scemama. The French jeweler created jewels for many French haute couture maisons, including Givenchy. By the way: in the whole movie, the actress never wore any Tiffany jewels.

Os óculos escuros Embora pareçam o modelo Wayfarer, um clássico da Ray-Ban, os óculos da personagem Holly Golightly foram, na verdade, criados por Oliver Goldsmith. Para comemorar o aniversário de 50 anos do filme, a marca relançou o modelo Manhattan, que é feito à mão na Itália e tem armação tartaruga e lentes verde-escuras.

// The sunglasses Although they resemble the Wayfarear model, a Ray-Ban classic, character Holly Golightly’s glasses were actually created by Oliver Goldsmith. To celebrate the movie’s 50th anniversary, the brand launched the Manhattan model, which is handmade in Italy and has a tortoise frame and dark green lenses.

46 | AHEAD mag

foto/photo: reprodução

// INSIDE AUDREY HEPBURN’S WARDROBE


47 | AHEAD mag


UPGRADE

BELEZA ATEMPORAL TIMELESS BEAUTY por/by Raphael

Calles

01

03

02

01

02

03

Maiô decote V, Leboh

Óculos de sol Tiffany Paper Flowers 4155

Vaso Harcourt Balustre, Baccarat

O formato borboleta é acentuado pelo detalhe metálico na parte superior. A peça não deixa o classicismo de lado por conta dos traços arredondados.

//V-neck swimsuit, Leboh The brand’s pieces are made out of fabric salvaged from other brands of the Morena Rosa group, guaranteeing high quality and sustainability. The piece combines black fabric with white stripes.

//Tiffany Paper Flowers 4155 Sunglasses The butterfly shape is accentuated by the metallic detail in the upper portion. The piece does not forego classicism because of its rounded traces.

R$ 255,90 leboh.com.br

R$ 1.380. sunglasshut.com/br

48 | AHEAD mag

A linha Harcourt integra a coleção da marca há 170 anos e já foi editada por designers diversas vezes ao longo do tempo. Este modelo conta com estrutura transparente e detalhes em vermelho. //Harcourt Balustre Vase, Baccarat The Harcourt line has been part of the brand’s collection for 170 years and has often been edited by designers in the course of time. This model counts with a transparent structure and details in red.

R$ 5.696 (versão de 20 cm) // R$ 5,696 (7.8 inch version)

beganpresentes.com.br

fotos/photos: divulgação

As peças da marca são elaboradas com tecidos reaproveitados de outras grifes do grupo Morena Rosa, o que garante alta qualidade e sustentabilidade. A peça combina tecido preto com tiras em branco.



FASHION

LUXO NOS DETALHES LUXURY IN THE DETAILS

CEO da Vilebrequin, Roland Herlory encontra no cotidiano de St. Barth as inspirações para dirigir a marca de bermudas de luxo Vilebrequin CEO Roland Herlory finds in his daily life in St. Barth the inspiration to helm the luxury Bermuda shorts brand

M

Vieira

orador da paradisíaca St. Barth e dono de um lifestyle invejável, Roland Herlory busca no cotidiano da ilha caribenha as inspirações para criar. Caminhadas à beira-mar e uma conversa franca com suas plantas fazem parte da rotina do CEO da Vilebrequin. Mas se o executivo de cabelos louros e pele bronzeada transmite uma imagem dolce far niente, em alguns minutos ele mostra quão meticuloso é seu trabalho. Nome por trás da icônica marca francesa de calções de banho, Herlory coloca a alma em tudo o que faz. Depois de 23 anos bem-sucedidos na Hermès, em 2012 ele assumiu a direção da Vilebrequin. “Mudar é o que te mantém acordado”, defende. Focado na excelência do produto final, ele acompanha todas as etapas de produção das bermudas de luxo que possuem um preço superior a R$ 1 mil – da seleção dos materiais à fábrica, da escolha de parcerias aos tipos de cordão. Os calções de banho inconfundíveis da Vilebrequin são, talvez, os mais desejados entre fashionistas. Com o lançamento da linha feminina – invenção de Herlory –, a marca se tornou referência em beachwear para a família. Ou moda férias, como diz o CEO. Embora more em um destino dos sonhos, ele garante que sua vida é de trabalho ininterrupto – máxima que, para quem cria roupas para banhos de mar, sombra e água fresca, parece impossível.

// A dweller of heavenly St. Barth and protagonist of an enviable lifestyle, Roland Herlory searches in the Caribbean island’s daily routine for inspiration to create. Walks by the seashore and frank talks with his plants are a part of the routine of Vilebrequin’s CEO. However, if the blonde, tanned executive transmits an image of dolce far niente, it takes only a few minutes for him to show how meticulously he works. The name behind the iconic French brand of bathing trunks, Herlory puts his soul in everything he does. After 23 successful years at Hermès, in 2012 he assumed the direction of Vilebrequin. “Change is what keeps you awake,” he defends. Focused on the excellence of the final product, he accompanies every stage of the production of the luxury Bermuda shorts that have a price over US$ 255 – from the selection of materials to the factory, from the choice of partners to the types of laces. Vilebrequin’s distinctive bathing shorts are, perhaps, the most desired among fashion lovers. With the launching of the feminine line, – Herlory’s concoction -, the mark has become a reference in family beachwear; or in vacation fashion, as the CEO puts it. Although he resides in a dream destination, he guarantees that he lives for uninterrupted work – a motto that, for someone who creates sea, shade and fresh water clothes seems almost impossible.

50 | AHEAD mag

Acima, retrato de Roland Herlory. Ao lado, imagens da nova coleção da Vilebrequin e locais em São Paulo que inspiram o CEO // Above, Roland Herlory's portrait. Beside, images of the new collection of Vilebrequin and locations in São Paulo that inspire the CEO

vilebrequin.com Shopping JK Iguatemi Av. Pres. Juscelino Kubitschek, 2041 Vila Olímpia, São Paulo

fotos/photos: divulgação e Shutterstock

por/by Luiza


Inspirações em São Paulo A bem-sucedida loja no Shopping JK Iguatemi, em São Paulo, é reflexo do sucesso da marca entre o público brasileiro. E se depender de Herlory, uma nova unidade no Shopping Iguatemi vem aí. “Tudo pode te inspirar, desde que você tenha tempo para olhar ao redor com atenção. E o Brasil é, certamente, cheio de referências”, destaca.

// Inspirations in São Paulo The successful store at JK Iguatemi Shopping, in São Paulo, is a reflection of the brand’s popularity with the Brazilian public. As far as Herlory is concerned, a new unit at Shopping Iguatemi could well be on its way. “Everything can inspire you, as long as you have the time to cast an attentive glance around. And Brazil is, certainly, filled with references,” he highlights.

Pinacoteca, na Luz “Uma construção inacreditável, com os tijolos aparentes, do século 19. Ao mesmo tempo, tem uma modernidade, com o teto totalmente envidraçado. Considero o passeio como um momento de férias quando estou na cidade a trabalho.”

// Pinacotheca at Luz district “An incredible building, with a brick wall, from the 19th century. It is, at the same time, modern, with a glass roof. I consider this tour a moment of leisure when I’m in the city for work.”

1

Oca, no Parque do Ibirapuera “A Oca é um prédio diferente de qualquer outro que você verá no mundo, a não ser no Brasil, devido a genialidade de Oscar Niemeyer. Ele, certamente, transformou a arquitetura do país.”

// Oca, at Ibirapuera Park “Oca is a building unlike any other you’ll see in the world, with the exception of Brazil, thanks to the genius of Oscar Niemeyer. He certainly transformed the country’s architecture.”

51 | AHEAD mag


DESIGN

CURVAS ARROJADAS BOLD CURVES Conheça os traços ousados e coloridos do egípcio Karim Rashid, um dos principais nomes do design contemporâneo Get acquainted with the bold and colorful strokes of Egyptian Karim Rashid, one of the major names of contemporary design

Interior do Prizeotel Hamburg, na Alemanha, projetado pelo egípcio Karim Rashid // Interior of the Prizeotel Hamburg, in Germany, designed by the Egyptian Karim Rashid

fotos/photos: divulgação

E

xcêntrico, colorido, futurista. Sejam quais forem suas impressões sobre o trabalho do egípcio Karim Rashid, elas estão absolutamente corretas. Isso porque o próprio designer se considera plural e inquieto. Dono de uma criatividade a mil que o coloca entre os principais nomes do design contemporâneo, ele emprega sua versatilidade em cores e materiais por praticamente todas as áreas do desenho, sendo autor de peças que vão de mobiliário a coleções de moda e acessórios, como joias e relógios. Batizado como o Príncipe do Plástico pela revista norte-americana Time em 2001, à época ele afirmou que mudaria o mundo objeto por objeto – tema de seu livro “I want to change the world”. Sua obra está nas coleções permanentes de 20 museus espalhados pelo mundo, como o MoMA e o Brooklyn Museum of Art, em Nova York. “Acredito que poderíamos estar vivendo em um mundo completamente diferente – cheio de objetos, espaços, lugares, mundos, espíritos e experiências verdadeiramente inspiradores e contemporâneos”, defende.


por/by Luiza

Vieira


DESIGN

//Beside, portrait of the Egyptian Karim Rashid, one of the leading names in contemporary design Lâmpada de mesa projetada para a Purho, semelhante a uma gota de água // Table lamp designed for Purho, similar to a drop of water

Artista dos superlativos, Karim Rashid nasceu no Cairo e se formou em 1982 na Universidade de Carleton, em Ottawa, no Canadá. Fez pós-graduação na Itália e hoje transita entre Nova York, Belgrado, Miami e México, inquieto que é. Aos 58 anos, o designer acumula números impressionantes: ele assina mais de quatro mil produtos, conquistou mais de 300 prêmios ao longo da carreira, tem objetos em mais de 40 países e é responsável por projetos em hotéis e resorts, universidades, prédios residenciais e restaurantes – o prestigiado Morimoto, na Filadélfia, é inteiro de sua autoria. O designer também já colaborou para marcas como Audi, Christofle, Alessi, Veuve Clicquot, Umbra, Paul Mitchell, Philip Morris, Bonaldo, Tonelli, BoConcept, Kenzo e Samsung. No Brasil, ele já assinou edições colaborativas de Melissa, Brastemp e uma luminária para a ViaLight. A Ahead selecionou alguns de seus trabalhos mais recentes, ilustrados nas próximas páginas.

