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dos Mosteiros da Ordem da Imaculada Conceição

Abril/Maio/Junho de 2013– Ano 06 – Nº39


FAZENDO MEMÓRIA IV “Se o grão de trigo cai na terra e não morre fica só” Como mencionamos em nosso último artigo o Encontro de 1969 suscitou-nos muitos questionamentos, sobre diversos pontos de nossas vidas desde a simples questão das grades do locutório até aquilo que de mais importante nos toca: deveríamos ser Concepcionistas ou Imaculistas? Porquê de somos Concepcionistas Franciscanas e não simplesmente Concepcionistas? Esses temas foram assuntos de aprofundamento tanto da parte da OIC quanto da OFM. Foram feitos diversos estudos bem sérios a esse respeito. Por exemplo, o estudo sobre “A Evolução do Dogma da Imaculada Conceição”; a “Gênese e Consolidação Jurídica da Ordem da Imaculada Conceição” e muito mais. Tratou-se das saídas da clausura para assistência médica e outras necessidades, inclusive para a “visita aos pais” coisa impensável até então! Foram dias de muitas partilhas e pode-se dizer com segurança, que embora o assunto Federação não tenha estado na pauta, foi aqui que se lançaram as sementes daquela que hoje galhardamente representa a Ordem da Imaculada Conceição no Brasil. Por falar em semente nos devemos lembrar que “se o grão de trigo for jogado na terra não morrer ele continuará a ser apenas um grão”. Foi o que aconteceu... 2


Passados poucos anos desse “momento festivo” nosso bondoso Deus enviou-nos uma não pequena provação... Sob o nome de Visitador Apostólico, cujo nome pessoal foi escrito na areia da praia para que as ondas da divina misericórdia o arrastasse para dentro do Oceano Infinito. Foram alguns anos que só no céu poderemos entender, agora resta-nos dizer: “Ó profundidade da ciência e da sabedoria de Deus, quão insondáveis e impenetráveis são os vossos caminhos”. Entretanto, aquelas que viveram esse período o fizeram em intensa comunhão com o mistério pascal de Cristo. Como “as águas do mar não vão além do traçado que Deus lhes deu assim também as criaturas só vão até onde o Senhor diz: basta!” Também houve um ponto final para aquela dura provação. Aquele que “fere e também cura a ferida” enviou-nos o seu anjo na pessoa do Revmo. Pe. Frei Bernardo Hoelscher, OFM, que desde o primeiro momento colocou todo seu empenho em promover a renovação da Ordem para enfim culminar com a fundação de Federação Imaculada Conceição, no dia 14 de janeiro de 1989. Uma trajetória percorrida com muita fé e dedicação. “Os caminhos do Senhor não são os nossos caminhos!” Ir.Maria Auxiliadora do Preciosíssimo Sangue, OIC Presidente da Federação Imaculada Conceição dos Mosteiros da OIC no Brasil.

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SOBRE O ANO DA FÉ...

“Eu sou o caminho, a verdade e a vida.” (Jo 14,6) “Se alguém quiser vir após mim, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e me siga”. (Mc 8,34) Caras Irmãs, Continuando a refletir sobre a fé que nos une, gostaria de enfocar hoje o seu aspecto dinâmico, perpassando todos os momentos de nossa vida. E é bom dizer logo: fé nada tem a ver com imobilidade e inércia, pelo contrário, a fé revelada na Sagrada Escritura, nos põe a caminho, nos põe em movimento contínuo. Basta lembrar a ordem dada por Deus a Abraão: “Sai da tua terra, do meio de teus parentes, da casa de teu pai e vai para a terra que te mostrarei.” (Gênesis 12, 1) Fé mexe com os pés. Fé não nos deixa ficar parados. Esta verdade coloca de antemão em xeque aqueles que se gloriam de gastar sua vida na preocupação de “conservar” a fé “imóvel e paralisada”, como se guarda um tesouro sob sete chaves.

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A fé bíblica contradiz claramente esta tentação: A ordem de Deus dada a Abraão, a caminhada do povo eleito rumo à Terra prometida, a chamada dos profetas à conversão, a atitude de fé de Jesus Cristo, a difusão da fé pelos Apóstolos e a Igreja através dos tempos. São Paulo, apóstolo incansável e andarilho, o resume muito bem numa das suas cartas: “Combati o bom combate, terminei a minha corrida, guardei a fé.” (2Tm 4, 7) Neste sentido podemos dizer até que a expressão “tenho fé” não é muito boa. “Ter fé” logo dá a ideia de possuir alguma coisa e quem possui deve cuidar para guardar bem o que possui e eventualmente escondê-lo bem para que ninguém possa tocar nele e até roubar... A expressão correta é dizer “creio” porque imediatamente amplia o horizonte para o que há de vir ainda, é dinâmico, e principalmente aberto para o diálogo. “Sai da tua terra”, “vai”, “eu sou o caminho”, “Se alguém quiser me seguir”, “terminei a minha corrida” e tantas outras expressões da Sagrada Escritura nos confirmam a “mobilidade da fé”. Esta mobilidade nos mergulha frequentemente em crises. É grande e constante a tensão entre a pergunta: o que devemos deixar e o que devemos procurar? Esta “dúvida” faz parte da fé a ponto de poder dizer que uma fé sem dúvida é uma fé duvidosa. 5


A fé bíblica, revelada, nos coloca sempre de novo diante de uma única condição fundamental: o abandono. O abandono nas mãos de Deus vivido por Abraão no Antigo Testamento e por Jesus no Novo Testamento é a base de toda a fé. E este abandono se desdobra em duplo sentido: - ser capaz de deixar, partir, renunciar... - ser capaz de buscar, ir ao encontro, dialogar... Em outras palavras, crer significa saber: - descobrir as pegadas de Deus reveladas por Jesus e presentes na sua criação. - ousar dar passos novos e próprios; descobrir novos caminhos na criatividade fiel. Descobrir as pegadas de Deus: Vida consagrada antes de tudo é seguimento de Cristo. Devemos, portanto, tentar identificar estas pegadas de “Deus passando” no dia a dia da nossa vida, sabendo que ele, muitas vezes, se manifesta não no “vento forte e ruidoso”, mas na “brisa mansa e suave” dos acontecimentos diários. O que podemos/devemos fazer para acertar cada vez mais os nossos passos nas pegadas de Jesus na busca de autenticidade? 6


