Tutano 14

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Delírios da cozinha do Beto Madalosso

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Ano 3 - No 14 - dezembro 2014/janeiro 2015

tutano

metização do pão r u go

especial turismo e gastronomia em curitiba

entrevista com a ordem social media jedi da prefs


editorial

elhor atend m er a r a p Cliente, quando reclama, via de regra, não quer se afastar de você. Ele quer, no fundo, contribuir com você pra voltar mais vezes. Receber críticas não é fácil pra ninguém. Mais difícil que receber críticas é fazer uma crítica. Muitos clientes deixam de voltar porque não gostam da comida ou do atendimento e não se manifestam pra não sentir o mal-estar do acusador. Eu, como empresário, não meço esforços pra conseguir ouvir os anseios dos meus clientes. Não só eu: são famosas as empresas que presenteiam clientes que deixam críticas. É claro: só assim podemos evoluir, atender mais e melhor, atingir a excelência.

Na matéria ‘‘Cadê os Turistas?”, desta edição, a gente assume o papel de cliente do Estado e também faz críticas. Não, não somos daqueles que viram as costas para o problema e se lamentam nos bastidores falando que “não adianta mesmo, o Brasil é uma m...”. Nós somos daqueles que acreditam nas transformações, na ação conjunta, no ganha x ganha. Acreditamos que, ao chamar a atenção para problemas encontrados por profissionais da gastronomia, nós estamos fazendo o que gostaríamos que nossos clientes fizessem com a gente: nos falassem a verdade e voltassem (nesse caso, votassem) sempre!

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tutano Colaboradores. . . . . . . . . . . . . . . 5

• Gente que colocou sal e pimenta nesta edição

novidades. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6

• Fresquinhos

Comida com sotaque. . . . . . . . . 8

• Que a força esteja com vocês

COMER E BEBER. . . . . . . . . . . . . . . . . 18

• Comida em série

pequenos detalhes. . . . . . . . . 20

• Menta e hortelã: Supergêmeos, ativar

On the road. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22

• Alma de caminhoneiro

especial do dia. . . . . . . . . . . . . . 32 • Pois que comam brioches!

Sugestão do Chef. . . . . . . . . . . . . 40

Gastroglobalização. . . . . . 52

• Dieta na rede

culinária punk. . . . . . . . . . . . . . 57

• Free, free, freezer Tyson free

Happy hour. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59

• Tudo pronto, soldado

Comida pra quê?. . . . . . . . . . . . . 60

• Botecagem gourmet dos Pinherais

menu du jour. . . . . . . . . . . . . . . . . 62

• Aaaaaaatum

cabeça de minhoca . . . . . . . . 66

• Caruso 60 anos: o triunfo da massa folhada

anota aí . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68

• Fettucccini paglia fieno e gamberi e Tiramisù

etílicas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 72

• Cadê os turistas?

• Wine Brothers’ Tips e Dicas do Sommelier de Cerveja

lobetomia. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48

guia tutano. . . . . . . . . . . . . . . . . . 74

• A desunião das três esferas

• Restaurantes da edição

Chá de Cozinha. . . . . . . . . . . . . . 50

sweet dreams . . . . . . . . . . . . . . . . 78

• Manual dos chefs de primeira viagem

• Chega dos mesmos

A gente meteu a colher na tecnologia!

APP Tutano: dicas de lugares para fazer uma boquinha assinadas pelo Beto e equipe Tutano.

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Expediente

Edição Beto Madalosso Projeto Pulp Edições Diretora de Redação Fernanda Ávila Ferreira - drt 3884 Redação Priscila Seixas, Luana Almeida e Julia Bufrem Diretora de Criação Patricia Papp Diretor de Conteúdo Vicente Frare Direção de Arte July schneider assistente de arte Carolina Rodrigues Colaboração Alisson Jory, sonia evangelista, Tiago Vidal Dutra, nuno papp, jomar brustolin, jackson brustolin, Daniel wolff, Elaine Minhoca, Sabrina Demozzi e guilherme alves foto da capa nuno papp revisão mônica ludvich Impressão comunicare Tiragem 7.000 A Revista tutano é uma publicação dos restaurantes Madalosso, Famiglia Fadanelli e Forneria Copacabana não contém Glúten.

Apoio:

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Azeites, Acetos, Massas, Arroz e Molhos

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colaboradores

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nesta ediç ã o Quem é? Tratador de imagem. O que fez na Tutano #14? Tratou as imagens da matéria “Que a força esteja com vocês”.

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Quem é? Jornalista, formada em Gastronomia e mestre em História e Cultura da Alimentação pela UFPR. O que fez na Tutano #14? A matéria Dieta na Rede. O prato que tem o sabor da minha infância é… bolo de fubá. Já enjoei de comer... ovo. Ovo cozido, mexido, frito... A comida trash que eu não abro mão é… salgadinhos, destes de pacote. De preferência, batatas (e eu ainda como com ketchup).

Já enjoei de comer... miojo. Quando morava sozinho era o prato principal. A comida trash que eu não abro mão é... pastel de feira com Wimi.

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O prato que tem o sabor da minha infância é… o pierogi da minha mãe.

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Quem é? Jornalista, sócia da Pulp Edições, diretora de redação da Tutano. O que fez na Tutano #14? Um monte de coisas. O prato que tem o sabor da minha infância é… guisadinho com massa da minha mãe (algo como um farfalle com carne moída) e o churrasco do meu pai. Já enjoei de comer... ixi, acho que nada. A comida trash que eu não abro mão é… pizza, pizza, pizza!!!

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Novidades

Fresquinhos Novidades gastronômicas para temperar a sua vida

Cultura latina

Opa, Tem novidade!

viva los tacos

Quem adora a cultura e a gastronomia latina vai se sentir em casa no Negrita. Tem double de chope todos os dias e diversas opções de drinques latinos. Experimente o Crema Catalana (ou Sant Josep), a versão catalã do famoso creme francês, o Brûlée. Anota aí que é mais uma opção para o happy hour!

O São Francisco ganhou mais um lugarzinho aconchegante para o almoço e happy hour. No almoço, bufê com comidinhas deliciosas e diversas opções quentes e frias. Quando anoitece, sanduíches, carne de onça, queijo brie com geleias, entre outras opções. A nossa dica especial é: segunda-feira é dia de carneiro assado com molho de hortelã. Alguém aí disse carneiro?

Curitiba ganhou mais uma opção de restaurante mexicano, desta vez bem próximo às ruínas do São Francisco. O Taco Chicano tem opções de tacos, quesadilla, burritos e nachos. O preço é daquele jeito que a gente gosta e eles ainda têm opções para vegetarianos. Desce a pimenta que nós estamos chegando!

NEGRITA BAR r. SÃO FRANCISCO, 50 (41) 3030-6903 desde agosto

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Casa do Opa Gastropub Alameda Cabral, 670 (41) 9154-7712 desde agosto

Taco Chicano R. Jaime Reis, 238 (41) 9514-2079 Desde Setembro

Novo cardápio

Yes, we have Tasty Salad!

bom pra bebê

O New York Café completou dois anos e estreou um novo cardápio que está dando o que falar nas redes sociais. Ou você acha, assim, supernormal degustar um milk shake de banana com bacon? O pessoal da casa jura de pé junto que é bom. Quanto a nós, confessamos que estamos curiosos para experimentar. Agora a casa também tem diversas opções vegetarianas, veganas (sem produtos de origem animal) e livre de glúten e lactose.

Esqueça que saladas são sinônimos de dietas chatas e que sucos detox são horríveis. Até porque o pessoal da Tasty Salad Shop não curte nada radical. Sim, você vai encontrar bacon, queijos deliciosos e molhos cremosos nas saladas mais gostosas de Curitiba (boatos). A cada dia, a casa trabalha com um menu diferente, com entradinhas, saladas, caldos e sucos muito saborosos. Nós provamos e aprovamos!

Pensou mesmo que só você tinha o direito de se deleitar nas novidades da cidade? Para, né? Esta vai para os bebês a partir de seis meses que sabem desde cedo sobre as coisas boas da vida: comida, claro! A Dona Papinha prepara tudo com ingredientes orgânicos, livres de conservantes e industrializados. E seu bebê vai dar graças a Deus por se livrar daquela papa que você chama de papinha!

New York Café R. XV de Novembro, 2916 (41) 3077-6922

Tasty Salad Shop alameda Prudente de Moraes, 1195 (41) 3078-2525 Desde Junho

Dona Papinha R. Gutemberg, 585 (41) 3078-2222 Desde Outubro

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Novidades

Delícias saudáveis

Curitiba mais doce

Quem adora alimentação natural e funcional vai amar o Comidália, novo restaurante na região do Água Verde que serve diariamente no almoço 18 pratos quentes junto com um bufê de saladas. Os alimentos são sempre fresquinhos, já que a casa é reabastecida com ingredientes frescos todas as manhãs. Um break no junkie com delícias saudáveis de segunda a sábado! Ah, eles também servem café da tarde de segunda a sexta-feira!

Já pensou em tirar uma tarde de sábado para provar os melhores doces da cidade? O CuritiDoce é um tour gastronômico que te leva para as melhores docerias da cidade. São 3 horas e 6 estabelecimentos para você chutar o balde e deixar para começar a dieta só na segunda-feira mesmo. Encontros aos sábados na Vicente Machado, em frente à Brownieria Fantástica. www.feriasnow.com.br/curitidoce www.facebook.com/curitidoce

Comidália R. Tapajós, 1047, Loja 07 (41) 3078-1047 Desde junho

CuritiDoce R$ 30,00 por pessoa desde setembro

novidade na praia

Bolo retrô

Vem que tem barreado!

Dica quentinha pra quem vai descer a serra: entre Matinhos e Caiobá vai funcionar o ano todo o Empório São Pedro. O bistrô serve petiscos, carnes e massas no almoço e jantar. Aos sábados são servidos pratos especiais, como barreado e moqueca. www.saopedropub.com.br www.facebook/saopedropub

Sabe aquele bolo em formato bundt que as vovozinhas americanas preparavam em casa nos anos 1960? Agora você também pode provar e nem vai precisar ir tão longe. Os bolos são tão fresquinhos quanto o nome desta coluna. E o ambiente é todo retrô, claro, para combinar com os bolinhos. Yummi!

Bateu aquela vontade de comer barreado e uma preguiça enorme de descer a serra? Abriu em Curitiba o famoso Armazém Romanus, com o mesmo cardápio do litoral. Já sabe onde vai almoçar no domingo, né?

empório são pedro Rua Guarapuava, 200 - matinhos/caiobá (41) 3473-4491 desde novembro

Santo Bolo r. José Izidoro Biazetto, 1210 (41) 3121-0993 Desde Agosto

em bre ve

o v o N # #

n i w e n #

Armazém Romanus av. Vicente Machado, 1482 (41) 3076-1999 Desde Outubro

The Path Art + Ambiental Pub

bolo de presente

A parceria entre os dois bares está agitando as noites curitibanas. Quer casamento melhor do que o famoso baldinho com cinco cervejas por R$ 20 e as delícias botequeiras do Ambiental Pub? O cardápio está mais enxuto, mas continua do jeitinho (e com o preço) que a gente adora. Tudo isso na companhia de música e dos amigos, claro. Mais um pro happy hour!

Inspiradas no bolo de Natal da Vovó Laura, as empresárias Ceci Almeida e Duda Caron resolveram compartilhar esse e outros 19 sabores de bolos feitos em casa. O diferencial são as inusitadas formas 3D. Os formatos – guirlanda, pinheirinho, pacotinho de presente – são ótimas opções de presente de Natal. Os bolos são vendidos sob encomenda e podem ser feitos em vários modelos e sabores. www.cakes4you.com.br

Ambiental Pub R. Itupava, 1130 (41) 3023-0903 Desde Outubro

cakes 4 you Encomendas: (41) 3223-6348 desde novembro

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comida com sotaque

Fotos: Nuno Papp Tratamento de imagem: Guto Weรงosk cabelo e Maquiagem: Felipe Prochman

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comida com sotaque

muito tempo atrás,

em uma galáxia muito, muito distante, havia um povo mal-humorado, de cara fechada. Antipático mesmo. Mas eis que surgem cavaleiros da Ordem Social Media Jedi para combater o lado negro da Força. Comandados por Marcos Skywalker Giovanella, os guerreiros Marcel, Álvaro, Claudinho, Camila e Tais enfrentam os piores estereótipos e as mais tenebrosas polêmicas com ousadia, piadas irreverentes e muito bom humor. Antídotos poderosos para esse mal que há séculos assola os habitantes da República Galática de Curitiba. E você, caro espectador (ops, leitor), deve estar se perguntando: mas o que esse bando de geeks tem a ver com gastronomia? Gastronomia tem tudo a ver com turismo e esse é um tema presente nesta edição. Que cidade é esta? Que povo é este? Qual é a nossa vocação? Quem somos, pra onde vamos, de onde viemos? Como já dizia Han Solo, “that’s when fun begins”...

quando a moçada se juntou, a coisa foi acontecendo. o perfil de todos aqui é multidisciplinar. E isso deixa muito rico o nosso processo criativo

Como foi o processo de criação do perfil da Prefs nas mídias sociais? Marcos: Quando eu fui trabalhar na Prefeitura, o Gustavo pediu para que a gente fizesse um traba-

lho que aproximasse a instituição do cidadão. E aí fiz um benchmark de várias cidades ao redor do mundo, como Nova York, Paris, Barcelona, Amsterdã e peguei várias coisas bacanas, pois são cidades que servem de inspiração pra gente. Eu vi como eles trabalham o relacionamento digital com as pessoas nessas cidades. Estudei os cases do Obama, que viraram clássicos da comunicação pública digital das duas campanhas que ele fez. E daí a linguagem foi vindo junto com a equipe. Quando a moçada se juntou, a coisa foi acontecendo. O perfil de todos aqui é multidisciplinar. E isso deixa muito rico o nosso processo criativo. Alguma das cidades que você citou trabalha com esse humor, com essa irreverência nas redes sociais? Marcos: Uma cidade, necessariamente, não. Nós descobrimos um político canadense que trabalhava assim. Tais: Na verdade, existe até um marco, que é: pré-Prefs e pós-Prefs. Chamam de “prefetização’’ da comunicação digital. A gente está ditando uma tendência na área digital para a gestão pública no Brasil e hoje você vê outras cidades, como Ilhabela, que interagem na nossa página no mesmo nível de humor. Álvaro: O Casamento Vermelho mostra isso: foi o Rio tentando se aproximar, de maneira muito literal, da nossa comunicação. Quanto à influência internacional, a gente pode olhar para o caso da CIA, que entrou no Twitter em julho e o primeiro tuíte deles foi: “Não podemos confirmar nem negar que esse foi nosso primeiro tuíte”. Então, eles não só entraram no Twitter fazendo piada, como entraram fazendo piada deles mesmos. E aí você olha e pensa: os caras estão fazendo humor em uma instituição pública das mais sisudas que o mundo pode ter. Será que eles estão copiando a Prefeitura de Curitiba? Até pode ser, porque os caras espionam tanta gente... Mas não temos a pretensão de dizer isso. Por outro lado, o fato de a CIA ter se comportado assim na internet em julho deste ano mostra que o planejamento que o Marcos fez estava absolutamente correto nas tendências que apontou. O que ele fez lá atrás foi identificar o que os órgãos públicos estavam fazendo, o que estava dando certo na internet brasileira e quais eram as tendências nestes dois pontos para um futuro próximo. Esse é o mérito do trabalho: quando você sabe o que vai acontecer a curto prazo, fica fácil se posicionar.

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comida com sotaque Qual é a medida da piada? Quem dá esse limite pra vocês? Claudio: O bom senso. Marcos: Com esse lance de a gente ser multidisciplinar, vem junto a nossa experiência profissional. Eu posso dizer que a equipe toda é sênior. Não preciso ficar aprovando tudo. Quando é uma coisa muito séria, que pode dar problema, a gente conversa e, eventualmente, aciona o secretário de Comunicação, sobe um pouco de esfera. Mas, via de regra, é o nosso bom senso e a nossa experiência. Marcel: E a gente leva a vantagem de ter a sala do secretário do lado da nossa. A porta sempre aberta, uma proximidade enorme...

Marcos: Como estamos há quase dois anos fazendo este trabalho, já começamos a aprender qual é o humor das pessoas ali dentro. O que elas fazem, o que elas querem... Além de sermos pioneiros na questão da linguagem, temos o SAC 2.0, que é fundamental. Se a gente não fizesse esse atendimento, o nível de paciência das pessoas não ia ser como é. Se a gente ficasse só falando de coisas engraçadas e não atendesse quando pedem para cuidar da poda de árvore de uma rua, por exemplo, não adiantaria nada. Vocês têm um feed back rápido da Prefeitura, das secretarias?

Álvaro: O conteúdo e o engajamento que nós geramos têm uma consequência interna que muita gente não vê. Só o fato de o nosso departamento existir faz Como é que vocês falam com a população de uma com que a Prefeitura trabalhe mais na velocidade da cidade, que tem gente de todas as idades, com gosinternet e menos na velocidade do poder público. Portos completamente diferentes? que o cara que está pedindo alguma coisa no Facebook quer a resposta no tempo do Facebook. A gente acaTaís Russo ba exercendo, de alguma forma, pressão para que as Publicitária atuante no mercado desde coisas se acelerem. 2009. Já trabalhou em grandes agências Cláudio: Com o tempo a gente foi criando um e grandes clientes antes de entrar para Marcos Giovanella a equipe de Mídias Sociais e Internet da banco de dados muito rico e começamos a ter auÉ o diretor de Internet e Mídias Sociais Prefs. Vive conectada e tem a playlist toridade nessas respostas. Todo mundo na equipe da Prefeitura. O cara que manda nessa mais eclética da turma. cambada toda. Formado em Publicijá sabe como funcionam as coisas. Sabemos como dade, fez MBA em Direção Estratégica funciona a LOA (Lei Orçamentária Anual), uma e trabalhou em grandes agências de publicidade de Curitiba. Consulta Pública. Então, com esse conhecimento, a gente mesmo consegue responder. Outra coisa importante é sempre falar a verdade. As pessoas precisam sentir confiança na gente, sentirem-se íntimas. Como é o dia a dia de trabalho? Vocês se divertem trabalhando? Tais: A gente trabalha se divertindo! Marcel: A gente se diverte, a gente briga, a gente se ama. É quase uma família. Há uma divisão de absolutamente tudo, de todos os âmbitos, porque a gente vive isso 24 horas por dia. A Prefs não dorme. Temos grupos de WhatsApp de várias esferas e a comunicação acontece por ali. Se acontece uma crise no sábado às 10h da noite, um vai avisando o outro. Álvaro: As coisas vão acontecendo o tempo todo e não dá pra marcar toca. Não podemos perder oportunidades. Um exemplo: na Copa tinha o meme do Podolski. “Podolski, tão brasileiro que fala mal do peso

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comida com sotaque da Preta Gil”, “Podolski, tão brasileiro que...”. Isso começou a acontecer às 11h da noite de uma quinta-feira. Eu estava vendo um show no Wonka. Eu olhei aquilo e na hora escrevi: “Podolski, tão brasileiro que admira o transporte público de Curitiba”.

temos recebido muitos pedidos de dica do que fazer em Curitiba no fim de semana

Já que vocês falaram da Copa, quero aproveitar pra perguntar: qual foi o legado da Copa para a cidade? Marcos: O maior legado foi aquele vídeo dos argelinos agradecendo Curitiba pela hospitalidade, pela recepção, pela estrutura. Aquilo foi um resumo do que eles encontraram aqui. Tais: A gente deu um tapa na cara do mundo. Primeiro teve aquela história de que a Copa no Brasil não ia funcionar e, em Curitiba especificamente, seria um fiasco. Porque Curitiba não estava preparada, não tinha know-how de grandes eventos... Nosso transporte funcionou, a receptividade foi ótima, o nível de comunicação foi redondo. Nós tivemos essa resposta tanto dos jornalistas que estavam no centro de imprensa quanto das pessoas que estavam no entorno. Para quem era daqui e para quem veio para cá ficou a mensagem: Curitiba sabe fazer. Álvaro: Eu usei uma frase esses dias: “95% dos turistas que visitaram Curitiba declararam em uma pesquisa recente que querem voltar. Outros tantos não saem”. Claudio: Acho que foi na Copa que começou esse movimento de que Curitiba não é caruda, não é mal-humorada, não é aquela pessoa que não cumprimenta o vizinho. Tais: A gente já vinha trabalhando isso, mas era um trabalho mais interno. Era tentar convencer nós, curitibanos, que Curitiba não é assim.

o maior legado foi aquele vídeo dos argelinos agradecendo Curitiba pela hospitalidade, pela recepção, pela estrutura. Aquilo foi um resumo do que eles ENCoNTRARAM aqui

E vocês convenceram? Nós não somos assim mesmo? Marcel: A partir do momento em que a Exame, que é uma revista nacional, faz uma manchete dizendo que Curitiba é a cidade mais engraçada do Brasil, você tem uma resposta que valida isso. A gente conseguiu não só convencer o curitibano, mas conseguiu convencer o Brasil. Álvaro: Na verdade, o Brasil tinha menos contato com esse estereótipo que nós mesmos. Isso é uma coisa que antes nós assimilamos e fizemos o desserviço de vender essa imagem. Vocês acham que Curitiba tem vocação para o turismo? Marcos: Tem. É uma cidade linda. Marcel: Saiu uma pesquisa na época da Copa pelo Reputation Institute e Curitiba foi a cidade, entre as 12 sedes, que as pessoas mais gostariam de visitar e até de morar. A pesquisa ouviu quase 7 mil pessoas. Esses números mostram que as pessoas têm uma visão de Curitiba muito boa em relação ao turismo. Até com o advento da página a gente percebe comentários espontâneos de pessoas que se manifestam dizendo que querem conhecer, que querem morar aqui. Tais: Claro que a gente não consegue mensurar. Marcos: Pra mim, o grande desafio é saber o impacto que a página causa no turismo. Claudio: Temos recebido muitos pedidos de dica do que fazer em Curitiba no fim de semana. Claro, a gente sempre dá as dicas que incluem o nosso serviço público: como a Linha Turismo, a feira do Centro Histórico, sugerimos entrar na página da Fundação para ver a agenda cultural. E depois da Copa esses pedidos aumentaram muito. Camila: Esses dias a gente deu uma palestra junto com o pessoal do Tesão Piá e isso não é um mérito só nosso. A gente vem trabalhando nessa linha, mas eles também fazem isso há tempos. Mexer com o nosso jeito, o nosso sotaque...