// Eccentric, colorful, futuristic: no matter what your impressions are of the work of Egyptian Karim Rashid, they are right. The reason is that the designer considers himself to be plural and restless. Gifted with a runaway creativity that puts him among the major names of contemporary design, he uses his versatility in color and material to practically all areas of design, being the author of pieces that range from furniture to fashion collections and accessories, like jewels and watches. Nicknamed “the Prince of Plastic” by Time Magazine in 2001, at the time he declared that he would change the world object by object – the theme of his book “I want to change the world”. His work is in the permanent collections of 20 museums scattered around the world, like MoMA and the Brooklyn Museum of Art, in New York. “I believe we could be living in a completely different world – filled with objects, spaces, places, worlds, spirits and truly inspiring and contemporary experiences”, he defends. An artist of the superlative, Karim Rashid was born in Cairo and graduated in 1982 at the University of Carleton, in Ottawa, Canada. He got his post-grad in Italy and currently lives between New York, Belgrade, Miami and Mexico, restless as he is. At 58, the designer exhibits impressive numbers: he has his signature in over four thousand products, conquered more than 300 prizes along his career, has objects in over 40 countries and is responsible for projects in hotels and resorts, universities, residential buildings and restaurants – the prestigious Morimoto, in Philadelphia, is one of his creations. The designer has also collaborated with brands like Audi, Christofle, Alessi, Veuve Clicquot, Umbra, Paul Mitchell, Philip Morris, Bonando, Tonelli, BoConcept, Kenzo and Samsung. In Brazil, he signed the collaborative editions of Melissa, Brastemp and a lampshade for ViaLight. Ahead selected some of his more recent works, illustrated in the following pages.

Um dos principais nomes do design contemporâneo, Karim Rashid emprega sua versatilidade em cores e materiais por praticamente todas as áreas do desenho // One of the main names of contemporary design, Karim Rashid uses his versatility in color and material to practically all areas of design

54 | AHEAD mag

fotos/photos: divulgação

Ao lado, Retrato do egípcio Karim Rashid, um dos principais nomes do design contemporâneo


55 | AHEAD mag


DESIGN

Switch Restaurant, Abu Dhabi (2017) “O projeto reflete minha busca por espaços físicos com calor, suavidade, humanidade e prazer – um vislumbre de como o mundo pode ser”, explica o designer, sobre o restaurante nos Emirados Árabes. Segundo o autor, os poemas perfurados na fachada traduzem o bom design, que fala de maneira simples e direta, sem ser supérfluo ou faltar com tradições do passado. // “The project reflects my search for warm, soft, human and pleasurable physical spaces – a glance at what the world could be like,” explains the designer about the United Arab Emirates restaurant. According to the author, the poems drilled on the façade are a translation of good design, which speaks simply and directly, without being redundant or ignoring the traditions of the past.

Temptation Resort&Spa, Cancun (2017)

fotos/photos: divulgação

Rashid assinou a milionária renovação do resort mexicano, da fachada multicolorida de sete andares às áreas comuns e o interior das 430 habitações. Inspirado nas formas do corpo humano, o projeto tem uma vibe sensual e descolada, que traduz a atmosfera do hotel somente para adultos. // Rashid signed the expensive renovation of the Mexican resort, from the colorful seven-floor façade to the common areas and interior with 430 accommodations. Inspired by the forms of the human body, the project has a sensual and cool vibe, which translates the atmosphere of this hotel for adults only.

56 | AHEAD mag


Design Your Self Exhibition, Seul (2017) Tema do livro de mesmo nome, publicado por Rashid em 2013, a exposição levou para a capital sul-coreana sete ambientes. A primeira, Karimstory, introduzia ao público um pouco da história do designer egípcio, e era fio-condutor para as demais seções. Mais de 350 obras fizeram parte desse panorama, incluindo móveis, esboços e esculturas. // A theme of the book by the same name, published by Rashid in 2013, the exhibition took to the South-Korean capital seven ambiances. The first, Karimstory, introduced the public to the Egyptian designer’s life story and was the main thread to the other sections. Over 350 works were part of this survey, including furniture, sketches and sculptures.

57 | AHEAD mag


APPETITE

PRAZER, KOSHER PLEASED TO MEET YOU, KOSHER Apesar de uma série de restrições impostas pelo Torá há mais de 3 mil anos, a gastronomia judaica ortodoxa prova que pode deixar qualquer um com água na boca In spite of a series of restrictions imposed by the Torah for over 3 thousand years, orthodox Jewish gastronomy proves that it can be mouthwatering for everyone

P

ara quem não é judeu, as regras do judaísmo ortodoxo durante o Shabat soam quase impraticáveis, especialmente na gastronomia: os sábados devem ser dedicados ao descanso absoluto e nenhum esforço pode ser realizado, incluindo assar, fritar, cortar, moer, preparar massa, usar descascador, cozinhar alimentos e até acender fogo. Não é de se estranhar, então, que aos sábados todo restaurante kosher feche suas portas. A rigorosa lista de restrições do Cashrut, conjunto de leis sobre a alimentação kosher, impõe uma série de desafios, como as proibições à carne de porco e a qualquer mistura entre carne, leite e derivados – hambúrguer e queijo, nem pensar. Mesmo assim, é possível desfrutar de pratos saborosos, como os tradicionais faláfel (bolinho frito de grão-de-bico) e shawarma, espécie de sanduíche com finas tiras de carne e legumes servido no pão árabe. Foi diante da dificuldade em encontrar lugares que seguissem as regras da gastronomia kosher que o casal Berta e Betzi Berlovich, ele israelense e judeu ortodoxo, abriu um restaurante em São Paulo. No Pinati, em Higienópolis, é possível experimentar pratos típicos, como o sabich, sanduíche israelense no pão pita, com berinjelas fatiadas greladas, ovo cozido, salada e molho à base de manga. Outras opções incluem kebab de coxa e sobrecoxa de frango e um suculento hambúrguer de até 240 gramas com carne bovina e de cordeiro. Se no Brasil a oferta de (bons) estabelecimentos kosher ainda é pequena, no exterior há um nicho de

Horita

// For non-Jewish people, the rules of orthodox Judaism during Shabbat sound almost impracticable, especially in terms of food: Saturdays must be dedicated to absolute rest and no effort can be made, including roasting, frying, cutting, mincing, preparing pasta, using a shredder, cooking food or even lighting a fire. It is not strange, therefore, that every kosher restaurant closes its doors on Saturdays. The rigorous list of restrictions of the Kashrut, set of laws concerning kosher nutrition, impose a series of challenges, such as the prohibition of pork meat and any mixture involving meat, milk and dairy products – a cheeseburger is totally out of the question. Even then, it is possible to enjoy tasty dishes, like the traditional falafel (fried chickpea patties) and shawarma, a sandwich made up of thin slices of meat and vegetables served on pitta bread. Faced with the difficulty of finding places that followed the rules of kosher gastronomy, the couple Berta and Betzi Berlovich - he a Jewish orthodox Israeli - opened a restaurant in São Paulo. At Pinati, in the district of Higienópolis, it is possible to try typical dishes, such as sabich, an Israeli sandwich in pitta bread with grilled slices of eggplant, boiled egg, salad and mango-based sauce. Other options include chicken leg quarter kebab and a succulent half-pound hamburger with beef and lamb meat. If in Brazil the offer of (good) kosher establishments is still small, overseas there is a niche of restaurants, cafés, bars and sweetshops that attempt to grab the attention of orthodox Jews as well as of the general public. Countries like England, Canada, France and the U.S., especially in California and New York, concentrate a number of kosher places. Located on the Lower East

58 | AHEAD mag

foto/photo: Shutterstock

por/by Natalia


59 | AHEAD mag


APPETITE

// Kosher cooking follows the rules and limitations imposed by the Torah and the Talmud for over 3.300 years

restaurantes, cafés, bares e docerias que busca atrair tanto judeus ortodoxos quanto o público em geral. Países como Inglaterra, Canadá, França e Estados Unidos, especialmente na Califórnia e em Nova York, concentram um sem-número de lugares kosher. Localizadas no Lower East Side, em Manhattan, a Second Avenue Deli e a Yonah Schimmel’s Knish Bakery são dois clássicos da cidade – o segundo abriu em 1890, quase 60 anos antes da fundação de Israel. BEABÁ KOSHER

A culinária kosher segue as regras e limitações impostas pelo Torá e pelo Talmude há mais de 3.300 anos. Desses livros religiosos decorrem as leis alimentares que compõem o Cashrut, cuja função é traçar diretrizes que orientam preparo, ingredientes e até utensílios da cozinha judaica mais ortodoxa. Em hebraico, kosher significa “correto”, “adequado”, “apropriado”. De acordo com o texto histórico, os alimentos kosher são divididos em três grupos. No primeiro estão as proteínas oriundas de boi, carneiro, frango e outros animais “que ruminam e possuem casco fendido”, conforme orienta o Torá. A segunda categoria inclui o leite e seus derivados. Por fim, os alimentos parve são os neutros, como frutas, vegetais e cereais que crescem na terra. Nessa última lista estão também os peixes, desde que “tenham nadadeiras e escamas”, segundo ensina o texto religioso – peixes sem escamas são proibidos. Facilidade e a praticidade passam longe da cartilha kosher. Para seguir a disciplina à risca, é preciso praticamente ter e equipar duas cozinhas diferentes: uma para manipular e preparar receitas com carne e outra para lidar com leite e derivados. Isso porque a divisão entre esses dois ingredientes é uma das regras estruturais da dieta ortodoxa e é oriunda de um ensinamento do Torá que diz “não cozerás um cabrito no leite de sua mãe”.

