SOMENTE OS CORAJOSOS TRIUNFAM

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As pessoas procuram o sucesso – não há nada de errado com isto. O problema de hoje é que, muitas vezes, o fim justifica os meios.

Excelente

leitura

para jovens

Contudo, a história mostra que o sucesso verdadeiro é alcançado através de determinação, perseverança e coragem e não por meio de atalhos. A geração mais jovem precisa de saber que a vitória é dos corajosos – aqueles que se atrevem a dizer não à corrupção, não à mediocridade, não à preguiça e mentiras, um não enfático à cultura auto-indulgente que tantos jovens admiram. O autor propõe uma nova perspectiva dos valores do passado ao apresentar vislumbres das vidas de dez heróis e heroínas da nossa era. Estas pessoas corajosas incluem líderes íntegros e resolutos, tais como Mahatma Gandhi e Aung San Suu Kyi; e atletas bem–sucedidas como Wilma Rudolph e Natalie du Toit, as quais venceram os desafios da doença e incapacidade mediante pura determinação e coragem. A leitura deste livro é indispensável aos jovens, pais, e professores.

ISBN 978-1-920579-43-2

Casa Publicadora Angolana

9 781920 579432




SOMENTE OS CORAJOSOS TRIUNFAM

MIGUEL ÁNGEL NÚÑEZ

Casa Publicadora Angolana


SOMENTE OS CORAJOSOS TRIUNFAM Miguel Ángel Núñez Título da edição original: Sólo los Valientes Triunfan Copyright © Miguel Ángel Núñez, 2008 Edição em Inglês: Only the Brave Triumph Copyright © Africa Publishing Company, 2010 Primeira Edição em Inglês – Setembro de 2010 Africa Publishing Company PO Box 111 Somerset Mall 7137, Western Cape, South Africa Tel: +27 (0)21 8527656 Fax: +27 (0)86 5022980 Email: info@africacopublishing.com Distribuição Exclusiva em Angola pela Casa Publicadora Angolana Teixeira da Silva, Cidade Alta, Huambo, Angola +24424120417 TODOS OS DIREITOS RESERVADOS Este livro, ou qualquer parte do mesmo, não poderá ser reproduzido de maneira alguma, nem armazenado em sistema de recuperação, nem transmitido de qualquer forma ou meio – eletronicamente, mecanicamente, por meio de fotocópia, gravação, ou qualquer outra maneira – sem autorização prévia escrita do editor. A menos que especificado, todas as referências bíblicas serão da Bíblia Sagrada, NOVA VERSÃO INTERNACIONAL. Copyright © 1973, 1978, 1984 by Biblica, Inc. Todos os direitos reservados mundialmente. Usado com permissão. ISBN: 978-1-920579-43-2 Publisher: Marcos Cruz Editor Assistente: Jeremi Sterley Editor: Cindy Hurlow Tradução: Leila Neves Diagramação e design: Shawn Lochner, Design Guru, Edwin De la Cruz Publicado na África do Sul


“As grandes obras são realizadas não pela força, mas pela perseverança” Samuel Johnson

“Nenhuma estrada é demasiado longa para o homem que avança deliberadamente e sem pressa desmedida; e nenhuma honra está demasiado distante do homem que para ela se prepara com paciência” Jean de la Bruyère

“Não existe árvore que o vento não tenha abanado” Provérbio Hindu

“No domínio das ideias tudo depende do entusiasmo… no mundo real tudo depende da perseverança” Goethe

“Génio é a perseverança disfarçada”

Mike Newlin

“Nunca poderíamos aprender a sermos corajosos e pacientes se no mundo existisse apenas felicidade” Helen Keller



Índice Introdução................................................................................ 11 1. A importância de estabelecer objectivos..................... 15 2. Vez após vez....................................................................... 23 3. A coragem para tentar.................................................... 33 4. A luta pela justiça.............................................................. 41 5. Nada detém a pessoa com força de vontade............ 51 6. Valores que perduram...................................................... 59 7. Sucesso verdadeiro........................................................... 67 8. Os sonhos não distinguem entre a raça e o género.... 75 9. O poder da convicção.................................................... 85 10. O plano de Deus para si................................................... 95 Conclusão.............................................................................. 105 Actividades adicionais de aprendizagem......................... 109



