Aeroespaço Especial - 25 Anos Esquadrão Zagal

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Jubileu dePrata de Prata

5º/1º Grupo de Comunicações e Controle

25 anos com a certeza do pouso seguro no regresso da missão cumprida JUBILEU DE PRATA - 5º/1º GCC

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Índice

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A história do Esquadrão Zagal

Visão e Valores 12 Missão, do Esquadrão Zagal

15 Momentos de Tristeza

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PAR-2000T O novo marco do 5º/1º GCC

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21 Inovação Estratégica

As guerreiras do Zagal

Expediente Revista Especial Comemorativa do Jubileu de Prata do 5º/1º GCC, produzida pela Assessoria de Comunicação Social do DECEA e pela Seção de Comunicação Social do 5º/1º GCC Diretor-Geral: Tenente-Brigadeiro-do-Ar Ramon Borges Cardoso Comandante do 5º/1º GCC: Major-Aviador Alexandre Avellar Leal Assessor de Comunicação Social do DECEA: Coronel-Aviador RFM Paullo Esteves Oficial de Comunicação Social do 5º/1º GCC: Capitão Especialista em Comunicações Jorge Luiz Bezerra da Silva Revisão: Daisy Meireles (RJ 21523 JP)

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JUBILEU DE PRATA - 5º/1º GCC

Diagramação: Filipe Bastos (MTB 26888-DRT/RJ) Fotografias & Capa: Sargento Sérgio Luiz Contatos: Intraer: www.51gcc.intraer Email: 51gcc.zagal@gmail.com Telefone: (85) 3216-3168 Editado em agosto/2011 Impressão: Ingrafoto


Editorial Recebemos com grande satisfação, ainda no Comando do Major-Aviador Ricardo Ferreira Botelho, a incumbência de retratarmos o Quinto Esquadrão do Primeiro Grupo de Comunicações e Controle (5º/1º GCC) às demais Organizações e membros do Comando da Aeronáutica, por ocasião de seu Jubileu de Prata. Digo “retratar” pois, na verdade, esta revista começou a ser escrita há 25 anos, com o labor e o suor dos integrantes do Esquadrão Zagal. A responsabilidade foi grande, porém o prazer foi maior ainda. Nas próximas páginas todos perceberão que esta publicação foi fruto de um trabalho de equipe, fomentada com entusiasmo e dedicação, que mostra o orgulho de cada integrante em fazer parte da “Família GCC”. Do ponto de vista estrutural, o Esquadrão Zagal apresenta, hoje, uma mudança significativa em sua operacionalidade, pois - no ano passado - recebemos o moderno sistema PAR2000 Transportável, em substituição ao já saudoso MGCA-FZ (ATCR-33, SIR-7 e PAR-2080). Preocupados em apresentar esta inovação, foi produzida uma matéria que explica basicamente sua concepção e funcionamento. Dentre as outras matérias existentes, fizemos uma entrevista especial com dois capitães da reserva: Nilton Sérgio e Mamede. Estes militares são pioneiros do 5º/1º GCC e não se furtaram em contar suas histórias, que se confundem com a própria história do Esquadrão, enriquecendo, desta forma, nossa memória coletiva. Para quem ainda não nos conhece, muito prazer; para os exintegrantes, espero que possam matar suas saudades; e para o efetivo, que se sintam orgulhosos por proverem “a certeza do pouso seguro no regresso da missão cumprida”. Por fim, desejo a todos uma boa leitura.

Capitão Especialista em Comunicações Jorge Luiz Bezerra da Silva Oficial de Comunicação Social do 5º/1º GCC