Ousar passos novos e próprios: Creio que devemos nos dar conta de que isto faz parte da nossa responsabilidade. Deus nos chamou, nos confiou uma vocação especial e uma missão na Igreja. Este tesouro, esta “luz” não devemos esconder debaixo da mesa, mas fazer brilhar para que todos possam ser iluminados por ela. O que podemos/devemos fazer para sermos criativamente fiéis ao carisma da Ordem? Enfim, Caminhar e abrir caminhos novos não é apenas resultado de um esforço pessoal, mas fruto de pessoas que caminham na mesma direção. Uma pessoa pode abrir uma trilha na floresta, mas só quando muitos e muitas “pisarem” a mesma trilha, ele se transforma em caminho, em caminho que abrimos para que a humanidade possa ter nova esperança e certeza da presença de Deus no meio de nós. Que todos possamos ter cada vez mais a fé de Abraão e de Jesus Cristo, abandonando-nos incondicionalmente nas mãos de Deus e crer. Frei Estêvão Ottenbreit, OFM Assistente Religioso da Federação Imaculada Conceição

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DISCURSO DO PAPA FRANCISCO ÀS RELIGIOSAS PARTECIPANTES NA ASSEMBLEIA PLENÁRIA DA UNIÃO INTERNACIONAL DAS SUPERIORAS-GERAIS Sala Paulo VI Quarta-feira, 8 de Maio de 2013 Senhor Cardeal Venerado e querido Irmão no Episcopado queridas irmãs! Estou feliz por me encontrar convosco hoje e desejo saudar cada uma, agradecendo-vos quanto fazeis para que a vida consagrada seja sempre uma luz no caminho da Igreja. Queridas irmãs, antes de tudo, agradeço ao querido Irmão Cardeal João Braz de Aviz as palavras que me dirigiu; estou feliz também pela presença do Secretário da Congregação. O tema do vosso Congresso parece-me particularmente importante para a tarefa que vos foi confiada: «O serviço da autoridade segundo o Evangelho». À luz desta expressão gostaria de vos propor três pensamentos simples, que deixo ao vosso aprofundamento pessoal e comunitário. Na Última Ceia, Jesus se dirige aos Apóstolos com estas palavras: «Não fostes vós que me escolhestes, fui Eu que vos escolhi» (Jo 15, 16), que recordam a todos, não só a nós sacerdotes, que a vocação é sempre uma iniciativa de Deus. Foi Cristo quem vos chamou a segui-lo na vida consagrada e isto significa 8


cumprir continuamente um «êxodo» de vós mesmas para centrar a vossa existência em Cristo e no seu Evangelho, na vontade de Deus, despojando-vos dos vossos projectos, para poder dizer com são Paulo: «Já não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim» (Gl 2, 20). Este «êxodo» de nós mesmos é pôr-nos num caminho de adoração e serviço. Um êxodo que nos leva por um caminho de adoração ao Senhor e de serviço a Ele nos irmãos e nas irmãs. Adorar e servir: duas atitudes que não se podem separar, mas devem caminhar sempre juntas. Adorar o Senhor e servir os outros, nada conservando para si mesmo: este é o «despojamento» de quem exerce a autoridade. Vivei e evocai sempre a centralidade de Cristo, a identidade evangélica da vida consagrada. Ajudai as vossas comunidades a viver o «êxodo» de si num caminho de adoração e serviço, antes de tudo através dos três fundamentos da vossa existência. A obediência como escuta da vontade de Deus, na inspiração interior do Espírito Santo autenticada pela Igreja, aceitando que a obediência passa através das mediações humanas. Recordai que a relação autoridade-obediência se insere no contexto mais amplo do mistério da Igreja e constitui uma actuação particular da sua função mediadora (cf. Congregação para os Institutos de vida consagrada e as Sociedades de vida apostólica, O serviço da autoridade e a obediência, 12). A pobreza como superação de todos os egoísmos, na lógica do Evangelho que ensina a confiar na Providência de Deus. 9


Pobreza como indicação a toda a Igreja de que não somos nós que construímos o Reino de Deus, não são os meios humanos que o fazem crescer, mas é essencialmente o poder, a graça do Senhor que age através da nossa debilidade. «Basta-te a minha graça, porque é na fraqueza que a minha força se revela totalmente», afirma o Apóstolo das nações (2 Cor 12, 9). Pobreza que ensina a solidariedade, a partilha e a caridade, e que se exprime também numa sobriedade e alegria pelo essencial, para vigiar contra os ídolos materiais que ofuscam o sentido autêntico da vida. Pobreza que se aprende com os humildes, os pobres, os doentes e quantos vivem nas periferias existenciais da vida. A pobreza teórica não nos é útil. Aprendemos a pobreza se tocarmos a carne de Cristo pobre nos humildes, pobres e doentes e nas crianças. A castidade como carisma precioso, que amplia a liberdade do dom a Deus e aos outros, com a ternura, a misericórdia e a proximidade de Cristo. A castidade pelo Reino dos Céus mostra como a afetividade tem o seu lugar na liberdade madura e se torna um sinal do mundo futuro, para fazer resplandecer sempre a primazia de Deus. Mas, por favor, uma castidade «fecunda», que gera filhos espirituais na Igreja. A consagrada é mãe, deve ser mãe e não «solteirona»! Desculpai-me se falo deste modo, mas esta maternidade da vida consagrada, esta fecundidade, é importante! Esta alegria da fecundidade espiritual anime a vossa existência; sede mães, como figura de Maria Mãe e da Igreja Mãe. Não se pode compreender Maria sem a sua 10