Q

Introdução

uando foi a última vez que parou para contemplar o céu numa noite estrelada e sentiu que cada estrela estava a convidá-lo a sonhar? Os seres humanos têm sonhado no contexto deste quadro maravilhoso desde a antiguidade. Muitos destes sonhos não desvanecem simplesmente na noite; são desenvolvidos e expandidos até que, finalmente, através dos esforços partilhados de muitos indivíduos, são concretizados, satisfazendo a ambição do sonhador. Alguém, em algum lugar, inspirou o início dos transportes aéreos; outra pessoa inspirou a invenção de aeronaves que, eventualmente, possibilitaram a viagem ao espaço. Cada empreendimento bem-sucedido começa com um sonho. Porquê sonhar com pouco? Porque não sonhar alto? Nunca ninguém conseguiu o êxito sem primeiro ter tido um alvo, um objectivo, ou um sonho e depois empreendido todos os esforços necessários para alcançá-lo. Não há nada mais gratificante do que volvermos ao começo e constatarmos que valeu a pena. As lágrimas e o sofrimento que fizeram parte da jornada são esquecidos quando nos maravilhamos com os resultados do nosso trabalho. Por vezes as pessoas que já foram feridas podem afirmar que, independentemente do seu esforço, os seus sonhos nunca serão realizados porque são impossíveis. Estas aves de mau agouro devem ser ignoradas. São motivadas por feridas abertas e não 9


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deve deixar-se confundir pelas suas palavras desanimadoras. É o arquitecto do seu próprio destino; nem o próprio Deus pode conduzi-lo por um caminho que não tenha planeado para si. Ninguém o força a sonhar; este trabalho é unicamente seu. Este livro não trata apenas de sonhos, ambição, e esforço. Aborda também o facto de que muitos tentam ignorar os seus sonhos com medo do fracasso. Contudo, a vitória pertence apenas aos corajosos. Ser corajoso não significa que nunca vai sentir temor; significa apenas que prosseguirá a despeito dos seus receios, sabendo que existe uma recompensa para os que trabalham diligentemente e perseveram apesar das dificuldades. Podem não conhecer o nome ‘Sergei Korolyov’. Ele não foi conhecido no Ocidente por muitos anos devido à repressão comunista. Todavia, graças aos seus sonhos e trabalho visionário, foi inventada a primeira nave espacial e, eventualmente, Yuri Gagarin foi o primeiro homem a orbitar a terra em 1961. Em 1996, o nome da cidade de Kalinigrad, na periferia de Moscovo, foi alterado para Korolyov em sua memória. A experiência de Korolyov ilustra que, no fim, serão lembrados apenas os que são suficientemente audaciosos para vencerem os obstáculos ao longo do percurso que os encaminha em direcção aos seus objectivos. Quem se lembra dos que estão sempre a esperar a derrota? Quando os bem-sucedidos recebem a sua recompensa, quem se lembra dos que os ridicularizaram por sonharem o impossível? A diferença entre uma pessoa que falha e outra que logra reside no facto da primeira acreditar nas palavras desencorajadoras que ouve e da outra continuar a lutar independentemente dos pessimistas. Quer ser apenas parte da multidão, passando pela vida num estado de mera existência? A escolha é sua; já existem muitos que escolheram este tipo de vida. Todavia, se deseja ser capaz de olhar para a sua vida com a satisfação de saber que se dedicou a alcançar os seus sonhos e metas, deve equipar-se 10


Introdução

com coragem e estar disposto a pagar o preço do trabalho árduo que deve ser empreendido em cada sonho. Espero que este livro o inspire a sonhar e a olhar para o mundo com uma nova visão e que um dia desfrute do privilégio de se juntar aos que podem afirmar ‘Eu consegui, realizei o propósito da minha vida!’ Desejo expressar a minha gratidão à minha esposa pelo seu entusiasmo por este projecto e pela contribuição de ideias para a sua concretização. Agradeço igualmente a todos os que contribuíram e me apoiaram de qualquer forma na minha tentativa de partilhar as suas histórias. Agradeço de coração àqueles que me motivaram a continuar a escrever; estou em dívida para com todos vós. Miguel Ángel Núnez

