Revista Babel 14

babel

ANO VII NÚMERO

14

REVISTA LABORATORIAL DO CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL/JORNALISMO DA ULBRA/CANOAS

via INTERNET! A ferramenta está mudando o caminho da comunicação no mundo, sugere novas profissões, cria tendências e comportamentos. Afinal, como lidamos com isso?

editorial

Ferramenta de mudança

Reitor: Marcos Fernando Ziemer Vice-reitor: Ricardo Willy Rieth Pró-reitor de Planejamento e Administração: José Paulinho Brand Pró-Reitor Acadêmico: Pedro Antonio González Hernández Capelão Universitário: Pastor Gerhard Grasel Coordenadora de Ensino: Lucimar Filot da Silva Brum Coordenador do curso de Jornalismo: Deivison Campos Professor responsável: Jorge Gallina (RPMT/RS 4043) Projeto Gráfico: Ana Caroline Maciel Szezecinski (Agex) Revista semestral produzida pelos alunos da disciplina de Produção Jornalística II – Revista - 2014/2.

Alunos: Cristiane Franco Da Silva, Cristine Luiza Schwarzer Schmidt, Fabiana Viegas Figueira, Felipe Fornielles Lemos, Fernanda Gurniak Weber Da Silva, Giovani Zeferino De Oliveira, Giulian Angelo Cherutti Serafim, Guilherme Silva Oliveira, Gustavo De Oliveira Nardon, Jackeline Amorim Cunha, Larissa Ott Ribeiro, Marina Izabel Comerlatto Ribacki, Priscila Nunes Das Chagas, Rodrigo Da Silva Viegas, Tamires Tatiane Ramon Tuliszewski, Tarso Pereira Ribeiro E Vanessa Ramos Furtado Da Silva.

Fotografia: Arquivo Babel e fotos públicas Revisão: Fátima Giuliano.

N

os últimos trinta anos tive a oportunidade de vivenciar inovações que alteraram a forma como a sociedade se comporta. Presenciei o início da operação da telefonia celular com seus grandes equipamentos analógicos e que nem mesmo enviavam SMS. Joguei games que vinham numa caixa com 15 disquetes, alguns em formato 5 1/4 e outros 3 1/2 com incríveis 1,44MB de armazenamento. Utilizei o MS-DOS e Windows 3.11 com seus exuberantes gráficos em 16 cores.

Nenhuma destas maravilhas tecnológicas supera a chegada da internet comercial com seu nostálgico som de discagem da placa fax-modem e as horas de espera para fazer uma conexão mais barata, já que se usavam as linhas telefônicas para acessar os servidores. Obviamente, muitos dos que lerão esta revista sequer conheceram algum dos itens citados ou passaram por situações inusitadas como cair a conexão de internet por alguém usar o telefone porque, de alguma forma, já estão conectados a este ambiente digital. Crianças já estão aprendendo a linguagem da programação nas escolas e desenvolvem diversas ferramentas com um olhar no futuro.

A transição da sociedade analógica para a sociedade da informação, tal como vivenciamos, foi algo rápido e está em constante mutação. Sim, mutação. Não é mais possível dizer transformação, pois ela, a internet, não está mudando e sim se adaptando aos hábitos dos indivíduos, dos usuários. Barreiras geográficas são meros problemas geopolíticos, pois toda a informação do mundo está disposta em uma rede de dados. O mundo está na rede, o mundo é a rede. Sem a existência de mais fronteiras a internet aproximou famílias, estreitou laços, conectou povos e culturas.

Mas além de pessoas, o que mais podemos encontrar na rede? Ora, tudo que se encontra no mundo! Você pode fazer uma graduação à distância sem precisar se deslocar até um local para obter um diploma, da mesma forma que não precisa sair de casa para trabalhar e, mesmo que precise, você pode trabalhar em inúmeras profissões que surgiram com a internet.Você não precisa mais do livro de receitas da vovó, pois agora você pode fazer o download de um aplicativo para seu smartphone e ter acesso as receitas mais famosas do mundo. Mas não jogue fora o velho livro, pois você pode criar um e-book e vendê-lo à muitas pessoas ou até mesmo fazer vídeos e ensinar as receitas a quem tenha interesse.

Porém, assim como existem os benefícios, existem os malefícios, tais como: crimes, leviandades, boatos, superexposição, etc. Tudo o que acontece na internet é um reflexo do que ocorre fora dela, mas em maiores proporções porque há memória. Não que as pessoas não lembrem do que acontece , mas sim porque a rede não permite esquecer. Com tanta informação circulando em velocidade imensurável, como saber o que é ou não verdade? Eis o desafio da imprensa, lidar com o imediatismo dos fatos que, até então, era solucionado pelo rádio. Aliás, hoje o rádio está na internet.

A internet não é uma mídia, é um espaço digital público que possibilita a convergência midiática e que reflete como a sociedade se constrói. Cabe a cada usuário pensar o que, quando, onde, como e, o mais importante, para quê estamos consumindo o conteúdo disponibilizado.

Não podemos esquecer que antes de usuários somos indivíduos, humanos que constituem comunidades, e que há vida sem internet. Mais difícil? Sim, mas estes avanços tecnológicos são somente ferramentas para que possamos melhor nossa qualidade de vida. A internet é tudo e, também, não é nada sem a humanidade.

*Gustavo de Oliveira Nardon, tem 33 anos e é graduando em Comunicação Social - Jornalismo, em 2016/2.

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2016

babel 14

compartilhamento em massa

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Guilherme Oliveira

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os perigos escondidos na web

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DEEP WEB um mundo escondido na internet

Pricila Chagas

exército desenvolve proteção

ANTIVIRUS BRASILEIRO Fernanda Gurniak

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Giovani Zeferino

15 hackers do bem

12

Felipe Fornielles Lemos

INTERNET 22 passado e futuro desconhecidos

profissionalização da web Marina

do lado, 23 internet trabalho dobrado

Essa é uma pequeníssima lista de termos e siglas que só chegaram ao nosso conhecimento por conta da internet. Mas afinal, quem, quando e onde foi criada a internet?

Larissa Ott Ribeiro

apostam na 25 jornalistas readequação dos veículos para manter a qualidade das informações na era da internet Cristiane Franco

30 eles estão entre nós Rodrigo Viegas

com papel e 33 estudar caneta ou dispositivos

indice

digitais

Tarso Ribeiro

Tamires Tuliszewski

EAD: evolução do ensino à distância Jackeline Amorim Cunha

professor recebe certificação do google Giulian Serafim

do caderno ao teclado

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nova forma de aprendizagem Vanessa

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BABEL : 3

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LIXO CULTURAL entrevista

compartilhamento

em massa

Guilherme Oliveira

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ra o final de uma tarde de brisa fria e sol fraco, no início de julho, na Estação Mercado, no centro de Porto Alegre, quando dei uma olhada rápida para os transeuntes que estavam esperando o trem para dirigirem-se aos seus destinos. Rapidamente, percebi que a maioria estava conectada em seus tablets e celulares. Os que não estavam deslizando com seus dedos pela tela de pequenas polegadas, estavam de alguma forma conectadas aos seus aparelhinhos, realizando uma ligação ou apenas escutando música neles.

Parei, então, por alguns momentos para refletir o quanto somos conectados às mídias sociais.

Acessando as minhas redes sociais, é notável o grande número de pessoas que compartilham ou postam coisas aleatórias. Na minha Linha do Tempo, fotos sobre diversos assuntos supera qualquer outro fato.

Para o fundador e diretor da Fabulosa Ideia, empresa de Marketing Digital, voltada exclusivamente para a produção de conteúdos de

empresas nos meios digitais, Rafael Terra, essa mega conexão com o mundo virtual tem uma explicação: a nossa construção de uma cultura para ser inserida em determinados grupos. Segundo ele, nós somos de alguma forma moldados pelo que fizemos, ou melhor, pelo que somos nas redes, como afirma: “somos a nossa repetição. Ou seja; a visão que fizemos do outro está na repetição do seu conteúdo. Se alguém quer construir a própria persona na web tem que pensar que será esta totalidade de conteúdo, sobre determinado assunto, que criará uma identidade na cabeça dos demais internautas.”.

E você, o quanto a sua personalidade é construída nas redes sociais? Você já compartilhou ou postou algo apenas no calor do momento? Essa pergunta é mais comum do que parece. Segundo uma pesquisa realizada pela Survey Monkey, maior empresa de pesquisas online no mundo, cerca de 70% dos internautas brasileiros tem o hábito de dividir conteúdo com seus seguidores, perdendo

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apenas para os chineses, um dos países mais populosos do mundo, e empatando com o México. Existem diversas razões que intensificam a forma como cada pessoa se comporta dentro de cada rede social que existe no mundo. Porém, a principal é, sem dúvida, ser notado e expor suas ideias.

Para o jornalista Felipe de Moura, que é doutorando em Ciências da Comunicação na Universidade do Vale dos Sinos - Unisinos, as linguagens e práticas dentro dos meios variam conforme idade, sexo e personalidade, assim como na vida real, ele afirma: “ao constituir o seu perfil nas redes sociais, o indivíduo passa a utilizá-la de modo a galgar o ‘seu’ espaço nesse ‘mundo virtual’. Não o faz pela reafirmação das suas diferenças, mas, sim, pela adesão àquilo que o põe em comunidade. É como se eu não pudesse deixar de marcar presença nos debates pelos quais me interesso, sob o risco de não ‘garantir a minha existência’. É o que explica que, muitas vezes, perfis de ‘não famosos’ sejam amplamente

compartilhados quando o indivíduo que o constitui expõe uma opinião em acordo com o senso comum. As eleições gerais desse ano no Brasil são pródigas em exemplos.”

Para tanto, os indivíduos formados dentro de mídias sociais buscam autenticar as suas identidades com os seus grupos, buscando expor suas ideias e críticas sobre determinado assunto para, de alguma forma, ser socializado por outros membros que acessam as redes.

Com isso, entende-se que a busca por notoriedade está atrelado ao que é postado e compartilhado: muitas pessoas postam uma foto, post ou compartilham algo visando apenas os futuros “likes”, ou seja, se preocupam em saber o quanto terão de curtidas ou reetweets.

Por isso, não devemos apenas encarar a rede social como um pequeno espaço significativo de substituição da forma convencional do nosso cotidiano. Muitos acreditam que a internet tornou-se um paradoxo: aproximando quem está longe e distanciando quem está perto. Certo? Muitas vezes sim, pois seguindo ainda com o diálogo com Felipe, ele acredita que dentro das redes, as pessoas criam características diferentes, sendo, muitas vezes, outras pessoas que elas gostariam de ser ou para não mostrar quem realmente são. Felipe afirma que: “nesse contexto, avalio que é mais promissor encararmos as redes so-

ciais como extensão da forma tradicional das relações. Na impossibilidade de oferecer minha presença física como contribuição a uma determinada causa, por exemplo, faz com que eu me associe a ela compartilhando uma opinião no meu perfil do Facebook. Por isso prefiro responder: não, as redes sociais não – não necessariamente – distanciam quem está perto; e, sim, aproximam quem está longe, indiscutivelmente.”

Porém, Rafael acredita que tudo que está no virtual é virtual. Ou seja, a grama do vizinho na internet será sempre melhor. Sempre nos apaixonamos pelo virtual do outro e, com isso, teremos sempre ilusões virtuais, como ele afirma: “Namoramos pessoas que nos apaixonamos

A grama do vizinho, na internet, será sempre melhor por características, num primeiro momento, que sempre é virtual. A expectativa sempre é virtual, e isto está em todas as relações, inclusive

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nas de consumo. Compramos um shampo não pelo preço: mas por acreditar que ele vai deixar nosso cabelo liso. E isto também é virtual.

Então não acredito que a web afasta de forma alguma. Ela potencializa sempre, para o bem ou para o mal. Afastar não.”