Side of Manhattan, Second Avenue Deli and Yonah Shimmel’s Knish Bakery are two Big Apple classics – the second opened in 1890, almost 60 years before the founding of the state of Israel. KOSHER DICTIONARY

Kosher cooking follows the rules and limitations imposed by the Torah and the Talmud for over 3.300 years. From these religious books come the culinary laws that compose the Kashrut, the purpose of which is to trace guidelines to direct the preparation, ingredients and even utensils of the orthodox Jewish kitchen. In Hebrew, kosher means “correct”, “adequate”, “appropriate”. According to the historical text, kosher food is divided in three groups. In the first one are proteins coming from meat, lamb, fowl and other animals “that chew the cud and have cloven hooves,” according to the Torah. The second category includes milk and dairy products. Finally, pareve foods are the neutral ones, such as fruit, vegetables and cereals that grow from the land. In the final list are also fish, as long as they have “fins and scales”, according to the teachings of the religious text – fish without scales are forbidden. The kosher primer is not specifically easy or practical. To follow the discipline exactly, it is practically necessary to have two differently equipped kitchens: one to manipulate and prepare meat recipes; the other to deal with milk and dairy products. The reason being due to the fact that the division between these two ingredients is one of the struc-

Na página anterior, homus, falafel, tahine e salada, combinação tradicional da culinária kosher // On the previous page, hommus, falafel, tahine and salad, traditional combination in the kosher cousine Ao lado, o chicken shawarma e o falovo do restaurante kosher paulistano Pinati // Beside, the chicken shawarma and the "falovo" from Pinati kosher restaurant in São Paulo Abaixo, o concorrido sanduíche de pastrami da Second Avenue Deli, em Nova York // Below, the coveted pastrami sandwich from Second Avenue Deli in New York

fotos/photos: @nogarlicnoonions, @pinatisp e @danilo.mangini

A culinária kosher segue as regras e limitações impostas pelo Torá e pelo Talmude há mais de 3.300 anos

60 | AHEAD mag


tural rules of the orthodox diet, arising from a teaching in the Torah that states that “you shall not cook a young goat in its mother’s milk.” The utensils and equipment used and the form of food conservation and manipulation are also major features of the dietary rules. Another law determines the adequate way to slaughter cow, fowl and lamb, in a ritual called Shechita: a rabbi pronounces the Berakhah prayer and subsequently severs the trachea of the animal with an extremely sharp blade, in order to provoke instantaneous and painless death. If any suffering of the animal is detected, the meat is discarded. NEW FLAVORS

Os utensílios e equipamentos usados, a forma de conservação dos alimentos e a manipulação da comida também protagonizam as regras da dieta. Outra lei determina o modo adequado para o abate de vacas, frangos e carneiros, em um ritual chamado Shechita: um rabino profere a oração Beracha e posteriormente degola os animais com uma faca afiadíssima e um corte na traqueia, de forma a provocar morte instantânea e sem dor. Se for detectado qualquer sofrimento no animal, a carne é descartada.

There isn’t a rational foundation to guide kosher cooking, but a dogmatic one. “The laws of Kashrut are extremely complex, hard to follow and incompatible with today’s busy world,” considers Clarice Reichstul, who helms Paca Polaca deli, in the São Paulo district of Pinheiros. A descendant of a Polish Jewish lineage, she cooks the classics of Jewish cuisine that she learned from her grandmother, like the varenyky, a kind of dumpling filled with caramelized onions, but without following the orthodox precepts Although anchored in religious traditions and dictates, kosher cooking also has its modern side. “It doesn’t need to be something boring, you just have to use your imagination. At Pinati, for example, we invented the “falovo”, a mixture of Scotch eggs and falafel,” defends Berta Berlovich. The egg with soft yolk is coated with a chickpea, parsley and cilantro patty, resulting in

NOVOS SABORES

Não há exatamente um fundamento racional que oriente a culinária kosher, mas, sim, dogmático. “As leis do Cashrut são extremamente complexas, difíceis de seguir e incompatíveis com o mundo corrido atual”, pondera Clarice Reichstul, à frente da deli Paca Polaca, no bairro paulistano de Pinheiros. Descendente de uma linhagem judaica polonesa, ela cozinha os clássicos da culinária judaica que aprendeu com a avó, como o varênique, espécie de massa recheada com cebola caramelizada, mas sem seguir a linha ortodoxa. Embora fincada em tradições e ditames religiosos, a culinária kosher também tem seu lado moderninho. “Não precisa ser algo chato, basta usar a imaginação. No Pinati, por exemplo, inventamos o falovo, mistura de bolovo com faláfel”, defende Berta Berlovich. O ovo de gema mole é revestido por massa de grão-de-bico com salsinha e coentro, resultando em um salgadinho crocante por fora, macio por dentro e 100% kosher.

61 | AHEAD mag


RETRANCA APPETITE

INTRODUÇÃO ÀS REGRAS KOSHER: ·· Carne de porco, frutos do mar e peixes sem escamas são expressamente proibidos. ·· Não é permitido misturar carne com leite e seus derivados, nem mesmo durante o armazenamento. ·· A ingestão de laticínio após o consumo de carne só é permitida após um período de seis horas (e vice-versa). ·· Produtos derivados do vinho e do suco de uva (geleia, bala, vinagre) só podem ser consumidos se produzidos com a supervisão de um rabino. ·· Nas verduras e nos legumes, é necessário inspecionar eventuais “furinhos”. Qualquer indício de que o furo foi feito por larvinhas obriga o descarte do alimento.

// Contemporary kosher cuisine at Californian restaurant Tierra Sur at Herzog Wine Cellars

O falovo do Pinati mostra que a culinária kosher, ainda que exigente, pode abranger quase tudo, de simples lanchonetes que servem salmão curado com bagel a locais sofisticados. Exemplos disso são os restaurantes Tierra Sur at Herzog Wine Cellars, que pratica uma gastronomia farm to table, em Oxnard, na Califórnia, e Terrazza Tiberio, cujos preparos de acento mediterrâneo, em Capri, na Itália, são oferecidos com uma vista deslumbrante para o mar. No Brasil, até a feijoada virou kosher. Servida no restaurante paulistano Bolinha, a versão da comida típica brasileira com acento judaico ortodoxo é feita somente com carnes bovinas em vez de carnes suínas, além de alguns ajustes no tempero e no preparo – e é tão saborosa quanto o prato tradicional. Prova de que mesmo seguindo tantas regras milenares, a culinária kosher pode ser deliciosa.

a dough that is crispy on the outside, soft on the inside and 100% kosher. Pinati’s falovo shows that kosher cuisine, although demanding, can include almost anything, from simple diners that serve cured salmon with bagels to sophisticated places. Some examples of this are restaurants Tierra Sur at Herzog Wine Cellars, which practices a farm to table gastronomy in Oxnard, California, and Terrazza Tiberio, in Capri, Italy, whose Mediterranean-style preparations are offered with a breathtaking view to the sea. In Brazil, even feijoada became kosher. Served at São Paulo restaurant Bolinha, the version of the typical Brazilian dish with orthodox Jewish accent is made with beef instead of pork meats, as well as some adjustments in seasoning and preparation – and is as tasty as the original dish. A proof that even following so many ancient rules, kosher cuisine can be delicious.

62 | AHEAD mag

// AN INTRODUCTION TO KOSHER RULES: ·· Pork meat, seafood and fish without scales are expressly prohibited. ·· The mixture of meat with milk and dairy products is prohibited, even during storage. ·· The consumption of dairy products after eating meat is only allowed following a period of six hours (and vice-versa). ·· Products stemming from wine and grape juice (jam, sweets, vinegar) can only be consumed if produced under the supervision of a Rabbi. ·· Greens and vegetables must be inspected in relation to possible “small holes”. Any sign that the hole was made by larvae makes it obligatory to dismiss the food. ·· The whole process of manipulation, preparation and cooking of food must be supervised by a Rabbi.

foto/photo: divulgação

Culinária kosher contemporânea no restaurante californiano Tierra Sur at Herzog Wine Cellars

·· Todo o processo de manipulação, mise en place e cocção dos alimentos tem que ser supervisionado por um rabino.



MUSTgo por/by Felipe

Portuguese paradise

Pela quarta vez seguida, a Ilha da Madeira recebeu o prêmio de melhor destino insular do mundo na prestigiada celebração do turismo World Travel Awards. E fácil entender o porquê. A ilha de apenas 741 km², localizada a distantes 973 km de Lisboa, na imensidão do Oceano Atlântico, possui belíssimos cenários naturais, entre vales, montanhas e praias, flora exótica, clima ameno e excelente infraestrutura turística, incluindo vários hotéis cinco estrelas e ótimos restaurantes. //For the fourth consecutive time, Madeira Island received the award for the world’s best island destination from the prestigious tourism celebration World Travel Awards. It is not hard to understand why. The 286-square mile island, located at a distance of a little over 600 miles from Lisbon, in the vastness of the Atlantic Ocean, has gorgeous natural landscapes between valleys, mountains and beaches, exotic plants, balmy climate and excellent tourism infrastructure, including many five-star hotels and great restaurants. Ilha da Madeira / Madeira Island madeiraallyear.com

64 | AHEAD mag

fotos/photos: Shutterstock

Paraíso português

Seffrin


calvinklein.com.br


MUSTsee por/by Felipe

Attraction for the look

Em diversas culturas ao redor do globo, borboletas são símbolos de transformação e renascimento, representados na marcante passagem de lagartas para insetos alados cheios de graça e leveza. Se de longe elas já chamam a atenção pelo colorido, de perto as asas revelam padrões, texturas e dégradés que escapam ao olhar humano. No Brasil, país com mais de 3,5 mil espécies, o maior borboletário fica na reserva Mangal das Garças, em Belém (PA). // In diverse cultures around the globe, butterflies are symbols of transformation and rebirth, represented in the remarkable passage of caterpillars to winged insects full of grace and lightness. If from afar they already draw attention to the color, from near the wings reveal patterns, textures and dégradés that escape the human eye. In Brazil, a country with more than 3,500 species, the largest butterfly reserve is in Mangal das Garças, in Belém (PA). Borboletário - Mangal das Garças, Belém (PA) mangaldasgarcas.com.br

66 | AHEAD mag

fotos/photos: Flávio Terra

Deleite para o olhar

Seffrin


POTENCY PAG. 68 O DUELO ENTRE CAMARO E MUSTANG

CAMARO AND MUSTANG DUEL IT OUT

PAG. 80 O JOGADOR QUE MUDOU O BEISEBOL THE PLAYER THAT CHANGED THE BASEBALL PAG. 84 CASTELOS QUE DESAFIAM A ARQUITETURA CASTELO DE NEUSCHWANSTEIN / NEUSCHWANSTEIN CASTLE

CASTLES THAT DEFY ARCHITECTURE


fotos/photos: divulgação

ENGINE

68 | AHEAD mag


BELOS E MUSCULOSOS HANDSOME AND RUGGED Pela primeira vez em mais de cinco décadas, Mustang e Camaro estão disponíveis no mercado brasileiro. E fomos testar como é dirigir esses dois ícones sobre quatro rodas For the first time in over five decades, Mustangs and Camaros are available in the Brazilian market. We tested what it feels like driving these two four-wheel icons. por/by Rodrigo

Mora

L fotos/photos: Markus Spiske

Logo que surgiram, lá na década de 1960, os Muscle Cars se tornaram objetos de desejo de colecionadores que gastavam muito em veículos com um visual esportivo, mas com pouco luxo – e que só chegavam ao Brasil através de importadores independentes. Com o tempo, no entanto, máquinas como o Ford Mustang e o Chevrolet Camaro evoluíram, receberam um upgrade de tecnologia e ficaram mais econômicas. Mas levou 50 anos para que os dois modelos chegassem ao mercado brasileiro oficial e simultaneamente – e a AHEAD foi testá-los.