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1 A importância de estabelecer objectivos

S

‘Impossível é uma palavra encontrada apenas no dicionário dos tolos’ (Napoleon Bonaparte)

e alguma vez visitar os Estados Unidos, particularmente Nova Iorque, irá ver uma ponte extraordinária que liga a área de Brooklyn a Manhattan. Concluída em 1883, esta ponte custou dezasseis milhões de dólares para construir. Naquela altura, era a maior construção suspensa no mundo, medindo mais de 1.6 quilómetros. As duas enormes torres que sustentam quatro cabos de aço, com um peso de 750 toneladas cada, eram as construções mais altas em Nova Iorque depois de concluídas. Morreram vinte pessoas durante a construção desta estrutura extraordinária, a Ponte de Brooklyn. Como é que foi possível implementar um plano de trabalho desta magnitude numa época de tão pouco apoio técnico? Para dar-lhe uma ideia da ingenuidade e expediente necessários para alcançar esta façanha, deixe-me descrever como é que as torres foram erguidas no meio do Rio Este. Foi inventado um mecanismo inteligente composto por duas enormes caixas quadradas de ferro e madeira chamadas cofragens. Estas eram abertas de um lado e foram deslizadas para dentro da água com o lado aberto para baixo, em direcção ao leito do rio. Foi bombado ar para dentro das caixas para evitar a entrada de água. Os trabalhadores então entravam para dentro das caixas a fim de removerem qualquer areia que tenha entrado para que pudessem ser construídas as fundações 13


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da ponte em rocha sólida. Eventualmente, foram construídas duas enormes torres em cima destas ‘caixas’ gigantes. Os trabalhadores dentro das cofragens trabalhavam à luz de lanternas e velas, extraindo a terra e utilizando dinamite para remover as rochas e arranjar espaço para as torres. Foi utilizado um sistema de roldanas para elevar os homens até à superfície. Todavia, as caixas quadradas acabaram por afundar vagarosamente até ao leito do rio e os trabalhadores começaram a sentir os sintomas da doença de descompressão, a qual é bem conhecida dos mergulhadores. Esta doença é causada por bolhas de nitrogénio que se formam no sangue, como resultado de uma descompressão demasiado rápida durante a elevação para a superfície da cofragem. Causa dores terríveis, resultando por vezes em paralisia. No caso da construção da Ponte de Brooklyn, a doença da descompressão causou três fatalidades. O problema era que, na altura, não se conhecia muito sobre o tratamento da doença e, quando alguém adoecia, havia muito pouco a fazer. Quando as torres foram finalmente erguidas, as caixas quadradas foram enchidas com cimento, possibilitando assim a construção subsequente da ponte. O processo de fixação dos cabos foi fastidioso e difícil. Primeiro foi fixado o cabo e depois foram enrolados firmemente pedaços de fio de aço ao redor do cabo original; cada cabo foi composto por 5000 fibras de fio. Finalmente, foi instalada a cobertura da ponte em secções. O projecto demorou 13 anos a concluir e envolveu seiscentas pessoas, a maioria das quais eram imigrantes pobres provenientes de todas as partes do globo, os quais recebiam salários mínimos devido aos recursos limitados. O Sonhador Nada é construído sem que surja primeiro do sonho de alguém, e há sempre uma pessoa suficientemente ambiciosa para transformar o sonho em realidade. John Roebling, um 14


