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REVISTA AGIR UFF Ano III - Número 3 - Fevereiro 2014

III Ciclo de Seminários sobre Inovação: A Inovação e as Missões da Universidade



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revista agir nº 3

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TEDXUFF

Uma UFF que dialoga com as novidades do mundo .

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INNOVATION RACE

A inovação para o desenvolvimento sustentável.

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AGENDA ACADÊMICA UFF 2012

Tema 2012 - “Economia Verde, Sustentabilidade e Erradicação da Pobreza .

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WORKSHOP PARQUES TECNOLÓGICOS

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WORKSHOP CIDADES INTELIGENTES

“Cidade Inteligente: Tecnologia a Serviço do Cidadão” por Carlos Alberto Maucher Bastos .

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II WORKSHOP CIDADES INTELIGENTES

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SEMINÁRIO INDICADORES DE INOVAÇÃO

Com o objetivo principal de discutir os indicadores de inovação abordando conceitos de

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CAFÉ INOVADOR

O programa que discuti temas relacionados à Inovação, com objetivo de divulgar os projetos com resuldados inovadores da UFF .

Desafios e Perspectivas .

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Introdução por Fabiana Leta

Falando um pouco sobre a história de inovação na UFF s primeiras iniciativas institucionalizadas da UFF, visando expandir sua atuação com foco no desenvolvimento econômico regional, tiveram início em meados da década de 1990, quando da criação na Escola de Engenharia da Empresa Júnior Meta Consultoria e da Incubadora de Empresas de Base Tecnológica (IEBTUFF). Em dezembro de 2000, através de uma portaria do Reitor, é designada uma comissão com a finalidade estudar e sugerir os procedimentos e normas acerca da Propriedade Intelectual na UFF. Tive oportunidade, como Assessora de Pesquisa e Pós-Graduação do Centro Tecnológico, de participar deste estudo, em conjunto com colegas da UFF, da Procuradoria Geral e do INPI. Como resultado deste estudo em 2001 é publicada a Norma de Serviço nº 518, que dispõe sobre as regras acerca da transferência de tecnologia e regulamentação da propriedade industrial e de programas de computador no âmbito da UFF em 2003 a criação do Escritório de Transferência do Conhecimento (Etco). Encontrávamo-nos então na vanguarda do estabelecimento de políticas sobre inovação, uma vez que apenas em dezembro de 2004 é estabelecida a Lei da Inovação de âmbito federal. Em 2004, através da Norma de Serviço nº 544, a Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (Propp) cria a Coordenadoria de Projetos Científicos e Tecnológicos – CPCT, que passa a englobar o Etco e o IEBTUFF. Ainda neste ano destaca-se a criação do Programa Integrado de Empreendedorismo e Inovação, estabelecendo posteriormente os Cursos Superior de Empreendedorismo & Inovação, Complementação de Estudos (sequencial) e de Gestão Empresarial e Empreendedorismo (graduação). Em 2006, estando responsável pela CPCT, retomamos a discussão de criação de um núcleo de inovação tecnológica com a finalidade de articular o sistema de apoio à inovação e estimular o desenvolvimento de novos projetos científicos e tecnológicos na universidade com potencial de se transformarem em inovações. Em 2008 a proposta de criação da Agência da Inovação da UFF é apresentada e em 02 de abril de

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2009 finalmente tem-se a criação da Agir, na estrutura da Propp, através da Norma de Serviço nº 604. Posteriormente a Propp passa a incluir formalmente a inovação como uma de suas responsabilidades, mudando seu nome para Pró-Reitoria de Pesquisa, PósGraduação e Inovação. Fazer parte desta história, em alguns momentos como expectadora entusiasta, e em outros como indutora e coordenadora, também entusiasta, me trazem uma grande alegria, especialmente quando, após cinco anos de existência da Agir, conseguimos conquistas das quais posso destacar: o aumento significativo do número de pedidos de patentes, a institucionalização de um programa de bolsas de iniciação à inovação, prêmios e menções honrosas a pesquisadores inovadores, realização de eventos de disseminação da cultura da inovação e do empreendedorismo, o envolvimento de pesquisadores das diversas áreas do conhecimento em projetos com foco na inovação, o desenvolvimento de ações nos diversos municípios onde a UFF possui unidades acadêmicas com a participação dos setores governamental e empresarial entre outras. A revista Agir UFF é mais uma destas conquistas, especialmente preparada para a comunidade acadêmica, sendo mais uma forma de disseminação da cultura da inovação em nossa instituição. Assim, partilho com vocês as valiosas contribuições de muitos que participaram do III Ciclo de Seminários sobre Inovação realizado em 2013. Boa leitura!

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Nem Mais, Nem menos Nossa missão como Universidade de colaborar para a modernização e desenvolvimento social e econômico do Brasil tem se tornado ainda mais complexa. Além de ensino, esquisa e extensão de alta qualidade, existe simultaneamente a necessidade de participarmos do dinâmico processo de articulação da chamada Tripla Hélice (Governo, Academia e Empresas) em busca de soluções inovadoras para os problemas contemporâneos e emergentes da sociedade. A despeito das iniciativas articuladas entre entidades representativas da academia, governo e empresas com o congresso nacional na

busca de novos marcos legais que facilitem a atividade de ciência e inovação no país, persistem uma insegurança jurídica perversa e uma burocracia insana como marcas do nosso atraso. Mas repito o que pude afirmar em editorial anterior: a UFF decidiu ser pró-ativa e assumir sua responsabilidade de realizar apesar das dificuldades. Nossa agência de inovação - AGIR - tem avançado de forma contínua na execução do seu planejamento de simultaneamente promover a discussão do tema “inovação” e estabelecer as condições necessárias para que ações concretas sejam implementadas de forma ágil e eficiente.

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por Antonio Claudio

Somente o trabalho sereno e persistente com base em um planejamento com conceitos rígidos, mas forma flexível pode construir um caminho de realizações institucionais sólidas e perenes. Assim tem sido o trabalho da UFF: atentos às necessidades do país, democráticos em suas decisões e responsáveis em suas ações. Hoje, estamos convictos que realizamos com plenitude a missão complexa que nos outorgada pela sociedade: produzir ensino, pesquisa, extensão e inovação de alta qualidade contribuindo para um Brasil mais desenvolvido e melhor.

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TEDxUFF – Uma UFF que dialoga com as novidades no mundo

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m agosto de 2012, a Universidade Federal Fluminense realizou um dos eventos mais influentes no mundo atual. A primeira edição do TEDxUFF seguiu o padrão de qualidade dos eventos TED, que acontecem em todos os cantos do planeta, seja em universidades como Harvard, ou na favela de Kibera, no Quênia. Organizado, de forma independente, pelo professor Júlio Cesar Tavares e toda equipe do laboratório de Etnografia e Estudos da Comunicação, Cultura e Cognição (LEECCC), com o apoio da Agência de Inovação da UFF (AGIR), da equipe da UNITEVê e WebTV, da Universidade Federal Fluminense, da Fundação Getúlio Vargas, da Fundação Roberto Marinho, da Fundação Euclides da Cunha, do Instituto de Ciência Humanas e Filosofia, e com o patrocínio da Ampla-Endesa, o TEDxUFF teve como objetivo provocar uma reflexão sobre a Educação brasileira e reunir pessoas que, com práticas diferenciadas, têm impactado suas áreas de atuação.

TEDxUFF Inovação

O evento teve a participação de doze palestrantes, entre mestres, cientistas e artistas de diversas áreas de conhecimento. A mestra de cerimônia foi a jornalista e ex-aluna da UFF, Flávia Oliveira, colunista do jornal O Globo. Seguindo a proposta do evento mundial, o público de cem pessoas (limite dado pela licença do evento), mais os espectadores que acompanhavam pela transmissão da WEBTV pela internet, puderam apreciar cada palestra, de uma maneira diferente dos tradicionais eventos acadêmicos. Com dezoito minutos, os palestrantes encantaram os presentes no auditório da Ampla, no Gragoatá. Em vez dos slides e explanações duras, houve palestras performáticas e ideias sintetizadas de uma maneira mais fácil de serem exploradas e compartilhadas.

Educação Tecnologia www.proppi.uff.br/portalagir

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O que é o evento TED e o TEDx?

O TEDxUFF foi organizado com a licença do TED - popular conferência que reúne os maiores pensadores e realizadores do mundo para compartilhar ideias e experiências. O TED é uma conferência anual, sem fins lucrativos, que busca reunir pessoas para a troca e divulgação de ideias que merecem ser compartilhadas. Sua primeira edição ocorreu na Califórnia, em 1984 e durante os anos já contou com palestras de Bill Clinton, Paul Simon, Bill Gates, Bono Vox, Al Gore, Michelle Obama, Philippe Starck, entre outros. O TED foi palco para diversas inovações que já mudaram o mundo, como o primeiro Apple Mac, a primeira tela sensível ao toque e o primeiro CD. Apesar de ser difícil para a maioria dos acadêmicos, a proposta dos dezoito minutos é uma regra. Nesse tempo limite, o convidado precisa proferir “a palestra da sua vida”, geralmente filmadas, sendo os vídeos exibidos no site do TED e traduzido em diversas línguas. Atualmente, cerca de mil palestras estão disponíveis no site do TED (www.ted.com), sob licença Creative Commons, e já foram acessadas por mais de quinhentos milhões de www.proppi.uff.br/portalagir

pessoas de cento e cinquenta países. O TEDx é uma comunidade de eventos que inspira inovação, liderança e propostas visionárias. Cada TEDxEvento tem uma organização independente. Os organizadores não promovem TEDxEventos por razões políticas, recompensas financeiras ou ganho pessoal, ao contrário, fazem isso porque realmente acreditam no poder das ideias de transformar o mundo. O que se espera dos palestrantes é uma performance que encante, que estimule e que entretenha. Apesar de ser um evento organizado dentro de ambientes como universidades, como foi o caso da UFF, sua intenção é ir além de seus muros, tornando um assunto palatável, longe do hermetismo de um evento científico acadêmico. Em novembro de 2009, o Brasil teve seu primeiro evento no estilo TED, o TEDxSão Paulo, que aconteceu na capital paulista, com o tema “O que o Brasil tem a oferecer ao mundo hoje?”. Em maio de 2010, ocorreu o TEDxSudeste, no Rio de Janeiro, sob o tema “Colaborando para transformar”. Ainda em 2010, no mês de novembro, realizou-se o TEDxPortoAlegre no Theatro São Pedro. O TEDxUFF, que teve como tema “Os desafios e novos caminhos para a Educação no Brasil”, pretendeu ser mais um espaço para estimular a cultura das novas ideias na universidade, do seu compartilhamento e do seu registro. Neste sentido, o evento propiciou a aproximação de diversos setores que ajudam a construir juntos uma UFF inovadora. Um evento como esse, não só trabalha com o estímulo, mas, também, com a autoestima da Universidade, pois não só tem um caráter unificador, difundindo a marca UFF para outros lugares no Brasil e no Mundo. 07


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SOBRE OS PALESTRANTES Carlos Eduardo Mathias Motta Doutor e mestre em Matemática pela UFRJ. Músico profissional, baterista pela Ordem dos Músicos do Brasil (OMB) desde 1993, desenvolveu o DRUMMATH, uma metodologia de ensino de matemática para deficientes visuais que utiliza apenas sons e atividades motoras. É professor do Departamento de Matemática Aplicada (GMA) da UFF. CONFERÊNCIA - Matemática Humanista: uma perspectiva cultural no Ensino para Deficientes Visuais por meio de Ritmos Musicais Vídeo da palestra: http://bit.ly/1bQIGn3

Sidarta Ribeiro

Doutor em Neurociências e Comportamento Animal pela Rockefeller University, mestre em Biofísica pela UFRJ e graduado em Ciências Biológicas pela UnB. Atualmente, é diretor do Instituto do Cérebro da UFRN, onde também leciona como professor titular de Neurociências. Pesquisa temas como sono, sonho e memória, genes imediatos e plasticidade neuronal, comunicação vocal em aves e primatas, competência simbólica em animais não humanos. CONFERÊNCIA - Dormir, Comer, Sonhar, Aprender Vídeo da palestra: http://bit.ly/199v8Ub

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Roberto Kant

Doutor em Antropologia pela Harvard University, mestre em Antropologia pelo Museu Nacional (UFRJ), graduado em Direito pela UFRGS e com pós-doutorado pela University of Alabama. É professor de Direito na UFF e na UGF. Coordena o curso de Graduação em Segurança Pública da UFF, assim como o Instituto de Estudos Comparados em Administração Institucional de Conflitos (INCT-InEAC). CONFERÊNCIA - Educação e Direitos Humanos Vídeo da palestra: http://bit.ly/132fUJg

Carmen Luz

Cria e executa projetos artísticos, educacionais e socioculturais em favelas e outras comunidades de baixa renda. É pós-graduada em Cinema-Documentário, pela FGV, e em Teatro, pela UFRJ; licenciada em Literatura Brasileira e graduada em Língua Portuguesa, também pela UFRJ. É diretora artística e fundadora da Cia. Étnica de Dança onde desenvolve coreografias, peças teatrais e realiza vídeos e cinema digital. CONFERÊNCIA - MixMemória: Experimentos cênicos no olho da rua Vídeo da palestra: http://bit.ly/1161tWX

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Renato Nogueira

Doutor em Filosofia pela UFRJ, mestre em Filosofia pela UFSCar, graduado em Filosofia pela UFRJ. Atualmente é professor do Departamento de Educação e Sociedade e do Colegiado de Filosofia da UFRRJ; coordenador do Laboratório de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas e do Grupo de Pesquisa Afroperspectivas, Saberes e Interseções da UFRRJ. Noguera também é autor de literatura infantil, com destaque para a Coleção Nana & Nilo que, além de material paradidático, inclui diversos produtos lúdicos e interativos ligados a pesquisas nos campos da filosofia, antropologia, história e educação. CONFERÊNCIA - Educar versus Doutrinar: a intolerância e o ensino religioso Vídeo da palestra: http://bit.ly/12DjGsC

Luciano Meira

Doutor em Educação Matemática pela University of California em Berkeley, mestre em Psicologia Cognitiva pela UFPE e graduado em Pedagogia pela Faculdade de Filosofia do Recife. É professor do Departamento de Psicologia da UFPE e pesquisador na área de Cultura & Cognição. Apoia projetos em educação e estudos de usabilidade do C.E.S.A.R. (Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife). Atualmente, colabora com a Olimpíada de Jogos Digitais e Educação (OJE), um projeto de inovação baseado em tecnologias educacionais lúdicas. CONFERÊNCIA - Inovação na escola Vídeo da palestra: http://bit.ly/1azjhg0

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Rafael Sanzio

Doutor em Informações Espaciais pelo Depto. de Eng. de Transportes da USP, mestre em Planejamento Urbano pela FAU da UnB, graduado em Geografia pela UFBA, com especialização na Universidade Estadual Paulista (Rio Claro). Concluiu seu pós-doutorado em Cartografia Étnica no Museu Real da África Central em Tervuren, Bélgica. Atualmente, é professor no Departamento de Geografia da UnB e Diretor do Centro de Cartografia Aplicada e Informação Geográfica (CIGA). Também atua na produção de materiais cartográficos didáticos e instrucionais para os diferentes níveis de ensino e educação geográfica, além de coordenar o Grupo de Pesquisa GEOCARTE/CNPQ. CONFERÊNCIA - A África, o Brasil, a geografia e a educação Vídeo da palestra: http://bit.ly/13UOlYA

Petronilha Silva Doutora em Ciências Humanas - Educação pela UFRGS, com pós-doutorado em Teoria da Educação pela University of South Africa. É professora titular em Ensino Aprendizagem/ Relações Étnico-Raciais na UFSCar, onde também é pesquisadora do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros. Foi relatora do Parecer CNE/ CP 3/2004, que estabelece as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-brasileira e Africana. Acumula experiência, inclusive internacionalmente, de ensino, pesquisa e extensão em Educação. CONFERÊNCIA - Relações étnico-raciais e educação Vídeo da palestra: http://bit.ly/132fK4F

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Muniz Sodré

Doutor em Letras (Ciência da Literatura) pela UFRJ, mestre em Sociologia da Informação e Comunicação pela Université de Paris IV (Paris-Sorbonne) e graduado em Direito pela UFBA, na qual também é doutor Honoris Causa. É professor emérito de Comunicação na UFRJ e professor aposentado da UFF. Já publicou mais de trinta livros nas áreas de Comunicação, Cultura Brasileira e Ficção. CONFERÊNCIA - Educação e novos agentes produtivos Vídeo da palestra: http://bit.ly/1b1r4a1

Eneida Cunha

Kiko Menezes

Músico multi-instrumentista e educador musical, foi graduado na área de Comunicação e formado pela Escola de Música Villa Lobos. Desde 2002, vem buscando novos horizontes para educação musical, já tendo lecionado em dezenas de escolas públicas e particulares, espaços culturais e ONGs no Rio de Janeiro e na Galícia (Espanha). Em 2009, criou o projeto “Mundo Som – Música e Ecologia Humana”, no qual vem desenvolvendo novos instrumentos pedagógicos com recursos didáticos, que unem métodos tradicionais a soluções musicais inovadoras, como Parque Sonoro, (um parque de diversões musical) e a abordagem de “Musicalização Criativa”. Busca unir seus talentos profissionais em benefício da cultura de Paz por um mundo sustentável. CONFERÊNCIA - Mundo Som: Música e Ecologia Humana na Educação Vídeo da palestra: http://bit.ly/1161FFI

David Bassous Doutora em Literaturas de Língua Portuguesa pela PUC-Rio, mestre em Teoria da Literatura pela UFBA e graduada em Letras Vernáculas pela Universidade Católica de Salvador. É Professora Associada no Departamento de Letras da PUC-Rio. Atua nas áreas de Letras e de Cultura e Produção Intelectual, predominantemente, sobre as questões identitárias que emergem na história e na contemporaneidade cultural e literária brasileira e de outros espaços lusófonos. CONFERÊNCIA: A contribuição milionária de todos os erros* Vídeo da palestra: http://bit.ly/18uqssy

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Mestre em Ciência da Arte pela UFF e contramestre de capoeira. É conhecido como “Mestre Bujão” e foi um dos fundadores da ONG Gingas (originalmente “Arte da Possibilidade”), onde atua como Coordenador de Projetos. Gingas tem por missão promover o acesso, a disseminação e a apropriação da cultura afro-brasileira por meio de ações sociais e educativas. Na década de 1990, realizou seus primeiros trabalhos na cultura afro-brasileira com meninos de comunidades carentes e crianças com deficiência na cidade de Niterói, no Rio de Janeiro. CONFERÊNCIA - Din.Down.Down: Experiência e aprendizado Vídeo da palestra: http://bit.ly/1b1qCsi

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O Brasil vive uma fase de grande impulso de produção científica nas universidades, institutos de pesquisa públicos e privados de diversos setores econômicos. Entretanto, ainda temos um importante déficit no aproveitamento da produção científica para o efetivo avanço da sociedade brasileira. O desenvolvimento tecnológico e social, baseado na inovação, é amplamente aceito como um dos mais importantes fatores para o desenvolvimento sustentável. Avançar na competitivi-

INNOVATION RACE dade de processos produtivos, aumentar a inclusão social e, ao mesmo tempo, reduzir o impacto ambiental são desafios que precisamos enfrentar. O tempo e os recursos despendidos para gerar uma inovação e colocar uma ideia nova em prática são comumente interpretados como um dos principais fatores que limitam a velocidade e a abrangência desse processo.

O Governo da Suécia trouxe para o Brasil um importante debate sobre o processo de desenvolvimento da inovação. O tema foi o foco principal do evento “Semana de Inovação” realizado pela Embaixada da Suécia no Brasil, entre 28 de maio e 01 de junho, no Planetário da Gávea, Rio de Janeiro. A semana foi composta por três etapas principais: uma conferência, uma

Quanto tempo leva para criar uma inovação? exposição e a Corrida de Inovação. O evento foi também utilizado como uma preparação para a Conferência das Nações Unidas de Desenvolvimento Sustentável, a Rio +20. Os temas principais abordados foram: Clean Tech, Ciências da Vida e Comunicação (TIC e

jogos). A Suécia é um dos países reconhecidos mundialmente por avanços na área de Inovação, particularmente no eixo do desenvolvimento sustentável. O processo de desenvolvimento da inovação é um dos fatores que contribui para essa realida-

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de. Para provar que os processos de inovação, usualmente utilizados, são desnecessariamente demorados e improdutivos, a Semana de Inovação trouxe para Brasil a Corrida da Inovação - Innovation Race. O professor sueco, Kaj Mickos, criou um sistema para mostrar que só

precisa setenta e duas horas para colocar uma inovação no mercado. O princípio fundamental do método é ajudar pessoas a atingir seu potencial de inovação, e criar condições para colocar novas ideias rapidamente no mercado. Kaj Mickos defende a ideia de se democrati12


REVISTA AGIR  •  2013 zar o processo de inovação, pois, segundo ele, é preciso reunir uma filosofia capaz de entender que são as pessoas, e não a tecnologia, que produzem a inovação. A corrida seguiu um processo altamente organizado, com base em uma abordagem interdisciplinar estabelecida pelo inventor do método e mentor, o professor Kaj Mickos. No primeiro dia, foram apresentados problemas ligados diretamente aos temas abordados na conferência, culminando no final do dia nos pontos cruciais. A partir desse momento, entraram em cena duas equipes compostas por seis alunos de mestrado e/ou doutorado selecionados especificamente para essa atividade nas universidades UFF, UFRJ, UFABC e a PUC-RJ. Entre os competidores estavam jornalista, engenheira de produção, engenheira química, biomédica, publicitária, microbiologista, químico, administrador de empresas, entre outros. Os estudantes não se conheciam e foram desafiados a elaborar, em apenas setenta e duas horas, soluções tecnológicas e inovadoras para os problemas apresentados na conferência. Além de Mickos, dois líderes de inovação acompanharam as duas equipes durante o processo. A equipe é formada, ainda, por um designer industrial para visualizar e projetar os produtos e por pessoal de logística. Completada a equipe, o evento contou também com um back office, formado por pesquisadores, advogados de patentes, analistas de mercado, economistas e criadores de protótipos. As universidades participantes deram todo apoio a seus alunos e elaboraram um termo de colaboração interinstitucional para desenvolver os resultados dos projetos, nomeando a UFF como administradora da propriedade intelectual desenvolvida no evento. Na UFF a atividade foi coordenada pela Diretora da AGIR, Fabiana Rodrigues Leta. A corrida contra o tempo ficou bem ilustrada com o grande cronômetro, instalado em frente às salas que as

equipes utilizaram no planetário, fazendo a contagem regressiva desde a segunda-feira. O evento teve ampla cobertura da mídia e, ainda, foi um palco de motivação para os alunos de escola pública do Rio de Janeiro que a prefeitura levou para observar o trabalho dos estudantes da Innovation Race no Planetário. Após setenta e duas horas, confinados no Planetário da Gávea, doze estudantes de mestrado e doutorado apresentaram vinte projetos inovadores e sustentáveis para solucionar problemas do dia a dia do Rio e do Brasil, estabelecendo um novo recorde mundial da Innovation Race em suas trinta e seis edições. A corrida contra o tempo gerou projetos voltados para a sociedade e pensados para facilitar a vida das pessoas, como um aplicativo para celular que usa um mapa virtual para mostrar o caminho mais acessível para cadeirantes e pessoas com pouca mobilidade. Outra inovação vai auxiliar a população no momento de abastecimento dos carros: um teste simples e rápido que avalia, qualitativamente, a gasolina e o percentual de álcool presente, servindo como um indicador de adulteração de combustível. Um dos grupos criou uma ferramenta que pode ser a solução para um dos maiores problemas das grandes metrópoles, as enchentes. Trata-se de um piso absorvente, feito com placas modulares de resinas poliméricas, que quando fixadas ao chão é capaz de absorver até cinquenta vezes mais água.