A internet alavanca a situação de desejo dos usuários. Muitos a utilizam quando estão em situações de espera: seja dentro de um ônibus viajando para seu destino, esperando aquele doutor que sempre se atrasa ou até mesmo esperando o seu lanche, naquela lancheria pequena perto da sua casa. E o que a maioria das pessoas fazem quando estão passando seus dedos no feed de notícias? Ajudam a compartilhar e viralizar coisas que, muitas vezes, se tornam banais duas horas depois do compartilhamento.

Afinal, a rede social esta aí para ajudar, auxiliar e comprovar que somos todos frutos de algo muito maior: o convívio. A necessidade de aproximação. De afeto e carinho.

Ou ódio. Porém, mais que tudo isso, comprova que somos movidos pelo sentimento, mais do que o bom pensamento. Pelo menos na internet.

Mas antes que saiam loucamente postando e compartilhando coisas irrelevantes nas mídias sociais, Rafael Terra diz que precisamos ter certa disciplina e controle próprio.

Segundo ele, temos, antes de tudo, que pensar muito se vale realmente a pena compartilhar tal assunto e foto. Terra conclui que: “ter que ser autêntico, nas redes sociais, não é falar tudo que pensa. Isto é descontrole. Autenticidade é o entendimento do caminho que faz você ser quem é diariamente”. Então, se

você for compartilhar algo, pense e reflita com uma simples pergunta: você colocaria essa foto ou esta frase em um outdoor com seu rosto estampado na avenida mais movimentada da sua cidade? A rede é um caminho que amplia para o bem e o mal, portanto não seja lembrado à toa.

Ser notado e expor os pontos de vista requer

disciplina e controle BABEL : 6

os perigos escondidos na

web Priscila Chagas

A rede mundial de computadores oferece um universo de coisas, com apenas um clique. Lá, o usuário pode comprar, vender, pesquisar, se relacionar e ter acesso a muitas coisas, na comodidade de casa. Mas nem tudo que a web traz é benéfico. Nem mesmo o melhor software de segurança poderá proteger o internauta da dor de cabeça se clicar em um link malicioso. Eles chegam disfarçados como links para vídeos engraçados, notícias chocantes, promoções imperdíveis ou botões de “Curtir”, mas, na verdade, foram projetados para facilitar o roubo de informações e outros tipos de ataque ao computador.

Segundo o técnico de informática Lucas Tagliani, os vírus mais conhecidos são Cavalo de Tróia e o Key Lodger. "Geralmente eles estão escondidos em links e programas para o computador e podem causar sérios danos tanto para o usuário quanto para a máquina. As ações dos vírus atingem desde as informações de senhas de contas bancárias e redes sociais até o sistema do computador, pois acessam seus dispositivos de hardware, como teclado, mouse, monitor e até webcam", diz.

Então, como ter certeza de que um link aparentemente inocente não é uma tremenda cilada?

Para Tagliani, a melhor maneira de se precaver destes problemas é, antes de tudo, instalar um bom antivírus. Alguns deles possuem antispyware e antispam que emitem um aviso que o link é malicioso quando o internauta acessa, chegando mesmo a bloquear o seu conteúdo. É bom, também, verificar se o final da URL possui alguma extensão maliciosa como "exe”, “scr”, “cmd” ou “bat". "É muito importante que o usuário não instale softwares/sistemas desconhecidos, e baixe este tipo de conteúdo sempre dos sites oficiais dos produtos", aconselha o técnico de informática.

Já existem algumas ferramentas na web que permitem verificar sites suspeitos. Entre elas está o Site Advisor, da McAfee, que é gratuito. Dentre todos os navegadores, o Chrome é considerado um dos mais seguros. O Google mantém um banco de dados com sites maliciosos e, no momento do clique, pode aparecer uma mensagem de aviso.

Fazendo o uso saudável da internet e tomando alguns cuidados simples, com certeza haverá muito mais coisas para aproveitar do que para se preocupar. Basta cuidar onde clica!

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DEEP WEB a terra sem lei na internet Giovani Zeferino

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Com a mesma possibilidade de alcance da internet comum, a deep web disponibiliza liberdade e todo tipo de conteúdo

P

esquisar algo no Google se tornou uma casualidade, com o avanço tecnológico dos presentes dias. O que não é muito divulgado – sugestivamente – é o quão mais a internet pode nos oferecer. Quem está acostumado com internet tradicional e suas redes sociais, blogs, vídeos, portais de notícias e etc; tem a seu alcance um mundo eletrônico de informações completamente diversificado do casual. A deep web (rede profunda) apresenta uma liberdade, que em demasia, pode se tornar algo perigoso. Com o intuito de ser uma rede cibernética sem o controle de autoridades e governos, a deep web oferece uma rede sem “censura”, tudo é permitido e nada será julgado, pois o usuário está na terra sem lei da internet.

Como estamos conectados o tempo todo, usar a internet ficou tão casual quanto usar calças, mas até que ponto utilizamos o conteúdo que nos é disponibilizado. A partir de um processo - até certo ponto - simples, o usuário pode encontrar um mundo novo de conteúdo. Uma analogia bastante utilizada pelos conhecedores da deep web para defini-lá é a do iceberg, no qual explica-se que a internet “comum” é a porção de gelo que fica sobre a água, o restante do gelo - a maior parte - do iceberg, que fica sob a

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água, seria a deep web. Essa analogia também tem relação com o quão obscura pode ser a deep web.

A questão social, do politicamente correto, não existe na deep web, e quem navega nela sabe disso. Há conteúdos criminosos, racistas e de todos os tipos de preconceitos, assim como na internet comum, com a única diferença do anonimato.

Vale lembrar que a intenção do anonimato não incrimina todos os usuários, mas a liberdade pode representar a não parcimônia de alguns e o aproveitamento por parte de criminosos. Para o programador de informática, Gabriel dos Santos Breier, os usuários da rede não vigiada desejam, antes de tudo, a liberdade do anonimato, podendo produzir e replicar todo o tipo de conteúdo. Segundo Gabriel os usuários são atraídos para a deep web pela curiosidade: “pode-se encontrar qualquer coisa na deep web. As mais famosas geralmente são as coisas ilegais, como pornografia infantil, compra de drogas e contratação de assassinos. Mas há muitos fóruns de discussão sobre tecnologia, protótipos de programas, releases de filmes e seriados, sites sobre teorias da conspiração”, relata o programador que ainda defende a funcionalidade da deep web.

Sem muita liberdade A deep web proporciona liberdade pelo anonimato, mas não é a garantia completa para a atuação sem preocupação de criminosos. O mais famoso caso é o da venda ilegal de drogas, feitas pelo site Silk Road, que atuava na deep web. Com o pseudônimo de Dread Pirate Roberts, Ross Ulbricht, de 29 anos, formado em física era o mentor do site. Inaugurado em 2011, estima-se que o site tenha movimentado cerca de 1,3 bilhão de dólares em Bitcoins (espécie de moeda cibernética). Ulbricht foi preso em outubro de 2013 pelo FBI, o que interrompeu a atividade do site, mas semanas depois voltou a ativa.

Como utilizar a Deep Web Para acessar a deep web o usuário não pode utilizar os navegadores comuns. O navegador deverá ter a capacidade de camuflar o usuário, o mais famoso para tal façanha é o Tor. O Tor é capaz de deixar sua localização e os históricos de navegação sem serem captados. Acessando por um navegador que não deixa rastros, o usuário já está na deep web, sendo a maior dificuldade na hora da pesquisa, pois não terá o Google para cortar caminhos e a página desejada só poderá ser acessada quando o endereço for diretamente digitado na barra de endereços. Ao pesquisar Silk Road, resulta o site de drogas e mais outros sites semelhantes, com o mesmo tipo de comércio. Ao entrar no Silk Road, uma mensagem do FBI faz um alerta sobre o site “This hidden site has been seized” (Este site clandestino foi apreendido). Mas é facilmente encontrado outro site de compra de drogas. Com o nome Agora.beta, diversas tipos de drogas estão ao alcance. Abaixo três imagens representando, respectivamente, os cenários descritos:

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Na internet comum é possível encontrar links para sites da deep web, entre as ofertas listadas encontradas no site – de sugestivo nome – Deep Web Links, estão à venda armas e munição, passaporte falso, prostitutas e assassino de aluguel, entre outros:

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guerra cibernética

exército desenvolve proteção

antivIrus BRASILEIRO Fernanda Gurniak

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guerra cibernética é considerada, hoje, a principal ameaça à segurança mundial, maior até mesmo que as invasões aos países do Oriente Médio proporcionada pela prepotência dos Estados Unidos; a rival Rússia invadindo a Croácia; a ameaçadora China ou os extremistas islâmicos, revelou no Senado o professor Gunther Rudzit, coordenador do curso de Relações Internacionais da Fundação Armando Álvares Penteado (Faap), de São Paulo. A guerra cibernética é levada tão a sério, disse, que o Departamento de Defesa Brasileiro criou sua própria divisão de combate cibernético.

O imprevisível cenário internacional e a ascensão econômica do Brasil configuram razões mais do que suficientes para que ocorra a implantação da Estratégia Nacional de Defesa (END). Das previsões sobre uma inevitável erosão do poder militar dos Estados Unidos aos insistentes alertas sobre a cobiça internacional em relação aos recursos brasileiros na Amazônia e na plataforma continental, os debates promovidos pelo Senado no semestre passado são razões para a implementação da Estratégia Nacional de Defesa e serviram para reforçar a convicção de que o Brasil não pode ficar inerte, enquanto potenciais adversários na

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geopolítica do futuro se armam e fortalecem suas defesas.

O Centro de Comunicações e Guerra Eletrônica do Exército Brasileiro (CCOMGEX) fechou recentemente um acordo com uma empresa de segurança brasileira, a BluePex, para desenvolver um antivírus de uso exclusivo do exército.

O contrato de prestação de serviço prevê a instalação e o desenvolvimento de um antivírus que será usado em 60 mil computadores da corporação, além da construção de um laboratório de segurança virtual dentro das dependências do exército.

De acordo com o general Antonino Santos Guerra, do Centro de

“Usar este novo antivírus dispensará a compra de novas versões dos programas e a renovação de licenças.

Geralmente, a cada 12 meses, é necessário renovar os softwares.

Uma equipe interna, além de facilitar na elaboração das vacinas, também torna a comunicação mais fácil, pois estão em território nacional e falam o mesmo idioma”, diz o general.

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Guerra Eletrônica, é difícil manter um contrato de prestação de serviços de segurança com empresas no exterior, pois a manutenção é mais cara. O envio de dados para plataformas de segurança e restauração de arquivos infectados contendo dados sigilosos deve ser feito por uma empresa de confiança.

O general afirma que um laboratório próprio, em poucas horas, poderá identificar o tipo de malware e criará localmente as vacinas necessárias contra os vírus. Além disso, o uso de um software brasileiro próprio com suporte exclusivo dispensa as atualizações anuais que outros desenvolvedores lançam no mercado.

Antes de desenvolver o software, a BluePex foi obrigada a fornecer o código fonte do antivírus ao exército para que fosse analisado. Essas medidas de segurança foram tomadas para evitar invasão e vazamentos de dados como o que aconteceu em 2012, quando hackers acessaram o código fonte de alguns dos produtos da empresa de segurança Symantec. Cerca de duas semanas após o ocorrido, a companhia recomendou que os usuários de determinados pacotes de segurança desinstalassem os programas para evitar ataques por meio de possíveis vulnerabilidades nos softwares, uma vez

que parte do código estava espalhada pela internet.

Uma equipe será treinada para evitar um possível vazamento de dados. A preocupação é grande para que nenhuma pessoa tenha acesso ao código. O laboratório onde os técnicos da BluePex atuarão, ficará dentro do exército e instalarão antivírus nos 60 mil computadores. E a empresa irá elaborar um projeto para gerenciar todas as máquinas com a solução de segurança fornecida por eles, afirma o General Antonino Santos.

Segundo Milene Custódio, consultora da BluePex, é uma grande

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marco para a empresa elaborar soluções para o fornecimento de segurança para o Exército Brasileiro, parceria que vai além da relação usual entre cliente e fornecedor.

