Ágora Jornal - 2011 - Ed 04

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Guarapuava - Jul-Ago/2011 - Ed. 04 - Ano 01.

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Guarapuava Jul-Ago/11 Edição 04 Ano 01

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Guarapuava - Jul-Ago/2011 - Ed. 04 - Ano 01.

Nesta quarta edição do jornal Ágora revisitamos os temas musicais. É muito comum, diante de uma situação corriqueira do dia-a-dia, nos lembrarmos de alguma música de que gostamos. Creio que isto não seja estranho para a maioria dos leitores. Alguma música, em algum momento, parece simplesmente completar nossos pensamentos e tornar a experiência do real um pouco mais compreensível para nós; em outras palavras, ela abre nossa imaginação as possibilidades existentes. A arte poética serve para isto mesmo e a música, sem dúvida, é poesia. Se jornalismo está no cotidiano e as músicas também, porque não juntá-los? É partindo disso que o Ágora dedica mais uma edição as letras de música. Acompanhe as matérias entre as canções de AC/DC, Mamonas Assas-

sinas, Pink Floyd, Engenheiros do Hawaii, Jack Johnson, Iron Maiden, Legião Urbana, Pearl Jam e Capital Inicial. Será que a geração Coca-cola acabou? Saiba quais são as críticas sociais dos jovens do século XXI. É possível uma pessoa construir a própria casa sozinho tijolo por tijolo? Tem gente que acredita nesta ideia. Você já sonhou que estava pelado na escola? Descubra que os nossos sonhos são mais parecidos com os de outras pessoas do que pensamos. Qual são as dificuldades enfrentadas por quem quer ser um rock star? Acompanhe as dificuldades das bandas que começam do zero, mas não abrem mão do velho rock’n roll. Todo mundo precisa trabalhar em dia de chuva? Algumas pessoas não, mas isso não quer dizer menos trabalho. Esses e outros assuntos você confere nesta edição do Ágora. Boa leitura.

Reitor Prof. Vitor Hugo Zanette

Editor-Chefe da Edição 04 Júlio Stanczyk

Tiragem: 500 exemplares Impressão: Gráfica Unicentro

Vice-Reitor Prof. Aldo Nelson Bona

Assistente de Redação e Revisora Aline Bortoluzzi

Diretor do Campus Santa Cruz Prof. Osmar Ambrósio de Souza

Direção de Arte e Finalização Anderson Costa

Contato: (42) 3621-1325 e (42) 3621-1088 E-mail: agoraunicentro@gmail.com

Vice-direção de Campus Prof. Darlan Faccin Weide

Diagramação Patrícia Tagliaferro e Mariana Rudek

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Imagem: Prof. Tiago Kroetz, por Camila Souza

Expediente

O Jornal Ágora 2011 traz assuntos do cotidiano do cidadão de Guarapuava pensados a partir de uma frase. Nesta edição, as matérias têm por inspiração frases de músicas famosas.

Diretor do Sehla (Setor de Ciências Humanas, Letras e Artes) Prof. Carlos Eduardo Schipanski Vice-diretor do Sehla Prof(a). Maria Ap. Crissi Knüppel Dpto. de Comunicação Social Coord. Prof. Edgard Melech

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editorial Música, poesia e jornalismo

Professor Responsável Prof. Anderson Costa

Redação: Adriano Vizentin, Aline Bortoluzzi, Andréa Alves, Anita Hoffmann, Camila Souza, Camila Syperreck, Carolina Teles, Catiana Calixto, Eliane Pazuch, Evane Cecilio, Jeferson Luis dos Santos, Júlio Stanczyk, Keissy Carvelli, Leandro Povinelli, Luiz Carlos Knüppel Jr., Marcos Przygocki, Mariana Rudek, Monique Paludo, Morgana Nunes, Patricia Tagliaferro.

Download das edições www.redesuldenoticias.com.br e www.unicentro.br/agora Todos os textos são de responsabilidade dos autores e não refletem a opinião da Unicentro. O Jornal Laboratório Ágora é desenvolvido pelos acadêmicos do 4º ano de Jornalismo da Unicentro. Parceiros:


Cultura

Nós somos o futuro da nação,

Foto:Aline Bortoluzzi

geração

Coca-Cola Matéria: Aline

Bortoluzzi

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A geração Coca-Cola de hoje ainda se sente vítima? a lançava Legião Urban a nd ba a , 5 e do gruEm 198 levava o nom e qu , m bu ál aneira já seu primeiro ventude de m ju a e tr en m críticas po . Surgira as repletas de oras, tr le m co ra arrebatado s, sem metáf ais e culturai seus fãs políticas, soci letras o que as s da to m dizendo co ntiam. de granpensavam e se um momento a vi vi ís pa icas, um Nosso ais e econôm ur lt cu s ça an os finaldes mud mais de 20 an de ar it il m va em regime . O Brasil esta m fi no va ta o e era mente es reorganizaçã de so es oc s que pleno pr os países rico ra pa to ei rf proalvo pe suas marcas, am av nt se re gicos. A aqui ap s mercadoló to ei nc co e ecida e dutos época, fortal da m ve jo o ouviam geraçã que viam ou lo pe da ja tinha encora militar, não ra du ta di da opinifalar para fora suas r ca lo co de consumedo em relação ao , am er e qu ões es possíveis. nçou, mismo, as pior ião Urbana la Quando o Leg o Gebum, o sucess ál o m es m e nest no ara nascia um hi ol C aoc C o raçã capira as garras do nt co r do ta ba re do e ismo exacerba um ns co o, m lis ta geiras, marcas estran s da ia nc uê fl in a que a. Uma músic oc ép da es lõ vi nome ração com o ge a va la tu ti in dude origem esta da bi be a um de cara o um tapa na nidense, dand mo es m ao época, dos jovens da schamava à de tempo que os na ie al l ta contra pertar e lutar esse pensamen ção. Será que relação às mar to arredio em as ias estrangeir cas e influênc 1 3 de is po e de ainda prevalec ão aç er G a nsa anos? O que pe

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Coca-Cola de hoje? E o que mudou na geração que vivenciou o período de protesto instigado pelo Legião Urbana? Nascido em 1978, o agora estudante universitário Cristiano Martinez, conta que não chegou a passar pela fase de histeria do Legião Urbana, mas tem opinião formada sobre o assunto. Sobre sua infância conta as lembranças de seu convívio familiar em que não havia restrições ao consumo de produtos estrangeiros, sobretudo de Coca-Cola. “Quando éramos crianças, a gente consumia exageradamente refrigerantes, especialmente Coca-Cola. Hoje tento consumir menos. Já está tão projetada essa questão de que a Coca-Cola é boa, que a gente nem pensa mais no sabor, não dá pra dissociar o sabor da importância da marca, tanto que antigamente quando se falava: ‘me vê um refrigerante’, vinha uma Coca-Cola”. Mas por que tanto fascínio com um líquido de cor preta, pouco atrativo, composto de xarope e água gaseificada? Além do sabor, de aprovação praticamente unânime, a Coca-Cola e a grande parte dos produtos

de consumo dos Est ados Unidos sem pre esteve carregada d e publicida Na época, de. a Coca-Cola est ampavam relógios de brinde, cale ndários, gela deiras... Um a estratégia de marketing ainda in édit a no Bra sil. O estudante de publicida Fernando, 1 de Luiz 9 anos, que hoje estuda cases como este no curs o, conta o que realme nte o fascin ava em sua infância. “E u gostava muito dos brindes. Me u tio traba lhava com distribuição de Coca-Co la, então ele me dava muitos. Eu ti nha muitos ‘gelouco s’, bolinhas de espuma, era mu ito ‘massa’! ”. Cristiano também lembra da in fluência da mídia e d as propagan das que faziam com que ele e su a família consumis sem o prod uto. “A Coca-Cola sempre tra balhou com a ideia de felicida de. É usada ainda hoje, mas na quela época tinha bastante; e ntão a gente via muita propa ganda na TV e meus pais n unca proibiram, eles nunca falaram ‘esse é um produto ruim para sua vid a’”. A populaçã o brasileira dos anos 70 e 80, sobre tudo de adulto s, como os p ais de Cristiano , não estava m impondo qu alquer tipo de barreiras ao s amontoad os


Foto: Patrícia Tagliaferro

“Na ép oc talvez n a, o Renato Ru ão sso consciên tivesse essa ci 2011 e n a. Estamos em ão sei se e até hoje , ele pen le vivesse saria de forma, ss mas na época f a meio qu oi o ee uma for le achou pra is m so pessoal a de cutucar o , q a músic ue estava ouvin a da ba do nda”.