maternidade, não se pode entender a Igreja sem a sua maternidade e vós sois ícones de Maria e da Igreja. Um segundo elemento que gostaria de realçar no exercício da autoridade é o serviço: nunca nos devemos esquecer que o poder verdadeiro, a qualquer nível, é o serviço, que tem o seu ápice luminoso na Cruz. Bento XVI, com grande sabedoria, recordou muitas vezes à Igreja que se para o homem, com frequência, autoridade é sinónimo de posse, de domínio, de sucesso, para Deus autoridade é sempre sinónimo de serviço, de humildade e de amor; significa entrar na lógica de Jesus que se inclina para lavar os pés aos Apóstolos (cf. Angelus, 29 de Janeiro de 2012), e diz aos seus discípulos: «Sabeis que os chefes das nações as governam como seus senhores... Não seja assim entre vós — é este precisamente o lema da vossa assembleia. Entre vós não será assim — quem quiser fazer-se grande entre vós, seja vosso servo» (Mt 20, 25-27). Pensemos no dano que causam ao Povo de Deus os homens e as mulheres de Igreja que são carreiristas ou arrivistas, que «usam» o povo, a Igreja, os irmãos e as irmãs — aqueles a quem deveriam servir — como trampolim para os interesses e as ambições pessoais. Eles causam um dano grande à Igreja. Sabei exercer sempre a autoridade acompanhando, compreendendo, ajudando e amando; abraçando todos e todas, especialmente as pessoas que se sentem sozinhas, excluídas, áridas, as periferias existenciais do coração humano. Conservemos o olhar fixo na Cruz: ali está toda a 11


autoridade da Igreja, onde Aquele que é o Senhor se faz servo até ao dom total de si. Enfim, a eclesialidade como uma das dimensões constitutivas da vida consagrada, dimensão que deve ser constantemente retomada e aprofundada. A vossa vocação é um carisma fundamental para o caminho da Igreja, e não é possível que uma consagrada e um consagrado não «sintam» com a Igreja. Um «sentir» com a Igreja, que nos gerou no Baptismo; um «sentir» com a Igreja que encontra uma sua expressão filial na fidelidade ao Magistério, na comunhão com os Pastores e com o Sucessor de Pedro, Bispo de Roma, sinal visível da unidade. O anúncio e o testemunho do Evangelho, para cada cristão, nunca são um acto isolado. Isto é importante, o anúncio e o testemunho do Evangelho para cada cristão nunca são um acto isolado ou de grupo, e nenhum evangelizador age, como recorda muito bem Paulo VI, «sob uma inspiração pessoal, mas em união com a missão da Igreja e em nome dela» (cf. Exort. ap. Evangelii nuntiandi, 80). E continuava Paulo vi: é uma dicotomia absurda pensar em viver com Jesus e sem a Igreja, em seguir Jesus fora da Igreja, em amar Jesus sem amar a Igreja (cf. ibid., 16). Senti vós a responsabilidade que tendes de cuidar da formação dos vossos Institutos na doutrina sadia da Igreja, no amor à Igreja e no espírito eclesial. Enfim, centralidade de Cristo e do seu Evangelho, autoridade como serviço de amor, «sentir» em e com a Mãe Igreja: três indicações que desejo deixar-vos, às quais uno mais uma vez 12


a minha gratidão pela vossa obra nem sempre fácil. O que seria a Igreja sem vós? Faltar-lhe-iam maternidade, afeto e ternura, intuição de mãe! Queridas irmãs, estai certas de que vos acompanho com afeto. Rezo por vós, mas rezai também vós por mim. Saudai as vossas comunidades em meu nome, sobretudo as irmãs doentes e as jovens. A todas chegue o meu encorajamento a seguir a parresia e com alegria o Evangelho de Cristo. Sede alegres, porque é bonito seguir Cristo, tornar-se ícone vivo de Nossa Senhora e da nossa Santa Mãe Igreja hierárquica. Obrigado!

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SOLTEIRONAS OU IRMÃS? HUGO CÁCERES, Congregación de los Hermanos Cristianos, hcaceresguinet@gmail.com ROMA – ITALIA A mensagem dirigida pelo Papa Francisco a União de Superioras Maiores em sua reunião em Roma suscitou um notável interesse nos meios de comunicação devido a uma afirmação que se converteu rápidamente em título de muitas noticias: “Sejam mães, não sejam solteironas!”. Desafortunadamente, os jornalistas não captaram que a afirmação do Papa tem seu contexto em um discurso muito carinhoso e de apreço a vida religiosa feminina. Na língua espanhola esse adjetivo pode ter varios significados (…). Vou assinalar dez diferenças entre o que entendo por solteirona e minha percepção da vida religiosa contemporânea autêntica: 1. A solteirona está enojada da vida. Determinada pela sociedade a encontrar realização somente na vida matrimonial, segue pela vida censurando e condenando. A mulher consagrada aceita a realidade da vida como é, é crítica dos valores mas desfruta da vida e trabalha para o Reino. 2. A solteirona não aceita as mudanças porque prefere um mundo pequeno conhecido e seguro. A religiosa promove as 14


mudanças necessárias, aceita as novidades que trazem tempos novos e está pronta para pagar o preço de sair das certezas de ontem. 3. A solteirona nasce de uma frustração; a vocação religiosa nasce de um encontro com a pessoa de Jesus que arrasa com qualquer outro projeto. 4. O círculo de relações da solteirona é muito estreito. As religiosas se desenvolvem em redes amplas de potencial espiritual, projetos de transformação, grupos heterogéneos sem limites fixos. 5. As solteironas são fonte de informação de assuntos do pasado (receitas das avós; pontos para bordar; como era a Igreja quando eran lotadas de fiéis). A religiosa contemporânea olha para o futuro, tem visão para sonhar com os ajustes que exige a história, são fonte de informação sobre os sonhos do Reino. 6. As solteironas cuidam do gato, de jarras de plantas ou no melhor dos casos, de um sobrinho. As religiosas estão chamadas a cuidar da criação, a tomar a sério a defesa da vida e residem estrategicamente onde a vida padece diminuição. 7. As solteironas podem converter-se em bruxas, seres negativos que tramam fazer o mal para o mundo que as irrita cada vez mais. As religiosas podem converter-se em místicas, profetisas e líderes, acolhem o mundo inteiro com coração aberto e generoso. 15


8. A religiosidade das solteironas se apoia em suas imagens controláveis com orações escritas por outros e rituais estabelecidos. A espiritualidade das religiosas deve ser individual com abertura ao cósmico, um Deus sempre por descobrir. 9. As solteironas são escravas domesticadas da vida parroquial, escudeiras dos cavaleiros eclesiásticos dispostas a sacrificar-se nos flancos posteriores de sua guerra contra o mundo. As religiosas são chamadas a um protagonismo próprio a imagem de Santas como Teresa, Catarina ou Edith; não necessitam de varões que lhes inspire ou fortaleçam. Conhecem o limite de suas forças mas não se submetem ao servilhismo eclesial. 10. As solteironas andam nas pegadas de uma vida sexual frustrada (a histeria, as manias, a autosatisfação). As religiosas fizeram as pazes com sua energía sexual e vivem vidas gratificantes e satisfeitas em uma vida espiritual rica e um apostolado fecundo.