Segundo Milene, “todo esse tempo que estamos trabalhando juntos permitiu evoluir em qualidade e, principalmente, em tecnologias motivadas pelas exigências de tão importante instituição”. Ela afirma, ainda, que o produto foi todo reformulado e contou com o conhecimento e experiências adquiridas com o exército Brasileiro, hoje é mais que um antivírus, o AVware agora é muito seguro.

A segurança em dispositivos móveis O professor do Curso de Ciência da Computação, Alexandre Timm Vieira, alerta para o uso de smartphones e tablets por empresas e pessoas que encontram na portabilidade a oportunidade de se comunicar a qualquer momento e se descuidam, deixando a segurança de lado. Quando esses aparelhos sofrem danos pode ser tarde para tentar recuperá-los.

Aproximadamente, 2,2 bilhões de smartphones foram vendidos em 2014, segundo o Instituto de Pesquisas Gartner, e cerca de 25 % das falhas serão resultado de violações de Segurança Móvel, afirma Alexandre.

A orientação, segundo Alexandre, para os principais cuidados ao utilizar os celulares e tablets é proteger o dispositivo com senha, fazer cópia de segurança dos arquivos, utilizar software de localização e cuidar ao usar redes wi-fi públicas.

Hackers do Bem Felipe Fornielles Lemos

A

Symantec, empresa líder no fornecimento de proteção e disponibilidade da informação, criou o programa de cibersegurança no Brasil chamado Hackers do Bem, em parceria com o Roadsec – Roadshow de Segurança da Informação, que acontece em doze estados: São Paulo, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Goiânia, Recife, Bahia, Rondônia, Minas Gerais, Paraná, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Fortaleza.

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A Symantec foi fundada em 1982 por Peter Norton, nos Estados Unidos, que ao longo dos anos adquiriu diversas empresas. Sua principal atividade está concentrada em segurança da internet e em redes para usuários domésticos e corporações.

As soluções que a Symantec utiliza para combater os vírus são utilizados em softwares e aplicativos, com proteção de antivírus e análise de vulnerabilidades. Outro item importante é que o programa utiliza a filtragem de conteúdo de e-mail, tendo a McAfee como suporte.

Em 2008, a Symantec chegou a detectar ameaças de segurança na Internet Volume, mais de 1,6 milhões de novos códigos maliciosos, porém combatidos pelo Hackers do Bem. Com isso, a empresa conseguiu bloquear quase 245 milhões de ataques por códigos de spam.

O programa Hackers do Bem é direcionado para estudantes e colaboradores de tecnologia. Ele

abrange diferentes atividades em torno do que seria a prática do hacking, por exemplo, competições do tipo capture the flag, cuja finalidade é penetrar em um sistema computacional supostamente protegido.

O campeonato de estudantes tem como principal desafio buscar o acesso a um sistema protegido num ambiente simulado durante a competição, mostrando todas às dificuldades que o Hackers do Bem pode atingir durante a disputa.

O principal objetivo do Hackers do Bem é mostrar às pessoas como é importante proteger seus dados transmitidos online. Com intuito de trazer mais segurança aos dados dos usuários, além de poder trafegar pela internet sem ter problemas de vírus.

A Symantec tem como meta educar e também conscientizar a população sobre a importância do Hackers do Bem, proteger dados e informações online, por meio de estudos e relatórios, além de visar

o reconhecimento e o talento de jovens, que utilizam o programa.

O estrategista de segurança digital da Symantec, André Carraretto, comentou para a reportagem a utilidade do programa. André também faz questão de celebrar as tendências que a empresa vem abordando nos últimos anos para trazer às oportunidades aos jovens que gostam de tecnologia.

“Esta é uma grande oportunidade que os participantes têm para mostrarem suas habilidades no Hackers do Bem, podendo compartilhar seus conhecimentos, gerando conhecimento sobre as últimas novidades e questões que são relacionadas à segurança cibernética”, comenta Carraretto.

O programa já foi testado em agências de inteligência que são ligadas ao Governo Federal, como sistemas da Polícia Militar, Tribunais de Justiças e centros estaduais. Os órgãos federais tem grande interesse de capacitar seus servidores, para evitar ataques.

O QUE É HACKAFLAG SYMANTEC? É um programa do Hackers do Bem que é direcionado para os estudantes e colaboradores de tecnologia. Também é composto por campeonatos que tem como estilo “capture the flag”, com finalidade de abordar um sistema operacional supostamente protegido.

Contendo a crescente onda de ataques, roubo e vazamento de informações sigilosas, as empresas e usuários de internet precisam tomar consciência e, principalmente, aprender sobre segurança online.

Uma curiosidade que pode ser abordada é que o programa Hackers do Bem já foi testado em órgãos públicos.

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Site

Internet:

passado https login share cloud e futuro

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Gustavo Nardon

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Essa é uma pequeníssima lista de termos e siglas que só chegaram ao nosso conhecimento por conta da internet. Mas afinal, quem, quando e onde foi criada a internet?

hacker

e-mail

desconhecidos

download BABEL : 17

A

resposta mais correta é "não sabemos precisamente". Existem diversas teorias sobre a criação da internet e a mais conhecida nos remete aos anos 50, o Projeto Sputnik, da extinta União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), em 1957. Porém, não pense que foram os russos que inventaram a internet e a partir daí falar sobre Marx. Preste atenção. Se não fosse a URSS controlando um projeto espacial em plena Guerra Fria, os Estados Unidos (EUA) não teriam peritos em computação desenvolvendo a ARPANET (Rede da Agência de Investigação de Projetos Avançados dos EUA), em 1962. Naquele momento da Guerra Fria, o medo por um suposto ataque nuclear fez com que as Forças Armadas norte-americanas solicitassem um estudo à Agência de Investigação de Projetos Avançados (ARPA). Eles queriam saber como estruturar e manter suas linhas de comunicação no caso de um ataque catastrófico.

Recentemente, uma pesquisa, que se transformou no livro Como Creamos Internet (Como Criamos a Internet, em espanhol), foi realizada por Andreu Veà, buscando identificar os “pais” desta rede que é parte inexorável de nossas vidas .

Ok, mas quem é ele? Qual sua qualificação para fazer tal trabalho?

Pois bem, o espanhol Andreu Veà (foto ao lado) é doutor em Engenharia das Telecomunicações na especialidade Internet, licenciado em Engenharia Eletrônica, com pósdoutorado em História da Ciência e da Tecnologia pela Universidade de Stanford e mestrado em Gestão de Tecnologias da Informação.

Também é cofundador e presidente da Internet Society (ISOC-ES) e foi eleito o único membro europeu do Internet Hall of Fame. Mas o que não se pode deixar de mencionar é o fato de que sua tese de doutorado teve o prólogo de nada mais, nada menos, do que Vint

Cerf, vice-presidente do Google, considerado um dos grandes idealizadores do que conhecemos hoje como internet. Um currículo invejável do pesquisador, Veà, que dedicou cerca de duas décadas para falar com 800 pessoas, entrevistar mais de 300 cocriadores da internet, viajou ao lugar de residência de cada um para poder conhecer a fundo seus trabalhos e ter acesso a um material até então inédito, como os arquivos sobre o mesmo assunto guardado “a sete chaves”

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no Pentágono, em Washington.

Hoje, é possível perceber que a rede mundial de computadores alterou o universo. Sim, o universo. Levando-se em conta que foi a maior revolução tecnológica contemporânea, a criação da internet mudou o mundo da informática, das telecomunicações, da música, da indústria editorial, entre outros. O conjunto desses mundos também está diferente e em constante evolução.

Tudo isso só foi possível graças ao trabalho, em conjunto, de diversas

Se não fosse a URSS controlando um projeto espacial em plena Guerra Fria, os EUA não teriam peritos em computação desenvolvendo a ARPANET

Andreu Veà (foto abaixo) é doutor em Engenharia das Telecomunicações na especialidade Internet, licenciado em Engenharia Eletrônica, com pósdoutorado em História da Ciência e da Tecnologia pela Universidade de Stanford e mestrado em Gestão de Tecnologias da Informação.

pessoas em todas as partes do mundo. Mas, por que ninguém leva os “louros da vitória” pela criação?

Talvez por ego de uns ou por questões políticas. O mais correto em se destacar é que as evoluções da tecnologia surgiram após os maiores eventos de conflito, como as Grandes Guerras, por exemplo. Daí é possível entender o motivo pelo qual muitos autores e especialistas no assunto defendem que devemos tudo o que temos de mais avançado em comunicação a ARPANET. A ARPANET foi o primeiro pensamento em busca da grande rede, já que sua função era interligar as informações entre os computadores dos militares. Bob Taylor, o homem por trás da captação de recursos humanos e econômicos que fizeram acontecer a ARPANET, no livro de Veà, afirma que o que foi desenvolvido não foi internet e sim uma intranet, uma rede única entre computadores. Internet é uma conexão entre duas ou mais redes geograficamente distantes e que permite a troca de informações entre elas. Mas para que isso ocorresse em diferentes localidades era necessária uma linguagem padrão para que todos os computadores

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pudessem “entender”. Foi quando surgiram os protocolos Transmission Control Protocol e o Internet Protocol(TCP/IP), tendo Vint Cerf como um de seus cocriadores, para atender um grande número de informações que trafegavam desde os primórdios. Mas pensar que a ARPANET foi sigilosa e totalmente controlada pelos militares dos EUA é desmerecer o trabalho de centenas de desenvolvedores que trabalhavam nas universidades. Sim, a ARPANET foi compartilhada, mas para um público bem seleto e que poderia contribuir para sua melhoria. Curiosamente, segundo as entrevistas realizadas por Veà, poucos dados trafegados eram de origem militar. Desde então, a troca de conhecimento ou mesmo a produção colaborativa de estudos entre as universidades vem aumentando gradativamente, de acordo com o acesso às redes que são disponibilizados.

A ARPANET já estava consolidada, mas ainda precisava ser aprimorada. Os dados estavam estáticos na rede, hoje conhecida como Web 1.0. Imagine uma rede em que não se pode curtir uma foto bonita ou replicar uma pequena mensagem! Assim funcionava

a comunicação no final da década de 70, porém Tim Berners-Lee que trabalhava na Organização Europeia para a Investigação Nuclear (CERN, na sigla em inglês) pensou em como a troca de informações entre universidades procedia de maneira lenta. Foi quando surgiu o World Wide Web (WWW). Desde então a internet evoluiu para a Web 2.0, mas nem poderá ser comparada com a nossa realidade. Imagine a Wikipedia sem as colaborações espontâneas dos usuários. Desde então, os problemas de troca de informação diminuíram consideravelmente, uma vez que o conhecimento poderia ser compartilhado.

Na verdade, não podemos definir quem criou a internet como ela é hoje, até porque as transformações ocorridas desde os anos 70 foram feitas por muitas mãos e em diversas partes do mundo. Logo, o trabalho precursor de Andreu Veà é o que há de mais concreto no que diz respeito a história da rede mundial.

O “nascimento” do protocolo TCP/ IP foi de suma importância para que se pudesse efetuar a comunicação entre diferentes redes. A quebra dos arquivos em pacotes para que fossem

As evoluções da tecnologia surgiram após os maiores eventos de conflito, como as Grandes Guerras

transmitidos entre computadores tem sua relevância no campo da internet, porém não é o fundamental. De qualquer forma, os pesquisadores seriam obrigados a pensar uma forma de enviar documentos - entendase como qualquer forma de arquivo digital. Em 30 de abril de 1993, a CERN anunciou que o WWW seria público, disponibilizando sem custo algo que alteraria o rumo da história, uma vez que o Ghoper, protocolo criado em 1991 pela Universidade de Minesota (EUA) e que continha as funções básicas do WWW, teria licenças à venda. A navegação na rede era complexa, pois os arquivos acessíveis eram apresentados em uma cadeia hierárquica de importância, como diretórios do Windows Explorer e, para se aprofundar em determinados assuntos, era preciso acessar as subpastas que continham outros arquivos e outras subpastas. Para encontrar algo em específico era preciso procurar em muitos diretórios. Desde então, os usuários do Ghoper migraram de protocolo, não somente pelo custo, mas pelos recursos de navegação que permitiam a interação.