// When they appeared, in the 1960s, muscle cars became objects of desire for collectors who spent a lot in vehicles with a sports look, but little luxury – and which only arrived in Brazil through the hands of independent importers. As time went by, however, machines like the Ford Mustang and Chevrolet Camaro evolved, received a technological upgrade and became more economical. However, it took 50 years for these two models to arrive in the Brazilian market officially and simultaneously – and AHEAD decided to test-drive them. Lançado em 1966, o Chevrolet Camaro chegou ao mercado com dois anos de atraso para competir com o Ford Mustang // Launched in 1966, the Chevrolet Camaro hit the market two years late to compete with the Ford Mustang

69 | AHEAD mag


ENGINE

Linha do tempo / Timeline 1964 A primeira geração do Mustang nasce em Nova York com preços a partir de US$ 2.368. A versão mais esportiva chega em 1965: o Shelby GT350 carrega um motor V8 de 310 cv. Em 1966, ultrapassa 1 milhão de unidades vendidas. // The first Mustang generation is born in New York City with prices ranging from US$ 2,368. The sports version arrives in 1965. The Shelby GT350 carries a V8, 310 hp engine. In 1966, it overcomes the mark of a million units sold.

1967 Em resposta ao lançamento do Camaro, o Mustang ganha a versão GT500, ainda mais musculosa (360 cv) e a carroceria fast back. Em 1969, surgem 11 combinações diferentes de powertrain. // As a response to the Camaro’s launch, the Mustang gains a GT500 version, still more rugged (360 hp) and with a fastback bodywork. In 1969, 11 new powertrain combinations appear.

1974 O Mustang se despede da plataforma Falcon. A crise do petróleo explode e, além de perder o motor V8, a linha de 1974 diminui 48 cm no comprimento. // The Mustang bids farewell to the Falcon platform. The oil crisis explodes and, besides losing the V8 engine, the 1974 line is 48 cm shorter in length.

Ficha Técnica

1978 O Mustang tenta reconquistar os fãs: retorno do V8, inclusão de pacotes especiais e teto de fibra removível, para simular um carro conversível – apostas que culminam na versão Cobra. // The Mustang tries to reconquer its fans: a return to the V8 engine, inclusion of special packages, removable carbon fiber roof to simulate a convertible – wagers that will lead to the Cobra version.

Motor: 5.038 cm3, 8 cilindros em “V”, 32 válvulas Potência: 466 cv a 7.000 rpm Torque: 56,7 kgfm a 4.600 rpm Transmissão: automática de 10 marchas, tração traseira Pneus: 255/40 R19 (D) e 275/40 R19 (T)

1979

Dimensões: 4.789 mm de comprimento, 1.957 mm de largura, 1.382 mm de altura e 2.720 mm de entre-eixos Porta-malas: 382 litros

70 | AHEAD mag

fotos/photos: divulgação

Peso: 1.783 kg'

A plataforma Fox deixa o Mustang com cara de compacto europeu. Seu motor V8 é “estrangulado” para 117 cv. A carroceria conversível retorna após 10 anos. // The Fox platform leaves the Mustang with an European compact look. Its V8 engine is “strangled” down to 117 hp. The convertible bodywork returns after 10 years.


ENIGNE

Ford Mustang GT 2018 (R$ 315.900) O dedo indicador aperta sutilmente o botão da ignição, mas o que o 5.0 V8 do Mustang devolve é uma agressão sonora que me faz passar vergonha na garagem do prédio. Marcha engatada, saio mansinho, acenando, como se estivesse pedindo desculpas pelo amigo mal-educado. O que vem a seguir é uma relação entre homem e máquina construída timidamente. Se eu aliso o acelerador, os 56,7 kgfm de torque ficam contidos. Se eu o aperto um pouco mais, o ronco vai subindo o tom de voz aliado à velocidade. Desfilar com o Mustang no trânsito é uma experiência única. Ao seu lado, todos os carros parecem convencionais. A cidade fica para trás, pois o rumo é uma estrada litorânea. E a sós descubro que ele faz jus à fama. Nas retas, os 466 cavalos de potência do motor (seu sobrenome é Coyote III) levam o velocímetro a números impublicáveis. Muscle Cars nasceram para ace-

// The forefinger subtly presses the ignition, but what the 5.0 V8 of the Mustang delivers is an aggressive roar that embarrasses me in the building’s garage. Vehicle in gear, I move softly out, waving, as if I were excusing myself for an impolite friend. What comes next is a relation between man and machine timidly constructed. If I ease up on the accelerator, the 56.7 kgfm torque is contained. If I press a little more, the roar goes up in tune with the speed. Parading a Mustang in traffic is a unique experience. Next to it, all cars look conventional. The city is left behind, for the destination is a coastal road. Alone with the Mustang, I discover it owns up to its fame. On straight lines, the 466 hp of the engine (its last name is Coyote III) raise the speedometer to unpublishable numbers. Muscle cars were born to accelerate vertiginously only in straight lines, but in curves the Mustang is almost subversive, squandering away precision.

71 | AHEAD mag


ENGINE ENGINE

Linha do tempo / Timeline 1984 A estreia da versão SVO devolve parte da esportividade ao modelo. Dois anos depois, o 5.0 V8 troca os carburadores por injeção eletrônica e o consumidor responde. Em 1988, mais da metade dos Mustangs comercializados são equipados com esse motor. // The debut of the SVO version restores a part of the sports look to the model. Two years later, the 5.0 V8 trades carburetors for electronic injection and the consumer responds. In 1988, more than half the commercialized Mustangs are equipped with that engine.

1994 A era “Fox body” dá lugar à quarta geração do Mustang, que se reconecta às raízes do típico muscle car americano. Das 1.850 peças do carro, 1.330 são substituídas. // The Fox body era gives way to the fourth Mustang generation, which reconnects with the roots of the typical American muscle car. From the car’s 1,850 parts, 1,330 are substituted.

2001 Reestilizado, o Mustang estreia a versão Bullitt. Em 2004, o Mustang se despede da fábrica de Dearborn, onde fora produzido desde 1964. // Restyled, the Mustang debuts the Bullitt version. In 2004, the car bids farewell to the Dearborn factory, where it had been produced since 1964.

Technical specifications

2005

Engine: 5,038 cm3, 8 cylinders in “V”, 32 valves

A quinta geração estreia na fábrica de Flat Rock, Michigan, reencontrando seu conceito original. Em 2009, o GT conversível rompe 9 milhões de Mustangs produzidos. Quatro anos depois, o Shelby GT500 reaparece como o modelo mais potente já feito, com 670 cv. // The fifth generation debuts at the Flat Rock, Michigan factory, rediscovering its original concept. In 2009, the GT convertible surpasses 9 million Mustangs produced. Four years later, the Shelby GT500 reappears as the most powerful ever made, with 670 hp.

Power: 466 hp at 7000 rpm Torque: 56,7 kgfm at 4,600 rpm Transmission: 10-gear automatic, rear-wheel drive

Weight: 1,783 kg Dimensions: 4,789 mm length, 1,957 mm width, 1,382 mm height and 2,720 mm wheelbase

2013

Trunk: 382 liters

Estreia da sexta e atual geração do Mustang. // Debut of the sixth and current Mustang generation.

72 | AHEAD mag

fotos/photos: divulgação

Tires: 255/40 R19 (F) and 275/40 R19 (B)


lerar vertiginosamente apenas em linha reta, mas nas curvas o Mustang é quase subversivo, esbanjando precisão. O câmbio automático pode decepcionar os mais puristas, mas é um preciosismo quase banal não se empolgar com esse automático de dez marchas. Ele é rápido nas trocas manuais e entende o espírito do motorista. Para trajetos curtos na cidade, por exemplo, ele põe sétima marcha a 50 km/h e mantém o motor em regime baixo, poupando combustível. Mas, como já estávamos íntimos, pude abusar do Mustang. O problema foi ver o marcador de combustível despencar à metade, já que o Ford segue a velha receita americana e seu V8 consome muita gasolina. O jeito foi mudar parâmetros de direção, câmbio e ronco do motor do modo esportivo para o normal – são sete no total – e prestar atenção em outras virtudes, como os bancos com aquecimento e ventilação, o sistema multimídia de uso intuitivo e o sistema de som premium, que na linha 2019 passa a ser da Bang & Olufsen. Devolvo o Mustang já com saudades e pensando em uma boa desculpa para vê-lo de novo. Tudo bem se me olharem feio na garagem.