A importância de estabelecer objectivos

engenheiro civil alemão, sonhava com a construção de pontes e elaborou a planta da Ponte de Brooklyn em 1855. Quando apresentou o projecto às autoridades, este foi recebido com entusiasmo mas foi adiado devido aos elevados custos de um investimento desta natureza. Todavia, alguns peritos da indústria criticaram o desenho de Roebling, afirmando que era ‘disparatado’ e ‘impossível’. A ideia da Ponte de Brooklyn surgiu certa vez quando Roebling atravessava o Rio Este num barco. A viagem demorou tanto tempo que ele ficou impaciente e decidiu que deveria haver outra forma de atravessar de uma margem para a outra. Naqueles dias era muito complicado atravessar o rio e, no inverno, a situação tornava-se insuportável com a chuva a dificultar a travessia. John pensou que devia haver uma solução. Em 1867 foi aprovado o projecto, mas a construção só foi iniciada em 1870. Isto significa que demorou mais de 12 longos anos a conseguir o financiamento e apoio necessários para concretizar o sonho de Roebling. Qualquer outra pessoa teria desistido muito antes e teria procurado outro sonho com adeptos mais entusiastas. Todavia, John possuía experiência em engenharia de três pontes que já tinha concebido anteriormente e isto deu-lhe a confiança para acreditar no seu novo conceito. Em 1841, ele tinha inventado um sistema de cabos entrançados utilizados em pontes suspensas, pelo qual conseguiu ser respeitado como engenheiro. Dois meses após o projecto ter sido lançado, enquanto John procurava pela localização ideal das torres, aconteceu um acidente trágico. O seu pé foi esmagado por uma barca, resultando na amputação dos dedos. Eventualmente, ele sucumbiu a uma infecção de tétano, e não chegou a ter o privilégio de ver o seu sonho concretizado. Novamente os críticos duvidosos afirmaram que a ideia era impossível e disparatada, instando que o projecto fosse abandonado, afirmando que não valia a pena o sacrifício. 15


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Naquela altura o projecto poderia ter sido facilmente abandonado. Mas o filho de John, também engenheiro, intercedeu. O seu nome era Washington Roebling, um homem que tinha trabalhado ao lado do seu pai desde o início do projecto. Juntos eles tinham pensado em formas imaginativas de executarem o projecto e tinham lutado juntos contra os desafios desta tarefa monumental. O Engenheiro Infelizmente, pouco tempo depois de começar a liderar o projecto da ponte, Washington começou a sofrer da doença da descompressão. Num dia fatídico, ele ficou preso debaixo da água numa das cofragens durante um incêndio; quando conseguiu sair evidenciava sintomas da doença da descompressão, a qual o deixou paralisado. Ficou confinado ao seu apartamento durante dez anos e nunca mais regressou ao local da obra. Se considerar que a ponte demorou 13 anos para ser construída, irá entender a magnitude do seu esforço e empenho. Ele poderia ter desistido e entregue a tarefa da gestão da construção da ponte a outra pessoa. Ou poderia ter caído num estado de autopiedade e vivido o resto dos seus dias amargurado por não ter concretizado o seu sonho. Em vez disso, construiu um apartamento perto da ponte e dali supervisionou a construção durante dez anos, com a ajuda de binóculos. A sua esposa, Emily, tomou sobre si a responsabilidade de comunicar as suas instruções aos trabalhadores e regressava do local da obra com perguntas. Os investidores continuaram a financiar a construção, estavam motivados pelo entusiasmo extraordinário de Roebling pelo projecto porque, apesar dele ser um homem fisicamente diferente, o conceito e todos os seus detalhes ainda estavam perfeitamente formulados na sua mente.

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A importância de estabelecer objectivos

A esposa dedicada Dizem que por trás de um grande homem existe uma grande mulher, e foi este o caso de Washington Roebling. A sua esposa, Emily Warren Roebling, sacrificou dez anos da sua vida para trabalhar ao lado do seu marido e co-gerir a construção da ponte, numa era em que era muito invulgar uma mulher estar envolvida neste tipo de trabalho. Ela poderia ter ficado em casa a lamentar a condição do seu marido e a sua incapacidade de concluir o projecto. Ela podia ter reagido como tantas outras pessoas, pensando amargamente sobre a sua má sorte e culpando o destino pelo acontecido. Contudo, Emily escolheu não ficar desmoralizada; em vez disso decidiu, contra toda a lógica, concluir o sonho que causou a morte do seu sogro e incapacitou o seu marido. Durante os catorze anos seguintes, a dedicação de Emily em ajudar o seu marido a concluir a Ponte de Brooklyn foi inflexível. Ela conseguiu dominar o conhecimento de matemática avançada, conceitos de engenharia civil e leis mecânicas a fim de transmitir as instruções do seu marido aos trabalhadores. Emily é a heroína desta história e o seu nome merece ser lembrado ao lado do seu marido e sogro. No dia da inauguração da ponte estavam presentes 14000 pessoas, incluindo o presidente dos Estados Unidos, todos maravilhados com a conclusão de uma das maiores obras de construção da época. Emily Warren Roebling foi grandemente elogiada durante a cerimónia de abertura, e o seu nome foi incluído na placa comemorativa em honra dos que tinham realizado este feito extraordinário. A lição do anonimato Infelizmente, nos dias em que vivemos as pessoas parecem estar mais interessadas com a fama temporária, enaltecendo muitas vezes aqueles que não são realmente merecedores de honra e esquecendo os que são. Assim, muitas pessoas são influenciadas a abandonarem os objectivos que não envolvam algum tipo de reconhecimento instantâneo. Por outro lado, é 17