O sucesso, para Mickos, pode ser explicado pela grande capacidade criativa dos alunos

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“We can make a better team if we are together” brasileiros, e pela motivação em desenvolver o trabalho. O professor destacou que “Isso mostra que é possível sim fazer inovação. E isso vale para qualquer pessoa, jovem, velho, com ou sem curso superior.” Para isso, é preciso contar com investimento, reunir especialistas em diversas áreas e um líder que não tenha apenas o know how (como fazer), mas o know who (detectar quem pode fazer o quê). “A gente aprende a ter uma visão diferente do processo, sem necessariamente lidar com pessoas do ramo”, destaca Ayla Silva, doutoranda em química na UFRJ. Rafael Moralez, formado em filosofia e com pós-graduação em energia pela UFABC, destaca a importância de um trabalho multidisciplinar e em equipe. “Não dá para pensar isoladamente, é preciso juntar diferentes conhecimentos para se pensar o mundo.” Já Leonardo Costa, doutorando em química pela UFF, diz que o projeto permite entender que não é impossível, por exemplo, se criar uma patente. “Iniciativas assim deveriam ser desenvolvidas pelas universidades”. Leonardo comentou o impacto do projeto: “Patente, para mim, era coisa de outro mundo. Na faculdade, somos estimulados a produzir artigos científicos. Nunca pensei que poderia vivenciar isso e ver meu projeto ser patenteado”. Os resultados foram exibidos no planetário ao final do evento e apresentados, em um painel, para representantes do governo, empresários, fundos de capital de ino-

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vação, especialistas e meios de comunicação, provenientes do Brasil e da Suécia. Entre os vinte projetos apresentados, onze resultaram em pedidos de patente. A diretora da AGIR/ UFF, Fabiana Leta, parabeniza os participantes e diz: “O evento mostra o grande potencial que as universidades têm de desenvolver projetos inovadores. A experiência será muito útil para nossa reflexão na UFF, e novas iniciativas nesse sentido serão feitas”. O evento demonstrou que até mesmo pessoas que não se conheciam e não tinham nenhuma ideia preparada previamente, conseguiram desenvolver, em setenta e duas horas, soluções inovadoras para os problemas da cidade. As características atuais da sociedade brasileira com a situação de crescente estabilidade econômica e os avanços do sistema educacional, já permitem vislumbrar um grande potencial para a inovação. O desafio, porém, será aperfeiçoar a integração universidade-empresa e facilitar o acesso ao investimento para empreendedores no desenvolvimento da inovação. Claudio Fernandes, PhD Coordenador da UFF no Innovation Race Odontologia - PUNF/UFF

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AGENDA ACADÊMICA

UFF 2012

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AGENDA ACADÊMICA UFF 2012 Programação da UFF na SEMANA NACIONAL DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA

Tema 2012 - “Economia Verde, Sustentabilidade e Erradicação da Pobreza”. DESAFIO INOVAÇÃO

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DESAFIO INOVAÇÃO 2012 foi realizado na Tenda da Inovação e fez as seguintes abordagens: “Proposta de Inovação” e “Construção de protótipo Físico”. Coordenado por Fabiana Rodrigues Leta, Tutora do PET-MEC e Diretora da Agência de Inovação e Marcia Pimenta Velloso, Co-Tutora do Programa PET-MEC, o DI é uma atividade anual, desenvolvida e organizada pelo grupo PET-MEC (Programa de Educação Tutorial de Engenharia Mecânica), idealizado em 2008. Participaram das atividades 25 alunos dos Cursos de Graduação em Engenharia da UFF, que foram agrupados em equipes de até 5 integrantes. As três equipes que apresentaram os melhores resultados à proposta do desafio, definidos pelas comissões de avaliação, foram classificados em 1º, 2º e 3º lugares. Cada componente das equipes classificadas recebeu um prêmio e um certificado. Tal avaliação foi feita por comissão composta por coordenadores da atividade, bolsistas do PETMEC e por professores indicados pelos coordenadores. Considerando esta metodologia, desenvolvida inicialmente para alunos de graduação em Engenharia, o Desafio Inovação PIBIQUINHO e PIBITINHO adequou-se à formação de alunos do Ensino Fundamental e Médio que participam dos Programas de Pré-Iniciação Científica da PROPPI- COLUNI/ PIBIQUINHO e PROPPI/ AGIR/ COLUNI/ PIBITINHO. Coordenado por Fabiana Rodrigues Leta, Izabel Christina de Palmer

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Paixão, Coordenadora do Programa de Pré-Iniciação Científica da PROPPI-COLUNI/PIBIQUINHO e Iduína Edite Montalverne Braun Chaves, Diretora do Colégio Universitário Geraldo Reis, a atividade contemplou 32 bolsistas, sendo 22 do Programa de Pré-Iniciação Científica da PROPPI-COLUNI/PIBIQUINHO e 10 bolsistas do Programa de Pré-Iniciação à Inovação Tecnológica da PROPPI/AGIR/ COLUNI/PIBITINHO além de 8 alunos da comunidade, sendo promovido pelos alunos do Laboratório de Virologia Molecular. II SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO À INOVAÇÃO A Agência de Inovação promoveu o II Seminário de Iniciação à Inovação para a apresentação de resultados, através de comunicações orais e pôsteres, e premiou os melhores trabalhos dos bolsistas dos projetos contemplados nos programas PIBINOVA/PDI/ UFF - Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Inovação e PIBITI/CNPq/UFF - Programa Institucional de Bolsas de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação. O Comitê Institucional de Inovação (avaliadores internos) e o Comitê Externo (avaliadores externos do PIBITI para atendimento à exigência do CNPq) foram responsáveis pelo processo de avaliação de 70 projetos: 35 PIBINOVA e 35 PIBITI. Na 1ª fase de avaliação, o comitê institucional de inovação selecionou 10 melhores projetos dos programas PIBITI e PIBInova. Na 2ª fase o comitê externo selecionou 20 projetos. Foram premiados os 3 melhores de cada programa (1º,2º e 3º lugares).

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DESAFIO INOVAçÃO GRADUAÇÃO

DESAFIO INOVAçÃO ensino médio

DESAFIO INOVAçÃO pibiquinho e pibitinho

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ii seminário de iniciação à inovação 1º lugar Bolsista: Ana Carolina da Rocha Mello Orientadora: Claudete Corrêa de Jesus Chiappini Projeto: Desenvolvimento de produtos de panificação e confeitaria com misturas sem glutén e rica em nutrientes e fibras para portadores de doença celíaca.

2º lugar

Bolsista: Daniela Morato Faria Orientadora: Izabel Christina de PalmerPaixão Projeto: Estudos pré-clínicos de obtenção de fármacos com atividade Microbicida e antiviral (HSV-1) provenientes de produtos naturais e sintéticos.

3º lugar

Bolsista: Daiane Cardial dos Santos Orientadora: Nathália Ramos de Mello Projeto: Elaboração de embalagens primárias ativas antimicrobianas incorporadas com combinações de óleosessenciais.

1º lugar

Bolsista: Raissa Libalde de Médici Orientadora: Yolanda Eliza Moreira Boechat Projeto: Estudo do distúrbio cognitivo leve com base neuropsicofisiológica para a predição da doença de Alzheimer

2º lugar Bolsista: Yanne de Mattos Rabetim Milano Orientador: Ronaldo Joaquim da Silveira Lobão Projeto: Uma nova dinâmica no direito: Mudanças na lei Estadual RJ 2.393/95 impulsionadas por aqueles aos quais é dirigida.

3º lugar

Bolsista: Welton Luiz de Oliveira Barbosa Orientador: Marcio Magi Projeto: Protótipo de aplicativo para processamento de sinais biológicos – ProcessBioni www.proppi.uff.br/portalagir

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Relação dos 20 projetos selecionados no II Seminário de Iniciação à Inovação

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Comitê Institucional de Inovação: Coordenadora: Fabiana Rodrigues Leta • • • • • • • • • • • • •

Angélica Carvalho Di Maio Emmanoel de Oliveira Boff Esteban Walter Gonzalez Clua Izabel Christina Nunes de Palmer Paixão Marcelo Cossenza Pettezzoni de Almeida Maria Helena Teixeira da Silva Gomes Simone de Lima Martins Rosenir Rita de Cássia Moreira da Silva Rita de Cássia Colman Simões Patrícia Burth Roger Matsumoto Moreira Fabiana Rodrigues Leta Marco Antonio Araujo Leite

Áreas Temáticas Biotecnologia Izabel Christina Nunes de Palmer Paixão Marcelo Cossenza Pettezzoni de Almeida Marco Antonio Araujo Leite Patrícia Burth Ciências Agronômicas e Veterinárias Izabel Christina Nunes de Palmer Paixão Ciências Exatas e da Terra Angélica Carvalho Di Maio Tecnologia Social Emmanoel de Oliveira Boff Indústria Criativa, Linguagens e Artes Maria Helena Teixeira da Silva Gomes

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Esteban Walter Gonzalez Clua Engenharias e Computação Fabiana Rodrigues Leta Rita de Cássia Colman Simões Rosenir Rita de Cássia Moreira da Silva Roger Matsumoto Moreira Simone de Lima Martins Comitê Externo: Emerson Teixeira da Silva - FIOCRUZ Eder Dutra de Resende – UENF - Universidade Estadual do Norte Fluminense Maria Cristina Affonso Lorenzo – UFRRJ - Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro Núbia Boechat de Andrade - FIOCRUZ

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Seminário Indicadores de Inovação


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Mesa Redonda – Conceito e Indicadores de Tecnologia Social “O Seminário tem como objetivo principal discutir os indicadores de inovação abordando conceitos de tecnologia social e inovação tecnológica.” Escola de Engenharia 4 de Dezembro de 2012 Palestrante: Prof. Gonçalo Guimarães (Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares – ITCP/COOPE/ UFRJ)

Gostaria de realizar uma reflexão a cerca do que é Inovação Tecnológica, porque, no presente, apresentamos muito a Inovação e discutimos muito pouco o que é. Essa palavra de ordem faz um ministério, como o Ministério da Ciência e Tecnologia, mudar para Ministério da Inovação, sem explicar exatamente do que se trata. Logo, parabenizo, desde então, a iniciativa dessa discussão na UFF – Universidade Federal Fluminense, pois outras universidades com Agências de Inovação, por vezes, implementam tais Agências sem discutir ou sem dizer o que é essa tal da Inovação. www.proppi.uff.br/portalagir

Trabalho há 17 anos em uma Incubadora de Cooperativas Populares, criada na COOPE, que tinha como foco principal a geração de trabalho e renda para quem estava ou desempregado, ou estruturalmente desempregado. A questão é que o Rio de Janeiro vive o pleno emprego. Causa-me estranhamento terem desempregados e explico por quê. Existe um desempregado estrutural nesse país, herdeiro do século XIX, que são os escravos e seus herdeiros que não entram no mercado formal de trabalho. Então, podemos botar todos os “indicadores de pleno emprego” e, aí, vamos encontrar a informalidade, tanto na economia quanto na sociedade. É o nosso modelo. Então, destacamos que existe uma Associação Nacional de Incubadora e Parque Tecnológico ANPROTEC (que eu estou lá a alguns anos) e tivemos a oportunidade de discutir dentro do que é chamado da “tecnologia de ponta ou das inovações de ponta” o que é esse outro lado, esse outro lado sustentável, que durante anos viemos discutindo e, hoje, a visão já mudou bastante. Mais especificamente, apresento sobre um foco da inovação, que é a questão da reciclagem. Quando eu comecei a discutir reciclagem, que é uma coisa que temos trabalhado muito, questionei o que é essa tal de inovação?

Essa que é a discussão a meu ver, na verdade. É a inovação como um todo, mais em particular, nesse aspecto de como essa tecnologia, essa inovação interfere ou pode interferir, positivamente, no que eu denomino organização produtiva que tem na sociedade. Tem uma coisa que eu acho engraçada, quando dizem o seguinte: que 50% da população brasileira é informal, não é isso? Estão na informalidade. Quando focamos a cidade, dizem que 40 a 60% da população é informal. Então, pouco a pouco podemos juntar os dois dados, e a conclusão é que não tem economia informal, tem é cidadão informal. Quando você está na posição de informalidade o que você fizer será informal, e quando você estiver na posição de formalidade o que você fizer será formal. Exemplificando, se uma oficina mecânica é montada aqui no bairro de Icaraí, ela está na formalidade por princípio, seja pela titularidade, seja pelo acesso ao crédito e ao acesso à informação. De outro modo, se essa mesma oficina é montada na Favela do Alemão, ou se há um “gato” acolá, provavelmente, vai estar enquadrada na informalidade. Por quê? Bom, porque o solo não é regularizado, e, então, a questão da formalidade não é uma condição econômica e sim uma condição social da inserção dele na economia. É desse público que estou tratando. Então, não é 22


REVISTA AGIR  •  2013 uma questão da informação. É nesse ponto que a questão da Inovação é relevante. Como podemos ver um pouco o que está acontecendo hoje: corta-se o IPI da linha branca, retira o IPI do carro e incentiva a produção. O que temos, hoje, é um processo de incentivo, e há aumento da produção tendo como indicador de desenvolvimento, o consumo. Atualmente, não se mede mais renda, se mede o consumo para saber do momento e, por ora, uma cidade que consome e que tem os padrões sociais de consumo. Agora, o que ocorre com os rejeitos ou resíduos dessa tal produção, eu só vejo dois caminhos: estão na cidade, por exemplo, ali em São Conrado - RJ, ou estão no meio ambiente, que são os lixões, por mais que se jure que, em 2014, irão acabar. Acabando o lixão ou não, esse resíduo vai para a natureza, sob ou sem con-

trole. Mas esse é o processo, é o ciclo de produção, é o ciclo desenvolvimento, é o ciclo do modelo que estamos implantando. Então, quanto mais se produz mais se consome, e esse será o destino. Agora, ninguém explica bem o que se fazer com os resíduos. Os números são escandalosos. Não apresento aqui, mas são muito altos os níveis da produção de resíduos. Também divido os resíduos em dois tipos: tem os resíduos da produção humana, e outro da produção tecnológica. São dois resíduos distintos, ou seja, a atividade humana produz resíduos, porém, a atividade tecnológica, hoje, também produz. O resíduo industrial... Por que ele é industrial? Ele não é um simples resíduo da sociedade no seu ato, contudo, é resultante de um modelo. Lembro-me na década de 1960, a opção do

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ONE WAY. O que era isso? A embalagem descartável. Então, a opção tecnológica na década de 1960, de tirar o vidro e colocar a pet, gera um volume de resíduo, o excesso de embalagem, o uso único. E aí, ela vai gerando o quê? Desse modelo, podemos pegar mais dois exemplos: o alumínio e o eletroeletrônico. Eles são um processo de fruto ou resíduo desse modelo que nós colocamos no mundo. Então, estamos fazendo um novo resíduo, e não é da atividade humana como um só, ele é um fruto de um modelo. Logo, esse resíduo é colocado na sociedade. Se não imaginarmos isso como parte do ciclo da inovação e da produção, uma parcela vai produzir e outra vai ter que resolver. O que ocorre, hoje, no Brasil? A produção é ciência e tecnologia, e o lixo é urbano. Quem cuida, no município do Rio de Janeiro, da reciclagem? Pouca gente, porque isso é visto como resíduo e não matéria-prima, então, esse conceito do excedente gerado pelo nosso modelo industrial e tecnológico, gera um produto para a sociedade. Hoje, com a nova Lei dos Resíduos Sólidos, a responsabilidade do fabricante vai se intensificar. É neste ponto que devemos pensar. Quando eu olho a palavra, quando falamos na inovação, começo a observar que tem dois tipos de inovação. A primeira, eu denominaria como a inovação que visa à melhoria de qualidade de vida e gera o bem estar. Por exemplo, eu me lembro do que era cadeira de dentista na década de 1960, do que era um automóvel, do que era meio de transporte. Então, eu vejo que esse tipo de inovação, por exemplo, o trator com ar condiciona23


REVISTA AGIR  •  2013 do (que é inovar para a melhoria), o resultante é o bem estar. Existem pessoas que acham que há mudança significativa que qualifica. Outro exemplo é a medicina, hoje, que eleva o número. Pode não ser tão boa como a gente quer, mas a gente vê avanços na sociedade, cuja a qualidade de vida é que está em questão. Penso que existe outra inovação, que não é bem parecida com os exemplos anteriores, e que é uma inovação para o consumo, que acabam por dar o mesmo nome. O que é essa inovação para o consumo? Ela não visa o bem estar, ela visa tornar inoperante, arcaico e obsoleto tudo que você tem. Então, qual é a grande inovação no celular? Dizer que um celular daqui a seis meses é inútil para termos que comprar outro. Então, eu não posso dizer que a melhoria do trator e o lançamento de um celular novo são a mesma coisa. Há inovações para o bem e outras, que eu não sei se são tão para o bem assim. Então, nessa inovação o que se gera é só consumo, o indicador de sucesso dessa inovação tecnológica é para o consumo e não para a melhoria: o celular a, b, c e d, não muda a qualidade de vida. Porém, o trator, o metrô e o ar condicionado mudam, e não, necessariamente, o novo “modelito” do celular. Já os avanços tecnológicos do carro têm como foco o mercado, e não necessariamente a qualidade. Não são itens de segurança que estão sendo colocados, são itens de design. O que ocorre com esse segundo modelo, o que ele gera é tudo que desenvolvi anteriormente, e falei inclusive de entulhos. Posto isso, é de grande importância para nós entendermos e não usarmos o mesmo conceito para coisas que tem visão distinta. Então, eu não posso desqualificar os avanços da medicina numa posição política e ideológica, porque eu sou contra a inovação, e também não posso aceitar que essa loucura que ocorre com o celular hoje é a coisa mais natural do mundo. O que aconteceu com nossos modelos do pós-guerra para cá? Na indústria, o primeiro ponto era a disputa pela qualidade. O indicador de um produto era qualidade e durabilidade. Exemplificando, a marca chamada TELEFUNKEN tinha como slogan “para toda vida”, então, o indicador de sucesso do eletrodoméstico era o tempo de durabilidade, para toda a vida. Este slogan caiu, e o primeiro marco, na verdade, acho que foi quando o Henry Ford disse: “o meu empregado tem que ter dinheiro para comprar meu carro porque senão eu não gero mercado para meu produto”. Vou baixar o preço, e depois a qualidade, e logo começaram a www.proppi.uff.br/portalagir

fazer o quê? Quando todo brasileiro já tinha uma geladeira começaram a dizer “tenha duas”, e você tem, hoje, mais celular e geladeiras que domicílios, e mais televisão que, provavelmente, famílias. E o resultado foi um aumento, e o novo modelo que temos, hoje, em prática, que temos que pensar, é a durabilidade curta. Não é aumentar nem durabilidade, nem aumentar o número de consumidores, o que está em voga é o tempo de vida curto para que você compre ano que vem os mesmos produtos que você consumiu hoje. Comprar roupa é tão comum quanto comprar celular, trocar de carro é tão comum quanto os outros dois! Então, tem outro conceito que está por trás dos modelos, e esse conceito gera aquela primeira estampa que são os eletrodomésticos entulhados. Só na UFRJ a gente calcula oito toneladas, e por que isso? Porque todo mundo trocou de aparelhos. Outra coisa que eu acho importante na discussão sobre inovação. As pessoas dizem: - “Você trabalha com inovação social”. Não, eu trabalho com setor produtivo popular, não tem nada de social, não é um trabalho social. Trabalho com a base da pirâmide brasileira. Observo, também, que as políticas brasileiras trabalham de forma diferenciada. Eu olho a cadeia produtiva, (e eu gosto da “brincadeira”): quando se produz em Campos, chama-se álcool, mas já quando vai para o posto da Petrobrás se chama etanol. Isso porque quando olhamos o processo arcaico da produção, o trabalho exaustivo e quase mortal dos trabalhadores, vemos um “retrato” do século XVII e XIX, porém, quando olhamos o etanol estamos vendo o século XXI. Então, a inovação nas políticas inovadoras no Brasil foca muito na ponta da cadeira produtiva, mas não focam o processo produtivo, e o que ocorre no dado social, - social é a base da pirâmide - é o arcaico, inoperante e antigo e sem política de inovação. E isso, ao mesmo tempo em que a outra ponta trabalha com o novo e o moderno – ali é primeiro mundo e aqui é terceiro mundo – não tenho a menor dúvida. Eu fiz etanol, mas posso falar da agricultura familiar em um supermercado da zona sul, e posso falar do alumínio onde tem o catador de um lado e a toneleira/Donelisa do outro. Então, de como é vista essa inovação, percebemos muito pouco a reflexão dela como uma cadeia como um todo. Acho que podemos pensar de outra maneira: quando inova uma ponta da cadeia, onde começa aquela cadeia; onde está o trabalho escravo, infantil e a exploração do trabalho na informalidade, o básico. Essa é outra característica que eu 24