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Zagal, técnico e inovador em suas ações Em 15 de agosto de 1986, a Portaria Reservada nº 356/GM3 ativou o Quinto Esquadrão do Primeiro Grupo de Comunicações e Controle (5º/1º GCC) – Zagal, com a finalidade de operar e manter, em nível orgânico, um Sistema de Controle de Aproximação de Precisão no aeródromo de Fortaleza – CE, o qual é o mais recente Esquadrão do Primeiro Grupo de Comunicações e Controle (1º GCC), que comemora o seu Jubileu de Prata. Pouco mais de 24 anos, em 29 de outubro de 2010, o 5°/1° GCC inaugurou o seu novo Sistema Radar PAR 2000 Transportável, o que constituiu-se um marco em sua história. No dia 15 de novembro de 2010, o Esquadrão Zagal, utilizando o seu recémhomologado Sistema PAR 2000 Transportável, atingiu a marca de 100 recolhimentos PAR - procedimento de aproximação utilizando recursos de alta precisão através de processos específicos, no qual a aeronave é conduzida sob vetoração até o toque na pista de pouso, apoiando aeronaves militares nas mais adversas situações para um pouso seguro no regresso da missão cumprida. Na semana de 25 a 29 de abril deste ano foram realizadas diversas melhorias na área de Tecnologia da Informação do Esquadrão Zagal - facilitando sobremaneira os processos existentes. Acredito muito na importância dos Comandantes de hoje e de ontem que lideram e implementam diversas soluções em prol dos integrantes das Unidades, que também participam de seu sucesso com suas projeções e ideias inovadoras, frutos de seus estudos e força de trabalho. Durante esses 25 anos do Esquadrão Zagal, podemos citar como exemplos dessas soluções a entrada em operação, no dia 23 de agosto de 2009, do Shelter PAR – Radar de Aproximação de Precisão P-2080 – com o objetivo principal de separar o Radar PAR-2080 dos radares ATCR-33 e SIR-7, integrantes do MGCA-FZ; e o programa de planejamento de cursos PLC, uma ferramenta que agilizou todo o processo de planejamento, indicação e controle de cursos realizado pela Seção de Atualização Técnica (SIAT). Outra melhoria é a nova página do 5º/1º GCC na intraer, que foi reformulada aos moldes da página do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA) e agora apresenta um visual mais moderno, além de mais funcionalidades incorporadas. O Zagal já provou sua capacidade técnica e inovadora nesses 25 anos, então, agora, é só receber os aplausos e os parabéns nesse Jubileu de Prata.

Tenente-Brigadeiro-do-Ar Ramon Borges Cardoso Diretor-Geral do DECEA 4

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Zagal, nosso nome ecoa de Norte a Sul do Brasil São 25 anos de profissionalismo, abnegação, companheirismo, vibração e trabalho, muito trabalho. É o que me vem primeiramente à cabeça quando penso sobre este incrível momento que vive agora o Esquadrão Zagal em seu Jubileu de Prata. É um momento de reflexão e, por que não dizer, de fazer um balanço sobre todas as realizações, conquistas e perspectivas do Quinto Esquadrão do Primeiro Grupo de Comunicações e Controle (5º/1º GCC). Nossa história começou em 1986, com o recebimento do já saudoso MGCA-FZ (Mobile Ground Control Approach – Fortaleza) e com a missão de operar e manter, em nível orgânico, um sistema de controle de aproximação de precisão transportável que era composto por um radar primário de terminal (ATCR33), um radar secundário (SIR-7) e um radar de aproximação de precisão (PAR2080), todos de fabricação italiana. Fico imaginando o que sentia cada membro do Esquadrão naquela época. De certo devia imperar um sentimento de desafio, talvez até mesmo um sentimento de incerteza. Afinal de contas, todos estavam abrindo trilhas por veredas ainda inexploradas. Por meio de 18 operações e exercícios realizados até o presente momento, procedimentos foram criados e aperfeiçoados, em um processo de constante aprendizado. Os caminhos foram desbravados, a doutrina sedimentada e o nome Zagal ecoa de Norte a Sul desse País. Muito trabalho ainda está por vir, tendo em vista o recente recebimento do novo Sistema PAR-2000 Transportável. Um sistema altamente moderno que, por isto mesmo, requer novos tipos de qualificações de nossos técnicos e operadores. Meus comandados e pioneiros de nossa história, estamos nós, Zagais da atualidade, com a grande responsabilidade de domar o novo Sistema e continuar sempre - oferecendo “a certeza do pouso seguro, no regresso da missão cumprida!”