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admirável a falta de consistência que as pessoas demonstram ao admirarem heróis que contribuem apenas com dádivas efémeras para a humanidade. Para piorar a situação, a mídia oferece muito poucas vezes modelos admiráveis. Hoje fazemos heróis daqueles que contribuíram para a humanidade com pouco mais do que alguns golos, ou actuações nos últimos filmes. É por isso que o mundo inteiro se lembra do campeão de futebol, conhecido como melhor jogador de futebol do mundo da sua era, o qual desfrutou de fama e riqueza resultantes do seu talento mas que, na sua vida pessoal, era um mau exemplo. Um viciado em drogas, mulherengo, prevaricador, com uma atitude nociva com respeito à vida e um mau exemplo para a juventude, mas mesmo assim, foi idolatrizado por milhares. Outro exemplo foi o do “Rei do Pop”, o qual se tornou um ícone na nossa era. Na minha opinião, ele foi um exemplo de extrema imaturidade emocional. Foi submetido a diversas cirurgias plásticas para transformar a sua aparência e mudar a sua raça, tornando-se extravagante. Passou por vários casamentos e foi processado várias vezes por suspeita de envolvimento com o abuso sexual de rapazes. Apesar de tudo, continuou a ser idolatrizado por muitos jovens de hoje. O mundo está realmente virado do avesso. Deve haver algo mais duradouro. Embora os estudantes de história arquitectural saibam que foi Washington Roebling, o seu nome não é muito conhecido na maioria da sociedade. A lição do anonimato ensina que, se realizar algo extraordinário e digno de louvor, não será necessariamente lembrado e honrado pelas massas; contudo, saberá no seu íntimo que a realização é honrosa e ninguém poderá roubar de si este sentimento. As pessoas verdadeiramente bem-sucedidas não procuram a fama mas buscam deixar um legado independentemente da publicidade que possam receber.

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A importância de estabelecer objectivos

A lição de viver um sonho Quando penso em Washington Roebling confinado a uma cama com apenas 31 anos de idade, a acompanhar da janela do seu quarto o progresso da construção pela qual sacrificou a sua vida, às vezes imagino-o a derramar lágrimas de frustração. Durante os dez anos que dirigiu a construção a partir do seu leito de enfermidade, ele deve ter tido momentos em que se sentiu totalmente impotente por não poder deslocar-se fisicamente ao local da obra. Mesmo assim ele nunca desistiu e perseverou, impulsionado pela energia provida pelo seu sonho. Ao passo que outros perdem de vista os seus sonhos, ou deixam-se arrebatar pela amargura, os verdadeiros sonhadores continuam a despeito das dificuldades. Apesar de Roebling possuir apenas experiência na construção de pontes de madeira durante a Guerra Civil, ele herdou o sonho do seu pai, fazendo deste o seu próprio sonho e adoptando uma atitude resoluta face aos desafios. Perseverança Um sonho não pode ser alcançado quando culpamos as nossas circunstâncias pelos revezes. Os que concretizam os seus sonhos, fazem-nos mediante o poder da perseverança. Não é sempre o mais inteligente nem o mais energético que tem êxito, mas sim os que estão dispostos a se empenharem dia após dia. São os que prosseguem adiante apesar do imenso esforço necessário quando o objectivo parece estar tão longe de alcançar. É claro que existirão momentos de desânimo, de tentação para desistir, mas todos os verdadeiros sonhadores acabam por erguer-se novamente e perseveram rumo ao seu alvo. Dando o seu melhor A Bíblia diz-nos, ‘Tudo quanto te vier à mão para fazer, faze-o conforme as tuas forças’ (Ecl. 9:10). Em outras palavras, faça tudo com convicção e no melhor da sua capacidade. Está 19