Cristiano resume bem o que a de produtos norte-americanos, mas geração globalizada de hoje pensa tal influência era tão ruim assim? da geração coca-cola de antes, “até Prejudicial ou não, os intelectuais e mesmo o rock norte-americano veio artistas como os da banda Legião A estudante de pucom tudo no Brasil, muitos falam Urbana estavam engajados na luta blicidade Thaís Alberique americanizou a música brasicontra os enlatados vindos dos Eschi, 19 anos, conta que leira, mas eu não vejo dessa matados Unidos. apesar de sua mãe a proineira, na época, o Renato Russo Os jovens rebeldes dos anos 70 bir várias vezes de tomar talvez não tivesse essa conscie 80 estavam mais arredios a esse refrigerantes, preocupada ência. Estamos em 2011 e não ‘intercâmbio cultural’ e ao uso de com a saúde da filha, ela sei se ele vivesse até hoje, ele produtos de outros países. Cristiase autodenomina viciada e pensaria dessa forma. Mas na no explica, com base na própria diz que toma quase 1 litro época foi o meio que ele achou história, que também se vivia as do produto por dia. Porém, pra isso, uma forma de cutucar dúvidas da Guerra Fria, “e ter que quanto à geração Coca-Cola o pessoal que estava ouvindo saber quem era o bom e quem era de hoje, sobre seus valores e a música da banda”. o mal. Havia essa divisão cultural preocupações culturais em reAs mudanças sociais estão em dois mundos, o socialismo da lação ao consumo, ela acredita em aceleramento constante, União Soviética e o capitalisque a realidade do momento é sem previsão de parada. Os mo dos Estados Unidos. Então, bem diferente da descrita pela meios de comunicação e os eu acho que lá naquela época o música. “Hoje em dia tudo é movimentos econômicos e Renato Russo estava procuranmuito globalizado, a visão que a políticos de globalização do uma reposta para isso, ‘como gente tem hoje não é mais a de 30 direcionam a sociedade é que a gente vai se posicionar anos atrás. Acho que antigamente cada vez mais para uma agora?’. Por que ninguém mais as coisas eram mais impostas pelos estava se preocupando em lutar Estados Unidos e hoje é a gente que como a geração dos pais dele procura, é uma coisa natural, você nos anos 60 e 70. Nos 80 parepensa mais na qualidade do produto, ce que tudo acabou”. no valor agregado”.

interação cultural e mercadológica mundial, sem restrições. E o Brasil também está construindo seu lugar ao sol no consumo mundial. Hoje, costumes brasileiros, roupas, músicas e a nossa caipirinha também são tendência pelo mundo. Se não há como frear o consumo, é importante sermos responsáveis ao consumir e assim poderemos aproveitar o que de melhor o derrubar das fronteiras pode nos oferecer. E se tudo fugir novamente ao controle, quem sabe não surge uma nova geração de contestadores?

“Nós somos o futuro da nação, geração Coca-Cola” Música: Geração Coca-Cola Composição: Renato Russo Intérprete: Legião Urbana Álbum: Legião Urbana (1985)

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The Wall Mais um tijolo na parede Matéria

Carolina Teles

O sonho de construir uma casa com as próprias MÃOS

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Michael Giorew (Polônia) @RoyaltyFree

cultura


“Se eu aplicasse dinheiro na mão de obra, me faltaria na qualidade do material e eu não queria fazer uma coisa pra amanhã ou depois ficar descontente, então optei em fazer sozinho”.

Ah, o sonho da casa própria. A cada dia milhões de brasileiros correm atrás desse que é ainda o maior desejo da nossa população. Mas comprar uma casa não é tarefa fácil, são anos guardando dinheiro, fazendo empréstimos, financiamentos. E quando o assunto é construir ou reformar, além da parte financeira, é necessário planejamento, paciência e encontrar profissionais responsáveis. No entanto, algumas pessoas encontraram uma maneira um tanto inusitada para realizar esse sonho: construir suas casas com as próprias mãos. E o Ágora conta

Fotos: Carolina Teles

aqui a história de dois guarapuavanos que tiveram essa iniciativa. Sinval Soares Gonçalves é professor de matemática há 23 anos e no momento leciona em duas escolas da cidade de Guarapuava. Ele e a família, como muitos brasileiros, moravam de aluguel e tinham o sonho da casa própria. Mas o sonho do professor era um

pouco diferente: ele queria construir sua casa sozinho. Os motivos que o levaram a tomar essa decisão foram a necessidade e também um desejo o desejo pessoal. Ele aprendeu sobre construções com seu avô que era pedreiro e também teve aulas nos tempos de colégio agrícola. “Surgiu a ideia de que eu mesmo poderia fazer a casa e como não tinha como pagar alguém, tomei a decisão”. O professor então fez um projeto inicial e comprou o terreno. “É um terreno ‘quebrado’. Ele já foi comprado com o objetivo de em um lado se entrar na casa pela parte de baixo [porão] e no outro pela parte de cima”. O projeto também foi útil nas aulas de matemática, onde o professor levava para os alunos calcularem as áreas internas e externas. E aí mãos a obra. Quando não estava em sala de aula, Sinval ia para o terreno construir. Trabalhava sempre às quartas-feiras e aos sábados, descansando apenas no domingo. A fundação é a parte mais importante de uma construção e, assim, Sinval começou.“Fiz sapatas de concreto muito fundas. Você tem que cortar a terra, fazer o concreto e encher o buraco. E no outro dia, tudo de novo”. As sapatas funcionam como alicerce da

Fotos: Arquivo

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“Se VocÊ não tem obJetiVoS na Vida, iSSo acomoda VocÊ e Vem a doenÇa, Vem a Velhice. maS enquanto VocÊ tem proJetoS, a tua mente faz com que VocÊ não enVelheÇa”

casa, elas são feitas de concreto e ferragem e são construídas diretamente sobre o solo escavado. Foram feitas treze sapatas. E depois de seis meses trabalhando todas as quartas-feiras e sábados, Sinval concluiu a fundação da casa. Foi, então, por motivos financeiros, que ele aceitou mais aulas nas escolas e ficou sem tempo para continuar. A urgência de uma casa, entretanto, o fez comprar a casa do sogro. “Parei porque eu precisava, estava pagando aluguel. E eu não queria financiar aquela porque eu queria continuar fazendo. Então, deixei aquela para um pouco mais tarde e comprei essa daqui”. O desejo continua vivo. “Às vezes ainda sento com a minha esposa e a gente olha o projeto, sonha. O que vai ser aqui, o que vai ser ali...”. Sinval disse que no máximo em cinco anos pretende retomar as obras. Ele mal pode esperar pela oportunidade de colocar mais um tijolo na parede. “Se puder retomar amanhã eu retomo amanhã, se puder retomar semana que vem... Mas falta eu ajustar a parte financeira para que isso seja possível”. SE QUER BEM FEITO, FAçA VOCÊ MESMO

