Tutano 17

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Ano 3 - No 17 - junho/julho 2015

tutano

Delírios da cozinha do Beto Madalosso

cabral

O lado de cá (ou de lá?) da gastronomia Curitibana

Yes, nós temos cervejas!

Os Freire

Entrevis ta com pa exclusiv i e filh a a





Editorial

oda do chef m A

Escrevo meus textos a partir de experiências do meu dia a dia dentro dos restaurantes, observando o comportamento de clientes, funcionários, fornecedores e, mais do que isso, o meu próprio comportamento. Os textos também vêm de conversas com outros empresários, chefs de cozinha e garçons – pessoas que possuem suas próprias opiniões sobre o universo gastronômico curitibano. Nesta edição, jogo uma luz sobre os chefs de cozinha no mercado de trabalho contemporâneo. Trago, direto dos bastidores, a indignação de como este modismo chamado “chef de cozinha” é visto por aqueles que trabalham de verdade. Além do meu texto um tanto ranzinza, você vai descobrir nesta edição os caminhos da senhorita Gabriela Freire, que, tal qual o pai, vem inovando e ocupando seu espaço na gastronomia paranaense. Vai viajar pela culinária africana com Fabiane Prohmann e passear pelos cantos saborosos “do lado de cá” de Curitiba com Ana Maria Severino. Curta a leitura tomando uma cerveja da nossa terra, que você poderá escolher na matéria especial desta edição.

O modismo chamado “chef de cozinha”

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tutano Colaboradores. . . . . . . . . . . . . . . . 8

• Só dá gente boa na Tutano

novidades. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11

• Fresquinhos

Comida com sotaque. . . . . . . 12

• Os Freire

Culinária punk.. . . . . . . . . . . . . . 17

• Molho de tomate pra sair do feijão com arroz

maria do bairro. . . . . . . . . . . . . . 18

• Cabral fica do lado de cá!

lobetomia. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22

• Morte ao chef!

On the road. . . . . . . . . . . . . . . . . . 24

chá de cozinha. . . . . . . . . . . . . . 34

• Manual dos chefs de primeira viagem

comida pra quê?. . . . . . . . . . . . . 36

• Baião de dois

cabeça de minhoca . . . . . . . . 38

• Acrótona: o bom filho à casa torna

Sweet dreams. . . . . . . . . . . . . . . . 40 • Mix ‘n’ Match

Menu du Jour . . . . . . . . . . . . . . . . 42

• Não vem de garfo que hoje é dia de sopa

anota aí . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46

• Pintado grelhado e Canudos de avelã

etílicas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51

• Par perfeito

guia tutano. . . . . . . . . . . . . . . . . . 52

• De Luanda a Cape Town

• Restaurantes da edição

especial do dia. . . . . . . . . . . . . . . . 30

Happy hour . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54

• Cheers, não! É tim-tim

• Escolha o Volcano

A gente meteu a colher na tecnologia!

APP Tutano: dicas de lugares para fazer uma boquinha assinadas pelo Beto e equipe Tutano.

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Expediente

Edição Beto Madalosso Projeto Pulp Edições Diretora de Redação Fernanda Ávila Ferreira - drt 3884 Redação Priscila Seixas, Felipe gollnick e Julia Bufrem assistente de redação Enzo fontana Diretora de Criação Patricia Papp Diretor de Conteúdo Vicente Frare Direção de Arte July schneider assistente de arte Carolina Rodrigues Colaboração Wellington Almeida, Tiago Vidal Dutra, nuno papp, Daniel wolff, Elaine Minhoca, ana maria severino, fabiane prohmann e guilherme alves foto da capa Susi Baxter-Seitz revisão mônica ludvich Impressão comunicare Tiragem 7.000 A Revista tutano é uma publicação dos restaurantes Madalosso, Famiglia Fadanelli e Forneria Copacabana não contém Glúten.

Apoio:

facebook.com/revistatutano

@revistatutano

tutano@pulpedicoes.com.br

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á D SÓ E

colaboradores

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BOA na

tutano

Quem é? Parte da equipe Tutano. O que fez na Tutano #17? Muitas matérias.

Uma mania estranha na hora de comer? Ficar guardando o melhor pedacinho para comer por último. Mesmo quando tudo acaba na sua cozinha, sempre resta... Pão e chá.

Quem é? Jornalista. O que fez na Tutano #17? A matéria “On the Road”. Se você fosse um prato da culinária brasileira, qual seria? Uma picanha.

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Uma mania estranha na hora de comer? Analisar bem o prato para ver se tem pedaços de cebola, alho e temperos verdinhos... Só como se estiver tudo invisível!

O prato mais elaborado que já preparou foi… O cheesecake da Martha Stewart.

Mesmo quando tudo acaba na sua cozinha, sempre resta... Chocolate!!! O prato mais elaborado que já preparou foi… Não sou de inventar muita coisa, mas meu salmão ao forno com crosta de queijo ralado e creme de leite é muito bom!

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Se você fosse um prato da culinária brasileira, qual seria? Cocada.

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Quem é? Jornalista. O que fez na Tutano #17? A matéria Maria do Bairro. Se você fosse um prato da culinária brasileira, qual seria? Uma farofa com ovo bem temperadinha! É uma mistura simples, festiva e que combina com muita coisa! Uma mania estranha na hora de comer? Comer rápido. Acho bem estranho, afinal, amo comer, não deveria querer que acabasse logo. Mesmo quando tudo acaba na sua cozinha, sempre resta... Ovo, nuncaaaaa pode faltar. É o que resolve a vida muitas vezes! O prato mais elaborado que já preparou foi… Coq au vin, a receita francesa original. É um dos pratos preferidos do meu pai. Ficou gostoso, mas deu bastante trabalho!




NOVIDADES

Fresquinhos

e #em brev

#Novoo

#n ew in

Honey, I’m home!

Japa quente

Novidade na Casa Vilanova Artigas

O The Meatpack House roda pelas feiras gastronômicas de Curitiba já há algum tempo, mas agora o rei do pão com linguiça encontrou uma casa para chamar de sua. As linguiças do menu são artesanais e há opções de porco, cordeiro e até de vitela. Você, pessoa educada que é, obviamente, vai dar as boas-vindas pessoalmente.

Tem japonês novo na área. O Tuna acaba de abrir as portas no Centro Cívico e já chegou chegando. Dos clássicos da gastronomia japonesa ao exótico atum selado em mel de laranjeira com foie gras grelhado com linguini de pupunha e confit de laranja (ufa!), o cardápio promete fazer bonito.

Patrimônio histórico tombado, a Casa Vilanova Artigas é o endereço do novo Virginia Bistrô. A base francesa com uma pitada internacional é o tema do menu do restaurante comandado pela dupla de chefs Rodrigo Prado e Gabi Aragão. O cardápio é sempre atualizado para privilegiar legumes e verduras da estação, ótima desculpa pra bater ponto por lá.

The Meatpack House Avenida Vicente Machado, 841 (41) 8805-8071 Desde abril

Tuna Avenida Cândido de Abreu, 470 (41) 3532-5002 Desde abril

Virginia Bistrô Rua da Paz, 479 (41) 3019-0511 Desde maio

Tea time

Vale a pena “VERDE” novo

Este lado para cima

O Caminho do Chá, que já era conhecido pelo seu carro-chefe (o chá!), desbrava novos destinos e agora também serve almoço e outros quitutes em endereço próprio. Rola fazer brunch preguiçoso e a dica é aproveitar o jardim do lugar que, por sinal, é pet friendly.

Velho conhecido da turma fit em Curitiba, o Mr. Green Healthy Food tem uma novidade: acaba de abrir nova loja pertinho do Parque Barigui. Nhoque de batata-doce e o famoso açaí na tigela continuam no cardápio e fazem a dobradinha perfeita para recuperar as energias depois da rodada de exercícios no parque.

Da próxima vez em que o assunto happy hour surgir em 89 mensagens de e-mail coletivo, nas 103 mensagens não lidas no grupo do WhatsApp, ou nos corredores da firma, seja rápido e salve o programa da mesmice com esta novidade. O UpSide GastroBar, todo instalado em contêineres, tem ótimas opções de comidinhas e bebidas pra deixar a hora feliz ainda mais feliz. Desligue o celular e aproveite.

Caminho do Chá Rua Inácio Lustosa, 1134 (41) 3013-3383 Desde março

Mr. Green Healthy Food Avenida Cândido Hartmann, 2060 (41) 3532-5000 Desde abril

UpSide GastroBar Avenida Sete de Setembro, 680 (41) 3019-1330 Desde março

Enoturismo em Piraquara

Olha olha olha olha a água mineral

PF de chef

Dentro da Mata Atlântica e com cenários do Brasil Império, a Cava Colinas de Pedra abriga uma estação de trens desativada transformada em restaurante e uma cave de maturação de espumantes. Experimente o espumante que dá nome ao lugar, feito em parceria com a Cave Geisse.

Se aquele clássico do Timbalada não vem à cabeça quando você está na seção de água mineral do supermercado, talvez você devesse procurar ajuda. Mas, se está tudo bem com você, da próxima vez em que você estiver nessa micareta mental, organize suas ideias e aproveite para conhecer a Naturalave, lançamento da Ouro Fino, com 23% menos plástico na embalagem. Sustentável e ótima resposta quando a música chegar naquela parte do “tá com sede?”.

Picadinho, bife à milanesa, macarronada… deu água na boca? Agora imagine tudo isso assinado pela top chef Manu Bufara! A MB Mercearia Brasileira lançou um novo cardápio com pratos do dia e PFs por apenas R$ 23 no almoço de terça a sexta. Aos sábados, a atração é a feijoada com repeteco liberado. Aos domingos: galeto para comer lá ou levar pra casa!