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comida com sotaque Vocês mexeram com a autoestima e estão criando uma identidade para o curitibano. Como vocês veem isso? Camila: Isso, pra mim, é motivo de orgulho. Conseguimos colocar mais em evidência ícones da nossa cultura, como o Leminski. Conseguimos também fazer o cidadão participar mais das decisões da cidade. Saber o que está acontecendo, poder opinar e ser respondido, ter um relacionamento com a Prefeitura. O orgulho passa muito por isso. Você está sendo escutado. No Instagram, por exemplo, as pessoas mandam fotos de cantinhos da cidade que muita gente não conhece. Você não conhece o Tatuquara, mas talvez tenha um cantinho lá que o morador vai Marcel Bely mandar que é muito Formado em Publicidade e Propaganda legal. Então esse cara com pós em Marketing, atuou em várias agências de comunicação. Teve o 2º tem a oportunidade melhor emprego do mundo pela Trident de mostrar o bairro para gerar conteúdo para os canais digitais da marca viajando toda a costa dele e vai ficar orbrasileira. Hoje atua na Prefeitura e se gulhoso disso. diverte trabalhando.

Curitiba nunca errou ao tentar inovar. E nesse sentido o trabalho que a gente desenvolve hoje é uma manifestação dessa identidade

Até então era difícil falar da identidade do curitibano?

Marcos: Existe um fator histórico. A Gazeta fez um estudo sobre a formação da população de Curitiba... Marcel: Essa pesquisa, o Retrato Curitiba, mostra que o número de curitibanos com pais curitibanos é baixo. E aí, quando você eleva mais uma geração, de avós curitibanos, é quase inexistente. Então, um dos pontos que fazem com que estejamos descobrindo só agora quem a gente é vem muito disso. Curitiba viveu um boom na década de 90, as pessoas vinham pra cá porque a cidade conseguiu se vender muito bem naquela época também. A gente gaCamila B nhou vários slogans: “Cidade Sorriso”, raga Formou-se em Comunicação “ Cidade Verde”, “Cidade Ecológica”, Direito, depo e em Marketing em is se especializou em e isso fez com que a nossa populaBarcelona. Te m passagens por diversas ção aumentasse. Mas agora é que a agências digi tais e hoje integra o elen co da Prefs. nossa identidade está se formando. É uma adep apaixonada ta do crossfit. M as isso não te nada a ver co Álvaro: Sobre a identidade, o que m m a nossa m atéria. eu teria para acrescentar é que um traço que identifica Curitiba é a inovação. Curitiba nunca errou ao tentar inovar. E nesse sentido o trabalho que a gente desenvolve hoje é uma manifestação dessa identidade. Lá atrás, alguém pode ter olhado para uma estação de ônibus em forma de tubo e ter achado uma ideia maluca. E, da mesma forma, deve ter quem olha para o nosso trabalho com resistência. Uma cidade que usa as redes sociais como se fosse uma pessoa? Isso não pode funcionar! Mas funciona. E Curitiba nunca errou em se colocar na vanguarda. Errou ao se omitir do futuro em anos recentes, na minha avaliação, não falo pela Prefs. E voltando à questão do turismo. Quando vem um amigo visitar a cidade, onde vocês o levam? Marcos: Gosto muito de ir no Barbaran na sexta, que tem um custo-benefício muito interessante. Sábado levaria na Feirinha do Batel para comer o pierogi

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comida com sotaque do Tadeu ou no Pantagruel para comer feijoada, que é sensacional. No sábado à noite, tem o bom e velho Crosssroads, resgatando as características rock and roll da cidade. Domingo, Feirinha no Largo e almoço no Madalosso. À tarde, no Barigui. Marcel: Eu adoro o Barba e o JPL. O Barba tem o melhor ambiente e o JPL tem o melhor hambúrguer. Gosto de tomar cervejas em lugares mais “familiares” tipo Durvas, Pizza, O Torto, La Santa. E, quando quero uma balada, costumo ir no VU e no James. Para comer feijoada eu gosto da Casa da Mãe Joana, que tem até redes pra deitar depois de comer. Eu sou viciado em café e o melhor que tem hoje aqui é o do New York Café. Álvaro: Eu gostei do roteiro do Marcos. Só acrescentaria que o Barbaran é o lugar mais honesto que existe em Curitiba. Como pode ter crescido daquela forma e ter mantido os preços razoáveis, não ter diminuído o tamanho do bolinho? Eu citaria também o bar do meu amigo Vitor, o São Jorge, que fica perto da Prefeitura. É um botecão muito simples, mas onde eu sou muito bem recebido. Acrescentaria a Senhora Chung, porque é absolutamente necessário ver o esforço que aquela senhora faz para colocar tudo na mesa com aquele instinto de servir. Ao passar no Barigui eu não desperdiçaria a oportunidade de comer um frango frito com polenta naquele restaurante que tem ali no deck. O Marcel abriu essa discussão aí do hambúrguer que dá margem pra gente ficar o dia inteiro debatendo. Mas, pra mim, é o do Atelier. Eles fazem a própria cerveja, que eu recomendo também.

Ao passar no Barigui eu não desperdiçaria a oportunidade de comer um frango frito com polenta naquele restaurante que tem ali no deck

Claudio: Eu começaria pela Trajano, no La Santa, comendo um burrito. Pra mim, o melhor nachos é o do Taco El Pancho. Levo todo mundo lá pela cerveja também. A minha balada preferida é o Sheridans. Sábado a feijoada é no Morgenau.

Camila: O Barbaran é um lugar que frequento pra caramba. É bom e barato. Gosto de encerrar a sexta-feira no New York Café. Gosto muito de almoçar no Quintana. No domingo eu trocaria o Parque Barigui pelo Parque Bacacheri. Para sair à noite, fico entre Vox e Crossroads. E pra comer uma carne de onça, sem dúvida nenhuma, levaria no Fantinato. Tais: O Barbaran é sempre a minha primeira opção. Don Max também é um lugar que gosto bastante. Ali no São Francisco, poucas coisas eu descartaria. O Torto, La Santa, Pizza... todos são bacanas. Também gosto bastante do Barba. Noite, pra mim, é mais complicado, fiquei órfã do Bar da Produção. Gosto de música brasileira e não vejo muitos lugares que tocam. Pra dançar eu gosto do Wonka. Gosto de comer o pastel da feira do Juvevê no sábado de manhã. E sempre quando vem alguém que quer viver uma experiência gastronômica, eu levo no Bombocado para comer o bolinho de camarão com catupiry. Costumo comer na Bella Banoffi, no Délio, naquela região... Eu perguntei qual era o roteiro e vocês praticamente só falaram de comida. Parece óbvio que nossa vocação é gastronômica. O que vocês acham? Marcos: Curitiba é uma cidade onde se come muito bem por um valor muito justo. Hoje está um pouco mais caro, mas se for comparar com Rio e São Paulo, por exemplo, você come e bebe muito bem aqui. Marcel: Temos vários tipos de gastronomia aqui com preço justo: você consegue comida árabe, italiana, japa, tailandesa, indiana, francesa, contemporânea... Mas, tirando esse ponto gastronômico, Curitiba se caracteriza muito pelos parques. A gente tem muita área verde bem cuidada. As pessoas se encantam com o Parque Barigui porque é uma extensão muito grande. Tem crianças correndo, caminhando, se exercitando. Tem as capivaras. Camila: Recebi um amigo australiano e levei ele na feira da Ucrânia. Ele ficou impressionado com a variedade que a gente tinha lá, uma coisa ao lado da outra. Ele queria provar tudo. Agora tem os chopes artesanais nas feiras também... Marcos: Essa é outra característica bacana: as nossas cervejas artesanais são excelentes, inclusive ganham muitos prêmios.

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comida com sotaque

Precisamos ver a beleza que temos aqui dentro: nossos cafés, nossos parques, nossas praças, nossa cultura. Falta um pouquinho isso. A gente ainda ouve aquela reclamação de “não é igual São Paulo”. E nem é pra ser

Entrevistamos empresários ligados ao setor de turismo, presidentes de algumas entidades nesse ramo, e a visão deles é bem diferente da de vocês. Eles acham que a nossa vocação é o turismo de negócios. Segundo um deles, 80% da ocupação dos hotéis é para uma noite só.

Marcel: Hoje a gente trabalha o lado emocional na página, que é aquele lado do sentimento que faz o cara poder vir para cá já gostando da cidade. Mas eu acho que o esforço não pode ser de uma instituição e sim de todos os interessados. A Prefeitura sozinha consegue que algumas coisas sejam feitas E quando chove, o que vocês fazem? O que o turista nesse sentido, mas, se os empresários também confaz aqui se estiver chovendo? seguirem trabalhar essa imagem de que Curitiba tem uma série de coisas legais, a imagem começa a Marcos: Tem o Museu do Olho. Tem um museu ter mais força e você começa a ver a mudança a curque é sensacional e muita gente esquece, que é o da to prazo. Se você for no Parque Barigui, vai ver que Praça do Expedicionário. os turistas ficam muito tempo lá Camila: Tem a Cinemateca, que tem sempre uma tirando fotos com as caprogramação bacana. pivaras. E por que isso Marcel: E o turista pode aprender a gostar da acontece? Porque a Álvaro Borba É jornalista. Você já deve ter ouvido muito chuva. A cidade também fica bonita quando gente, na comuniesse cara falar na CBN Curitiba. Hoje ele é chove. cação, trabalhou um dos membros da Ordem Social Media a capivara como Jedi e gera conteúdo para as mídias sociais da Prefs. Apesar de não atuar no ramo da Quais são os maiores defeitos da cidade? O engenharia genética, desenvolveu a capivara que falta aqui? gigante como mascote informal da cidade. Marcel: Curitiba precisa deixar de ser um pouco provinciana ainda. A gente sente que a valorização que as coisas de fora têm é ainda maior do que as coisas daqui. Claudio: Exemplo disso foi quando a gente falou na página que o Starbucks não viria, mas que tínhamos vários cafés muito legais. O pessoal ficou brabo, dizendo que nós não queríamos a vinda deles. Camila: Precisa de mais atitude. De ir atrás e não ficar esperando que as coisas aconteçam. Precisamos parar de esperar que a atitude venha do outro. Marcel: Os empresários tinham que entender que segunda não é um dia morto. Que eles podem abrir seus estabelecimentos, que têm gente que procura diversão e lazer na segunda. Marcos: O que falta é nós, população, abrirmos um pouco a cabeça, aceitar alguns conceitos novos. Precisamos ver a beleza que temos aqui dentro: nossos cafés, nossos parques, nossas praças, nossa cultura. Falta um pouquinho isso. A gente ainda ouve aquela reclamação de “não é igual São Paulo”. E nem é pra ser.

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comida com sotaque

E mesmo que o cara venha aqui pra fazer negócio. o que mais ele faz além de business? Ele gosta de parques, ele toma café, ele gosta de cerveja, é atleta? Porque o empresário não sugere programas para esses caras?

mascote. Virou uma atração turística. Então não é difícil você mostrar coisas legais que a cidade já tem e fazer com que aquilo seja mais um fator para que a pessoa fique aqui. Nós criamos algumas coisas, mas sozinhos não temos tanta força assim. É preciso que todo mundo se junte. Álvaro: Acho que esse pensamento do empresariado tem a ver com esses estereótipos que a gente combate sem combater, só sendo simpático. Você nunca ganha nada com a fama de antipático. A fama de antipático faz as pessoas acreditarem em coisas como esta, que a vocação da cidade é para negócios, porque lazer aqui não existe. Precisamos implodir isso sem agressão. A gente precisa dizer: venha pra Curitiba, aqui é legal, a gente ama você, aqui é gostoso, aqui tem capivara. Eu consigo ver uma ligação muito estreita entre o estereótipo e a visão do empresariado sobre o potencial de seus próprios negócios.

Camila: E mesmo que o cara venha aqui pra fazer negócio. O que mais ele faz além de business? Ele gosta de parques, ele toma café, ele gosta de cerveja, é atleta? Porque o empresário não sugere programas para esses caras? Porque falar que o cara vem fazer negócio é muito generalista. Se antes de vir ele encontrar aqui outras coisas do seu interesse, ele vai ficar mais de uma noite. Vai trazer a família para passar o fim de semana. Precisamos incentivar essas pessoas.

Claudio Castro

Ator com 20 anos de profissão e 1,17 m de altura. É conhecido nas redes sociais como @ahnao. Foi um dos criadores do “Ado, A Ado, cada um no seu quadrado”... vídeo brasileiro de humor com mais acessos no YouTube entre 2008 e 2010. Hoje trabalha com SAC 2.0 dos perfis sociais da Prefeitura.

A gente precisa dizer: venha pra Curitiba, aqui é legal, a gente ama você, aqui é gostoso, aqui tem capivara

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comida com sotaque

quem é a prefs? A Prefs é assexuada, ama capivaras, gosta e respeita todos os cidadãos de Curitiba e os que são de fora. A Prefs é uma entidade muito amada

quantos anos ela tem? 321 anos.

tardos Inglórios, O Feitiço do Tempo, E o Vento Levou... e Hair, porque ela gosta de amar e ser amada.

o que ela gosta de fazer?

que restaurantes a Prefs frequenta?

Gosta de passear no Parque Barigui, de ver as capivaras, de tomar sorvete no Gaúcho. E ela gosta de trolar os cidadãos de Curitiba com a previsão do tempo.

Senhora Chung, Gato Preto, Madalosso, Caruso, Délio, Churrascaria do Titio, Chef Panda, Come Come...

que músicas ela ouve?

Ela é eclética. Gosta de rock e vai do samba brasileiro ao samba japonês.

Filmes que assiste?

Star Wars, Drácula, Django, Bas-

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Para onde ela viaja quando sai daqui? Ela gosta da Ilha do Mel, do Rio de Janeiro, de passear na Av. Paulista, em São Paulo. A Prefs gosta muito do Nordeste. Quando ela entra em férias, vai aproveitar o sol por lá. Ah, e a Prefs gosta muito de Ilhabela também.

Se você ainda não faz parte dessa legião de seguidores, é bom saber: hoje quase 450 mil pessoas acompanham e interagem com a nossa Prefeitura no Facebook. No Instagram são 20 mil e ainda 51.400 no Twitter (São Paulo tem 6 mil e o Rio tem 7 mil). A Revista Exame publicou uma manchete dizendo que Curitiba é a cidade mais engraçada do Brasil (sim, você leu certo). Totalmente desvinculada da imagem do prefeito, de partidos políticos ou campanhas panfletárias, o perfil da capital paranaense existe para tratar temas (muitas vezes complicados) do dia a dia, se aproximar da população, trocar informação e ouvir o cidadão.



comer e beber

Comida

em

série 5 comidas que atuam na TV É só sentar na frente da TV (ou do computador) e, mesmo que você tenha comido horrores no jantar, bate aquela fominha ao ver os seus personagens favoritos devorarem quitutes apetitosos (ou nem tanto)? E aí, vai pra cozinha ou dorme com o estômago roncando?

Los Pollos Hermanos de Breaking Bad

Não é só de “gastronomia” ilegal que é feito Breaking Bad. Algumas vezes, Walter White deixa de ser o chef e vira um mero apreciador, mas, nesse caso, de frangos. O clima sempre fica um pouco tenso quando Mr. White senta nos bancos da rede de fast food Los Pollos Hermanos para esperar seu big boss e ter uma DR daquelas. Mas a gente duvida que você tenha terminado alguma dessas cenas sem um pingo de vontade de degustar (com as mãos mesmo) um delicioso pollo. Perfeito para comer com os amigos, de preferência com molhos deliciosos e uma cerveja bem gelada!

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comer e beber

Hannibal, the cannibal!

Mesmo que você não tenha um paladar tão refinado (e aguçado) quanto o do Dr. Lecter, venhamos e convenhamos, os banquetes que ele prepara são sensacionais. Como não falar de uma série que dá a cada episódio um nome de comida? E de um vilão altamente sedutor que sempre sabe exatamente o que está comendo? Tudo bem, a gente releva que o psiquiatra tem hábitos alimentares nada convencionais. Porém, não podemos negar que, mesmo feitos com carne humana, os pratos são extremamente apetitosos. Claro, precisa ter estômago, ops! Uma ótima referência visual para você preparar aquele jantar para seu affair. Mas sem carne de gente, ok?

Good morning, Upper East Siders!

Gossip Girl pode ser dividida em duas partes. A primeira é feita de fofocas e brigas. A segunda fica por conta de Rufus, o pai de Dan, que prepara todos os dias um café da manhã com waffles e berries. São incontáveis as vezes em que esse prato aparece no seriado. Tá, é difícil não amar waffles e não amar berries, mas bem fez a Lily, que caiu fora antes de passar a vida à base desse café da manhã monotemático. Sorry, Rufus! Ótimo para deixar o seu domingo com uma cara chique e aproveitar para postar aquela foto esperta no Instagram. Não se esqueça de caprichar na legenda!

Costela do Freddy’s em House of Cards

Rachel e o pavê de bife em Friends

Esse é para preparar para os amigos antes do poker de sábado!

Esse é o prato que você não precisa fazer, nunca, em hipótese alguma, ok? Deixa o pavê pra comer depois do bife.

Quem vê Frank Underwood no Salão Oval, de ternos elegantíssimos, nem imagina aonde ele se senta para almoçar ou jantar em House of Cards. Difícil ir dormir tranquilo depois de ver o vice-presidente dos Estados Unidos se esbaldando em um prato de costelas regadas a molho barbecue no Freddy’s BBQ Join. Haja corrida pelo cemitério de Washington e exercícios no sótão de casa depois, né, Frank?