Fotos: Carolina Teles

Arno Vitor Bona começou a trabalhar na construção civil quando tinha 14 anos. Entre idas e vindas, ele se firmou na profissão e hoje é encarregado geral de uma empresa que realiza diversas construções na cidade de Guarapuava. Experiente, ele decidiu se desafiar e construir a sua casa sozinho. “Se eu aplicasse dinheiro na mão de obra, me faltaria na qualidade do material e eu não queria fazer uma coisa pra ama-

nhã ou depois ficar descontente, então optei em fazer sozinho”. Seu objetivo é construir um sobrado. A parte inferior está praticamente finalizada. Fundação, parede, laje e telhado estão concluídos, o que ele está fazendo agora é o revestimento. Como o objetivo é escapar do aluguel, ele pretende morar com a família assim que a parte inferior for concluída, para daí sim, construir a parte superior. Ele conta que para auxiliar na construção ele montou alguns ajudantes mecânicos. “Tem que ter engenhocas para você trabalhar sozinho, senão não tem como”. O ritmo do trabalho é puxado “Trabalho toda tarde e vou até umas nove ou dez da noite, e sábados até 11 horas. Eu dou graças a Deus quando tem feriado para poder trabalhar na casa”. Toda essa correria fez com que Arno emagrecesse 12 quilos em oito meses. Mesmo tendo muito apreço pelas construções do seu trabalho oficial, Arno afirma que trabalhar na sua casa é o que lhe da mais alegria. “Quando eu estou trabalhando na minha casa parece que é desestressante, sabe? Mesmo sendo a mesma profissão”. A construção da sua própria casa pode partir de questões financeiras, conveniência, mas para Arno o mais importante é a satisfação pessoal. “Se você não tem objetivos na vida, isso acomoda você e vem a doença, vem a velhice. Mas enquanto você tem projetos. A tua mente faz com você não envelheça”.

“Another brik in the wall” “Mais um tijolo na parede” Música: Another Brik in the Wall, parte 2 Composição: Roger Waters Intérprete: Pink Floyd Álbum: The Wall (1979)

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Steve Ford Elliott (Ireland) @Royalty Free

It’s a long way to the top if you wanna rock’n roll! As dificuldades para quem quer fazer rock em Guarapuava não são poucas, mas bandas daqui enfrentam os desafios para prosseguir com seus sonhos

Matéria: Anita Hoffmann Quem vê uma banda de rock’n roll fazendo sucesso não imagina todas as dificuldades pelas quais os integrantes passaram até chegar ao topo. A vida de rock stars pode parecer fácil e atrativa, mas não é nada simples conquistar o sucesso e o reconhecimento do público. Nem todos têm a mesma sorte que os jovens do Black Sabbath tiveram no início dos anos 70, por exemplo. Eles, sem muita perspectiva, saíram da periferia de uma cidade grande em um

momento de crise, mostraram capacidade musical e logo viraram ícones de uma geração. Mas será que a estrela da sorte brilha para todo mundo? Por mais pessimista que possa parecer, não, ela não brilha. Se você quer ter uma banda e conquistar o reconhecimento, saiba que o esforço que terá que fazer para isso acontecer será imenso. Desde a origem, o rock sempre foi considerado um gênero polêmico e marginalizado. Muitas vezes ligado ao satanismo, ele costuma causar arrepios aos mais conservadores. O Brasil, de uma forma geral, não é um lugar voltado a esse estilo de mú-

sica como, por exemplo, alguns países da Europa. Nos grandes centros brasileiros, as oportunidades, apesar de poucas, ainda são maiores que nas cidades do interior, que não costumam incentivar as bandas locais e têm estruturas precárias. E Guarapuava não é um caso à parte. Não precisa fazer uma análise muito detalhada para perceber que o rock nunca foi o ‘carro-mestre’ da cidade. Shows de

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sertanejo universitário, mesmo que de duplas não muito conhecidas, são realizados com frequência. Já grandes bandas de rock raramente vêm tocar na cidade e os shows de bandas guarapuavanas têm se tornado raros nos últimos anos. O guitarrista da banda guarapuavana de metal progressivo Emdroma, Daniel Luiz de Souza, 24 anos, acredita que esta situação está assim por falta de patrocínio. “Os organizadores desses showzinhos underground muitas vezes têm que tirar o dinheiro do próprio bolso para pagar os prejuízos dos eventos. Nem sempre o público comparece em peso e muito disso se dá pelo fato de existir preconceito dentro da própria cena. Se o cara curte black metal, não vai querer prestigiar um show de metal melódico e vice-versa”. Para ele, se houvesse uma divulgação mais intensa e prolongada, provavelmente o público seria maior. Atualmente, existem poucos lugares na cidade com infraestrutura adequada para shows. Para o baterista da banda de thrash metal Konsens, Emanuel Chimanski, 20 anos, o fato de a

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Foto: Camila da Silva

“Nem sempre o público comparece em peso e muito disso se dá pelo fato de existir preconceito dentro da própria cena”

emdroma

maioria dos eventos serem realizados nos domingos e geralmente nos mesmos locais contribui para que o público não se interesse em comparecer. “Se a aparência do lugar não for boa e se não houver qualidade no som, até mesmo as bandas desanimam. Antigamente tinha bastante bandas, hoje são poucas as que continuam na ativa”. A internet tem servido como um ótimo instrumento para as bandas pequenas conseguirem divulgar seus trabalhos. A Emdroma conseguiu participar de uma coletânea de bandas graças aos contatos que tem na rede; assim, pessoas de todo o mundo podem ter acesso as suas músicas, por exemplo, pelo Myspace. Outra banda que utiliza a internet de forma bastante intensa é a guarapuavana Ultra Violent. O baterista Alexandre Kosteczka,

26 anos, conta que o Ultra Violent disponibiliza músicas para audição em streaming, tecnologia que permite que os usuários da internet tenham acesso ao material audiovisual sem precisar baixá-lo no computador. “Nossa meta é fazer as pessoas ouvirem nosso material, conhecerem as nossas músicas. No momento, não temos a intenção de ganhar dinheiro vendendo CDs”. Quais são as bandas brasileiras que vivem há anos apenas de música? São pouquíssimas”. Apesar de a internet funcionar como uma ótima ferramenta para divulgação, toda essa facilidade de acesso também ajuda a afastar os jovens dos shows. Para o guitarrista da banda de heavy metal cristão Dzarmy, Tiago Oliveira, mais conhecido como Mosh, “a inclusão digital é benéfica em alguns pontos, mas transformou os jovens de hoje em dia em robôs programados para serem ‘perfeitos’, experts em tudo, críticos em relação a tudo e todos”.

Recentemente, a Ultra Violent gravou algumas músicas em estúdio e, apesar de não ser muito barato o processo, todo o dinheiro para o pagamento saiu do bolso dos próprios integrantes. Mas essa banda não é a única; de todos os músicos entrevistados a resposta foi a mesma: raramente recebem pelos shows que fazem e os investimentos em materiais sempre é pago com dinheiro próprio. Alexandre comenta que, de forma geral, as pessoas andam muito preguiçosas para ouvir bandas novas. “Se vem uma banda cover pra cá, o público comparece em peso, mas não costumam dar muito crédito pra quem está fazendo músicas realmente diferentes”.