Cave Colinas de Pedra Rua Antonio Brudeck, 100 - Piraquara (41) 4063-9041 Desde fevereiro

MB Mercearia Brasileira Rua Dom Pedro II, 333 - Batel (41) 3022-7333

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Fotos: Susi Baxter-Seitz

comida com sotaque

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comida com sotaque Há quem diga que a gastronomia paranaense é dividida em AC/DC – calma, não estamos falando Dele nem de banda de rock. Trata-se de Celso Freire, o cara que trouxe a alta gastronomia pra cidade, elevou nosso padrão de exigência, refinou o paladar do curitibano e levou nossa culinária para além da província. Tudo isso na década de 90. Pois saiba que, além de tudo isso, ele também fez a Gabriela. A menina, que nasceu no mesmo ano do Boulevard, aprendeu a andar de um garçom para o outro e já está dando grandes passos na cozinha.

Você sentiu algum tipo de pressão, uma cobrança diferente, por ser filha do Celso Freire no curso em Curitiba?

Com o pai de ouvido esticado na nossa conversa, entrevistamos a Gabriela dias depois de ela passar uma semana cozinhando ao lado do Celso e de Alex Atala, no projeto Dalva e Dito Convida. Com vocês, Gabriela Freire!

Gabriela: Ele sempre diz que eu sou muito perfeccionista com montagem de pratos e cortes. Mas ele também é.

Como foi cozinhar com o Alex Atala?

Gabriela: O Alex é um superamigo, sempre nos convidou e nós nunca tínhamos tido a oportunidade de ir. Foi muito legal cozinhar junto e fazer um cardápio especial para levar para lá com coisas do Paraná.

Quais foram os pratos?

Gabriela: A entrada foi uma salada com beterraba em várias texturas diferentes e queijo de cabra com farofa de pinhão. O primeiro prato foi um brandade de siri do nosso litoral com molho de gengibre. E depois um jarret de vitela com quirera da Lapa. De sobremesa, um sagu com creme de canela.

Você tem 23 anos, a mesma idade que teria hoje o Boulevard, certo? Como foi essa vivência na infância?

Gabriela: Todo mundo me conhecia, mas eu não sentia diferença no tratamento. Era ruim apenas quando eu faltava, pois todos sabiam que eu tinha faltado. Mas, quando fui para a Suíça, tive que me impor, mostrar que eu realmente sabia fazer as coisas. Lá ninguém me conhecia. Eu era nova, mulher, brasileira e ninguém me levava muito a sério no começo.

O que você ensinou para o seu pai?

Existe algo que você cozinha melhor que ele?

Gabriela: Eu tenho mais paciência com doces e com pão. Normalmente sou eu quem cuida dessa parte.

Celso, fale um pouco sobre a Gabriela?

Celso: Eu acho que a Gabriela tem uma característica que faz muita diferença: ela tem uma memória gustativa incrível, já experimentou de tudo, conhece os sabores dos alimentos desde criança, isso muda tudo. Ela sabe o que é melhor e o que é pior. Gabriela: Essa é a questão que eu acho que na prática faz toda a diferença. Você pode ter estudado e conhecido tudo, mas, sem nunca ter comido, você não tem uma referência real. Eu sempre me considerei uma criança estranha, com três anos já estava comendo ostra com suco de tomate!

Gabriela: Sim, eu nasci em maio e o Boulevard, em dezembro. Eu, literalmente, aprendi a andar de um garçom para o outro. Durante a semana era complicado ficar lá à noite, por causa do horário. Mas nos fins de semana eu ia e ajudava como podia. No começo, mais atrapalhava do que ajudava, tinham que fazer massa de bolacha para eu cortar, essas coisas... Com o tempo comecei a ajudar mesmo. Não sei bem com quantos anos comecei a trabalhar. Primeiro foi no Boulevard, depois no Guega e agora estou trabalhando aqui (no Celso Freire Gastronomia).

Você chegou a estudar Gastronomia?

Gabriela: Sim, estudei. Na verdade, fiz um ano de Direito. Não sei bem por quê. Logo vi que não tinha nada a ver comigo. Então mudei pra Gastronomia na PUC, fiz dois anos e meio do curso de tecnólogo e depois fui pra Suíça, onde fiquei seis meses em uma escola de Gastronomia e Hotelaria, a Culinary Institute Switzerland.

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comida com sotaque E você nunca foi uma criança chata pra comer? Nunca teve nenhuma restrição?

Celso: Com 10 anos, ela pediu ostra e vitela para o seu aniversário. Eu perguntei: e os seus amiguinhos?

Seu pai é de uma geração e você, de outra. Ele traz referências de uma escola mais clássica e você deve ter mais contato com as novidades. Como é essa troca? Gabriela: Eu acho isso muito legal, porque eu tenho uma base clássica, de molhos, especialmente. Podemos ver, nas gerações que estão começando na cozinha agora, que todos querem ser chefs, fazer tudo. E não é bem assim. Eu sempre procuro perguntar, ver como faz, aprender na prática. As novidades são muito importantes também, em viagens, lugares novos, restaurantes novos, procuro sempre experimentar as comidas novas e estar atualizada sobre o que está acontecendo.

“Eu era nova, mulher, brasileira e ninguém me levava muito a sério no começo” Gabriela Freire

Você viaja bastante? O que gosta de comer e conhecer nas viagens?

Gabriela: Graças a Deus, sim! Quando viajo com as minhas amigas, eu entendo que não é todo mundo que quer comer algo exótico ou ir a um restaurante mais caro. Mas, quando a viagem é em família, a gente procura se informar bastante e descobrir novas coisas. Normalmente gosto de ir a lugares não turísticos, ir aonde o povo local realmente come.

Quais são as culinárias que mais te atraem?

Gabriela: Eu gosto muito de comer comida japonesa e tailandesa, embora eu nunca tenha aprendido e não seja algo que eu me veja fazendo. Gosto muito da Itália, sua culinária é simples e incrível. E adoro a culinária francesa, que é a base de tudo, de todos os molhos, cortes... Foi essa a razão pela qual eu estudei francês, a maioria dos termos gastronômicos é francesa. Mas em geral é difícil ter algo que eu não goste.

O que você não gosta de comer?

Gabriela: Não gosto de pimentão e de vina (salsicha). Quando criança, eu ia para o AuAu e pedia cachorro-quente sem vina.

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Que chefs você admira?

Gabriela: O Alex é uma pessoa que eu admiro muito. Ele é muito tranquilo, muito na dele. Gosto muito dos chefs pioneiros também, tipo Paul Bocusi, não tem como não admirar. E gosto muito do Claude Troisgros. Apesar de hoje em dia ele não cozinhar tanto, é um personagem muito legal da gastronomia.

Como é o seu dia a dia? Quem cozinha em casa?

Gabriela: No dia a dia eu e meu pai cozinhamos, no almoço, comida simples: carne, arroz, feijão, salada. No fim de semana gostamos de ficar em casa, que é quase uma chácara, então sempre temos convidados, meus amigos, amigos dos meus pais. Fazemos churrasco e coisas do tipo. Gostamos muito de comer fora de casa também nos fins de semana.

E sua mãe? Cozinha também?

Gabriela: Ela fala que não tem espaço para ela. Mas ela cozinha ocasionalmente também.

Onde você gosta de comer em Curitiba?

Gabriela: Eu amo o Keiji e gostamos bastante de ir ao Al Beirut. Tem o San Ganbrinos, que é uma delícia também.

O que você daria de conselho para quem está começando agora nessa área?

Gabriela: Acho que a escola é muito importante, mas a prática é o que define se você vai gostar mesmo do negócio. Celso: A escola sem a prática não vale nada.

Qual a personalidade de vocês dois na cozinha?

Gabriela: Somos bem tranquilos, muito calmos e muito organizados. Trabalhamos só nós dois, no máximo mais uma ou duas pessoas. Então é bem tranquilo. A verdade é que somos muito parecidos.


comida com sotaque O que vocês pensam daquele chef enérgico, que grita na cozinha?

Celso: Existe, mas isso nunca resolveu nada, só piora as situações. Já trabalhei com gente que jogava panela nas pessoas. Ainda tem chef estrela, cheio de história, mal-educado. Mas eu acho que precisa ter respeito, organização. É preciso aprender a conviver e trabalhar em harmonia. Passamos agora uma semana cozinhando com o Alex Atala em São Paulo, o dia inteiro dentro de uma cozinha, de segunda a sexta, é uma convivência muito grande. O convívio na cozinha não é só prazer, por isso o respeito é muito importante.

Como é, para você, ver sua filha seguindo seus passos, se tornando uma boa chef?

Celso: Eu fui o único que falei para ela não ser cozinheira. A família inteira azucrinou a vida toda para ela se tornar cozinheira. Eu sabia que ela sempre teria comida boa em casa, ia saber se alimentar, saber comprar, não ia ser enganada pelo peixeiro, pelo açougueiro... E é isso que é a gastronomia, não é só um chapéu de cozinheiro. A gastronomia é feita por nós todos que gostamos de boa comida e de se alimentar bem. Mas, quando ela decidiu por conta própria, tive certeza absoluta que ela ia ter jeito para isso.

E como foi essa decisão?

Celso: Quando ela trancou a faculdade de Direito, perguntei: “E agora, filha?”. E ela respondeu: “E agora estou matriculada em Gastronomia”. Também tive a certeza quando ela foi para a Suíça e ligou no primeiro dia chorando, mas não voltou e aguentou tudo, passou dificuldade, mas ficou até o fim. Nesse momento ela mesma teve certeza absoluta de que era isso que queria.

esse momento da gastronomia que confunde um pouco tendência com movimento de moda gastronômica, esse momento em que todos têm que criar algo, descobrir alguma comida nova. Fiquei muito feliz por ela não ter entrado nessa. A Gabi tem muita segurança, coisa que muitos cozinheiros da idade dela não têm ainda. Nós cozinhamos para nós e dividimos com os outros. Cozinhamos aquilo que é a nossa cara.