Já falamos de diversos pratos, quitutes e comidas que aparecem nas séries e que dão água na boca. Mas tem um que a gente aposta que você ficou com zero vontade de provar. O episódio 609 da sexta temporada de Friends ficou marcado como um dos mais engraçados da história da série. O motivo? O pavê de bife da Rachel. Estão servidos?

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pequenos detalhes

Menta e

hortelã:

supergêmeos, ativar!

Depois de descobrir a diferença que não faz a mínima diferença entre a menta e a hortelã, mergulhe no frescor do ingrediente em nossas receitas de sucos, saladas, assados e sobremesas Que atire o primeiro drops quem nunca entrou em uma discussão profunda sobre a diferença entre a menta e a hortelã: “A folha da menta é mais peludinha”, dizem uns. “A hortelã tem o gosto mais suave”, dizem outros. Há quem diga barbaridades como: “A hortelã é macho e a menta é fêmea”. Mas antes de começar a dar receitas de como usar essas folhinhas deliciosas no verão, vamos esclarecer essa

questão de uma vez por todas: menta e hortelã são nomes populares usados para designar espécies que pertencem a um mesmo gênero, chamado Mentha. Existem de 25 a 30 espécies naturais desse gênero, mas o mais comum, no Brasil, é chamar de hortelã os pezinhos da espécie Mentha piperita e de menta os da Mentha spicata. Mas o que a gente usa mesmo, como tempero, é a menta. A hortelã tem um sabor mais forte, usado em balas, pastas de dente e remédios fitoterápicos. As duas crescem facilmente em qualquer espaço, por isso fica fácil plantá-las no jardim de casa ou

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até mesmo em um vaso na cozinha, junto com outros temperos. Assim você pode tirar algumas folhas frescas na hora de usar. Nesta época de calor e umidade, elas se multiplicam rapidamente. E a dica é usá-las sempre no final do preparo, pois são delicadas e perdem o sabor quando aquecidas no forno ou na panela.


pequenos detalhes

SUCOS

Suco de abacaxi com hortelã (ops, menta) você já deve conhecer, mas que tal colocar o tempero também na limonada com gengibre? Ou jogar no liquidificador alguns morangos com menta e gelo? Menta com manga também fica uma delícia! Os iranianos gostam de batê-la com pepino e água ou iogurte para tomar nos dias quentes de verão. Refresca mesmo, palavra de aiatolá!

DRINQUES

O Mojito é o suprassumo da menta com rum e suco de limão. Mas que tal experimentar um Mint Julep, com bourbon, ou um China Club, que é preparado com gim, suco de lima-da-pérsia e as aromáticas folhas? Troque uma ideia com o seu amigo barman e ele saberá criar várias outras delícias com as mágicas folhas verdes.

Saladas

Além de simplesmente adicionar as folhas de menta na salada, junto com tomates, alface, rabanete e cebola, que tal preparar um molho

de iogurte com elas? É ótimo também para comer com bastonetes de cenoura, aipo ou pepino. Pique as folhas e misture-as ao iogurte com um pouco de sal, pimenta e azeite de oliva. Você vai ver que ficará bem fácil de devorar quilos e quilos de verduras.

PRATOS PRINCIPAIS

Tem gente que coloca um pouco de menta na maionese com batatas. Quibe assado e kaftas ficam ótimos com um pouco dessas em cima, para decorar. Dão um leve toque ao sabor sem tomar conta do gosto da carne. Até mesmo uma simples carne moída fica bem gostosa ao adicionarmos o temperinho no final. Mas se você gosta de algo mais

apurado, que tal fazer um pesto de menta para servir com um frango assado? O ideal é usar um processador, misturando as folhas com amêndoas, alho, óleo de oliva, sal e pimenta. Já deu fome?

SOBREMESAS

A mistura de menta e hortelã com chocolate é tradicionalíssima e dá um leve toque ardidinho à receita. Não lembra dos chocolates After Eight? Uma mousse de chocolate meio amargo fica linda e deliciosa com algumas folhas decorando-a. Morangos com chantilly, framboesas com claras em neve e até mesmo um creme brûlée ficam ainda mais bonitos com as folhas das irmãs gêmeas.

A verdadeira verdade sobre quem é quem

MENTA (Mentha spicata)

HORTELÃ (Mentha piperita)

Sabor - Mais suave Uso - Tempero Folhas - Mais largas

Sabor - Forte e ardido Uso - Sabor de pastas de dentes, balas e como fitoterápico Folhas - Pontiagudas, compridas e estreitas

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on the road

e d a alm o r i e n o h n i Cam

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on the road O Beto Madalosso passou meses pedindo pra gente mandar uma lista dos restaurantes mais premiados da Europa. Tava dando pinta de que ia fazer uma viagem de galĂŁ. NĂŁo ĂŠ que a gente fez e o cara (praticamente) sĂł comeu em posto de gasolina? Mas foi melhor assim, pode acreditar

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on the road

Os editores da Tutano

acham que eu sou fino. Eu lá tenho cara de fino? Mas eles acham. Quando fui até nossa sede e contei pro Vicente, pra Fer e pra Pati que eu estava saindo pra uma viagem de moto pela Europa, eles me passaram uma To Do List para engrossar o conteúdo da nossa próxima edição com dicas minhas de lugares bacanas na Europa, incluindo uma visita a pelo menos um dos Top 50 do mundo. Dobrei a lista bem dobradinha e enfiei num dos bolsos da minha calça. Nunca mais achei. Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa. Numa viagem de moto em que eu acordo todas as manhãs sem saber onde vou dormir no final do dia, conhecer restaurantes famozinhos está longe de ser prioridade. Não por falta de vontade, mas porque é um empecilho enorme no fluxo da viagem. Além disso, entrar sozinho num restaurante classudo com decoração intimista e velas nas mesas não é nada agradável. Ver aqueles casais apaixonados em lua de mel ou fazendo pedidos de casamento dobra o sentimento de solidão, aí é fácil se abraçar numa garrafa de conhaque e acabar a noite mais bebendo do que comendo. Hospedagem pra quem viaja sozinho é camping ou hostal, e comida é em posto de gasolina. Falo isso com profunda sinceridade. Essa foi minha terceira longa viagem solo e finalmente percebi que é principalmente nesses lugares que vou de encontro ao prazer de estar só. Mas calma, não desista ainda desta leitura. Eu sou, acima de tudo, um trabalhador. Também dediquei-me a alguns dos compromissos que ainda estavam em minha memória depois daquela conversa com os editores da Tutano. Numa viagem de moto EM QUE eu acordo todas as manhãs sem saber onde vou dormir no final do dia, conhecer restaurantes famozinhos está longe de ser prioridade

Postos de gasolina são como miragens!

Primeiro de tudo: nunca despreze comida de posto de gasolina. Ainda mais na minha frente, agora que sou um grande apaixonado e especialista no assunto. Quer conhecer os clássicos da gastronomia de um país? Vai

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num posto de gasolina. Veja por nós. Só aqui no Brasil você vai encontrar um bufê com feijoada, picanha grelhada, farofa e couve num posto de gasolina. Ah, calma! tem mais: pão de queijo, pastel, caldo de cana, paçoca, bala de banana, pamonha, pingado no copinho de vidro, cachaça e uma infinidade de outras coisas. Postos de gasolina concentram o que há de mais regional da gastronomia, coisa que nem restaurantes, nem supermercados conseguem fazer tão bem. E o mesmo serve para os países europeus. Quer saber o que é popular na região? Vai no posto e seja feliz! Croissant, strudel, pastel de belém, cachorros-quentes dos mais variados formatos e molhos, sucos de frutas inéditos, etc. Assim foi. Agora, se você vai se sentir feliz, imagina quem está de moto e a prioridade de comer vem antes da prioridade de degustar... Postos de gasolina são como miragens! Estou neste momento sentado no aeroporto de Guarulhos, aproveitando o tempo de espera da minha conexão pra escrever este texto. Tô aqui, bem em frente à Livraria Laselva, tentando lembrar de algumas refeições, fora de posto, que marcaram a viagem. Vou mais ou menos seguir a ordem de países pra facilitar.

Cheguei na Dinamarca

Foi na Dinamarca que desembarquei pra resgatar minha moto, que me esperava há mais de três anos na casa do amigo Chistoffer Ulf. Uma longa história que depois eu conto. Fui recepcionado com um jantar fenomenal que a mãe do Chris preparou. E olha, vou dizer: talvez tenha sido o melhor jantar da viagem toda. Eu já conhecia a mãe do Chris e sabia do seu potencial na cozinha. Supertécnica, usando sempre produtos que ela mesma planta no jardim e invariavelmente tendo os melhores peixes na geladeira, já que eles moram próximos ao mar e são os melhores clientes do pescador. Jantamos numa mesa especialmente montada no jardim, de frente pra um lago enorme. Nós quatro: eu, Chris e seus pais, como uma bela família, num fim de tarde perfeito, ao som de pássaros e crianças que brincavam lá longe, no meio do lago, com um lindo pôr do sol. Caranguejos de entrada, peixe com limão e tomilho, e batatas perfeitamente assadas. Falamos um pouco da gastronomia dinamarquesa e pra mim ficou


on the road evidente que essa cultura está enraizada em todas as pessoas daquele país. O domínio de técnicas não está restrito a chefs de cozinha ou profissionais ligados à alimentação, e sim a todas as pessoas. As lojas mais simples vendem sofisticados equipamentos de cozinha, o que prova que esse é um assunto popular.

claro, apodreceu e empestou meu saco de dormir), um fogareiro pra camping, um minibujão de gás (do tamanho de uma maçã), uma panelinha e talheres de plástico, e segui viagem. O prazer das refeições “into the wild” é incrível. Não pelo resultado da mistura de massa com molho enlatado em si, mas pelo aspecto inusitado de cada refeição. Os campings na Noruega estão, via de regra, em lugares deslumbrantes. Beiras de lagos, cachoeiras, fiordes, topos de montanhas, etc. Então, você pega sua panelinha e vai cozinhar sua gororoba na frente de uma cachoeira, a milhas e milhas de qualquer lugar, a dois passos do paraíso. Isso sim é o que pode se chamar de programa de índio! E se você, assim como eu, sentir uma profunda vontade de virar índio, daí, amigo, você encontrou a felicidade.

Da Dinamarca fui pra Noruega

Lá a conversa é diferente. Turistas que viajam pelas estradas da Noruega levam sua própria comida. Hã? Como assim? Isso mesmo! A Noruega é um país absurdamente caro para se comer e se hospedar. Então, boa parte de quem vai pra lá viaja em trailers (motorhomes) e leva tudo o que vai comer ali dentro. Aprendi isso logo de cara, quando fui comprar uma água no mercado e paguei algo em torno de 9 reais. No mercado! Em restaurantes nem se fala… Meu plano na Noruega era chegar até Nordkapp, última cidade ao norte da Europa, lá onde acontece o sol da meia-noite no verão e a aurora boreal no inverno. Como eu iria ficar vários dias explorando as suas belezas naturais e não queria gastar todo o meu suado dinheirinho na largada, fiz como os outros: tratei de encher minhas malas de comida para evitar restaurantes. Pão, queijo, presunto, molho enlatado, massa, arroz, salmão (que,

A Noruega é um país absurdamente caro para se comer e se hospedar. Então, boa parte de quem vai pra lá, viaja em trailers (motorhomes) e leva tudo o que vai comer ali dentro

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Entre a Finlândia e a Rússia

A Finlândia foi um país de transição pra mim, apesar de ter dormido três noites ali. Sem dúvida, a refeição mais marcante foi na primeira cidade que parei, Ivalo, bem ao norte da Escandinávia. Região que ainda é habitada pelos indígenas Sapmi (ou laplanders), que servem as refeições dentro de tendas, ao redor de uma fogueira. Ali, acima do círculo polar ártico que, por razões culturais e políticas, ainda pode-se consumir carne de rena. Provei a iguaria numa receita parecida com o Strogonoff (ou, em russo, stroganov). Comida boa, atmosfera sensacional. Da Finlândia segui pra fronteira da Rússia. Pensa num

um trânsito infernal foi me jogando pro centro da cidade. E que cidade! Que surpresa! Parei logo na primeira placa que dizia “hotel”. Ali peguei aqueles mapinhas que ficam na recepção e segui pra rua principal, lá pelas 10, 11 da noite. Eu precisava comer. Caí num desses restaurantes pra turista de primeira viagem. Sentei e fiz meu pedido. Na mesa ao lado duas russas, uma loira e uma morena, me fitavam. Cabelos lindos, dentes podres. Eu sabia que era esquema. Logo começaram com o interrogatório: “Você é turista?”, “Você vem de onde?”, “Com o que trabalha?”, “Vai fazer o que depois do jantar?”, “Nós conhecemos bons lugares!”, tudo naquele inglês de sobrevivência. Prostitutas! Cortei o papo e as duas caíram fora. A cidade tá abarrotada de prostitutas. Mas estou aqui pra falar de outro tipo de comida. No dia seguinte conheci lugares incríveis em St. Petersburgo. Sofisticação, serviço, comida, tudo! Muito, muito além do que eu poderia imaginar. Sem dúvida, seu cenário gastronômico não perde em nada pra metrópoles como Nova York, Londres ou Paris. Além disso, em muitos desses lugares você pode comer com a vista para as cúpulas douradas das igrejas e monumentos que dão fama à cidade. Sofisticação, serviço, comida, tudo! Muito, muito além do que eu poderia imaginar. Sem dúvida seu cenário gastronômico não perde em nada pra metrópoles como Nova York, Londres ou Paris

Da Finlândia segui pra fronteira da Rússia. Pense num cara perdido! Meu GPS só tem mapas europeus e a Rússia não faz parte da Europa. Comprei mapas e passei a decifrar o diferente vocabulário comparando símbolos das placas na estrada com os símbolos no meu mapa. De algum jeito cheguei à periferia de São Petersburgo e

Fiquei três dias inteiros em St. Petersburgo. Isso porque eu passei dois dias com uma indecisão maluca na minha cabeça: seguir para leste até chegar em Vladivoltock, ou para oeste, até chegar em Lisboa? Eu levaria mais ou menos o mesmo tempo pra fazer tanto um quanto o outro. Uns 12 ou 15 dias. Algumas coisas pesaram pra eu seguir pra Portugal. Uma é que eu queria visitar alguns amigos que estão espalhados na Itália, Mônaco, Espanha e Portugal. Outra é que minha passagem de volta era de Portugal. Mas o que mais pesou foi a logística da moto. Deixá-la em Portugal seria muito mais fácil do que deixá-la em Vladivostock, na Rússia. Em Lisboa eu já tinha um espaço garantido e Portugal é um ponto estratégico pra próxima etapa da minha viagem (pretendo ir pra áfrica). Além disso, em Portugal eu entendo o que dizem, na Rússia não. E tratar de assuntos de logística da moto é coisa séria.

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Rumo a Portugal

Saí de St. Petersburgo em direção a oeste, até chegar na fronteira de um país que eu demorei pra saber qual era. Entrei na Letônia seguindo símbolos nas placas, mas, pela pronúncia ser diferente da nossa, eu não sabia se estava na Estônia, Letônia ou Lituânia (os três países bálticos). Passei batido pelas estradas ruins da Letônia até entrar na Lituânia e, só no fim do dia, quando entrei pra jantar em um restaurante na cidade de Kaunas, é que alguém me localizou no mundo e explicou, mostrando num mapa, que eu estava na Lituânia. Gostei de Kaunas. é daquelas cidades românticas, uma pegada Gramado, Canela, onde estar sozinho é desolador. Mas, a essa altura, eu já estava me virando bem comigo mesmo. Pedi minha cerveja escura, uma costelinha de porco assada, e fiquei ali, assistindo o vai e vem dos casais em lua de mel. No dia seguinte entrei na Polônia, direto para a Cracóvia, com objetivo principal de visitar Auschwvitz. Parei num hostel do centro histórico e acabei jantando num restaurante qualquer. Na manhã seguinte pulei cedo e fui pra Auschwvitz – campo de extermínio polonês da Segunda Guerra Mundial. Fiz uma visita guiada de três horas pelo museu e parei num posto pra almoçar antes de seguir pra Eslováquia. A comida não descia, eu estava embrulhado com toda a barbaridade que ouvi sobre a guerra. Segui pra Eslováquia acompanhado daquele mal-estar até o final do dia.

Já passavam das 22 horas quando encostei em alguma cidade fantasma da Eslováquia que eu não lembro o nome. Só achei um hotel pra dormir, que já estava lotado. Perambulei com minha moto pelo calçadão central, onde alguns

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zumbis circulavam fazendo sei lá o que, até que dois policiais me abordaram dizendo que ali era proibido usar a moto. Fiz mímicas dizendo que precisava de hotel. Então, entraram em sua viatura e pediram que eu os seguisse, até que chegamos numa pousadinha e eles foram embora. Agradeci a gentileza. Em cidade pequena não existe lugar aberto pra comer depois das 22h. O que eu fiz? Perguntei pro dono da pousada qual seria o posto mais próximo. E lá eu estava novamente, comendo um cachorro-quente eslovaco dentro de uma maravilha chamada posto de gasolina. Dali fui pra Hungria. Almocei em Budapeste. De lá pra Viena, na Áustria. Jantei um shnitzel, o prato mais tradicional de todos. De Viena segui pro norte da Itália. Cortina d’ampezzo! é nessa região que se viaja por uma das estradas mais lindas do mundo. Comida italiana na Itália é covardia. Não tem massa ruim. Não tem pizza ruim. Os clássicos spaghetti alle vongole, spaghetti ala carbonara e as lasagne alla bolognese estão por todos os cantos, perfeitamente bem preparados. Me senti em casa. Foram três dias. Passei pelo Lago di Garda e pela Cinque Terre. Mais estradas, mais paisagens fantásticas, mais refeições caseiras em trattorias inesquecíveis.


on the road

Ufa, enfim um dos melhores do mundo

Passei batido por Mônaco e pelo litoral sul da França e Espanha, onde não comi nada de muito especial, até que resolvi cumprir minha missão com a Tutano e perguntei pro Google se eu estaria próximo a algum dos 50 melhores do mundo pela lista San Pellegrino. Resposta: Vila Joya, número 22 do mundo, em Albufeira, sul de Portugal. O sul de Portugal não estava nos meus planos de viagem, mas visitar um dos melhores, estava. De Granada, na Espanha, onde eu havia passado a noite e provado o legítimo jamon serrano, liguei pro Vila Joya a fim de fazer uma reserva. “Estamos lotados”, a atendente falou. “Estou sozinho, trabalho pra uma revista de gastronomia e quero fazer uma matéria com vocês. Isso é um apelo!” “Olha, se quiser tentar, pode vir no risco. Talvez tenha lugar na mesa do chef, mas vai ser difícil. Nossa agenda tem semanas de espera...” Cheguei lá cedo, umas quatro da tarde, pra insistir na minha mesa. O cara que me atendeu falou: “Tenho a mesa do chef, mas o menu ficará em 225 euros por pessoa”. O normal custaria 175. Nessas horas não tem muita discussão, é dizer SIM e pronto. Estava tudo certo pra noite. Nesse meio tempo coloquei uma bermuda e mergulhei na praia de Albufeira, onde turistas do norte da Europa chegam antes do dia amanhecer pra garantir o melhor lugar ao sol. Água fria, revitalizante! Às 20h30 entrei no Vila Joya (de calça, não se preocupe) e lá estava a mesona de seis lugares, dentro da cozinha, só

Prato Restaurante Vila Joya

pra mim. Aproveitei e pedi pra harmonizar tudo com vinho. Lá se foram mais 100 euros. O gerente do restaurante, um carioca gente finíssima, perguntou: “Você não se incomoda se o dono do hotel jantar aqui com você?”. “Claro que não, será um prazer!”, eu disse. O Vila Joya fica dentro de um hotel que tem mais de 30 anos. Ali são organizados festivais de gastronomia com chefs do mundo inteiro. Estiveram lá: Helena Rizzo, Daniel Redondo, Jefferson Rueda, Alex Atala, entre outros que não estou lembrando agora. O proprietário, um senhor de aproximadamente 70 anos, sentou-se e contou algumas histórias do hotel, e também explicava pra mim sobre como nasceram as estrelas do Guia Michelin (eles possuem duas). “Beto, uma estrela é simplesmente pra indicar que naquele ponto da estrada existe um restaurante, um restaurante de passagem. Duas estrelas é quando o restaurante merece o desvio da rota. Três estrelas é quando o restaurante é o destino da tua viagem”. “Então, pra mim, vocês são três estrelas. Eu vim pra Albufeira só pra conhecê-los”, eu disse. Contei pra ele sobre o meu trabalho no Brasil, sobre o Madalosso e sua capacidade de atender milhares de pessoas ao mesmo tempo. Então ele disse: “Você tem que conhecer o Frango Piri-Piri do Teodósio. Deve ser parecido com o que tua família tem. Quando vêm chefs internacionais pra cá, fazemos questão de levar lá. Ele atende mais de 1.500 pessoas por dia, é um ponto turístico. E esse sim merece três estrelas”, disse ele, animado com a conversa. Tive uma noite fantástica dentro da cozinha do Vila Joya, com a visão de tudo o que acontecia com a equipe do chef Matteo Ferrantino, que mais tarde sentou-se conosco e ficou até o último funcionário sair.