REVISTA AGIR  •  2013 observo da política brasileira, foca a ponta, o produto, mas não o processo. Resulta que, daí, temos a Petrobrás e a Vale, por exemplo. Por outro lado, eu tenho uma mina de carvão que não merece “nenhuma foto”. Assim, são os dois pontos o problema, o de Campos do petróleo e o prédio da Petrobrás na Avenida Chile. São dois brasis aqui e agora na cadeia produtiva. Para entender esse processo, - e digo isso porque eu sou a favor da inovação -, eu quero saber como trago a inovação para outro ponto da cadeia. É esse que acho o desafio: temos que entender um pouco mais sobre uma reflexão que é outra coisa que ocorre no Brasil - denominar pobreza e informalidade como a mesma coisa. O que define exclusão no Brasil? Renda. Quem ganha menos de seis dólares/dia, não é isso? Agora, será que a renda é o indicador dessa informalidade? Porque se o for, se eu aumentar a renda, com certeza, pode resolver o problema da informalidade, e vamos observar que não. Um exemplo muito claro, de um mestre de obras e de um engenheiro, provavelmente da UFF, da COOPE-UFRJ. Os dois podem até ter remuneração igual. Provavelmente, o mestre de obras terá renda superior se ele for experiente e o engenheiro, se for recém-formado. Então, em nenhum caso ali,

Esses dois grupos, quando analisados, o de baixo é chamado social, e sempre cismam em fazer uma política social para esses, os informais, como se a questão da informalidade fosse uma questão de pobreza. E se formos, então, para o Complexo do Alemão, faço uma política social para o mestre de obras, que tem uma renda de oito mil reais? Então, o que acontece: para o circuito superior, que temos os engenheiros formados nas nossas www.proppi.uff.br/portalagir

botando renda na pirâmide brasileira, eles estariam em exclusão ou seria fruto de políticas sociais. Porém, quando lanço um novo olhar a essas pessoas, onde moram, colocando-as no seu meio, vejo que o mestre de obras mora na Favela do Gado, enquanto que o outro mora em Icaraí, e vou observar que é o ambiente da informalidade com o ambiente da formalidade. É aí que observamos que a informalidade independe da renda, há pobres e classe média na informalidade. É muito comum: a primeira vez que a classe média vai à favela, se choca com o número de equipamentos que as pessoas têm, porque aquilo é consumo, aquilo não é patrimônio. Em compensação, não tem título de propriedade, é aí que se dá essa diferenciação, ela tem muito a ver com a cadeia produtiva. O Milton Santos analisava isso de duas formas: o ciclo superior da economia e o ciclo inferior da economia. O que é o ciclo superior? É quem está na dinâmica do crescimento, quem está na formalidade, quem está dentro dos circuitos e com direitos. Já quem está no circuito inferior é a pobreza. Ele coloca pobre e rico, eu chamo de informais. Quem são os informais? É essa parte da população que mora no terreno da informalidade, trabalha sem registro e às vezes não tem nem certidão de nascimento.

universidades, a classe média, eu tenho a política de desenvolvimento e a política tecnológica. Agora, o que eu tenho para o circuito inferior? Eu tenho política social e qualificação profissional. Não falamos de tecnologia nem de políticas tecnológicas para o pessoal que está na base da pirâmide, falamos de qualificação porque o melhor que eles podem ter é um emprego. Então, na realidade, essa diferença vai formando 25


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o quê? Os outros pontos da cadeia produtiva, se eu pegar e analisar, eu vejo que o setor do circuito inferior gera trabalho, mão de obra, empregada doméstica. Ali está o pessoal da construção civil, agricultura familiar, o pessoal que trabalha em minas, e está toda a base produtiva. E o que gera o circuito superior? Os produtos. O circuito é esse. Tem outra política que acredito ser perversa que é a política de crédito. A política de créditos gera créditos produtivos para o circuito superior e crédito de consumo para o circuito inferior. Qualquer brasileiro, sem demonstração de renda, ou com uma demonstração muito frágil, consegue seis mil reais para comprar uma televisão ou quinze mil reais para comprar um carro. Contudo, esse mesmo cidadão não consegue seis mil para comprar uma máquina. Se ele vai ao BNDS e verifica o que eles pedem de títulos em comparação, por exemplo, para Casas Bahia, esse circuito perverso faz o que? Que esse modelo de inovação se reflita. Se demonstrarmos em um gráfico, da nossa área de reciclagem, o que eu observo? Catador intermediário e ferro velho saem do circuito inferior. Vamos, então, para o circuito superior, para fundição, embalagem e produtos. Olhando da cadeia produtiva, que é o olhar que muitas vezes falta na nossa política, trabalha-se com alta tecnologia (circuito superior indicado no slide), esse trabalha com a população fragilizada (circuito inferior indicado no slide), aqui estão os pequenos agricultores (circuito inferior indicado no slide), aqui estão os mercados zona sul (circuito superior indicado no slide), aqui estão as faccionistas (circuito inferior indicado no slide), e aqui estão as confecções (circuito superior indicado no slide) e assim vai a nossa divisão. O olhar da cadeia produtiva nos ajuda a entender que de um lado está o catador de papel e do outro lado está o Pabin, mas na cadeia produtiva é o mesmo, só que um tem política e formação e o outro está excluído de informação. O que penso que precisamos trabalhar? É a experiência que estamos fazendo com o lixo eletrônico (apontando para o slide). Qual a resposta que a gente está trabalhando? Se tivermos só a produção incentivada do consumo pelo consumo, e não tivermos uma resposta para o resíduo gerado, ou considerar que o celular é igual a lixo e não à matéria-prima, vamos estar em um proces-

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so de insustentabilidade absurdo. Agora, podemos manter outra visão para entender que aquilo que é chamado de lixo industrial é matéria-prima, e olhando de uma perspectiva - que não da Comlurb ou de limpeza urbana - científica e tecnológica e de política industrial, a reciclagem deve haver como um circuito produtivo e não como política social. Como é que vamos imaginar isso, tirando o catador? Não, entendendo que, aquilo é o lixo eletrônico que estamos trabalhando, domicílios e empresas. Você passa a ter uma central e aquele computador se transforma em plástico, placa, metal e vidro. Para termos uma ideia de viabilidade econômica, um computador ou um laptop custa R$0,60 centavos o quilo. Uma placa de um circuito custa R$12,00 reais, e se conseguir tirar o ouro dela, isso dispara o preço, porque as placas são formadas por ouro e todos os metais nobres. E sabem o que acontece no Brasil? Eles são tirados das placas e mandados para a China igual ao século XIX. Exportamos ouro. Voltamos a exportar ouro para a China. Enfim, o que conseguimos com a inovação? O primeiro ponto é ter bem definida de que inovação estamos falando. O segundo ponto é entender que a inovação é para a cadeia produtiva e não para o produto. O que tem que ser inovador é o processo e em todo processo. Não a ponta, que se chama marketing e design, mas temos que entender de onde ela surgiu. A outra coisa que tem de se entender é que o processo de inovação, hoje, em curso no Brasil, apoiado pelas políticas oficiais, diz-nos que temos que ser competitivos. Mas competir com quem? Temos que ser competitivos? Está bem, mas temos que ser sustentáveis e se a gente não tiver nesse indicador de inovação, os resíduos gerados por essa mesma inovação, terá um falso indicador. Eu quero um indicador de inovação que leve em consideração a cadeia produtiva e os resíduos gerados. Eu preciso saber em que medida a inovação desse celular, que é da Nokia, que vem da Noruega, está no circuito metal, e se nós não pensarmos nisso será um concurso de design, e não o nosso objetivo, que é entender o processo. Nessa perspectiva que a gente vê se que a inovação pode ser uma mola que nos movimenta, mas isso se levar em consideração toda a cadeia produtiva e o circuito de produção. Finalizando o papel, por exemplo, dos catadores

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no Rio de Janeiro. O que tem de reciclagem hoje no Rio? Eu diria que existe, porque existe o catador. É impressionante que não temos uma política consistente na segunda cidade do país, no segundo polo econômico produtivo, a cabeça pensante. Temos outros exemplos, o lixo eletrônico - cooperativas populares que fazem, catação em rua, aproveitamento daquele material, catadores de óleo de cozinha, o Programa Prove, e o lixão - quem estão lá são catadores reaproveitando de grandes espetáculos (escolas de samba e show de rock); cooperativas e ecobarreiras que é a tentativa de fingir que a Baía da Guanabara não é poluída. Quero dizer o seguinte, se não olharmos isso como base produtiva e como perspectivas industriais e de inovação, denominamos isso de política social ou de meio ambiente. Na minha concepção isso não é uma política social nem de meio ambiente. Essa base sócio-produtiva não é tecnologia social é parte da cadeia produtiva ou resultante do modelo tecnológico. Então, para nós, o entendimento é: como isso pode se transformar em uma política efetiva? Fazemos com a reciclagem, que é minha área, porém eu não teria dificuldade de fazer para a agricultura, para a construção civil e todas as áreas. A tecnologia de construção civil aqui no Brasil é de ponta. Agora a base, nem podemos começar o assunto, não é? Mais arcaico não existe. Não tem mais como, cimento e areia; areia clandestina... Então, é nessa perspectiva que nós entendemos a inovação. Obrigado!

Escola de Engenharia 4 de Dezembro de 2012 Palestrante: Jorge Luiz Barbosa (Coordenação do Observatório de Favelas/ Instituto de Geociências –UFF

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gradeço imensamente, em meu nome e em nome do Observatório de Favelas, a oportunidades de estar aqui e parabenizar aos organizadores desse evento de importância, e à própria Universidade Federal

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Fluminense. Reunirmos-nos e trocarmos ideias sobre inovação, tecnologia social, já é um grande momento para a universidade. Importante é, também, ter companheiros de outras universidades aqui presentes para que possamos trocar essas experiências. Gostaria de enunciar meu lugar de fala, porque quando não enunciamos nosso lugar de fala, acabamos não provocando uma conversa mais sincera e mais aberta. Então, começo enunciando uma concepção de tecnologia social, que não é um conceito fechado, não é um conceito amarrado. É uma concepção que nós entendemos: o que é uma tecnologia social? Na verdade, tecnologia social, para nós, é sistema aberto e dinâmico que envolve múltiplos atores, agentes e territórios. Ela teria cinco pilares básicos de construção que são seus qualificadores, talvez até nem sejam seus qualificadores... Porém, seriam eles: Primeiro – A produção compartilhada do conhe-

cimento; segundo - A difusão de metodologias; terceiro – A mobilização social envolvendo sujeitos, agentes, atores e movimentos sociais; quarto – Articulação política para arranjos institucionais, e esses arranjos funcionais não são, exclusivamente, de órgãos e de agente do estado, mas de entidades da sociedade civil; e por fim, o quinto – Ação pública no território. Esses seriam os cinco pilares que não são, necessariamente, hierárquicos, ou seja, a tecnologia social pode emergir da produção compartilhada do conhecimento, como pode emergir da ação do território. E também ser de um arranjo político institucional, ou seja, esses cinco pilares, ao mesmo tempo, são cinco qualificadores. Nós preferimos trabalhar com o qualificador à com o indicador, embora os indicadores sejam importantes. No entanto, os indicadores tendem muito a se quantificar a partir

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REVISTA AGIR  •  2013 de metas, e as metas que são sempre quantitativas, não podem responder pela mudança qualitativa da sociedade, tal como o Gonçalo aqui levantou, creio eu. O que todo mundo chama de qualidade de vida, precisa ser transformada, essa qualitativa da sociedade. Podemos discutir o que é qualidade de vida. Mas enfim, eu apresento para vocês um programa que nós desenvolvemos, no qual trabalhamos com esses cinco pilares e com essa concepção em geral. Eu o trouxe pelo tema que nós entendemos que é um tema fundamental para a sociedade brasileira. O Gonçalo trouxe a questão dos resíduos tecnológicos, do lixo. Nós ainda estamos falando de pessoas que são tratadas como resíduos; jovens, negros, pobres de favelas e periferias, que são seres humanos, que são ativos, criativos, mas tratados como resíduos. Inclusive, lhes são dada a condição de fora da humanidade, justificando todo o tipo de violência contra eles. Vocês sabem que morrem mais jovens no Brasil do que nos quase 70 anos de ocupação da terra dos meus avós, na Palestina. Então, temos uma ordem de 65 mil jovens que morrem por ano no nosso país, na maioria jovens, negros, do sexo masculino e residentes em favelas ou periferias, e que a maioria deles jamais teve uma passagem pela polícia. Então, estamos diante de um processo de extermínio. Para superá-lo, entendemos que é preciso tecnologia social. Então, nós instituímos esse programa de redução da violência letal contra adolescentes e jovens e tivemos uma parceria com o laboratório de Estudo da Violência da UERJ, com a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República e também com a Unicef, ou seja, um arranjo institucional necessário para essa ação. Bom, qual é a origem desse projeto? Ele saiu de um projeto anterior chamado Programa Rota de Fuga, no qual nós fizemos um acompanhamento longitudinal de 260 jovens empregados no tráfico de drogas de diferentes facções do Rio de Janeiro. Fizemos um acompanhamento de 2005, 2006 e 2007, e chegamos a uma conclusão de que 60% desses jovens, que nós entrevistamos, foram mortos. A partir daí, nós começamos a trabalhar com algumas questões muito fortes. Primeiro, era a questão da confiabilidade dos dados sobre a mortalidade de jovens; segundo, era grande a desarticulação e a fragmentação de ações inexistentes, em termos de proteção e de prevenção da violência contra os jovens; a outra era a dificuldade de replicação e de sustentabilidade de programas e de projetos locais, ou seja, as ações eram muito pontuais e fragmentawww.proppi.uff.br/portalagir

das e não tinham impactos maiores, no sentido da prevenção, da garantia da vida e do baixo impacto da redução da violência, ou seja, nós partimos dessas condições. Então, nós precisamos apressar esse programa a partir da mobilização da articulação da sociedade em torno do tempo - era muito importante construir uma mobilização da sociedade em torno do tempo, sensibilizar em torno do tempo - ou seja, chamar a atenção para o extermínio de jovens, negros, pobres e das periferias, e colocar a questão fundamental, que é o direito à vida. Gonçalo colocou o direito a qualidade de vida, mas para determinados grupos sociais temos que chegar ao ponto de lutar pelo direito à vida. Construir instrumentos, mecanismos que pudessem monitorar e identificar não só as causas, mas onde elas acontecem. Dramaticamente, a maior parte desses jovens morre a três ou quatro quilômetros das suas casas, das suas residências. Isto mostra que a restrição da mobilidade desses jovens na cidade - sabemos que a mobilidade é fundamental para o acesso a serviço, bens e exemplos quais forem - enquanto cidadãos é fundamental, porque os direitos estão desigualmente repartidos na cidade. Observem, esses jovens até para morrerem, eles morrem perto das suas casas, o que mostra a restrição da mobilidade social que tem na cidade, ou seja, quanto mais o jovem tem uma vida, uma mobilidade restrita, mais a sua experiência de tempo-espaço é diminuta, ou seja, esse jovem vivo perde a capacidade de ter o poder de sonhar. Outra questão era de como poderíamos identificar metodologias que já estavam sendo construídas por outras instituições, outros parceiros, outros movimentos, analisar essas metodologias, e convocar esses parceiros para construir metodologias inovadoras, e, junto com eles, trabalhar na direção da prevenção da violência, sobretudo, na administração da letalidade. Nós entendemos, também, que esse programa não poderia só ficar restrito a uma favela, porque a questão não era entender que a favela é um espaço da violência. As favelas são os espaços mais vulneráveis à violência urbana, era essa a concepção. Por conta de quê? Da perda da soberania do Estado nesses territórios, que abriu mão dessa soberania pelo tráfico de drogas e por uma ação militarizada e antes da polícia, ou seja, essas comunidades foram abandonadas pelo Estado. Foi uma política de sitiamento e de potencial da violência dentro dessas comunidades, tornando-as mais vulneráveis à 28


REVISTA AGIR  •  2013 violência urbana. E, aí, nós pedimos que não poderia ser um projeto que se vinculasse a uma, a duas favelas ou a três favelas, e que nem seria um projeto de mediação de conflito. Não queríamos ensinar nenhum jovem a trocar com o povo. Na verdade, entendíamos que esse projeto tinha que ter uma escala nacional, porque são nas regiões metropolitanas que estão os espaços de maior vulnerabilidade dos jovens na sociedade brasileira, ou seja, as regiões metropolitanas são as regiões mais violentas, e nós entendíamos que uma ação na região metropolitana era fundamental. Precisávamos de um trabalho coordenado que envolvesse esses espaços mais violentos. As nossas cidades são muito violentas, são máquinas de reprodução de violência, então, daí entendemos que nós precisávamos ter escala nesse projeto. Então, trabalhamos com dezesseis regiões metropolitanas. Repare a tamanha brutalidade, o tamanho, a dimensão da letalidade desses jovens e como era necessário um projeto, um programa de escala nacional. É claro respeitando as especificidades de cada metrópole, mas entendendo que esse vem sendo um programa de caráter nacional, daí que nossos parceiros fundamentais, além da Unicef, a Secretaria dos Direitos Humanos da República, entendendo que a questão era maior, que a questão da redução da violência era a garantia dos direitos humanos. Trabalhar, também, o território de dentro dessas regiões metropolitanas que tivessem altas vítimas de sífilis entre adolescentes e jovens. O período de desenvolvimento desse trabalho foi feito de 2008 a 2011. Para isso, nós tentamos trabalhar a parceria com a Unicef, nessa articulação do marco da agenda social da criança e do adolescente, ou seja, para isso era necessário uma articulação política, para que não se tornasse uma coisa qualquer dentro de um determinado território, mas para que chegássemos a esses territórios mais marcados pela violência urbana. O desenvolvimento é muito importante dentro da tecnologia que a gente desenvolveu, são as estratégias de comunicação. Como é que a gente comunica isso? Como é que a gente sensibiliza? Como é que a gente mobiliza? Ou seja, isso só vai se constituir enquanto uma política que se enraíze no território, se ela garantir o processo de comunicação de troca entre agentes, apoios e sujeitos que já tenham alguma intervenção no território, na proteção, na garantia dos direitos, dentre eles, a questão da vida www.proppi.uff.br/portalagir

que tange a contribuição para que as instituições, e também esses agentes, apoios e sujeitos pudessem se inserir numa política de redução da letalidade. Outra questão foi a partida de um conjunto de oficinas com adolescentes e jovens dessas dezesseis regiões metropolitanas para que eles se tornassem multiplicadores na questão dos direitos humanos e do direito à vida, e isso envolveu grupos de hip hop e grafite, ou seja, vários modos de sensibilizar e trazer esse debate para a sociedade civil, para que essa se tornasse protagonista do processo, e tivesse nesse protagonismo os jovens. É isso que é importante também, ou seja, não é uma coisa que possa ser construída de forma hierárquica. Se você não sensibilizar, mobilizar, acolher esse jovem, que é vítima ou está exposto a esta situação, dificilmente nós vamos garantir o sucesso da política pública, porque é necessário que os direitos estejam em ação na prática, e não formalmente estabelecidos numa legislação. Então, a ideia é que esses jovens possam ser os protagonistas desse processo, inclusive, se tornarem aquelas pessoas que possam, não na “prática denuncista”, mas numa prática política de intervir dentro dos seus territórios e construir redes colaborativas de levantamentos de dados, de sensibilização de instituições, inclusive culturais, para a temática e para a política, porque a cultura produzida na periferia não é só como bem de serviço, não é uma cultura produzida como uma mercadoria, não é um mero show, não é um mero filme, não é um mero vídeo, ou seja, há uma preocupação clara, artística e estética, na produção cultural da periferia. Ela, sobretudo, é uma cultura de mobilização social, de direitos e de prática política. E, aí, entendemos que esses grupos vinculados à produção da cultura e da arte na periferia, seriam importantes nesse processo de mobilização, e sensibilização e também de produção do conhecimento. Isso foi importante para nós, porque passamos a construir algo que foi fundamental, o índice de homicídios na adolescência para todos os municípios com mais de 100 mil habitantes. Criamos um índice para ser monitorado, mas não monitorado só pela Secretaria, mas pela Associação de Moradoras, pelo Sindicato, pelo Clube dos Funks, pelo Clube de Hip Hop e pelo Clube de Pagode, então ele pode ser monitorado pela própria sociedade civil, para saber como esse índice tem aumentado ou diminuído dentro do seu território, do seu bairro, do seu município. Esse índice foi baseado no risco relativo em função da idade, do gênero, da raça e 29


REVISTA AGIR  •  2013 do território em que a vítima habita, ou seja, englobamos todas as variáveis para demonstrar que o jovem negro, pobre, de baixa escolaridade, de baixa empregabilidade e morador da favela tem um risco relativo muito maior do que qualquer jovem branco que mora em outros territórios da cidade. O monitoramento e a análise de como a redução da violência letal ou ampliação é, em cada território, bairro, município ou região metropolitana, é uma forma da sociedade civil se apoderar e cobrar das autoridades, da polícia, do governador, do diretor da escola e do diretor do posto de saúde e dos Estados de operadores de sistema das chamadas políticas públicas, porque essas elas não podem ser fragmentadas e setorizadas - os operadores de sistema também têm uma responsabilidade em relação a isso, o diretor da escola, o médico do posto de saúde, o assistente social, e não só o presidente da associação de moradores. Assim, fica claro como a evolução está correlacionando uma coisa a outra, ou seja, o que está se tentando tecer é uma política pública de redução da violência letal. Então, com essas metodologias de intervenção, fizemos um levantamento e uma análise das políticas públicas, programas e projetos que tinham, como foco, a prevenção e a redução da violência. Nós vimos que infelizmente não havia programas de prevenção e nem de redução, havia programas de constatação e projetos genéricos, mas que não continham ferramentas conceituais e metodológicas para atuar, e que era necessário que construíssemos esse programa de redução e de prevenção. O objetivo é que a gente possa identificar, e, com essa identificação, orientar a população no fortalecimento de políticas públicas que envolva não só a Secretaria de Direitos Humanos, que poucos municípios têm, mas que envolva uma intersetoriedade com o serviço social, com a saúde, e que a questão da redução e da prevenção da violência não fosse única e exclusivamente uma atividade do setor de segurança. Em verdade, é triste o país que tem que precisar do setor de segurança como garantidor da cidadania, então nosso país é bastante triste. Então, nós fizemos a aplicação de questão-análise em Secretarias Estaduais e Municipais, e um acompanhamento qualitativo desses programas e projetos, e por fim resultou um conjunto de publicações de livros, de análises e estudos. O mais importante, que eu trouxe para vocês aqui, é o “Guia municipal de prevenção da violência letal contra adolescentes e jovens”. Esse guia, na verdade, tem os itens de que www.proppi.uff.br/portalagir

falei no início, os nossos pilares da tecnologia social. Ele é um guia para os gestores municipais, para o Presidente da Associação de Moradores, para o grupo de hip hop entre outros, que mostram como nós podemos fazer uma “política consertada”, ou seja, uma “consertação democrática na política”, envolvendo diferentes atores e agentes, instituições públicas e instituições da sociedade civil, e construindo uma política baseada em uma tecnologia social que visa o direito à cidade. E em nossas conclusões, já entendemos que a redução da violência letal só vai ser possível com direito à cidade, e isso passa pelo projeto de uma cidade mais generosa que visa o futuro das novas gerações.