Com o passar do tempo, o espaço não geográfico e teoricamente ilimitado, chamou a atenção de grandes empresas, uma vez que os usuários eram vistos como consumidores. Ali havia uma “prateleira eletrônica”, um mostruário, que não necessitava de produtos físicos e o conceito de logística teve de ser alterado. Em 1994, um ano

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após o livre acesso ao WWW, Jeffrey Bezos deixou Wall Street e foi para a costa do pacífico, nos EUA. Instalou-se em Seattle, Estado de Washington, por dois motivos simples: isenção de impostos estaduais e proximidade da maior distribuidora de livros norte-americana. Daí surgiu a Amazon.com, e uma nova lógica de negócios que ninguém havia pensado. A internet deu poder de escolha as pessoas por ser mais interativa do que a televisão e outros meios de comunicação. Mais e mais pessoas aderiram à ideia de que a internet dava poder aos indivíduos, oferecendo vantagens sem precedentes à sociedade. Foi ignorado o fato de que todo e qualquer conteúdo introduzido na rede era produzido por alguém seguindo alguma motivação, assim como hoje em dia. Criou-se uma cultura ade dependência por um simbolismo, algo não tátil, porém visível por meio de monitores. Nada mais que uma representação do mundo real, no entanto sem fronteiras.

Não é só como ela é formada e sim quem a forma

Criou-se uma cultura de dependência por um simbolismo, algo não tátil, porém visível por meio de monitores, logo existente

Jeffrey Bezos (foto abaixo) é fundador da Amazon.com.

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Em diferentes áreas de conhecimento a internet contribui para a evolução socioeconômica de todo o planeta. Com mais recursos sendo aplicados na internet, mais pessoas puderam ter acesso ao mundo digital. Na educação, em 1856, em Berlim, Charles Toussaint e Gustav Langenscheidt fundaram a primeira escola por correspondência destinada ao ensino de línguas. Porém, tudo dependia das condições climáticas para que as mensagens fossem recebidas. Muito tempo depois, com o advento da internet, foi possível disseminar conhecimento para qualquer parte do mundo que possua acesso a rede. Os investimentos nesse método de ensino promovem qualificação para pessoas geograficamente incapacitadas e tudo isso só foi possível depois da criação de uma linguagem para que máquinas possam se comunicar, permitindo, então, que o homem se comunique.

O que mais impressiona na internet, não é só como ela é formada e sim quem a forma. São pessoas de carne e osso e não uma singela combinação de códigos binários. Elas movimentam um gama de conteúdo de diversas extensões, como jpg, mp3, mp4, txt, zip, pdf, xml, doc, ppt, php, fla, css, psd, dwg, entre muitas outras, diariamente. Mas o que fazer com tudo o que está na rede? Todo arquivo tem um propósito, porém para qual fim será utilizada aquela informação, somente cada usuário poderá definir. O certo é que grande parcela da população utiliza o ambiente digital para ter a sensação de presença, de fazer parte de algo com dimensões globais. Também, pudera, todas as outras mídias estão convergindo para o mesmo ponto, tentando se adaptar há uma sociedade que nunca navegou em 56 kbps e talvez nunca reconheça o som de uma placa fax-modem.

Jornal, até alguns atrás, era sinônimo de texto blocado e pilhas de papel. Hoje, as mesmas informações se encontram de forma mais leve e dinâmica na web, nos mais diferentes formatos, mas o essencial continua: o fato e o jornalista. E se não é fácil conseguir seu lugar ao Sol em redações de grandes empresas, é possível explorar novos espaços na internet. A PRODUÇÃO DE CONTEÚDO, para jornais/revistas digitais e sites corporativos para quem é bom com textos e entende como funciona as relações na web, se mostra como alternativa do mercado tradicional.

profissionalização da

Com a profissionalização da internet veio também a profissionalização da aparência da web e funcionalidades.

Para isso existem os WEB DESIGNERS, que desenham como será a aparência do site, blog ou aplicativo e planejam, de acordo com a necessidade do cliente, as funções que a página precisará atender. Definido isso, o PROGRAMADOR tem a missão de traduzir para a linguagem web o que foi definido pelo web designer e fazer tudo funcionar. O ARQUITETO DA INFORMAÇÃO trabalha em conjunto com essas duas áreas e é o responsável pela melhor navegabilidade.

web Com a popularização da internet, a profissionalização do seu uso fez com que surgissem várias novas profissões voltadas para esse meio. A transição do meio analógico para o digital fez muita gente repensar a vida profissional.

Marina Ribachi

O alcance e potência de seu site é encarregado pelo TRAFFICKER e verificados pelo especialista em análise da web. É ele o responsável em interpretar a relação do marketing online com as informações retiradas das estatísticas. Com essa análise é possível adotar medidas para melhorar a performance online. Além disso tudo, se algo der errado no computador ou na conexão com a internet, é só chamar o técnico de suporte.

Um endereço na internet pode envolver muita gente e também movimentar muito dinheiro. Para cada necessidade existe a brecha para um novo emprego e cada vez mais a demanda aumenta. Todo mundo quer conquistar seu espaço e, felizmente, na internet ainda há muito para explorar.

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Para o site ou blog ser conhecido, é preciso estar presente nas redes sociais.

O papel do GERENTE DE COMUNIDADES E REDES SOCIAIS é de ser esse elo entre empresa e cliente, fomentar a interação e responder comentários sobre a empresa.

Para ser bem posicionado nas buscas, o especialista em SEO (Search Engine Optimization) otimiza o site com palavraschave e tem a função de fazer com que o site seja líder de ranking no que se propõe.

INTERNET DO LADO, TRABALHO DOBRADO Larissa Ott Ribeiro

O surgimento das novas profissões com a chegada da web

D

esenvolvedor Web, Web Design, Arquiteto da Informação e Consultor de e-business, profissões que você não sabe direito o que faz, mas já deve ter ouvido falar. Essas são algumas das profissões que surgiram com o advento da internet, há cerca de dez anos, e tem aumentado nos últimos tempos.

A internet trouxe o mundo para perto das pessoas em um simples clique. Como tudo que é novo demanda trabalho e demanda também mão de obra, com essa ferramenta não foi diferente. Com a tevê vieram os apresentadores e repórteres, com o rádio os locutores e radialistas e com o meio de comuni-

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cação chamado internet, claro, os programadores, digitadores, analistas de sistemas, técnicos em eletrônica e web designer s e mais uma infinidade de ‘’nerds’’, como eles se auto- definem.

Pedro Jardim, que trabalha como Analista de Sistemas na empresa Dell, acredita que as pessoas optam por trabalhar com a internet porque, segundo ele, além da globalização em que o profissional pode conhecer diversas pessoas do mundo inteiro e ter contato com outras culturas, a internet trouxe flexibilidade para essas pessoas.

Hoje, um profissional pode trabalhar de qualquer lugar que haja uma conexão com a Internet, seja em casa, no aeroporto

ou até mesmo em seu smartphone.

Já, Christiano Almeida, que é representante de vendas da mesma empresa, disse que já ganhou muitos prêmios e que o mais gratificante é que empresas que lidam com tecnologia da informação costumam valorizar muito os seus colaboradores, porque sabem que nessa área tem muita gente qualificada e que se atualiza o tempo inteiro.

A conectividade está presente no nosso dia a dia há pouco tempo e há quem pense que não sabe mais viver sem, alguns já nasceram até conectados, o que abriu caminhos para aqueles que pensam que internet não é só diversão. É pelas mãos dessas pessoas que conseguimos ter acesso a tudo que essa ferramenta pode nos proporcionar. Algumas profissões surgiram, outras se reformularam e o mercado se expandiu, abrindo espaços para profissionais com criatividade..

Tem lugar para todos aqueles advogados, engenheiros, arquitetos, designers que começaram uma carreira de um modo e agora fazem seus trabalhos através de comunicação online.

Fora o universo inimaginável de novas profissões que aconteceu através do uso da conexão, como desenvolvedor de aplicativos móveis, agente de memes, curador digital, webdevelopper, trafficker, gestor de usabilidade e outros nomes que ainda nos soam estranhos, mas, para eles, é como se existissem desde que o mundo é mundo.

O Desenvolvedor Web e dono da página ‘’Acontece na Cidade Baixa’’, Henrique Montene-

gro, de 23 anos, conta que o ponto que ele considera mais importante na internet é que “tornou a informação muito mais acessível para as pessoas”. Apesar da pouca idade, Henrique agora também trabalha, como Analista de Teste e diz que está sempre querendo se aprofundar mais sobre questões tecnológicas.

- Acabo sendo referência para os amigos na área de tecnologia, mesmo quando a dúvida é sobre outra área da informática, ela acaba chegando para mim. (Risos) Ele conta também que muita gente não sabe direito o que ele faz, mas que mesmo assim ele se sente importante na vida das pessoas.

- Construo plataformas que gerenciam o conteúdo postado na web, arquiteto e desenvolvo todo o sistema que torna possível publicar a informação na internet. Sei que é difícil de entender, mas acredito que de algum jeito meu trabalho permite que alguém consiga trocar experiências e tenha a oportunidade de conversar com seus amigos, independente da localização geográfica.

Para alguns, diversão, para outros, trabalho.

Quem vê de fora ainda acha que os profissionais que lidam com internet passam o dia navegando no Facebook, mas as coisas não são tão simples assim, pois este trabalho requer paciência e dedicação. Com o salário atrativo e a grande oferta no mercado de trabalho, há quem acredite que o rumo que o mundo está tomando em relação a vida online, fica sendo uma boa opção abrir um negócio neste ramo.

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m a t s o p a s a t s i l a n Jor s o d o ã ç a u q e d a e r na r e t n a m a r a p s o l u veíc s a d e d a d i l a u q a a r e a n s e õ ç a m r o f in da internet Cristiane Franco

A

história recente do jornalismo mostra que a cada nova plataforma que surge, as especulações sobre os riscos de outra sucumbir é iminente. Quando o rádio surgiu, acreditava-se que o impresso desapareceria. Da mesma forma aconteceu com o rádio, a partir do surgimento da televisão. Na última década, o que vimos foi o crescimento da internet e sua confirmação como um suporte para novos meios de comunicação. O uso da Internet pela Imprensa passou a ser considerado imprescindível, a partir da necessidade de dar a notícia de forma imediata.

Com isso, problemas como erros de informação e excesso de dados processados pelos leitores tirou a profundidade dessas informações. As notícias nem sempre tem a apuração necessária e a busca pelo “furo” e pelo ineditismo se transformou numa batalha. A apropriação das redes sociais e a participação do leitor/telespectador/ ouvinte como parte e/ou fonte de informação, mesmo que não qualificada para isso, tem sido pratica costumeira dos veículos. Ainda as-

sim, não há consenso sobre os prejuízos e os lucros dessa nova forma de fazer jornalismo. Editores, redatores e assessores enfrentam um a batalha diária para entender esse processo de mudança.

Mestre em comunicação social e há 30 anos atuando no mercado jornalístico, Francisco Telmo de Queirós Filho, faz uma análise histórica e crítica da forma como têm sido utilizadas as ferramentas digitais. Para ele, o surgimento do jornalismo online provocou uma cobrança com relação à velocidade da produção noticiosa e, consequentemente, uma queda expressiva na qualidade. “Estas produções acabaram por suplantar as preocupações com a qualidade da informação publicada. A maior prova disso é a grande frequência de informações incorretas. É só verificar na cobertura online de notícias para verificar que estão sendo esquecidos vários aspectos do jornalismo em nome da instantaneidade”, analisa.