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on the road No dia seguinte almocei no Teodósio, mas não tive tanta sorte. Esqueceram de servir a minha mesa e a pimenta do frango me causou algum tipo de efeito colateral que começou no estômago e foi parar no intestino – daqui pra frente vou omitir os resultados. Acho que eu não estava acostumado com tanta pimenta. De qualquer forma, valeu a visita. Vá ao sul de Portugal pra conhecer o Vila Joya e O Rei dos Frangos Teodósio. Se assim for, dá pra dizer que os dois são três estrelas.

Lisboa, minha última parada

Lisboa tem muitos restaurantes sensacionais. Você não precisa nem de indicação. É só se perder um pouco ali pelo Bairro Alto, olhar pra algum lugar que você simpatize que você vai se dar bem. Fiquei três dias por lá pra resolver a logística e armazenagem da moto e conheci estes: o 100 Maneiras, o japonês Umai, o SeaMe, o Bica do Sapato, o Mercado da Ribeira (com diversos restaurantes) e o Pastel de Belém. Mas tem um especial. Como eu fiz questão de levar minha moto até o Cabo da Roca, o ponto mais ocidental da Europa, passei pela Praia do Guincho e comi no Bar do Guincho, sobre um deck de frente pro mar. Por que inesquecível? Porque aluguei uma prancha e ainda consegui pegar umas ondas antes do meu voo sair. É… Que fino, que nada... Não são todos os dias que comer bem está em primeiro lugar. POR QUE inesquecível? Porque aluguei uma prancha e ainda consegui pegar umas ondas antes do meu voo sair

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No Park Gourmet, os restaurantes são pensados para agradar os paladares mais exigentes.

BADIDA • BARAKIAH • BAROLO TRATTORIA • BISTRÔ DO VICTOR • LA PASTA GIALLA • MEDITERRÂNEO • OUTBACK Segunda e terça: 12h às 23h • De quarta a sábado: 12h às 24h • Domingo: 12h às 22h


especial do dia

Pois que

comam brioches!

Opa, pode parar, Maria Antonieta! Aqui tem pão sim, todos os tipos de pães. Crocantes e bem mastigados com um monte de INFORMAÇÕES sobre esse alimento que anda brilhando no cenário da gastronomia

Pobre Maria Antonieta, mal sabia a emergente da monarquia francesa que justamente a frase que a tornaria inesquecível lhe custaria a cabeça. Se é verdade que a jovem rainha falou isso, não se sabe, mas que o povo francês queria mesmo pão, isso é fato. Não porque não gostassem de brioches, mas é que o pão respondia por boa parte das calorias ingeridas pelas pessoas naqueles tempos. Quando este alimento começou a faltar à mesa, a revolução já não tinha mais volta.

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especial do dia Foi com o uruguaio radicado em Curitiba Oscar Luzardo que fizemos uma viagem pela história do pão. Tudo para entender por que o alimento voltou a ganhar brilho no cenário gastronômico. Se antes você entrava numa padaria e ficava em dúvida entre o pão francês e a baguete, agora, dependendo de onde for, poderá ser tão difícil escolher quanto um café no Starbucks. O jeito é ir experimentando. Na La Panoteca, padaria do Oscar e sua esposa Claudine Botelho, aliás, nem pão francês você encontra. O local segue a proposta de slow bakery, usando apenas fermentação natural – que demanda um processo mais lento – e farinhas integrais. Por lá, o que você come são variações dos pães típicos do Uruguai e Portugal.

Mas peraí. Cervejas, brigadeiros, azeites, cafés... Estaríamos agora diante da gourmetização do pão também? Pode ser que sim, mas ao longo da conversa com Oscar percebemos que o que vem ocorrendo é na realidade um resgate aos modos tradicionais de panificação. Ao menos o movimento que trouxe isso da França e outros países foi com esse objetivo: resgatar os sabores que haviam se perdido. Voltemos à história, para contextualizar. Daquela farinha espremida em moinhos de pedra e o pão preparado em um ritual familiar, passado de geração para geração, a revolução industrial levou à moagem em grande escala e à abertura de padarias nas grandes cidades. A farinha branca, extraída da farinha integral nesse processo industrial, não apenas deixava o pão aparentemente mais “fofo”, como também derivava para outros alimentos, como as massas. Então vieram as duas grandes guerras, tempos difíceis, terras

devastadas e uma Europa faminta, pronta para conhecer a força do agribusiness que nascia nos EUA. Produtividade a mil e grandes centros de distribuição de alimentos. É claro que, a essa altura, o pão já não era mais tão importante assim na alimentação das pessoas. Por que é então que os padeiros iriam perder tanto tempo no processo de fermentação natural? O fermento biológico industrial, mais concentrado, trouxe a agilidade na produção do pão que os novos tempos demandavam. Só perdeu-se o sabor cada vez mais. E isso os franceses não podiam perdoar. Foram os padeiros de lá que retomaram a panificação tradicional. Para eles, essa troca não valeu a pena, analisa Oscar, nem do ponto de vista do sabor, muito menos nutricional, uma vez que para que as leveduras – sim, aqueles mesmos bichinhos da cerveja – se alimentem mais rapidamente é preciso colocar açúcar ou outros ingredientes no fermento. Mas e aqui no Brasil, Oscar? Não tivemos guerras, mas tivemos a hiperinflação, ele explica. Antes não havia a menor preocupação com a variedade ou qualidade gastronômica do pão. Foi com a estabilidade que o brasileiro começou a se preocupar com o bom comer. E, claro, trazendo de viagens internacionais as referências de sabor e qualidade. No fundo, fica evidente que isso aconteceu com todos esses produtos que se “gourmetizaram”. Não tivemos guerras, mas tivemos a hiperinflação, ele explica. Antes não havia a menor preocupação com a variedade ou qualidade gastronômica do pão. Foi com a estabilidade que o brasileiro começou A SE PREOCUPAR com o bom comer Quem confirma exatamente tudo isso que estamos contando aqui é Pedro Farinha Neto, neto do fundador da panificadora Família Farinha, uma das pioneiras de Curitiba nessa linha de pães especiais e fermentação natural. Nas palavras dele, qualquer aumento de qualidade é um movimento difícil de voltar atrás, a pessoa aprende a consumir melhor. Até os aromas dos pães são diferentes, Pedro explica. Bem, o aroma não vai dar para reproduzir, mas vire a página e coma com os olhos alguns exemplos deliciosos disso tudo que estamos falando aqui.

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especial do dia

Foto: Nuno Papp

Pão da Aldeia La Panoteca Inspirado nos pães de centeio de Portugal. Sabor intenso, mais pesado. 36 horas de fermentação natural.

Bretzel Família Farinha Origem alemã. Feito com farinha de trigo branca, além de sal granulado. E, antes que você nos corrija, o correto é Bretzel, mesmo, com B.

Bauer de nozes, passas e mel Família Farinha Origem alemã. Feito com farinha de centeio integral, além de nozes, passas e mel.

Pão 7 GRÃOS Ouro do Campo Feito com trigo integral, centeio, gérmen de trigo, linhaça, gergelim, semente de girassol, fibra de trigo e aveia. Fermentação natural.

Baguete Paris Família Farinha Origem francesa. Feito com farinha de trigo branca e farinha de centeio grosso. Técnica mais complexa de produção e fermentação natural.

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especial do dia Pão de azeite Ouro do Campo Feito com farinha branca, ovos, azeite de oliva e sal. Fermentação natural.

Panoteca La Panoteca Criado por Oscar e Claudine. Feito com farinhas integrais de trigo e centeio. 48 horas de fermentação natural.

Ciabatta Ouro do Campo Origem italiana. Feito com farinha branca. Camada bem fina por fora. Fermentação natural.

brioche Família Farinha Origem francesa, se encaixa na categoria Viennoaserie (técnica entre a panificação e a confeitaria). Feito com farinha branca e um pouco de açúcar.

Pão italiano Família Farinha Origem italiana. Farinha de trigo branca, sem gordura e açúcar. Fermentação natural.

Trigoteca La Panoteca Feito com farinha de trigo integral. Na França é conhecido como pain complet. Sabor mais aromático. 24 horas de fermentação natural.

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especial do dia

Pãozômetro É claro que não vamos deixar o pão francês de lado. Esse clássico está tão incorporado na mesa dos brasileiros que virou item da cesta básica. Preço subiu, dá no jornal. Quer saber como andam esses valores em Curitiba?

Saint Germain R$ 12,90 Aquarius Gastronomia R$ 11,90 Panevitá R$ 11,30 Brioche R$ 10,70

Requinte R$ 10,70

Família Farinha R$ 10,60

Cravo e Canela R$ 10,30

Maggiore R$ 9,99 Padaria Guarani R$ 9,95 Delices de France R$ 9,90

América Padaria R$ 9,90

Pigel R$ 9,90

Joaquim JOSÉ R$ 9,80

Pão da Vovó R$ 9,90 Tutti R$ 7,90

PaniCiello R$ 9,40 Panneteria di Qualitá R$ 7,40

Mercearia Viana R$ 6,49

Fermento natural

Conhecido também como levain. Produto da ação de micro-organismos (leveduras ou fungos e bactérias) que se alimentam da mistura de farinha e água. Eles consomem os açúcares contidos no trigo e, em troca, produzem gás carbônico, álcool e ácidos. Basta expor a massa (farinha e água) ao ambiente e esperar que ela seja dominada.

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* Preço por quilo.

FERMENTO biológico industrial

Feito também com leveduras, como a Saccharomyces usada na cerveja. Sua concentração, porém, é maior, o que acelera a geração de gás carbônico e faz o pão crescer em alta velocidade. Infla a massa, mas contribui menos para a construção do sabor. Fonte: Pão Nosso (Ed. Panelinha)

pão Consumo de ita/ano g per cap k 3 3 il s Bra ita/ano g per cap k 5 7 i a u Urug pita/ano kg per ca 0 0 1 l a ca Portug La Panote o/ ar Luzard Fonte: Osc


especial do dia

Rota das

padocas La Panoteca

lapanoteca.com.br Rua Gastão Câmara, 384 (41) 3339-8405

Família Farinha

familiafarinha.com.br Avenida Nossa Senhora da Luz, 2345 (41) 3362-3052

Ouro do Campo

Requinte

padariarequinte.com.br Champagnat e Cabral (41) 3335-3134 ou (41) 3014-3134

Cravo e Canela

panificadoracravoecanela.com.br Rua Jacarezinho, 1456 (41) 3015-0032

Maggiore

Rua Professor João Falarz, 409 (41) 3373-5192

maggioregastronomia.com.br Av. Manoel Ribas, 1635 (41) 3335-5584

Saint Germain

Padaria Guarani

saintgermain.com.br Vários endereços (41) 3207-6464 (Batel)

Aquarius Gastronomia

aquariusgastronomia.com.br Avenida Prefeito Erasto Gaertner, 363 (41) 3018-6880

Panevitá

panevita.com Bom Retiro e Seminário (41) 3338-0002 ou 3274-7667

Brioche

brioche.com.br Juvevê ou Batel (41) 3053-5251 ou 3342-7354

Rua Chichorro Junior, 429 (41) 3057-0733

Delices de France

delices.com.br Avenida Sete de Setembro, 6130 (41) 3244-7365

PIEGEL

confeitariapiegel.com.br Avenida Anita Garibaldi, 548 (41) 3252-7072

Pão da Vovó

Avenida Água Verde, 1827 (41) 3013-2368

Joaquim José

joaquimjose.com.br Avenida Comendador Franco, 2777 (41) 3266-1113

Tutti

tuttipaes.com.br Av. Anita Garibaldi, 4771 (41) 3354-7833

Panneteria di Qualitá

Rua Ângelo Mazzarotto, 71 (41) 3016-1511

Mercearia Viana

Rua Cruz Machado, 12 (41) 3222-8992

PaniCiello

Avenida Manoel Ribas, 5965 (41) 3372-1248

América Padaria

americapadaria.com.br Vários endereços (41) 3223-4825 (São Francisco)

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especial do dia

Feito em casa Se há quem se contente em abusar dos prazeres de um pão benfeito trazido para casa, há quem não. Tem que ser feito em casa, mesmo. E não é só porque os japoneses inventaram aquela máquina esperta de fazer pão, não. É mais do que isso. É o prazer de cultivar seu próprio fermento, sovar a massa, aguardar ansioso seu crescimento, tirar do forno a sua obra-prima. O crítico gastronômico Luiz Américo Camargo faz isso há algum tempo e sua fórmula deu tão certo que virou livro. A gente conversou com ele para entender um pouco essa paixão.

Como o pão foi apresentado a você? Quais as suas primeiras lembranças dessa paixão por pães? Minhas primeiras memórias são bem prosaicas, experiências de família, de bairro. O pão comprido e crocante, como se fosse uma baguete grossa, que aqui chamávamos de bengala. Gostava de ir comprar, vinha embrulhado no papel, fazia aquela migalheira danada na hora de cortar. O pãozinho francês quente. Nem sei se gostaria daqueles filões se experimentasse hoje, mas eles têm um lugar na minha memória. Assim como os pães italianos, como o da tradicional São Domingos, na Bela Vista… Porém, o despertar mesmo foi quando eu comecei a cozinhar, bem mais tarde, quando vi – na TV, em padarias, ao vivo – o pão sendo feito. Reparava na massa, nos gestos, nas ações e reações, e pensava: "Eu posso fazer; eu acho que entendi como se faz". 20 ou 25 anos atrás não tínhamos Google, YouTube; e a bibliografia disponível era muito restrita; então, foi mesmo na raça, no encantamento pessoal.

Conte um pouco mais sobre o que é ser um “padeiro de alma”.

Eu acho que tem a ver com fazer pão movido pela magia da panificação. Sentir a ‘‘feitiçaria’’ do fermento, trabalhar a massa, controlar a ansiedade durante o crescimento, ficar como bobo na frente do forno vendo a criatura se expandir… É superar preguiça, sono, não medir esforços. É buscar um padrão e, ao mesmo tempo, querer que cada fornada seja melhor que a outra. Faço pão há muitos anos, mas nunca fiz burocraticamente… Sempre tem um envolvimento, uma emoção. É um trabalho quase desinteressado, cujo único objetivo é cumprir uma missão que começa no pré-preparo e termina na hora de comer, que é o desfecho da aventura. Mas não tem fim: acaba uma fornada, já se pensa na outra.

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Como crítico gastronômico, como você avalia os seus pães?

Opa, pergunta difícil, mas vamos lá. Acho que são bons pães caseiros. Têm casca espessa, miolo com complexidade de sabor, com notas variadas, são bons de morder, têm durabilidade… Considerando que meu equipamento é doméstico – por opção, inclusive; as pessoas, em sua maioria, meus leitores, não dispõem de arsenal sofisticado – acho que o resultado é legal. Mas eu vejo os defeitos: uma casca que poderia ficar mais dourada, um acabamento que poderia ter sido mais rigoroso, uma hidratação que poderia ter sido mais alta… Desde que publiquei o livro, há quase um ano, continuei estudando e aprendendo mais. Descobri novos truques, novas possibilidades de aperfeiçoamento. E vi como tenho a evoluir.

É melhor comer ou fazer o pão?

Os dois. São momentos diferentes da experiência, ainda que completem um mesmo ciclo. Existe, para além do prazer gastronômico, gustativo, a satisfação de se recompensar depois de tanta dedicação, de tanto esforço. Digo isso no livro: fazer um jantar caprichado, notar que os comensais (e você) gostaram, é sensacional. Mas tirar do forno e comer um pão de sua autoria, que tenha saído muito bom, é o ápice, ao menos para mim. Bom, por vezes eu faço pães que nem provo: dou de presente, eles vão para amigos… E eu gosto disso. E às vezes como pães que eu não fiz: compro sempre em padarias de que gosto, por prazer, para me atualizar, para conhecer… E também gosto disso.

Pão combina com...

Com manteiga, queijo, embutidos, geleias, vinho… Combina com jantares rústicos, com viagens, com um bom champanhe para o réveillon. Combina com compartilhamento, na família, entre amigos. Bom, independentemente de credo religioso, não à toa ele é o alimento divino, o protagonista da comunhão, da última ceia…

Se você fosse um pão, qual seria? Por QUÊ?

Mais uma questão difícil. Acho que seria o de centeio, uma receita de que gosto bastante. É discreto, mas tem personalidade. Tem simplicidade, mas sabor, perfume. É um clássico, mas aceita reinterpretações… É confiável. Fui imodesto? Pão Nosso Receitas caseiras com fermento natural Editora Panelinha



SugestĂŁo do Chef

CadĂŞ os turistas?

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Sugestão do Chef

Expectativa versus

realidade Certamente você acumula algumas frustrações ao longo da sua vida. A comida que não valia o preço que você pagou, o hotel que não condizia com as avaliações feitas no site, aquela balada que você preferia ter trocado por uma madrugada no Netflix. Acontece, são as regras do jogo. Na vida pessoal é assim, na vida empresarial também. Enquanto, para nós, há sempre a cadeira de um terapeuta para ouvir as lamúrias cotidianas, na vida empresarial ou você arca com os prejuízos ou aprende de uma vez por todas a importância de se planejar estrategicamente. Querem ver? Copa do Mundo FIFA 2014. Ah não, dirão alguns, vocês vão querer analisar os erros da Seleção Brasileira e jogar na cara a eficiência dos alemães? Não, gente, supera, get over it. O assunto aqui é turistas, acompanhem. Segundo publicação do Governo do Paraná lançada no período pré-Copa, Curitiba esperava receber 160 mil visitantes estrangeiros e 600 mil brasileiros durante o evento. Essa era a expectativa, mas a realidade foi bem diferente. De acordo com levantamento do Instituto Municipal de Turismo, vieram para a cidade 95 mil estrangeiros e um total de 214,5 mil turistas. Azar no sorteio dos jogos? Demora na finalização da obra principal da cidade e o risco da não confirmação do evento aqui? Fiasco da seleção espanhola? Os motivos podem ter sido muitos, mas o fato é que no fim das contas os números não bateram. Como turismo e gastronomia andam de mãos dadas, a Tutano foi conversar com os representantes de diversas entidades do setor em Curitiba, além dos órgãos de governo municipal e estadual, para entender um pouco o que aconteceu, o que faltou acontecer e, principalmente, qual o caminho a seguir a partir de agora.