Foto ilustrativa: “Guia municipal de prevenção da violência letal contra adolescentes e jovens”

Edição da transcrição do áudio da palestra para publicação: Philipe Costa – Bacharel e Licenciado em Ciências Sociais - UFF, Licenciado em Artes Plásticas - UFRJ, especializado em Design de Interiores – Instituto Bramante de Arquitetura e Design . 30


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Gerando impacto social através de sua atividade principal: o contexto da Incubadora Tecnológica e Social da USP Leste - HabITS Profª Drª Luciane Meneguin Ortega - E-mail: luciane.ortega@usp.br

1. A INCUBADORA, A USP LESTE E A SOCIEDADE. Uma das motivações para a criação da Incubadora Tecnológica e Social da Universidade de São Paulo, hoje denominada HabITS – Habitat de Inovação Tecnológica e Social/Incubadora-Escola, foi pensar numa forma de explorar o universo de conhecimento presente dentro da instituição de ensino, de modo aplicado à sociedade e voltado, principalmente, para a Zona Leste de São Paulo. A Zona leste de São Paulo é uma região que abriga hoje mais de quatro milhões de habitantes, e é considerada uma região

“dormitório” da capital paulista. Esse termo se deve ao fato de que as pessoas trabalham em outras localidades da cidade e somente utilizam suas casas para dormir. Há inúmeras tentativas de melhorar as condições de vida de tal população, mas quando o campus da USP foi criado nesta região, idealizou-se exatamente isto: trazer para o local um acesso a conhecimentos antes distantes. Com quatro anos atuando como docente da unidade, torna-se notável o fato de que a instalação em tal região da capital paulista realmente tem sido um marco: trouxe a comunidade para dentro da universidade por meio de diversos projetos de pesquisa, de ensino e de extensão. Entretanto, há muito que ser feito. Para que haja um retorno escalável, há necessidade de que inúmeras iniciativas ocorram concomitantemente. Neste sentido, é que o projeto de se ter uma incubadora voltada para inovações tecnológicas, em termos de inovações sociais, despontou-se. Este projeto integra os diversos públicos da comunidade da USP e da Zona Leste. De um lado, o grupo docente e discente da USP Leste, que, por suas características inovadoras, é voltada, fortemente, para ações de inovação tanto em termos sociais como tecnológicos. Por outro lado, o ambiente social, onde o campus está instalado, representa uma

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fonte de inspiração natural para a busca de soluções que melhorem a qualidade de vida da sociedade que orbita em torno dessa fonte de desenvolvimento do conhecimento. Dessa forma, a incubadora busca transformar ideias em ações concretas que possam ser empreendidas e que, assim, se tornem efetivas as inovações que contribuam para todos os públicos sociais, empresariais e governamentais, não restritas às universidades. Ou seja, a incubadora busca desenvolver empreendimentos inovadores para ampliar o índice de sobrevivência e a competitividade de empresas, visando o crescimento da economia brasileira, e o aumento da geração de empregos qualificados e de melhores resultados na balança comercial brasileira. Também visa a criação e a realização de tecnologias avançadas nacionais, o que pode reduzir muito os custos, favorecendo o desenvolvimento do país. E ainda, visa a formação de equipes de professores e de alunos para dar apoio às diversas atividades do empreendedorismo e da inovação na USP Leste. Mas para que isso continue a ocorrer, aponta-se o importante apoio que a universidade recebe constantemente da comunidade local. Há total apoio das comunidades para esta inserção, e isto se torna essencial para que qualquer benefício possa ser instalado na região. As comunidades 31


REVISTA AGIR  •  2013 locais aceitam todos os trabalhos que a USP Leste vem oferecendo de forma bastante efetiva e agradável, o que estimula ainda mais uma aplicação, na região, de ideias que tragam benefícios para a região. 2. CONCEITOS INTRÍNSECOS A fim de se entender o significado de instituir uma incubadora com características sociais, realizou-se pesquisas e visitas à inúmeras instituições. Dentre os resultados, adotou-se o conceito de que inovações sociais são semelhantes aos chamados negócios sociais. O conceito dos negócios sociais traz consigo diferentes opiniões sobre sua definição. No caso da incubadora da USP Leste, acredita-se que são negócios economicamente rentáveis e que, por meio da sua atividade principal, buscam soluções para problemas sociais, utilizando mecanismos de mercado. Geram impacto social por meio de atender às necessidades básicas, possibilitar acesso a produtos e serviços que melhoram a produtividade ou reduzem os custos de transação e/ou, incluem pessoas marginalizadas do mercado na cadeia de valor. Inserida nesse contexto, considera-se tecnologia social todo produto, método, processo, metodologia ou técnica, criados para solucionar algum problema social e representar soluções para o desenvolvimento social e melhoria das condições de vida da população, trazendo abrangência e impacto social em escala considerável. Outra característica extremamente importante é o fato de se constatar que há dois tipos de inovações que geram qualidade de vida e bem social, pelas quais se tem a inovação com o objetivo de trazer melhorias para a sociedade e inovações geradas para consumo. No caso da incubadora da USP Leste, os projetos selecionados visam trazer o primeiro tipo de inovação, ou seja, são projetos que geram qualidade de vida e bem social, objetivando melhorias para a sociedade. Portanto, utilizando-se destes conceitos e características apresentados para classificação de um negócio social, a incubadora da USP Leste considera tecnologia social algo que gere impacto social através da atividade principal, alcance a Sustentabilidade Financeira embutida no Modelo de Negócios e traga inclusão da base da pirâmide ou de grupos desfavorecidos. Além disso, é essencial que esses negócios tenham métricas de acompanhamento sobre os impactos e que elas façam parte da gestão cotidiana do negówww.proppi.uff.br/portalagir

cio, para que não fique um discurso ou uma ação inicial sem continuidade. O modelo de negócio dos negócios sociais deve viabilizar sua autossuficiência financeira, ou seja, as receitas geradas devem ser suficientes, pelo menos, para cobrir todos os custos e investimentos associados à operação do negócio. Portanto, a incubadora apoia negócios sociais com figura jurídica de empresas que busquem, mediante a modelos economicamente viáveis, impactar e transformar a vida das pessoas contribuindo para um mundo melhor. 3. HISTÓRICO: SURGIMENTO DA INICIATIVA DA INCUBADORA E PROJETOS INCUBADOS A Incubadora Tecnológica e Social da USP Leste teve o começo de suas atividades no dia 8 de fevereiro de 2012, quando seis equipes selecionadas seguiram um cronograma estabelecido pela Comissão Assessora da Direção composta por três docentes: Profª Drª Luciane Meneguin Ortega; Profª Drª Jane Marques e Profº Drº Francisco Alvarez. A comissão conta também com o apoio de diversos docentes e professores inseridos nos dez cursos do campus e com parceiros formais e informais, que muito têm auxiliado e feito diferença no processo, tais como: a Agência USP de Inovação - AUSPIn, SEBRAE SP, o Núcleo de Empresas Juniores da USP Leste, o Instituto ENDEAVOR Brasil, e a Incubadora AGENDE Guarulhos. A incubadora da USP Leste está em concordância jurídica e respaldada pela reitoria da Universidade de São Paulo e pela Agência USP de Inovação. Entretanto, em termos de unidade, a incubadora está diretamente ligada à direção da Escola. Quanto ao seu modo de gestão, ela é operada no modelo denominado de SoftOpenning, para qual se tem oito meses para ajustar todos os processos internos e, assim, abrir um novo edital para novos projetos inovadores. A cada incubado é atrelado um “anjo” com o papel de supervisão dos negócios, sendo que esse poderá ser um docente ou um empresário, dependendo das características do projeto. Entretanto, cada projeto tem sua própria equipe e está responsável por ela em todos os sentidos. Nesta fase de SoftOpenning, além da infraestrutura física básica, todos o incubados têm oportunidade de fazerem cursos de formação básica, de aperfeiçoamento e de preparo do seu produto (proposto no projeto), para expô-lo a possíveis investidores. Após os oito meses, cada projeto passa por nova 32


REVISTA AGIR  •  2013 análise e se enquadra em novo modelo de governança que a Comissão desenha. Há seis projetos incubados nas seguintes áreas: Processos de Aprendizagem Virtual; Socialização e Comunidade de Idosos; Comunidade de Aprendizagem em Libras; Desenvolvimento de Banco Social; Reuso Têxtil; e, Projetos de Sustentabilidade. São eles: 1. Empresa CoomprAtiva. Objetivo: Desenvolver a economia das regiões dos bancos comunitários e revitalizar a receita do banco, reforçando seu capital de investimento para gerar mais projetos e iniciativas de desenvolvimento local. 2. Empresa Língua Brasileira de Sinais (Libras): um universo silencioso. Objetivo: Confeccionar materiais didáticos em LIBRAS, cujos conteúdos estejam voltados para a disciplina escolar de ciências com vídeo aulas + material impresso + material online. 3. Empresa OPA! Orientação Particular e Acompanhada. Objetivo: Transformar o contato virtual entre idosos e empresas, em uma relação de cuidado e comprometimento; 4. Empresa Quanti.ca - Desenvolvimento de ambientes de aprendizado virtual com foco em usabilidade e acessibilidade. Objetivo: Processos de Aprendizagem Virtual.

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5. Empresa Reciclagem e reuso de Têxteis. Objetivo: Desenvolvimento de novos produtos por meio de reciclagem e reuso de têxteis. 6. Empresa EcoDesempenho. Objetivo: Oferecer consultoria em gestão ambiental para promover o desempenho ambiental das organizações, a partir de soluções e inovações tecnológicas para os produtos e os processos produtivos. 4. CONSIDERAÇÕES Considera-se a Incubadora Tecnológica e Social da USP Leste como um modelo híbrido de gestão que insere preceitos de inovação tecnológica e de inovação social dentro da universidade brasileira, fazendo desse ambiente um cenário capaz de atrelar os conhecimentos gerados na universidade à sociedade. Essa aplicação é realizada por ações conjuntas, tanto em termos de disciplinas voltadas para o empreendedorismo e para a inovação, visando fortalecer o conceito de incubadora-escola e dos projetos incubados, mas também no próprio ambiente de empreendedorismo que vem sendo disseminado no campus por meio de ações diretas com a comunidade. Sendo assim, acredita-se que a expansão para outras regiões ou cidades paulistanas possa ser possível, desde que haja, localmente, interesse social, econômico e político para o projeto caminhar.

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REVISTA AGIR  •  2013

A Importância do Capital Social na Conservação do Meio-Ambiente e na Melhora do Bem-Estar Social

Emmanoel de Oliveira Boff Professor Adjunto Faculdade de Economia – UFF

O trabalho realizado em parceria com a ONG Água Doce Serviços Populares em Suruí, Magé, faz parte de um dos muitos projetos que são desenvolvidos dentro do CEDE (Centro de Estudos sobre Desenvolvimento e Desigualdade). Este centro reúne professores de diferentes departamentos da UFF, visando a geração de pesquisas e de debates públicos nas diversas áreas relacionadas a questões econômicas e sociais. Uma das preocupações dos membros do CEDE é entender como um conjunto organizado e estável de relações sociais – incorporadas nos mais diversos tipos de instituições – pode gerar www.proppi.uff.br/portalagir

bem-estar tanto para os membros dessas instituições quanto para a sociedade como um todo. Este bem-estar, não se reduz à renda monetária, mas também compreende níveis menores de violência e de miséria e o acesso mais amplo a bens públicos básicos, como educação e saúde de qualidade. De forma bastante geral, todo o estudo relacionado a estas instituições (como escolas, hospitais, associações, redes de ajuda mútua, cooperativas e mercados) envolve a possibilidade de aplicação de tecnologias sociais. Ou seja, envolve estudar como os modos diversos de relações possíveis entre os agentes destas instituições e os recursos de que eles dispõem e usam, podem ser úteis no aumento do bem-estar social. Se pudermos propor modos novos de relações entre os agentes e estes recursos disponíveis, poderemos criar uma inovação social. Em termos práticos, o resultado das inovações sociais é o aumento do bem-estar social. Evidentemente, as tecnologias e as inovações sociais não possuem a mesma natureza das tecnologias e inovações físicas. Em primeiro lugar, não é possível realizar experimentos com relações pessoais da mesma forma que se faz com objetos brutos. Consequentemente, e em segundo lugar, também não se pode dispor de um modelo de inovação feito para economia

física (como a tripla-hélice, a linear etc.) para gerar inovação social. Por fim, o patenteamento de uma inovação social também não é simples de ser realizado – como impedir que os métodos organizacionais bem sucedidos de uma instituição não sejam imitados pelas demais? E não seria, de fato, positivo que tais métodos fossem, de fato, imitados, pelo seu impacto no bem-estar social? Estas dúvidas apontam para a necessidade de criação de índices de inovação social, que permitam aferir seu impacto em termos de bem-estar. É dentro desse contexto que a pesquisa em Suruí foi realizada. A preocupação que norteou a pesquisa foi a possibilidade de mudanças climáticas e o aumento do “déficit ecológico” global. Eles apontam para a necessidade de uma mudança na relação das atividades humanas com o meio-ambiente. Essas mudanças envolvem tanto a necessidade de diminuir o “transumo” (throughput) per capita, quanto a necessidade de manejar recursos naturais com menor impacto, em termos de geração de poluentes e degradação de recursos. De que forma as relações que as pessoas cultivam entre si e as instituições de que participam podem intervir nesta mudança? De que forma políticas públicas, que incentivem a formação de certos tipos de relações interpessoais e instituições, podem auxiliar neste processo 34


REVISTA AGIR  •  2013 de mudança? O trabalho desenvolvido no distrito de Suruí, em Magé, durante o ano de 2011, visa lançar alguma luz sobre as questões acima. E, como se pode ver, ele também está relacionado à preocupação de como relações sociais podem interferir no difícil processo de mudança nos padrões de produção e de consumo que devem ocorrer nas próximas décadas. A hipótese que balizou a pesquisa é de que a rede de relações e de instituições com que as pessoas participam pode ter impacto positivo na conservação/restauração de bens ambientais. Para comprovar esta hipótese, foi realizado um trabalho empírico no entorno do rio Suruí, em Magé, região da Baixada Fluminense. Por meio de questionários semiabertos, seiscentos moradores foram entrevistados com o objetivo de mensurar a frequência e o tipo de atividade social que realizavam, bem como sua escolaridade, emprego, renda e o fato de ser morador da região de Suruí. De posse destes dados, dois objetivos foram cumpridos: 1. Medir o capital social da comunidade que vive no entorno e utiliza o rio Suruí, em Magé; e 2. Por meio de uma regressão linear múltipla, verificar a correlação do capital social, da renda e do fato de ser morador de Suruí, na valoração monetária que a população local e frequentadores fazem do rio Suruí. O método utilizado foram os mínimos quadrados ordinários (MQO). O fundamento para testar a hipótese de que o capital social teria algum impacto sobre a disposição em conservar o rio Suruí, dá-se pelo fato de os bens ambientais terem caráter público. Desta forma, uma comunidade, onde as relações sociais sejam variadas e densas, pode influir na decisão dos indivíduos com relação à conservação do bem ambiental. Os mecanismos por meio dos quais esta influência pode ser transmitida são: 1.a partilha de informações; 2. diminuição nos custos de transação e 3. a redução de dilemas de ação coletiva. (Isham, 2002). Os resultados da pesquisa apontam que o capital social em Suruí é baixo (um valor de cerca de dez em um máximo de trinta e dois) e que há, sim, uma correlação entre as relações interpessoais entre os moradores de Suruí e a disposição em pagar (DAP) para conservá-lo. Embora o valor individual médio desta disposição seja baixo, deve-se levar em conta que, ao multiplicarmos o valor por toda a população de Suruí, chegaremos a uma DAP total elevada. Ao mesmo tempo, pode-se extrapolar a questão da pesquisa fazendo a pergunta: e se o capital social da população de Suruí fosse mais elevado, qual seria a www.proppi.uff.br/portalagir

nova DAP da população? Ou seja, qual o impacto destas relações sociais na disposição para conservar o rio Suruí? Ainda no prosseguimento desta pesquisa, deve-se desenvolver um modelo teórico preciso que preveja como o capital social, por meio dos mecanismos acima, pode impactar, causalmente, a DAP dos agentes. Este modelo teórico ainda não foi elaborado, já que o próprio conceito de capital social é controverso na literatura. O mesmo se sucede com o conceito de desenvolvimento sustentável. Dessa forma, optou-se, nesse trabalho, por se realizar um estudo exclusivamente empírico. Os eventuais resultados empíricos positivos podem basear a formulação de um instrumental teórico específico, que mostre como o capital social (entendido dentro do arcabouço de uma teoria das redes) pode aumentar a disposição dos indivíduos a pagar para conservar um determinado bem público ou ambiental. Dentro do CEDE, há diversos trabalhos que tratam, de alguma forma, com inovações sociais, e não apenas no nível microeconômico, como é o caso do nosso trabalho. Por exemplo, o próprio Estado de Bem-Estar social é uma grande inovação social que se espalhou por grande parte do mundo no pós-guerra e elevou o bem-estar das populações de diversos países. Quais são as mudanças por que ele passa na contemporaneidade? Já podemos dizer que existe um Estado de Bem-Estar social no Brasil? Questões de caráter macro, como essas, são desenvolvidas pelos demais membros do CEDE - http://www.proac.uff.br/ cede/.

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REVISTA AGIR  •  2013

Desafios para mensuração estatística da inovação em serviços Alessandro Maia Pinheiro

Gerente da Pesquisa Oficial de Inovação (PINTEC/IBGE); Professor Colaborador do Instituto de Economia (IE/UFRJ). “O IBGE está isento de qualquer responsabilidade pelas opiniões, informações, dados e conceitos emitidos neste artigo, que são de exclusiva responsabilidade do autor”.