Qual é a cara de vocês? Celso: A da simplicidade.

Qual a comida do Celso que você mais gosta?

Gabriela: Eu amava a coxinha de rã que tinha no Guega.

Contem um pouco sobre o Celso Freire Gastronomia, há quanto tempo existe, qual é a ideia, como está funcionando?

Gabriela: Tem um ano, abriu em junho do ano passado. A ideia é ser um espaço onde é possível fazer muitas coisas. Tem uma sala de reunião na parte superior. A proposta era um espaço para eventos corporativos, que está funcionando muito bem, mas temos feito também muitas formaturas, casamentos pequenos, aniversários. O cardápio varia bastante e é bem customizado, de acordo com o evento. Celso: E os antigos clientes do Boulevard e do Guega têm vindo muito, gente que eu não via há muito tempo. Eles vêm e pedem pratos que sentem saudades do cardápio, coisas que trazem lembranças.

O que você acha que Gabriela tem que você não tem? Celso: Ela tem tudo o que um homem não tem e uma mulher tem: toda a sensibilidade, toda a delicadeza.

Tem algum prato ou alguma coisa que ela faça que você goste muito?

Celso: Não tem nada que valha mais para mim do que todo dia na cozinha ao lado da minha filha, aquele momento das 11h até 12h30 é o meu horário favorito nos dias normais. Eu gosto muito do jeito que a Gabi cozinha, ela passou por

“No dia a dia eu e meu pai cozinhamos, no almoço, comida simples: carne, arroz, feijão, salada” Gabriela Freire

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culinária punk

molho de tomate pra sair do feijão com arroz

Esta receita é pra mudar a rotina do macarrão ao sugo nosso de cada dia. É fácil, gostosa e uma mão na roda naqueles dias que vem uma galera para o jantar e o orçamento do mês já estourou! ingredientes 6 tomates-italianos maduros 500g de tomates-cereja 4 dentes de alho 2 galhos de alecrim fresco Folhas de manjericão a gosto

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modo de preparo Lave os tomates e corte-os ao meio. Regue uma travessa com azeite de oliva e coloque os tomates-italianos, os tomates-cereja, alho e os galhos de alecrim. Cubra com mais um pouco de azeite de oliva, salpique sal marinho e pimenta-do-reino a gosto. Coloque a travessa no forno na temperatura de 180º por 15/20 minutos. Tire a travessa do forno, dispense os galhos de alecrim e amasse com um garfo os tomates e os dentes de alho assados. Misture até virar um molho pedaçudo. Acerte o sal e a pimenta. Misture o molho com um espaguete cozido al dente e coloque folhas de manjericão fresco. Sirva com bastante parmesão ralado.

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Maria do bairro

Cabral fica no lado de cĂĄ! No nosso giro pelos bairros da cidade, escolhemos o Cabral para explorar. A convidada da vez foi a jornalista Ana Maria Severino, boa entendedora dos prazeres da mesa e frequentadora assĂ­dua dos bares e restaurantes do lado de cĂĄ!

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Maria do Bairro

Desde criança

tenho a estranha mania de dividir Curitiba em lado de “cá” e lado de “lá”. O lado de cá é basicamente do centro para a região onde vivi a vida inteira – um pedaço da parte norte da cidade. O lado de lá é todo o resto. Por exemplo, quando alguém fala que tenho que ir para o Água Verde, Portão, Rebouças, Vila Izabel ou adjacências... já fico com um pouco de preguiça! Sim, sou uma bairrista, no sentido mais literal possível, assumidíssima. Daquelas que, na hora de combinar com os amigos onde será o próximo happy hour ou jantar, sempre tem os argumentos mais variados possíveis de por que os lugares perto da minha casa são os melhores para aquele momento. Gosto de ficar “na área”, sabe? Ainda mais que durante a minha adolescência e parte da juventude todos os lugares ficavam do lado de “lá”! Fora os restaurantes da Mateus Leme, que frequentava com meus pais, todo o resto era para “lá”. Minha mãe ficava desesperada porque cada filho que tirava a carteira já queria atravessar a cidade para desbravar os points do momento. Sempre do lado de “lá”, é óbvio. Naquela época, a vida acontecia apenas no Batel.

Quando as coisas legais começaram a abrir para “cá” foi muito emocionante. Os barzinhos e restaurantes do Alto da XV, do Juvevê, do Ahú, do Hugo Lange... E muitos desses lugares começaram a pipocar também no Cabral. Este foi um dos bairros que mais borbulharam nesta nova fase – é lá que eu moro hoje e de onde vou dar as minhas dicas! Mas admito que, quando recebi o desafio de contar os meus lugares preferidos do meu bairro, percebi que alguns que queria colocar nesta lista ficavam na vizinhança: Juvevê, Ahú ou Hugo Lange! Mas ok, vou me segurar e me dedicar apenas ao que o mapa me diz que é Cabral!

Este foi um dos bairros que mais borbulharam nesta nova fase - é lá que eu moro hoje e de onde vou dar as minhas dicas!

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Maria do bairro Gosto muito de me sentar na varandinha da Confeitaria Requinte com calma, pedir um bauru, que vem sempre bem caprichado no queijo, e comer sem pressa. É um programa ideal para quem gosta de tomar café da manhã fora nos fins de semana. Tem vários tipos de sanduíches no cardápio, fora os doces e salgados e as diversas opções de bolos e pães. É um lugar para não frequentar quando se está de regime. Passar ali no fim do dia para comprar várias coisinhas para fazer lanche em casa também é uma delícia! Uma opção também muito legal para o café da manhã é comer um pão na chapa na tradicionalíssima Piegel, que existe desde 1927 no bairro. Ali vale um café da manhã rapidinho em dia de semana mesmo, sentado no balcão, no maior estilo paulistano de ser! A Piegel era só uma padaria e hoje em dia é um superconglomerado! Tem mercadinho, confeitaria, casa de massas, papelaria, loja de presentes e até um café colonial dançante! Um lugar muito simpático, que faz parte da infância das pessoas do lado de “cá”. Let’s talk about pizza! Adoro a Mercearia Bresser. Sou fã do lugar e da pizza. É muito bom poder escolher entre os dois ambientes bem distintos, dependendo do mood do dia. A parte da frente tem bem cara de cantina italiana. E a de trás é mais escurinha e tem um astral romântico. O pão de calabresa é uma entrada obrigatória – sim, faz da refeição uma experiência bem mais calórica, mas também muito mais incrível. E se você não comer a pizza Vila Judite não será totalmente feliz! Fica muito a dica, hein! Ah, o azeite de oliva feito com alho é muito saboroso. Se não estiver em cima da mesa, peça para trazer! Mas tem um ponto muito importante: não acho uma boa ideia pedir a pizza da Bresser em casa. Não é a mesma experiência. Esse tipo de pizza tem que servir

bem quente, na hora, lá! Por isso, uma quadra e meia para baixo, na mesma rua, existe a Originale Pizzaria. Acho a melhor pizza para pedir em casa da cidade, ela é mais “leve” e chega sempre bem quentinha! Tem umas pizzas diferentes supergostosas e eles são rápidos e atenciosos. Sim, nós temos um Freddo do lado de “cá” e essa foi uma grande conquista! (rsrs...) Brincadeiras à parte, não sou a maior fã do mundo desse sorvete. Mas, para quem gosta de abacate, vale experimentar o desse sabor, é muito gostoso! Fica uma dica: para quem quiser só uma casquinha mais em conta, é só atravessar a rua e comprar no McDonald’s. Vira-lata, boxer, chow-chow, golden retriever... Essas são algumas opções do cardápio do Super Dog, tradicional barraquinha de cachorro-quente numa esquina bem movimentada do bairro. Os “hot dogs” veganos são um dos grandes sucessos, eles vêm com vegetais, champignon com ervas finas, tomate, milho, batata palha e molho parmesão. Tem o tradicional também, é claro, que é ótimo! O vegano, admito, como uma carnívora convicta, nunca nem pensei em experimentar, mas quem já comeu diz que é bem gostoso. O bom é que se você estiver num grupo com alguém que não come carne não precisa mudar o programa! Ah, só não pense em passar ali para matar uma larica na madrugada, eles fecham meia-noite. E se você agora está pensando que tem um milhão de coisas que eu deixei de falar do Cabral, existem duas hipóteses: o que você está pensando não fica realmente neste bairro – sim, aconteceu comigo – ou eu elegi essas porque fazem mais parte do meu dia a dia! Ah, e estando no Cabral você está perto de muitos restaurantes e bares incríveis, que, dependendo da vontade e do preparo físico, dá para ir a pé!

alista, trabalha no Grupo Ana Maria Severino é jorne adora comer bem! ral Cab no Boticário, mora

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Maria do Bairro

Por Onde Andei 1 - Confeitaria Requinte / www.padariarequinte.com.br 2 - Piegel / www.piegel.com.br 3 - Mercearia Bresser / www.merceariabresser.com.br 4 - Originale Pizzaria / www.originale.com.br 5 - Freddo / www.freddogelateria.com.br 6 - McDonald’s / www.mcdonalds.com.br 7 - Super Dog