73 | AHEAD mag

The automatic transmission may be a disappointment to purists, but it is an almost banal over-zealousness not being excited by its ten gears. It is fast in manual changes and understands the spirit of the driver. For shorter city sprints, for example, it can go up to 30 miles an hour in seventh gear, maintaining the engine on a small rotation and saving fuel. Moreover, since we became intimate, I could exploit the Mustang. The problem was seeing the fuel gauge collapse to the middle, since the Ford follows the old American recipe and its V8 consumes a lot of gas. The solution was changing the parameters of driving, gear and engine roar from sports mode to normal – they are seven in total. As well as time to pay attention to other virtues, like the seats with heating and ventilation, the intuitive multimedia system and the premium sound system, which in the 2019 models is provided by Bang & Olufsen. I turn the Mustang back in already missing it and thinking of a good excuse to see him again. I couldn’t care less if people give me the evil eye in the garage.


// Meu único contato com o novo Camaro foi no autódromo da Fazenda Capuava, no interior de São Paulo. Pista meio travada, de retas curtas, propícia para um esportivo de dimensões e poder medianos. Mas com um V8 de tração traseira, tudo poderia acontecer. A primeira volta foi de reconhecimento. O asfalto perfeito e o sobe e desce do circuito não transmitem como é conviver com o Camaro na cidade. Mas o passeio mais lento mostrou que o novo câmbio de dez marchas é tão sutil quanto o do Mustang quando o nível de adrenalina está baixo. Também, pudera: Ford e Chevrolet desenvolveram juntas essa transmissão. Na segunda volta eu já pude acelerar, mas ainda tateando. Dá para pisar no acelerador até onde? Quão sensível é sua direção? Devo entrar em cada curva a que velocidade? E os freios, aguentam o tranco? Sem falar no tempo que eu precisava para me adaptar àquela cabine, que parece engolir o motorista.

// My only contact with the new Camaro was in the Capuava Farm racing course, in the interior of the state of São Paulo. A difficult circuit, with short straight lines, good for a sports car with medium dimension and power. However, with a V8 rear-wheel drive anything could happen. The first lap was for reconnaissance. The perfect asphalt and the ups and downs of the track do not translate what it is like to use the Camaro in the city. However the slower pace showed that the new tengear transmission is not as subtle as the Mustang’s, when the adrenaline level is low. No wonder: Ford and Chevrolet developed this transmission together. On the second lap, I was already able to accelerate, albeit still groping along. How far can I step on the gas? How sensitive is the steering wheel? At what speed should I enter curves? And the brakes, will they be able to take the heat? Not to mention the time needed to adapt to that cabin, which seems to swallow up the driver.

74 | AHEAD mag

fotos/photos: divulgação

Chevrolet Camaro SS 2018 (preço a definir / price yet to be defined)


Linha do tempo / Timeline 1966 A Chevrolet demora dois anos para reagir ao Mustang da Ford e desenvolve o Camaro a partir do Nova II. Ele chega ao mercado por US$ 2.466. O conversível estreia em 1967, US$ 240 mais caro. Chevrolet takes two years to react to Ford’s Mustang and develops the Camaro from the Nova II. It arrives with a market price of US$ 2,466. The convertible makes its debut in 1967 and is US$ 240 more expensive.

1969 Estreia do lendário Z/28. Logo ganha a companhia da versão ZL1, com um enorme motor V8 de 430 cv. Apenas 69 unidades foram feitas, o que faz do ZL1 o Camaro mais colecionável de todos os tempos. Debut of the legendary Z/28. It soon gains the company of the ZL1 version, with a huge 430 hp V8 engine. Only 69 units were made, making the ZL1 the most collectible Camaro model of all time.

1970 A primeira mudança visual vem acompanhada da versão Z/28 amansada, com um 5.7 V8 small block. The first change in look comes accompanied by the toned down Z/28 version, with a 5.7 V8 “small block”.

1975

Ficha Técnica

O Camaro encara a crise do petróleo: seus motores também foram reprimidos – o V8 chegava a tímidos 145 cv –, mas suas proporções e o conceito estético são mantidos. The Camaro faces the oil crisis: its engines are also repressed – the V8 honed down to timid 145 hp – but its proportions and aesthetic concept are maintained.

Motor: 6.162 cm3, 8 cilindros em “V”, 16 válvulas Potência: 461 cv a 6.000 rpm Torque: 62,9 kgfm a 4.400 rpm Transmissão: automática de 10 marchas, tração traseira

1981

Pneus: 245/40 R20 (D) e 275/35 R20 (T)

Após 11 anos, a segunda geração chega ao fim. O modelo 1982 apresenta um dos estilos mais icônicos do Camaro. Era a personificação dos anos 1980 em um automóvel. After 11 years, the second generation comes to an end. The 1982 model presents one of Camaro’s most iconic styles. It was the 1980s personified in an automobile.

Peso: 1.697 kg Dimensões: 4.784 mm de comprimento, 1.897 mm de largura, 1.348 mm de altura e 2.811 mm de entre-eixos Porta-malas: 257 litros

75 | AHEAD mag


Not that I was feeling like a professional pilot on the third and last lap, but it was all or nothing at all. Who knows when I’d be able to drive a Camaro on a race track again? Therefore, I got carried away, stepped on the brakes and on the gas a little early. The result was a light skid coming out of the curve. I had to spin the wheel to the other side that the front of the car pointed to so that the sports car wouldn’t spin totally – which I fully credit as the driver’s fault. The risky manoeuver intimidates and at the same time excites. If I had another lap to go, I’d try to come closer to the car’s limits, although I know I’d reach my limits way before that. After all, underneath the hood there is a 6.2 V8 of 461 and 62,9 kgfm torque. Just like its rival, the Camaro is in its sixth generation. The legendary vehicle got its first restyling and a new transmission. Sales start in the beginning of 2019, when GM will disclose the price of the model that, before renovation, was R$ 315,000. It is a price well worth paying.

76 | AHEAD mag

fotos/photos: divulgação

Não que eu estivesse me sentindo um piloto profissional na terceira e última volta, mas era tudo ou nada. Sabe-se lá quando eu poderia pilotar um Camaro em uma pista de corrida novamente, então me empolguei, freei depois e acelerei antes de onde deveria. O resultado foi uma leve “rabeada” do Camaro numa saída de curva. Precisei virar o volante para o lado contrário ao que a frente do carro apontava para que o esportivo não rodopiasse completamente – o que incluo totalmente na conta do motorista. A manobra arriscada intimida e ao mesmo tempo empolga. Se houvesse outra volta, eu tentaria chegar mais perto dos limites do carro, embora soubesse que os meus limites chegariam bem antes. Afinal, sob o capô há um 6.2 V8, de 461 e 62,9 kgfm de torque. Assim como o rival, o Camaro está na sexta geração. O veículo lendário ganhou sua primeira reestilização e novo câmbio. Suas vendas começam no início de 2019, quando então a GM divulgará seu preço que, antes da renovação, era de R$ 315.000. Vale a pena pagar para ver.


Linha do tempo / Timeline 1985 Aos poucos o Camaro vai se curando dos efeitos da crise do petróleo. A versão IROC-Z traz um 5.0 V8 de 215 cv. Em 1987, o line-up do modelo incorpora o primeiro conversível desde 1969. Little by little, the Camaro starts recovering from the effects of the oil crisis. The IROC-Z version has a 215 hp 5.0 V8 engine. In 1987, the model’s lineup incorporates the first convertible since 1969.

1993 A quarta geração eleva o patamar tecnológico do modelo, com novas opções de motorização, câmbio manual de seis marchas e refinamento interno. Em 1999, um 5.7 V8 feito em alumínio aumenta a potência para 305 cv. The fourth generation raises the technological bar of the model, with new motorization options, 6-gear manual shift and internal refinement. In 1999, the 5.7 V8 in steel raises the potency to 305 hp.

2002 Embora famoso e novamente potente, o Camaro não tem mais o prestígio de antes. Ao completar 35 anos, é aposentado – a princípio, definitivamente. Although famous and again powerful, the Camaro does not have the same prestige as before. Turning 35, it is headed for retirement – apparently forever.

Technical specifications

2010 Após se recuperar financeiramente de sua pior crise, a GM relança o Camaro. A quinta geração, que marca a estreia oficial do carro no Brasil, é vendida por atraentes R$ 185 mil, com direito a 406 cv e 57 kgfm de torque, frutos de um poderoso 6.2 V8. After recovering financially from its worst crisis, GM relaunches the Camaro. The fifth generation, which marks the official debut of the car in Brazil, is sold for attractive R$ 185 thousand, with 406 hp, 57 kgfm torque, arising from a powerful 6.2 V8.

Engine: 6,162 cm3, 8 cylinders in “V”, 16 valves Power: 461 hp at 6,000 rpm Torque: 62,9 kgfm at 4,400 rpm Transmission: 10 gear automatic, rear-wheel drive Tires: 245/40 R20 (F) and 275/ 35 R20 (B) Weight: 1,697 kg Dimensions: 4,784 mm length, 1,897 mm width, 1,348 mm height and 2,811 mm wheelbase

2016 O Camaro entra na sexta geração. The Camaro enters into its sixth generation.

Trunk: 257 liters

77 | AHEAD mag


UPGRADE

HIT THE ROAD por/by Raphael

Calles

01

03

02

01

02

03

Tênis cano médio Merino Alfaiataria

Ray Ban Wayfarer Meteor

Mochila Urban Racing Spirit Montblanc

// Mid top sneakers Merino Alfaiataria In leather with rubber soles and waxed shoestrings, the model is developed exclusively for the São Paulo brand of customized and tailor-made tailors.

// Ray Ban Wayfarer Meteor The design comes straight from the 1960s and brings transparent acetate in a combination of stripes and tones. The piece extols a vintage feeling, at the same time making for a striking and original look.

R$ 350 merinoalfaiataria.com.br

R$ 650 ray-ban.com/brazil

78 | AHEAD mag

O fecho em gancho dá um estilo urbano e despojado para esta mochila em couro italiano. Internamente, possui bolso para laptop, bolso com zíper, portacelular e outros dois compartimentos. // Urban Racing Spirit Montblanc backpack The hook closure lends an urban, casual look to this backpack in Italian leather. Internally, it has a compartment for laptop, zipped pocket, cell phone pocket and two additional compartments.