1. Importância dos serviços A inovação do século XXI está associada a um crescente grau de complexidade, dado que envolve participação de novos protagonistas, ferramentas digitais, arranjos organizacionais e práticas gerenciais, que podem se integrar para gerar novos processos, bens e serviços. Entre os protagonistas, destacam-se firmas de serviço, que vêm respondendo pela maior fatia do Produto Interno Bruto (PIB) no conjunto dos países desenvolvidos, e seu desempenho econômico tem levado à conclusão de que o setor deveria merecer maior atenção por parte da literatura especializada e de policy-makers. Igualmente, vem se consolidando a percepção de que este segmento – no passado consiwww.proppi.uff.br/portalagir

derado improdutivo pelos fundadores da Economia Política – pode fornecer importantes soluções, tanto para as manufaturas, quanto para suas próprias atividades e, portanto, aumentar a produtividade e a capacidade de inovação da economia como um todo. Os chamados Serviços Empresariais Intensivos em Conhecimento (Knowledge-Intensive Business Services - KIBS) vêm sendo considerados como economicamente estratégicos por razões tais como seu potencial de disseminar e habilitar inovações no tecido produtivo, empregar pessoal relativamente mais qualificado e ser ao mesmo tempo principal produtor, comprador e usuário de TIC. Isto tem justificado a priorização de setores, como o de software e serviços de TI, por parte de governos de vários países. O resultado destas intervenções, todavia, depende da melhor compreensão da dinâmica de desenvolvimento desta indústria, incluindo características de seu processo de inovação. No entanto, como lidar, do ponto de vista da mensuração estatística, com características como intangibilidade, alta interatividade das firmas com outros atores do sistema de inovação (principalmente clientes) e simultaneidade entre produto, processo e consumo? Como mapear aquilo que não se vê claramente? 2. Premissas sobre os serviços Um produto de serviço (service product) constitui um con-

junto de funções que representam os principais (não únicos) produtos fornecidos por determinado segmento de serviços. Na produção de um serviço, o foco principal não é fornecer um bem (material), mas organizar uma solução para um problema, colocando à disposição de um cliente uma cesta de capacitações e competências (não apenas tecnológicas, mas também humanas e organizacionais). Intangibilidade, interatividade e simultaneidade concorrem para dificultar, em muitas situações, a diferenciação entre inovação de produto e de processo. Adicionalmente, o modo, predominantemente, não formal de organização limita, mas não impede, a emergência de inovações radicais. Os serviços, normalmente, apresentam uma grande proporção (maior que na manufatura) de empresas pequenas, e isso produz efeitos sobre a organização da inovação: firmas grandes são mais propensas a desenvolver inovações dentro de estruturas mais organizadas e formais, envolvendo grupos funcionais especializados. A inovação de serviço, por seu turno, raramente se restringe às características do produto em si, dado que coincide com novas formas de distribuição do produto, de interface com o cliente, de controle de qualidade e segurança, entre outras. Uma proposta, bem recebida no meio acadêmico, procura entender a inovação de serviço a partir de quatro dimensões de novidade: (i) um novo conceito de servi36


REVISTA AGIR  •  2013 ço (ex: implantação de um módulo/função nova de finanças incorporada a um software); (ii) mudanças nas opções tecnológicas (ex: adoção, por parte de uma empresa de arquitetura, de uma nova ferramenta de software utilizada para design de ambientes); (iii) mudanças no sistema de distribuição, ou seja, no modo como os trabalhadores se organizam para distribuir o serviço (ex: adoção de entrega on line

de conteúdo, como games, filmes, etc); e (iv) mudanças na interface com o cliente, ou seja, novos ou significativamente aperfeiçoados modos de envolvimento do cliente nas atividades de design, produção ou consumo do serviço (ex: adoção de uma ferramenta de videoconferência, que permite design interativo de um serviço). O esquema a seguir sintetiza a ideia:

Fonte: elaboração própria. Diferentemente das propostas de assimilação (aplicação automática do arcabouço conceitual do Manual de Inovação da OCDE aos serviços, o chamado Manual de Oslo) e de ruptura total com o Manual, a ideia acima pode ser considerada como uma proposta de síntese, uma vez que permite correspondências entre suas categorias de inovação e as do Manual. A inovação de conceito seria o mais próximo da inovação de produto, e as inovações, em termos de opções tecnológicas e sistemas de distribuição, seriam compatíveis com as inovações de processo do Manual de Oslo. Inovações na interface com o cliente constituiriam uma categoria à parte. 3. Estágio atual da mensuração oficial da inovação em serviços A última edição do Manual da OCDE sublinha peculiaridades do processo de mudança em serviços, tais como a grande importância de inovações incrementais e de conteúdo não tecnológico, a relevância de atividades menos formalizadas e as diwww.proppi.uff.br/portalagir

ficuldades para estabelecer, entre outros aspectos, distinção entre inovação de produto e processo, e entre produto novo e aperfeiçoado. Todavia, ante o reconhecimento do incipiente estágio de compreensão das características da inovação nesse setor, a OCDE acaba optando por uma postura de assimilação dos serviços dentro dos moldes pensados para retratar atividades de inovação nas manufaturas, o que acaba fazendo com que dimensões importantes de mudança fiquem obscurecidas pelos surveys convencionais. Contribuições recentes de autores-referência na área orientam no sentido de abordar os produtos de serviço como um conjunto de funções capazes de transformar o estado de determinadas entidades (pessoas, artefatos, símbolos, etc.). Dependendo do tipo de transformação operada, determinados conhecimentos são requeridos e isso tende a influenciar a estrutura e a condução da inovação. Os serviços de TI, por exemplo, ao se concentrarem na modificação de símbolos (de informação), por meio do uso intenso de TIC, costumam demandar conhecimentos especializados (traba37


REVISTA AGIR  •  2013 lhadores qualificados) para lidar com problemas, relativamente, mais complexos, o que, por seu turno, requer adicionalmente estruturas flexíveis e interatividade com outros agentes no processo de inovação. 4. Os serviços na Pesquisa Oficial Brasileira de Inovação (PINTEC/IBGE) Seguindo a tendência internacional, os serviços vêm gradualmente sendo incorporados na PINTEC. A edição de 2005 marca sua introdução, mais precisamente dos KIBS: Tecnologia de Informação, Telecomunicações e P&D. Em 2008, houve um remanejamento das atividades de edição e gravação, e edição de música da indústria para os serviços, por conta da adoção da nova Classificação de Atividades Econômicas (a CNAE 2.0). A edição atual (PINTEC 2011), em fase de coleta, está encampando, pela primeira vez, os serviços de arquitetura, engenhando testes e análises técnicas, atendendo ao apelo de segmentos interessados em conhecer a inovação nessas atividades e algumas similitudes de sua dinâmica inovativa em relação aos KIBS, a exemplo de sua intensidade no uso das Tecnologias de Informação e Comunicação. No campo operacional da pesquisa, o IBGE, ponderando algumas premissas citadas anteriormente, está procurando explicitar melhor ao informante o que vem a ser uma inovação de serviço. A pergunta continua sendo a mesma regida pelo Manual de Oslo, para resguardar a comparabilidade internacional, todavia, os agentes de pesquisa explicitam

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aos respondentes que um serviço novo ou, substancialmente, aprimorado pode estar associado a um conceito, ideia, proposição ou solução para um problema, que adicione valor para a empresa, e que sejam novos ou, significativamente, aperfeiçoados, pelo menos para a própria organização. À luz da hipótese de que uma das principais características dos serviços é a sua alta interatividade com os clientes no processo de inovação, uma nova questão foi adicionada apenas para empresas de serviços, mas somente a título de experiência-piloto, no intuito de avaliar a qualidade das respostas: pergunta-se se, pelo menos, uma inovação de produto ou de processo, introduzida pela empresa, envolveu novas ou, significativamente, aprimoradas interfaces com o cliente. Um exemplo pode ser o primeiro uso de uma ferramenta de Electronic Data Interchange (EDI), que automatiza parcialmente uma ampla gama de interações, incluindo elementos de design, ordens de compra e faturamento. Confirmando-se como uma experiência positiva, a questão poderá ter seus resultados divulgados a partir das próximas edições. O acompanhamento das informações sobre inovações nos setores de serviços abordados pela PINTEC tem ratificado o acerto da decisão de investigar esses segmentos, os quais têm revelado sua importância, tal como constatado em outros países, em termos, por exemplo, de alta incidência de empresas inovadoras e elevada intensidade daqueles esforços inovativos mais robustos, a exemplo das atividades de Pesquisa e Desenvolvimento.

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REVISTA AGIR • 2013

Indicadores Complementares de Inovação Ione Egler - Centro de Gestão Estudos Estratégicos iegler@cgee.org.br

O que é Inovação? É a criação e a IMPLANTAÇÃO, com sucesso, de uma nova ideia, que GERE VALOR real para a sociedade.

Por que Inovar? Para permitir que empresas/empreendimentos sobrevivam e cresçam em ambiente de constante mudança ... tal como representa o gráfico abaixo.

WWW.PROPPI.UFF.BR/PORTALAGIR

Indicadores servem É a criação e a IMPLANTAÇÃO, com sucesso, de uma nova ideia, que GERE VALOR real para a sociedade.

• Para fixar e verificar alcance de metas; • Para acompanhar tendências; • Para construir séries históricas, comparar desempenho; • Para acompanhar a evolução de processos; • Outras finalidades ...

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Inovação para a Sustentabilidade: Uma nova cultura para uma nova era!

Inovação para a Sustentabilidade: Uma nova cultura para uma nova era!

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Para acompanhar tendências Dispêndios nacionais em pesquisa e desenvolvimento (P&D) de países selecionados, 2000-2010

Fonte(s): Organisation for Economic Co-operation and Development (OECD), Main Science and Technology Indicators, 2011/2 e Brasil: Coordenação-Geral de Indicadores (CGIN) - ASCAV/SEXEC - Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). Elaboração: Coordenação-Geral de Indicadores (CGIN) - ASCAV/SEXEC - Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). Nota(s): 1) PPC - Paridade do poder de compra.

Para construir séries históricas, comparar desempenho ...

Fonte: United State Patent and Trademark Office (USPTO) http://www.uspto.gov/web/offices/ac/ido/oeip/taf/cst_all.htm, extraído em 05/12/2011 Elaboração: Coordenação-Geral de Indicadores (CGIN) - ASCAV/SEXEC - Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) Notas: 1) Apenas patentes de utilidade ; 2) Nos anos de 1980 e 1990 foram somados os números da Alemanha Ocidental e Oriental; 3) Números da República Popular da China ; 4) Nos anos de 1980 e 1990 os números referem-se a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS)

Pedidos de patentes de invenção (1) depositados no escritório de marcas e patentes dos Estados Unidos da América - alguns países 1980/2010

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Para acompanhar a evolução de processos (e.g. em cadeira de valor da inovação)

Fonte: Hansen e Birkinshaw (2007)

O Brasil não vai bem em inovação

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Razões para o baixo desempenho inovativo É possível construir indicadores para acompanhar diferentes perspectivas da questão

Inovações ocultas (não capturadas nem medidas)

Fonte: Nesta (2012)

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Adequação da organização do ambiente interno das empresas As empresas têm baixas eficiências em gerar ideias e convertê-las em projetos e, no Brasil, essa questão parece ser mais acentuada

Modelo Pentathlon: 5 partes interconectadas contendo um funil onde ocorre o processo de inovação

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Fase do Funil de Inovação

Pensamento Estratégico É ter clareza sobre qual inovação, crescimento e mercado se tem como meta.

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Gestão de Portfólio e Métrica É prover a estrutura e a diretriz necessárias para que o processo de inovação, nas fases seguintes do funil, tenham as melhores chances de ocorrer.

Pesquisa É definir um modelo conceitual que expresse o conhecimento da empresa sobre as tecnologias emergentes, as mudanças sociais e os valores de clientes.

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Visão É criar uma visão factível, a respeito das oportunidades de inovação, a partir da convergência das ideias geradas com as possibilidades tecnológicas, a percepção do consumidor e o conhecimento de mercado.

Mira / Foco

Desenvolvimento da Inovação É a definição de o quê e como fazer para que os protótipos cheguem às inovações completas e prontas para o mercado/sociedade.

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Desenvolvimento de Mercado É entendido como as inovações que mercado/sociedade realmente quer, e que o mercado/sociedade conheça essas inovações.

Considerações Finais Os indicadores apresentados, para cada estágio do funil de inovação, não representam, necessariamente, o conjunto de indicadores que deve ser utilizado por todo empreendimento/empresa.

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A cultura brasileira é reativa ao erro

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Desafios da Eco-inovação Liz-Rejane Issberner - Pesquisadora Titular IBICT - Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Ciência da Informação lirismail@gmail.com

Por que eco-inovações ? Crise ecológica: • Gases estufa/mudança climática • Escassez de recursos naturais • Resíduos da produção/consumo x absorção pela natureza • Poluição x saúde humana • Destruição de ecossistemas: - diminuição da biodiversidade - ameaça a culturas tradicionais - refugiados do clima - oferta de água - terras agricultáveis, etc.

Temperaturas médias globais

Diante disto, que pressupostos políticos para enfrentar a crise? Positivista/dogmático: • Liberais - A tecnologia irá encontrar meios de resolver todos os problemas. O mercado dará sinais apropriados • Intervencionistas - O Estado irá adotar políticas adequadas. A ciência pública dará respostas para atender as demandas da sociedade • “Negacionistas” – Não está acontecendo nada!

Como é o atual paradigma produtivo/inovativo? • Ganhos de produtividade do capital e do salário (recursos naturais?) • Obsolescência programada x uso/descarte recursos naturais • Globalização da produção e do consumo x emissões • Gerência de produção: custo de estoques x número de deslocamentos da frota e emissões • Impactos ambientais negativos podem surgir em qualquer fase do ciclo de vida: extração, produção, consumo ou pós-consumo

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Paradigma do baixo carbono: baseado no uso de energias renováveis, novos produtos e processos que visam o aumento da eficiência no uso de recursos naturais. Eco-inovações incrementais e radicais são chave • Comissão Europeia: “a produção, assimilação ou exploração de um produto, processo de produção, serviço ou gestão ou método de negócio que são novidade para a organização (que desenvolve ou que adota) e que resultam, durante todo seu ciclo de vida, em uma redução do risco ambiental, da poluição e de outros impactos negativos do uso dos recursos (inclusive uso de energia comparados a alternativas relevantes.” Vantagem dessa definição: compatível com o Manual de Oslo (OECD, 2005), onde a inovação não tem que ser nova no mercado; somente tem que ser nova para a organização que desenvolve ou que adota. Desde 2010 a Community Innovation Survey* (CIS 2008) criou um módulo especial para coletar dados sobre inovações com benefícios ambientais. Inovações com benefícios ambientais podem ocorrer durante a produção de um bem ou serviço, ou durante o uso pós-venda de um bem ou serviço pelo usuário final. * O CIS é uma pesquisa de atividades da inovação das empresas em estados de membro da EU. Coleta informação sobre inovação de produto e de processo assim como de inovações organizacionais e de marketing, além de outras variáveis chaves durante o período de 20062008.

Métodos para medir eco-inovação

Fontes: KEMP (2009). Baseado em OCDE (2009) e ARUNDEL E KEMP (2008)

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Fonte: Viola Peter at ECO-DRIVE – apresentação de workshop

Tipos de Eco-inovadores

Alternativas para medir eco-inovações* Entender as implicações das eco-inovações implica levar em conta, de forma sistêmica, as consequencias de suas aplicações. De fato, eco-inovações precisam ser analisadas em três níveis: micro (produto, serviço, processo, empresa); meso (setor, cadeia de suprimento, região, sistema produto/serviço); e macro (nações, blocos economicos , economia global).

* Europe Innova – Innovation Watch - Systematic

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O que políticas precisam levar em conta • Que objetivos se busca atingir? medidas físicas x monetárias • Que estímulos fornecer? • A lógica global e os acordos internacionais? • A “pegada ecológica” ideal por pessoa é de 1.2 hectares => Mas se a população continuar crescendo... • As medidas de eficiência no uso dos recursos tende a baixar => Mas se aumentar a quantidade de produtos produzida a maior eficiência pode não se refletir nos números absolutos do uso de recursos naturais ou emissões.

Conclusões

Considerando que a técnica não é « neutra », que ela se desenvolve em uma sociedade que a orienta em função de suas finalidades, é ilusório pensar que uma sociedade « produtivista », dominada pela busca do lucro, possa desenvolver inovações que permitam reorientar seu desenvolvimento levando em conta a questão ecológica. Até agora, a técnica vem participando da aceleração do processo de degradação que precipitou o mundo numa trajetória cada vez mais perigosa. • A inovação hoje é parte do problema ambiental, pois não considera a variável ambiental, mas também parte da solução • As eco-inovações podem não ser condição suficiente para o enfrentamento da crise ecológica, mas são uma condição necessária • Avançar no desenvolvimento das bases conceituais para a elaboração de indicadores de eco-inovacões • Avançar na regulamentação de uma legislação ambiental mais responsável • Políticas específicas para o apoio à energias renováveis e outras eco-inovações • Concretização dos compromissos de transferência de “tecnologia verdes” entre países desenvolvidos e em desenvolvimento (Rio +20)

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Pesquisa, desenvolvimento e inovação na Universidade Federal Fluminense: Análise da percepção dos líderes de grupo de pesquisa da PDI na UFF Francisco José Batista de Sousa Robson Moreira Cunha

O bom desempenho de uma política de pesquisa, desenvolvimento e inovação, ou simplesmente P&D&I, é fundamental para que a universidade reforce e amplie o papel que exerce na sociedade. No entanto, há lacunas no processo de formulação e avaliação das políticas de P&D&I desenvolvidas e implementadas pelas universidades, principalmente no que se refere ao “i” de inovação. As ações de apoio e acompanhamento das pesquisas estão estruturadas e consolidadas na maior parte das universidades, até porque a avaliação dos pesquisadores e docentes é predominantemente baseada no nível de publicação. Mas as iniciativas de fomento à inovação e empreendedorismo são relativamente recentes no ambiente acadêmico. Isso se reflete na criação dos principais órgãos envolvidos nas políticas e ações de inovação das universidades. A criação de incubadoras de empresas no Brasil só ganhou força ao longo da década de 1990, apesar de ter se iniciado na década de 1980. Os escritórios de transferência de tecnologia foram influenciados pela Lei de Propriedade Induswww.proppi.uff.br/portalagir

trial, de 1996, mas só ganharam relevância no ambiente acadêmico após o decreto Nº 2.553/98, que confere ao pesquisador desenvolvedor premiação de parcela do valor das vantagens auferidas pelo órgão ou entidade com a exploração da patente ou do registro. E os Núcleos de Inovação Tecnológica (NIT) são uma exigência da Lei de Inovação, de 2004, que estabelece que as instituições de Ciência e Tecnologia (ICT) devem ter um órgão responsável pela política de inovação. Na maior parte das universidades esses núcleos são denominados de Agência de Inovação, à qual geralmente estão subordinados a incubadora e o escritório de transferência de tecnologia. Acredita-se que um dos fatores limitadores do sucesso das políticas de inovação dentro das universidades é a falta de integração entre as áreas, em alguns casos, a falta de uma cultura empreendedora. Não como forma de tentar vender a ideia, já ultrapassada, de que toda pesquisa deve resultar em um produto ou serviço, mas para que o ato de empreender seja visto como uma possibilidade e que aqueles que identificarem oportunidades a partir de suas pesquisas possam explorá-las em conjunto com a universidade. Como forma de integrar as diferentes áreas da universidade e verificar a percepção de cada uma no que se refere à política de inovação, efetuamos um estudo de caso envolvendo os líde-

res de grupo de pesquisa da Universidade Federal Fluminense (UFF). Buscou-se identificar: o grau de conhecimento dos líderes de grupo de pesquisa em relação aos órgãos da universidade responsáveis pelo planejamento e/ou execução das principais ações de pesquisa, desenvolvimento e inovação; como os líderes de grupo avaliam a política de P&D&I da universidade; e o grau de aceitação em relação a alguns dos principais papéis exercidos por uma universidade empreendedora. Espera-se contribuir para o entendimento de como a P&D&I é compreendida na UFF e quais são as expectativas e avaliações das diferentes áreas do conhecimento presentes na universidade. Foi avaliado o grau de conhecimento dos líderes de grupos de pesquisa em relação a cinco órgãos/estruturas, são eles: a) Agência de Inovação; b) Incubadora de Empresas; c) Escritório de Transferência do Conhecimento; d) Coordenadoria de Pesquisa; e) Pró-Reitoria de Pesquisa, Pós-graduação e Inovação. Os quatro primeiros órgãos estão vinculados à PROPPi, sendo que a incubadora e o escritório de transferência são subordinados à Agência de Inovação. No entanto, realizar as perguntas separando os órgãos permite ter uma dimensão melhor de como cada estrutura é vista, bem como identificar incoerências nas respostas.

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Quadro 1 – Grau de conhecimento dos líderes de pesquisa em relação aos órgãos da UFF diretamente envolvidos na política de inovação

Fonte: Elaboração própria Observação: f = frequência das respostas.

Os líderes de grupos de pesquisa também foram perguntados sobre a eficiência da política institucional da UFF, no que se refere ao fomento de ações de P&D&I (Quadro 2).

Quadro 2– Grau de eficiência da política institucional, segundo os líderes de pesquisa

Fonte: Elaboração própria

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A pesquisa também avaliou qual a percepção dos líderes de grupo de pesquisa em relação aos elementos-chave de uma universidade empreendedora, definidos por Etzkowitz. Neste item os respondentes atribuíram notas de 0 a 10 para cada um dos elementos, considerando sua relevância para a UFF. Pelo Quadro 4, pode-se observar que os elementos com melhor avaliação foram a organização dos grupos de pesquisa e a atuação no desenvolvimento econômico e social regional. O item com

menor avaliação se refere à criação de uma base de pesquisa com potencial comercial. No entanto, nota-se que o desvio padrão foi significativo, o que indica divergência de opinião entre os líderes de pesquisa. Este aspecto pode ser confirmado quando as médias são divididas por área do conhecimento. Outro fator relevante é que muitos dos 177 líderes de pesquisa consultados não souberam ou preferiram não responder esta questão, o que pode ser evidenciado na coluna Respostas do Quadro 3.

Quadro 3 – Importância atribuída aos elementos-chave de uma universidade empreendedora

Fonte: Elaboração própria

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As universidades possuem estruturas/órgãos envolvidos com a execução das políticas de P&D&I. Foi verificado que na UFF, muitos destes órgãos são desconhecidos pela comunidade acadêmica, aqui representada pelos líderes de grupo de pesquisa. Apesar do elevado grau de desconhecimento em relação a determinados órgãos, nota-se um interesse por parte dos pesquisadores em conhecer melhor essas estruturas e em maior envolvimento com os processos de transformação que estão ocorrendo na universidade. Um conjunto de ações foi disparado pela Agência de Inovação da UFF de forma a se fazer conhecida e atuante, como seminários de inovação e uma revista de circulação interna. No mesmo sentido houve a reestruturação da sua In-

cubadora de Empresas, que realizou estudos para aproximar-se dos pesquisadores e delinear o potencial de seus resultados de pesquisa em termos de empreendimento, reformulou seu site, implantou um banco de dados on line para cadastro de projetos de empreendimentos, além de um curso de empreendedorismo e inovação de curta duração para o público interno. Os passos futuros apontam a necessidade de esforços para aumentar a visibilidade da Agência de Inovação e sua Incubadora junto ao público externo, como: investidores, outras empresas, demandantes potenciais de serviços ou produtos e o alinhamento com as políticas públicas locais e regionais.

Referências BRASIL. Lei nº. 10.973, de 2 de dezembro de 2004. Dispõe sobre incentivos à inovação e à pesquisa científica e tecnológica no ambiente produtivo e dá outras providências. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 2 dez. 2004. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2004/ Lei/L10.973.htm>. Acesso em: abril, 2011. ________. Lei nº. 11.196, de 21 de novembro de 2005. Dispõe sobre incentivos fiscais para a inovação tecnológica. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 21 nov. 2005. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato20042006/2005/lei/l11196.htm>. Acesso em: abril, 2011. CHAGAS, A., T., R. O Questionário na Pesquisa Científica. Administração On Line: Prática - Pesquisa - Ensino, v. 1, n. 1. Janeiro/fevereiro/março. 2000. Disponível em: <http://www.fecap.br/ adm_online/art11/anival.htm>. Acesso em: maio. 2011. ETZKOWITZ, Henry. MIT and the Rise of Entrepreneurial Science. Routledge, London and New York, 2002. ETZKOWITZ, Henry. Hélice Tríplice: Universidade – Indústria – Governo, inovação em movimento. Porto Alegre: Editora PUCRS, 2009. GIL, Antonio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. São Paulo: Atlas, 1999. GUARANYS, Lúcia Radler. Interação Universidade-Empresa e a Gestação de uma Universidade Empreendedora: a evolução da PUC-Rio. Tese de doutorado em Engenharia de Produção. Rio de Janeiro: COPPE/UFRJ, 2006.