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lobetomia

! F E O CH A E MORT to m p or b e

ss o a da l o

Pra você, que faz jantares românticos pra namorada ou cozinha pra família nos fins de semana, um recado: você não é cozinheiro. Calma, respire fundo e reflita. Este texto não tem o objetivo de te ofender; tem o objetivo de colocar as coisas nos seus devidos lugares. Primeira pergunta: você vive da cozinha? Se a resposta for não, cozinhar é teu hobby, independentemente se tua tia ou tua namorada te apresentam como chef para as amigas e cozinhar bem, como elas afirmam caso não estejam mentindo (pessoas sempre querem agradar quem prepara o jantar), é um simples capricho do acaso. Cozinhar bem não te faz um cozinheiro. Aliás, a grande maioria de cozinheiros em restaurantes mundo afora não cozinha bem, cozinha pra (sobre)viver: ganhar salário pra poder pagar as contas no fim do mês. Quem cozinha pra ganhar salário e pagar as contas é cozinheiro. Você não é! Tire isso da tua cabeça. Mas a mídia malvada não te deixa em paz e te enfia diariamente celebridades da cozinha goela abaixo até que um dia você pensa: “Tá aí, essa é a vida que eu quero levar”, e resolve trocar aquele teu emprego seguro e burocrata por algo que te parece muito mais irreverente e sedutor. Aqui, um parêntese pra falar da mídia. (A mídia se aproveita mais do chef de cozinha do que o chef se aproveita da mídia. Devido ao sucesso estrondoso de nomes como Jamie Oliver, Gordon Ramsay e Nigella Lawson, canais de televisão, jornais e revistas do mundo inteiro se apropriaram desse produto fenomenal em busca de audiência, como se todo chef de cozinha tivesse algo importante pra di-

zer – o que é ridículo! Sim, alguns pouquíssimos têm muito a dizer, o que não torna a classe, como um todo, formadora de opinião.) Então você se matricula numa escola de gastronomia, cuja mensalidade é mais salgada que um salário de cozinheiro, e se encanta com a vida acadêmica em que os professores são divertidos, as gatinhas descoladas, com os dedos cheirando a alho, te dão moral no intervalo e as aulas são mais práticas que teóricas. Você “se encontra”! Faz tatuagem de facas, caveiras e panelas pelo corpo e não vê a hora do curso acabar pra procurar emprego com teu diploma de “chef ” debaixo do braço. Bem-vindo ao mundo real. “Você não é chef ”, vão te dizer em todos os lugares onde você bater à porta. “Se quiser, temos uma vaga pra auxiliar de cozinha”. Se ouvir isso, não se ofenda. Nenhuma formação superior, NENHUMA!, transforma alguém em chefe. Reflita! Um administrador de empresas, por exemplo, se transformará num chefe apenas quando tiver algum subordinado, e isso costuma levar alguns anos de carreira. Chefe só é chefe quando chefia alguém, não por ter diploma. É óbvio dizer isso, mas parece que ninguém entendeu ainda.

Nenhuma formação superior, NENHUMA!, transforma alguém em chefe


lobetomia Então, depois de muito camelar, você resolve “ser humilde” e aceitar “apenas” uma vaga de auxiliar ou cozinheiro. Te digo: você não vai durar nem um mês até querer largar tudo e voltar para o teu escritório com ar-condicionado. Não se sinta mal, existem milhares como você. Duas coisas vão fazer você aguentar por mais tempo descascando batatas e lavando fogão: ou você é persistente o suficiente e quer mesmo se tornar um chef, ou você não tem plano B e precisa de dinheiro pra pagar as contas no fim do mês. O segundo motivo é invariavelmente muito mais forte que o primeiro. Uma das coisas mais horripilantes que nós, empresários da gastronomia, ouvimos de playboys e dondocas aspirantes a chef é: “Por esse salário eu prefiro ficar em casa”, já que suas mesadas costumam ser mais gordas que salários de cozinheiros. Entenda, meu bon vivant, quem não quer você por aqui somos nós! Restaurante é um lugar onde se trabalha muito, especialmente quando nossos queridos amigos estão curtindo a vida: fins de semana e feriados. Se não quer abrir mão disso, lamento, mas você escolheu a profissão errada. Quando digo “Morte aos chefs!”, quero a morte da ilusão, a morte da fantasia, a morte do vazio que a palavra representa. Quero trocar “chef ” por “chefe” (com “e” no final), por “gerente”, por “líder”, ou seja lá o que for, mas que tenha substância e que seja verdadeiro.

O termo “chef ” acabou por se tornar uma assombração no mundo gastronômico. Durante toda a minha carreira dentro de restaurantes convivi com pouquíssimos chefs (com o perdão da palavra) de verdade. Destaco três deles, em especial, que estão ao meu lado até hoje: a Sônia, o Wellington e, claro, minha tia Flora Madalosso. Nenhum deles tem tatuagem e provavelmente não saibam em que parte do mundo crescem trufas brancas, mas têm as principais competências que escolas de gastronomia não conseguem ensinar: humildade, determinação e disciplina. Três palavras que descrevem um líder. “Líder”? Esqueça, amigo, não é o teu caso. Parágrafo complementar (para os politicamente corretos): este texto é uma visão generalista sobre a mão de obra da gastronomia contemporânea. É o grito preso na garganta dos chefs de verdade, que querem exorcizar chefs de mentira. Obviamente, existem exceções. Surpreendentes exceções. Não sou contra a mídia gastronômica (até porque sou dono desta revista), e muito menos sou contra cursos de gastronomia (aliás, incentivo e invisto na formação técnica da minha equipe em escolas especializadas – eu mesmo possuo tal formação). Opa, antes que eu me esqueça: tô pensando seriamente em fazer uma tatuagem.

Quando digo “Morte aos chefs!”, quero a morte da ilusão, a morte da fantasia, a morte do vazio que a palavra representa 23


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De Luanda a Cape Town

Por Fabiane Prohmann

Nesta edição, nossa colaboradora é a jornalista Fabiane Prohmann. Ela foi visitar a irmã em Luanda e ainda deu uma esticadinha até Cape Town!

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on the road Há nove anos minha irmã e meu cunhado moram na África. Toda vez que conto isso o espanto é geral! Mas a surpresa era ainda maior quando eu dizia que nunca tinha ido visitá-los O André é engenheiro civil e a Viviane é arquiteta, e vivem em Luanda, capital de Angola. Meus sobrinhos, Isadora, de seis anos, e Heitor, de três, já estão acostumados com as idas e vindas ao Brasil, adoram os dois países e falam com um leve sotaque português. Em outubro do ano passado resolvi enfim ir e fiquei dois meses. A experiência foi incrível! Nós cinco fizemos muitos passeios, já que para mim tudo era novidade. Fomos a restaurantes, museus, shopping e ainda viajamos para Lobito, no interior do país. E, como estava na África, aproveitei para conhecer Cape Town (na África do Sul). Passamos uma semana na cidade e voltei apaixonada, já programando minha próxima visita.

1ª parada – Luanda Depois de viver mais de 20 anos uma guerra civil, Angola é um país em reconstrução. Luanda é considerada uma das três capitais mais caras do mundo, e é uma cidade de contrastes. Se por um lado há prédios do governo lindos e preservados, por outro há muitos prédios velhos, que resistiram ao tempo, mas estão mal cuidados e sujos. Um dos pontos altos de Luanda é a Avenida 4 de Fevereiro. Ela está às margens da Baía de Luanda e concentra ministérios, serviços públicos, hotéis e sedes de grandes empresas. O calçadão foi inaugurado em 2013 e se transformou em ponto de encontro dos angolanos, que aproveitam o calor constante para praticar exercícios ao ar livre e curtir as zonas verdes e áreas de lazer. A Avenida liga o porto de Luanda à Ilha do Cabo, tradicional lugar de bares e restaurantes e onde a vida noturna acontece. Um dos preferidos da minha irmã e do meu cunhado é o Cais de Quatro. Almoçamos lá duas vezes.

África Angola África do Sul 25


on the road O Cais de Quatro tem uma das vistas mais bonitas da baía de Luanda, e no cardápio, dezenas de pratos à base de peixes, frutos do mar, carnes e massas. Na minha primeira ida escolhi lagosta à provençal (lagosta grelhada com molho ao provençal, servida com batatas fritas e salada). O preço do prato individual: R$ 156. Na segunda vez optei pelos deuses do Atlântico (camarões empanados recheados com queijo cremoso, servidos com espaguete all’arrabbiata), por R$ 148. Nos dois dias, para acompanhar, fino (chope) Cuca, produzido em Angola. Como a comida em Luanda é muito cara, o preço das frutas não é diferente. As mais bonitas são vendidas na rua, por grupos de mulheres que se sentam na calçada, embaixo de árvores, depois de terem carregado por quilômetros as frutas em bacias na cabeça. Oito bananas, por exemplo, custam R$ 30, mesmo valor cobrado por um mamão. O abacaxi sai por R$ 24, e seis laranjas custam R$ 15. As frutas são produzidas em Angola, e os produtos industrializados são importados. O iogurte é espanhol; as bolachas italianas; a água de coco da Tailândia; a cerveja da Holanda; as torradas, pães e manteiga, de Portugal. Como tudo é muito caro, os churrascos não são tão comuns. Ainda assim fizemos um, com carne vinda dos Estados Unidos. O TBone, muito saboroso, custou R$ 36,55 cada pedaço.