Sobre a Copa em Curitiba? Foi boa, ouvimos quase que em uníssono. Pode não ter sido excelente, mas também não foi ruim – essa parece ser a impressão geral. Tudo é uma questão de ponto de vista, na opinião de Marcelo Woellner Pereira, da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel). “Eu acho que foi muito boa por mostrar Curitiba ao mundo, porque a cidade nunca foi do roteiro turístico internacional, e os estrangeiros saíram muito bem impressionados. Por outro lado, nosso setor tinha expectativa alta, preparamos muito bem o nosso parque gastronômico, com ampliações, reformas, qualificação e capacitação das pessoas que trabalham nesse setor.” Mas o resultado financeiro não foi dos melhores, comenta Marcelo.

o perfil do turista da Copa era um pouco diferente. “Ele parece ter preferido aproveitar as festas e bares aos restaurantes da cidade”

Claro, independentemente de onde se hospedassem ou mesmo o que fizessem na cidade, os turistas inevitavelmente teriam que comer. Esse era o pensamento. Porém, constatou-se depois que o perfil do turista da Copa era um pouco diferente. “Ele parece ter preferido aproveitar as festas e bares aos restaurantes da cidade”, acredita Marcelo. Na outra ponta, a surpresa foi justamente o setor de hotelaria. É o que conta Henrique Lenz Cesar, da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH). A taxa de ocupação da rede hoteleira local chegou a 68% nos dias de jogo, segundo relatório da entidade, sendo que a média do período normalmente é de 30 a 40%. “Nós tivemos um movimento muito grande, até acima da expectativa, mas conseguimos atender bem a todos que vieram aqui. Tivemos uma pressão muito grande quando Curitiba foi eleita cidade-sede, principalmente da imprensa, dizendo que a hotelaria de Curitiba não iria suportar o evento. E nós demos um show. Tive retornos muito positivos dos hóspedes”, analisa Henrique.

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Sugestão do Chef É inquestionável que um evento desse porte tenha trazido uma projeção internacional sem precedentes para a cidade. Os investimentos realizados também não foram perdidos. “Tudo o que foi feito na cidade, nos estabelecimentos, nós de alguma maneira fomos beneficiados, porque demos um passo à frente. Se não houvesse um evento com essa proporção, talvez isso não acontecesse tão cedo”, avalia Marcelo. Na comparação com outras cidades que sediaram o evento, vale mencionar, a capital paranaense foi a que teve mais projetos concluídos. Só a Prefeitura de Curitiba investiu R$ 343,3 milhões e entregou cinco das seis obras de mobilidade urbana previstas no PAC da Copa. Mas e agora? Chegou a parte da pergunta que não quer calar: passado o Mundial da FIFA, cadê os turistas? A cidade cresceu como destino turístico? Ou cairá no esquecimento, junto com a vergonha brasileira pelos 7 a 0 tomados da Alemanha?

A concorrência não é fraca Ainda que esteja geograficamente muito próxima aos quatro destinos turísticos mais procurados por estrangeiros no Brasil – São Paulo, Rio de Janeiro, Foz do Iguaçu e Florianópolis, nesta ordem, segundo dados do Ministério do Turismo (2011), Curitiba se mantém na oitava posição deste ranking. Ou seja, os gringos vão de Sampa para Foz sem nem dar um alô por aqui. No turismo doméstico, o cenário não é muito diferente: São Paulo e Rio na frente, Curitiba no oitavo lugar. Vejamos, então: praias, paisagens deslumbrantes, atrativos naturais, programação cultural intensa, modernos centros de convenções, rede hoteleira variada. É, a concorrência não é fraca. Estaria

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Curitiba preparada para ganhar uma briga com esses vizinhos tão atraentes? Para os representantes do trade turístico é certo que sim, o que falta é a cidade aprender a se vender e explorar melhor o que tem de bom. Cidade modelo? Cidade ecológica? Todos esses rótulos estão ultrapassados e não condizem com a visão do atual trade turístico da cidade. Somos, na opinião dos empresários, um destino turístico de negócios e eventos. Cidade modelo? Cidade ecológica? Todos esses rótulos estão ultrapassados e não condizem com a visão do atual trade turístico da cidade De acordo com levantamento do Curitiba, Região e Litoral Convention & Visitors Bureau (CCVB), dos quase quatro milhões de turistas que vêm a Curitiba anualmente, 55% têm propósito profissional. Só no ano passado foram 21 eventos de grande porte na cidade, gerando quase 1,5 milhão de pernoites na rede hoteleira local. Mas se é verdade que há um entendimento geral quanto a essa vocação, existe também um consenso de que temos um longo caminho a percorrer. Ainda que a capital esteja entre os 10 destinos mais procurados no Brasil para esse tipo de turismo, segundo estudo da Associação Internacional de Congressos e Convenções (ICCA), mais da metade dos eventos que aconteceram em todo o país em 2013 concentrou-se na Região Sudeste. São Paulo e Rio de Janeiro na frente, como se poderia imaginar. Se antes a briga era entre 22 cidades brasileiras, hoje são 54 disputando espaço nesse mercado pra lá de promissor, revela o mesmo estudo do ICCA. Com o que concorremos nesse caso? Equipamentos e centros de convenções, rede hoteleira, serviços turísticos, serviços de apoio, parque gastronômico, infraestrutura básica e, de quebra, atrativos turísticos também – afinal, cidadão vai trabalhar, mas também pode querer aproveitar a cidade. Tudo isso compõe a oferta turística do destino e, para brigar neste segmento, explica Dario Luiz Dias Paixão, presidente do CCVB, é preciso que seja uma oferta completa e de qualidade. Em Curitiba, avalia Dario, estamos muito bem de serviços, mas podemos – e precisamos – ficar bem mais competitivos se quisermos concorrer com os grandes.


Sugestão do Chef Vamos falar de negócios O turismo de negócios e eventos é atualmente o que mais cresce no cenário nacional. Em 2012, aumentou em 23,3% seu faturamento, de acordo com Pesquisa Anual de Conjuntura Econômica do Turismo (Pacet), realizada pela Fundação Getulio Vargas. Leve em conta também que o turista de negócios é o que mais desembolsa. O gasto médio diário de um visitante desse segmento é quase duas vezes maior que o de um turista de lazer. Não é difícil imaginar o porquê. Então a conta está fácil: potencial da cidade mais retorno para economia local igual a motivos de sobra para investir pesado no segmento. Quem vai querer ficar de fora? Então a conta está fácil: potencial da cidade mais retorno para economia local igual a motivos de sobra para investir pesado no segmento “Nós temos falado muito entre os empresários da gastronomia e do trade turístico que qualquer evento que Curitiba traga ou recepcione movimenta toda a cadeia produtiva do turismo, principalmente os restaurantes. Nesse sentido, todos os investimentos re-

alizados poderão trazer bons frutos”, avalia Marcelo Pereira, da Abrasel. Eis aqui a encruzilhada do setor. Manja o dilema “quem veio primeiro, o ovo ou a galinha’’? A questão é: empresários investem para atrair demanda ou espera-se a demanda para investir? Dario Paixão compara o setor ao comércio exterior para explicar o posicionamento dos empresários. “São áreas muito parecidas. Não adianta o governo pensar assim: essa é uma área de negócios, então que invistam os empresários. Daí não faz estrada, não faz ferrovia, não faz porto, nem aeroporto. Acaba que o setor não cresce. No turismo é a mesma coisa. A gente precisa de acessos, marketing, capacitar mão de obra”, avalia. É bastante claro entre os representantes do trade o consenso de que falta uma visão estratégica. “Precisamos de mais atitude do governo para essa área. Estamos jogados para a segunda divisão”, reclama o presidente da ABIH, Henrique Cesar. O setor hoteleiro tem passado por momentos difíceis, ele conta, com uma taxa de ocupação muito baixa ao longo do ano. “Curitiba é a única capital do país que se dá ao luxo de ter 5 hotéis montados e totalmente fechados. Estão fechados, quebraram. O que podemos fazer? Manter os nossos hotéis bem preparados. Mas nós precisamos sim do apoio do governo”, analisa. ‘‘Nós temos falado muito entre os empresários da gastronomia e do trade turístico que qualquer evento que Curitiba traga ou recepcione movimenta toda a cadeia produtiva do turismo’’

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Sugestão do Chef A parte prática da questão Reconhecer o turismo como setor de desenvolvimento econômico é, na avaliação dos empresários, o mais importante passo a partir de agora. Atualmente, o Estado possui mais de 19 mil empresas consideradas turísticas que geram 136.475 empregos diretos; ainda assim, não há mais na esfera estadual um órgão oficial de turismo, com autonomia, abrangência e, principalmente, orçamento para lidar e decidir sobre as questões do setor, reclamam. De acordo com Juliana Vellozo Vosnika, presidente da Paraná Turismo, a atuação do Governo do Estado no turismo vem sendo feita pela Secretaria de Esporte e Turismo e pela Paraná Turismo, que deram continuidade aos projetos desenvolvidos. Mas esse ponto ainda é tão crítico que figura como primeiro item da pauta de reivindicações da Câmara Empresarial de Turismo do Sistema Fecomércio Sesc Senac do Paraná (que abriga todas as entidades do trade), entregue aos candidatos ao governo do Estado no período das eleições. Atrelada a essa questão, segue uma lista de outras necessidades em que os empresários pedem o apoio e o empenho dos governos. ‘‘Nós precisamos de duas coisas de imediato: profissionais técnicos nos órgãos públicos posicionados em cargos de liderança; mas também precisamos que nossa economia melhore’’ “Nós precisamos de duas coisas de imediato: profissionais técnicos nos órgãos públicos posicionados em cargos de liderança; mas também precisamos que nossa economia melhore. Não adianta termos os melhores profissionais alocados na secretaria, se a economia vai mal e o governo não tem orçamento para destinar aos projetos”, avalia Dario Paixão. Uma das principais consequências dessa falta de visão e reconhecimento do segmento que tem afetado diretamente o desempenho da cidade no setor é a fraca promoção e divulgação nas feiras e encontros da área. “Hoje a disputa entre as cidades é muito acirrada, não só no cenário nacional, mas também internacional. Temos que ter alguma política diferenciada que nos dê condição de trabalhar melhor a competitividade de Curitiba”, diz Tatiana Turra, que atua ao lado de Dario no CCVB.

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Pode até ser a passos lentos, mas ao que parece essa conversa com os governos tem acontecido e gerado resultados. Ao menos é o que registra Juliana Vosnika, da Paraná Turismo. Um exemplo de mobilização do Governo Estadual é o Projeto Paraná MICE (Meetings, Incentives, Congresses & Exhibitions), criado em parceria com o SEBRAE, Federação dos Conventios & Visitors Bureaux e Fecomércio para consolidar o Paraná como um destino competitivo no segmento de negócios e eventos. Na esfera municipal, a abertura do Conselho Municipal de Turismo para as entidades do trade e da gastronomia também foi apontada como boa iniciativa para uma conversa entre governo e empresários. O Instituto Municipal de Turismo diz que tem trabalhado para priorizar todas as formas de promoção da cidade. O projeto inclui a participação em feiras nacionais e internacionais, o lançamento de novos roteiros turísticos com novas rotas gastronômicas e a consolidação de Curitiba como Capital do Inverno e do Natal, entre outras ações. À frente do Sindicato Empresarial de Hospedagem e Alimentação do Paraná (SEHA), Jacob Mehl conta que tem se mobilizado para unir esforços, em paralelo a esses caminhos. Iniciativas isoladas são menos produtivas, ele acredita. Como exemplo, cita o caso da gastronomia local. Não há atualmente um calendário único de eventos; muitas feiras e eventos acabam ocorrendo simultaneamente, enquanto em outros momentos nada acontece. “O governo depende fundamentalmente dos empresários, não tenho dúvida disso. Nós temos que ter a iniciativa de ajudar o governo também. Vamos fazer com que todos remem na mesma direção. A expectativa desse trabalho é muito grande, então a esperança é começar a trazer para Curitiba atrações que possam melhorar a ocupação dos hotéis, restaurantes, bares e tudo mais”, conta Jacob. ‘‘O governo depende fundamentalmente dos empresários, não tenho dúvida disso. Nós temos que ter a iniciativa de ajudar o governo também’’ Bem, se é verdade que – nos perdoem pelo clichê – a união faz a força, a grande lição que a Copa do Mundo parece ter deixado aos empresários é que, sem planejamento e mobilização, ficam todos patinando. O jeito é embarcar no trem desse “legado” do Mundial, seja ele qual for, porque andar para trás é que não dá mais.


Sugestão do Chef

No olho do furacão

ções de Curitiba. A cidade não se renova, não tem inovação. Apenas o setor de restaurantes, que evoluiu muito; mas nos atrativos a cidade deixa a desejar. No caso dos grupos de visitantes que vêm a primeira vez para cá, por exemplo, temos atrativos para mostrar; mas quando já vieram antes, não tem o que fazer.”

Juliana Luchessi é sócia-diretora da Gold Arrow, empresa que trabalha com convenções, congressos e viagens de incentivo. No ano de 2013, a sua equipe realizou mais de 100 eventos corporativos de grande, médio e pequeno porte, porém, apenas 20 foram em Curitiba. O depoimento de Juliana traz um olhar importante de quem está ali, no meio do furacão.

‘‘Investimento no turismo de negócios atrai também para o turismo de lazer. Por isso, todas as cidades estão acordando para o turismo de negócios, afinal, dá movimento o ano todo’’

“Investimento no turismo de negócios atrai também para o turismo de lazer. Por isso, todas as cidades estão acordando para o turismo de negócios, afinal, dá movimento o ano todo. Quanto a Curitiba, a estrutura da cidade ainda é muito precária, principalmente quando se compara a outras cidades do Brasil. Temos estrutura para eventos de 1.100 pessoas, no máximo. Mais do que isso, nem consideramos. Fizemos um evento recentemente para mil pessoas e tivemos que alocar os visitantes em sete hotéis diferentes. Não há homogeneidade nos hotéis. Em outras cidades, é possível fechar um hotel para um evento, mas aqui não. A logística também tem sido complicada. Existem poucas empresas boas de transporte atuando, muitas delas acabam deslocando seus melhores equipamentos para o transporte de funcionários no dia a dia de indústrias. Por fim, outro ponto crítico são as atra-

Raio-X do turismo de negócios e eventos • O Brasil está em 7º lugar entre os países que mais realizam eventos internacionais. • 25,6% dos turistas internacionais vêm ao país com essa finalidade. • O gasto médio diário é de 127 dólares, quase duas vezes maior que o turista de lazer. • A indústria de eventos movimentou 209,2 bilhões de reais no Brasil em 2013, o que equivale a 4,32% do PIB nacional. • Mais da metade dos 590 mil eventos realizados no Brasil em 2013 foram nos estados da Região Sudeste. • No Paraná, o segmento responde por 43% dos 13,5 milhões de visitantes recebidos anualmente. Fonte: Associação Internacional de Congressos e Convenções (ICCA), Embratur e Paraná Turismo.

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Sugestão do Chef

Tá na boca do trade! Conheça algumas das principais REIVINDICAÇÕES do setor Centro de Convenções Em 2012, Fortaleza ganhou um centro de convenções com capacidade para receber 48 eventos simultâneos e abrigar até 30 mil pessoas em um único evento. Um verdadeiro bicho-papão na concorrência dentre os destinos nacionais. O custo da obra foi de R$ 486,51 milhões. De acordo com o Instituto Municipal de Turismo de Curitiba, já existe uma verba liberada para a construção de um novo centro de convenções e feiras na cidade. O valor? R$ 50 milhões. “Nós temos um auditório maravilhoso, provavelmente um dos melhores do Brasil, ali na Rua Barão do Rio Branco, mas um centro de convenções não sobrevive sem uma área de exposições. É uma deficiência gravíssima em Curitiba”, avalia Jacob Mehl (SEHA). “Antigamente tínhamos três grandes centros de convenções: Estação Convention, que fechou; Expotrade, em Pinhais, que está parado no tempo, e o Expo Unimed da Universidade Positivo. Este foi o único que sobrou, mas como está sozinho no mercado, não tem data e cobra caro. Com um novo centro, terá concorrência, preço mais acessível, estrutura melhor, voltado para a cidade”, opina Henrique Lenz Cesar (ABIH). “Para nós, um novo centro de convenções é mais um equipamento que soma, não é prioritário. Prioritário é fazer marketing da cidade. A gente tem que aumentar primeiro a nossa demanda. Primeiro a gente precisa pensar em preencher a nossa estrutura, para depois pensar em mais estrutura”, avalia Dario Luiz Paixão (CCVB). Infraestrutura “Curitiba tem soluções que foram criadas lá atrás e que hoje não estão dando mais suporte. Aquela história da falta de orçamento, da falta de prioridades, ou da falta de visão de planejamento estratégico, como médio e longo prazo”, critica Marcelo Wollner Pereira (Abrasel). “Não temos ainda um aeroporto condizente com a cidade, nem um sistema de transporte que possa agradar turistas, como o metrô. Falta também no Estado um porto que possa receber navio de passageiros. No Porto de Paranaguá, não

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temos um ancoradouro para descer um navio de turistas. Ele desce no meio da soja, da sujeira, isso é inadmissível”, aponta Jacob Mehl (SEHA). Desburocratização Muitas das outras reivindicações do setor parecem apontar para um problema macro na relação governo e iniciativa privada. Falta parceria, sobra burocracia. Turista que chega aqui e leva multa no carro em frente ao hotel, sem receber orientação. Ônibus com visitantes de evento corporativo sendo abordado por fiscais no trajeto, mesmo estando dentro de todos os requisitos. “Depois daquele episódio na boate de Santa Maria, viramos todos bandidos, os donos de casas noturnas principalmente. Daí veio aqui a Ação de Fiscalização Integrada, a AIFU. É uma coisa necessária. Só acho que não tem que entrar da maneira que entra. Pessoas armadas durante um evento. Nosso comércio tem que ser cumpridor das leis. Mas temos que, principalmente, dar segurança aos nossos clientes”, critica Jacob Mehl (SEHA). “O que nós questionamos é o seguinte: vocês tiveram a competência de fazer uma ação integrada de fiscalização, mas não tiveram a competência de fazer uma ação integrada de emissão desses documentos. O mal que a gente sofre é esse. Quando eu consigo a liberação do bombeiro, por exemplo, eu fico aguardando a liberação da Vigilância Sanitária; quando eu consigo a da Vigilância, venceu a minha do bombeiro. Então a gente fica num ciclo e não consegue sair”, avalia Marcelo Wollner Pereira (Abrasel). “A Secretaria Municipal do Urbanismo apresentou para entidades representativas do setor algumas propostas para diminuir o tempo de análise de consultas comerciais. Elaboramos quatro propostas emergenciais para acelerar o processo. Adotamos medidas emergenciais de esforço concentrado, em parceria com os núcleos de Urbanismo das administrações regionais, o que permitiu que o número de processos acumulados caísse pela metade”, informa o secretário municipal do Urbanismo, Reginaldo Cordeiro, por meio da assessoria do IMT.


Sugestão do Chef

Fora do centro Entenda por que os empresários do setor fazem questão de um Centro de Convenções com cacife para entrar na briga com outras capitais na disputa por grandes eventos Centro de Eventos do Ceará

CentroSul – Centro de Convenções de Florianópolis

Área total: 170.000 mil m² Área construída: 152.694 m² Área disponível para feiras e exposições: 76.000 m² 2 mezaninos / estacionamento para 3.200 veículos 44 espaços adaptáveis e 18 salas em cada mezanino. Capacidade para abrigar até 30 mil pessoas em um único evento.

Área total: 16.560 m² Área disponível para feiras e exposições: 7.200m² 2 pavimentos / estacionamento para 1.200 veículos 2 salões de exposição (capacidade para até 13.000 pessoas) e 15 salas multifuncionais (capacidade para até 3.500 pessoas)

Centro de Convenções da Bahia

Centro de Convenções de Curitiba

Área total: 153.000 m² Área construída: 57.000 m2 Área disponível para feiras e exposições: 24.800 m2 4 andares / estacionamento para 1.300 veículos 17 auditórios (capacidade entre 60 e 2.000 lugares) e 22 salas de apoio (capacidade entre 30 e 120 lugares)

Área total: 8.426 m² Área disponível para feiras e exposições: 3 áreas de exposição somando 1.550 m² 5 pisos / estacionamento terceirizado 1 auditório (capacidade para 1.300 pessoas), 1 salão (capacidade para 250 pessoas) e 14 salas de apoio (capacidade entre 20 e 90 lugares)

Centro de Convenções de Natal Área total: 68.805 m² Área construída: 12.739 m² Área disponível para feiras e exposições: 2 pavilhões totalizando 8.650 m² 3 blocos / estacionamento para 5.000 veículos (6.997 m²) 2 auditórios (capacidade para 800 e 120 pessoas); 9 salas de apoio, 3 salões e anfiteatro.