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café inovador O Programa de entrevistas “Café Inovador”, pretende discutir temas relacionados à Inovação, com o objetivo de divulgar os projetos com resultados inovadores da UFF, bem como, debates sobre o desenvolvimento econômico e social, apoiado no papel estratégico da inovação. Os programas contam com a participação de convidados externos, e estão disponibilizados nos site s da Unitevê e da AGIR.

assista online em

http://migre.me/g2y7a

O programa é idealizado e organizado pela AGIR, a Agência de Inovação da UFF, vinculada à PROPPI, com o apoio da FAPERJ e emparceria com a Unitevê.

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A diretora da agir já entrevistou: Jorge Luís Nicolas Audy Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação da PUC /RS.

Gustavo Benttenmuller Assessor de Ciência e Tecnologia do Centro de Análises de Sistemas Navais (CASNAV).

Em 2011 o CASNAV fez uma parceria com a UFF implementando o Núcleo do Escritório de Ciência, Tecnologia e Inovação da Marinha do Brasil (MB) na UFF.

Franklin Dias Coelho Secretário Especial de Ciência e Tecnologia do município do RJ.

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WORKSHOP PARQUES TECNOLÓGICOS

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Estratégia Empresa âncora forte e localização estratígica

Missão “Criar um ambiente de cooperação entre a iniciativa empreendedora e a comunidade acadêmica, visando ao fortalecimento da capacidade de inovação, criação de riqueza e bem-estar da sociedade.”

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Localização Estratégica Rua Paulo EmídioBarbosa, 485 Ilha da Cidade Universitária Rio de Janeiro – RJ

- Área de 350,000 m²; - Ilha da Cidade Universitária UFRJ; - Próxima às principais vias urbanas, a 10 minutos do aeroporto internacional Tom Jobim e a 20 minutos do aeroporto Santos Dumont. www.proppi.uff.br/portalagir

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Rede INOVAPUC:

Uma Experiência de Implantação do Modelo da Hélice Tríplice Jorge Audy audy@pucrs.br

Missão A PUCRS, fundamentada nos direitos humanos, nos princípios do Cristianismo e na tradição educativa marista, tem por missão difundir conhecimento e promover a formação humana e profissional, orientada pela qualidade e relevância, visando ao desenvolvimento de uma sociedade justa e fraterna.

Visão Em 2015, a PUCRS será referência nacional e internacional pela qualidade do ensino e pela relevância das pesquisas, com a marca da inovação e da gestão sustentável, promovendo a formação integral dos alunos e contribuindo para o desenvolvimento científico, cultural, social e econômico.

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WORKSHOP CIDADES INTELIGENTES dia 08/03/2013


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C

idades Inteligentes são aqueles territórios caracterizados pela alta capacidade de aprendizado e inovação, que já é embutida na criatividade de sua população, de suas instituições de geração de conhecimento, e de sua infra-estrututura digital para comunicação e gestão do conhecimento. A característica distintiva de uma cidade inteligente é o grande desempenho no campo da inovação, pois a inovação e a solução de novos problemas são recursos distintivos da inteligência. (Komninos 2002 and 2006).

CIDADE INTELIGENTE:

TECNOLOGIA A SERVIÇO DO CIDADÃO por Carlos Alberto Maucher Bastos - Laboratório de Gestão em Tecnologia da Informação e Comunicação

- Algumas questões que afetam as grandes cidades... • • • • • •

Gestão do lixo... Gestão do Tráfego... Desastres naturais... Blackouts... Desemprego... Superpopulação...

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- Porque Desenvolver Cidades Inteligentes • Provém uma visão integrada (Planejamento e Operação) • Impulsionam o crescimento econômico e sustentável • Aproveitam as informações para tomar melhores decisões • Antecipam problemas para resolvê-los proativamente • Coordenam recursos para um funcionamento eficiente

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TECNOLOGIA Tecnologias de acesso PARA O BEM ESTAR Mais do que incluir digitalmente cidadãos na rede mundial de computadores... ... a cidade inteligente usa a tecnologia para o bem-estar, aprimorando serviços, melhorando a qualidade de vida, compartilhando informações e facilitando o dia a dia. ... a cidade inteligente busca eficiência e integração, presta serviços públicos mais ágeis e otimiza os recursos. Conectividade: os sistemas da cidade interagem para que a cidade seja um melhor lugar para se viver, economicamente sustentável, com sua população mais feliz e segura.

B2B MAGAZINE  •  Marsh 2013

- QUE TECNOLOGIAS VIABILIZAM A CIDADE INTELIGENTE? -> Tecnologias da informação e comunicação • Internet • Mobilidade • Sistemas Georeferenciados • Disponibilização de informações estratégicas • Gestão da Informação e do Conhecimento

CIDADE INTELIGENTE • Como tornar a Cidade Inteligente uma realidade? O uso intensivo de tecnologia da informação e da comunicação é suficiente? • Necessidade estudar a realidade do município! • Planejamento Estratégico Municipal

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DIRETRIZES - TEMÁTICAS MUNICIPAIS INTEGRADAS Planejamento de acordo com os objetivos do município por meio das funções ou temáticas municipais.

TEMÁTICAS MUNICIPAIS

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- COMO TORNAR A CIDADE INTELIGENTE REALIDADE -> Planejamento • Definir prioridades • Alocar Recursos • Análise e Diretrizes Municipais

BENEFÍCIOS – VISÃO INTEGRADA

-> Gestão da Informação e do Conhecimento • Informações • Conhecimento • Abordagem por processos • Serviços -> Infraestrutura digital • TIC • Telefonia móvel e fixa • Rede Corporativa Convergente para voz e dados

- Viabilidade econômica • Implementação de projetos modelos – Áreas estratégicas

Cidades são sistemas complexos...

• Retorno sobre o Investimento – Maior eficiência nos serviços – Menor custo – Maior satisfação do cidadão

Precisam atender as necessidades...

-> Conclusão • Problemas e Mudanças são Inevitáveis

Exigem soluções integradas para resultados efetivos...

B2B MAGAZINE  •  Marsh 2013

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temos dois caminhos:

Proposta uff

R E SU LTA D O S D O S G RU P O S T E M ÁT IC O S Metodologia : O

Workshop Cidades Inteligentes é parte do projeto Ampliação da Agência de Inovação da UFF, apoiado pela FAPERJ, que visa o fortalecimento de ações para inovação na UFF e do Acordo de Cooperação estabelecido entre a Universidade Federal Fluminense, a Fundação Euclides da Cunha e o Município do Rio de Janeiro, por meio da Secretaria Especial de Ciência e Tecnologia - SECT. A metodologia utilizada consiste em: 1 - Apresentação do tema, pelo ponto de vista dos municípios do Rio de Janeiro e de Niterói, por meio das suas respectivas SECT; 2 - Promoção de um debate entre a comunidade acadêmica (docentes, discentes e técnico-administrativos), e os palestrantes e seus pares, distribuídos por grupos temáticos, com a perspectiva de propor projetos que visem apoiar a transformação desses municípios em “cidades inteligentes”; 3 - Apresentação dos resultados das discussões, visando o estabelecimento de redes de pesquisa para o desenvolvimento de projetos que atendam às demandas desses municípios e que tenham o foco ao apoio para a transformação desses em “cidades inteligentes”. www.proppi.uff.br/portalagir

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As propostas podem estar relacionadas a projetos já desenvolvidos pela comunidade acadêmica, a adequação de projetos existentes ao tema, e/ ou a propostas novas.

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G R U P O T E M ÁT I C O

E du c a ç ã o C o ord e n a ç ã o : R o s a n g e l a L op e s L i m a EQUIPE: Cláudia Márcia Borges Barreto - Biologia Angélica Carvalho Di Maio - Geologia Cristina Lúcia Maia Coelho - Educação Luiz Cláudio Shara Magalhães - Telecomunicações Nicholas Davies - Educação Cláudia Monteiro - Discente Leonardo Pomponet - Discente Edwin Benito Mitacc Meza - Produção - PURO Eduardo Ramos - GETECCOM - FEC Célia Maria Januzzi - Pádua Luiza Teixeira - SECT- Rio

Título: Formação de professores para o uso das Tecnologias de Informação e Comunicação Resumo : Tendo em vista o bem comum, idealiza-se a “cidade inteligente” como um espaço democrático em que os serviços oferecidos são integrados para permitir aos seus habitantes a socialização do conhecimento. Essa proposta tem como objetivo principal promover o processo de transformação social, cultural e comportamental para que os cidadãos possam usufruir e interagir com os serviços ofertados pela estrutura da cidade inteligente.

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Áreas envolvidas: Diante da conectividade própria das estruturas em rede dos sistemas inteligentes, é

possível formalizar redes de informação voltadas para a construção do conhecimento. A universidade tem um importante papel no contexto dessa tecnologia disponibilizada pela cidade digital. O ensino, a pesquisa e a extensão na universidade, desenvolvidos no âmbito da multidisciplinaridade, podem contribuir aglutinando diversas áreas do conhecimento na construção de parcerias efetivas entre a academia e a sua comunidade. Focalizando a formação de professores no contexto das TICs, as áreas da Informática e da educação são prioritárias para dar inicio a um processo de formação para o uso das Tecnologias de Informação e Comunicação.

Impactos esperados: - Transformação do espaço educacional em um espaço em rede para possibilitar cooperação e compartilhamento de informação em prol da construção do conhecimento. - Implementação do espaço educacional em um sitio organizador do conhecimento pertinente diante da complexidade de informações, que caracteriza a sociedade contemporânea. - Disseminação e estímulo da construção do conhecimento com vistas à cidadania e à qualidade de vida. - Formação de recursos humanos para que, no contexto da educação formal e não formal, sejam capazes de se beneficiarem dos recursos tecnológicos disponibilizados pelas estruturas das cidades inteligentes.

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G R U P O T E M ÁT I C O

A rqu it e tu r a p a r a G e s t ã o d a In f or m a ç ã o e C on h e c i m e nt o e m C i d a d e s Int e l i g e nt e s C o ord e n a ç ã o : C a r l o s A l b e r t o Mau c h e r B a s t o s EQUIPE: Carlos Alberto Malcher Bastos (EE – TCE – GTECCOM) José Viterbo Filho (IC – TIC - GTECCOM)

Título: Arquitetura para Gestão da Informação e Conhecimento em Cidades Inteligentes Resumo : A implementação de serviços para Cidades Inteligentes é baseada na análise de informações que são obtidas a partir de uma grande massa de dados coletados de sensores distribuídos e de sistemas diversos. Além disso, os cidadãos de uma região metropolitana, usuários destes serviços, são também geradores de dados fundamentais para a construção de informações atualizadas e abrangentes sobre a cidade, coletados por meio de mecanismos de crowdsourcing. Com base nessas informações são tomadas decisões estratégicas com impacto para o desempenho da cidade, e para os usuários dos serviços inteligentes. A qualidade do processo de tomada de decisões depende diretamente da forma como os dados são coletados, armazenados e manipulados, e de como as informações obtidas, a partir desses dados brutos, são organizadas e analisadas (Ciclo da Informação). Além disso, nesse processo é fundamental garantir que ha ja capacidade de absorver o aprendizado que advém da própria tomada de decisão e da avaliação de seus resultados (Ciclo do Conhecimento). Este projeto visa estudar o problema da gestão da informação e do conhecimento em Cidades Inteligentes, identificando a melhor estrutura de organização para as informações produzidas, e investigando metodologias e ferramentas que ofereçam suporte eficiente à análise dessas informações. O grande benefício esperado é a melhoria do processo de tomada de decisões com impactos diretos para a própria gestão da cidade e para seus cidadãos. www.proppi.uff.br/portalagir

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Áreas envolvidas: Essa proposta é vinculada ao GTECCOM - Laboratório de Gestão da Tecnologia da Informação e Comunicação, laboratório esse vinculado à Escola de Engenharia da UFF e que agrega profissionais docentes e discentes dos departamentos de engenharia de telecomunicações, de produção, do Instituto de Computação, do Instituto de Ciência e Tecnologia do campus de Rio das Ostras e de outras IFEs

Impactos esperados: Melhor identificação e organização das informações estratégicas; Redução significativa no tempo de tomada de decisão através do fornecimento da informação certa no momento certo; Maior integração no desenvolvimento de sistemas automatizados; Interoperabilidade com outros sistemas e órgãos públicos e privados; Otimização do ciclo da informação (coleta, validação, tratamento, armazenamento, recuperação); Melhoria da gestão da cidade e da tomada de decisão por meio do aprendizado (Gestão do Conhecimento); Melhoria da gestão da cidade e da tomada de decisão por meio da localização do conhecimento e das competências

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G R U P O T E M ÁT I C O

In dú s t r i a C r i at i v a C o ord e n a ç ã o : E s t e b a n C lu a

EQUIPE: 1-Francisco Batista de Sousa – Docente – Fac. de Administração 2-Beatriz de Araújo Martins – Docente – Eng. Telecomunicações 3-Adilson Vaz Cabral Filho – Docente - Comunicação 4-Thadeu Cardozo Modesto- Discente - Direito 5-Liana Cristina de Souza Sant’Anna – Discente – Produção Cultural 6-Diogo Lisboa Pinto – Discente – Desenho Industrial 7-Raíssa Azevedo Knupp – Discente - Administração

Título: Ideias para uma indústria criativa em Niterói e Rio de Janeiro Resumo : 1 – Fomentar a vinda de uma nave do conhecimento; 2 – Criar mecanismos de fomento e gestão para estimular a participação da população na indústria criativa (concursos, sistemas de divulgação, crowdsourcing). 3 – Fomentar a implantação de clusters na região a partir de vocações como produção e circulação de conteúdos em TICs e mobilização social/ cidadania participativa; 4 – Criação de um sistema de economia solidária; 5 – Estimular parcerias público-privadas com compreensão do papel e da contribuição da universidade na relação com empresas.

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Áreas envolvidas: Engenharias Computação Cinema Midias Digitais Arquitetura

Impactos esperados: Criar novas oportunidades relacionadas à indústria criativa em Niterói e no Estado do Rio de Janeiro. Como esta indústria é de natureza interdisciplinar, espera-se criar sinergias e colaborações mais fortes entre os diversos institutos e departamentos envolvidos; Formar mão de obra altamente qualificada no setor, possibilitando uma menor evasão de profissionais da região e fortalecendo o processo de incubação de empresas; Atrair empresas relacionadas à área, possibilitando o fortalecimento de um cluster de indústrias criativas na região.

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S aú d e C o ord e n a ç ã o : Au r a C on c i

EQUIPE: Adriana Pereira de Medeiros (UFF/ PURO); Marco Antonio Araújo Leite (UFF/ MMC – Depto. Medicina Clínica - Docente); Liliane Belz (UFF/ MFE); Izabel Paixão (UFF/ IB); Ana Carolina Pires de Salles (UFF); Alonso Leonardo (UFF/ PURO); Lais Leal Dina (UFF/ PURO);

Título: Acesso e gerenciamento das informações de saúde Resumo : O acesso da população à informação sobre os serviços de saúde é prioritário (localização, serviços, disponibilidade ao atendimento, tanto para consultas quanto a exames e internações) de forma integrada na gestão da cidade, do estado e da gestão federal. Facilitação de estratégias preventivas por meio de redes sociais e campanhas interativas. Áreas envolvidas: - Acesso da população em geral, à estrutura tecnológica de comunicação digital (móvel, WIFI, cartões inteligentes do paciente, dispositivos públicos) etc. - Tecnologia acessível de forma simplificada e amigável – Equipes multidisciplinares nos projetos desenvolvidos.

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Impactos esperados: Redução de filas, de deslocamentos desnecessários, de sobrecarga do transporte, da falta ao trabalho e dos custos diretos e individuais. Estratégias para desobrigar os profissionais das ações que podem ser automatizadas; - Cidade inteligente, porém não doente; - Equipe multidisciplinar com ações transdisciplinares; - Unidade de ação para aplicação nas comunidades respeitando as necessidades, a cultura, etc; - Motivar a prevenção de doenças por meio do acesso à informação; - Não excluir do acesso à informação ninguém de qualquer nível cultural, etário, social, financeiro; - Soluções simples e com grande abrangência para população como por exemplo, monitores de doenças e de pacientes; - Exames marcados; - Recuperação de centros de saúde que estejam alijados e decadentes; - Manutenção da motivação à prevenção e à busca de saúde; - Georeferenciamento com gerenciamento das ações preventivas, do perfil epitemiológico, das ações já existentes, das disponibilidades dos serviços (exames, vagas, etc); - Cartão no qual o usuário informaria, em um terminal de acesso, sobre exames, consultas, etc. (onde os dados do paciente estivessem disponíveis).

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Segurança Pública C o ord e n a ç ã o : L e n i n P i re s EQUIPE: Vivian G. F. Paes – Profª do Departamento de Segurança Pública. Christiano O. Braga – Profº do Departamento de Ciência da Computação. Eduardo Marques - Profº de RCM/ ICT/ PURO Lucas Tavares Honorato – Discente de Geografia. Gabriel Borges da Silva – Discente do PPGDC/UFF. Rodrigo Andrade - Discente de Segurança Pública. Bianca Ribeiro - Discente de Segurança Pública. Mariana Vianna B. Silva - Discente de Segurança Pública. Letícia Manso - Discente de Segurança Pública. Juliano Cazienzo - Discente da Computação. Hernane Vianna Assumpção - Discente de Ciências Sociais.

Título: Mapeamento Participativo de Políticas Públicas de Segurança Pública Resumo : O grupo se reuniu estabelecendo, em primeiro lugar, a necessidade de apostar numa perspectiva contrária ao parâmetro de pensar a noção de “controle social”, tendo por base o protagonismo das agências estatais, em particular as de caráter policial. O conjunto de propostas toma como parâmetro a noção de controle exercido pela sociedade sobre as informações que informam nossos conflitos a fim de propiciar, com fundamento na proatividade dos grupos sociais, maior efetividade das políticas de segurança pública e social. Nesse aspecto, a proposta, ora apresentada, estabelece políticas de longo, médio e curto prazo, em prol do beneficiamento das políticas de segurança pública com a participação dos cidadãos. O grupo destacou a necessidade de investir na produção e na divulgação de informações acerca das dinâmicas sociais relacionadas ao conflito, violência e crimes no espaço urbano, como também o desenvolvimento de mecanismos que possibilitem a interação entre os agentes do governo e a sociedade civil. www.proppi.uff.br/portalagir

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No tocante ao longo e médio prazo, o grupo aponta para a necessidade da municipalidade de Niterói desenvolver políticas públicas de planejamento e disponibilidade da informação, tendo como referência, guardada as devidas proporções, aquelas que caracterizam o Instituto Pereira Passos, no Rio de Janeiro. Em curto prazo, o grupo aponta para a necessidade de uma contínua interação entre a Universidade e os poderes públicos municipais no sentido de desenvolver políticas de diagnósticos sobre os conflitos sociais e as dinâmicas de violência, de maneira a possibilitar um maior registro de informações, visando sua disponibilização para o público. Por outro lado, a proposta visa incrementar a participação popular no municiamento de informações a partir do desenvolvimento de uma plataforma de dados a ser construída para o presente projeto. O objetivo é que isso possibilite o desenvolvimento de políticas de controle e de prevenção que envolvam a sociedade. Não se trata, portanto, de apenas registrar informações sobre questões relativas à segurança pública – como, por exemplo, a incidência de delitos por região das cidades. Trata-se também de complementar tais variáveis com outras que possibilitem aos munícipes o entrecruzamento de informações em benefício dos usos dos espaços urbanos (horário de transportes, iluminação e pavimentação das vias, informações em tempo real sobre o trânsito, pontos de alagamento, ofertas de serviços comerciais etc). Em outras palavras, a ideia é tomar como referência o Projeto Rio Datamine (http://riodatamine.com.br), já em experimentação na Cidade do Rio de Janeiro, visando a constituição de um aplicativo que se institua, na prática, como uma ferramenta para fornecer informações e acompanhamento. Resumindo, a proposta estabelece à curto prazo, a participação dos cidadãos na definição de políticas de segurança pública através de: 1. Realização pela UFF de diagnósticos de segurança pública, no âmbito dos municípios, com o objetivo de coletar e divulgar as informações concernentes à segurança pública, suscitando o desenvolvimento de ferramentas que propiciem a reação dos agentes públicos e da sociedade, apostando na proatividade dos grupos sociais. Tais diagnósticos devem propiciar a observação das particularidades locais, como também o desenho de instituições condizentes com as expectativas da sociedade e com os conflitos que ela vivencia no nível regional. Os diagnósticos poderão servir de base para a elaboração dos planos de segurança locais. 2. Produção de informação a partir da coleta de registros e de análises dos dados construídos institucionalmente para dar visibilidade às demandas sociais, uma vez sistematizadas. Essas, assim, serão representadas como demandas das populações às instituições municipais, podendo servir ao aperfeiçoamento dos modelos de gestão tendo como pressuposto a eficiência, a eficácia e a efetividade dos serviços www.proppi.uff.br/portalagir

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públicos. 3. Capacitação, no nível de extensão, para Guardas Municipais, visando formação adequada para interagir com as ferramentas disponibilizadas pelo presente projeto, como também para melhor prestação de serviços para a sociedade, no tocante à interação com vítimas de violência e com o público em geral; 4. Cursos presenciais e à distância voltados para agentes públicos, na perspectiva de promoção de políticas de segurança pública com respeito aos direitos humanos, particularmente no que concerne aos seguintes temas: Direitos da Criança e do Adolescente, Direitos dos idosos, violência contra a mulher, violência no trânsito, ordenamento público, preconceito e discriminação contra as chamadas minorias sociais, uso e abuso de drogas, entre outros. 5. Desenvolvimento de uma infraestrutura, que inclui software e hardware, para apoio ao desenvolvimento e implantação de uma iniciativa similar ao Rio Datamine, assim como aplicações sobre essa infraestrutura, cuja alimentação propicie tanto a inserção de informações oriundas de pesquisas e/ou levantamentos realizados por meio de atividades acadêmicas, como também por parte da população por meio de postagem de mensagens inscritas e imagens, informando a dinâmica, em tempo real, dos conflitos sociais. Esse aplicativo deverá estar acessível pela rede mundial de computadores, em interface com outras mídias; Para o desenvolvimento dessas políticas, no nível dos municípios, se faz necessário equipar adequadamente as instituições com ferramentas para a construção e o processamento das informações, além do acesso, por parte dos agentes de segurança pública, aos meios de comunicação adequados, como rádio, internet, etc. Também a organização de um Laboratório de Informação de Segurança Pública na UFF, especializado na área de segurança pública, visando a interação multidisciplinar que propicie a formação de estudantes de graduação e pós-graduação na interface com a informação digital. Logo, para a constituição desse ambiente, será necessário dotar a universidade de equipamentos adequados e softwares, como SPSS (estatística), NVIVO (análise de discurso), SPHINX (construção de questionários), Análise de Redes Sociais, Edição de Vídeos, e que abrigará a infraestrutura descrita no item 5 desta seção. O grupo aponta também para a necessidade da produção de conhecimentos e de formas de divulgação cientifica que sejam mais palatáveis para o público em geral.