2ª parada – Ilha do Mussulo Em um dos fins de semana aproveitamos o sol e calor e fomos para a Ilha do Mussulo. Um lugar maravilhoso, localizado a 15 minutos de barco de Luanda. É um dos locais mais visitados pelos turistas, principalmente os portugueses. O segredo é chegar cedo e voltar antes das 17h, para evitar filas nos barcos. Como a Vivi e o André já sabiam disso, acertamos os horários e correu tudo bem! A praia é limpa e o mar é supergelado. A ilha tem infraestrutura completa, com vários hotéis e restaurantes. Ocupamos as cadeiras do Hotel Roça das Mangueiras, então podíamos comprar as bebidas e os petiscos no bar e usar o chuveiro e banheiro. Mas o mais curioso do lugar são as mulheres com bacias na cabeça, que vendem de tudo. Tudo mesmo! Desde ovo cozido (isso é tradicional em Angola) até frutas, amendoim, brinquedos e roupas. Na volta da ilha paramos no restaurante Embarcad’Ouro. O ambiente é muito confortável e acolhedor. Há opções à la carte e buffet, nossa escolha. Comemos camarão, lagosta e bacalhau com nata, simplesmente maravilhoso. O preço é bem salgado: R$ 260,00 por pessoa, sem contar as bebidas. O buffet de sobremesas está incluído, e eu experimentei o mousse de maracujá e mousse de bolacha com chocolate.

o mais curioso do lugar são as mulheres com bacias na cabeça, que vendem de tudo. Tudo mesmo!

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on the road 3ª parada – Cape Town No começo de dezembro nós cinco fomos para Cape Town, na África do Sul. A cidade é simplesmente encantadora e apaixonante. Tudo é lindo, pensado nos turistas, organizado e as pessoas, muito gentis. Ficamos em um hotel em Waterfront, um grande complexo junto à zona portuária, considerado a atração mais visitada da África do Sul. O lugar é uma área enorme, point para turistas e locais, onde estão localizados os melhores restaurantes e shoppings. Lugar imperdível é o Food Market, um galpão onde funciona um mercado de comida, com várias barraquinhas diferentes, cada uma vendendo sua especialidade. O espaço concentra uma enorme variedade de quitutes, como kebab, empanadas argentinas, comida japonesa, sanduíches, frutas, sucos, iogurtes, bolos, chás gelados e cafés. É um mercado ótimo para fazer um lanche ou almoçar, mas nós cinco gostávamos mesmo de tomar café da manhã por lá. Sentando do lado de fora, uma das vistas é a Table Mountain, uma das sete novas maravilhas do mundo. Entre os frequentadores, encontramos o cantor Steven Tyler, vocalista do Aerosmith, fazendo um lanche. A cidade é simplesmente encantadora e apaixonante. Tudo é lindo, pensado nos turistas, organizado e as pessoas, muito gentis

As opções de restaurantes são muitas, mas o que mais gostamos foi o Sevruga, especializado na cozinha marinha, mas que também oferece tapas asiáticas e comida japonesa. É um restaurante com perfil refinado, bom atendimento e um menu extenso, que agrada a diversos paladares. Minha escolha foi salmão wellington, com legumes assados e, de sobremesa, petit gâteau. No quesito carnes, a dica é o Belthazar Restaurant & Wine Bar, onde experimentei o rib-eye acompanhado de batata frita. Somente aos sábados Um passeio pouco conhecido dos turistas e que nós tivemos sorte em descobrir é a feira no The Old Biscuit Mill, ótimo para o café da manhã ou almoço, pois reúne uma grande variedade de comidas e bebidas. O lugar era uma fábrica de biscoitos e hoje concentra diferentes áreas: em algumas são vendidas roupas para adultos e crianças; em outras há lojas e restaurantes; e a parte mais gostosa é a área do mercado de comida. Lá você encontra waffles, sucos, azeitonas, queijos, patês, sanduíches, bolos, pizzas, entre vários outros quitutes deliciosos. Como a feira só funciona aos sábados, o movimento é intenso. As crianças não gostaram muito, já que não tem lugar para elas brincarem, mas mesmo assim valeu muito o passeio. Em uma semana conseguimos conhecer bem a cidade, fizemos vários passeios e compras. A moeda é o rand, e os preços são bem mais acessíveis, se comparados a Angola.

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especial do dia

N CHEERS,

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! M I T É TIM Um brinde às curitibanas que chegaram para ficar

As curitibanas estão invadindo os bares. Já repararam? Aliás, não só os bares: restaurantes, lojas especializadas, supermercados e até nossas casas. Não bastasse isso, ainda estão ganhando prêmios mundo afora. No início deste ano, a revista Forbes (sim, a própria toda-poderosa do mundo dos negócios) trouxe matéria com as 30 melhores cervejas do Brasil e 5 eram curitibanas. Ops,

30%

a cidade ficou com dos prêmios do Concurso Brasileiro de Cervejas de 2014, um dos mais importantes do país

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peraí: você não tinha se dado conta de que estávamos falando de cervejas? Putz, constrangedor... Até a Gisele Bündchen já se aposentou das passarelas e você aí, ainda chamando cerveja de loira gelada. O mercado de cervejas mudou e muito nos últimos anos. Grandes marcas tendo que reinventar a velha fórmula da propaganda, importadas mexendo de vez no jogo da concorrência e as artesanais, pouco a pouco, ganhando a preferência nos paladares. Claro que é delas – as artesanais – que vamos falar, especificamente das produzidas em Curitiba e Região Metropolitana. Sem modéstia alguma, a cidade hoje é berço de marcas que já se tornaram referência neste segmento. Para se ter uma ideia, além da menção em peso na lista da Forbes citada no começo da matéria, a cidade ficou com 30% dos prêmios do Concurso Brasileiro de Cervejas de 2014, um dos mais importantes do país, que acontece anualmente em Blumenau. Quem conta é


especial do dia Luciano Wensky, presidente da Procerva – Associação das Microcervejarias do Paraná, entidade que surgiu em 2011 para organizar e aproximar os fabricantes locais. Hoje, são mais de 40 microcervejarias associadas no Paraná, 31 só na Grande Curitiba. Segundo Luciano, também proprietário da Wensky Bier, o Paraná produz anualmente cerca de 8 milhões de litros, o que corresponde a 14% da produção nacional das mais de 250 microcervejarias do país.

podemos deixar de mencionar a influência das cervejas importadas, como lembra Luciano Wensky. “Até então, de cerveja especial, só se tomava Pilsen e Weiss”, comenta.

O sommelier e dono da rede de franquias Mestre-Cervejeiro.com, Daniel Wolff, é um dos maiores entusiastas dos rótulos curitibanos. “Sem dúvida Curitiba é um dos principais centros de cerveja artesanal do Brasil. Nós temos aqui um curso de formação de sommelier de cervejas, temos uma cervejaria-escola, temos centenas de cervejeiros de panela, lojas de insumos, bares e restaurantes especializados, festivais próprios e, é lógico, diversas cervejarias locais que entregam muita qualidade ao consumidor”, comenta Daniel, que acompanha esse movimento desde o início e tem notado o público consumidor aumentar exponencialmente. “O bom é que o segmento das cervejas artesanais não toma nem 1% do volume total do mercado brasileiro de cervejas”, afirma. Considerando que estamos falando do terceiro maior mercado do mundo, a perspectiva de crescimento é fantástica, na avaliação do sommelier.

Curitiba é hoje um laboratório e a diversidade das cervejas artesanais é ideal para essas experimentações

Hoje a preferência do público curitibano, na opinião de ambos, parece ser as cervejas da escola americana, por exemplo, a American India Pale Ale. “Essas são mais intensas, extremas e bem lupuladas”, explica Daniel. Dos rótulos saídos das microcervejarias locais, se destacam as cervejas envelhecidas em barris de madeira, com mix de matéria-prima, completa o presidente da Procerva. Na percepção dos especialistas, Curitiba é hoje um laboratório e a diversidade das cervejas artesanais é ideal para essas experimentações. “Acho cedo dizer que hoje existe uma característica de cerveja curitibana. A característica principal é: Curitiba tem excelentes cervejas!”, finaliza o sommelier do Mestre-Cervejeiro.

Marcas como Way, Dum, Bodebrown, Wensky, Bierhoff, Morada, Klein e outras deram o pontapé inicial e têm sua importância na construção desse cenário. “Todo mundo fez parte desse movimento, desde o cervejeiro de panela iniciante, o apreciador, os cervejeiros que produzem em fábrica e os pontos de venda. Tudo veio simultâneo”, conta Daniel. Não

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especial do dia

As clássicas e as novidades quentes Pergunte a um apreciador de cerveja qual o seu rótulo preferido e você receberá a típica resposta diplomática: depende... Tá certo, as variáveis são muitas e certamente eles não gostam de desprestigiar ninguém, afinal todos têm suas qualidades. Então resolvemos perguntar a três especialistas, entre os rótulos curitibanos, qual já pode ser considerado um clássico e qual a novidade recente que mais gostaram. Se você ainda não mergulhou no maravilhoso mundo das cervejas artesanais, está aí um ótimo ponto de partida!

Daniel Wolff

Daniele Volcov

Douglas Salvador

Sommelier de cervejas, diretor da rede de franquias Mestre-Cervejeiro.com e juiz internacional de concursos cervejeiros.

Consultora na área de alimentos e bebidas, sommelier de cervejas e sócia da Nazdarovia Eventos, empresa especializada na promoção e organização de eventos gastronômicos.

CLÁSSICA: Dum Jan Kubis (Estilo: American Pale Lager / Teor alcoólico: 5,3%) “Uma cerveja que não falta na minha geladeira é a Dum Jan Kubis. Ela é muito fácil de beber, tem baixo corpo e muita personalidade, apresentando aromas e sabores cítricos, paladar seco e saboroso amargor.”

CLÁSSICA: Dum Petroleum (Estilo: Imperial Stout / Teor alcoólico: 12%) “A Petroleum já conquistou o posto de clássico curitibano. A cerveja é negra como petróleo, cremosa, tem sabor de café e chocolate. A primeira receita foi produzida na garagem da casa dos cervejeiros em 2010 e desde então conquistou o Brasil e o mundo, tendo ganhado diversas medalhas em grandes competições cervejeiras.”