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comprometido a dar tudo o que tem? Está a utilizar cem por cento da sua capacidade? Tudo o que Roebling podia fazer era ficar deitado na sua cama, observando o trabalho à distância e comunicar instruções à sua fiel esposa, mas isto foi suficiente para concluir esta ponte extraordinária. Somos os arquitectos do nosso próprio destino. Realizamos aquilo que propomos no nosso coração. Quando o sonho é suficientemente grande, existe sempre alguém que será uma fonte de encorajamento e apoio. Mesmo que se depare com situações difíceis, conseguirá vencer se persistir. Apenas os que dão o seu melhor, os que se esforçam a cem por cento, conseguem alcançar o seu destino. Assim, deixo-o com uma escolha: ou persevera e concentra a sua atenção na concretização do seu sonho, ou permanece onde está e observa os outros a prosseguir. A decisão é sua.

Perguntas para reflexão 1. Qual é a maior lição que podemos aprender da vida de Washington Roebling? 2. O que teria feito se estivesse na posição de Washington Roebling? 3. O que admira na vida de Emily Warren Roebling? 4. Se lhe perguntassem, ‘Qual é o maior sonho da sua vida?’ qual seria a sua resposta? 5. O que está a empreender a fim de concretizar o seu sonho? 6. O que acontece quando temos um sonho e não envidamos todos os nossos esforços para realizá-lo? 7. Porque é tão importante ter objectivos claros? 8. Pelo que deseja ser lembrado quando já não estiver neste mundo? 20


2 Vez após Vez

A

‘Neste mundo não é realizado nada de útil sem trabalho árduo e sacrifício’ (Adolfo Kolping)

situação é sempre complicada com uma família grande. Não só é normal haver escassez de alimentos e falta de espaço, como também os irmãos têm que competir pela atenção dos seus pais. Pode imaginar como é ter vinte e um irmãos a viverem sob o mesmo tecto? Nascida a 23 de Junho de 1940, em Clarksville, Tennessee, Wilma Rudolph era a vigésima de vinte e dois irmãos e irmãs do seu pai Ed (de dois casamentos), numa pobre família afroamericana. Ela cresceu durante uma era de oportunidades limitadas para pessoas de cor, antes do Movimento dos Direitos Civis, o qual lutava pela igualdade política e social para todas as pessoas. Para além de circunstâncias difíceis, Wilma nasceu prematuramente. À nascença pesava menos de dois quilos e cresceu com muitos problemas de saúde. Quando tinha dois anos, quase morreu com uma pneumonia dupla. Apesar de ter sobrevivido a pneumonia, foi tragicamente infectada com poliomielite, a qual era muitas vezes fatal naquele tempo. A pólio, como é conhecida, causava normalmente paralisia dos membros e afectava principalmente as crianças. Em 1909 sabia-se que a doença era transmitida por um vírus. Os primeiros sintomas eram muito semelhantes aos da gripe; febre, 21