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Áreas envolvidas: O objetivo da presente proposta é, por um lado, capacitar profissionais na área de segurança pública nos municípios, incrementando suas possibilidades de prestação de serviço público. Além disso, e principalmente, potencializar a formação de estudantes universitários nas áreas de Segurança Pública, Ciências Sociais, Antropologia, Geografia, Direito, Ciência da Computação, entre outros, na perspectiva de construir conhecimentos que, futuramente, possam incidir de forma qualificada sobre o mercado de profissões na área da segurança pública, enfatizando o caráter de planejamento e de ações preventivas baseado numa infraestrutura para divulgação de informações sobre segurança pública. Impactos esperados: 1. A longo e médio prazos, estimular a Prefeitura de Niterói a desenvolver políticas públicas de planejamento e disponibilização da informação; 2. Aumentar a massa de informações - sobre os conflitos sociais e dinâmicos de violência com base nos diagnósticos realizados - e de ferramentas computacionais para auxiliar no planejamento de políticas de segurança pública; 3. Incrementar a participação popular no municiamento de informações a partir do desenvolvimento de uma plataforma de dados, que sirva de referência para o planejamento cotidiano; 4. Adoção de políticas de controle e de prevenção que envolvam a sociedade, tendo por base as informações sobre a dinâmica dos delitos criminais cometidos, em variadas regiões,como também informações sobre a vida social em benefício dos usos dos espaços urbanos; 5. Capacitação de guardas municipais para melhor utilização das tecnologias de registro e de compartilhamento de informação; 6. Potencialização da formação de pesquisadores nos níveis de graduação e pós-graduação da UFF, em diferentes áreas de conhecimento, nas interfaces com a segurança pública e informação digital.

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S e g u r a n ç a : R i s c o s A mbi e nt a i s C o ord e n a ç ã o : D e n i l s on Fr a n ç a More i r a

EQUIPE: Francisco Carlos Pereira Guimarães –Mestre MSG - UFF. Teresa Guimarães– PGCA – UFF. Vania Marques – Doutoranda – UFF – Engenharia Civil. Elísio Serafim – Professor – UFF – LATEC

Título: Projeto 1: Mapeamento de Riscos Ambientais utilizando geoprocessamento com armazenamento de dados em nuvem.

Projeto 2: Mimetismo na Arquitetura Urbana Brasileira. www.proppi.uff.br/portalagir

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Projeto 3: Implementar práticas de Governança Corporativa e preceitos da New Public Managment nas administrações municipais, como ferramenta de sustentação para projetos “Cidades Inteligentes” Projeto 1 - Mapeamento de Riscos Ambientais utilizando geoprocessamento com armazenamento de dados em nuvem Resumo: Com o aumento dos acidentes ambientais naturais e possíveis riscos de acidentes industriais, diante da expansão das indústrias químicas na região, e devido à instalação do polo petroquímico – COMPERJ, propõe-se o mapeamento dessas indústrias, utilizando geoprocessamento e armazenamento de dados dos riscos ambientais em nuvem. Para adesão das empresas ao programa, sugere-se a criação de um selo voluntário de certificação pautado nos conceitos de PDCA e produção mais limpa. Áreas envolvidas: Secretaria de ciência e tecnologia, meio ambiente, universidades, defesa civil. Impactos esperados: - Redução de acidentes ambientais; - Melhoria das condições de saúde/ segurança da população; - Ganhos de imagem e reputação para as empresas envolvidas; - Melhoria da gestão pública dos riscos ambientais. www.proppi.uff.br/portalagir

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Projeto 2 - Mimetismo na Arquitetura Urbana Brasileira Resumo: Face ao crescimento populacional mundial e à padronização de um modelo urbano, “estilo internacional”, de arranha céus na arquitetura dos grandes centros urbanos com pequenas e moderadas extensões territoriais, sugere-se a criação de cidades brasileiras inteligentes, sustentáveis, planas e a mimetização dos edifícios dos grandes centros urbanos. Para tanto, são propostas instalações de brises vegetais e dispersores de água nos edifícios comerciais, criando um novo micro clima com melhor conforto térmico em seu entorno. A proteção vegetal proporciona a diminuição da insolação predial, do consumo de energia elétrica nos edifícios e melhoria do desempenho térmico.

Áreas envolvidas: Secretaria de ciência e tecnologia, meio ambiente, universidades,

ELETROBRAS/ PROCEL.

Impactos esperados:

- Diminuição do consumo de energia predial; - Amenização do desconforto térmico no centro urbano; - Desenvolvimento de questões referente à política publica; - Melhoria da gestão pública no quesito do consumo da matriz energética.

Projeto 3 - Implementar práticas de Governança Corporativa e preceitos da New PublicManagment nas administrações municipais, como ferramenta de sustentação para projetos “Cidades Inteligentes” Resumo: As exigências cada vez maiores da sociedade por serviços públicos de qualidade, aliadas à necessidade de gestão sustentável de maneira a garantir o equilíbrio entre as questões ambientais, econômicas e sociais, vem ensejando, não só no mundo corporativo das empresas, mas também aos administradores públicos, o compromisso com a busca pela inovação e eficácia de suas ações.

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Nessa linha, este projeto visa oferecer aos administradores públicos da Cidade do Rio de Janeiro, a adoção de programas de governança e preceitos de gestão, utilizados com sucesso nas organizações privadas, e também, já aplicados em algumas cidades no Brasil e no exterior, adaptados à realidade de uma administração municipal, como sustentação e direção para apoiar o êxito de programas “Cidades Inteligentes”.

Áreas envolvidas:

defesa civil.

Secretaria de ciência e tecnologia, meio ambiente, universidades,

Impactos esperados: - Minimização dos riscos de fraudes; - Melhoria do clima laboral no âmbito das repartições municipais; - Melhoria da gestão financeira do município, propiciando maior; reinvestimento em ações voltadas para a qualidade de vida dos cidadãos; - Melhoria da gestão pública dos riscos ambientais, sociais e econômicos.

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Tr a n s p or t e C o ord e n a ç ã o : R e g i n a C é l i a L e a l EQUIPE: Docente: - Mauricio Kischinhevsky - José Viterbo Filho - Carlos Bazilio Martins - Eloisa Carvalho de Araujo Discente: - Nathalia Cristina de Melo Correa da Silva - Iuri Jakimczyk Carvalho - Vinicius de Vasconcellos - Gilean Teixeira da Rocha - Leandro Ribeiro de Cicco - Pedro Henrique Sobral Rito - Thomas Souza Hanssen - Raíssa de Azevedo Knupp Técnico-Administrativo: - Thiago Diogo

Título: Mobilidade inteligente nas cidades brasileiras Resumo : O Planejamento de Transportes tem como um de seus objetivos estimar o fluxo de viagens de pessoas e de veículos, a fim de avaliar alternativas de investimento, tanto no Sistema de Transportes Públicos quanto na malha viária, para atender a demanda, atual e futura, de forma satisfatória. Com esse objetivo, o projeto é dividido em duas partes: (i) a primeira apresenta um conjunto de ações e projetos ligados à mobilidade inteligente e que estão relacionados ao acesso à informação pelos cidadãos usuários de transportes, principalmente o transporte público; (ii) a outra, propõe a utilização de modelos de simulação viária, de trânsito que possam auxiliar no planejamento de ações relativas ao trânsito/transporte. Em relação aos “projetos de informações aos cidadãos”: - Propõe-se o desenvolvimento de um sistema que possa fornecer, em www.proppi.uff.br/portalagir

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tempo real, informações diversas sobre as linhas de ônibus. Pode-se fornecer on line, por exemplo, a informação do tempo que cada ônibus deve demorar para chegar a determinado ponto. Essas informações podem ser solicitadas via SMS, por meio de cadastramento prévio, ou por solicitação (também via SMS). Um projeto piloto seria testado em Niterói, com ônibus da UFF. Também nesta linha, propõe-se os pontos de ônibus inteligentes. Nesse pontos, os usuários teriam acesso às informações descritas anteriormente, considerando, inclusive, questões relativas a acessibilidade. - Também em relação aos “projetos de informações” surge a ideia de um sistema que forneça informações para facilitar o transporte multimodal, tendo em vista, principalmente, os eventos esportivos que acontecerão na cidade do Rio de Janeiro. Esse projeto tem por objetivo tornar o deslocamento do público que assistirá aos eventos esportivos, mais rápido e eficaz, divulgando informações sobre horário de finalização de eventos, quantidade de pessoas, entre outros dados, para que tanto transporte público quanto transporte privado, como táxis, como exemplo, possam ter acesso a essas informações para se deslocarem até os locais de interesse. Em relação ao “projeto de modelagem/simulações”: Como os sistemas e mecanismos envolvidos no planejamento do tráfego são processos dinâmicos, eles necessitam de uma permanente revisão e correção de rumos, exigindo, portanto, ferramentas que facilitem e possibilitem um repensar constante. Assim, propõe-se o desenvolvimento de modelos e simulações que permitam avaliar situações diversas e suas consequências para o tráfego. Pode-se avaliar, por exemplo, diferentes possibilidades para faixas e pistas exclusivas de ônibus, projetos de cruzamentos complexos ou entrelaçamentos, avaliar diferentes possibilidades de sentido do tráfego, possibilitando inclusive, um sistema automatizado de pista reversível e que dependa do trânsito. Cabe ressaltar ainda a proposta da BikeUFF, que seriam bicicletas com base no modelo das existentes atualmente na cidade do Rio de Janeiro, para o deslocamento dos alunos da UFF entre os diversos campi.

Áreas envolvidas: Participaram do grupo, profissionais e alunos de Tecnologia da Informação, Computação, Administração e Direito. No entanto, os projetos estão relacionados, principalmente (mas não exclusivamente), às áreas de Tecnologia da Informação, Computação e Engenharia.

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Impactos esperados: Melhoria das condições de transporte e tráfego, com melhora na qualidade de vida, e otimização do tempo de deslocamento, quer seja por meio de informações a serem fornecidas ao usuário de transporte público, ou auxiliando na tomada de decisões relativas ao tráfego.

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Tu r i s m o e E s p or t e C o ord e n a ç ã o : Jo s é Lu i z B a r b o s a

Título: Projeto 1: Piloto para divulgação de áreas para turismo e esporte.

EQUIPE: José Luiz Barbosa Wilson Martins Lopes Júnior–Docente Geografia – Campos Valéria Lima Guimarães – Docente Turismo – Niterói Márcia Motta Velloso– Docente Física – LMAC. Milton Nogueira Soares– Discente Computação – Niterói, RJ.

Projeto 2: OLIMPIADAS DE 2016: AS TICs PARA O DESENVOLVIMENTO DAS CENTRALIDADES URBANAS DE TURISMO NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO Projeto 1 - Piloto para divulgação de áreas para turismo e esporte

Resumo: Colocar webcam em áreas potencialmente atrativas para poder divulgar esses lugares através de uma plataforma com tecnologia móvel. A longo prazo, desenvolver um portal para turismo/ esporte/ lazer que integram as cidades Rio de Janeiro e Niterói. Áreas envolvidas: +Prefeitura/ Planejamento +UFF +Infraestrutura +Segurança Pública

+Transporte +Ciência e Tecnologia +Iniciativa Privada (Restaurante/ Hotel/ Bar/ etc)

+Sindicatos Pescadores Associação de Moradores Artesões locais

Impactos esperados: Divulgação dessas áreas para desenvolver o turismo em nível nacional e internacional. Circulação de turistas e esportistas no Rio de Janeiro/ Niterói. Novas rendas para o empresário local. www.proppi.uff.br/portalagir

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Projeto 2 - OLIMPIADAS DE 2016: AS TICs PARA O DESENVOLVIMENTO DAS CENTRALIDADES URBANAS DE TURISMO NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO

Resumo: Pelo estudo das atividades de serviços, comércio e turismo na cidade do Rio de Janeiro buscaremos planejar atividades que desenvolvam as centralidades urbanas como uma maneira de reforçá-las pelo acesso da população em geral por meio das relações de interface, especificamente, a Internet. A metodologia de pesquisa tem como parâmetro as áreas de concentração de atividades comerciais, serviços e turísticas que geram centralidades urbanas significativas na cidade do Rio de Janeiro, assim como, aquelas que serão criadas para os Jogos Olímpicos de 2016. Levaremos em conta aqueles locais que possuam a infraestrutura básica de rede de Internet e de telefonia móvel celular, assim como, aqueles que as receberão, para verificar, planejar e propor modos de reforço das centralidades urbanas pelas relações de interface. Realizaremos a observação sistemática e participativa, assim como, entrevistas para que possamos entender como as centralidades podem ser fomentadas pelas relações de interface, oferecendo elementos para o entendimento da reestruturação urbana: seus papéis desempenhados e suas alterações profundas na estrutura. Deste modo, pretendemos propor e desenvolver atividades que possibilitem mitigar os processos de exclusão, fragmentação e segmentação social e espacial como uma maneira de reforçar as centralidades urbanas na cidade do Rio de Janeiro por meio das relações de interface. Áreas envolvidas: 1. Turismo; 2. Economias e centralidades urbanas; 3. Tecnologias da Comunicação e Informação. Impactos esperados: 1. Desenvolver possibilidades de usos, pela população em geral, de algumas áreas de lazer e alguns pontos turísticos relacionados à infraestrutura das Olimpíadas de 2016 do Rio de Janeiro, especificamente, considerando os usos dos espaços anteriores às obras, o uso durante as Olimpíadas e as novas possibilidades que podem ser geradas para a população; 2. Incentivar e estimular a apropriação das infraestruturas olímpicas pela população, atingindo diferentes públicos e de distintas formas como turismo de citadinos; 3. Inserção da população que vive do pequeno comércio no circuito turístico, pela geração e reforço das novas centralidades de lazer; 4. Desenvolvimento da infraestrutura de Internet e a aferição da prestação deste serviço para alguns locais de lazer e turismo na cidade do Rio de Janeiro; 5. Desenvolver projeto para reforçar as centralidades existentes e aquelas que serão criadas pelo espólio das Olimpíadas de 2016 do Rio de Janeiro a partir das relações mediadas pela Internet. www.proppi.uff.br/portalagir

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Etapas do desenvolvimento da proposta: 1. 1) Estudo da proposta da candidatura da cidade do Rio de Janeiro para sediar as Olimpíadas de 2016; 2. Levantamento das experiências de Olimpíadas em outros países e dos usos das infraestruturas pós-evento; 3. Contextualização das diferenças formas da urbanização brasileira e dos países que já receberam os Jogos Olímpicos; 4. Historicização de algumas áreas, assim como, de seu entorno pelo mapeamento das atividades exercidas de comércio, serviços e turismo antes da implantação das infraestruturas destinadas aos Jogos Olímpicos na cidade do Rio de Janeiro; 5. Acompanhamento das mudanças das áreas que receberão as infraestruturas e a implementação dos projetos (Turismo; Economia Urbana; Centralidades Urbanas, Turismo e Tecnologias da Comunicação e Informação), com os cronogramas específicos, que incluem o estabelecimento de convênios entre os entes da federação e a busca de financiamento; 6. Pós Olimpíadas: desenvolvimento dos projetos (Turismo; Economia Urbana; Centralidades Urbanas, Turismo e Tecnologias da Comunicação e Informação), monitoramento da apropriação das infraestruturas e desenvolvimento das centralidades urbanas pelas relações de interface.

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II Workshop

Cidades Inteligentes A Agência de Inovação da UFF realizou no dia 26 de junho de 2013, o II Workshop Cidades Inteligentes, que teve em sua programação a Mesa Redonda “Experiências em Cidades Inteligentes: Desafios e Perspectivas”. Participaram da mesa os palestrantes, José Tarcísio Trindade, coordenador-geral do Departamento de Infraestrutura para Inclusão Digital do Ministério das Comunicações, Mariana Savedra Pfitzner, diretora de Desenvolvimento Econômico da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico, Social e de Turismo da Prefeitura de Campinas, e o biólogo José Luiz Moutinho. Na palestra ministrada por José Moutinho, foram abordadas experiências internacionais na implementação de projetos de cidades inteligentes. Segundo o professor, a cidade é a invenção mais complexa que o homem fez, e nela tudo é artificial e exclusivamente para o homem. Portanto, a criação de cidades inteligentes surge com o objetivo de servir os habitantes. Mas, para isso é fundamental que ha ja redução da pobreza para que o número de usuários da tecnologia seja aumentado de forma con-

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siderável. É necessário melhorar a educação preparando pessoas capacitadas ou “inteligentes”, que saibam manejar e garantir as cidades inteligentes. O palestrante José Tarcísio Trindade, apresentou o projeto do Ministério das Comunicações denominado Cidades Digitais. “O programa visa à modernização da gestão pública interligando a Prefeitura às demais repartições como telecentros, escolas, secretarias, postos de saúde e demais órgãos públicos, tornando assim a cidade autônoma em internet, diminuindo gastos com provedores, suporte técnico, assistências técnicas e demais serviços de terceiros”. A exposição de Mariana Savedra serviu como troca de conhecimentos e apresentação dos projetos que estão sendo desenvolvidos pela Prefeitura de Campinas para a criação de uma cidade inteligente. Dentre outros, destacou o projeto que pretende tornar o Aeroporto Internacional de Viracopos como o maior aeroporto de passageiros da América Latina, podendo receber os maiores aviões do mundo, tudo dentro dos programas de inovação daquele município.

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Campinas samuel.rossilho@campinas.sp.gov.br smdes.desenvolvimento@campinas.sp.gov.br mariana.savedra@campinas.sp.gov.br

CIDADE INteligente POR Mariana Savedra Pfitzner: Diretora de Desenvolvimento EconĂ´mico Prefeitura Municipal de Campinas

Desafios e Perspectivas + Economia Competitiva + Pessoas Capacitadas + Lugar Inteligente + Mobilidade Eficiente + Meio Ambiente Inteligente + Governo Desburocratizado WWW.PROPPI.UFF.BR/PORTALAGIR

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Conceito Cidade Inteligente Cidade Inteligente é a interação entre os cidadãos e as tecnologias disponíveis, de forma que estas permitam a melhoria na qualidade de vida, impactando em capacitação para competitividade, saneamento, serviços governamentais, geração de energia, eficiência energética, conteúdo digital e mobilidade.

Economia Competitiva O Programa tem como objetivo fomentar a competitividade, qualificar empresas e, assim, trazer geração de emprego e renda para Campinas e região. O Exporta Campinas inclui empresas de todos os níveis de experiência com exportação de qualquer segmento, de frutas a tecnologia de ponta. Por isto, a metodologia aplicada conta com diversos níveis de maturidade empresarial.

Economia Competitiva Pessoas Capacitadas Ação: fortalecer a vocação do município em Exportação e C,T&I Lugar Inteligente Ação: tornar Viracopos o maior hub logístico de cargas e passageiros do Brasil Mobilidade Inteligente Ação: estimular o transporte coletivo, o compartilhamento de carros e a frota elétrica Meio Ambiente Inteligente Ação: usar tecnologias para ampliar eficiência energética e estimular a GD Governo Desburocratizado Ação: implantar o “Poupatempo Empresarial” para permitir a abertura de empresas e o licenciamento online (empreendimentos de baixo risco)

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oportunidades e desafios oportunidades • • • •

Constância de propósitos do novo governo Visão política e orientação para projetos Alinhamento com todas as instâncias governamentais PPP

desafios • Envolvimento de todos os stakeholders para garantir sucesso dos programas • “Time-to-society”

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J. Tarcísio P. Trindade Coordenação-Geral - DEID Secretaria de Inclusão Digital - MC www.mc.gov.br/inclusao-digital/acoes-e-programas cidades.digitais@mc.gov.br Telefone: (61) 3311 6312

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Projeto Cidades Digitais do Ministério das Comunicações Objetivos • • • • •

Melhoria da qualidade e transparência da gestão pública Democratização do acesso Fomento à economia criativa e sustentável Criação e desenvolvimento de conteúdos Construção de ambientes de colaboração em redes abertas

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capacitação • • •

Apropriação tecnológica Desenvolvimento local

Formação técnica para servidores de nível tático e operacional Formação para servidores do escalão estratégico Formação da população

Papel da Prefeituras • Disponibilizar uma equipe gestora local para ser capacitada; • Contribuir com a logística para implantação da infraestrutura de conexão, disponibilizando local apropriado para instalação dos equipamentos; • Providenciar junto a órgãos públicos e demais concessionárias eventuais licenças e autorizações necessárias à implantação e uso da Rede; • Contratar e manter, sob a orientação do Ministério das Comunicações, o link para acesso a Internet.