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Não há consenso sobre os prejuízos e os lucros dessa nova forma de fazer jornalismo

Telmo acredita que o jornalismo precisa se reinventar, buscando na prática uma forma mais crítica, e voltar a apuração das matérias em detrimento ao furo, apenas. “O Gabriel Garcia Marques já dizia que “a melhor notícia nem sempre é a que se dá primeiro, mas muitas vezes a que se dá melhor”, por isso acredito na seriedade da apuração e não apenas no furo, em detrimento à qualidade da informação”. O jornalista acredita ainda que os periódicos precisam de uma nova forma de atuação, promovendo mudanças radicais em seu conteúdo. Estes periódicos não serão mais mídia de massa, mas continuarão exercendo papel relevante como balizadores da opinião e informação qualificada.

Leandro Fontoura e Equipe ZH

O que acontece com os veículos tradicionais Há 20 anos, Leandro Fontoura começou a trabalhar como jornalista.

Do seu primeiro emprego, no grupo de comunicação da sua cidade natal, ao cargo que ocupa hoje na maior empresa jornalística gaúcha, ele assistiu mudanças importantes na divulgação das notícias em razão da rede internacional de computadores. Mesmo sendo de uma geração de profissionais que vive, na prática, as alterações provocadas pelo uso intensivo das plataformas digitais, ele acredita que nenhum veículo irá se extinguir em função dessa mudança.

Editor de notícias do Jornal Zero Hora, ele não acredita no fim desses meios de comunicação, mas na sua transformação. “A imprensa vai se manter por servir como filtro de assuntos importantes ao interesse público, fiscal das ações de organizações públicas e privadas e como instrumento capaz de assegurar um fluxo de divulgação de informações confiável à

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sociedade. Sua própria credibilidade e permanência depende do juízo feito por seu público. Então, jornais vão permanecer, não necessariamente no formato atual”, disse. Ele afirma que o jornal impresso vai desaparecer, mas suas características vão garantir sua existência no ambiente digital.

Da mesma forma pensa a chefe de reportagem da Rádio Guaíba, Fernanda Bagatini, que com 16 anos de experiência jornalística, acredita que um meio não suprime o outro. “As pessoas seguem ouvindo rádio, mesmo com tantas plataformas tecnológicas disponíveis. Os usuários vão se adaptando aos meios e usando todos. Na realidade, um complementa o outro. Apesar de podermos ler os jornais em plataformas digitais, muitos leitores ainda preferem manusear o papel para sua leitura diária. Por isso, acredito que o jornal impresso ainda vai se manter por mais tempo.”

Integração das mídias As redes sociais, o uso dos portais e sites oficiais garantiu uma produção jornalística diferenciada.

Uma nova linguagem e o uso de elementos como vídeos produzidos pelos jornalistas e por leitores passaram a fazer parte da divulgação da notícia. Estudiosa do jornalismo e dos usos dos meios digitais para a divulgação da informação, a jor-

Produção de textos, vídeos, fotos, infográficos e áudios será desvinculado dos antigos veículos que antes usavam essas ferramentas de forma exclusiva. nalista Letícia Giacomelli acredita na readequação dos periódicos.

“Os fatos recentes que envolvem o jornalismo mostram que existe uma tendência crescente de alinhamento das mídias, ou seja, elas ficam cada vez mais parecidas para atender a um novo leitor, acostumado com o texto curto, direto e superficial da internet. O que, nem de longe representa qualidade, muito pelo contrário”, avalia.

Por essa razão, Letícia acredita que os jornais precisam se preocupar em se relacionar com a linguagem da internet de forma que seu

público os reconheçam. “É preciso que, embora em espaço diferente e respeitando as adequações necessárias, a linha editorial, a preocupação com o texto e a apuração da notícia devam manter a mesma qualidade do impresso”, explica. “Mas, infelizmente, me parece que os jornais se perderam um pouco nessa migração, pois o que temos visto é justamente o esquecimento da pauta trabalhada e do texto revisado, dada a cultura do imediatismo a qual a internet parece presa”, aponta.

Em termos de plataformas digitais da imprensa tradicional, segundo Leandro Fontoura, há uma crise de identidade que terá de ser resolvida. “Como jornal, rádio e TV eram processos industriais separados um do outro até agora, a junção dos meios na internet ainda gera desconfortos, principalmente aos profissionais. Afinal, somos uma rádio, uma TV ou um jornal? Em algum momento, a produção de textos, vídeos, fotos, infográficos e áudios será desvinculado dos antigos veículos que antes usavam essas ferramentas de forma exclusiva”, avalia.

Para Fernanda Bagatini, a tecnologia emergente de comunicação como a Internet e todos os seus recursos tecnológicos e suas principais aplicações deveriam ser bem mais conhecidas e debatidas de uma forma crítica pelos jornalistas. Talvez, à medida que forem amadurecendo a utilização destas mídias, os conteúdos fiquem mais adequados ao formato do novo meio, como foram desenvolvidos com as linguagens radiofônica, cinematográfica e televisiva.

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Letícia Giacomelli

Fernanda Bagatine

jornalistas

“Enquanto essa mudança de plataformas for conduzida como algo experimental, o desafio da qualidade se manterá no horizonte” Leandro Fontoura, editor da Zero Hora A inclusão digital e o jornalismo multimídia A popularização dos dispositivos móveis (celular, tablet e outros) permite que hoje, os consumidores de notícias (leitores, ouvintes) também passem a produzir conteúdo e distribuam nas redes sociais. Mais do que aproveitar o que é divulgado em redes, jornalistas também carregam a sua produção audiovisual em seus equipamentos, particulares ou da empresa. No entanto, há uma preocupação acentuada na qualidade do que está sendo produzido em nome da integração dos meios e da convergência das mídias.

Fontoura acredita que o jorna-

lismo multimídia ainda tem muito a amadurecer. “Não é impossível produzir com qualidade, mesmo trabalhando com diferentes linguagens ao mesmo tempo. O problema aqui não está na capacidade técnica (ferramentas tecnológicas) e profissional (conhecimento das pessoas)”, avalia. O jornalista explica que o problema está na capacidade e interesse da indústria de investir recursos suficientes para garantir uma produção complexa.

“Enquanto essa mudança de plataformas for conduzida como algo experimental, o desafio da qualidade se manterá no horizonte”, afirma.

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Letícia Giacomelli também acredita que a proposta do jornalismo multimídia funcionará apenas com o investimento em pessoal. A única forma de atuar com qualidade em plataformas diferentes é tendo jornalistas devidamente treinados para cada área, ou para trabalhar com várias ao mesmo tempo, mas capacitados especificamente para isso e com a quantidade de pautas reduzidas”, pondera. “Várias demandas para serem produzidas para vários formatos diferentes, dentro de um mesmo turno, tem sido a realidade dos profissionais, isso só abre precedentes para o erro.”

Entre o real e o imaginário

O jornalismo não pode perder sua identidade e princípios. Não é impossível produzir com qualidade mesmo trabalhando com diferentes linguagens ao mesmo tempo

Para o mestre em Comunicação Social, Francisco Telmo, a seleção de informações é parte de um particular processo fragmentador da realidade, cuja constatação quase nunca é possível de forma direta. “Vivemos a fragmentação, o imediatismo e a fugacidade.

Simulações de todo o tipo tomam o primeiro plano na produção jornalística e passamos a flutuar entre o real e o imaginário e, talvez, um modo sutil dessa operação que muitas vezes fizemos sem consciência da não realização da notícia, como ela deveria acontecer”, avalia.

Por mais que os meios mudem, se aprimorem, o jornalismo não pode perder sua identidade e princípios.

A notícia não pode deixar de prestar seu serviço de informar e garantir a verdade, por mais duvidosa que possa parecer, aqueles a quem ela pertence por direito. É fato que o jornalismo precisará se readaptar não somente às novas mídias, mas, principalmente, a sua própria nova existência. É necessário uma realocação da área no mundo. Que tipo de jornalismo se faz hoje e para que serve? A sua existência atende somente a uma demanda incrivelmente grande por qualquer tipo de informação ou a imprensa é a garantia da manutenção da democracia? É preciso ter em mente que somente poderemos imaginar os rumos do jornalismo depois de exauridas as discussões sobre a sua verdadeira função social.

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Eles estão

U

m lugar lotado de pessoas, de diversos locais e com diferentes estilos, mas todos com um único interesse: os jogos! Assim aconteceu a SBgames, evento que reúne desenvolvedores de jogos independentes, empresas do ramo da Rodrigo Viegas tecnologia e claro, um público apaixonado pelas experiências virtuais. Foram 3 dias de feira, cerca de mil pessoas passaram pelo evento que aconteceu do dia 11 até o dia 14 de novembro, na Pontifícia Universidade Católica, a PUC. Durante o período quem visitou o local pode apreciar os jogos, experimentar os novos periféricos e ainda conversar com desenvolvedores de grandes estúdios.

A proposta da SBgames é aproximar grupos de pessoas ligadas a todos as áreas relacionadas aos games, como arte e cultura, propor a apresentação de novos métodos científicos e expor jogos inéditos.

Além disso, este foi o primeiro ano em que ocorreu o “SBgames: Kids and Teens", um espaço dedicado para as crianças e adolescentes experimentarem os jogos expostos. Segundo a organizadora geral do evento, Soraia Musse, foram 80 empresas apresentando seus respectivos jogos pela primeira vez. Mas não se engane com esse número, segundo Soraia o processo de seleção é bastante rigoroso e foram mais de 300 inscrições ao todo. Quando perguntada sobre qual jogo havia lhe chamado mais a atenção, Soraia citou o game Toren, que inclusive foi desenvolvido no Rio Grande do Sul. E complementou, “minha maior satisfação é ver o resultado das

entre nós

Personagens A SBgames teve a participação de palestrantes internacionais, como a desenvolvedora da That Games, Keller Santiago. A desenvolvedora de Keller ganhou bastante destaque com games como Flow, Flower e o surpreendente Journey, todos jogos exclusivos do Playstation 3. Além de conversas com os expectadores, Keller circulou pelos estandes e conferiu os jogos expostos. Segunda a desenvolvedora do evento foi algo surpreendente para ela, e ver que o Brasil está produzindo jogos tão criativos é maravilhoso. Keller também destacou o game Toren, quando perguntada sobre o assunto.

Falando em Toren, não é a toa que o game é o primeiro brasileiro con-

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Que lugar é esse?

Se você ainda não experimentou a realidade virtual a pergunta talvez soe estranha, mas é exatamente isso que você vai pensar quando o dispositivo estiver em pleno funcionamento, diante dos seus olhos. Tivemos a oportunidade de testar o Óculos Rift, dispositivo desenvolvido pela Óculos VR, que promete, e cumpre, a meta de trazer muito mais imersão à jogos e outras experiências no mundo virtual. A primeira imprensão que se tem, ao ver o óculos, é de que ele possa ser algo desconfortável devido ao peso. Impressão essa que logo é desfeita ao se ajustar as tiras que o sustentam junto a sua cabeça. O dispositivo é leve e bastante confortável, são apenas 400g.

Infelizmente, nosso uso não ultrapassou a média dos 5 a 7 minutos, o que nos impede de dizer se a continuidade poderia causar algum desconforto, embora essa possibilidade pareça ser pequena. As demos que estavam disponíveis foram proporcionadas pela Napalm Studio e pela Atomic Rocket. O primeiro proporcionou uma espécie de tour por um ambiente digital formado por corredores que nos levariam até uma sala. Durante o percurso podemos movimentar a cabeça e corpo livremente, sendo que qualquer mudança física se reflete em consequências no ambiente digital. A resposta é muito rápida e os movimentos bastante fluidos. Já, a segunda demonstração obtida no estande da Atomic Rocket foi o segundo kit de desenvolvimento fornecido pela Óculos VR que, além de mais confortável, oferece ângulos e respostas ainda melhores que o primeiro

firmado para a plataforma mais recente da Sony, o Playstation 4.

Esse, com certeza, foi um dos games mais disputados nos estantes da SBgames. Como citamos antes, o jogo foi desenvolvido no Rio Grande do Sul e faz parte do gênero “adventure” com algumas pitadas de puzzle. Segundo um dos desenvolvedores do jogo, Alessandro Martinello, suas principais influências estão em uma das maiores franquias da gigante japonesa Nintendo, o game The Legend of Zelda. Alessandro se disse um grande fã das franquias da Sony e do console Playstation, “são jogos mais artísticos, para um público mais adulto” opinou.