Major-Aviador Alexandre Avellar Leal Comandante do 5º/1º GCC JUBILEU DE PRATA - 5º/1º GCC

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Esquadrão Zagal, o Estado da Arte já é realidade Ao completar 25 anos de idade do Esquadrão “caçula” do Primeiro Grupo de Comunicações e Controle (1º GCC), acredito ser momento oportuno para celebrar solenemente as conquistas já alcançadas, avaliar o presente e refletir sobre o porvir. Nascido com a finalidade de operar e manter, em nível orgânico, um Sistema de Controle de Aproximação de Precisão Transportável no aeródromo de Fortaleza (CE), o Zagal fez mais que isto. Graças ao já saudoso Mobile Ground Control Approach (MGCA), composto por PAR-2080, ATCR-33 e SIR-7, assumiu o controle da área terminal a partir de seus consoles, juntamente com o então Destacamento de Proteção ao Voo de Fortaleza (DPV-FZ). Do sítio sede ou desdobrado em sítios de combate de Norte a Sul deste País, conduziu diversos Pacaus, Rumbas e quem mais viesse até o pouso seguro, no regresso da missão cumprida. Quem viesse ou quem fosse, da Circulação Aérea Geral ou Operacional Militar, separando ou reunindo com segurança os slashes do vídeo bruto, que brilhavam para todo tráfego aéreo, refletindo os claros exemplos de dedicação e competência profissional de mantenedores, operadores e suporte administrativo dos militares em terra. Tenho grande orgulho de ter feito parte desta equipe, somando esforços aos mais de 200 antecessores e a outros tantos, que chegaram depois para contribuir na construção de uma história de sucesso. Goyana, Bittencourt e Dantas foram para o Esquadrão Mangrulho e lá os conheci; o mesmo caminho inverso trilhado pelo Taboza e Barbacovi eu segui. Que honra ser comandando por Sérgio, Maia Guedes e Costa! Que sorte a minha ter bem formado Maciel, Alano e Pontes, quando fui Operações! E que privilégio ainda hoje poder contar com o Flávio, Josadac, Édson, Gadelha, F. Sousa, Soares, J. Pereira, Robertson, Monte! Muitos resultados positivos nós alcançamos. Entretanto, as transformações e os desafios do mundo moderno nos instam a manter relação compromissada com o conhecimento e o desenvolvimento. Os interesses dos usuários e os sistemas são tão complexos, que exigem cada vez mais um comportamento dedicado ao preparo técnico-operacional e técnico-administrativo e, ainda, à melhoria dos processos. Assim, com espírito empreendedor, na galeria de seu passado glorioso, destaca-se a inovação conquistada, sob a égide de meu amigo (Chiquinho) Cláudio, com o desmembramento do radar de precisão do restante do sistema. Logo entendeu o Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA) que havia chegado o momento de priorizar a modernização tecnológica do acervo do Quinto Esquadrão do Primeiro Grupo de Comunicações e Controle (5º/1º GCC). O investimento na aquisição do novo Sistema de Controle de Aproximação de Precisão Transportável renova o instrumento de trabalho da Unidade, restituindo-lhe o estado da arte para cumprimento de sua missão. Isto já é uma realidade. A ferramenta PAR-2000T implanta benefícios marcantes para a eficiência operacional e logística, em apoio à fluidez e à segurança da navegação aérea. Com o corpo revigorado, o espírito guerreiro se fortalece para continuar evoluindo. Não podemos nos furtar de lançar um olhar altivo para o futuro, com a plena consciência de que ainda resta muito a ser feito. Sempre haverá oportunidades para aprimorar nossa capacidade; e o faremos, com responsabilidade, união, entusiasmo e coragem, pois o universo irá conspirar a favor daqueles que se dedicarem ao cumprimento do dever. Desculpem-me os que não foram citados, por favor, Luiz Paulo, Sachini, Loiola, Flávio Sousa, Neto, Aniceto, Almeida, Braga, Luís Carlos, Mourão, Diógenes e outros, sintam-se abraçados. Bravos companheiros, parabéns e obrigado!

Tenente-Coronel-Aviador Carlos Henrique Afonso Silva Comandante do 1º GCC 6

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A História do

Esquadrão Zagal O Quinto Esquadrão do Primeiro Grupo de Comunicações e Controle (5º/1º GCC) foi criado pela Portaria Reservada nº 356/ GM3 de 15 de agosto de 1986 e tem por missão operar e manter, em nível orgânico, um Sistema de Controle de Aproximação de Precisão Transportável. Até maio de 2010, operou com equipamentos de origem italiana, a saber: Radar Primário (ATCR-33), Radar Secundário (SIR-7) e Radar de Aproximação de Precisão (PAR2080), que compunham, com Formatura do primeiro efetivo do 5º/1º GCC

Início da instalação do sítio operacional - 1986

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Primeira montagem do Sistema em Fortaleza - 1986