CLÁSSICA: Underground Pale Ale (Estilo: American IPA / Teor alcoólico: 5,8%) “Sou apaixonado pela Underground porque ela é uma clássica IPA americana. Muito lupulada, aromática e extremamente equilibrada. Daquelas que você toma a noite inteira fácil, fácil.”

NOVIDADE: Bodebrown Cacau Wee (Estilo: Wee Heavy / Teor alcoólico: 8%) “Com base no grande sucesso da Bodebrown – a Cacau IPA – e na sua cerveja do estilo escocês Wee Heavy, a cervejaria surpreendeu mais uma vez fazendo a Bodebrown Cacau Wee. Uma cerveja de corpo muito equilibrado, aromas complexos de cacau, toffee e frutas passas e prolongado final.”

NOVIDADE: Mangue Stout Way Beer (Estilo: Imperial Stout / Teor alcoólico: 10,7%) “Supernovidade lançada há poucos dias pela Way Beer, a Mangue Stout é uma cerveja estilo Imperial Stout. Uma cerveja escura, maturada por seis meses, com alto teor alcoólico, mas extremamente equilibrada no paladar. Mas para provar esta cerveja tem que correr! Trata-se de uma edição sazonal especial com produção superlimitada.”

NOVIDADE: Gauden Porn (Estilos: American Pale Ale, Weiss, Pilsen e Bock) “A Gaudenbier está lançando um projeto muito interessante, o #GaudenPorn. A ideia foi trazer quatro dos mais respeitados brewmasters brasileiros, entre eles Murilo Foltran, da Dum Cervejaria, para fazer uma releitura de quatro rótulos clássicos da cervejaria: Pale Ale, Weiss, Pilsen e Bock.”

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Douglas Salvador é sócio-fundador do Clube do Malte e do Beer Pack, programa de assinaturas de cervejas especiais com mais de 5000 assinantes mensais.


especial do dia

Conheça algumas cervejarias de Curitiba e Região Metropolitana

www.facebook.com/anhangavabeer Quatro Barras, desde 2014. Principais rótulos: Kamby (Kölsch); Vevuí (American Wheat); Narã (English IPA); Rudá (Strong Golden Ale).

www.asgardcervejaria.com.br Curitiba, desde 2014 (engarrafadas). Principais rótulos: Pilsen, Weiss, Red Ale, Brown Ale, Extra Escura e Dunkel.

www.bierhoff.com.br Curitiba, desde 2002. Principais rótulos: Jerimoon (Pumpkin Ale); Weizen (Hefeweizen); Cocada Preta (Porter).

www.bodebrown.com.br Curitiba, desde 2009. Principais rótulos: Wee Heavy (Scotch Ale); Perigosa (Imperial IPA); Cacau IPA (American IPA).

www.facebook.com/DeBoraBier Curitiba, desde 2008. Principais rótulos: Poderosa IPA (English IPA); Robust Porter; Belgian Dubbel; Extreme Marvada (American Barleywine).

www.dumcervejaria.com.br Curitiba, desde 2010. Principais rótulos: Petroleum (Imperial Stout); Jan Kubis (American Pale Lager).

www.fbeer.com.br Curitiba, desde 2013. Principais rótulos: F#%*ing Beer American (American IPA); F#%*ing Fresh Beer (Session IPA).

www.gaudenbier.com.br Curitiba, desde 2011. Principais rótulos: Gauden Bier Pilsen (Lager); Gauden Bier Pale Ale (Belgian Pale Ale).

www.cervejariajokers.com.br Curitiba, desde 2012. Principais rótulos: Redneck (American Pale Ale); Blondelicious (Belgian Blond Ale).

www.cervejariaklein.com.br Campo Largo, desde 2009. Principais rótulos: Klein Weiss (German Weizen); Klein Pilsen (Standard American Lager); Klein Brown Ale (American Brown Ale).

www.cervejamadalosso.com.br Curitiba, desde 2012. Principais rótulos: Madalosso Weizen (Hefe Weissbier); Madalosso Pilsen (Lager); Madalosso Pale Ale (Belgian Pale Ale); Madalosso Bock (Bock Tradicional).

www.moradaciaetilica.com.br Curitiba, desde 2011. Principais rótulos: Hop Arabica (Blond Ale); Double Vienna (Vienna Lager); Gasoline Soul (Scottish).

www.ogrebeer.com.br São José dos Pinhais, desde 2012. Principais rótulos: Chaparrita (Chili Witbier); Django Cigano (Belgian IPA); Über Lager (California Common); Brown Spider (Imperial/ Double Brown Ale).

www.palta.com.br Curitiba, desde 2014. Principais rótulos: XLager (Vienna Lager); Red Planet Ale (Irish Red Ale).

www.waybeer.com.br Pinhais, desde 2010. Principais rótulos: Way American Pale Ale; Way Irish Red Ale.

www.wenskybeer.com.br Araucária, desde 2009. Principais rótulos: Curupira (American IPA); Saci (American Amber Ale); Lobisomen (American Stout); Drewa Piwa (Old Ale); Wensky Malina (Witbier).

Conheça também

Gobe Brew (Curitiba); Pagan (Curitiba); Bastards Brewery (Pinhais); Columbus (Colombo); Tormenta (Piraquara); Diabólica (Curitiba).

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chá de cozinha

Manual dos

CHEFS

DE PRIMEIRA VIAGEM Sim! É possível ser geek também na cozinha, e a gente sabe que as refeições podem ficar muito mais divertidas se forem feitas entre pixels, bits, heróis e viagens pelo tempo e espaço. A Tutano separou alguns utensílios que vão impressionar até aquele seu amigo que só sabe falar “bazinga”.

Porta-copos 8-bit Hand

R$ 29,90

www.lojameninos.com.br

Pote para Biscoito Doctor Who - Tardis

R$ 239,90

www.lojamundogeek.com.br

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chá de cozinha Bandeja Café da Manhã Pixel

R$ 119,90

www.elo7.com.br

Cooler Batman

R$ 399,99

Forma de Gelo e Chocolate Pac Man

www.shoptime.com.br

R$ 57,90

www.l3store.com.br

Infusor de Chá Robô

R$ 49,90

www.loopday.com.br

Lixeira de Metal Coringa

R$ 142,90

www.casageek.com.br

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comida pra quê?

Baião do

amor Apenas sorria e dance! !!

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O quê?


comida pra quê?

Todo casal

um dia vai passar por um arranca-rabo danado, é inevitável. Talvez seja porque ele mastiga fazendo barulhos obscuros, talvez porque ela coloca o açúcar na xícara depois do café e sempre faz aquela bolota nojenta na colherinha. Ou porque quando ele chega encontra ela na janela, vai procurar na panela e não tem nada para jantar. Se o motivo para desquitar foi porque ele gosta do feijão por cima (certo) e ela prefere o arroz (errado), talvez seja hora de discutir a relação. E que forma melhor de resolver isso do que misturar os dois em um panelão, de um jeito que fique bom para todo mundo? Basta acrescentar um monte de pedacinhos de carnes variadas à conversa para seguir em frente e selar essa união de sabores, passando por cima dos desentendimentos como dois pombinhos apaixonados com a pança cheia de calabresa, charque e bacon. E se o baião é bom sozinho, quem dirá baião de dois. Uma delícia resolvedora de tretas que vem lá do Nordeste, onde mainha e painho dão fim a qualquer moléstia com amor, carinho e gorduras mais pesadas que qualquer discussão. Quem aguenta brigar depois de comer uma cabeça de bode ou essa deliciosa iguaria dos food trucks sertanejos? Portanto, mostre quem é o mestre do forró gastronômico e ponha a mão na massa. Afinal, tudo o que um bom relacionamento precisa é de um temperinho e calorias para esquentar as coisas.

Ingredientes: • 2 xícaras de feijão-de-corda • 1 xícara de arroz • ½ cebola picada • 1 linguiça calabresa • 100 g de bacon • 1 paio • 2 dentes de alho • 300 g de carne seca • 2 colheres de sopa de manteiga • 1 xícara de queijo coalho • Sal, pimenta-do-reino e coentro Modo de preparo: Antes de mais nada, arrume um bom tênis. Você vai precisar dele pra fazer o rolê atrás de alguns ingredientes raros em certas faunas culinárias do país. Um deles é o feijão-de-corda, que felizmente encontrei na feira antes de um crackudão começar a bagunçar o coreto nas barraquinhas. Enfim, prepare o tal feijão com cebola, alho e louro até que fique cozido. Enquanto isso pique bem a cebola, o alho, o coentro, o queijo coalho e todas as variedades de embutidos suínos que você adquiriu. Derreta a manteiga em uma panela, fritando o alho e as carnes. Você pode dessalgar o charque 12 horas antes, perdendo um tempo valioso da sua vida, ou comprar aquela Vapza pronta que é bem mais prática. Discuta com seu par romântico e decidam pela melhor opção. Então cozinhe o arroz na água que sobrou do feijão. Ponha os dois na panela e misture tudo. Tempere com pimenta-do-reino e acrescente o queijo coalho. Encerre a discussão com coentro picado (ou comece outra, já que coentro é sempre polêmico).

a das a gangsta cuisine, a cozinh Tiago Vidal Dutra praticaem casa e sem muita frescura, e tem que o ndo. ruas, feita com jo® é possível para todo mu acredita que ir além do Miof, publica as receitas no blog che de vas tati Após suas ten com aziaavemaria.wordpress.