BaNda KoNSeNS

Banda Ultraviolent Arquivo pessoal Arquivo pessoal

acredixandre, oporle A o com o pr Alguns, uarapuava nã lação à o m G o e c e u mq eros, m em r lução ns gên o para o ta a nada de bo u lg a a e so cion Para pesada caminh is is o a bana a , m m k c a o r var a su e inúsic ainda le m r é e u o punk o q o cidade ciment vestre, a quem reconhe bson Luiz Sil andas, par ério é sair da itais. b s o p R da a quatro candes ca difícil. nas gra pendente do já teve entativas que , ir o t s h e in v b de dos Ro . as t contar imeiro ensaio orém, in do rock, um m P m e s o o pr iss a tortuos s para ser u íram do e no passado minho do e aiar r nem sa u , g e q e d s cida es ar, ens e idera d d s a n u n t n a o s r c e g a é Ele ativ , e s músico alment uldades a mais e c r r m e ifi o e d b a u n s q ce o úsico s a evestir n ue além de m as m toda os e fãs ou “d o in c e s a m sic osh, q iz que oll ou dos mú ock’n r uma quer. M é professor, d onstanr muitos o d ram” são c bém a de sencana bora em busc “O pú- tam s destrutivas mas que é m r. ica vida, foram e de vida melho m que crít ngo da las para con lo o o s a o ã o s iç e t d lá m n o ib c l o r c d e oa e espanta pesado essário volver-se pess e c s e is n o a c m li b ser desen s por s fãs do e seguir fazemo o. Poucos são te: . ” s w sho icalmen nt barulhe am em nossos sidades mus er git tilo e a ais que as adv ia surm a r d o P ca d tade des, a n a von r g os com usical sejam in n e m om ais gem m r o seu talent tusiasn a r t s s o a sso e de m ndo, pe o promissor. u m o para futur com um madas

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“It’s a long way to the top if you wanna rock’n roll” “é um longo caminho até o topo se você quer fazer rock’n roll” Música: It’s a long way to the top if you wanna rock’n roll Intérprete: AC/DC Composição: Angus Young e Bon Scott Álbum: High Voltage (1975)

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Foto: Camila Souza

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O que é Ateísmo e Agnosticismo? quais são as motivações de pessoas que vivem sem a presença de um ser superior? Matéria: Camila Souza

Ateísmo O nome ateísmo vem do grego: ‘A’ (ausência) e ‘Theos’ (Deus), o termo significa literalmente ‘sem Deus’. Embora existente há muito tempo, o ateísmo tomou as formas atuais com grande amplitude no século XIX, após o Manifesto Comunista de Marx. O ateísmo nega a existência de Deus e, atualmente, é criticado por fiar-se em falta de provas. “O ateísmo afirma que Deus não existe. Como essa afirmação não pode ser provada, podemos até dizer que se baseia numa crença”, explica o professor Silas Guerriero. João Alfredo Boska, economista e professor de matemática da rede estadual de ensino, conta que se tornou ateu no dia 17 de outubro de 1996. Sim, o

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Johnny Hell – como é conhecido entre os amigos por ser fã de rock e heavy metal - lembra a data em que decidiu sua posição. Nesse dia, João leu uma frase na coluna diária do falecido jornalista Paulo Francis: “Sou irreligioso; minha vida não tem nada a ver com religião. Sofro de um ceticismo que me parece congênito. Nem me posso imaginar voltando a acreditar em alguma coisa, com medo da morte”. Claro que não foi apenas a frase que o conduziu ao ateísmo. Havia dois anos que João lia sobre religião e ateísmo, e formava suas opiniões sobre o assunto.

“Eu gosto de lembrar esta data porque foi a partir dela que eu me tornei um ateu convicto”. Criado em lar católico, João conta que, durante a infância e adolescência, não refletia sobre a importância da religião em sua vida. Durante alguns anos Johnny Hell frequentou a Igreja, mas sem se preocupar com o real significado da fé em Deus. Com o passar do tempo, João passou a formular questionamentos cada vez mais sólidos e contundentes: “Por que existe o mal? Por que algumas pessoas recebem milagres e ou-


tras não? Qual a importância da fé ou de uma religião no ponto de vista político e econômico?”. Sem encontrar respostas satisfatórias dentro da ótica religiosa, Johnny aceitou o que sentia ser inevitável: tornar-se ateu. Questionado sobre as críticas de que o ateísmo se baseia numa crença e, portanto não é a posição de um cético, João Alfredo explica: “Já fui alvo dessa pretensa lógica [risos]. Eu sempre respondo da seguinte forma: fé ou crença

são apenas duas formas de convicção, mas não as únicas formas. Se eu sou ateu, e eu tenho convicção disso, então não professo fé ou crença alguma”.

AgnOsticismO O termo Agnosticismo foi criado por Thomas Huxley, amigo de Darwin, no século XIX. Agnosticismo é uma oposição ao termo gnosticismo - corrente de pensamento do início do cristianismo, hoje considerada herética, que pregava o conhecimento intuitivo

e transcendental para se chegar a Deus -. De acordo com o professor Guerriero, o agnóstico não afirma a inexistência de Deus (ateísmo), mas prega que, pela falta de provas, não é possível afirmar nada a esse respeito. “Esta é a posição tecnicamente mais correta se você for um cético”. Tiago Kroetz, professor do Departamento de Física da Unicentro, conta que desde a adolescência começou a questionar a existência de um ser onipotente. Criado em uma família católica,Tiago esperou algum tempo para contar aos familiares sobre seu ceticismo em relação a Deus. “Até hoje meus pais não me levam a sério quanto a isso. Meu pai ainda acha que é uma fase”. Ao ser questionado sobre a nomenclatura de seu

Eu não vivo como se isso fosse a coisa mais importante da minha vida, porque não é. Tenho outras qualidades mais importantes que fazem de mim a pessoa que sou

O problema é que eu não conseguia acreditar naquelas respostas fracas como ‘Deus quer assim’ e ‘Temos que nos conformar’ posicionamento, Tiago diz que prefere ser chamado de agnóstico, pois constata a falta de provas tanto da existência como da inexistência de Deus e, cético como todo bom físico, prefere não tomar uma posição radical. “Eu não vivo como se isso fosse a coisa mais importante da minha vida, porque não é.Tenho outras qualidades mais importantes que fazem de mim a pessoa que sou”. Tiago conta que têm vários amigos religiosos e aponta o respeito como elemento fundamental nessas relações. “Uma pessoa não pode ser julgada simplesmente pela opção de crença, somos muito mais que isso”. Respeitoso, Tiago afirma que a fé ou a religião de uma pessoa não as torna piores nem melhores, apenas diferentes e é isso que a sociedade tem que aprender a tolerar.