Descerramento da placa de Graduado e Praça Padrão - 2000

Montagem da Antena do ATCR 33 no deslocamento para Russas (CE)

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outros equipamentos de suporte, o MGCA–FZ (do inglês Mobile Ground Control Approach). Ao todo, utilizando-se o antigo equipamento, foram realizadas 18 missões de deslocamento por várias cidades do Nordeste brasileiro, e até mesmo de outras regiões, como Porto Velho (RO), Boa Vista (RR), Campo Grande (MS) e Canoas (RS). Em 9 de março de 1987, com o aeródromo de Fortaleza fechado devido a fortes chuvas, foi recolhida através do PAR-2080 - uma aeronave Xingu da Força Aérea Brasileira (FAB), sendo o primeiro recolhimento real realizado pelo MGCA-FZ, tendo como operadores os, então, sargentos Bittencourt e Nilton Sérgio. Após várias pesquisas e sugestões, foi escolhida pela maioria do efetivo a palavra “ZAGAL” para designar os integrantes do 5º/1º GCC, que significa “o pastor que conduz suas ovelhas por um caminho seguro”. Recentemente, em sua história, mais precisamente no mês de agosto de 2010, o Esquadrão Zagal recebeu em suas instalações, na Base Aérea de Fortaleza (BAFZ), um novo Sistema de Controle de Aproximação de


Chegada em Campo Grande (MS) para a OPERAER - 1989

Precisão Transportável, o MGCA2000, composto basicamente de um Radar Primário (ASR), um Radar Secundário (SSR) e um Radar de Aproximação de Precisão (PAR2000T). Estes equipamentos, de origem americana, representam uma grande evolução tecnológica no âmbito do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA), pois em comparação ao antigo MGCA possuem ferramentas de controle do espaço aéreo mais modernas e uma mobilidade muito mais eficiente. No dia 28 de outubro de 2010 foi realizada a primeira vetoração da FAB com o novo sistema PAR-2000 Transportável. Na ocasião, a aeronave A-29 de matrícula FAB-5957, pertencente ao Segundo Esquadrão do Quinto Grupo de Aviação (2º/5º GAv - Joker), foi recolhida para pouso na pista do aeródromo de Fortaleza pelos Primeiro Sargento Básico em Controle de Tráfego Aéreo (BCT) Rogério e Segundo Sargento BCT J. Pereira. Atualmente, o novo sistema do 5º/1º GCC se encontra em operação na BAFZ e pronto para ser deslocado para qualquer parte do Brasil.

Embarque dos equipamentos no deslocamento para CLBI em Natal (RN) - 2003

Deslocamento para Maxaranguape (RN) - 1998

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Montagem do Campo de Antenas no Deslocamento para Mossoró-RN - 2002

Teste de montagem do PAR com bases móveis em terreno de areia - 2004

Sítio Operacional durante Manobra em Juazeiro do Norte-CE - 2008

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Galeria dos Ex-Comandantes

Major-Aviador Elmir Bandeira Berndt 15 Ago 1986 a 23 Nov 1988

Major-Aviador Carlos Alberto Vieira 23 Nov 1988 a 11 Jan 1991

Major-Aviador Alvaro Luiz Pinheiro da Costa 11 Jan 1991 a 12 Jan 1993

Major-Aviador Alírio Antonio Pires Ferreira 12 Jan 1993 a 17 Jan 1995

Major-Aviador Silvestre José Vieira Coelho 17 Jan 1995 a 30 Jan 1997

Major-Aviador Ramão Galvarros Bueno 30 Jan 1997 a 20 Jan 1999

Major-Aviador Sérgio de Matos Melo 20 Jan 1999 a 16 Jan 2001

Major-Aviador Francisco Wilson Maia Guedes Filho 16 Jan 2001 a 16 Jan 2003

Major-Aviador Marcos Antonio da Costa 16 Jan 2003 a 15 Jan 2005

Major-Aviador Ricardo Domingues de Mattos 15 Jan 2005 a 5 Jan 2007

Major-Aviador Francisco Claudio Gomes Sampaio 5 Jan 2007 a 16 Jan 2009

Major-Aviador Ricardo Ferreira Botelho 16 Jan 2009 a 7 Jan 2011

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Missão, Visão e Valores do Esquadrão Zagal Por João Flávio Dória Teixeira – Capitão QOEA SVA R1 Chefe da Seção de Pessoal do 5º/1º GCC Engenheiro Civil e Pós-Graduado em Marketing e em Gestão Empresarial