O game Toren estará disponível também para Windows e Mac. A previsão é que o game chegue

entre fevereiro e março de 2015.

Um evento destinado a jogos, é claro, estaria lotado de jogadores. É o caso de Vitor Lopes, que foi atraído, principalmente, pelo espirito independente da feira, que privilegia desenvolvedores independentes e promove, antes de mais nada, o incentivo a pesquisa. Essa característica é ainda mais evidenciada no relato do jovem que afirmou ter aprendido muito durante as palestras que frequentou. Segundo Vitor a SBgames proporciona uma experiência diferenciada para seus visitadores. O estudante ainda destacou dois periféricos: a impressora 3D e os óculos de realidade virtual.

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dispositivo, graças a introdução de um sensor chamado acelerômetro, que permite a percepção de mais eixos ao óculos.

Nesse modelo podemos experimentar uma espécie de sala virtual. O que pudemos perceber, também, foi que nos modelos de desenvolvimento ainda fica bastante nítido os pixels nas imagens reproduzidas pelo periférico. Em tempos de smartphones com telas cada vez maiores e resoluções ainda mais estrambólicas, parece ser um dos desafios a serem resolvidos pela empresa fabricante. Outro detalhe que pode atrapalhar a utilização é a limitação ao uso sem óculos de grau, o que pode ser um belo incômodo para pessoas com alguma dificuldade visual. Os óculos de realidade virtual são esperados para chegar ao mercado em algum momento de 2015.

Empresas como Sony e Samsung também estão entrando na disputa enquanto a Microsoft também já se mostrou interessada na tecnologia.

Impressão em dupla, tripla, ou múltiplas faces As impressoras 3D ainda estão caminhando para encontrar seu lugar nas casas dos usuários comuns.

Entretanto, a tecnologia já está presente em outras áreas destinadas ao uso profissional. São várias as possibilidades oferecidas, desde peças em plástico até próteses dentárias e ortopédicas. Elas são precisas, pequenas e incríveis. Sim, incríveis! É realmente impressionante a maneira com que um modelo 3D visualizado apenas com a ajuda de um computador, consegue se materializar diante dos seus olhos através dessas máquinas. Pudemos presenciar a construção de bonecos e peças que formam novos objetos como óculos e estátuas. Apesar de muito competentes, as impressoras 3D precisam de bastante tempo para completarem o serviço, algo em torno de 4 horas dependendo também do tamanho das peças.

O processo acontece após a máquina aquecer o material até a temperatura desejada, a partir daí a impressora inicia a prototipagem - nome pela qual a impressão 3D também é conhecida - e não para até que tudo esteja concluído. É importante ressaltar também que apesar da demora para a conclusão dos objetos, as máquinas podem trabalhar 24 horas por dia, como ressalta o representante da Cliever Tecnologia, João Ricard. A Cliever foi a primeira empresa a trazer a tecnologia para o Brasil, produzindo as impressoras 3D com um preço até 4 vezes menor do que os modelos importados.

Hoje, quem quiser levar um brin-

quedo como este para casa terá que desembolsar cerca de R$ 4,600, preço ainda bastante salgado, mas que já tem atraído entusiastas de tecnologia a investir o alto valor para ter a novidade.

Exemplar de Impressora 3D

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estudar com papel e caneta ou

dispositivos digitais?

Tarso Ribeiro

C

om o fácil acesso aos smartphones, tablets e demais dispositivos móveis, nossa vida se tornou muito mais prática. Tão prática que, sempre que precisamos anotar alguma coisa ou acompanhar uma aula, não hesitamos em lançar mão do uso da tecnologia, deixando de lado o bom e velho papel e caneta. Porém, estudos recentes comprovam que aqueles que utilizam papel e caneta tem maior facilidade para memorizar o conteúdo.

Um estudo da revista Psychological Science colocou estudantes em uma palestra para tomar nota usando papel e caneta, e fez o mesmo com outros estudantes, só que esses dispunham de um laptop. Depois, eram submetidos a provas sobre as palestras que tinham assistido.

As notas dos universitários mostraram que, aqueles que escreviam à mão tinham notas melhores, respondendo perguntas conceituais. E os alunos "digitais" tinham notas piores, conforme passava o tempo.

Para os neurocientistas realizadores da pesquisa, Pam Mueller e Daniel Oppenheimer, da Universidade de Princeton, transcrever informações para os laptops é "fácil demais" e por isso, não há necessidade de realmente prestar atenção e compreender o que foi dito.

Por ser mais fácil de manusear, os dispositivos digitais ativam menos áreas do cérebro, se comparados

com o tradicional papel e caneta. É o que demonstra a tecnologia denominada PET SCAN (Positron Emission Tomography Scanner) que permite mapear, em tempo real, as regiões do cérebro que estão sendo utilizadas durante a execução de alguma tarefa.

Usando esse recurso, evidenciase que escrever à mão e ler em papel produz uma ativação muito mais rica de várias regiões do cérebro, do que digitar e ler em uma tela. Ler notícias em um jornal impresso e ler as mesmas notícias em uma tela de computador resulta em níveis de retenção consideravelmente diferentes. Escrever à mão em letra cursiva estimula muito mais regiões do cérebro, do que escrever em letra de forma, e isso, por sua vez, estimula muito mais do que simplesmente digitar.

“Na área de neurociências sabe-se que aprendizagem significa reconfiguração de redes neurais. Fazer um cérebro aprender algo é alterar a topologia das redes neurais, é sofrer alterações físicas. E quanto mais se estimula áreas do cérebro, mais se altera fisicamente as redes neurais e mais se aprende”, afirma o professor e especialista em neuropedagogia, Pierluige de Piazzi.

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Daniel Oppenheimer, neurocientista

do caderno ao

TECLADO Tamires Tuliszewski

O

jornalismo vem passando por diversas mudanças nesse período em que vivemos, onde tudo é digital e as coisas estão a um clique de distância. Os profissionais que ali trabalham são obrigados a se adaptarem a essa nova realidade. Dentro desse contexto, surgem algumas questões: há os que defendem que o jornal impresso, aquele que compramos na banca, há de morrer. Já outros defendem que a internet acrescenta ao jornalismo, abrindo mais possibilidades aos profissionais da área.

Para a professora de Webjornalismo, Vanessa Hauser, a teoria sobre o fim ou não do impresso é irrelevante pois, segundo ela, o público que consome o jornalismo na internet, não é o mesmo do jornal impresso. “A abordagem muda, pois o público que consome informações na internet é diferente do que consome o papel. Nesse sentido, aparecem mais vídeos, fotos, infográficos interativos

e a minha percepção inicial é que a informação é tratada para ser algo mais breve e de rápido consumo.” Vanessa ainda defende que: “a internet possibilita uma mensuração mais exata daquilo que agrada os leitores ou não, isso faz com que o jornalismo online esteja muito mais atrelado à audiência, ao que ela quer.”

O que os grandes veículos buscam fazer é criar uma relação entre o seu jornal impresso e a internet, já que o conteúdo da internet é pensado para ser diferente. O internauta, normalmente, tem uma percepção mais rasa da notícia. Quando acessa o site de um veículo de comunicação procura se informar, apenas para saber o que está acontecendo. Para um maior aprofundamento, aí sim, compra uma revista ou jornal, que fará um trabalho de reportagem mais aprofundado. A professora Vanessa também acredita que o consumo de conteúdo na internet é, sim, diferente: “as coisas acontecem mais rapidamente, e no meio de tantas possibilidades de informação, acabamos não dedicando tanto tempo a uma matéria só ou a uma informação. Vamos pulando de galho em galho pra se informar sobre várias coisas ao mesmo tempo. Por isso, acho que

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a leitura na internet é mais apressada, mas também, ao mesmo tempo (talvez), mais plural e contraditória, porque a oferta é muito variada.”

Na concepção dessa jornalista que vos escreve existe espaço para todos, tanto o online quanto o jornal de papel. A internet não deve ser vista como uma ameaça aos jornalistas e sim como um campo de trabalho com muitas oportunidades. Por fim, um fator muito interessante que a internet nos oferece, como jornalistas é a Interatividade. Agrada as pessoas de uma forma geral a chance de participar, opinar.

O leitor toma voz de quem vive e faz a notícia. E isso, de certa maneira, engrandece e muito o jornalismo. Mas, também ocorre um impacto negativo neste mesmo jornalismo que é engrandecido pela interatividade, já que esse jornalismo nunca foi tão questionado como é hoje. Nessa nova esfera virtual passam a circular na internet (principalmente nas redes sociais) outras interpretações sobre os acontecimentos, o que acaba, por vezes, trazendo outros desafios e pontos de vista diferentes de como produzir o jornalismo, o que pode assustar o profissional que ali trabalha.

Não se aflijam colegas jorna-

O que os grandes veículos buscam fazer é criar uma relação entre o seu jornal impresso e a internet listas! Os grandes veículos ainda estão em processo de adaptação.

Aos profissionais que vivem, desde sempre, essa geração digital, e que na faculdade tiveram oportunidade de aprender sobre o jornalismo em sua forma digital, estão um passo à frente. Aos demais basta apenas aprender e se adaptar. Já passamos por isso antes.

Quando a TV surgiu não se dizia que o rádio ia morrer?

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EAD

1728

Um anúncio publicado na Gazeta de Boston já demonstrava um questionamento a respeito da educação. "Toda pessoa da região, desejosa de aprender esta arte, pode receber em sua casa várias lições semanalmente e ser perfeitamente instruída, como as pessoas que vivem em Boston", foi o que disse Cauleb Phillips, professor de taquigrafia da época.

A evolução do ensino à distância Jackeline Amorim Cunha

1850

Agricultores e pecuaristas da Europa trocavam correspondências que explicavam qual era a melhor forma de plantar e cuidar dos rebanhos. Assim, como cartas com conteúdo científico que eram trocadas durante a Revolução Científica, que começou no século XVII.

histórico

1856

em Berlim, Charles Toussaint e Gustav Langenscheidt fundaram a primeira escola por correspondência, com foco exclusivo em ensinar línguas. Já, em 1873, também em Boston, Anna Eliot Ticknor criou a Society to Encourage Study at Home (Sociedade de Encorajamento do estudo em casa).

Em 1891, Thomas J. Foster iniciou o International Correspondence Institute (Instituto Internacional de Correspondência), na Pensilvânia, um curso à distância sobre segurança no trabalho de mineração.

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Senta que lá vem a história... brasileira

N

o Brasil, o ensino a distância tem cerca de 70 anos de história. A primeira instituição que usou este ensino foi o Instituto Radiotécnico Monitor, fundado em 1939, por Nicolás Goldberger. O primeiro curso EAD do país foi o técnico de rádio, cujo material era enviado impresso pelo correio.

Além dele, em 1947, o Senac e o Sesc, com a colaboração de emissoras de rádio, se uniram e criaram a Universidade do Ar em São Paulo. A instituição fornecia cursos comerciais radiofônicos. Cerca de 318 localidades foram atingidas e oitenta mil alunos alcançados. Apesar de existir há todo este tempo, apenas agora a educação a distância tem se popularizado no Brasil.

De acordo com o Anuário Brasileiro Estatístico de Educação Aberta e a Distância, este ano, no país, a procura por cursos de graduação desta modalidade foi maior em relação aos presenciais. Segundo o Censo do Ensino Superior, a demanda por este ensino cresceu 52,5% em relação ao ano anterior. "Acredito que os fatores determinantes para o crescimento da modalidade EAD no Brasil resultam da dificuldade de se chegar aos grandes centros em determinados horários ou até a indisponibilidade de deslocamento. O fato de poder planejar-se e adequarse à rotina de estudos em horários flexíveis e, principalmente, pagar um preço mais baixo pelo curso é muito importante", diz Nina Ribeiro, pedagoga formada pela faculdade São Luís em São Paulo.