O caminho inverso também existe. Não são só pessoas que têm religião que passam a jogar do lado dos ateus e agnósticos. Por mais que seja raro, tem gente que troca de time e deixa de ser ateu para seguir uma religião. É o caso de Alexandre Zabot, físico e doutor em Astrofísica. Alexandre foi ateu por cerca de dez anos, desde o período da adolescência até o final da faculdade. Zabot conta que nasceu em um lar de católicos não praticantes e, quando se declarou ateu, não sentiu nenhum constrangimento da parte da família. Não se tornou ateu por rebeldia de adolescente, mas por uma opção

intelectual. “Eu li muito sobre o assunto. Durante muitos anos estive convencido de que ser ateu era a opção mais coerente com nossos tempos de cultura científica. Era claro para mim, na época, que o ateísmo era a única opção intelectual condizente com o pensamento científico”. Adepto do ateísmo aliado à ciência, Alexandre não esperava nada além da própria vida que tinha na terra, nada de existência após a morte nem ressurreição no fim dos tempos. Nada. “Minha vida era só um pequeno piscar

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Eu estava vazio de mim mesmo e Deus pôde entrar. Eu quis que Ele entrasse. Foi uma experiência absolutamente transformadora

de olhos na existência do universo e eu não passava de mais uma criatura centrada em si mesma, procurando viver bem este curto período de tempo, bem ao estilo carpe diem”. Alexandre conta que procurava viver cada dia da melhor maneira possível, o que considera bom, mas de acordo com ideais propostos por ele mesmo e não vinculados a uma doutrina, o que ele considera péssimo. A reviravolta ocorreu após o fim da faculdade no início de seu mestrado. Quando perguntado sobre o motivo, Alexandre não esconde: foi a dor. “Passei por um período muito difícil na minha vida. Não quero entrar em detalhes porque são pessoais, mas foi uma época de muito sofrimento”. Em uma determinada altura dos acontecimentos, Alexandre percebeu que todo aquele sofrimento era uma loucura. “Loucura porque não fazia sentido algum existir se

eu sofresse. Ou eu acabava com minha existência ou arrumava um sentido para aquele sofrimento, pois ele não deixaria de existir”. Foi aí que Zabot se deu conta de que precisava de algo maior. Quando se encontrava no auge da angústia, sentiu a presença de Deus. Alexandre explica que quando as pessoas estão cheias de si, não sobra espaço para mais nada além de si mesmas, mas quando o ego diminui, é possível entrar em contato com Deus. “Naquele momento, por causa da dor, eu estava vazio de mim mesmo e Deus pôde entrar. Eu quis que ele entrasse. Foi uma experiência absolutamente transformadora”. Apesar de sentir-se dividido na época, Alexandre acreditou e abandonou o ateísmo. Hoje, professor de física na Universidade

Federal da Fronteira Sul em Laranjeiras do Sul, Alexandre se dedica a divulgar que fé e ciência podem caminhar em harmonia. Em seu site, o físico discorre sobre esses dois temas que, muitas vezes, são encarados como água e óleo. “Como cientista e católico penso que não há dilema algum entre ciência e fé. Tenho visto isso se confirmar sempre que me debruço para estudar qualquer suposto dilema que encontre”. Para quem quiser conferir o site, o endereço é http://stalbertus.com.

“o céu é só uma promessa” Música: A Promessa Composição: Humberto Gessinger Intérprete: Engenheiros do Hawaii Álbum: Simples de Coração (1995)

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Metereologia

Segundo dados da estação meteorológica do Instituto Tecnológico Simepar, localizada no Cedeteg, Guarapuava registra um valor médio de pluviosidade em torno de 2 mil milímetros anuais, índice maior do que o de São Paulo, que registra 1,4 mm/ ano. Nas capitais da amazônia, o índice de pluviosidade geralmente excede os 3 mil milímetros.

Foto: Jeferson Luiz

Voce não pode ver que está chovendo? Nao precisa sair...

Trabalhar é bom, mas felicidade é acordar cedo e poder voltar a dormir Matéria: Jeferson Luiz Diagramação: Anderson Costa

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Quando ouvimos na previsão como que teremos reatempo bom, clage nas ramente temos em manhãs em mente que o sol estará que acorda brilhando no céu sem a e está chovendo, presença da chuva, já é uma Adir revela que bate convenção. Porém, aqui também uma dúvida na cabeça: há exceção para a regra e o desejo “Eu penso, será que vou ou pelo sol deixa de ser unanimidade. Exisnão vou? Mas aí vejo que não te sim uma parcela da população - mesmo da pra ir. Se está chovendo eu não que pequena - que prefere a chuva. Quem nunca tenho como trabalhar, as calçadas ficam acordou de manhã com o barulho dos pingos d’agua molhadas, a grama também, não tem como batendo na janela e não sentiu vontade de ficar na varrer as folhas molhadas no chão”. Ele tamcama por mais alguns minutos, horas, ou mesmo o dia bém lembrou que nos períodos da tarde a chuva todo? Além de alguns patrões que podem ir para o trabapode determinar o fi m de seu expediente. “Se lho quando querem, há sim profissionais que não precisam depois das três começa chover forte, aí já não tem ou podem se recusar ou atrasar o trabalho por conta da chucomo fazer mais nada, não dá pra trabalhar”. bairva, é o caso do guarapuavano Adir Pereira, de 51 anos. Adir Adir lembra que em 2009, durante um período ro é Operador Ecológico da Surg (Companhia de Serviços e que choveu quase todos os dias de um único Santa Urbanização de Guarapuava) e tem grata acondição de mês, ele praticamente não teve trabalho, Cruz. O travida que: se está chovendo, não há como trabalhar. mas quando teve que voltar às obrigabalho de Adir Adir já trabalha na profissão há quinze anos e há quações a situação se tornou comconsiste na limpeza tro é responsável pelo cuidado e manutenção das plicada. Ele explica: das calçadas em torno praças Estefano Turok - em frente a Paró“Fodas praças e dos canteiros, quia Santa Cruz - e Juscelino Kubisram além da manutenção das flotchek - em frente a Unicentanres e árvores, deixando as áreas tro -, ambas no tos dias públicas bonitas e agradáveis para chovendo toda a população do município. que quando Perguntado se gosta da chuva, Adir eu voltei a praça confessou: “Gosto sim da chuva, estava muito feia, a mas só não pode ser muita. Eu grama tinha virado em prefiro o calor, já do frio eu um mato crescido, me deu não gosto”. Quesmuito mais trabalho”. tionado Certamente, a grata condição de ter o trabalho condicionado ao tempo aberto, é uma exceção a poucos profissionais, entre eles os operadores ecológicos. Aos demais, quando a chuva bater na janela pela manhã, levantem e lembrem que o tempo ruim para uns, está sendo bom para outros.

“Can’t you see that it’s just raining? Ain’t no need to go outside” “Você não pode ver que está chovendo? Não precisa sair” Música: Banana Pancakes Compositor: Jack Johnson Intérprete: Jack Johnson Álbum: In Between Dreams (2005)

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Prííííí!!

Contra

todos e Contra

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ninGuÉem Matéria: Monique Paludo

o pit a do ra m s o tu O s e mis rito . g s os idão m t co mul ção s, da rela itro b a A ár rcid e tr to e en es e . pr tim é sem uada m ult m te m tu gué o? l E a azã r