Preço sob consulta / Price under request montblanc.com.br

fotos/photos: divulgação

Em couro com solado de borracha e cadarço encerado, o modelo é desenvolvido exclusivamente para a marca paulista de alfaiataria customizada e sob medida.

O design vem direto dos anos 60 e traz o acetato transparente em uma combinação de listras e tons. A peça exalta um sentimento vintage, ao mesmo tempo em que confere um visual marcante e original.



SPORT

O REBATEDOR QUE MUDOU O JOGO THE SLUGGER WHO CHANGED THE GAME Maior atleta da história do beisebol, Babe Ruth colecionou recordes dentro de campo e polêmicas fora dele – e foi fundamental para transformar o esporte em paixão nacional The greatest athlete in the history of baseball, Babe Ruth collected records on the pitch and controversy out of it – and was fundamental to transform the sport into a national passion

o alto da arquibancada, é quase impossível ver a bolinha branca de costuras vermelhas e com aproximadamente sete centímetros de diâmetro. Muito menos observar se a (brevíssima) trajetória durante os 18,4 metros que separam arremessador e rebatedor, percorrida em velocidades que superam 150km/h, foi realizada com algum efeito. Mesmo assim, o público americano lota estádios com capacidade para 60 mil pessoas e não se importa em assistir em êxtase partidas que duram mais de três horas. O beisebol, acredite, é fascinante. Se hoje o beisebol é um dos esportes mais populares dos Estados Unidos, muito se deve à figura lendária de George Herman "Babe" Ruth Jr. Considerado o maior jogador de beisebol de todos os tempos, o “Bambino” revolucionou o esporte com seus insuperáveis “home runs” – jogada em que o rebatedor manda a bolinha para fora do campo e permite que seus companheiros percorram as bases do campo em forma de diamante sem que os adversários possam impedir. Até a ascensão do jogador nascido em Baltimore, Maryland, o beisebol era um jogo morno e mais estratégico. Muitos treinadores acreditavam que o “home run” era antidesportivo e não incentivavam esse tipo de jogada. Mas o poder em rebatidas do atleta que surgiu no Boston Red Sox em 1914 mudou a história do jogo para sempre. Cada “home run” de Babe Ruth levava ao público ao delírio e a simples presença do atleta atraia uma multidão para os estádios, o que foi determinante para a popularização do esporte.

Seffrin

// From the top of the bleachers, it is almost impossible to see the white ball with red stitches of approximately 2.9 inches in diameter. Let alone observing if the (very short) trajectory during the 60 feet that separate pitcher from batter, at a speed sometimes of over 90 miles an hour, had some effect. Notwithstanding, the American public fills up stadiums with a capacity for 60 thousand people and watch in ecstasy games that sometimes take longer than three hours. Baseball, believe it, is fascinating. If baseball currently is one of America’s most popular sports, much of it is due to the legendary figure of George Herman “Babe” Ruth Jr. Considered the greatest baseball player of all time, the “Bambino” revolutionized this sport with his unrivaled “home runs” – play in which the slugger sends the ball out of the field and allows his teammates to run through all bases in the diamond-shaped pitch unopposed by adversaries. Until the rise of the Baltimore, Maryland-born player, baseball was a lukewarm and non-strategic game. Many coaches believed that the “home run” was unsportsmanlike and did not encourage this type of play. However, the slugging power of the athlete who appeared at the Boston Red Sox, in 1914, changed the history of the game forever. Each home run hit by Ruth would throw the fans into a frenzy and the simple presence of the athlete attracted a huge crowd to stadiums, something that was key in the popularization of the sport. A convict drunkard and womanizer, Babe Ruth was involved in a series of controversies, but always counted with the support of the public due to his charisma – and to his phenomenal skill on the pitch. After three titles of the World Series for Boston, breaking the record of 29 home runs per season,

80 | AHEAD mag

fotos/photos: divulgação

D

por/by Felipe


Babe Ruth em sua primeira temporada no New York Yankees, em 1920 // Babe Ruth in his first season in the New York Yankees in 1920

81 | AHEAD mag


O poder em rebatidas do atleta que surgiu no Boston Red Sox, em 1914, mudou a histรณria do jogo para sempre // The slugging power of the athlete who appeared at the Boston Red Sox, in 1914, changed the history of the game forever

82 | AHEAD mag

fotos/photos: Paul Thompson/Wikimedia Commons e Brandon Mowinkel

SPORT


Beberrão e mulherengo convicto, Babe Ruth se envolveu em inúmeras polêmicas, mas sempre contou com o carinho do público por ser carismático – e um fenômeno em campo. Após ser tricampeão do World Series pelo Boston, quebrando o recorde de 29 “home runs” por temporada, ele foi vendido para o New York Yankees em dezembro de 1919. Resultado: em 15 anos com Ruth, os Yankees ganharam quatro World Series. Já o Boston levou intermináveis 86 anos para voltar a ser campeão, no que ficou conhecido como “A maldição do Bambino”. Em Nova York, Babe Ruth quebrou suas próprias marcas, chegando a 60 “home runs” na temporada de 1927. Graças ao “Pelé do Beisebol”, os Yankees construíram um novo estádio e o esporte se tornou uma febre. Hoje, é comum figurinhas, bolas, tacos e uniformes de jogadores antigos valerem milhares de dólares. O recorde, é claro, pertence ao Bambino: o uniforme que ele usou na primeira temporada pelos Yankees foi arrematado por US$ 4,4 milhões em 2012. Com o passar do tempo, outros jogadores superaram os números de Babe Ruth, como Roger Maris (1961), Mark McGwire (1998) e Barry Bonds (2001). O que não mudou foi a mágica do “home run”. Milhares de fãs vão aos estádios americanos, em um programa familiar tradicional, e enquanto comem pizzas, hot-dogs, tacos, burritos e amendoim, assistem à sequência de arremessos e rebatidas à espera de uma tacada certeira. Quando um “home run” acontece, a bola vai para os ares e até quem não conhece todas as regras do esporte vai ao delírio.

he was sold to the New York Yankees on December 1919. The result: in 15 years with Ruth, the Yankees won four World Series. Insofar as Boston was concerned, it took the team interminable 86 years to become champions again, in what became known as the “Curse of the Bambino”. In New York, Babe Ruth broke his own records, hitting 60 home runs in the 1927 season. Thanks to the “Pelé of Baseball”, the Yankees built a new stadium and the sport turned into a fever. Currently, cards, balls, bats and uniforms of old players can be worth thousands of dollars. The record, obviously, was set by the Bambino: a uniform he used in his first Yankee season was acquired for US$ 4.4 million in 2012. With the passage of time, other players surpassed Babe Ruth’s numbers, like Roger Maris (1961), Mark McGwire (1998) and Barry Bonds (2001). However, the magic of the home run continues the same. Thousands of fans fill up American stadiums in a traditional family outing and, amidst pizzas, hot dogs, tacos, burritos and peanuts, watch the sequence of pitches and slugs waiting for the perfect play.When a home run goes down, the ball goes up in the sky and even those not familiar with the rules of the sport go into a frenzy.

POR DENTRO DO BEISEBOL ·· Uma comissão especial reuniu-se em 1907, nos Estados Unidos, para determinar a data de nascimento do beisebol. Ela concluiu que Abner Doubleday inventou o jogo na cidade de Cooperstown, no estado de Nova York (EUA), em 1839. ·· As primeiras regras do beisebol moderno foram escritas por Alexander Cartwright Jr., em 1845, e o primeiro jogo disputado que as utilizou aconteceu em 19 de junho de 1846. O New York Nine venceu o New York Knickerbockers por 23 a 1. ·· O beisebol foi trazido ao Brasil em 1850 por americanos que trabalhavam em empresas como Light, Companhia Telefônica, Frigorífico Armour e no Consulado dos Estados Unidos. ·· A vida útil de uma bola de beisebol numa partida profissional é de somente sete arremessos. Nos campeonatos oficiais americanos, 600 mil bolas são utilizadas por ano. ·· Receber uma pancada forte com um taco de beisebol equivale a ser atingido por um tijolo arremessado do 20º andar de um edifício. ··

INSIDE BASEBALL ·· A special commission met in 1907, in the US, to determine the date of the birth of baseball. It concluded that Abner Doubleday invented the game in the city of Cooperstown, New York, in 1839. ·· Alexander Cartwright Jr. wrote the first rules of modern baseball, in 1845, and the first game played using them took place on June 19, 1846. The New York Nine beat the New York Knickerbockers 23-1. ·· Baseball was brought to Brazil in 1850 by Americans who worked for companies like Light, Companhia Telefônica, Frigorífico Armour and the American Consulate. ·· The lifespan of a baseball in a professional match is of only seven pitches. In official American championships, 600 thousand balls are used per year. ·· Being hit by a baseball bat is equivalent to being hit by a brick thrown from the 20th floor of a building.

83 | AHEAD mag


LANDSCAPE

CONSTRUÇÕES FANTÁSTICAS Palácios e castelos espalhados pelo globo atraem milhões de turistas todos os anos e transportam os visitantes para um passado não muito distante Palaces and castles scattered around the world attract millions of tourists every year and transport visitors to a not so distant past por/by Maria

Fernanda Salinet

84 | AHEAD mag

fotos/photos: Shutterstock

EXTRAORDINARY BUILDINGS


CASTELO DE NEUSCHWANSTEIN (ALEMANHA)

NEUSCHWANSTEIN CASTLE (GERMANY)

O extravagante castelo alemão foi idealizado por um monarca que buscava isolar-se do mundo. Mas o excêntrico e tímido rei Ludwig II da Baviera jamais poderia imaginar que seu refúgio particular receberia 1,4 milhão de pessoas por ano. Ironicamente, o edifício de 6 mil m², no topo de uma colina e em meio à ampla vegetação, é um dos pontos turísticos mais visitados do país – e foi a referência à criação do castelo da Bela Adormecida, símbolo da companhia de Walt Disney. O “Novo Cisne de Pedra”, nome em português do castelo, sensibiliza pelas luxuosas pinturas em ouro que celebram as óperas de Richard Wagner. Também chama a atenção por inovações bastante avançadas para o século XIX, como aquecimento central e sistema de campainha elétrica. A obra de arquitetura romântica foi iniciada em 1869, durou duas décadas e quase levou o rei à falência – o pobre rei só viveu lá por 172 dias, antes de falecer em 1886.