Visão Através da visão é possível identificar quais são as expectativas e os desejos dos usuários do Sistema de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro (SISCEAB), tendo em vista que esses aspectos proporcionam o grande delineamento do planejamento estratégico a ser desenvolvido e implementado. A visão pode ser considerada como os limites que os principais responsáveis pela empresa conseguem enxergar dentro de um período de tempo mais longo e uma abordagem mais ampla. Ela deve ser resultante do consenso e do bom-senso de um grupo de líderes e não da vontade de uma pessoa. A Organização bem-sucedida tem uma visão do que pretende, sua direção e aonde a Organização quer chegar. Nessa concepção, a visão é a explicitação do que se idealiza para a Organização, envolve os desejos de aonde se que chegar, compreendendo temas como valores, desejos, vontades, sonhos e ambição. Para o Quinto Esquadrão do Primeiro Grupo de Comunicações em Controle (5º/1º GCC), o propósito é a razão fundamental para existência da Organização, pode criar valor para os usuários do SISCEAB ou melhorar o padrão de serviço que a mantenha na liderança no que faz. A visão do 5º/1º GCC só terá valor se transmitir bem o que os usuários do SISCEAB aspiram e desejam, a qual é resumida nas seguintes palavras: “Estabelecer a capacidade a ser alcançada para um horizonte de planejamento 12 JUBILEU DE PRATA - 5º/1º GCC

Pilares direcionadores para o sucesso em manobras operacionais


Foto aérea do CDAT em Santa Maria-RS

Operadores na console do PAR 2000T

determinado, onde o Esquadrão Zagal buscará ser a referência técnica e operacional no emprego do Sistema PAR 2000 Transportável”.

Missão A missão é a razão de ser da organização. Neste ponto, procura-se determinar qual o negócio da Organização, por que ela existe, ou ainda, em que tipos de atividades ela deverá concentrar-se no futuro. Aqui se procura responder à pergunta básica: “Aonde se quer chegar com a Organização?” Para o 5º/1º GCC, a sua missão é o ponto de partida para consolidar um modelo estratégico de operação. A missão é uma declaração única que traduz seu perfil no SISCEAB e a sua identidade. Define de forma clara para todos quais as intenções e aspirações da organização e ajuda a difundir seu espírito corporativo. O âmago da missão do 5º/1º GCC traduz muito bem por que ele existe e

qual a natureza dos serviços que ele se propõe a oferecer aos usuários do SISCEAB (Unidades da Marinha do Brasil, do Exército Brasileiro e do Comando da Aeronáutica, empresas aéreas, operadores de aeronaves públicas e civis, pilotos militares e civis). O Esquadrão Zagal define assim sua missão: “Operar e manter, em nível orgânico, um sistema de controle de aproximação de precisão transportável”. O efetivo administrativo, técnico e operacional que trabalha no 5º/1º GCC representa seu recurso crítico, ou seja, aquele sem o qual ele não consegue realizar o seu trabalho, particularmente por prestar serviços de vigilância aérea do aeródromo no qual está instalado, bem como prover vetoração das aeronaves para pouso sob condições de baixa visibilidade que, além de ser dependente de tecnologia, não consegue aplicar essa tecnologia sem contar com recursos humanos adequados.

Valores O 5º/1º GCC procura, a todo o momento, cuidar bem, tanto de seus recursos humanos quanto de seus usuários. A resposta dessas pessoas só será positiva se houver consistência nas práticas de gestão de pessoas. A coerência entre os valores e princípios por ele adotados e as políticas para gerir as pessoas é o que garante a sua consistência. Os valores e princípios que guiam as ações do Esquadrão Zagal são compartilhados entre todos os seus integrantes: • inovação; • valorização dos recursos humanos; • responsabilidade; • segurança; • conduta moral e ética; • visão empreendedora; • execução. JUBILEU DE PRATA - 5º/1º GCC

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O Esquadrão Zagal opera e mantém, em nível orgânico, um sistema de controle de aproximação de precisão transportável

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Momentos

de Tristeza Por Terceiro Sargento Básico em Eletricidade (SEL) José Robertson Araújo Nogueira Encarregado da Secretaria de Comando do 5º/1º GCC