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lobetomia

s a d o ã i n u s e AD s a r e f s E s ê Tr o ma p or b et

Associações são formadas para lutar pelos interesses daqueles que representam. Associações de restaurantes, por exemplo, prestam assessoria jurídica, trabalhista e contábil aos seus associados. Promovem treinamentos profissionalizantes e desenvolvem fornecedores. Vou chamar isso de “assuntos administrativos / operacionais”. Por outro lado, as associações se formam para negociar com o poder público. Quem é que vai ouvir, na Prefeitura ou no Governo Estadual, um dono de restaurante, isoladamente, pedindo pra baixar impostos ou pra ter mais segurança no bairro onde fica seu estabelecimento? Ninguém, é claro! Agora, uma associação eles ouvem. Ou pelo menos fingem que ouvem... Os empresários são muito mais organizados que os governos, tanto é que conseguem alinhar interesses de diversas associações em uma única pauta. Os governos não têm a mesma competência. Pelo menos não é o que vemos por aqui. As três esferas – municipal, estadual e federal – não conseguem atender, em conjunto, aos anseios da nossa categoria. Uma por incompetência, outra, muito mais assustadora, por divergências puramente políticas. Eu sou prova viva disso. Vou contar um pouco da minha experiência pra você... Em 2004 fui presidente da ACISF, Associação do Comércio e Indústria de Santa Felicidade, que tem a missão de promover e desenvolver o comércio da região. Unidos com a CARSF, outra associação do mesmo bairro, nós lutávamos incansavelmente pela revitalização da Avenida Manoel Ribas, em seu trecho turístico, onde se concentra a maioria dos restaurantes. Depois de muita insistência, conseguimos um projeto elaborado pelo IPPUC, com orçamento de 2,4 milhões de reais, pelo

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o da l o s s

qual 40% da obra seria de responsabilidade do Município e 60% do Governo do Estado. Eram previstos o realinhamento do paralelepípedo, substituição dos velhos postes por outros de fiação subterrânea, reforma das calçadas e nova iluminação para pedestres. De um lado, o Governo do PMDB; do outro, a Prefeitura do PFL. Daqui pra frente você já imagina o desenrolar da história... Por pura “divergência política”, o Governo do Estado não quis participar com a parte que lhe cabia e o coração de Santa Felicidade, um dos principais atrativos turísticos de Curitiba e do Paraná, constantemente usado por candidatos em seus discursos de campanha, ficou com apenas 40% da obra que, quando entregue, já estava obsoleta. Santa Felicidade tinha empresários organizados, dispostos a fazer do bairro um destino cada vez mais procurado. Não era só a rua. Falávamos de regulamentação arquitetônica de fachadas, mais segurança para clientes passearem à noite pelas lojas de artesanato, normatização do uso de recuo etc. Nunca fomos efetivamente atendidos. A Santa Felicidade romântica de antigamente desmoronou. Quem circula na Manoel Ribas de hoje, na região dos restaurantes, percebe que o pouco que sobrou da imigração italiana é ofuscado por farmácias populares, casas china, bancos etc. Isso é retrato do descaso e da desunião dos poderes públicos. Nunca houve políticas de desenvolvimento para o turismo deste bairro. Tudo o que um dia tivemos foi feito por empresários – inclusive o nosso Portal de entrada. Muitos empresários fecharam seus negócios; outros migraram seus investimentos para pontos mais prósperos da cidade e enterraram suas histórias por falta de apoio. Um passado que não volta mais. Uma lástima!


lobetomia Voltemos ao presente... O turismo de Curitiba e do Paraná, como um todo, amarga a mesma situação. Considerado “perfumaria” para os poderes públicos, o turismo é ignorado e não recebe investimentos – mesmo sendo fonte de recursos para setores como saúde e segurança. Nosso Estado sequer conta com uma Secretaria de Turismo. Tudo bem, a gente entende. Pra que uma secretaria produzindo despesas se não tem autonomia ou orçamento suficiente para fazer mudanças? Acontece que nossa cidade e nosso Estado têm ficado anos-luz atrás de outros que sabem reconhecer a importância do setor. Somos esmagados por destinos onde governos e municípios participam ativamente do desenvolvimento turístico.

Nunca houve políticas de desenvolvimento para o

Unidas, as associações Abrasel (Associação Brasileira dos Restaurantes), ABIH (Associação Brasileira da Indústria de Hotéis), Convention & Visitors Bureau, Sindicato de Hotéis e Restaurantes do Paraná e ACISF estão alinhadas nessa pauta. Será que Prefeitura, Governo do Estado e Governo Federal conseguem unir suas forças assim como nós? Ou continuaremos sofrendo com a vaidade das divergências partidárias? Estamos há mais de 10 anos batendo nessa mesma tecla, num entra e sai de governos e prefeituras, com centenas de promessas e reuniões. Governos precisam substituir o gerúndio do “estamos planejando” pelo particípio do “está realizado”. Esperamos, em breve, ver governador e prefeito juntos, unidos, trabalhando o turismo paranaense como prioridade de seus governos. Essa eu não quero esperar sentado; quero esperar em pé!

turismo deste bairro. Tudo o que um dia tivemos foi feito por empresários - inclusive o nosso Portal de entrada

Quero falar de uma, apenas uma de nossas urgências: um centro de convenções de respeito para a cidade de Curitiba. Um centro de convenções capaz de atrair o turismo de negócios de todas as partes do Brasil e, através dele, promover também o turismo de lazer, apresentando nossos parques, praças, feiras, museus e gastronomia enquanto o turista estiver por aqui.

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chá de cozinha

Manual dos

CHEFS

DE PRIMEIRA VIAGEM Bipolaridades à parte, que tal dar uma renovada na sua cozinha com uma pegada retrô? Não se preocupe, de antigos, estes produtos só têm a cara e talvez o jeito de andar

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gastroglobalização

Dieta na rede

Como as dietas da moda caem na boca do povo e fazem até você, esperto leitor, querer saber como o “corpitcho” da Nívea Stelmann voltou tão rápido depois da gravidez! “Na segunda eu começo!” Quem nunca, após um fim de semana de orgias gastronômicas, não prometeu a si mesmo e ao espelho começar uma nova dieta e tentar eliminar aquela gordurinha que teima em aparecer nas fotos? Mentalizando os elogios que vai receber e as roupas que vão ficar mais largas, você, numa versão moderna da Scarlet O´Hara na memorável cena de “E o Vento Levou”, jura:

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“Jamais comerei carboidrato novamente” e parte para o Google à cata de revistas, blogs e páginas nas redes sociais que falam de dietas. Está na moda fazer dieta e ainda mais na moda compartilhar informações sobre alimentação saudável, malhação e qualidade de vida em blogs e redes sociais. Tem gente que até faz disso o seu ganha-

-pão, low carb, no caso. Já parou pra pensar que até bem pouco tempo atrás você ainda comia tranquilamente o seu pãozinho branco na chapa sem medo e culpa? O que mudou, então? A gente arrisca alguns palpites: um deles é que quanto mais informações a gente tem sobre o que comer, mais pensamos sobre isso e o outro é que nada melhor para seguir uma dieta do que exemplos de sucesso.


gastroglobalização Está na moda fazer dieta e ainda mais na moda compartilhar informações sobre alimentação saudável, malhação e qualidade de vida em blogs e redes sociais Se você digitar a palavra dieta no Google vai encontrar mais de 113.000.000 de resultados em menos de 30 segundos. Um dos blogs mais famosos que falam de dieta e boa forma, o Blog da Mimis, conta atualmente com mais de 600 mil seguidores e se você quer resultados mais modestos, o Instagram da it-fit (nem sei se a palavra existe, mas cabe aqui) Carol Buffara tem mais de 360 mil seguidores. É bastante informação, não é? Em pouco tempo, muita gente já está compartilhando e curtindo novas postagens e, quando o assunto é dieta, isso parece ser ainda maior. A dieta da princesa Em 2011, bastou a então noiva real Kate Middleton desfilar alguns quilos a menos no casamento com o príncipe William para que a imprensa especulasse qual o segredo da sua boa forma. Apelidada de “dieta da princesa”, o método criado pelo médico francês Pierre Dukan tornou-se um verdadeiro fenômeno e virou febre entre celebridades e anônimos. A partir do best-seller escrito por Dukan “Eu não consigo emagrecer”, muitos blogs e páginas passaram a “traduzir” o método para o leitor com sugestões dos alimentos que eram permitidos e os que não eram, quais as fases da dieta, receitas e assim por diante. De repente, o pãozinho, o hambúrguer, a massa e a pizza viraram os novos inimigos da cintura. Quem, nos últimos tempos, em qualquer conversa de boteco, churrasco, festa da firma

já não ouviu alguém que está “dando um tempo nos carboidratos” na busca de um corpinho mais magro? Sem contar que aos poucos, alimentos que ficavam escondidos nas lojinhas de produtos naturais começam a virar as estrelas da vez, como é o caso do farelo de aveia na dieta Dukan ou ainda alimentos proteicos para atletas, alimentos sem glúten... e por aí vai.

“Comecei uma dieta, cortei a bebida e comidas pesadas e, em 14 dias, perdi duas semanas” Esse é um exemplo, mas dietas surgem o tempo todo e algumas prometem verdadeiros milagres! Já pensou secar quatro quilos em uma semana só tomando água com limão em jejum? Ou apenas comendo abacaxi? E o suco de berinjela? Não parece promissor... É como diz aquela frase: “Comecei uma dieta, cortei a bebida e comidas pesadas e, em 14 dias, per-

di duas semanas”. Claro que a gente não sugere que a pessoa “largue os bets” no controle da alimentação, mas também não podemos esquecer que há uma mídia forte da indústria da dieta por trás de muita coisa que é oferecida por aí. E, além disso, os exemplos que a gente vê nas capas de revistas e sites são uma combinação de exercícios, tratamentos estéticos e alimentação, e em alguns casos até de um bom tratamento no Photoshop. Mas não desanime! Para quem já está de olho no verão e tentando estrear aquele corpinho fica a dica: “A perda de peso requer muito esforço, dedicação e principalmente organização. É necessário readequar hábitos alimentares e também muitas vezes comportamentos para que a perda de peso aconteça. É ilusão acreditar que deixando de comer certo nutriente ou alimento por um período (semanas, meses) promoverá a perda de peso”, ressalta a nutricionista Andressa Roehrig Volpe, especializada em Nutrição Clínica. Ela lembra que é os exemplos que a gente vê nas capas de revistas e sites são uma combinação de exercícios, tratamentos estéticos e alimentação, e em alguns casos até de um bom tratamento no Photoshop preciso equilíbrio e também se “apaixonar” por um estilo de vida saudável, que não quer dizer restritivo, afinal, sempre teremos festas, comemorações e momentos em que daremos um (pequeno, talvez) chute no balde. Informação é sempre bem-vinda, mas cada corpo é único e por isso é preciso ter cuidado com o que a gente lê.

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gastroglobalização

Algumas das dietas mais intrigantes da história Se você pensa que fazer dieta é algo novo, se engana. Há pelo menos 2000 anos o homem corre atrás do prejuízo quando o assunto é perder peso.

Galeno (a.c. 130-a.c 200) - médico grego: Em um dos primeiros estudos de caso sobre o tratamento da obesidade, Galeno relata que emagreceu um “gordo enorme” fazendo-o correr pelas manhãs até ele suar muito, depois ele era esfregado com força e finalmente tomava um banho quente. Só depois, a pessoa comia e então era forçada a trabalhar.

Imperatriz Elisabeth Amalie Eugenie von Wittelsbach, a Sissi (1837-1898)

- A imperatriz media 1,70 e pesava 47 quilos. Se a sua cintura passasse de 50 centímetros, ela se recusava a comer. Dizem que ela tomava apenas um caldo magro, suco de laranja e leite e cumpria uma rigorosa série de exercícios físicos diários que eram considerados uma novidade na época.

Horace Fletcher (1849-1914) - médico

americano: Sugeria que para a pessoa emagrecer deveria mastigar intensamente a comida até ela ficar líquida e perder o sabor. Para o método nomeado como “A grande mastigação” funcionar, a pessoa deveria mastigar cada bocado de comida pelo menos 100 vezes. Segundo ele, parte da

obesidade das pessoas devia-se ao “trabalho relapso com a boca”.

“Acenda um Lucky” -

Propaganda de 1929 : Na publicidade com a atriz do cinema mudo Constance Talmadge, sugerese o consumo de cigarros da marca Lucky Strike em substituição aos doces que fazem engordar. “Acenda um Lucky e você nunca mais vai sentir falta dos docinhos que fazem você engordar.”

Adaptado de: A tirania das dietas: Dois mil anos de luta contra o peso. Louise Foxcroft. Editora Três Estrelas (2013). 279 páginas.

Quem nunca? Confira depoimentos de quem já fez verdadeiras loucuras para perder peso! Fátima Stellfeld Mansani é advogada e já tentou de um tudo em busca de um corpo mais magro. “Comecei a ter noção que era ‘gordinha’ com 12 anos. Foi quando resolvi comer terra pra ficar com uma lombriga, pois minha prima Angela tinha, comia muito e era magra. Foi quando fui à primeira vez num endócrino, que disse que quando ‘ficasse mocinha’ emagreceria. Claro que era mentira, né? Minha saga por todo tipo de regime começou nessa época. Já fiz dietas, dietas e mais dietas... remédios e mais remédios. Inibidores de apetite... tomei todos que existem de tarja preta. Dieta de Beverly Hills, comi alguns abacaxis e fiquei com a boca inteira de aftas. Dieta do Atckins... comia um boi com chifre e tudo. Duas dúzias de ovos, mas nem um grão de arroz,

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nenhuma fruta e zero carboidrato. Emagreci 15 quilos e depois recuperei tudinho e ainda fiquei com uma raiva danada quando soube que o médico que inventou morreu do coração com quase 200 quilos! Água morna com gotas de limão em jejum tomei muita... nunca perdi um quilo.” Naymme Moraes é historiadora e mestre em História da Arte. Acha que chocolate e exercício físico podem coexistir pacificamente. “Até os 28 anos nunca me imaginei tendo que dar um tempo na cerveja, no chocolate e no macarrão, meus exageros preferidos. Mas com o tempo vieram aqueles quilinhos a mais e daí para entrar na loucura das dietas e academias foi um passo curto. Depois de muitos

quilos a menos e angústias a mais, eu que sempre militei pelas liberdades estava presa a um padrão que abominava, quando me olhei no espelho e vi que eu não era mais eu. Hoje a medida certa é aquela corridinha três vezes por semana, uma reeducação alimentar que não me impede de comer meu chocolate diário e um vestido velhinho que está no armário há alguns anos e que continua me servindo.”

tora assíi é jornalista e lei Sabrina Demozz mbém é formada em GasTa o. ltura da dua da Tutan e em História e Cu tronomia e mestr UFPR. la pe Alimentação




culinária punk

free, free, Freezer Tyson free! Sabe aquelas pernas de caranguejo que sobram de uma caranguejada que você faz em casa, congela e nunca mais usa? Então, aprenda a fazer os rolinhos vietnamitas do nosso convidado Nuno Papp e libere espaço no freezer Ingredientes 200g de carne de caranguejo já cozida, temperada e desfiada 10 folhas de papel de arroz Alface crespa 2 ovos Cenoura e pepino-japonês preparo Bata os ovos para fazer uma omelete numa vasilha e tempere com sal. Frite alho picado em uma frigideira e jogue os ovos. Essa omelete precisa ter a espessura de uma panqueca. Corte a omelete em forma de espaguete. Descasque o pepino e a cenoura com um descascador de batata e continue cortando até ficar com várias “fitas”. Lave as folhas de alface.

montagem Molhe as folhas de arroz em água morna por uns 10 segundos. Tire da água e coloque numa bancada. Coloque a folha de alface em cima da folha de arroz, o caranguejo desfiado e uns fios de cenoura, pepino e omelete. Enrole o papel de arroz e pronto. Essa parte pode ser difícil. Qualquer coisa, lembre das suas viagens pra Amsterdã, que enrolar fica moleza. Dips para molhar os rolinhos Geleia de pimenta Emulsão de shoyo, óleo de gergelim torrado e pimenta-dedo-de-moça picada. Para variar: você pode substituir o caranguejo por camarões pequenos escaldados em salmora com pestillos de açafrão.

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happy hour

Tudo pronto, soldado? Atenç ão, você, combatente que trabalhou o ano inteiro e clama por alguns dias de férias regados a drinques especiais, nós já sabemos qual será a sua escolha para o verão. Já falamos dele por aqui na edição #01: clássico gin. Mas agora com tônica. Tá, você não é um soldado inglês e nem precisa tomar essa bebida pura. Mas, segundo Igor Bispo, o premiado bartender que está à frente do Tiger Cocktails, os drinques que vão estrelar na sua mão nesta estação serão preparados com a boa e velha gin tônica.

A receita é exclusiva do Tiger, mas você pode degustar no aconchego do seu lar • 60ml de Tanqueray • 30ml de suco de abacaxi • 5ml de água de flor de laranjeira • Complete com tônica Use flores de hibiscos para decorar. Dica de quem sabe: use taça ballon, aquela em que você toma vinho!

Entre as sugestões do Igor, ficamos com o Tommy Love Letter! O drinque foi criado por ele mesmo para concorrer ao Cocktail Journey. Não ganhou o campeonato, mas está concorrendo ao prêmio de “drinque do seu coração” na temporada veraneia. Tommy é feito com gin Tanqueray, suco de abacaxi e flor de laranjeira. Mas nada de ponto sem nó. O abacaxi está no brasão da família que criou o Tanqueray e também é um símbolo de boas-vindas (alô, verão?). As flores de laranjeira foram adicionadas como um toque de poesia ao drinque, já que antigamente as esposas e namoradas de soldados ingleses escreviam-lhes cartas com cheirinho de flores e folhas de laranjeira. Ou seja, Tommy Love Letter é as boas-vindas em forma de drinque ao seu verão e às suas férias! Onde apreciar? Tiger Cocktails Saldanha Marinho, 1071 (41) 3232-7758

Fotos: Luana Almeida e Venâncio Filho

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comida pra quĂŞ?

Botecagem gourmet dos pinheirais Essa passou raspando!!!! Nosso colunista Tiago Vidal juntou as tralhas e voltou para a sua cidade querida. Para comemorar, preparou a mais curitibana das receitas curitibanas

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comida pra quê?

Mencione

carne de onça

em qualquer lugar fora de Curitiba e as pessoas vão olhar para você com uma expressão de ativista do Greenpeace misturada ao eco-vegan mais xiita que já pisou na face da Terra. O acepipe de carne crua com cebola é algo desconhecido em outras regiões, um tesouro das araucárias, algo tão típico de Curitiba quanto ter que usar casaco no verão. Mas de onça essa guloseima não tem nada, a não ser a nota de dinheiro que você vai gastar pra pagar uma porção dessas no boteco. Por isso, preparar essa receita em casa tem muitas vantagens. Além de ser lazarento de mais barato, o hálito de cebola crua ficará restrito apenas a um ambiente controlado, onde amigos podem dividir essa iguaria sem precisar devorar um pacote de Halls após cada abocanhada. Compre umas cervejas, uma cachacinha de qualidade e prepare-se para transformar sua morada em um cartão-postal da Cidade Sorriso. Se quiser entrar no modo Curitiba level hard, misture uma Coca marota com aquele Velho Barreiro danado e embarque no tubo da alegria. Fazer esse sushi do mundo bovino é muito fácil. Basta empilhar sabores para depois mandá-los em uma belíssima viagem goela abaixo. Comece fritando as fatias de batata-doce em óleo fervente. Enquanto elas escorrem em papel-toalha, pique a cebola, a cebolinha e prepare a farofa de pão-preto. Com tudo pronto, é só colocar a carne sobre a base, temperar, decorar com a farofa e sair bailando, piá lóque.