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O SÍMBOLO DA FÉ Por Frei Alberto Beckhäuser, OFM

Em outra oportunidade refletimos sobre o “Mistério da Fé” celebrado e vivido na Liturgia em geral e particularmente na Eucaristia. Neste ano da fé convém que nos debrucemos também sobre o “Símbolo da fé”, também chamado “Símbolo dos Apóstolos”, o “Creio em Deus”, o Creio em Deus Pai, Creio em Deus Filho e Creio em Deus Espírito Santo. O “creio” vale para as três Pessoas da Santíssima Trindade. 1. Várias expressões da fé Desde os tempos apostólicos temos várias expressões ou enunciados da fé cristã. Primeiramente a de São Paulo na Primeira Carta aos Coríntios: Trago-vos à memória, irmãos, o evangelho que vos tenho anunciado, que recebestes e no qual estais firmes. Por ele sereis salvos, se o conservardes como eu vo-lo anunciei. De outra forma, em vão teríeis abraçado a fé. Eu vos transmiti, em primeiro lugar, o que eu mesmo recebi: que Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras; que foi sepultado; 17


que ressuscitou ao terceiro dia, segundo as escrituras; que apareceu a Cefas e depois aos Doze (1Cor 15,1-5). O Credo responde também ao que São Paulo escreve na Carta aos Efésios: Assim já não sois estrangeiros e hóspedes, mas concidadãos dos santos e membros da família de Deus, edificados sobre o fundamento dos apóstolos e profetas, tendo por pedra principal o próprio Cristo Jesus. É nele que todo edifício, harmonicamente disposto, se une e cresce até formar um templo santo no Senhor; nele vós também sois integrados na construção para vos tornardes morada de Deus no Espírito (Ef 2,19-22). Temos uma primeira Regra da fé que era professada na celebração do batismo de adultos e hoje usada no batismo de crianças. A profissão era feita no próprio ato do batismo através das perguntas: Crês em Deus Pai ? Crês em Jesus Cristo? Crês no Espírito Santo? Depois temos o “Credo” dos Apóstolos ou Símbolo apostólico, proveniente de um Símbolo batismal da Igreja de Roma que foi ampliado pelos concílios de Niceia e de Constantinopla. Por tradição era atribuído aos apóstolos. O Símbolo niceno-constantinopolitano, em geral, chamado Credo, surgiu em ambiente polêmico, resultado da reflexão teológica em defesa da fé cristológica e trinitária, fixada nos 18


concílios de Niceia e de Constantinopla. Em Roma, só foi aceito na Missa no ano de 1014. Finalmente, temos o chamado Símbolo atanasiano, atribuído a Santo Atanásio, de origem bem posterior, provavelmente no sul da França. Até a reforma atual da Liturgia era usado na Festa da Santíssima Trindade. Hoje, já não é mais usado na Liturgia. 2. O Símbolo Apostólico Queremos deter-nos no Símbolo apostólico ou no Creio em Deus. Ele surgiu pelo século III em ambiente batismal nos ritos das entregas durante o catecumenato. É chamado símbolo por ser um enunciado dos artigos de fé nas Igrejas cristãs. Símbolo porque contém, revela, evoca e representa a fé cristã. Constitui a Regra da fé para uso da comunidade. No Brasil, o Símbolo apostólico é aprovado também para ser professado na Missa. Convém notar que no Ocidente o Credo só foi introduzido na Missa depois que se perdeu o sentido da profissão de fé trinitária na Oração eucarística e o cânon da Missa era dito em silêncio. Portanto, a Oração eucarística também é lugar de professar sempre de novo a fé cristológica e trinitária cristãs. O Creio em Deus permaneceu na Liturgia batismal. Muito cedo, porém, passou para a devoção individual ou familiar, bem como para as devoções populares como o Santo 19


Rosário. Começou a fazer parte, por exemplo, da Oração da manhã ou Oração da noite individual e familiar. Na Liturgia tudo era latim. Na piedade popular fizeram-se as traduções. Por isso, podemos dizer que o Símbolo dos Apóstolos foi o grande veículo da transmissão da fé através das gerações. Onde aprendemos a professar a nossa fé? Certamente guiados por nossos pais e, sobretudo, por nossas mães. A fé é transmitida de geração em geração. Ela é transmitida no batismo, ela nasce no batismo da água e do Espírito Santo. Trata-se de uma das virtudes teologais. Mas, é alimentada desde a infância e desabrocha na iniciação e na prática da vida eucarística. A fé constitui um dom de Deus, que dá sentido à nossa existência e ao qual somos chamados a corresponder. 3. Uma profissão de fé trinitária e cristológica Valeu a pena ter lido recentemente um livro do nosso confrade espanhol Frei Francisco Martínez Fresneda, OFM, membro da Equipe de Liturgia da Ordem, intitulado El Credo Apostólico: Por Cristo, con Cristo y en Cristo, San Pablo, Madrid 2011. Trata-se de uma abordagem do Credo em chave cristológica e bíblica. Mostra o nosso confrade como o “Credo” dos Apóstolos provém de um Símbolo batismal da Igreja de Roma, que foi ampliado pelos concílios de Niceia e de Constantinopla. Está 20