“O fato de poder planejar-se e adequar-se à rotina de estudos em horários flexíveis, e pagar um preço mais baixo pelo curso, é muito importante” - Nina Ribeiro, pedagoga

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Lei é lei Em 1996, foi instaurado pela Lei nº 9.394/96 a Consolidação da última reforma educacional brasileira, que passou a oficializar a educação à distância no Brasil como modalidade válida e equivalente para todos os níveis de ensino.

As instituições passaram a ofertar cursos de pós-graduação, já em 1997. Mas o Ministério da Educação começou o processo para credenciar oficialmente instituições universitárias para atuar com EAD apenas em 1999, o que só acabou acontecendo em 2002.

A geração do agora De acordo com a Virtual Network Index, indicador de tráfego de banda larga, que realizou uma pesquisa a pedido da Cisco Systems, uma multinacional sediada na Califórnia que trabalha com tecnologia e soluções para redes e comunicações, em 2018, os dados transmitidos mensalmente através de dispositivos móveis alcançarão a marca de 440 petabytes, ou seja, um crescimento de 1.100% em relação a mesma pesquisa do ano passado.

De forma mais simples, 68% da população brasileira terá acesso à internet, indo dos 81 milhões registrados em 2013 para um total de 142 milhões.

No começo deste ano, a Associação Brasileira de Telecomunicações registrou 133,7 milhões de acessos à internet em banda larga, um crescimento de 55% em relação ao ano anterior. A banda larga móvel das redes 3G e 4G são responsáveis por 111,4 milhões de conexões.

Segundo o Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação, órgão ligado ao Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR e Comitê Gestor da Internet no Brasil, o número de brasileiros que acessa a internet pelo celular cresceu 106% em dois anos.

Esta é a mesma geração que, segundo o Sis-

tema de Seleção Unificada, ingressa no mercado de trabalho mais cedo, e que tem buscado mais as Universidades em comparação com anos anteriores.

“Eu acredito que estes cursos só tendem a crescer no Brasil. Hoje em dia, as pessoas estão cada vez mais ocupadas, e os cursos EAD se adaptam a seus alunos. Eles são uma ótima saída para quem não tem disponibilidade de horário. Além do custo-benefício, acredito que o ensino a distância tem tudo a ver com a nossa sociedade atual, que é super conectada”, diz Mayra Grillo, professora do ensino estadual de São Paulo.

“Qualquer pessoa pode acessar através de um tablet ou smartphone o site do banco, email, redes sociais, e inclusive as plataformas EAD. Nossa geração tem muito mais a ver com esse tipo de ensino do que com o ensino tradicional e presencial que já conhecemos”, completa a pro-

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fissional formada em Letras na Universidade Santa Cecília e em Etnologia pela Universidade de São Paulo. “É necessário ressaltar, também, que essa modalidade de ensino se deve aos grandes avanços do acesso às tecnologias de comunicação e o seu crescimento surgiu das necessidades sociais e econômicas do Brasil. Estamos numa fase de consolidação do EAD no Brasil, principalmente no ensino superior, pois há Universidades que têm investido muito neste formato de ensino, devido à demanda”, concorda Nina Ribeiro.

“Hoje em dia as pessoas estão cada vez mais ocupadas, e os cursos EAD se adaptam a seus alunos.”

Quais são os tipos de Ensino a distância?

Podemos dividir os cursos EAD no Brasil em três tipos: os regulamentados pelo MEC, os livres, como os de música e línguas e os profissionalizantes, responsáveis por um crescimento nas carreiras pessoais.

Conforme os avanços tecnológicos e de comunicação de cada época, ainda podemos dividir a Educação a Distância em três gerações. A primeira seria a do ensino por correspondência, caracterizada pelo material impresso.

A segunda geração é a da chamada “Teleducação”, ou ainda, Telecursos. Aqui as aulas são expositivas, com fitas de vídeo e material impresso, patrocinadas por programas radiofônicos e televisivos.

A última geração possui ambientes interativos, com a eliminação do tempo fixo para o acesso à educação e às informações armazenadas. Esta terceira passou a acontecer graças à Internet, uma vez que a aula pode ser por teleconferência, chat, fóruns de discussão, correio eletrônico, weblogs e plataformas de ambientes virtuais.

- Mayra Grillo, professora do ensino estadual de São Paulo

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Ver para crer Dos 6 milhões e meio de universitários brasileiros, cerca de 15% estão matriculados em cursos a distância. A maioria das inscrições foi realizada em cursos livres, em busca de qualificação profissional, idiomas e preparação técnica. Atualmente, mais de mil cursos são regulamentados pelo Ministério da Educação.

Rodolfo Uber mora em Santa Catarina e aprendeu inglês, assim como tocar violão, sem precisar sair de casa. Ele usou o computador, a internet e suas ferramentas para aprender sozinho. “Com relação ao inglês, eu acabei aprendendo por osmose. Fazia aulinhas de inglês na escola, mas a maior parte do que eu aprendi foi com jogos de PC e videogame, pois eu jogava bastante na época. Essas coisas forçaram meu aprendizado. Ou eu aprendia ou não passava de fase. Esse é um aspecto importante do autoestudo. Primeiro de tudo, você tem que se esforçar”, afirma o jovem de 23 anos. “O que seria melhor: assistir um filme ou ir à aula de espanhol? Que tal assistir um filme em espanhol sem legendas? A motivação é o principal elemento

do autoestudo”, completa o administrador formado.

Adriana Menoli, de 37 anos, morou 10 anos em Boston, cidade do estado de Massachusetts, nos Estados Unidos. Há dois anos ela voltou a morar em Cascavel, no Paraná e, desde fevereiro de 2013, ela trabalha dando aulas de inglês via Skype, através do LOI. Este sistema de aulas de inglês contrata professores nativos ou que moraram exterior por anos, onde o aluno pode optar pagar apenas uma ou um pacote delas. Adriana afirma que o calendário da LOI e o acesso aos materiais são muito simples. O professor coloca seu nome de usuário e senha e acessa o sistema, que permite ao professor fazer anotações, verificar quais aulas tem no seu calendário semanal e quais os horários disponíveis. Se o aluno tem aula com vários professores, estes trocam informações escritas.

Quando questionada sobre a evolução dos alunos na língua, a professora foi categórica em dizer que é nítida tanto para ela quanto para o próprio aluno.

“A evolução depende do estudo contínuo e guiado. O progresso pode ser notado em diversas áreas: fala, compreensão, pronúncia, escrita e por aí vai. O diagnóstico de nível de inglês do aluno é feito na aula experimental. Faz-se várias perguntas para verific� car o nível de conhecimento e pode-se utilizar também o teste diagnóstico, com perguntas escritas. Eu me baseio em minha experiência, consigo detectar facilmente em qual nível o aluno se enquadra. O mais curioso é que pode ser mais de um, por exemplo, o aluno é iniciante na fala, mas intermediário na compreensão”, diz a professora de inglês, também formada em Nutrição.

Segundo o Anuário de Educação a Distância, a região Norte é a que mais participa destes cursos. Região Sudeste e Sul são as que mais oferecem ensinos à distância.

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Em entrevista sobre o assunto, Existem basicamente três tipos de EAD: o que é Walter Doell, gerente de prorealizado em um polo [local de apoio presencial jetos e consultor da empresa do EAD, credenciado pelo Ministério da EduKyrion, focada em consultoria cação (MEC); uma universidade, por exemplo] para instituições de ensino, sem uso de conectividade, feito através de livros. afirma que “estes métodos de Um exemplo é o Instituto Universal Brasileiro ensino têm sido bem eficazes existente desde 1941, que oferece cursos profise aceitos”. O que se percebe é sionalizantes, técnicos e supletivos, ele é realizado que este método tradicionaltotalmente por correspondência. Outro tipo é o mente, não atinge um púhíbrido, que mescla atividades na internet, em um blico mais jovem, mas sim ambiente virtual de aprendizagem (AVA) e enconaqueles que desejam realizar tros presenciais. E, por fim, os cursos que possuem uma segunda graduação ou todo o processo realizado à distância, somente no mesmo a primeira, devido AVA. Nestes processos, o MEC exige que seja feita à praticidade e aos custos uma prova presencial, em cada disciplina, no polo que são mais baixos. de apoio.

1 2 As ferramentas digitais disponíveis hoje permitem que seja abolida a sensação de que mundos estão distantes ou incomunicáveis. Um ponto em questão, que vem sendo objeto de interesse, é o papel das Novas Tecnologias da Informação e Comunicação (NTIC) à transformação da Educação. O que mais emergiu neste contexto e deste vínculo entre Educação e internet foi o ensino à distância, o EAD.

3

NOVA FORMA DE APRENDIZAGEM PROPORCIONADA PELA INTERNET ­

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Vanessa Furtado

Ele afirma ainda que o método utilizado no ensino presencial não pode ser o mesmo do EAD “o professor geralmente faz uma transliteração e chama isso de ensino à distância, mas isso não é EAD”.

A internet exige outros mecanismos para sua metodologia de ensino, que sejam atrativos.

Com relação à eficácia do EAD, afirma-se que este modelo exige mais do aluno. Para Doell, como no EAD a pessoa já está inserida na internet, o foco dela já está ali e não fica dividido como em uma sala de aula, por exemplo, que a pessoa divide a atenção entre o professor e internet, através de smartphones e computadores.

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Além das conhecidas graduações à distância proporcionadas pelas universidades, existem também os MOOCs (Massive Open Online Course; em tradução, cursos online abertos e massivos) que permitem que o conhecimento seja acessado por milhares de alunos por turma.

Um exemplo é a plataforma Coursera, que disponibiliza cursos das melhores universidades do mundo: um aluno brasileiro pode realizar uma especialização ou MBA de Harvard, por exemplo. Já, outro exemplo de MOOC do Brasil são os da plataforma Veduca que uniu diversas universidades brasileiras que disponibilizam com os melhores professores e cursos para as suas especializações.

Estes cursos são gratuitos, é preciso pagar e se informar com um tutor caso o estudante queira seu certifi-

Outro tipo de curso à distância são os chama- Doell ainda afirma que dos SPOCs (Small Private Online Courses) em o futuro para a Educação e internet é que não tradução cursos online privados. Os SPOCs atuais são como uma evolução do antigo Insti- haverá mais esta divisão tuto Universal Brasileiro, citado anteriormente. entre estes dois mundos: a internet será utilizada para tudo, tanto na educação a distância quanto na presencial. O professor Estes cursos/ambientes menores são focados em nichos específicos, como a TI Exames, que precisa estar preparado para lidar com esta inserção da internet para potencializar a educação. é focada e especializada em cursos para formação de profissionais nas áreas da tecnologia A tendência é que o ensino a distância cresça cada vez mais em da informação e negócios, afirma Doell. Em comparação, entre estes dois tipos, os MOOCs âmbito mundial, de acordo com Doell. “Eu não vejo mais uma divisão entre EAD e presencial, a tendência é que isso desapadão uma abrangência e qualidade maior. O rigor e compilação de materiais faz com que o reça e seja visto somente como educação”. A mudança será no resultado final seja mais rigoroso e com mais compartilhamento de informação, o aluno deverá construir e produzir a informação e não somente recebe-la de um professor. qualidade do que iniciativas específicas.

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Professor recebe certificado de educação do

Google

O professor Mestre em Ciência da Computação da Ulbra, Eduardo Isaia Filho, participa de primeiro curso do Google voltado para educação na América do Sul

Q Giulian Serafim

uando estava terminando o segundo grau, Eduardo Isaia Filho, não tinha muito claro o que queria fazer na vida. Ele trabalhava na empresa da família e pensou em fazer o curso de Administração, mas “não gostava muito da coisa”, confessa Filho.

Na época, lembra que teve dois computadores, o MSX e o CP500, como gostava muito de passar o tempo navegando e acessando jogos com eles, decidiu: “vou estu-

dar informática”.