// The extravagant German castle was conceived by a monarch who wanted to isolate himself from the world. However, the eccentric and shy king Ludwig II of Bavaria could never imagine that his private refuge would welcome 1.4 million people every year. Ironically, the 6,000 square foot building at the top of a hill in the midst of a forest is one of the most visited tourist spots of the country and served as reference for the creation of Sleeping Beauty’s castle, a symbol of the Walt Disney Company. The “New Swan Stone”, as the castle is called in English, sensitizes us due to the luxurious paintings in gold that celebrate Richard Wagner’s operas. It also calls attention due to very advanced innovations for the 19th century, like central heating and a system of electric buzzer. The Romantic architectural work was initiated in 1869, took almost two decades to be built and nearly bankrupted the king – the poor sovereign lived there for sparse 172 days before passing away in 1886.

+ neuschwanstein.de

85 | AHEAD mag


fotos/photos: divulgação

fotos/photos: Shutterstock

LANDSCAPE

86 | AHEAD mag


CASTELO DE HIMEJI (JAPÃO) Cenário de filmes de sucesso, como “Com 007 só se vive duas vezes” (1967) e “O Último Samurai” (2004), o Castelo de Himeji é uma joia arquitetônica do início do século 17 ao sul do arquipélago que forma o Japão. O elegante complexo de 82 prédios de madeira do período Shogun se destaca pelo exterior impecavelmente branco e é o castelo mais visitado do país, tendo sobrevivido a diversos bombardeios durante a Segunda Guerra Mundial. Além da beleza evidente, o castelo possui uma série de mecanismos arquitetônicos de defesa, como a alta fundação em pedra, buracos para o posicionamento de armas e um complexo labirinto que conduz ao edifício principal de forma a confundir os invasores – algo que nunca foi testado, já que o palácio jamais foi invadido.

HIMEJI CASTLE (JAPAN) // A setting for hit movies, like “You Only Live Twice” (1967) and “The Last Samurai” (2004), Himeji Castle is an architectural jewel of the beginning of the 17th century, on the southern tip of the archipelago that composes Japan. The elegant compound of 82 wooden buildings from the Shogun period is highlighted by the impeccably white exterior and is the country’s most visited castle, having survived many bombings during World War II. Besides its evident beauty, the castle has a series of defensive architectural mechanisms, like the high stone foundation, holes for positioning weapons and a complex labyrinth leading to the main building as a way of confusing invaders – something that was never tested, since the palace was never invaded. + city.himeji.lg.jp

87 | AHEAD mag


LANDSCAPE

SWALLOW’S NEST (CRIMEIA) Construir um castelo chamativo bem à beira de um penhasco, a 40 metros acima do Mar Negro, não foi exatamente a ideia do primeiro proprietário do “Ninho da Andorinha” — cujo nome se perdeu na história. A casa simples e de madeira erguida no fim do século 19, em Gaspra, na Crimeia, só foi transformada em um pequeno castelo de pedra e estilo neogótico entre 1911 e 1912, quando assumiu uma aura romântica instantaneamente. A ideia de construir uma estrutura de pedra no penhasco de frente para o mar veio do nobre Barão von Steingel, que enriqueceu explorando petróleo no Azerbaijão. Ele decidiu comprar a antiga casa de madeira e transformá-la em um castelo, como homenagem à esposa com quem havia se casado recentemente. A edificação sobreviveu à Revolução Russa e até a um terremoto gravíssimo de 7 pontos na escala Richter, em 1927, sem sofrer uma rachadura sequer.

SWALLOW’S NEST (CRIMEA)

fotos/photos: divulgação

// Building a very noticeable castle at the edge of a precipice, 130 feet above the Black Sea, was not exactly the idea of the first owner of “Swallow’s Nest” – whose name is long forgotten. The simple wood house erected at the end of the 19th century in Gaspra, Crimea, was only transformed into a small stone castle in Neo-Gothic style between 1911 and 1912, when it instantly assumed a romantic aura. The idea of building a stone structure on the precipice facing the sea came from nobleman Baron von Steingel, who made a fortune exploring oil in Azerbaijan. He decided to buy the old wood house and turn it into a castle as a homage to his recently wedded wife. The edification survived the Russian Revolution and even a 7-point earthquake in the Richter scale in 1927 totally unscathed. + lasto4kinognezdo.ru

88 | AHEAD mag


fotos/photos: Shutterstock

PALÁCIO NACIONAL DA PENA (PORTUGAL)

PENA PALACE (PORTUGAL)

Erguido no topo da Serra de Sintra, o edifício chama a atenção pela miscelânea de cores e estilos nas paredes e torres, o que faz do Palácio Nacional da Pena uma das edificações mais singulares da Europa. A construção foi um capricho de D. Fernando II, que transformou um antigo convento muito malconservado em uma residência de verão inspirada nos castelos da Alemanha. A obra iniciou em 1838 e foi concluída em 1849, após o nobre português exigir várias extravagâncias e misturas arquitetônicas, para o desespero do arquiteto alemão Barão von Eschwege. Localizado a 30 km da capital Lisboa, com acesso fácil e rápido de trem, o Palácio fica na zona oriental do Parque da Pena, um complexo jardim de estilo romântico com mais de quinhentas espécies de árvores e que torna o passeio ainda mais atraente.

// Erected on top of Sintra Mountains, the building draws our attention due to the miscellany of colors and styles in walls and towers, making Pena National Palace one of the most singular edifications of Europe. The construction was a whim of D. Fernando II, who transformed an old and very badly conserved convent into a summer residence inspired by German castles. The work was started in 1838 and concluded in 1849, after the noble Portuguese demanded a number of extravagances and architectural mixtures, to the utter despair of German architect Baron von Eschwege. Located at a distance of 18 miles from the capital Lisbon, with easy access by train, the Palace stands on the Eastern side of Pena Park, a complex garden in Romantic style with over 500 tree species, making the visit even more attractive.

+ parquesdesintra.pt

89 | AHEAD mag


LANDSCAPE

HAWA MAHA (ÍNDIA) Na antiga “Cidade Rosa” de Jaipur, o marco arquitetônico que mais se destaca é, sem dúvidas, o Hawa Mahal. Também conhecido como “Palácio da Brisa”, foi construído pelo marajá Sawai Singh em 1799 e chama a atenção pela coloração do arenito vermelho e rosa. A edificação em formato de coroa do deus hindu Krishna lembra delicados favos de mel, com 953 caixilhos formando pequenos pontos sob as janelas – apenas através deles as mulheres da corte podiam observar o movimento das ruas, já que deveriam permanecer invisíveis ao resto do mundo.

+ hawa-mahal.com

90 | AHEAD mag 90 | AHEAD mag

fotos/photos: fotos/photos:divulgação Shutterstock

HAWA MAHAL (INDIA) // In the ancient “Pink City” of Jaipur, the outstanding architectural landmark is undoubtedly the Hawa Mahal. Also known as the “Palace of Winds”, it was built by Maharajah Sawai Singh in 1799 and draws attention due to the red and pink color of the sandstone. The edification shaped in the crown of Hindu god Krishna reminds us of delicate honeycombs, with 953 frames forming small dots under the windows – only through them could courtesan women observe the movement in the streets, since they should remain invisible to the rest of the world.



fotos/photos: Shutterstock

RETRANCA LANDSCAPE

92 | AHEAD mag


POTALA PALACE (TIBET) Localizado no alto da Montanha Vermelha, em Lassa, a uma altitude de 3.700 metros, o Potala Palace é um símbolo do budismo tibetano desde o século 12. O palácio de inverno de Dalai Lama compreende um complexo de edifícios que incluem os ornamentados Palácios Branco e Vermelho, circundados por uma imponente cadeia montanhosa e que abrigam um tesouro inestimável de obras de arte religiosas em ouro e prata, como estátuas de Buda e Dalai Lama. Mas para embarcar nesse passeio é preciso fôlego. Até o topo do Palácio de Potala são mais de mil degraus, o que pode consumir facilmente cerca de uma hora apenas de deslocamento.

POTALA PALACE (TIBET) // Located at the top of Red Mountain, in Lassa, at an altitude of 12,100 feet, the Potala Palace is a symbol of Tibetan Buddhism since the 12th century. The Dalai Lama’s winter palace is made up of a compound of buildings that include the ornate White and Red Palaces, surrounded by an imposing mountain chain, housing a trove of priceless religious works of art in gold and silver, including statues of the Buddha and of the Dalai Lama. However, a prerequisite for this tour is impetus. To reach the top of Potala Palace, one needs to climb over one thousand steps, which consume easily around an hour of effort. potala-palace.com

93 | AHEAD mag


UPGRADE

VISUAL DO ORIENTE ORIENTAL LOOK

por/by Raphael

Calles

01

03

02

01

02

03

Luminária DOCC, Jader Almeida para Sollos

Capa para edredom e fronhas Black Nankin, Blue Gardenia

Prateleira Aurora, Oppa

A coleção da casa de enxovais com três décadas de experiência é inspirada na tendência Oriental Chic. As peças são produzidas em algodão egípcio tingidos em tom cinza-carvão.

// DOCC Lampshade, Jader Almeida for Sollos Inspired by Chinese lanterns, it delivers a soft, lukewarm light, providing a cozy atmosphere. It has a marble base, metallic center shaft and milky glass cupola.

// Duvet cover and pillow cases Black Nankin, Blue Gardenia The collection from the trousseau house with three decades of experience gets its inspiration from the Oriental Chic trend. The pieces are produced in Egyptian cotton and dyed in carbon-grey hues.

R$ 3.840 sollos.ind.br

R$ 1.218 bluegardenia.com.br

94 | AHEAD mag

A prateleira da marca de mobiliário e design criativo combina três pavimentos e suportes para vasos. Ela pode ser afixada diretamente na parede, sem a necessidade de um nível, já que conta com uma coluna central. // Aurora Shelf, Oppa The shelf made by the furniture and creative design brand combines three stories and support for vases. It can be affixed directly to the wall, without the need of a level, since it has a central column.

central. R$ 520 oppa.com.br

fotos/photos: divulgação

Inspirada nas lanternas chinesas, entrega luz morna e proporciona uma atmosfera aconchegante. Possui base de mármore, eixo metálico central e cúpula em vidro leitoso.