dividido em doze artigos que a tradição atribui aos Doze Apóstolos. Sem dúvida, a lógica interna do Símbolo constituída pela profissão de fé na Trindade, segundo as últimas palavras que Jesus dirige a seus discípulos antes de subir para a glória do Pai: “Ide, pois, fazei discípulos meus todos os povos, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a observar tudo quanto vos mandei” (Mt 28,19), e que na História da Salvação, constituem o centro da criação, da redenção e da salvação. Não obstante a clara divisão do “Credo” segundo as três Pessoas da Trindade, o Autor o enfoca de uma maneira cristológica, visto que a revelação cristã e, portanto, o “Credo”, parte da história e da doutrina de Jesus. E aqui temos o novo, o original da abordagem do “Creio”. Trata-se de uma abordagem toda ela bíblica e cristológica. Apresentase um tratado bíblico sobre a Santíssima Trindade ou se quisermos, um tratado de Cristologia todo baseado na Sagrada Escritura. Para cada artigo de fé abordado ele oferece o contexto escriturístico e dogmático correspondente tratando, em seguida, de sua atualidade na experiência de fé. O Autor expõe a matéria em quatro capítulos: No Capítulo I, chamado Creio em…, o autor mostra em que consiste a fé, a dimensão subjetiva da fé que inclui a confiança, a fidelidade, a obediência; a fé de Abrão; Maria, exemplo de mulher de fé; a fé de e em Jesus. Passa, em 21


seguida, a tratar da dimensão objetiva da fé e a confissão de fé. O Capítulo II se intitula: Creio em Deus Pai. O autor trata das religiões vizinhas de Israel, o Deus de Israel, ou seja, o Deus da Aliança, o Deus como Pai de Israel e o Deus de Israel como centro da vida e da fé de Jesus. Passa a tratar de Deus Pai em Jesus: Deus distinto da Criação como o Criador, o Providente e Salvador; o Pai de Jesus, Doador de bens e obediência, Oração de júbilo e tentação no Getsêmani; Deus Pai é Abba; o Pai é bondade e amor; Todo-poderoso, Criador do céu e da terra, onde trata dos dados atuais da ciência e da Criação em Cristo Jesus. O Capítulo III é central: Creio em Deus Filho. Os principais temas tratados: Jesus, Cristo, o Messias nos tempos de Jesus, o Messias nos Evangelhos, Jesus Cristo em São Paulo. Depois, citando apenas os tópicos principais: Único Filho, nosso Senhor; Concebido por obra e graça do Espírito Santo, nasceu da Maria Virgem; a Vida de Jesus; Padeceu sob o poder de Pôncio Pilatos; Foi crucificado, morto e sepultado; Desceu aos infernos; ao terceiro dia ressuscitou dos mortos; Subiu aos céus e está sentado à direita do Pai; Donde há de vir para julgar os vivos e os mortos. O Capítulo IV tem como título: Creio em Deus Espírito Santo, com os seguintes subtítulos: Creio no Espírito Santo; a santa Igreja Católica; a Comunhão dos Santos; o perdão dos pecados; a ressurreição dos mortos e a vida eterna. 22


Em 391 páginas o autor procurou expor, de uma forma simples e clara a relação criadora, salvadora e santificadora que Deus estabeleceu com o homem na história concreta de Jesus de Nazaré. E conclui o autor: “Jesus, que confessamos como a encarnação do Verbo eterno de Deus, é o veículo de acesso ao Pai e quem nos dá seu Espírito, que é o mesmo Espírito do Pai. E se é Jesus quem nos oferece uma visão nova de Deus e nova do Espírito, também, com sua vida e doutrina, nos dá um novo sentido que nos conduz à plenitude de ser, à felicidade temporal e eterna. Assim acreditou sempre a comunidade cristã: ‘Eu sou o caminho, a verdade e a vida’ (Jo 14,6)”. “Em conclusão, diz o autor, o Credo cristão é o relato de uma relação de amor, de um diálogo cordial de Deus conosco e de nós com Ele para viver de uma forma nova. Por isso, ao falar de Deus Pai, Filho e Espírito no Credo, descrevemos qual deve ser nosso sentido de vida e quais são as propostas divinas para alcançar nossa felicidade”. O evangelista Marcos nos conta que o pai do menino 23


epiléptico endemoniado prostrou-se aos pés de Jesus e exclamou: “Eu creio, mas ajuda a minha falta de fé” (Mc 9,24). Penso que nos cabe fazer o mesmo. A oração diária do Creio em Deus poderá constituir um grande meio para este permanente mergulho em Deus. http://www.franciscanos.org.br

SANTO DA PAZ E DA CARIDADE 24


Ave Maria Puríssima! Em 11 de maio, ás 08h00, comemoramos com missa solene seis anos da canonização de nosso querido Frei Galvão no campo de Marte pelo Papa emérito Bento XVI em 2007. A celebração foi presidida pelo nosso capelão Pe. José Arnaldo Juliano e tendo como acólitos os Irmãos da Fraternidade O Caminho. A celebração e animação litúrgica foram preparadas por nós. Recordamos com alegria que as nossas irmãs de vários mosteiros puderam vir para conosco prestigiar este tão esperado dia da visita do santo Padre e da canonização do primeiro Santo brasileiro. A tarde foi celebrada mais uma missa, presidida pelo Pe. Armênio e irradiada pela Rádio Católica Nove de Julho, da Arquidiocese de S.Paulo. Nessa ocasião foi narrado um milagre de gravidez arriscada de Sra.Miriam que deu à luz o pequeno Davi. Ela veio com o seu filho 25


vestido de freizinho e também com seu esposo diretamente de Alagoas, para agradecer a maravilha que Deus fez em suas vidas através de Santo Antônio de Santana Galvão. No dia seguinte celebramos solenemente o dia das Mães, presidida pelo nosso capelão e animada por nós e a participação da nossa professora de música Teresa. Homenageamos a nossa Mãe do Céu através de todas as mamães presentes, assim também com a presença de algumas mães de nossas irmãs. Teve a bênção das rosas que foram entregues junto com um cartão. Já em nosso refeitório homenageamos também a nossa mãe espiritual, a nossa Madre Aparecida, com canto, flor e um cartãozinho singelo. E ainda pela manhã visitamos as nossas irmãs falecidas enfeitando os nosso

seus túmulos no cemitério. Dia 16 de maio recebemos a visita do Frei Estevão e os frades artistas que estavam reunidos e acompanhados pelo nosso capelão Pe. José Arnaldo, para visitar a urna com as relíquias de Frei

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Galvão.