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cabeça de minhoca Por Elaine Minhoca de lemos

Acrótona: o bom filho à casa torna

Se o restaurante

Baviera tivesse um filho com A Pamphylia, seria o Acrótona. Pelo menos era isso que eu pensava quando comecei a frequentar o estabelecimento, ainda nos anos 80. Eu ia com o meu primeiro namorado, minha irmã e com o dinheirinho da mesada, para comer a pizza quatro queijos – que, segundo a lenda, é a primeira de Curitiba. E, claro, as sopas. A gente ia sempre na eslava e na húngara (cuja única diferença é a tigela em que são servidas).

Décadas depois, voltei. Com o Vilmar, que trabalhou na casa antes de se tornar o atual proprietário, o Acrótona passou a ter o buffet de sopas (antes só eram servidas à la carte). São vários panelões e, por apenas R$ 19,50, dá pra se afogar na sopa. O pesadelo da Mafalda e a alegria do Obelix…

Aberto todas as noites, se você fica um tempo no balcão do Acrótona, dá pra ver quanta gente passa para levar pizza pra casa. Diz a Mari, irmã do Vilmar, que a pizza quatro queijos até hoje é a campeã de pedidos. São famílias, gente sozinha, homens com pinta de executivo, enfim, de um tudo.

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cabeça de minhoca Outra vista privilegiada é a da mesa 6: a traveca da esquina. E, gente, nem precisa ficar muito tempo ali de olho pra constatar que aquela história de que na Cruz Machado só para carrão para falar com as mocinhas da cidade é verdade!

Mesmo assim, depois de 38 anos, o Acrótona continua (como diz meu amigo Fabiano Dalla Bona) “good price, nice atmosphera”. Que venham mais 38!

De 1976 pra cá, mudou muita coisa na Cruz Machado, mas não no Acrótona. Ainda estão lá os barris de madeira, o quadro da gralha-azul desproporcional, os vinhos coloniais de jarra… Acho que só mudou a iluminação, mais clara. Não é mais aquele paraíso pra namoradinhos como era.

Tente fazer em casa! Sopa eslava da Dona Joanita (minha genitora): 1 kg de maminha em cubos 1 kg de tomates pelados batidos no liquidificador 3 dentes de alho 2 cebolas grandes 1 colher de sopa de páprica doce 1 colher de chá de páprica picante 400 ml de caldo de carne (nunca, jamais, em hipótese alguma de cubinho!) 1 cálice de conhaque ou whisky 3 batatas médias cortadas em cubinhos 350 g de spaetzle feito na hora (ninguém disse que era fácil) 100 ml de creme de mesa fresco Para o spaetzle: 2 ovos 4 colheres de sopa de farinha 150 ml de leite 1 colher de café de sal 1 colher de café de fermento químico

ora de eventos e de Lemos é produt El aine Minhoca heira e croni sta zin co é m bé s tam cer imonialista, ma Blog Curitiba / no te en do or iginalm dil etante. Publica ia Baixa Ga stronom

Bata no liquidificador: os ovos, a farinha, o sal, o leite e o fermento. Com uma colher de chá e MUITA paciência, vá pingando os spaetzle na água fervente. Quando subir à superfície, retire com uma escumadeira. Separe e coloque na sopa só no fim! A sopa: Numa panela grande, refogue o alho e a cebola picados em azeite de oliva, ponha a carne, doure, acrescente o whisky, as pápricas, o tomate batido e a batata. Depois de uns 30 minutos, ponha o caldo. Dê mais uns 20 minutos para os sabores se misturarem (aqui você tem que dar uma olhada na carne, se não tiver tempo de esperar ficar macia, taca na pressão). Por último, ponha o creme de mesa, corrija o sal e a pimenta e coloque os spaetzle. Serve 6 húngaros esfomeados!

Acrótona Rua Cruz Machado, 408 – Centro (verifique a localização no Mapa da Baixa Gastronomia) (41) 3233-4690 / Aceita cartões

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Laix’nr’m d n a e a t c G M za

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sweet dreams Chocolate, pinhão e vinho: 3 em 1 com gosto de inverno TORTA DE CHOCOLATE COM VINHO DO PORTO E PINHÃO Quem tem o péssimo hábito de abrir a geladeira para pensar, divaga sobre vida e morte da bezerra ou monta uma planilha mental do que tem para fazer no dia seguinte. O tema é livre. Mas, quando nessa situação, é comum que três potes plásticos e uma panela chamem a sua atenção para interromper solenemente o nirvana de breves minutos em que você estava. Os pensamentos de tranquilidade começam a se transformar: o que fazer com sobra de macarrão, pizza e pudim? Será que isso já estragou? Para evitar que o puro relaxamento se torne preocupação crônica, muita gente não tem dúvidas: joga tudo na panela e faz aquele jambalaya bem duvidoso. Não sem antes fechar a geladeira. Pena que molho madeira não combina muito bem com bacalhau e pizza não vai muito bem com feijão. Poucos têm a sorte de ter sobras perfeitamente harmonizadas para um “restô d’ontê” de gala, com ingredientes selecionados. Além disso, o fator criatividade conta pontos na hora de criar combinações gastronômicas inusitadas. Gulosos sabem da importância de comer os melhores ingredientes simultaneamente, vide o clássico curitibano X-Montanha, a combinação perfeita entre hambúrguer, pastel e bolinho de carne, tudo junto, ao mesmo tempo e agora. E, apesar de estar em um paralelo muito distante do X-Montanha, a chocolatier Polyana Rodrigues, da Grué Chocolateria, alcançou proeza similar, atingindo o estado da arte das belas misturas. Reza a lenda que, em um dia de inverno diante de suas guloseimas típicas favoritas, a chef perguntou-se “por que não?” e criou a sobremesa tema desta seção. Assim nasceu uma torta de pinhão, vinho e chocolate que merece ser saboreada perto do calorzinho invernal de uma lareira acesa. Portanto, da próxima vez em que você estiver na presença de ingredientes que fazem o seu coração (e o estômago) bater mais forte, use a criatividade e invente uma receita. Como diz a máxima do Mark Twain que é mantra aqui na Tutano: “Parte do segredo do sucesso na vida é comer o que você gosta e deixar que os alimentos se entendam lá dentro” – mas, se eles se entenderem fora, melhor ainda!

massa 250 g de farinha de trigo 20 g de cacau em pó 125 g de manteiga sem sal 25 g de açúcar refinado 1 gema Preaqueça o forno e misture todos os ingredientes até formar uma massa lisa. Abra a massa em 25 cm de diâmetro e deixe descansar na geladeira por 30 minutos. Faça furos com o auxílio de um garfo e asse a 180 graus por 20 minutos. Ganache de Vinho do Porto 200 g de chocolate branco 85 ml de vinho do porto Derreta o chocolate em banho-maria e depois acrescente o vinho. Misture bem até formar um creme liso e deixe descansar por uma hora. Ganache de chocolate amargo 400 g de chocolate amargo 60% 260 g de creme de leite fresco Ferva o creme de leite, depois misture o chocolate picado, mexendo até formar um creme liso. Deixe descansar, fora da geladeira, por uma hora. Praliné de pinhão 30 pinhões cozidos 20 ml de conhaque Descasque os pinhões e triture-os com o auxílio de um processador. Em fogo médio, use uma frigideira para flambar essa farofa de pinhão, deixe no fogo até que libere a umidade e fique levemente crocante. Praliné de pinhão Espalhe sobre a massa assada e fria a ganache de vinho, formando uma fina camada, e depois coloque a ganache de chocolate e finalize a torta com o praliné de pinhão.

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menu du jour

Não vem de garfo que

hoje é dia de sopa

Tem gente que diz que sopa é comida de preguiçoso: fácil de fazer, fácil de comer. Outros ainda associam a pobre coitada aos momentos de convalescência. Tá doentinho? Mamãe faz sopinha. Mas daí vem o pessoal do Spring e do Bistrô da Bibi pra ensinar esse povo enjoadinho (você não se enquadra aqui, caro leitor) que sopa é uma coisa de louco! So, let’s get crazy...

Caldinho de batata-salsa com laranja e gengibre

Por Anauila Madalosso, do Restaurante Spring Ingredientes 1,5 kg de batata-salsa 1 litro de água 90 g de gengibre ralado 450 ml de suco de laranja 25 g de cebola 25 g de alho Modo de preparo Cozinhe as batatas já descascadas em um litro de água até ficarem macias. Bata no liquidificador com o suco de laranja e reserve. Numa panela doure a cebola e o alho, sem deixar tostar, e despeje o caldo da batata-salsa com laranja. Deixe ferver por aproximadamente cinco minutos, desligue e acrescente o gengibre ralado. Rende de três a quatro porções. Dica: Decore com cebolete e crocantes de pão sírio.

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foto: Guilherme alves

menu du jour

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menu du jour

Creme de abóbora e frango ao curry Por Aline moser, do Bistrô da Bibi

Ingredientes 1 abóbora-cabotiá (japonesa) 500 gramas de frango em cubos 1 cebola 2 dentes de alho 1/2 colher de sopa rasa de sal rosa ou marinho 100 ml de azeite de oliva extra virgem ou óleo de coco 2 colheres de sopa rasas de curry em pó Pimenta-do-reino a gosto 1 litro de água filtrada ou caldo de legumes

Modo de preparo Lave bem e cozinhe a abóbora inteira em forno até ficar macia (aproximadamente 45 minutos). Para saber se está boa, enfie uma faca pontuda, se entrar com facilidade é porque está cozida. Retire do forno, corte ao meio, tire as sementes com uma colher. Deixe esfriar enquanto faz o frango. Tempere o frango com sal, pimenta-do-reino e uma colher de sopa de curry. Corte a cebola e o alho em cubinhos e, com metade do azeite de oliva, refogue em uma panela. Quando murchar junte o frango e deixe até dourar, mexendo de vez em quando. Reserve. Com uma colher retire toda a parte alaranjada da abóbora, deixando apenas a casca preta. Coloque todo o conteúdo no liquidificador e bata com a água ou caldo de legumes e mais uma colher de sopa de curry. Veja a textura e, caso queira mais mole, adicione mais água. Coloque o creme em uma panela e adicione os frangos grelhados. Ligue em fogo baixo e mexa sempre até reaquecer bem. Acerte o tempero e coloque o restante do azeite de oliva quando desligar a panela. Rende quatro porções. Dica: Você pode salpicar cheiro-verde por cima na hora de servir.