Ingredientes tesão Chips: 1 batata-doce fatiada bem fina e óleo para fritar. Farofa: 4 fatias de pão preto, 30g de manteiga, cebolinha. Carne: 500g de patinho, passado duas vezes no moedor, 1 cebola bem picada, ½ maço de cebolinha picada, sal, pimenta-do-reino, azeite, 1 limão, molho de pimenta, mostarda preta e molho inglês. Modo de preparo debulho Chips: frite no óleo até dourar. Farofa: coloque o pão no forno a 180ºC por 10 minutos ou até ficar mais seco. Bata no liquidificador. Derreta a manteiga numa frigideira e adicione o pão. Mexa até ficar crocante CREC-CREC. Adicione sal e a cebolinha picada. Carne: coloque um pouco de carne sobre o chips de batata-doce. Tempere com sal, pimenta-do-reino, uma gota de molho de pimenta, uma gota de limão e um pingo de mostarda. Capriche na cebola e na cebolinha. Ponha uma gota de molho inglês e azeite. Decore com a farofa.

a das a gangsta cuisine, a cozinh Tiago Vidal Dutra praticaem casa e sem muita frescura, e tem ndo. ruas, feita com o que jo® é possível para todo mu acredita que ir além do Miof, publica as receitas no blog che de Após suas tentativas com aziaavemaria.wordpress.

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menu du jour

Aaaaaaaaaaaaaaaa

Tum!

Ok, o título acima é a resposta de um clássico das piadas infames (qual é o nome do peixe que se atirou de um prédio de 20 andares?) que não pudemos deixar de citar. Aqui na Tutano é assim, a gente perde o leitor, mas não perde a piada. Mas se o seu senso de humor não anda lá essas coisas, pula essa parte e vai direto lá para as receitas dos chefs Francisco e Ricardo. Afinal, veja que grande contribuição:

eles nos ensinaram que abrir a lata e misturar atum com maionese para rechear o pão não é exatamente o que se pode fazer de melhor com esse peixe simpático que reduz o risco de câncer, faz bem para o coração e para o cérebro, ajuda a regular o metabolismo e a desintoxicar o fígado, além de... melhorar o humor! Quem sabe assim você consegue rir da piadinha lá do topo!

Receita da Causa Acevichada Nikkei

Por Francisco Orejuela, Quina do Chef Restaurante Causa 150 gramas de batata Asterix 1 colher de café de açafrão-da-terra 50 gramas de abacate 30 gramas de tomates em cubos 30 gramas de ricota em cubos Sal e pimenta-do-reino a gosto Descascar, cortar a batata em cubos e cozinhar em água fervendo com sal e o açafrão. Amassar e formar uma massa (purê), temperar e esfriar. Ceviche 100 gramas de atum fresco em cubos 100 ml de suco de limão

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Meia colher de sopa de coentro picado Meia cebola-roxa em julienne 1 colher de sopa de molho de ostra Meia colher de sopa de molho de peixe (Nam Pla) Gergelim a gosto Pimenta picada a gosto Preparo Em um bowl (tigela) coloque o suco de limão, o coentro, o molho de ostra, o molho de peixe, a pimenta e o atum. Misture tudo, prove o caldo e verifique o sal. Deixe marinar por 5 a 10 minutos. Retire o peixe da

marinada e reserve. Passe a cebola -roxa na marinada e reserve. Montagem Com o auxílio de um aro, comece a montar a causa com o purê de batata na base. Deixe um dedo de espessura. Em cima, coloque a fatia de abacate, disponha o ceviche e aperte um pouco para manter a forma e tire o aro. Para finalizar, coloque a cebola-roxa por cima e polvilhe com gergelim. Ao redor do prato disponha os cubos de tomates e ricota.


fotos: guilherme alves

menu du jour

Esta receita – uma fusão de dois pratos: a Causa Limenha e o Ceviche Nikkei – foi criada especialmente para a Tutano e agora fará parte do menu na Quina do Chef Restaurante!

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menu du jour

Tuna Tataki

por Ricardo Yano, restaurante Keiji Receita do molho 1/2 maçã-verde 1 colher pequena de gengibre ralado 1/2 colher pequena de alho ralado 1 colher de glutamato monossódico Suco de 1 limão 50 ml de shoyu Bata tudo no liquidificador. E para o atum Passe o layu (óleo apimentado japonês) em uma peça inteira de atum. Depois passe o maçarico em todos os lados. Corte em fatias finas e depois despeje o molho.

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cabeça de minhoca Por Elaine Minhoca de lemos

Caruso

60 anos:

o triunfo da massa folhada

Nossa repórter-cerimonialista Minhoca entrou sem cerimônias no mundo das empadas para nos contar a saga do Caruso, um bom e velho conhecido de gente como a gente, que adora comida com legenda!

Atenção, azeitona com caroço! Quem é curitibano da gema (sob o risco de soar xenofóbica) sabe onde mora esse quadrinho.

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As empadas do Caruso completam neste ano seis décadas de existência. Com um histórico familiar de trabalho e luta digno de argumento de roteiro para minissérie de época da Globo, o Caruso está aí para provar que nem sempre as empresas familiares terminam mal. Em 1954, o jovem casal Enrico e Gladis Caruso abre a Mercearia Caruso, na Visconde do Rio Branco. No começo, a Mercearia vende de tudo. Nas prateleiras, produtos como salames finos, presuntos, queijos dos mais variados tipos, enlatados e embutidos. Em meio a essa infinidade de produtos, da cozinha começam a sair, sem muita pretensão, preciosidades culinárias. Sorvetes cremosos feitos com o mais puro leite e ingredientes naturais, apfelstrudell, sonhos feitos com nata batida na hora e, é claro, as empadas de massa folhada, desenvolvidas por Seu Nero Caruso, pai de Enrico e mago primordial dos quitutes e acepipes que até hoje, em 2014, fazem curitibanos muda-


cabeça de minhoca rem de rota para dar aquela passadinha básica e pedir “3 de palmito e 3 de frango pra levar, uma Laranjinha da Serra e a especial deixa que eu como aqui no balcão mesmo, Guilherme...”.

A trajetória do Seu Nero na gastronomia curitibana começa pelo menos 15 anos antes, ao mesmo tempo em que eclode a Segunda Guerra no Velho Continente. Ele começa como proprietário do lendário Barcarola, reduto boêmio do Juvevê. Depois disso, foi administrador do restaurante e bar do Cassino do Ahú e mais tarde abriu um estabelecimento na Praça Osório com o sugestivo nome de bar OK. Quando o filho abriu a mercearia na Visconde, era natural que Seu Nero e Dona Ema viessem reforçar as trincheiras. NOS ANOS 60, CARUSO LANÇA A CALÁBRIA, POR ASSIM DIZER, uma empada comemorativa de calabresa que remonta às origens familiares

e utora de eventos de Lemos é prod sta ni cro e ira he El aine Minhoca cozin ma s também é e e Curitiba cer imonialista, Blogs Rê ve de Mod os m co a or lab dil etante. Co ia. Baixa Ga stronom

Corta para os anos 80 (no caso de vender o argumento pra Globo...). Atendendo no balcão, a primogênita de Seu Nero e Dona Gladis, e beldade das empadas folhadas: Sylvana Caruso. Nesta época o desfile de políticos, artistas, intelectuais e lariquentos vespertinos já é forte no Caruso, com direito a Jaime Lerner de costeletas suíças, Rafael Greca magro e Requião de cabelo preto...

Como o fruto não cai longe do pé e de cajueiro não nasce pera, Guilherme Caruso, terceira geração, desde os anos 2000 comanda com simpatia e olhos verdes o negócio familiar. O almoço executivo (de responsa) do Caruso já tem mais de 20 anos e este ano foi lançada a Calábria, por assim dizer, uma empada comemorativa de calabresa que remonta às origens familiares. O Caruso conta com licenciamentos (ParkShoppingBarigüi, Shopping Palladium, Shopping Crystal, Carlos de Carvalho esquina com Ermelino de Leão e, lógico, a da Visconde do Rio Branco) e tem cuidadosos planos de expansão. Vida longa à empada especial de massa folhada com azeitona e caroço! Que venham mais 60 anos!

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anota aí

Fettucccini

paglia f ieno e gamberi Vai preparar esta receita? Então primeiro pegue uma taça de Martini, abra a garrafa, coloque uma azeitona dentro, sirva a bebida e tire foto pro Insta. Ok, pode separar os ingredientes e começar. É tão fácil de fazer que antes dos 10 primeiros likes o prato já vai estar pronto!

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Modo de preparo Coloque uma panela com água e sal para aquecer, cozinhe a massa e reserve. Tempere os camarões, grelhe em uma frigideira aquecida, flambe com o Martini. Acrescente o champignon e a manteiga de ervas. Cozinhe rapidamente o brócolis, aqueça a massa e misture.

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Ingredientes 200 gramas de fettuccini verde e branco 50 gramas de brócolis 30 gramas de champignon 4 camarões grandes 1 colher de sopa de Martini 30 gramas de manteiga de ervas (alecrim, tomilho e sálvia) Sal a gosto

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por SONIA EVANGELISTA, chef da Famiglia Fadanelli foto: guilherme alves

experimente este prato na Famiglia Fadanelli

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anota aí

Tiramisù

Sabe o que significa Tiramisù? Levante-me. Sugestivo, não? É que essa sobremesa italiana é um tanto quanto energética. E de energia esse povo entende. Experimente fazer em casa, mas cuidado pra não exagerar na porção daquela tia-avó encalhada. As consequências podem ser desastrosas

Modo de preparo Prepare o café com os 700 ml de água no modo tradicional, espere esfriar, adicione o licor e reserve. Aqueça o açúcar com 100 ml de água em uma temperatura de 80 a 90 graus, coloque as gemas na batedeira, retire o açúcar do fogo e acrescente vagarosamente às gemas com a batedeira em velocidade média. Logo após passe para velocidade máxima e deixe bater até atingir uma textura cremosa e esbranquiçada (você vai perceber que irá aumentar de tamanho e ficará a uma temperatura de morna para fria). Acrescente o queijo mascarpone misturando delicadamente para não desandar. Bata o creme de leite até o ponto de nata batida (antes de virar manteiga) e acrescente delicadamente ao creme. Numa forma ou travessa coloque uma camada de biscoito embebido no café, uma

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camada do creme, outra de biscoito embebido e por último a camada do creme. Deixe gelando por pelo menos 10 horas. Use cacau em pó para polvilhar na hora de servir. Importante: o Mascarpone italiano é muito mais leve e aerado do que o que encontramos no Brasil, por isso a necessidade do ponto exato das gemas e do creme de leite, para que o creme atinja a consistência precisa, sem a necessidade de acrescentar gelatina. O fato de aquecer o açúcar na temperatura indicada é para que a gema não cozinhe e assim não haja risco de salmonela. :

Rendimento Cerca de 18 porções

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Ingredientes 700 ml de água 150 gramas de café 200 ml de Licor Amaretto 650 gramas de biscoito inglês (bolacha champanhe) 500 gramas de açúcar 100 ml de água 12 gemas 1,4 kg de Mascarpone 600 gramas de creme de leite fresco

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anota aĂ­

Alisson Jory, chef pâtisserie da Forneria Copacabana foto: guilherme alves

experimente este prato na forneria copacabana

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etílicas

wine brothers’ tips Narbona

Chardonnay, 2011

El Enemigo

Gran Syrah de Finca de Las Moras, 2008

Tannat Roble, 2011

Belo Chardonnay do criativo enólogo mendocino Alejandro Vigil. Muito fresco, com toques cítricos, de baunilha e notas minerais. Ótima acidez, final longo e complexo. Pode acompanhar bem uma temperada moqueca. Preço médio: R$ 98

Um vinho bem interessante. Este Syrah da região de San Juan é potente e aromático, repleto de frutas negras e especiarias. Ainda jovem, mas gostoso de beber. Boa escolha para harmonizar com carnes de caça. Preço médio: R$ 144

Nariz perfumado e intenso, com notas de cacau e tabaco. É um vinho bastante concentrado, marcado por taninos firmes e um final especiado e duradouro. Combinação perfeita para carnes grelhadas. Preço médio: R$ 130

Bouza

Varanda do Conde, 2012

Um tannat sempre confiável. Nariz agradável de frutas negras com um toque sutil de carvalho. Bom corpo, com taninos macios e acidez adequada. Um bom acompanhamento para carnes vermelhas. Preço médio: R$ 90

Vinho verde gostoso e bom de preço. No nariz é discreto, com certas notas cítricas e florais. Com corpo médio e boa acidez. Perfeito para peixes grelhados e mariscos. Preço médio: R$ 40

Tannat, 2012

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Os irmãos Jomar e Jackson Brustolin, além de fazerem mais um monte de coisas, são autores do blog QVinho.

Altos Las Hormigas

Malbec Clássico, 2012

Um exemplo de Malbec com personalidade. O nariz é intenso, focado na fruta vermelha; notas florais e de carvalho tostado trazem complexidade ao sabor. Macio e com boa acidez. Vai bem com massas à base de molho de tomate. Preço médio: R$ 52


etílicas

Dicas do Sommelier de cerveja Eisenbahn Weihnachts Ale

Bamberg Weihnachts

Delirium Noël

Origem: Blumenau, Estilo: Amber Ale / Teor Alc.: 6,3% / R$ 8 a 12

Origem: Votorantim / Estilo: Specialty Beer / Teor Alc.: 6,0% / R$ 17 a 21

Origem: Melle / Estilo: Strong Dark Ale / Teor Alc.: 10% / R$ 24 a 28

A cerveja natalina, normalmente com motivos religiosos, é uma tradição criada há muito tempo em mosteiros e mantida até hoje entre cervejarias artesanais. Não deixe de experimentar a EisenbahnWeihnachts Ale, uma Amber Ale bastante condimentada. Harmonização: castanhas e frutas passas.

A edição de Natal da Bamberg é feita com malte de trigo, cevada e centeio, uma combinação que resulta em uma cerveja muito cremosa. Seus aromas e sabores complexos passeiam entre o frutado e levemente defumado. Harmonização: pernil de porco à pururuca com frutas.

Potência é a característica mais marcante das cervejas Delirium. Claro que sua versão de Natal não poderia ser diferente. De cor marrom avermelhada, a edição natalina tem boa formação e consistência de espuma, com aroma de caramelo e frutas passas, tem perfil alcoólico na boca. Harmonização: panetone.

Deus Bière Brut

Eisenbahn Lust

Wäls Bière Brut

Origem: Buggenhout - Bélgica / Estilo: Bière de Champenoise / Teor Alc.: 11,50% / R$ 170 a 200

Origem: Blumenau / Estilo: Bière de Champenoise / Teor Alc.: 11,5% / R$ 90 a 120

Origem: Belo Horizonte / Estilo: Bière de Champenoise / Teor Alc.: 11,0% / R$ 160 a 180

Algumas marcas oferecem edições especiais de Ano Novo, feitas pelo método champenoise. A mais famosa é a Deus. Amarela e brilhante, tem aromas de manjericão e levedura de vinho. Apesar de sua potência alcoólica, é uma cerveja fácil de beber. Harmonização: queijos de fundo branco ou semiduros e presunto cru.

Primeira cerveja nacional produzida com a técnica champenoise. Feita a partir da Eisenbahn Strong Golden Ale, tem aromas cítricos e frutados. Na boca, o médio dulçor é equilibrado pela sensação alcoólica e presente amargor. Harmonização: chester com calda de laranja.

Entre as champenoises apresentadas, a mineira Wäls Bière Brut é a mais equilibrada e refrescante delas. Com aromas cítricos e herbais, o corpo é equilibrado com as sensações de leve dulçor, saboroso amargor e apetitosa acidez! Harmonização: côngrio assado com creme de champignons.

Daniel Wolff entende tudo de cervejas. Além de sommelier, o cara é proprietário da rede de franquia Mestre-Cervejeiro.com.

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guia Tutano

restaurantes da ediçã o Atelier Bistrô & Bar

Se depender apenas do ambiente você vai cair de amores pelo charme do Atelier. Mas quando você experimentar a comida e os drinques, aí não tem mais volta, meu amigo. O que era paixonite vai virar coisa séria. Todos os ingredientes do cardápio são selecionados e muita coisa é colhida direto da horta, ali atrás! A varanda bem aberta é perfeita para uma noite de verão e se for romântica, melhor ainda! Ótima chance pra experimentar o menu primavera/verão, o lombinho de leitoa caipira com arroz negro e compota de laranja é pedida certeira. Aberto de terça a sexta para jantar. Aos sábados, almoço e jantar, e aos domingos, apenas almoço. Alameda Augusto Stellfeld, 1527 41 3524-5455

BarBaran

A boemia curitibana conhece o BarBaran de muitos carnavais, mas se for sua primeira vez saiba que o lugar sem placa tem uma discreta entradinha lateral na Sociedade Ucraniana do Brasil. Apesar das raízes e moradia ucranianas, a roda de samba rola solta pela noite e tem fama pela sua qualidade. Como todo bar de respeito, oferece petiscos como carne de onça, mas vá direto para as iguarias típicas do Leste Europeu, como o Varenek, e não se arrependa! Aberto de terça a domingo, a partir das 16h. Aos sábados, a partir do meio-dia para almoço. Alameda Augusto Stellfeld, 799 - Centro 41 3322-2912

Bar do Durva

A “Padoca” tem a alma de um bom boteco, começando pela localização, bem no meio do fervo da noite curitibana. No cardápio, os preferidos são o frango à passarinho e o espetinho de carne. Claro que pra ser perfeito tem que ter mesa de sinuca! Aberto de segunda-feira a sábado, a partir das 8h, e aos domingos, a partir das 16h. Avenida Vicente Machado, 783 - Batel 41 3023-3402

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Bar do Lago

Sem crise de identidade: o Bar do Lago e o Bar do Deck são o mesmo bar! E tem grandes chances de se tornar seu lugar preferido se você se derrete por uma vista bonita. O bar fica em um grande deck no meio do Parque Barigui e às vezes aparecem convidados ilustres por lá, como os patinhos que andam entre as mesas, socializando. O frango à passarinho com sálvia é o preferido dos habitués, cola na deles! Aberto todos os dias, a partir das 10h. Alameda Ecológica Burle Marx, 10 - Santo Inácio 41 3335-9559

Bella Banoffi

As formigas assumidas amam a Bella Banoffi! A casa estilo anos 50 colorida por mosaicos é parte do show. A vitrine de doces está sempre cheia, mas sorvetes, sucos e milk shakes estão no menu. E como nem só de doces vivem as formigas, o almoço e jantar são à altura: pode ir de panqueca de salmão ou tilápia grelhada com amêndoas, sem erro. Aberto de terça a domingo, das 11h às 23h. Rua Itupava, 1091 - Alto da XV 41 3262-0004

Bombocado

Na charmosa fachada coberta de trepadeiras, numa fenda entre a Souza Naves e a nascente da Sete de Setembro, fica uma das mais tradicionais confeitarias da cidade, a Bombocado. Adorada por muitos, é certeza de perdição! Os doces são bem tradicionais, e bolos como o Chiffon, a eterna miss Marta Rocha e o de nome sugestivo, Amor Proibido, não economizam no recheio e no sabor. Além da vitrine, o cardápio é vasto e existem boatos de que a coxinha é de comer rezando. Aberto de segunda-feira a sábado, das 11h30 às 20h30, e aos domingos, das 14h às 20h. Avenida Senador Souza Naves, 840 - Cristo Rei 41 3262-4497 e 3263-3642

Boteco São Jorge

Para muitos, o bar é praticamente uma segunda casa, e o Boteco São Jorge, ou BSJ, se esforça bastante pra você se sentir assim quando estiver lá! É perfeito pra dar aquela relaxada depois do batente, ou pra tomar um café da manhã, por que não? Apesar de pequeno, é versátil pra caramba! O astro do menu é o bolinho de carne do Seu Manuel, não deixe de provar! Aberto de segunda a sexta-feira para café da manhã, almoço e jantar. Aos sábados, abre para almoço e jantar. Rua Mateus Leme, 1182 - Centro Cívico 41 3503-5993