1. Frei José Luis Prim e nosso Capelão Pe. Arnaldo 2. Frades e Artistas 3. Urna contendo as relíquias de Frei Galvão

PENTECOSTES A nossa casa foi um Cenáculo com quatro missas solenes. Uma no sábado a tarde nas Vésperas e no domingo duas pela manhã e uma à tarde. Foram preparadas com muito carinho por nós, lembrancinhas com dons do Espírito Santo e entregues a todo o povo. Cada um com sua oração meditativa. Neste mesmo dia com alegria recebemos a aspirante Luzia. Oferecemos essa nossa humilde partilha em 27


homenagem a nossa Mãe Imaculada a Tota Pulcra. Irmãs do Mosteiro da Imaculada Conceição da Luz

Aconteceu... Recebemos dia 23 de Maio a visita do nosso Cardeal Arcebispo Dom Odilo Pedro Scherer. Celebrou a missa conventual ás 07: 00 e depois entrou para tomar café em nosso refeitório numa alegre conversa.

Recebemos também a visita dos jovens Nicolas e Hector. Leigos da Associação de Nossa Senhora de Fátima do TFP, fundado por Dr.Plínio Correa, que em vida, ele e sua família sempre vinham ao nosso Mosteiro da Luz; Nicolas e Hector vivem em comunidade de dez senhores em Lima, Peru. Eles vieram trazer saudações de nossas irmãs que lá residem e conhecer mais sobre Frei Galvão e nossa espiritualidade e história Concepcionista. E saíram com o legado de anunciar Frei Galvão e suas pílulas em seu País.

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Aconteceu em 25 de maio, às 14h:00 um concerto do programa “TARDES MUSICAIS” na capela de nosso Mosteiro. Foi promovido pelo Museu de Arte Sacra de S.Paulo em parceria com a Secretaria da Cultura; uma apresentação dirigida pelo Maestro Hermes Coelho, os corais CESP e EXSULTATE.

Em 2 de Junho de Junho ás 14h:00 tivemos a Apresentação do Quarteto Tererê .Grupo popular dedicado a música.

Solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue de Jesus Cristo Dom Odilo Pedro Scherer em sua homilia na Santa Missa de Corpus Christi em frente da Catedral da Sé disse: ...¨Religiosos e Religiosas deveis dar mais valor à Eucaristia em vossas Capelas. A Eucaristia é este Mistério onde Jesus nos atrai a si. A Eucaristia é Jesus no meio de nós. Ela contém todo o Bem da Igreja e este Bem 29


é Jesus Cristo. No Ano da Fé queremos dizer: “Nós cremos Senhor”... Para superar os males devemos nos unir e sermos Promotores da Paz e da Dignidade. Levemos muito a sério este Tesouro, a Eucaristia. Jesus “o Pão do Céu”.

Cidinha Fernandes e Altieris Barbiero Todas tardes de Sábado, a Rádio Nove de Julho, 1.600 AM, da Arquidiocese de São Paulo, transmite aqui do nosso Mosteiro da Luz; Missa ás 16h:00 com os padres da programação. Anunciando o primeiro e querido Santo Brasileiro nosso Santo Antônio de Santana Galvão. Monjas da Imaculada Conceição da Luz

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Caminhando com Maria (XXV) A intercessão de Maria “Eles não tem mais vinho”. Quando aspiramos somente as “coisas do alto”, despojando-nos de tudo o que é terreno, a comunhão com não nos aliena do restante do mundo. Pelo contrario, se buscamos a Deus com sinceridade e de fato fazemos a “experiencia do encontro”, conseqüentemente ele nos envia em missão. Chama-nos a um compromisso com o próximo, pois o amor a Deus se traduz na caridade fraterna. São João afirma esta verdade ao dizer: “se alguém disser que ama a Deus, mas odeia o seu irmão, é mentiroso. Porque aquele que não ama seu irmão, a quem vê, é incapaz de amar a Deus a quem não vê”. Portanto, o amor não se traduz em palavras, ele não é teoria, mas se expressa em obras, na solicitude para com o próximo. Se os “nossos olhos estão fixos no Senhor”, temos o coração no céu e os pés no chão, atentos a realidade que nos cerca. Tornamosnos pessoas sensíveis, voltadas para as necessidades do outro. Isto vemos claramente expresso na solicitude de Maria em Caná, ao perceber que o “vinho havia acabado”. Ela não fez comentários, agiu de forma silenciosa e discreta, dirigindo-se apenas Àquele que poderia resolver a Situação: “eles não tem mais vinho”. Não foi apenas um comunicado, suas palavras se fazem oração. Um pedido suplicante ao Filho amado a quem sabia ser o próprio Deus. A confiança de Maria é tão grande que não se abala diante da resposta de Jesus “a minha hora ainda não chegou”. Mas o pedido da mãe toca profundamente o coração do Filho e, por ela é capaz de antecipar a sua hora. Nesta cena contemplamos explicita o poder da oração feita com simplicidade, confiança e abandono. Maria é objetiva, não faz discursos, nem multiplica palavras, ela não procura convencer o Filho da grande necessidade do momento. Apenas expõe o fato e 31


deixa nas mãos de Deus. Neste sentido, também temos muito a aprender de Maria. Ela nos ensina que a eficácia da oração não está nas muitas palavras, mas na sintonia do coração com o coração de Deus. Maria vive esta profunda sintonia com Jesus, por isso o seu pedido o toca e Ele responde com amor atendendo a sua súplica. “solicita aos apelos do Senhor e as necessidades da humanidade, a Irmã Concepcionista, vivendo só para Deus, leva em seu coração todos os homens, e feita suplica permanente, apresenta ao Pai as alegrias e as esperanças, tristezas e angustias, auxiliando-os a cumprir sem desfalecimento os deveres de seu próprio estado”. Virtude Basilar: solicitude Ir. Maria Imaculada de Jesus Eucarístico, OIC