Mais tarde, ainda na faculdade, despertou o interesse em dar aula. Concluiu a graduação e fez mestrado na UFRGS. Onde ele estava dando aulas quando foi selecionado? Aqui, coloca os títulos dele, tipo, mestre, doutor em qual área.... Anos depois, foi selecionado para participar de um projeto do Google voltado para Educação: o GoogleTeacherAcademy. Nesta entrevista, Filho conta sobre sua experiência no curso promovido pela gigante da internet EM QUE CIDADE E PAÍS? e fala de como se sentiu sendo um googler.

Como você descobriu esse projeto do Google?

Foi pelo próprio site do Google, eu vi que eles estavam selecionando um grupo de brasileiros para participar da primeira versão do Google Teacher Academy. Quando eu soube, faltavam dois dias para encerrar o processo. Então, fiz tudo muito rápido, até o vídeo que eu deveria enviar para a fase de classificação foi muito amador, eu não tive tempo hábil de produzir o vídeo. Mas eu tinha um material muito rico, então, eu pude fundamentar o que eu estava falando. O “Projeto da Google” acontece, quase, no mundo inteiro e nunca tinha vindo para a América do Sul, quando vieram, começaram pelo Brasil.

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O que precisava fazer para participar da seleção?

Precisava enviar um mini currículo, compartilhar as experiências em que utilizou a tecnologia Google ou qualquer outra tecnologia em sala de aula. Depois tinha que fazer um vídeo com tempo exato de um minuto.

Enfim, foram vários processos de seleção, até chegar à seleção final.

Qual experiência tecnológica você utiliza em suas aulas?

Pra mim, que ensino Lógica de Programação, o Google ainda não oferece muitos recursos. O que eu encaminhei pra eles não foi material de meu uso em sala de aula, mas um projeto que eu tenho há mais de três anos, com ele, eu costumo visitar as escolas e mostrar aos professores quais são os recursos que eles podem utilizar em sala de aula. Então, não é especificamente da minha sala de aula, mas é desse projeto que eu tenho com escolas públicas.

Como você desenvolve esse trabalho com as escolas?

Eu vou às escolas, visito, converso com o diretor, com os professores, mostro a palestra, como funciona e, se os professores se interessam, a gente faz um trabalho mais direcionado para cada disciplina. Como, por exemplo, a gente apresenta ao professor de Geografia ferramentas que ele pode usar em sala de aula, e é assim também com o professor de História, Matemática, entre outros. Vai desde tecnologias Google, até outros tipos de tecnologia, como smartphones, tablets, enfim, o que puder trazer para tornar a sala de aula mais atrativa

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Os selecionados foram exclusivamente professores acadêmicos, ou havia professores de ensino fundamental e médio?

Não, professores universitários eram três, o restante era professor de ensino Fundamental e ensino Médio.

Chegou a se sentir um googler?

Sim, sim. Deu pra viver isso. A gente chegava às oito da manhã e saía as dez da noite, durante os dois dias, foi bem intenso. E realmente o Google é uma empresa que valoriza muito o bem estar do funcionário, você se sente muito bem lá dentro, não tem vontade de sair de lá. É uma empresa bem diferente de tudo o que a gente está acostumada a ver por aí.

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Chegou a ser surreal?

Algumas coisas foram. Do que eu posso falar, porque existe algum sigilo, eles têm muita comida à vontade. Eles acreditam que você não pode passar fome, que só vai produzir bons trabalhos, se estiver bem alimentado. É impressionante, é como entrar em um supermercado e escolher o que se quer comer.

O que o Google apresentou aos participantes?

Ferramentas Google como o Google Docs, Google Drive, praticamente ferramentas do Google Drive e um novo recurso que o Google está disponibilizando agora que é o ClassRoom, é um ambiente de sala de aula virtual. Isso já está disponível, é gratuito para as escolas que não tem fins lucrativos, elas precisam apenas se inscrever para utilizar.

É como se fosse abrir uma conta no Gmail, ou é mais complexo?

Não, é bem mais complexo. É como se fosse um ambiente NetAula/Moodle mas com muito mais recursos e funcionalidades, tanto para o professor, quanto para o aluno.

E como foi a troca de experiências com os outros professores, cada um tinha um projeto diferente, uma ideia diferente?

Isso foi muito importante, também. Antes de ir, todos os selecionados criaram uma apresentação pessoal com seis slides, onde cada um resumia o que fazia. Chegamos lá meio que conhecendo todo mundo.

Essa troca foi muito legal, porque dentro dos cursos você podia se apresentar e mostrar o seu projeto, explicando como você usava a tecnologia Google pra solucionar um determinado problema.

Teve algum projeto que chamou a sua atenção?

Todos me chamaram a atenção. É legal de ver como que, em diferentes lugares, têm pessoas pensando da mesma maneira, ou de maneira muito semelhante. A gente já conhecia Google Docs, Google Planilhas, mas usando isso e adaptando alguns recursos a mais, é possível ter um recurso muito útil e funcional para a sala de aula.

E os professores adaptavam os recursos às realidades específicas de sala de aula, para uma determinada disciplina: ou da Física, ou da Matemática, ou da Geografia, enfim.

E no pós-curso, existe alguma missão ou projeto?

Todos nós já estamos certificados e agora temos um plano de ação. Nós estamos definindo etapas e traçando metas para cada um, para continuarmos tocando o projeto, mesmo que distantes uns dos outros.

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E qual seria a sua missão depois que saiu de lá?

Eu estou montando um plano de ação nas escolas, quero continuar com esse projeto, mas torná-lo mais focado com a ajuda do que eu aprendi lá e, também, agregar mais professores interessados no programa. Fazer uma capacitação com os professores, mostrar que realmente vai facilitar a vida deles, porque o professor só vai querer usar uma tecnologia, se realmente ela facilitar a sua vida.

Para quem nasceu na era da internet, ter o tablet e o smatphone agregados ao ensino, é importante. Ter esse tipo de tecnologia na escola, ou usar aquele método antigo de escrever no quadro e copiar ainda é correto e adequado para aprender?

Esse foi um assunto muito discutido no grupo.

O que é melhor? Na verdade, os dois são bons.

O importante, hoje, é desconstruir um pouco a sala de aula. Você pode usar o quadro, pode usar o computador, mas a maneira como esse recurso vai ser usado tem que ser de uma forma atrativa, criativa. Havia professores lá que possuíam recursos muito escassos em sala de aula, apenas o quadro e o giz, mas usavam aquilo de uma maneira tão atrativa e criativa, que era interessante, porque prendia o aluno.

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E como é este processo?

Eles desconstroem a sala de aula, não tem mais aquele conceito de classe, de cadeira, tem mais interação professor/ aluno, não tem mais uma hierarquia.

Mas que é importante a tecnologia começar a entrar na sala de aula. A maioria desses professores, que não tem recursos e estão defasados em relação à aprendizagem em sala de aula, quando chegam à escola, a primeira coisa que dizem para a criança é “desliga o teu celular”. A criança chega em casa e a primeira coisa que os pais dizem é “usa o teu celular pra te distrair”. Isso torna a sala de aula um lugar chato e o aluno não quer estar lá. Então, vamos aproveitar isso de alguma forma positiva, em vez de ter essa tecnologia como empecilho pra aula. Essa é uma discussão bastante interessante e bastante longa, haviam vários pedagogos expondo suas ideias, também. Mas o ideal é ter um “meio termo”: nem só tecnologia, nem só quadro e giz.

CUL lixo TU A RAL lguns dizem ser a industrialização da cultura.

Outros, a má qualidade. E ainda temos o conceito da alienação. Mas afinal, o que vem a ser lixo cultural?

A conotação de informação desconectada de um propósito humanista, que tende a esvaziar os conteúdos estruturais da mente, também é sugestiva.

O consumo de lixo cultural também é apontado como sinônimo de fuga dos problemas do cotidiano. Mas será verdade que a maioria dos indivíduos é inerte e aprecia o lixo que recebe?

A terapeuta Ana Jung explica que “as pessoas que têm o que acreditam ser o necessário para a vida, preferem a alienação à preocupação com os problemas do país e do mundo. A produção cultural, dessa forma, atende ao consumidor satisfeito que quer se manter alienado”.

A afirmação leva a outra reflexão: será que aquilo que assistimos, ouvimos, vivenciamos, é o consumo a qualquer custo? Caso fosse verdadeira, a análise levaria a deduzirse que lixo cultural vem das influências e tendências das mídias que se utilizam da alienação para obter resultados a seu favor, audiência para seus programas e consumidores para seus anunciantes.

O Professor Universitário Doutor e Mestre da Ulbra e da Univates, Claudio Schubert, possui conhecimento em diversas áreas da Comunicação, Filosofia, Ética e Estética. Schubert atua, principalmente, nos campos da mídia, industrialização da cultura e construção do pensamento ocidental e modernidade. O professor concorda que os indivíduos tendem a ser inertes ao processo de consumo desse produto e aponta que todos somos consumidores e também produtores de lixo cultural.

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Cristine Luiza Schmit

As pessoas que têm o que acreditam ser o necessário para a vida, preferem a alienação à preocupação com os problemas do país e do mundo.

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P: O que é lixo cultural?

R: Existem diversas definições, mas particularmente entendo como aquela produção que se não existisse, não faria falta, ou melhor, poluiria menos as manifestações culturais.

P: O que caracteriza lixo cultural?

R: O kitsch, o grotesco, de mau gosto.

P: De que forma ele afeta o intelectual das pessoas?

R: Diria que afeta mais a sensibilidade das pessoas, pois o sujeito que tem pelo menos um pouco de lucidez intelectual não será muito afetado, mas no universo da sensibilidade estética, o lixo cultural tira espaço do bom gosto.

P: Como incide na formação do jovem?

R: Vejo que aqui encontra-se a questão central. A formação estética não é algo dado, mas o sujeito a adquire no contexto onde está vivendo. Especialmente com expressões ou pensamentos dominantes daquele contexto. Se o contexto cultural do jovem for permeado em sua maioria por expressões grotescas, de violência etc ele terá a tendência de reproduzir esses mesmos elementos ou pensamentos idênticos.

P: Quem são os principais consumidores?

R: De certo modo, todos nós “consumimos” e produzimos cultura. É claro, na nossa cultura Ocidental e especialmente brasileira, os jovens, por estarem em processo formativo

mais intenso e terem menos noção ou clareza do que realmente querem, ou por serem menos críticos; isto é, mais suscetíveis às novas tendências, estão mais expostos. O chamado adulto já formou, de maneira mais profunda, seus paradigmas e por isso é um pouco mais protegido pelas novas tendências, sejam elas de lixo ou não. Esse conservadorismo dá certa proteção.

P: Por que as pessoas consomem lixo cultural?

R: A verdade é que a maioria dos indivíduos é inerte e aprecia o lixo que recebe. As pessoas que têm o que acreditam ser o necessário para a vida, preferem a alienação à preocupação com os problemas do país e do mundo. A produção cultural, dessa forma, atende ao consumidor satisfeito que quer se manter alienado.

P: Existe uma maneira de filtrar o conteúdo? Como fazê-lo?

R: Claro que existe. Com uma educação estética, formação cultural, conhecimento das diferentes expressões de arte. Em países desenvolvidos se diz que visitar os museus educa o sujeito para a cidadania. Pois no museu tem um resumo de centenas de anos e a pessoa percebe que ela não é quem inventou a roda, mas sim que recebe influências e influencia. A formação é o caminho, também, para a educação na arte.

P: Quais são os benefícios do não consumo desse material?

R: É mais ou menos como o sujeito que consome qualquer outro lixo. No momento, até pode

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dar uma sensação de prazer, mas não acrescenta benefício nenhum. Veja o caso do lixo pornográfico, me refiro à exposição das sub sub sub celebridades em meios chamados jornais.

Quem aprecia essas formas femininas, principalmente ... Sente algum “prazer” nesse consumo, mas um olhar mais crítico percebe que isso é de fato produto para consumo, sem necessidade.

“Aquela produção que se não existisse, não faria falta, ou melhor, poluiria menos as manifestações culturais.”

- Cláudio Schubert, professor