PROMO

HYATT CENTRIC LAS CONDES SANTIAGO

fotos/photos: divulgação

O Hyatt Centric Las Condes Santiago é o primeiro hotel da marca Hyatt Centric inaugurado no Chile e é um local contemporâneo projetado para viajantes modernos, que querem estar no centro da ação, onde as coisas acontecem – seja em viagens a trabalho ou a lazer em Santiago. E é por isso que o empreendimento fica no coração de Las Condes, no efervescente bairro El Golf. A região combina escritórios corporativos com uma área residencial, é repleta de restaurantes, lojas e cafés, e ainda proporciona excelente acesso a qualquer ponto da cidade de Santiago. Com um design eclético e mobiliário moderno, com destaque para peças de artesanato local chileno, o novo hotel proporciona conforto, elegância, eficiência e uma vista imbatível da capital aos pés dos Andes. O Hyatt Centric Las Condes Santiago possui áreas comuns que convidam os hóspedes a socializar e a conhecer melhor o destino. No charmoso espaço The Library, uma generosa bibliografia de autores chilenos está disponível para fazer os viajantes imergirem na cultura local. Os 166 quartos e todas as instalações foram especialmente projetados para as necessidades do viajante moderno, com o que há de mais recente em tecnologia, como alto-falantes da JBL com Bluetooth disponíveis nas acomodações. Na área gastronômica, os hóspedes podem desfrutar do melhor da cozinha chilena com um toque moderno no Restaurante Talbó, além dos coquetéis artesanais no Foster Bar. O novo Hyatt Centric Las Condes Santiago se destaca por possuir um “rooftop” no 17º andar com vista panorâmica para a Cordilheira dos Andes, piscina externa e academia de ginástica moderna. O hotel reúne ainda espaços equipados especialmente com tecnologia de ponta e equipe profissional para a realização de reuniões e eventos privados. Tudo pensado para que a experiência dos hóspedes no Chile seja inesquecível. Design único: Envolva-se com uma impressionante decoração contemporânea inspirada no artesanato e na arte local. Localização ideal: Acesse as famosas vinícolas chilenas, o Oceano Pacífico e as montanhas em menos de 40 minutos de carro. Rooftop deslumbrante: aproveite a vista espetacular da Cordilheira dos Andes e do skyline dessa moderna capital da América do Sul.

Hyatt Centric Las Condes Santiago Enrique Foster 30, Las Condes - Santiago, Chile, 7550163 - Tel: +562 28921234 hyattcentric.com

95 | AHEAD mag


LIBRARY

Próxima leitura NEXT READING CEOs indicam seus livros de cabeceira e contam por que outras pessoas também deveriam ler // CEOs indicate their favorite book and tells us why other people should also read it Seffrin

João Pedro Paro Neto presidente da Mastercard para Brasil e Cone Sul // João Pedro Paro Neto Mastercard President for Brazil and the Southern Cone

“Um dos meus livros favoritos é ‘A Cabana’, por transmitir uma mensagem muito profunda e que realmente mexeu comigo”, destaca João Pedro Paro Neto, presidente da Mastercard para Brasil e Cone Sul. Quando começou a leitura, o CEO não conseguiu parar. “A história é bem profunda. Tem um lado espiritual muito bacana e passagens que nos fazem refletir sobre nossas relações com as pessoas e com o mundo”, analisa. O best-seller do escritor canadense William P. Young já vendeu mais de 20 milhões de exemplares e virou filme em 2017. Na história de temática religiosa, Mackenzie Allen Phillips recebe um bilhete, aparentemente vindo de Deus, para visitar a cabana nas montanhas onde, quatro anos antes, sua filha foi brutalmente assassinada. Ao aceitar o convite e ir a um lugar que lhe traz à memória tanto sofrimento, o protagonista embarca em uma jornada de reflexão sobre amor, ódio, perdão e dor. “O livro fala sobre tristeza e obstáculos, mas, acima de tudo, nos traz uma mensagem de esperança e superação: coisas essenciais para a nossa vida pessoal e profissional”, recomenda João Pedro Paro. O curioso é que o autor de “A Cabana” jamais imaginou publicar um livro que ficaria por anos na lista dos mais vendidos do mundo. William P. Young escreveu a história como presente para alguns amigos e depois enviou o texto para 26 editoras, mas todas recusaram a publicação. O livro só saiu após Young e os produtores de cinema Wayne Jacobsen e Brad Cummings fundarem a própria editora – com um orçamento inicial de divulgação de apenas 300 dólares.

A Cabana The Shack

Autor / Author:

William P. Young Editora / Editor:

Arqueiro Páginas / Pages:

248 Ano / Year:

2008

96 | AHEAD mag

“O livro fala sobre tristeza e obstáculos, mas, acima de tudo, nos traz uma mensagem de esperança e superação" // “The book talks about sadness and obstacles, but, above all else, brings us a message of hope and resilience"

// “One of my favorite books is ‘The Shack’, due to its very deep message that really moved me,” highlights João Pedro Paro Neto, Mastercard President for Brazil and the Southern Cone. When he started reading the book, the CEO had a hard time putting it down. “The story is extremely profound. It has a very interesting spiritual aspect and passages that make us reflect about our relations with people and with the world,” he analyzes. Canadian author William P. Young’s best-seller has already sold over 20 million copies and was adapted for the screen in 2017. In the story with religious overtones, Mackenzie Allen Phillips receives a note, apparently sent from God, to visit a shack in the woods where, four years previously, his daughter was brutally murdered. By accepting the invitation to go to a place that brings back so much suffering, the protagonist embarks on a journey of reflection about love, hatred, forgiveness and pain. “The book talks about sadness and obstacles, but, above all else, brings us a message of hope and resilience: essential things in our personal and professional lives,” recommends João Pedro Paro. Curiously, the author of “The Shack” never imagined he would publish a book that would hold a place, for years, on best-seller lists. William P. Young wrote the story as a gift to some friends and later sent the text to 26 publishing houses, but they all refused to print the book. It was finally published after Young and movie producers Wayne Jacobsen and Brad Cummings opened their own editing house – with an initial publicity budget of measly US$ 300.

fotos/photos: divulgação

por/by Felipe


97 | AHEAD mag


THE END

“Passei uma semana mergulhado na reportagem sobre os Muscle Cars. Percorri a história de Camaro e Mustang e dirigi ambos. Mas até agora não sei qual escolheria para mim. Às vezes acho que é o Camaro. Depois mudo de ideia e vou de Mustang. Que pesadelo!” // “I spent a week diving deep into the piece about Muscle Cars. I revisited the history of the Camaro and the Mustang and drove both. However, I still cannot say which I would choose personally. Sometimes I think it’s the Camaro. Then I change my mind and pick the Mustang. What a nightmare!” Rodrigo Mora teve o privilégio de dirigir duas máquinas que são o sonho de consumo de qualquer apaixonado por carros // Rodrigo Mora had the privilege of driving two machines that are the dreams of people who are in love with cars

BONUS TRACK

“Sou muito fã de ‘Bonequinha de Luxo’. Assisti ao filme tantas vezes que decorei os diálogos. Mas nunca tinha reparado que, na cena da festa no apartamento, o primeiro vestido de Holly é uma toalha. Só descobri ao pesquisar mais sobre o figurino do longa!” // “I’m a great fan of ‘Breakfast at Tiffany’s’. I have seen the movie so many times I know the dialogues by heart. However, I had never noticed that in the apartment scene, Holly’s first dress is a towel. I only discovered this when I made some research about the movie’s costumes!” Marília Marasciulo abriu o guarda-roupa de Audrey Hepburn em um dos filmes mais icônicos da história do cinema // Marília Marasciulo opened up Audrey Hepburn’s wardrobe in one of the most iconic movies of film history

Jornalistas contam as boas descobertas feitas durante a produção das matérias Journalists share good discoveries made while producing their articles

“Aproveitei a reportagem sobre culinária kosher para experimentar pratos feitos de acordo com as regras do judaísmo ortodoxo. Em São Paulo, recomendo o Pinati, em Higienópolis. O lugar é simples, mas Berta e Bentzi Berlovich capricham no cardápio 100% kosher.” // “I seized the opportunity of writing about kosher cooking to experiment dishes made according to the rules of Orthodox Judaism. In São Paulo, I recommend Pinati, in Higienópolis. The place is simple, but Berta and Bentzi Berlovich give their all in the 100% kosher menu.” Natalia Horita mergulho nas rígidas leis da Torá para provar que comida kosher também pode ser deliciosa // Natalia Horita dove deep into the rigid laws of the Torah to prove that kosher food can be a rare treat

98 | AHEAD mag

“‘In Through the Out Door’ é o último álbum do Led Zeppelin e um dos menos vendidos. Eis que, revisitando a discografia, dei de cara com Carouselambra, um som meio eletrônico de 10 minutos e carregado nos teclados, muito mais ao estilo do Gênesis. Será que eles teriam se tornado uma banda de rock progressivo se não tivessem se separado?” // “’In Through the Out Door’ is the last and one of Led Zeppelin’s least successful albums. While revisiting their discography, I stumbled upon ‘Carouselmabra’, a 10-minute kind of electronic sound heavy on keyboards, more similar to Genesis’ style. Would they have become a progressive rock band if they hadn’t split?” Roberto Saraiva ouviu todos os álbuns do Led Zeppelin para relembrar a trajetória da banda que mudou o rock para sempre // Roberto Saraiva listened to all of Led Zeppelin’s albums to recall the trajectory of the band that changed rock music forever

fotos/photos: divulgação

FAIXA BÔNUS



WE’RE INVESTING IN TECHNOLOGY THAT YOU WON’T ALWAYS SEE, BUT YOU WILL NOTICE. At Star Alliance, we’re working with our member airlines to make your journeys seamless - now and in the future. staralliance.com/tech


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.