Cantina do Délio

Fica numa casa antiga e muito simpática. O ambiente decorado como um armazém à moda antiga é aconchegante e a área externa, super-requisitada em dias de sol! No cardápio bem italiano é difícil escolher um favorito, mas o Gnocchi Blumenau com linguiça e limão-siciliano não tem erro! Aberto todos os dias para almoço e jantar. Aos domingos, abre somente para almoço. Rua Itupava, 1094 - Alto da XV 41 3078-0010

Caramelodrama

Uma casinha simpática chegou chegando e estendeu sua toalha de piquenique bem no meio da bagunça da cidade. Nela, fica a confeitaria conhecida pela filosofia diferente nas receitas de estilo europeu, feitas com menos açúcar, zero ingredientes industrializados e muito sabor. A vitrine cheia pode te deixar querendo tudo. Direto ao ponto, peça a torta Brûlée! Aberto de segunda a sábado, das 10h às 19h. Alameda Presidente Taunay, 434 41 3206-2271


guia tutano Caruso Empadas

O Caruso é autoridade quando o assunto é empada! Além do carro-chefe, que vem em vários sabores, vale a pena experimentar os doces, com destaque para os sonhos. E no almoço à la carte tem opção de feijoada! Brasileiríssimo, curitibaníssimo! Aberto para almoço de segunda a sábado. Avenida Visconde do Rio Branco, 887 - Mercês 41 3029-5411

Come Come

Quase uma entidade lá pelas bandas da Reitoria da UFPR. Há anos que o lugar alimenta com gosto o pessoal de Humanas que estuda por ali. De dia ou à noite, com chuva ou sol, as mesas de plástico e a calçada estão sempre lotadas! Tanto prestígio tem nome: as esfirras são recheadas com muita generosidade, mas quem rouba a cena mesmo é a adorada maionese. Aberto todos os dias, das 8h às 22h30. Rua XV de Novembro, 1222 - Centro 41 3013-4445

Crossroads

Casa da Mãe Joana

Sabe aquele esquema de casa de vó? Que a comida é uma delícia e todo mundo tem as vontades e caprichos atendidos? A Casa da Mãe Joana é mais ou menos assim! Em uma casa antiga, cheia de detalhes e com direito à rede na varanda, tipo as de vó, é que funciona uma cozinha com fogão a lenha, onde todos os pratos são finalizados, pra ficar com aquele gostinho inconfundível. Vá sem erro e peça pelo barreado! Aberto todos os dias para almoço e jantar. Aos domingos, abre somente para almoço. Rua Jerônimo Durski, 1010 - Bigorrilho 41 3092-2322

Churrascaria Tempero do Titio

Churrasco bom a preço justo é a especialidade do titio! As opções de corte do cardápio são bem variadas e agradam a todos os carnívoros! Se você quiser saborear aquele bife suculento no conforto do lar, não tem problema: tem embalagem pra viagem! Mas se você quiser a experiência completa, experimente as batidinhas de boas-vindas! Aberto todos os dias para almoço, exceto segundas. Nos fins de semana e feriados, vai até 18h. Rua Mateus Leme, 3162 - São Lourenço 41 3014-8323

No meio de tanta balada que abre e fecha, o Crossroads mantém seu lugar de respeito na noite curitibana há quase 20 anos. Vive cheio e a festa rola até altas horas ao som de rock e blues da melhor qualidade. Se bater aquela fome no meio do mosh, fique tranquilo, o “Cross” tem petiscos e até salgadinhos de festa no cardápio. Aberto de terça-feira a sábado, das 21h às 4h. Avenida Iguaçu, 2310 - Água Verde 41 3243-3711

Don Max

Velho companheiro da boemia na região do Água Verde, o Don Max tem público cativo que gosta do clima de boteco com cozinha de restaurante. Lá você pode pedir pratos à la carte o dia todo. Os especiais do dia sempre são boas pedidas, mas se as tradicionais comidas de bar forem as preferidas, vá direto para as Costelinhas de Porco na Cachaça de Ameixa! Não perca a feijoada e barreado na cumbuca que rolam aos sábados. Vá sem pressa de ir embora! Aberto de segunda a sábado, do meio-dia à 0h30, e aos domingos, das 15h30 às 23h30. Rua Tenente Max Wolf Filho, 37 - Água Verde 41 3343-7989

Forneria Copacabana

A Forneria Copacabana é destino certo para se divertir entre drinques, em clima de lounge. No restaurante da Itupava, os lugares perto do pirotécnico espelho d’água são bastante disputados. Já na Iguaçu, os ombrellones da varanda envidraçada são os primeiros a encher, também durante o almoço. O cardápio da casa é bem cosmopolita, vá de Pescada Equatoriana com Arroz Negro e, de entrada, peça o ceviche! Não tem erro! Aberto de segunda a sábado para jantar. O da Avenida Iguaçu abre para almoço e jantar. Rua Itupava, 1155 - Hugo Lange 41 3372-1616 Avenida Iguaçu, 2820 - Água Verde 41 3243-5787

Gato Preto

Velho conhecido da noite curitibana, a fama do boêmio Gato Preto o antecede. Parte dessa fama se dá pela variada frequência do lugar, ou em português mais claro: dá de tudo! No “line-up” só a nata do romântico/brega music embala a degustação de costelas que se desmancham na boca! Não é o lugar ideal para ir conhecer a sogra, mas você tem a bênção da velha se pedir pra entregar em casa! Aberto todos os dias, das 18h às 8h. Rua Ermelino de Leão, 257 - Centro 41 3027-6458

James Família Farinha

Família Farinha não é só um nome muito legal para uma padaria, é o nome de verdade da família que comanda o negócio há três gerações! Vá com tempo para passear no empório de importados e não deixe de sair com uma Baguete Paris debaixo do braço. Aberto das 6h30 às 21h30, de segunda a sábado. Domingos e feriados, a partir das 7h. Serve almoço das 11h30 às 14h30. Avenida Nossa Senhora da Luz, 2345 - Jardim Social 41 3362-3052

Ir no James é certeza de ouvir música boa até altas horas da madrugada. O público é fiel, mas também é bem exigente e volta e meia o James passa por um Extreme Makeover e nem parece o mesmo lugar! Mesmo assim, a casa é lenda na noite curitibana há 16 anos. Justamente por isso, é bom chegar bem cedo. As filas costumam serpentear por toda a rua! Aberto de quarta-feira a sábado, das 22h às 6h. Avenida Vicente Machado, 894 41 3222-1426

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guia tutano JPL Burgers

A esquina em que mora o JPL é um movimentado reduto da noite curitibana. Mas quando você entrar no JPL, pedir um bom hambúrguer grelhado e uma cerveja bem gelada, as chances de você sair dali são poucas. Especialmente se você conseguir uma mesa na calçada. O cardápio é extenso, vá direto ao Super Series. Aberto nos fins de semana para almoço e jantar. De terça a quinta-feira, abre somente para jantar. Avenida Vicente Machado, 833 - Batel 41 3024-2910

Keiji

Se o Keiji fosse uma pessoa, ele seria aquele cara cool, na dele, quase tímido, mas que todo mundo quer ser amigo! Ah, o Keiji é simpático! O ambiente é moderno e suas poucas e boas mesas são disputadas por muitos nas noites mais agitadas. É o lugar perfeito para experimentar um japa diferente! Não deixe de comer o típico edamame de entrada, é um dos poucos restaurantes em Curitiba que serve a iguaria que é febre nos japoneses do mundo todo. Aberto de segunda-feira a sábado para jantar. Rua Dr. Roberto Barroso, 1501 - Mercês 41 3044-1415

La Santa

A noite do La Santa acontece na calçada, em frente à fachada toda pintada com motivos mexicanos no estilo old school. No cardápio, além da variedade de cervejas e chopes, o destaque é o burrito com recheio e três acompanhamentos, tudo feito na hora, pra você não perder nenhum segundo do agito! Aberto de terça-feira a domingo para jantar. Rua Paula Gomes, 485 - São Francisco 41 3232-8899

Madalosso

O Madalosso sempre está na lista dos turistas que vêm a Curitiba. Mas não se engane, o lugar é cheio de curitibanos fiéis e apaixonados pela tradição do rodízio que define o estilo Santa Felicidade. Com capacidade para nada menos que 4.500 pessoas, tem fama de ser o maior restaurante del mondo! A polenta frita e o risoto de frango são obrigatórios. Aberto todos os dias para almoço e jantar. Aos domingos, abre somente para almoço. Avenida Manoel Ribas, 5875 - Santa Felicidade 41 3372-212

O Torto Bar

O bar que homenageia o jogador Garrincha no nome e nas suas paredes fica no coração do boêmio bairro São Francisco e é ponto de encontro dos admiradores da arte da boa botecagem. Claro que não para por aí, já que só n’O Torto tem um bolinho de carne quase mais famoso que o próprio Garrincha. Se for sua primeira vez, você não vai ter problemas em encontrar o lugar, é a calçada mais cheia e agitada da região! Aberto todos os dias, das 17h à meia-noite. Rua Paula Gomes, 354 - São Francisco 41 3027-6458

New York CAFÉ

Um café curitibano que te teletransporta para um cantinho aconchegante ali pelo Chelsea. Além do ambiente ser um caso à parte, o cardápio é bem americano. Os bagels são incríveis e o cheesecake tem fama de ser um dos melhores da cidade. Como todo nova-iorquino que se preze, o café é obrigatório; peça pelo blend exclusivo. Animais de estimação são muito bem-vindos! Aberto de terça-feira a domingo para café, almoço e jantar. Rua XV de Novembro, 2916 - Alto da XV 41 3077-6922

Ouro do Campo

Recém-chegada na praça, mas sabe direitinho o que está fazendo! Especializada na panificação pelo método de fermentação natural, as opções de pães são bem variadas e é tudo bem fresquinho. Aberto todos os dias, das 7h às 20h. Rua Prof. João Falarz, 409 - Orleans 41 3373-9152

Pantagruel O Barba Hamburgueria La Panoteca

Pães portugueses, uruguaios e de outros lugares do mundo feitos com calma e paciência, pelo demorado processo de fermentação natural. O cardápio também tem pizzas, salgados e sanduíches para serem saboreados de-va-gar na área externa! Programa perfeito para um fim de tarde. O balcão abre de segunda-feira a sábado, das 16h às 20h. O salão, a partir das 18h30. Rua Gastão Câmara, 384 - Bigorrilho 41 3339-8405

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A casa de esquina tatuada com sereias, marinheiros e piratas é lar do rock, cerveja e claro, de hambúrgueres. Os sanduíches com nome de pirata atendem muitos gostos e necessidades. Além dos tradicionais, tem opções veganas e sem lactose. Você andaria na tábua aos tubarões pelo Steve The Pirate acompanhado de um belo chope artesanal! Aberto de terça-feira a sábado, das 18h30 à 1h30, e aos domingos, das 18h30 à meia-noite. Avenida Vicente Machado, 674 - Batel 41 3322-7506

Onde mais em Curitiba você pode almoçar no meio de um pomar? Apesar de ter um salão fechado, o Pantagruel é famoso pela sua área externa, perfeita para os dias de sol na companhia de algumas geladas, e pela feijoada servida aos sábados, com bacon, paio, linguiça, sem as partes estranhas. A galinha caipira também é a boa pedida do menu. Aberto para almoço nos fins de semana e feriados. Rua Professor Joaquim de Mattos Barreto, 416 - São Lourenço 41 3253-7772


guia tutano Pizza

Nome mais direto, impossível. A especialidade da casa são as pizzas ovais gigantes, cortadas em pedaços que você leva pra calçada enquanto bebe um chope bem gelado. As duas unidades do Pizza vivem lotadas e são parada obrigatória do pessoal que tá zanzando pela noite e quer que tudo acabe em pizza! Aberto de terça a quinta-feira, das 19h à 1h, e sextas e sábados, das 19h às 3h. Rua Trajano Reis, 289 - Centro 41 3599-8440

Senhora Chung

O restaurante não tem placa e se você não prestar bem atenção pela rua, perde de vista este – quase – segredo! A Senhora Chung é uma coreana bem simpática que trabalha sozinha fazendo um dos melhores yakissobas da cidade, dentro da garagem da sua casa. Vá sem pressa, ela cozinha seu prato na hora! Aberto todos os dias, para almoço e jantar. Rua Bruno Filgueira, 2296 - Bigorrilho 41 3335-8425

Sheridan’s

O pub é igualzinho aos europeus, inclusive no quesito animação! Pensando bem, não é tão igual assim porque aqui o negócio é mais animado! Tem música ao vivo todos os dias e a cerveja é infinita! Um ótimo lugar pra ir de galera. Pode ir com fome, o cardápio não decepciona: o Guiness Beef Sandwich leva a cerveja na receita e você não vai se arrepender! Aberto de segunda a sábado, das 19h às 4h. Avenida Bispo Dom José, 2315 41 3343-7779

Quina Do Chef

Anote: o Quina do Chef é perfeito para variar totalmente aquele seu roteiro de sempre, já que estamos falando de cozinha peruana em Campina Grande do Sul! É turismo rural, cultural e gastronômico tudo no mesmo pacote! Aproveite todo o passeio! Aberto de quarta a domingo para almoço. Rua Waldomiro de Souza Hathy, 291– Campina Grande do Sul 41 3676-2883

Quintana Café & Restaurante

Ah, o velho Mário teria ficado muito orgulhoso em saber que esse restaurante tão acolhedor e de comida tão boa leva hoje seu nome. O Quintana tem muita comida diferente e gostosa. Lá, todo o preparo é sustentável. No almoço, a mesa gastronômica que muda todo dia oferece opções com ingredientes naturais, grãos, carnes e receitas sem glúten e sem lactose. Não perca o brunch aos domingos, é delicioso! Aberto de segunda-feira a domingo para almoço. Avenida Batel, 1440 - Batel 41 3078-6044

Sociedade Morgenau

Conhecido clube da cidade que serve uma deliciosa feijoada aos sábados! Com várias opções de acompanhamento, o banquete fica completo. Guarde um espacinho para as sobremesas, você pode se arrepender se pular. Ah, e não fique preocupado! Não-sócios são bem-vindos! Aberto todos os dias para almoço. Avenida Senador Souza Naves, 945 - Alto da XV 41 3362-3000

Taco El Pancho

Um dos happy hours mais animados da cidade, tem um sombrero bem versátil! Um bom lugar para jantar com a família, mas que também dá conta dos festeiros de plantão com rodadas de tequila madrugada adentro. Velho conhecido da noite curitibana, o muchacho está por aí desde o século passado, há 20 anos! Não deixe de provar o Caliente, tortillas de milho que podem ser substituídas por Doritos, com queijo derretido e chili com carne! O Taco só fecha depois que o último cliente vai embora! Aberto todos os dias a partir do happy hour. Avenida Bispo Dom José, 2295 41 3342-1204

Tiger

O negócio do Tiger é a alta coquetelaria, que leva a assinatura de Igor Bispo. O lugar meio escurinho é cenário perfeito para experimentar as comidinhas do chef Marcelo Amaral (Lagundri) acompanhadas pelos drinques especiais. O queridinho? Nancy Sinatra, vestida de vodca citron e pepino. A dica é pegar um lugar no balcão, os bartenders sempre têm uma história bacana na manga! Aberto de segunda-feira a sábado, das 18h30 à 1h. Rua Saldanha Marinho, 1071 41 3232-7758

Vox Bar

Além de ser uma pista ótima pra dançar, o Vox também é o reino da paquera! A balada é dividida em bares, lounges e até um restô bem descontraído, o Vox Ruby Lounge, no andar de cima. Ou seja, dá pra fazer tudo no mesmo lugar: jantar, esquenta e balada! Já entre no clima e peça o Rigatoni Salmão & Champagne. Aberto às quintas-feiras, das 19h à meia-noite. Sextas e sábados, a partir das 21h. *Vox Ruby Lounge: aberto às quartas e quintas-feiras para jantar. Rua Barão do Rio Branco, 418 - Centro 41 3233-8908

V.U.

Já foi apenas um bar e hoje virou também uma balada no mesmo endereço subterrâneo. O lugar remete à pop culture, já que V.U. quer dizer Velvet Underground, em homenagem à banda afilhada do Andy Warhol. O balcão é disputado pelos dançarinos animados e pelo pessoal mais tranquilo, que fica nas mesas de bar. Na pista todo mundo se joga ao som de indie, pop e rock alternativo madrugada adentro. Aberto de quinta-feira a sábado, a partir das 22h. Rua Manoel Ribas, 146 - Mercês 41 3323-1021

Wonka

Lar do pop, do indie, do samba e do jazz, é destino tradicional lá nas bandas do São Francisco. Se você quer se jogar na pista, desça as escadas. Se quiser um lounge animado, a parte de cima dá conta do recado. O cardápio tem cervejas e drinques clássicos. Vá preparado pra curtir all night long. Aberto todos os dias, a partir das 19h. Rua Trajano Reis, 326 41 3026-6272

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sweet dreams

Chega dos mesmos! Tire de cena aquele pavê de bolacha champagne que sua tia-avó serve há décadas no almoço de verão!

Minha mãe fazia questão de escrever, em algumas receitas do seu livro surradinho, “bom para o verão”. As opções eram sempre as mesmas: gelatina fantasia, uma salada de frutas meio metida e aqueles bolos congelados no papel alumínio. Cá pra nós, com tão poucas opções, nem precisavam dessa observação. Toda família tem suas receitas clássicas de verão, que você come desde os tempos em que não sabia administrar um sorvete derretendo (até hoje?). Mas logo a gente que aprecia tanto a arte de comer merece uma atualização na sobremesa do almoço de verão! Engajados e enjoados, resolvemos buscar ajuda direto na fonte. Sensibilizada, a chef pâtisseur Carolina

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Garofani abriu o livro de receitas da Caramelodrama e nos salvou quando nos apresentou o semifreddo. Esta sobremesa é sucesso absoluto na casa da chef. Como diria Aretha Franklin: R-E-S-P-E-C-T! O semifreddo é um primo do sorvete, que mora na cidade grande e visita nas férias. É servido congelado, como o sorvete, mas é mais macio e com

M SE

ED IFR

D O AL L E

MO R

tantas variações de sabor quanto ele. Também é uma invenção italiana, mas semifreddo quer dizer “meio-gelado”, pois a sensação é menos gelada do que a de um sorvete. Escolha a fruta certa: morangos, mirtilos, manga, qualquer fruta consistente e saborosa tem sinal verde. Melhor não usar frutas como abacaxi, que têm muita água, pode desequilibrar a receita. Esta versão é com amoras. E se a sua família for grande, a Tutano recomenda que você se sirva rápido e vá comer escondido, antes que dê briga. Vai ser sucesso.

E 250g (1 xícara) de amoras batidas e peneiradas 5g (1 folha) de gelatina sem sabor 1 colher de sopa de suco de limão-siciliano MODO DE PREPA 200g de açúcar RO 100g de claras Coloque 50g de água o açúcar e a água em 450g de creme de leite uma panela e misture. fresco (nata) Ligue o fogo e espere a calda ferver até o ponto de fio. Bata as claras na batedeira até o ponto de picos moles. Derrame a calda sobre as claras batidas, misturando em velocidade alta. Continue batendo até ficar morno, fazendo um merengue brilhante e separe. Amoleça a gelatina em um pouco de água fria por dois minutos. Aqueça levemente o purê de amoras com o limão-siciliano e misture a gelatina, cuidando para dissolver bem. Misture a polpa de frutas no merengue usando uma espátula de silicone com movimentos circulares de baixo para cima, até ficar bem homogêneo. Bata a nata fresca na batedeira em velocidade alta até ficar levemente opaca e não muito firme. Misture o merengue com a polpa na nata fresca devagar para não murchar. Ponha em formas de silicone ou em uma forma de torta untada, alise bem o topo e ponha no congelador por 12 horas. Desenforme e sirva com frutas frescas cortadas. Calda de chocolate branco também vai muito bem.



é o fim do

almocinho sem graça.

A nova forneria Copacabana abre durante o almoço com um menu especial a partir de R$ 19,90.

AvenidA iguAçu, 2820 www.forneriAcopAcAbAnA.com.br


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