Você já assistiu a um jogo de futebol sem ouvir xingamentos ao árbitro? Difícil, não é? O torcedor Rafael Schuiloki admite que o normal é mesmo gritar com ele, xingá-lo e acusá-lo. Isso já faz parte do repertório de torcida. “Eu sempre falo alguma coisa. A gente pega no pé, faz pressão. Vai que funciona, né? Nem sempre eles estão errados, mas acontecem muitos erros e isso prejudica o jogo. Árbitro bom é árbitro que passa despercebido”. O dirigente e técnico de futebol Geraldo Marcelo Dalla Vecchia concorda: “Eles não podem ser o centro das atenções do jogo”. O arbitro José René Stavinski diz que não é bem assim. “Nós sempre somos o alvo das torcidas. Se um time está ganhando, o outro está insatisfeito”. E se der empate? “Ah! Aí depende. Se um dos dois times estiver precisando do resultado, já somos alvo da torcida de novo”. Em meio aos gritos da torcida, José René diz que quando está apitando não ouve nada daquilo. “No início, quando estou entrando, escuto sim. Mas quando começa o jogo, se continuar ouvindo a torcida é porque não estou concentrado. Para fazer o meu trabalho preciso de muita concentração para não perder nenhum lance. Tem que estar com a cabeça no jogo”. Dessa relação conflituosa durante o jogo não pode sobrar desentendimentos para depois. José René é árbitro há 16 anos, mas esse não é seu único trabalho. Ele também é bancário e não pode deixar um trabalho interferir no outro. “Eu sou bancário há 28 anos. Não posso levar a sério o que gritam comigo aqui. Já pensou se o torcedor que está aqui hoje me xingando é o cliente do banco amanhã?”. Ezequiel Souza é árbitro há dez anos e conta que apesar da tensão durante o jogo, tem muitos amigos no meio esportivo. “Não levo nada para o lado pessoal. Não pode, né? Não tenho problemas nem com a torcida, nem com os jogadores. A maioria

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dos jogadores são meus amigos. Ali, no jogo, é “eu sOu bancáriO Há 28 anOs. diferente. Ali ninguém é amigo, cada um faz seu trabalho e respeita o outro. Mas quando nãO pOssO leVar a sériO O Que acaba, somos amigos”. gritam cOmigO aQui. Já pensOu Como técnico, Geraldo orienta seus jogadores a tratar os árbitros com respeito e não se O tOrcedOr Que está aQui passar o jogo reclamando. “Não adianta. Contra os ‘caras’ de preto, nada a declarar”. dizer para eu ajudar o time HOJe me XingandO é O cliente O técnico faz apenas uma crítica: “Eles não dele porque se eles perdesdO bancO amanHã?” são mal intencionados. Mas precisam se resem seriam rebaixados. Levei ciclar, estudar mais, fazer cursos”. na brincadeira, apitei normalMuitas acusações durante o jogo são a mente. O time perdeu aquele respeito de dinheiro. Enquanto uns imagijogo, mas ganharam o seguinte nam que o árbitro ganha muito bem, outros e não foram rebaixados”. discordam. “Eles ganham bem sim, acho José René foi árbitro de fuque ganham o suficiente”, dispara Geraltebol de campo e hoje está trado. Já o torcedor Rafael acredita que se balhando com futsal. “Eu apitei eles ganhassem bem, o risco de corrupfutebol de campo durante 15 anos. ção não seria tão grande. “Pensando que Parei porque fiz 45 anos, é a idade se eles recebem ‘x’ para apitar uma final limite. Se não fosse isso, não parae os times oferecem dez vezes ‘x’, será va. Aí, para continuar no meio, esque ele não vai querer esse dinheiro? tou apitando futsal”. Ele diz que a Se esse ‘x’ for bem pouco, aí a questão preferência é pelo campo, mas que não é mais só de caráter”. Já o torcetanto um, quanto o outro, tem a presdor Lucas Martingneli explica, “acho são forte na arbitragem. Enquanto no que meia dúzia acaba manchando o futebol de campo há mais torcida no nome da instituição. Não penso que estádio, na quadra, a torcida está muitodo árbitro é ladrão, mas que existe to mais próxima. “Mas o campo é mais aqueles que se vendem, claro que tem. emocionante”. E é por causa desses que a gente acaDepois de tanto tempo trabalhanba chamando todos de ladrão”. do com arbitragem, José René trocou o Ezequiel diz que o dinheiro não campo pela quadra e diz que não pretené tanto nem tão pouco. “Se pensar de parar tão logo. Já Ezequiel sempre traque em uma noite eu tiro R$ 60, balhou com o futsal, mas faz planos para compensa. Mas não dá para contar o fim da carreira. “Estou me organizando com o dinheiro da arbitragem para para deixar em no máximo cinco anos. É se sustentar”. E o árbitro diz que bom, eu adoro isso, mas uma hora tem que nunca recebeu proposta para faparar e viver a vida. Tem épocas que eu travorecer um time: “Nunca recebi. balho o dia todo e apito quase todas as noites. Acho que para acontecer isso tem É cansativo. Tem que saber a hora de parar e que dar brecha. Mas pode ser, tamorganizar a própria vida”. bém, porque ainda não apitei a fiMas se não há possibilidade de se sustentar nal do campeonato”. Proposta de com a arbitragem e esta ocupa tanto o tempo dinheiro não recebeu, mas Ezedesses profissionais, o que os leva a trabalhar quiel lembra de um pedido: “Já com isso? “A emoção”, diz José René. Para aconteceu de um dirigente vir e Ezequiel também é o sentimento: “Tudo que você faz, tem que fazer com amor, com paixão. E arbitragem não é diferente. Para fazer isso tem que ter sentimento. Eu adoro o que faço”.

“Contra todos e contra ninguém” Música: Música Urbana Compositor: André Pretórios/Flávio Lemos/Renato Russo/Fê Lemos Intérprete: Capital Inical Álbum: MTV Especial Aborto Elétrico (2005)

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MEDO

Eu tenho um constante medo de que algo esteja sempre perto

FEAR of the dark MatĂŠria: Catiana Calixto

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A REALIDADE DE QUEM CONVIVE COM O MEDO EXACERBADO EM QUE OS

DEMÔNIOS SÃO AS COISAS OU SITUAÇÕES COMUNS.

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Entro no quarto. Meu instinto Há três classificações natural de sobrevivência modificapara os tipos de fobias exisdo acusa, logo de cara, algo estratentes, que são praticamente nho no ambiente. A visão periférica infinitos. As chamadas agoraaponta para uma grande mancha esfobias enquadram as fobias de cura em um dos cantos superiores do lugares ou situações difíceis de quarto. Aquele cantinho entre a pareescapar, como lugares com mulde e o teto, sabe? Tenho um constante tidões. A segunda são as chamamedo de que algo esteja sempre perdas fobias sociais, que englobam to. Olho rispidamente para lá. Prontodos os medos que possam estar to. O coração acelera, os pelos se relacionados com algo que seja nearrepiam, sinto calafrios por todo cessário fazer na frente de outras o corpo, a pupila dilata, falta o ar pessoas, como falar em público. A e paira à mente a dúvida entre última classificação é das fobias esficar estático e correr, calar ou pecíficas, que também são bastante gritar. Não é fantasma, visagem comuns, e tratam do medo em siou demônios: é uma mariposa. tuações exclusivas. É o meu caso Compartilho o problema de com as mariposas e borboletas e o medo excessivo com milhares de caso da estudante de Engenharia pessoas ao redor do mundo. Não de Alimentos da Unicentro, Vitória é frescura nem um medo qualquer, Gorski, com aranhas. aquele que precisamos sentir para Vitória tem aracnofobia e dessobreviver, é doença. É fobia. creve aranhas como animais que lhe O professor do departamento de causam bloqueios e diz que quando psicologia da Faculdade Guairacá, é surpreendida por uma fica paraliClayton Washington dos Reis, explisada, chora e treme. Uma vez checa ao Ágora que fobias são um medo gou até a ter uma baixa na pressão excessivo de algo ou de uma situação, arterial devido à fobia. “Ano passado, mas sem motivo aparente. “Não é estava em casa sozinha, na cozinha faum medo natural que as pessoas zendo comida. Quando olho para baixo sentem. Passa a ser fobia quando o e vejo uma aranha bem grande subindo sujeito está em um contexto que é na minha blusa, quase no meu pescoço, extremamente aversivo para ele, eu a joguei longe sem pensar muito. fazendo com que tenha uma Fiquei completamente paralisada, misérie de alterações compornha pressão baixou, quase desmaiei e tamentais que o impeçam de fiquei chorando por horas. Não conviver plenamente”.