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menu du jour foto: guilherme alves

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experimente este prato na forneria copacabana

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wellington Almeida chef do Forneria Copacabana foto: Nilo Biazzetto


anota aí Pinte o sete com esta receita pintosa de pintado grelhado e se aventure no mundo das misturas inusitadas. Siga as instruções do chef e descubra que banana com gorgonzola é bicho bom. Confie e jogue tudo no liquidificador sem medo, antes que você possa mudar de ideia

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Ingredientes 180 g de filé de pintado com pele 3 bananas-da-terra maduras 2 colheres de sopa de manteiga sem sal 1 colher de sopa de amêndoas torradas 50 g de queijo gorgonzola 20 g de espinafre fresco 1 colher de sopa de creme de leite fresco Sal e pimenta Modo de preparo Em uma panela com água fervente, cozinhe as bananas até que as cascas comecem a se abrir. Descasque as bananas e, em um liquidificador, bata junto com o queijo gorgonzola até que a textura fique como a de um purê cremoso. Reserve.

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Em uma frigideira com pouco azeite, grelhe o filé de pintado temperado com apenas sal e pimenta, até que a pele fique bem crocante e dourada. Se necessário, leve ao forno por 5 minutos. Leve o purê ao fogo, corte rusticamente o espinafre e misture ao purê junto com o creme de leite fresco. Sirva o filé de pintado com a pele voltada para cima, derreta a manteiga, adicione as amêndoas e coloque sobre o peixe. Voilà!

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wellington almeida chef do Forneria Copacabana foto: Nilo Biazzetto

experimente este prato na forneria copacabana

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Canudos de Avelã


anota aí Uma coisa é preciso aprender desde cedo nesta vida: não é possível agradar nem satisfazer a todos. A menos que você seja um pote de Nutella. Mas se você for um reles humano, esta é a chance perfeita para se valer dos poderes mágicos e hipnotizantes do creme de avelã e agradar a uma boa parte do seu eleitorado. Os canudos que levam o ingrediente mais doce do que baba de unicórnio moram no coração da galera que bate ponto na Forneria Copacabana. Então, anota aí!

Ingredientes 80 g de camarões 1 massa de pizza Creme de avelã Sorvete de creme ou pistache Modo de preparo Abra a massa de pizza bem fininha, corte em tiras e enrole em cones de confeiteiro para que fiquem no formato dos canudinhos. Leve ao forno a 180 graus e asse até que a massa fique dourada. Reserve e espere esfriar. Retire a massa dos cones e recheie com bastante creme de avelã, sem economia. Sirva com sorvete de creme ou pistache.

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etílicas

Par Perfeito Nossos especialistas em cerveja te ajudam a encontrar a alma gêmea etílica para as receitas desta edição anota aí - Pintado Grelhado Cerveja: Ogre Chaparrita (Estilo: Witbier com pimenta / Teor Alc.: 4,7% / Origem: Curitiba, PR) Esse prato deu água na boca! Temos aqui um peixe grelhado acompanhado com gorgonzola e bananas, portanto, precisamos de uma cerveja que aguente o tranco. Para isso, indico a curitibana Ogre Chaparrita, uma cerveja de trigo do estilo belga com adição de pimenta. Baixo corpo, sabor cítrico e de especiarias. E picante no final. menu du jour - Canudos de Avelã Cerveja: DUM Petroleum (Estilo: Imperial Stout / Teor Alc.: 12% / Origem: Curitiba, PR) Combinação boa! Ainda mais acertando na harmonização. Aqui, para acompanhar os canudos de avelã e sorvete, nada melhor que a famosa Dum Petroleum, uma cerveja potente e saborosa, com intensos aromas de torrefação e cacau e longo final.

Culinária Punk - Molho de tomates assados Cerveja: Bierland Vienna (Estilo: Vienna Lager / Teor Alc.: 5,4% / Origem: Blumenau, SC) Molho de tomate caseiro bem feitinho em cima de uma massa e ainda com parmesão e manjericão não tem como resistir. E para harmonizar com essa tentação vamos de Bierland Vienna. Cerveja de Blumenau com medalhas de ouro internacionais dentro do estilo. De perfil maltado, levemente herbal, ideal para acompanhar acidez do molho e aromas do prato.

Daniel Wolff entende tudo de cervejas. Além de sommelier, é dono da rede de franquias Mestre-Cervejeiro.com

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guia Tutano

restaurantes da ediçã o Al Beirut

O Al Beirut do Alto da XV é um híbrido interessante. Misto de boteco com mesa de plástico e cerveja gelada, serve também o melhor da culinária árabe no cardápio. Não é à toa que o restaurante tem uma legião de fãs bastante fiel há mais de dez anos, que não dispensa uma cervejinha com falafel e kafta. O custo-benefício é dos bons. Av. Senador Souza Naves, 773 (41) 3362-1738 Aberto de segunda a sexta-feira para jantar e sábado para almoço e jantar.

Baviera

Em qualquer época do ano, o Baviera é uma boa pedida para jantares aconchegantes. Mas a casa vermelha incrustada numa ladeira do centro parece ainda mais atraente em dias frios. Talvez seja culpa da deliciosa sopa de cebola, que aquece corações curitibanos há mais de 40 anos. Alameda Augusto Stellfeld, 18 (41) 3232-1995 Aberto todos os dias para jantar.

Spring

Sabe aquele restaurante que vira ponto de encontro na hora do almoço? O Spring é assim. Tem fãs fiéis que não dispensam as delícias de um dos buffets por quilo mais queridos da cidade. A novidade agora fica por conta da extensa linha de congelados, que vai das carnes às sobremesas já bem famosas do lugar. Se você não vai até o Spring, o Spring vai até você – e faz um banquete. Avenida do Batel, 1750 (41) 3039-2022 Aberto de segunda-feira a sábado para almoço.

San Gambrinus

O nome do lugar é uma referência ao patrono dos cervejeiros que, diz a lenda, bebia 150 litros de cerveja de uma única vez. Algo para refletir, fazer as contas e duvidar. Apesar disso, o menu italiano do San Gambrinus pede mesmo um bom vinho para acompanhar as massas e carnes do menu. Guarde espaço para a sobremesa. R. Atílio Bório, 1379 (41) 3014-6552 Aberto de terça a sexta-feira e também domingo para jantar. Aberto aos sábados para almoço e jantar.

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Grué Chocolateria

Todo mundo sabe que 9 entre 10 pessoas amam chocolate e que a 10ª, provavelmente, não respondeu à pergunta corretamente. Acontece. Seja como for, a Grué Chocolateria vai elevar os seus conceitos na arte do chocolate em um caminho sem volta. Aproveite para experimentar os sabores exóticos do cardápio, como o chocolate com bacon. Av. João Gualberto, 2095 (41) 3352-5586 Aberto de segunda a sexta-feira, das 10h às 19h, e sábados, das 10h às 13h.

Bistrô da Bibi

Tanto carinho e cuidado são visíveis e palatáveis nos pratos do Bistrô da Bibi. Comidas naturais e saudáveis acompanhadas de adjetivos como “detox” são ótimas opções pra quem cuida da alimentação, mas não come aquelas receitas estranhas e sem gosto. Lá não tem essas coisas. Aproveite a chegada do inverno para se esquentar com as sopas. Rua Desembargador Hugo Simas, 1249 (41) 3024-4421 Aberto de segunda-feira a sábado, almoço e jantar.



happy hour

ESCOLHA O VOLC

ANO

Choose life. Choose a job. Choose a carrer. Choose a cocktail

Volcano é a balada frequentada pela galera do filme. A estética retrô do clube, com aquela carinha de anos 60, inspirou as cores e o visual degradê do drink, presente na carta de coquetéis elaborada por Patricia Bandeira quando o Paradis foi inaugurado. Feito à base de gim, ervas, manga, limão-siciliano e pimenta (sim!), o Volcano é tão intenso quanto uma pancada na cabeça – com um gostinho da adrenalina que é correr da polícia pelas ruas da capital escocesa. “A reação das pessoas ao provar o Volcano costuma ser de surpresa”, revela a bartender Karin Kaudy. “E ainda tem a questão da textura: ele parece ser feito de lava!”, brinca. Tal qual “Trainspotting”, o Volcano é aquele coquetel que te deixa mordido. Vidrado. Escolha seu drink.

Onde provar: Paradis Club Rua Paula Gomes, 306 São Francisco

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INGREDIENTES 60 ml de Gin Tanqueray 30 ml de purê de manga 15 ml de suco de limão-siciliano 5 ml de xarope de açúcar Pimenta-rosa Grenadine

FOTO: MARINGAS MACIEL

Entendedores

já entenderam a referência: o coquetel da vez é inspirado em “Trainspotting – Sem Limites”, o clássico e subversivo filme dirigido pelo britânico Danny Boyle. O Volcano servido no Paradis é tão delicioso e desconcertante quanto o longa que retrata o cotidiano de jovens inconsequentes que vivem a vida sem limites em um subúrbio decadente de Edimburgo, na Escócia.



Opções deliciosas no almoço de terça a sexta por R$ 27

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Almoço de terça a domingo / jantar de segunda a sábado

Todo diaédia dePrato doDia

Av. Iguaçu, 2820 | 3243.5787

forneriacopacabana.com.br


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