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DAS CIDADES digitais às cidades inteligentes: NOTAS SOBRE A COEVOLUÇÃO DAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO E DO DESENVOLVIMENTO URBANO NA EUROPA

resumo

José Luiz Moutinho

Os avanços científicos e tecnológicos têm tido um papel fundamental no desenvolvimento das cidades ao longo da sua história. Atualmente, as tecnologias de informação e comunicação - e os respectivos impactos no crescimento econômico, na competitividade territorial e, principalmente, na melhoria da qualidade de vida das populações - são, no seu conjunto, considerados como um componente crítico na formulação das estratégias e políticas públicas para promover o desenvolvimento urbano sustentável e inclusivo das cidades europeias. Das cidades digitais, focalizadas principalmente na conectividade e no governo eletrônico local, até às cidades inteligentes (smart cities), que colocam as tecnologias ao serviço do ser humano e do meio ambiente, o artigo resume um conjunto de ideias, experiências e projetos europeus e conclui com recomendações para as cidades brasileiras.

introdução Considerando o atual contexto socioeconômico global, no qual a inovação é o motor essencial para o desenvolvimento sustentável, torna-se cada vez mais importante discutir os desafios que se colocam na evolução das cidades no âmbito da sociedade em rede. As tecnologias de informação e comunicação (TIC) estão a transformar profundamente a forma e as funções das cidades e, consequentemente, o cotidiano da vida dos seus habitantes ou visitantes, constituindo-se em um dos aspectos mais críticos para a competitividade territorial. No entanto, a simples disponibilização de infraestruturas digitais, apesar de ser uma condição necessária, não é suficiente para estimular as populações urbanas no sentido da criação de novas oportunidades na economia do conhecimentoi. Deve-se simultaneamente assegurar que as TIC estejam embebidas na rotina diária das pessoas - lazer, saúde, trabalho, ideias, mobilidade, educação, segurança, etc. - com os objetivos de, entre outros, melhorar a qualidade de vida, proporcionar um ambiente criativo para desenvolvimento de novos negócios, aumentar a participação cívica, reforçar o capital social e, sobretudo, construir novas competências. Paralelamente, as TIC são atualmente um instrumento insubstituível para o planejamento e a monitorização das intervenções urbanísticas, sociais e econômicas nas cidades, proporcionando www.proppi.uff.br/portalagir

novas possibilidades de captação de dados, análise, simulação, tomada de decisão e apresentação de resultados para todos os intervenientes nos processos de desenvolvimento urbano. Inovações tecnológicas são socialmente construídas, ou seja, são sistemas sociotécnicos que estão inseridos nos contextos humano, cultural, histórico, econômico, etc., que influencia e é, por sua vez, influenciado por diferentes trajetórias tecnológicas. Assim sendo, deve-se abordar a coevolução das TIC e das cidades numa perspectiva mais alargada, de mobilização inclusiva na sociedade em rede, ou seja, na sua integração em redes globais de pessoas e organizações, apoiada por incentivos e enquadramento institucional adequados para o seu desenvolvimento ao longo do tempo e do espaço. Esta análise baseia-se na necessidade de adaptar de forma contínua as trajetórias de aprendizagem e estimular a capacidade de criação, acumulação e difusão de conhecimento em comunidades urbanas cada vez mais diversificadas. Da origem das cidades digitais, focalizadas principalmente na conectividade e no governo eletrônico local, até às cidades inteligentes (smart cities), que colocam as tecnologias a serviço do ser humano e do meio ambiente, o artigo resume um conjunto de ideias, experiências e projetos europeus, e conclui com recomendações para as cidades brasileiras. 101


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o conceito de cidade Digital Ao longo dos milhares de anos de evolução das cidades, urbanistas ou historiadores do urbanismo utilizaram conceitos como “garden city” ou “cité industrielle”, para caracterizar funções ou tipologias urbanas que por algum motivo se tornaram conspícuas, mesmo que temporariamente. No entanto, logo que estas novas funções ou tipologias se vulgarizam e se tornam, por isso, invisíveis, estes conceitos deixam de ter utilidade, a não ser na perspectiva histórica das trajetórias evolutivas das cidades. Provavelmente, o conceito de cidade digital seguirá o mesmo caminho, e logo que as tecnologias de informação e comunicação sejam embebidas na rotina diária dos indivíduos, organizações e comunidades, este conceito será uma mera curiosidade histórica. Esta suposição não minimiza, no entanto, a utilidade da ideia de cidade digital no contexto atual da coevolução das cidades e das TIC. O conceito de cidades digitais é difuso e polissémico, ou seja, o seu âmbito e as suas fronteiras não estão bem definidos e, por isso, dá origem a diferentes interpretações. Atualmente, o termo cidade digital pode significar infraestruturas urbanas de informação e comunicação, governo eletrônico local, guias turísticos, comunidades de proximidade ou representações virtuais de cidades reais ou imaginárias. Mais recentemente, está a ser utilizada a denotação de “Augmented Public Space”, que é a adaptação ao contexto urbano da realidade aumentada (“augmented reality”), ou seja, a sobreposição do ciberespaço e da cidade física, sobretudo no que se refere à participação cívica. Embora estejamos ainda numa fase inicial e limitada daquilo que Mitchell chamou “cidade dos bits”, o conceito de cidade digital confunde-se com Cybercity, Telecities, Informational City, Intelligent City, Community Network, Community Informatics e Social Informatics. A origem do termo “cidade digital” é conhecida: Amsterdam Digital City (“DDS - Der Digital Staad”). Este projeto, inspirado nas redes comunitárias dos EUA e do Canadá, transformou-se no paradigma ao utilizar, pela primeira vez, a metáfora da cidade - ruas, praças e edifícios - como interfaces para interação com os utilizadores. O contexto do seu aparecimento foi muito específico (uma experiência comunitária de 10 semanas antes das eleições locais de Amesterdão em 1994), no entanto, foi possível aprender uma importante lição: “the experience with DDS suggests that the free and open information and communication space can hardly be institutionalized”. Seguiram-se Helsinki Arena 2000, Digital City Bristol e Kyoto Digital City, apenas para citar os exwww.proppi.uff.br/portalagir

emplos mais famosos de metáforas urbanas no ciberespaço. A melhor definição desta fase inicial das cidades digital é dada por Ishida: “The concept of digital city is to build an arena in which people in regional communities can interact and share knowledge, experiences, and mutual interests. Digital cities integrate urban information (both achievable and real time) and create public spaces in the Internet for people living/visiting the cities”. Este conceito foi posteriormente simplificado: “digital cities will collect and organize the digital information of the corresponding cities, and provide a public information space for people living in and visiting them to interact with each other”. A cidade digital das comunidades virtuais deu lugar à cidade digital dos portais. A partir da virada do século, depois da explosão da bolha da Internet e a consequente ressaca tecnológica, seguiu-se a era da cidade digital dos serviços administrativos eletrônicos do governo local e agora fala-se na cidade digital da participação cívica. As experiências iniciais tiveram um ciclo de vida muito limitado no tempo e no espaço, mas, sem dúvida, sugeriram importantes e inovadoras perspectivas para a (re) interpretação do fenômeno urbano ou, pelo menos, para a apropriação de novas tecnologias ao nível territorial. Estas perspectivas estão profundamente ligadas ao imaginário da construção da sociedade da informação e, de certa maneira, são transposições para o contexto urbano de diversas visões sobre o futuro das sociedades contemporâneas. No Brasil, prevalecem as perspectivas das cidades digitais enquanto infraestruturas de acesso público à Internet (telecentros, quiosques, etc.), serviços públicos municipais ou representações virtuais (3D) ou metafóricas das cidades reais. Na Europa, uma iniciativa de cidades digitais piloto iniciada em 1995, European Digital Cities, foi responsável pela difusão global do conceito de cidade digital. Esta iniciativa focalizou em três conjuntos de aplicações: a) Desenvolvimento econômico e regeneração urbana; b) Coesão social e qualidade de vida; e c) Melhoria na gestão administrativa das cidades e das suas respectivas infraestruturas. A visibilidade desta iniciativa deu origem a várias outras a nível nacional, como por exemplo o Programa Cidades Digitais, em Portugal, que é um caso de estudo que merece ser abordado. Do isolamento mundial durante mais de meio século que antecedeu à Revolução 102


REVISTA AGIR  •  2013 dos Cravos, em 1974, até tornar-se um membro da União Europeia, Portugal sofreu uma profunda mudança social nas últimas décadas com uma notável melhoria de todos os indicadores sociais e econômicos, mas ainda com desafios importantes

a serem resolvidos como o baixo nível de escolaridade, grande desigualdade socioeconômica, envelhecimento da população e a urbanização recente, entre outros.

o caso de portugal As primeiras experiências em Portugal com cidades digitais tiveram início em 1998 através de um programa cofinanciado pelo Governo Português (que contribuiu com 25% do investimento total) e pela União Europeia, tendo envolvido cinco pequenas e médias cidades (Aveiro, Bragança, Guarda, Marinha Grande, Castelo Branco) e duas regiões rurais (Trás-os-Montes e Alentejo), com o objetivo de: (a) melhorar a qualidade de vida nas cidades; (b) contribuir para o desenvolvimento de áreas periféricas; (c) melhorar a economia local e o emprego; e (d) combater a infoexclusão e ajudar os cidadãos com necessidades especiais. Na sequência destes projetos-piloto foi criado em 2000 o Programa Operacional Sociedade da Informação (POSI), financiado pelos fundos FEDER – Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional e FSE – Fundo Social Europeu. A peça central dos programas operacionais era a medida das cidades digitais, em linha com a estratégia de Lisboa, que tinha como objetivo transformar a Europa na economia mais competitiva do mundo baseada na sociedade da informação até 2010, através da criação de empregos e crescimento econômico, bem como com os programas eEurope 2002 e 2005. O POSI foi uma inovação institucional que foi seguida pela Espanha e pela Grécia. A sua implementação, no entanto, sincronizou com uma profunda reorganização territorial em Portugal, aumentou substancialmente a complexidade dos projetos já que muitas instituições - universidades, parques tecnológicos, governo local, empresas regionais, organizações não governamentais - tiveram de trabalhar juntas pela primeira vez. Além disso, outros fatores dificultaram inicialmente o desenrolar da medida: • Determinismo tecnológico; • Poucos dados sobre condições de partida, por isso as políticas não foram baseadas em evidências - prioridade para a aplicação das políticas europeias sem adaptações locais; • Escassez e inelasticidade de capacidades técnicas e de gestão; • Altos custos de transação e de oportunidade devido à rigidez e burocracia institucionais; www.proppi.uff.br/portalagir

• Pouca participação da sociedade civil; • Dificuldade de passar das ideias à ação; • Dificuldades com a avaliação; • Decisões discricionárias na aprovação dos projetos; • Os projetos funcionaram como silos separados; e • Patrocínio político irregular. Para se tentar ultrapassar estes obstáculos, optou-se por desenvolver um Guia de Operacionalização das Cidades Digitais que tinha como vantagens a estandardização dos projetos, a sincronização dos ciclos de vida das cidades digitais com as políticas europeias, o melhor controle e otimização de recursos e, principalmente a criação do efeito de rede a partir de projetos demonstrativos. No entanto, a complexidade do guia, a sua relativa falta de flexibilidade e a pouca adaptação ao contexto local criaram também outros tipos de barreiras para a implementação dos projetos de cidades e regiões digitais. No total, mais de 30 projetos de cidades e regiões digitais (Figura 01) foram iniciados com resultados heterogêneos. O melhor exemplo de sucesso é Aveiro Digital, que demonstrou que a continuidade, o comprometimento e a irreversibilidade são questões importantes para o sucesso dos projetos. Ele foi composto por um conjunto de projetos (loosely coupled) que surgiram através de concursos de ideias coordenados por uma organização não governamental. Esta organização indicou linhas de ação claras e objetivas e avaliou, e acompanhou muito proximamente todos os aspectos da implementação, com ênfase na parte financeira e administrativa. A liderança da organização mostrou-se extremamente competente do ponto de vista técnico e de gestão, com uma larga rede de contatos institucionais e sociais que ajudaram a ultrapassar grande parte dos obstáculos acima mencionados, sempre apoiada na colaboração muito próxima entre a Universidade de Aveiro, os governos municipais, as empresas locais e o operador de telecomunicações incumbente. 103


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Figura 01: Programa de Cidades e Regiões Digitais. Fonte: Próprio autor.

Redes municipais de banda larga de acesso aberto O desenvolvimento das cidades e regiões digitais em Portugal mostrou que a integração de aspectos sociais e culturais é um dos aspectos críticos no desenho de cidades digitais, sendo que o aspecto crítico mais importante é a mobilização dos usuários. Por isso, é necessário substituir o paradigma do determinismo tecnológico e centrar o desenho no ser humano. Neste sentido, as redes de conhecimento podem acelerar a criação e a difusão de inovações, mas requerem infraestruturas, incentivos e instituições adequadas. Também ficou claro que, no início, as cidades digitais necessitam de fundos públicos continuados, já que a economia de mercado não é suficiente. Apesar dos obstáculos e das dificuldades de implementação os projetos de cidades digitais deram início a um processo inexorável de modernização municipal com reflexos positivos na qualidade dos serviços e no acesso às TIC. No entanto, em Portugal e no resto da Europa, o conceito de cidade digital, ainda importante do ponto de vista didático e do marketing territorial, começa aos poucos a ser substituído por outros, mais apropriados aos desenvolvimentos sociais e tecnológicos da última década, com destaque para as redes municipais de banda larga de acesso aberto e as smart cities. www.proppi.uff.br/portalagir

Atualmente, existe um consenso sobre a importância das redes de banda larga para o desenvolvimento inclusivo e a competitividade territorialxxv. Cada vez são maiores as evidências dos impactos positivos da implementação de redes de banda larga, nomeadamente no emprego, na criação de novos negócios, com ênfase nos setores com utilização intensiva das tecnologias de informação e comunicação. Considerando-se que as redes de telecomunicações são novas infraestruturas urbanas em rede, análogas às redes de águas, esgotos e eletricidade, estas devem ser tratadas como bem público e, portanto, reguladas e abertas. Como regulação entende-se, a nível europeu, a separação em três camadas, sendo a primeira a fibra escura (infraestrutura física), a segunda a fibra iluminada (operador) e a terceira os serviços. A abertura das infraestruturas referem-se simultaneamente à neutralidade na tecnologia (technology agnostic) e na operação das redes (net neutrality), proporcionando condições iguais para as empresas que vão explorar os serviços. Na realidade, a oferta dos operadores incumbentes, geralmente ADSL ou Cabo, é atualmente considerada apenas mais uma tentativa de estender o ciclo de vida de tecnologias (cobre) ou modelos de negócio (assimetria, tráfego, etc.) não só ultrapassados, mas, sobretudo, contrários à inovação. As verdadei104


REVISTA AGIR  •  2013 ras redes de banda larga são redes municipais neutras e abertas FTTH (Fiber To The Home) ou FTTP (Fiber To The Premises) com capacidade simétrica na ordem do 1 Gb/sec. Nos países líderes (Dinamarca, Suécia e Holanda) o investimento público na oferta complementar de serviços e/ou conteúdos não é considerado crítico para o desenvolvimento das redes de banda larga. Ou seja, o foco está na construção da infraestrutura neutra e aberta (Open Access Networks) e os serviços sobre banda larga, que podem incluir acesso sem-fios, telemóvel, telefone, TV, rádio, gestão urbana e sensores (physical computing), entre vários outros, são considerados apenas bitstreams a circular sobre uma infraestrutura de transporte TCP/ IP (esta sim objeto de investimento público). O que tem acontecido nestes países é que os novos serviços e conteúdos, além dos inúmeros já disponíveis na Internet, surgem naturalmente se a camada de serviços for aberta à inovação, à experimentação e ao empreendedorismo em igualdade de condições de concorrência. Neste contexto, o papel das parcerias públicoprivadas lideradas pelos municípios parece ser fundamental. No entanto, os operadores incumbentes não parecem ser os melhores parceiros porque impõem infraestruturas ultrapassadas e tentam manter o status quo artificialmente. O que a história das trajetórias tecnológicas mostra é que raramente as empresas que lideram um certo estágio tecnológico conseguem sobreviver às mudanças disruptivas e a banda larga é uma tecnologia disruptiva distinta das redes telefônicas. Um bom exemplo desta nova abordagem é a iniciativa CityNet (http://www.citynet.nl/), considerada o “test bed” europeu do enquadramento regulatório da participação direta dos governos locais e regionais no desenvolvimento da nova geração de redes de banda larga. O município de Amesterdão vai provavelmente abrir o caminho para o desenvolvimento de redes municipais em toda a União Europeia. Espera-se que o projeto estimule a inovação e a competitividade a nível territorial e contribua para diminuir a atual diferença entre a Europa e os países líderes, a Coreia e o Japão. O mais importante, no entanto, é o fato de a CityNet ser o primeiro projeto em larga escala que assegura uma infraestrutura neutral e aberta, permitindo os fornecedores de serviços e conteúdos concorrer em igualdade de condições. Outros projetos relevantes são as redes abertas de Estocolmo (http://www.stokab.se/) e 16 cidades no Utah (http://www.utopianet.org/) entre várias outras. www.proppi.uff.br/portalagir

O número de aparelhos conectados entre si em ambientes urbanos aumentou significativamente nos últimos anos, incluindo PDAs com ligação GSM/GPRS ou UMTS, computadores portáteis com acesso Wi-Fi, telefones móveis de terceira geração, câmaras digitais, videovigilância, consoles de jogos ligados a ADSL, leitores de mp3, PCs com Bluebooth, Videofones, aparelhos de música e DVD ligados por Ultra Wide Band, TVs Interativas, sensores de ambiente em tempo real (por exemplo, qualidade do ar e da água), grandes bases de dados (empresas, bibliotecas, museus, administração pública), carros orientados por GPS, e caminhões a autocarros localizáveis através de GPS. Por outro lado, novos níveis de dados e informação relacionados com o território são criados diariamente, como, por exemplo, informação geográfica municipal, guias de cidades por Internet, mapas e roteiros interativos, e mundos 3D. Construindo sobre a trajetória das cidades digitais e das redes de banda larga, um novo conceito começa a tomar espaço na União Europeia: o das smart cities. Este conceito inclui as dimensões da sustentabilidade, da eficiência energética e, sobretudo, da “Internet das Coisas” (Internet of Things) no contexto da apropriação das TIC a nível territorial. A perspectiva determinística da oferta de tecnologia das cidades digitais é, portanto, substituída pela abordagem de inovação aberta e cocriação com os cidadãos de oportunidades concretas para o desenvolvimento de soluções adaptadas à realidade de cada comunidade no sentido da governança partilhada, da economia sustentável, do desenvolvimento social inclusivo e na melhoria da qualidade de vida. Sobre as redes de banda larga, a ligação semântica das “coisas” através da Internet através de sensores e atuadores está a alterar completamente a relação entre o mundo real e virtual, abrindo novas possibilidades de gestão das áreas urbanas. Um bom exemplo são as Smart Grids, ou seja, as novas redes de eletricidade do futuro, que tem capacidade de tomar decisões inteligentes para otimizar o consumo de energia. Outro aspecto relevante nas smart cities é a mobilidade no tecido urbano, com ênfase na coordenação dos transportes públicos e privados para diminuir o impacto das deslocações diárias entre a casa e o trabalho ou a escola, da poluição do ar e dos congestionamentos de tráfego com soluções inovadoras de movimentação de bens e pessoas nas cidades. 105


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conclusões Alargando este enquadramento conceitual para perceber a forma como milhões de pessoas interagem com as novas tecnologias na sua vida cotidiana, é obvio que a abordagem tradicional de integração das TIC no tecido urbano deve ser reconsiderada. A Tabela 01 descreve implicações e requisitos principais das tendências emergentes, para que a vasta maioria de possíveis aderentes tardios sejam inclusivamente considerados em futuros projetos de cidades digitais ou smart cities. Segundo Dertouzos, podemos evitar “afogarnos em sobrecarga de informação e em complexidade informática simplesmente deitando fora o modelo do último século” a nível das TIC e adotar - de fato, exigir - uma nova abordagem, que permita às pessoas interagirem natural, fácil e objetivamente umas com as outras e com o mundo envolvente. Normanxxviii reparou que, de fato, os sistemas tecnológicos tendem a aumentar as complexidades internas exponencialmente de modo a satisfazer as necessidades em constante evolução dos utilizadores, mas as suas inter-relações podem ser constantemente simplificadas de forma a levar a cabo atividades específicas para uma base mais alargada de utilizadores. As oportunidades e as possibilidades da coevolução de desenvolvimento urbano em TIC são tão vastas que a estratégia cocriação com os utilizadores seria a mais apropriada para implementar a próxima geração de cidades digitais ou smart cities. Começando por identificar as interfaces críticas

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entre os habitantes citadinos e a sua infraestrutura de suporte de TIC e só então desenvolvendo serviços tecnológicos objetivos para satisfazer a procura atual ou futura. As experiências acima apresentadas apontam no sentido das seguintes recomendações: 1. Projetos de cidades digitais precisam de novos mecanismos de financiamento e procedimentos administrativos mais flexíveis e mais simples; 2. Descentralização com foco nas parcerias público-privadas; 3. Telecomunicações operando num ambiente mais competitivo com uma regulação reforçada, de preferência redes públicas abertas; 4. Infraestruturas têm de ser embebidas nas rotinas da vida diária casa, escola, trabalho, divertimento; 5. Maior diálogo com a sociedade civil e mais capacidade de resposta às suas necessidades e desejos; 6. Avaliação e monitorização constantes; 7. Atenção às propriedades emergentes de sistemas complexos (serendipidade); 8. Identificação e mobilização local de agentes de mudança para estimular comunidades de prática, conhecimento, interesse ou proximidade; 9. Passar do governo eletrônico para a democracia eletrônica; e 10. Promover a diversidade e a inclusão social.

José luiz Moutinho é estudande de doutorado pela Faculdade de Arquitetura Urbanismo de Lisboa

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Reitor Roberto de Souza Salles Vice-Reitor Sidney Luiz de Matos Mello Pró-Reitor de Pesquisa, Pós-Graduação e Inovação Antonio Claudio Lucas da Nóbrega Agência de Inovação Fabiana Rodrigues Leta Escritório de Transferência do Conhecimento Maria Helena Teixeira da Silva Gomes Incubadora de Empresas Francisco José Batista de Sousa Articulação Acadêmica Marilena Juncá Trindade Capacitação e Difusão Patrícia Dias White Equipe Agir Antonio Nery Cupolillo Carlos Frederico de Andrade Daniel Pereira de Almeida Guilherme de Souza Marcelo Cavalcanti Projeto Gráfico Thiago Petra

Pró-Reitoria de Pesquisa, Pós-graduação e Inovação

Apoio:

Universidade Federal Fluminense


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