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MARIA E A CONTEMPLAÇÃO Fr. Otávio Shneider, O.F.M. (in memória) Houve uma criatura em que Deus quis cumular todos os tesouros de suas graças, merecendo ela por isso ser saudada pelo Anjo como cheia de graças. Todos os redimidos têm motivo de olhar para este modelo a fim de aprender como a criatura humana deve servir e amar o seu Criador. Grandes e pequenos, sábios e iletrados encontrarão sempre algo a imitar. Principalmente as pessoas consagradas terão em Maria o ideal de sua vocação. Ela pode ser chamada até a primeira e mais perfeita Religiosa. Assim não existirá alma contemplativa que não se sinta fascinada com a vida interior de Maria. A Irmã Elisabeth da SSma. Trindade, por exemplo, não se cansava de admirar a Virgem da Anunciação, que se tornara Tabernáculo vivo, vivendo no seu íntimo, sublime união com Deus sem ninguém suspeitar desta maravilha. Tudo era segredo, silêncio, abandono. Aprofundemos um pouco a pergunta: Como pode Maria servir de exemplo à alma contemplativa? Em nossa resposta veremos primeiro como alguém se pode preparar à graça da contemplação infusa e em seguida diremos algo sobre o modo de cultivar este dom inestimável, orientando-nos sempre pela vida de Maria. Inicialmente lembramos ter aqui em vista a oração contemplativa infusa. Esta graça, de per si, é acessível não apenas aos Religiosos, mas também a todas as almas devidamente preparadas. Falando, pois, desta graça da oração contemplativa, todos os mestres da vida espiritual consideram-na como dom precioso e gratuito. Sendo chamada também oração passiva querem indicar com isso que a alma por si não pode dispor desta graça. É-Ihe dada quando e como Deus quer. A parte pessoal da 33


alma estará em preparar-se e em colaborar com a graça. Para ajudar nesta tarefa nada fácil é que escreveram São João da Cruz, Santa Teresa de Ávila e outros sobre este assunto. Parecem dizer-nos: "Se conhecêsseis o dom de Deus!" (cf. Jo 4,10). É aí então que surge o luminoso exemplo de Maria, a Virgem fidelíssima. Como tinha Ela a alma aberta para Deus e para a graça! Eis o primeiro e mais importante requisito para a contemplação. Pois este gênero de oração é fruto do dom da Sabedoria. E os dons do Espírito Santo só costumam desabrochar após o longo tirocínio na prática das virtudes básicas de todos os dias. A vida espiritual não pode ser construída sobre ilusões. Requer-se fidelidade constante às inspirações da graça. Quem duvidará da exemplar atitude de Nossa Senhora neste particular? Foi esta fidelidade que a levou em tenra idade ainda no Templo, conforme a tradição. Foi o impulso de Deus que lhe deu coragem a fazer renúncia ao desejo de ser mãe do futuro Messias, pelo voto de virgindade. A vontade de Deus foi sua norma em tudo. E assim a encontra o Anjo preparada para anunciar-Lhe a mais inesperada das graças: a Maternidade divina. Por ser tão escrava da vontade divina Ela atraíra o beneplácito do céu. As virtudes simples e profundas de Maria, seu gênero de vida obscura e despretensiosa, sua fidelidade indefectível aos deveres cotidianos, exercem forte e irresistível atração sobre as almas contemplativas. Vimos que a contemplação não é dada em geral senão às almas devidamente preparadas. Tampouco poderá alguém manter-se ou progredir na mesma sem novos esforços e sacrifícios. O ideal a que se aspira aqui é poder dizer com S. Paulo: "Vivo, porém, já não eu, mas Cristo vive em Mim" (Gál 2,20). Morrer para si e viver para Cristo é tarefa árdua e constitui o ideal mais alto do cristianismo. Novamente encontramos em Maria orientação e auxílio. "Faça-se em mim a tua vontade" (cf. Lc 1,38), - nada mais nada menos, - é a sua resposta. Assim o foi em Belém, na fuga para o Egito, na vida monótona em N azare e ao pé da cruz. Não foi Ela 34


que escolheu tais caminhos, nem foi por capricho que optou por esse ou aquele gênero de vida. A vontade do Pai foi sua norma, a ela se abandonara inteiramente. É o que convém lembrar aos contemplativos de todos os graus, principalmente aos mais adiantados. Procurarão cumprir à risca a vontade do Pai. As cruzes ou os consolos, a oração ou o trabalho não são finalidades em si, são expressões da vontade do alto. Não há alma verdadeiramente contemplativa que escape ao martírio do despojamento de si mesma. Terá então na Virgem Dolorosa ainda um exemplo de apoio nas trevas e nas noites. Deixará Deus trabalhar em sua alma até o pleno triunfo da graça trans-formadora. O conselho que se deve dar a alguém que já experimentou as primeiras graças da contemplação é de não desanimar e de não ter receio diante das cruzes que se levantam em seu caminho. Conforme o testemunho dos autores competentes, como São João da Cruz, o perigo está em não passar adiante ao surgir certo impasse por ocasião das provações. A alma estará tentada de voltar aos seus próprios gostos e apetites. É relativamente pequeno o número dos que se submetem plenamente à ação purificadora e transformadora da graça. Possa o exemplo da Virgem Dolorosa, fiel ao pé da cruz, inspirar coragem e ânimo às almas que se acharem imersas nas desconcertantes noites do espírito. Saibam aguardar confiantes o raiar luminoso do Dia da Ressurreição que já está perto. Seria necessário escrever um compêndio inteiro para demonstrar a grandeza e a sublimidade do ideal contemplativo. 35


Tais tratados, aliás belos e bem teológicos, existem. O que importa é abrir nossos corações às misteriosas infiltrações da graça, sabendo que o cristianismo autêntico é questão de vida e de morte. Morrerá nosso eu velho, surgirá uma "nova criatura", configurada a Cristo. O mal de muitos cristãos é de terem idéia aérea e superficial deste processo evolutivo e de subtraírem-se à graça nos momentos decisivos. Querem conseguir a mesma meta seguindo seus planos, seus caminhos, suas teorias. Contudo há um só caminho, aquele apontado por Cristo e seguido tão fielmente por Maria. Acompanhemo-la agora de perto e estaremos também a seu lado na hora do triunfo e da vitória.