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cansaço, dores de cabeça, náuseas e vómitos. Para além destes sintomas, as pessoas sentiam tensão no pescoço e dores nos membros. Os pulmões eram normalmente afectados, dificultando a respiração normal. Foram inventados ‘pulmões’ mecânicos para ajudar com a respiração, mas mesmo assim muitos doentes sucumbiram devido aos problemas respiratórios. A pólio foi, sem dúvida, uma das doenças mais aterradoras no Ocidente durante muito tempo. Afectava pessoas de todas as camadas sociais, incluindo Franklin D. Roosevelt, presidente dos Estados Unidos, o qual ficou confinado a uma cadeira de rodas desde os 39 anos, como resultado da doença. Os esforços para parar este flagelo foram galardoados em 1954, quando o Dr. Jonas Salk descobriu a primeira vacina de pólio. Em 1957, o Dr. Albert Sabin tinha criado uma vacina oral que era uma arma ainda mais poderosa na luta contra esta doença. Todavia, na altura em que Wilma foi infectada, ainda não havia a vacina. Assim, os médicos trataram a paralisia ao colocarem na sua perna afectada talas feitas de ferro e couro, para tentar limitar o seu movimento e ajudá-la a andar. Wilma teve que usar estas talas pela primeira vez aos seis anos; antes disto estava presa a uma cadeira de rodas. Os médicos disseram aos seus pais que ela nunca mais andaria, recomendando até que a perna paralisada fosse amputada. Os seus pais não aceitaram esta sugestão e começaram a levar a sua filha a um hospital que ficava a 70 quilómetros de distância da cidade onde viviam. Naquele hospital foram dados a Wilma exercícios especiais. Depois de dois anos de terapia, Wilma consegui finalmente andar com a ajuda da tala e de muletas e poderia continuar os exercícios em casa. A sua família, pais e irmãos desempenharam um papel crucial motivando-a e ajudando-a com o seu progresso, alternando-se a massajar as suas pernas e apoiando-a quando caminhava. Como resultado da sua doença Wilma não pode começar a escolar com oito anos, e teve inevitavelmente que suportar 22


Vez após Vez

a crueldade das outras crianças que faziam troça da maneira estranha dela andar. Quando fez onze anos, ela implorou ao médico que a deixasse andar sem a tala. Ele deu-lhe permissão para tirar a tala uma vez por dia para massajar e exercitar um pouco as pernas, afirmando que um pouco de exercício não faria mal. Contudo, Wilma removia a tala quando os seus pais não estavam em casa e andava incessantemente ao redor da casa, ignorando as dores que isto causava. Certo dia, chocou toda a família e o médico ao retirar a tala e andar sem ajuda pelo corredor da igreja. A partir daquele momento, ela nunca mais usou aquela tala. O sonho Todavia, Wilma não estava satisfeita por combater simplesmente a paralisia e propôs no seu coração tornar-se uma atleta. A partir dos 13 anos começou a treinar todos os dias e fez parte de equipa de basquetebol da sua escola. Com o passar do tempo, Wilma tornou-se conhecida pelo seu dom de atletismo, especialmente na escola secundária. Quando fez 15 anos, ela chamou a atenção de um treinador universitário, Edward S. Temple, o qual reconheceu o seu grande potencial. Apesar de frequentar ainda a escola secundária, ele convidou-a a treinar com ele na Universidade do Estado de Tennessee, onde era treinador. Os Jogos Olímpicos O ano de 1956 foi muito importante na sua vida. Com 16 anos apenas, Wilma foi seleccionada para competir nos Jogos Olímpicos de Melbourne, Austrália. Como membro mais novo da equipa Norte Americana, ela regressou a casa com uma medalha de bronze aquele ano, mas estava certa que era capaz de muito mais. No ano seguinte, enquanto frequentava a Universidade de Tennessee com uma bolsa desportiva, ela ganhou o campeonato nacional nas modalidades de 75 e 100 metros, e foi escolhida para competir nos Jogos Olímpicos de 1960, em Roma. 23



As pessoas procuram o sucesso – não há nada de errado com isto. O problema de hoje é que, muitas vezes, o fim justifica os meios.

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leitura

para jovens

Contudo, a história mostra que o sucesso verdadeiro é alcançado através de determinação, perseverança e coragem e não por meio de atalhos. A geração mais jovem precisa de saber que a vitória é dos corajosos – aqueles que se atrevem a dizer não à corrupção, não à mediocridade, não à preguiça e mentiras, um não enfático à cultura auto-indulgente que tantos jovens admiram. O autor propõe uma nova perspectiva dos valores do passado ao apresentar vislumbres das vidas de dez heróis e heroínas da nossa era. Estas pessoas corajosas incluem líderes íntegros e resolutos, tais como Mahatma Gandhi e Aung San Suu Kyi; e atletas bem–sucedidas como Wilma Rudolph e Natalie du Toit, as quais venceram os desafios da doença e incapacidade mediante pura determinação e coragem. A leitura deste livro é indispensável aos jovens, pais, e professores.

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