NÃO CONSEGUIA SAIR DO MEU QUARTO, FICAVA PE NSANDO QUE IAM SAIR ARANHAS D E TODOS OS LUGA RES.

para com as situações ou com seguia sair do meu quarto, ficava aquilo que lhe causa medo, mas pensando que iam sair aranhas consiste em suor excessivo, trede todos os lugares”. mor, taquicardia, náusea, vertiDe acordo com o psicólogo gem, calafrios, sensação de falReis, não existe uma explita de ar, formigamento, alteracação racional para esclareções cognitivas de pensamento cer de onde surge esse medo e de percepção. “Por exemplo, acentuado. “Essa é uma das a pessoa vê uma aranha, e a características da fobia, não aranha não é tão grande assim, tem uma explicação racional. mas ela percebe a aranha numa Esses comportamentos vão se insdimensão muito maior. É um sotalando na vida do sujeito ao lonfrimento muito grande para o go de sua história de vida e vão indivíduo, estamos falando de tomando proporções bastante pessoas que tem muito medo”, consideráveis”. É justamente conta o psicólogo. isso que acontece com VitóAs aranhas perturbam Vitória, nem ela mesma sabe ria em sonhos (ou pesadelos?) de onde surgiu tanto pavor que, segundo ela, já a fizeram do aracnídeo. “Eu não sei, acordar muitas vezes no meio na minha casa, na verdada noite, chorando. “Sempre de, todos gostam muito de fico meio paranóica, procuranaranhas, minha mãe conta do em tudo quanto é canto ver que quando era moça tinha se não tem nenhuma aranha no aranhas de estimação”. ambiente que eu me encontro”. Os sintomas só se maniEla também conta que é difícil festam quando a pessoa se depara as outras pessoas compre-

enderem que o que ela sente é doença e não um medo qualquer. “É bem complicado porque quando falo que tenho medo as pessoas não dão bola, às vezes até brincam que tem uma aranha do meu lado e coisas do tipo. Isso é horrível. Elas só levam a sério quando vêem o estado que fico quando levo um susto muito grande, daí sim começam a respeitar o meu medo”. Reis explica que não existe cura para fobia, o que existe é um tratamento psicológico e, se necessário, psiquiátrico que pode amenizar os sintomas da doença, e ainda alerta: “É importante que as pessoas procurem a ajuda de um psicólogo, porque às vezes pode parecer bobagem, pode parecer coisa do cotidiano, mas que impede o desenvolvimento da pessoa”. Existem várias

correntes de estudos dentro da psicologia e cada uma tem uma forma diferente de lidar com as doenças mentais. Na área do professor Reis, a linha comportamental, o processo de tratamento consiste em uma espécie de instalação e desinstalação de comportamentos nos pacientes, fazendo com que a ansiedade diminua. Vitória revela que pretende superar o medo, mas que ainda não sabe como. “Cada vez que penso que estou melhorando e me controlando melhor, me deparo com uma situação de susto novamente”. E entre sustos e alívios, a vida de quem convive diariamente com medos e receios segue em frente. Sempre alerta. Sempre atento a próxima ameaça, seja ela uma aranha, uma mariposa, um elevador, um lugar escuro, um discurso em público, um prédio alto...

RTAMENTO URE O DEPA C O PR , A BI FO DE ALGUMA IÇO DE SINTOMAS FERECE SERV O EM E T U Ê Q C , O Á C V SE AIRA CREVER S EM SE INS CULDADE GU O FA D A A S D ES IA ER G T DE PSICOLO TUITO. OS IN LÓGICO GRA O IC PS O T 0 ATENDIMEN 2) 3622-200 NÚMERO (4 O A R PA R A E-FOBIA DEVEM LIG 41/-TIPOS-D 51 36 4 E/ G A OM/W/P AAZ A.PBWORKS.C STAGEM DE LI A M U HTTP://FOBI R A ENCONTR VOCÊ PODE NESSE SITE TES. BIAS EXISTEN FO E D S O IP DOS T

“I have a constant fear that something’s always near” “Eu tenho um constante medo de que algo esteja sempre perto” Música: Fear of the Dark Compositor: Steve Harris Intérprete: Iron Maiden Álbum: Fear of the Dark (1992)

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pelados

e quisitos

Sonhos Matéria: Júlio Stanczyk

Ele levantou cedo da cama. Imediatamente foi preparar o seu café da manhã ainda com os olhos entre abertos. Uma torrada com manteiga aqui e uns goles de café preto ali; já era tarde e não gostava de se atrasar para a aula. A caminho do colégio encontrou as mesmas pessoas que encontrava todos os dias, gostava de se perguntar para onde cada uma estava indo, onde será que cada um daqueles rostos familiares passava o resto do dia. Chegando ao seu destino, cumprimentou alguns colegas e foi para a sala de aula. Sentou na carteira de sempre. Esperou o professor. Cumprimentou mais alguns amigos. Esperou novamente. Havia algo errado, uma sensação incomum para um dia tão comum. As coisas realmente não estavam de acordo. Subitamente, percebeu que estava sem as calças, nu do tronco para baixo, meio envergonhado tentava se esconder, mas ninguém mais parecia perceber o que estava acontecendo naquele momento.

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século XX duas teorias se destacaram na tentativa de explicar os sonhos do ponto de vista psicológico. A principal Os sonhos sempre foram um teoria do sonho é a de Sigmistério para a humanidade. tando sobre sonhos recorrenmund Freud. “As teorias Desde muitos séculos atrás, cites e chegamos a números do Dr. Freud são baseadas vilizações antigas já demonstrainteressantes: das oitos pesna ideia de desejo reprimivam interesse na interpretação soas entrevistadas, quatro já do, os desejos que não soe no controle dos sonhos. Ao haviam sonhado que estavam mos capazes de expressar longo da história, muitas sociepeladas em lugares públicos; em um ambiente social. dades consideraram o universo três sonharam também que Os sonhos permitem que a onírico equivalente ao universo estavam voando; quatro que mente, inconscientemente, físico, um mundo tão real quanestavam despencendo de alaja naqueles pensamento aquele em que gum lugar; duas que estavam tos e desejos inaestamos quando sempre foi uma questão sendo perseguida sem conseconcordasse com Freud quanto ceitáveis. Por esta acordados. Com- intrigante que pare- guir fugir ; e duas com sonhos a origem psicológica dos sorazão, esta teoria preender o fun- ce ser capaz de conter relacionados a dentes caindo. nhos, considerava que eles nos sobre sonhos foca cionamento desse respostas para muitas Segundo o médico psipermitiam refletir sobre nossos principalmente nos mundo que temos coisas, desde previsões quiatra Sergio Vieira, já no ‘eus’, resolver nossos probledesejos sexuais”. acesso apenas en- para o futuro até a cura mas ou examinar questões”. Outra teoria bastanquanto dormimos para traumas e outros Os estudos da mente hute aceita foi inaugurada distúrbios psicológicos. mana fornecem interpretações por Carl Jung, discípulo Sonhos como de estar nu em interessantes para os sonhos, de Freud. “Embora ele algum lugar público são muito porém, é importante lembrar mais comuns do que se pensa. que não se trata de um campo Fizemos uma rápida enquete perfeitamente conhecido, como com a equipe do Ágora perguno próprio Freud respondeu certa vez ao ser perguntado sobre seu hábito de fumar símbolos fálicos: “Às vezes, um charuto é apenas um charuto”.