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CONGREGAÇÃO PARA O CULTO DIVINO E A DISCIPLINA DOS SACRAMENTOS DECRETO com o qual se acrescenta o nome de São José nas Orações Eucarísticas II, III e IV do Missal Romano Pelo seu lugar singular na economia da salvação como pai de Jesus, São José de Nazaré, colocado à frente da Família do Senhor, contribuiu generosamente à missão recebida na graça e, aderindo plenamente ao início dos mistérios da salvação humana, tornou-se modelo exemplar de generosa humildade, que os cristãos têm em grande estima, testemunhando aquela virtude comum, humana e simples, sempre necessária para que os homens sejam bons e fiéis seguidores de Cristo. Deste modo, este Justo, que amorosamente cuidou da Mãe de Deus e se dedicou com alegre empenho na educação de Jesus Cristo, tornou-se guarda dos preciosos tesouros de Deus Pai e foi incansavelmente venerado através dos séculos pelo povo de Deus como protector do corpo místico que é a Igreja. Na Igreja Católica os fiéis, de modo ininterrupto, manifestarem sempre uma especial devoção a São José honrando solenemente a memória do castíssimo Esposo da Mãe de Deus como Patrono celeste de toda a Igreja; de tal modo que o Beato João XXIII, durante o Concílio Ecuménico Vaticano II, decretou que no antiquíssimo Cânone Romano fosse acrescentado o seu nome. O Sumo Pontífice Bento XVI acolheu e quis aprovar tal iniciativa manifestando-o várias vezes, e que agora o Sumo Pontífice Francisco confirmou, considerando a plena comunhão dos Santos que, tendo sido peregrinos conosco neste mundo, nos conduzem a Cristo e nos unem a Ele. 37


Considerando o exposto, esta Congregação para o Culto Divino e Disciplina dos Sacramentos, em virtude das faculdades concedidas pelo Sumo Pontífice Francisco, de bom grado decreta que o nome de São José, esposo da Bem-aventurada Virgem Maria, seja, a partir de agora, acrescentado na Oração Eucarística II, III e IV da terceira edição típica do Missal Romano. O mesmo deve ser colocado depois do nome da Bem-aventurada Virgem Maria como se segue: na Oração Eucarística II: "ut cum beata Dei Genetrice Virgine Maria, beato Ioseph, eius Sponso, beatis Apostolis", na Oração Eucarística III: "cum beatissima Virgine, Dei Genetrice, Maria, cum beato Ioseph, eius Sponso, cum beatis Apostolis"; na Oração Eucarística IV: "cum beata Virgine, Dei Genetrice, Maria, cum beato Ioseph, eius Sponso, cum Apostolis". Para os textos redigidos em língua latina utilizam-se as fórmulas agora apresentadas como típicas. Esta Congregação ocupar-se-á em prover à tradução nas línguas ocidentais mais difundidas; para as outras línguas a tradução deverá ser preparada, segundo as normas do Direito, pelas respectivas Conferências Episcopais e confirmadas pela Sé Apostólica através deste Dicastério. Nada obste em contrário. Sede da Congregação para o Culto Divino e Disciplina dos Sacramentos, 1 de Maio de 2013, São José Operário Antonio Card. Cañizares Llovera Prefeito + Arthur Roche Arcebispo Secretário

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BODAS DE OURO No dia 01 de maio tivemos a alegria de celebrar solenemente as Bodas de Ouro de Profissão Religiosa das nossas Irmãs Maria Auxiliadora (Macaúbas) e Maria Teresinha da Santa Face (Salvador). A Solene Celebração teve lugar no Mosteiro de Macaúbas, sob a presidência do Arcebispo Arquidiocesano D. Walmor Oliveira de Azevedo tendo como concelebrantes Frei Estêvão, Pe. Raimundo (Capelão) e outros padres amigos. Estiveram presentes muitos familiares e amigos de nossas irmãs e na verdade, foi uma FESTA! Abrilhantada pelo corais que conduziram os cantos. Na homilia, entre outras coisas, D.Walmor agradeceu em nome da Igreja e da OIC todos esses anos de serviço e fidelidade ao Senhor. Certamente não poderíamos deixar de dar graças por tantos anos de doação e entrega ao Senhor no seio da Ordem da Imaculada Conceição. Ir. Maria Teresinha quis celebrar em Macaúbas porque, além de companheira de caminhada da Ir. Maria Auxiliadora, facilitaria a presença de maior número de familiares e pessoas que fazem parte de sua história. Irmãs e Abadessas de outros Mosteiros do Brasil se fizeram presentes como também a Presidente da nossa Federação Madre Maria Auxiliadora. 39


Sim, rendemos graças ao Senhor! Gratas e muito gratas pelas nossas Irmãs, pelo seu sim fiel e generoso no cotidiano simples de suas vidas mas que é fonte de vida e de copiosas bênçãos para muitos. Sim, obrigada Ir. Maria Auxiliadora: na singeleza de seu sorriso, na transparência de seu olhar e no exemplo edificante de sua totalidade na entrega, descobrimos como vale a pena ser de Deus, como é bom ser de Deus!! Sim, obrigada Ir. Maria Teresinha: seu afã contínuo de querer ajudar, de colaborar no que puder, sua presença silenciosa mas muito eficiente, nos diz que podemos fazer muito dentro das nossas possibilidades e da simplicidade da nossa vida. Como é bom servir a Deus!! No dia 12 de maio celebramos também a Ir. Maria Teresinha na Comunidade de Salvador, sua Comunidade. Em proporções menores foi nossa festa mas não menor em gratidão e alegria pela sua presença entre nós e conosco. Deus lhes conceda muitos anos ainda para cantarmos as maravilhas desse Deus-Amor que nos chamou para Si e somente para Si.

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“completai em mim a obra começada”

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“que vossa mão senhor me guie até o fim” 42


“Ó senhor, vossa bondade é para sempre”

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Queremos deixar aqui também nossos sentimentos e comunhão com a Comunidade do Mosteiro de Sorocaba, pelo falecimento de nossa Irmã Maria Clara de Cristo Rei. Que no céu, já recebida a recompensa dos justos, ela continue a interceder por todas nós! Descanse em paz!

Eu me consumi de zelo pela honra de minha Mãe Imaculada! 44


Tamujunto! 45


ATENÇÃO! Não deixe de enviar sua contribuição para o Boletim! Envie para: Ir. Magnólia de Maria, OIC Mosteiro de Nossa Senhora da Conceição Rua Campinas de Brotas, 737 – Brotas 40275-160 Salvador/BA E-mail: magui.oic@hotmail.com Participe do Boletim! Esse espaço pertence a você!

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