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Sendo perseguido Caindo Este é um sonho muito comum e dizem simbolizar insegurança e ansiedade. Alguma coisa na nossa vida está fora de controle e não há nada que você possa fazer para resolver isso. Uma outra interpretação é que você tem um sentimento de falha em relação a alguma coisa. Talvez não esteja indo bem na escola ou no trabalho e está com medo de ser demitido ou expulso.

O sonho de perseguição pode ser muito aterrorizante. O que isso, em geral, simboliza é que você está fugindo de seus problemas. Dependendo de quem o estiver perseguindo você pode descobrir qual é esse problema.

Voando Em geral, sonhar que você está voando significa que está ‘por cima’. Você está no controle das coisas com as quais você se importa ou talvez apenas ganhou uma nova perspectiva das coisas. Também pode significar que você pensa que ninguém e nada pode derrotá-lo. Se você estiver com medo enquanto voa, pode ter desafios com os quais não se sente confortável.

Sendo perseguido sem conseguir correr Você está tentando correr, mas tanto suas pernas não podem se mover quanto você simplesmente não está indo a parte alguma, como se estivesse em uma esteira. De acordo com algumas pessoas, este sonho significa que você está fazendo algo em excesso. Você está tentando fazer muitas coisas ao mesmo tempo e não pode dar conta de tudo ou seguir em frente.

Dentes caindo De acordo com especialistas, nossos dentes estão relacionados a nosso senso de poder e a nossa habilidade de comunicação. Perder nossos dentes não somente nos deixa envergonhados por nossa aparência, como também reduz nossa força porque não podemos falar, reduz nossa capacidade de comunicação.

“I’m the first mammal to wear pants” “Eu sou o primeiro mamífero a usar calças” Música: Do The Evolution Banda: Pearl Jam Composição: Eddie Vedder Álbum: Yield (1998)

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Foto: Marcos Przygocki

Tuning

CARANGAS VISUALMENTE MODIFICADAS PARA COMBINAR COM OS DONOS

Para completar a belezura, eu instalei um

roadstar

Matéria: Marcos Przygocki

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Foto: Marcos Przygocki

Todo brasileiro é apaixonado por carros. Certamente você já ouviu essa frase antes. Imagine então ter um carro com a sua ‘cara’, com a sua personalidade. Um carro único e personalizado com as características do dono? Dai vem a ideia dos carros tunados ou carros tuning, termo que em português significa algo como ‘ajuste fino ou especialização’. Surgiu na Europa nos anos 60 e no Brasil tem se difundido nas últimas décadas com força total. O tuning trouxe a possibilidade de personalizar as carangas e acabou virando mania nacional. Antes considerado uma coisa de playboys, hoje virou mania, principalmente, entre os jovens, e está presente em todas as classes sociais. Depois do sucesso do filme Velozes e Furiosos, lojas especializadas tomaram conta do mercado e agora ficou muito mais fácil encontrar equipamentos para incrementar os carros, e até mesmo comprá-los pela internet. Para tunar um carro deve-se levar em conta o seu design, sua capacidade de au-

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“É uma questão estética, tira um pouco do conforto do carro, mais fica mais bonito” mentar o defers sempenho e também o e também sistema de sonorização. Na prárebaixou a suspensão. tica, o visual pode ser incrementa“É uma questão estética, do instalando-se kits aerodinâmicos tira um pouco do conforto como spoilers, saias ou aerofólios, do carro, mais fica mais que devem acompanhar as linhas bonito”. Para alterar a originais do veiculo, para ficar um potência do motor, o tipo visual limpo e harmonioso. Quanto à do combustível ou ainda performance do motor existem três mudanças de categoria do meios de se alcançar mais potênveículo, por exemplo, concia, com a instalação de turbinas, verter um automóvel fechacompressores mecânicos - também do em conversível, é prechamados de Blower - e ainda por ciso permissão do Detran meio da reprogramação do chip (Departamento Estadual de de injeção. Aumentando a capaTrânsito) e o caminho para cidade do motor deve-se modificonquistá-lo não é fácil e é car, por questões de segurança, bastante burocrático. É neo sistema de freios, câmbio com cessário passar por uma vismarchas mais longas e as sustoria técnica em uma oficina pensões mais firmes, para gerar credenciada pelo Inmetro mais estabilidade. Já o sistema para que o motorista consisonoro varia muito de acordo ga obter um novo documento com o ouvido do dono. Existem onde constará que o veículo muitas possibilidades que iné modificado. O processo, que fluenciam na qualidade do som pode levar até um mês, tem dentro e fora do veículo. o custo de uma transferência Para Jandir Brandalize normal e pode ter o auxilio Junior, 25 anos, a vontade de de um despachante. A lei não personalizar o carro começou permite alterações na suspena partir de um jogo de videsão de veículos mistos ou de ogame chamado Need For passeio, mas permite a muSpeed, onde o jogador pode dança em utilitários, ou seja, tunar seu veículo durante a picapes, segundo resolução do disputa de um campeonaContran (Conselho Nacional de to. Para incrementar seu Trânsito) 25/98. VW Gol, ano 97, Junior começou instalando falantes e subwoo-

A fiscalização de carros turbo é rígida. Felipe Dutra teve dor de cabeça por instalar uma turbina em seu Astra 1.8 e não ter se preocupado com a documentação. Depois de oito meses desfrutando dos cavalos a mais em seu carro ele foi parado em uma blitz. “Não teve jeito, o guarda viu a turbina no motor e tive que pagar uma multa de 127,54 reais, além de receber cinco pontos na carteira e ter o carro apreendido”. Para não ter problemas com a lei é importante que o motorista regularize a documentação do veículo, mas para Felipe a lei está ultrapassada. “As modificações na suspensão, amortecedores e sistema de freios dão mais segurança e estabilidade para os carros. Antigamente era perigoso porque só cortavam as molas do carro, hoje existem molas produzidas sobre medida pelos próprios fabricantes”.


o QUE PodE E o QUE NÃo PodE No motor qualquer alteração é permitida, desde que tenha a autorização do Detran e depois de passar por uma vistoria em uma oficina credenciada. Turbinas, garrafas de nitro e filtros de ar esportivo à mostra são suficientes para que o agente da lei multe e apreenda o veículo. Nas rodas e pneus são permitidas alterações, mas o diâmetro do pneu mais o aro devem ser iguais ao conjunto original do automóvel e desde que a largura total não ultrapasse o para-lama.

Quanto aos freios, não se permite nenhum tipo de alteração em seu sistema, ainda que seja com equipamentos de última tecnologia. Para os que querem kit aerodinâmico, a lei não impede a instalação de spoilers, saias ou aerofólios. Para os faróis de xenônio, alguns carros, principalmente importados, vêm de fabrica com esse tipo de farol, nesse caso pode. Mas a lei proíbe que veículos que têm faróis de luz incandescente, alógenos, façam a troca nos faróis principais, os auxiliares estão liberados.

“Não teve jeito, o guarda viu a turbina no motor e tive que pagar uma multa de 127,54 reais, além de receber 5 pontos na carteira e ter o carro apreendido”

“Pra completar a belezura eu instalei um Road Star” Música: Jumento Celestino Composição: Bento Hinot e Dinho Intérpretes: Mamonas Assassinas Álbum: Mamonas Assassinas (1995)

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contra capa

Ágora na

Coca-Cola ?

Até quando, geração


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