Durante os 25 anos que estou no Esquadrão Zagal, tive o prazer de acompanhar sua criação e seus passos até os dias atuais. Tivemos, claro, momentos de tristeza, quer seja com uma manobra cancelada na última hora, quer seja com uma pane do sistema durante uma operação fora de sede. Porém, com profissionalismo, capacidade e comprometimento dos nossos integrantes, conseguíamos sempre reverter as situações adversas. O Quinto Esquadrão do Primeiro Grupo de Comunicações e Controle (5º/1º GCC – Zagal) sempre foi uma Unidade cheia de alegria e seus integrantes sempre sentiram prazer em trabalhar, mas nada pode ser comparado com a perda do maior bem de uma organização: o homem. Alguns fatos são impossíveis de se reverter e, assim, citaremos a seguir dois momentos mais tristes da história do nosso Esquadrão. O primeiro aconteceu no dia 25 de maio de 1990, quando realizando um voo rasante de ataque ao solo, o Primeiro Tenente-Aviador Vicente Alberto Golfetto Júnior, Oficial de Mobilidade do Esquadrão, sofreu um acidente com seu Xavante AT-26 e faleceu. O Tenente Golfetto, com seu entusiasmo e dedicação, soube cultivar o respeito e admiração de todos os integrantes do Esquadrão Zagal. Um fato marcante de que me lembro bem era a preocupação que ele tinha com sua família que estava longe e, frequentemente, me pe-

dia para ir ao banco depositar um valor na conta de sua mãe, demonstrando assim, o bom filho que era. Onze anos depois, aconteceu o segundo, no dia 24 de agosto de 2001. O Primeiro Sargento Básico em Controle de Tráfego Aéreo (BCT) Júlio César Lemos e Silva seguia para o Esquadrão, quando sofreu um acidente de moto. Era um militar extremamente alegre, amigo e dedicado. Suas brincadeiras contagiavam a todos, tanto em sede quanto deslocado. Era um Controlador de Tráfego Aéreo com sangue de Infante, pois andava sempre bem uniformizado, com cabelo no padrão, além de ser pontual e guerreiro. Compôs várias músicas que eram cantadas durante a prática de educação física, todas enaltecendo o nosso Esquadrão e o nosso trabalho. Com espírito aventureiro, gostava de velocidade, muitas vezes, em sua moto, uma Yamaha 350 cilindradas, conhecida como “viúva negra”, driblou a morte, mas com sua nova moto, uma 1.100 cilindradas, foi vencido, deixando para trás saudades em uma legião de amigos. É para eles e todos os outros que fizeram e fazem parte da história do Esquadrão Zagal, que prestamos uma homenagem neste Jubileu de Prata. Não se tem futuro sem presente e nem presente sem passado. JUBILEU DE PRATA - 5º/1º GCC

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PAR-2000T

O novo marco do 5º/1º GCC Por Primeiro Sargento Básico em Eletrônica Edson Sales Carneiro Seção de Material do 5º/1º GCC e trabalha na área de Radar do Esquadrão Zagal

A Força Aérea Brasileira (FAB) acompanha o mundo na preocupação com a segurança do espaço aéreo e zela pela qualidade dos serviços prestados à Nação. Dessa forma, confiou ao Quinto Esquadrão do Primeiro Grupo de Comunicações e Controle (5º/1º GCC - Zagal) a missão de operar e manter o recém-adquirido sistema Radar Transportável PAR-2000T. O novo radar é de origem norte-americana e dotado de tecnologia moderna. Provê ao controle de tráfego aéreo informações precisas de azimute e elevação, além de condições meteorológicas e de obstáculos das aeronaves de asas fixas ou rotativas com velocidades radiais compreendidas entre 40 e 240 nós. O novo sistema possibilitou um significativo avanço na 16 JUBILEU DE PRATA - 5º/1º GCC

qualidade dos serviços prestados pelo Esquadrão, tanto em sede quanto deslocado. A utilização de materiais modernos em sua estrutura física, a inserção de sistemas pneumáticos e elétricos proporcionaram economia de tempo e de recursos financeiros em relação ao sistema anterior, sem contar com uma substancial redução dos riscos físicos aos quais são submetidos os recursos humanos do Esquadrão, principalmente durante as atividades de montagem e desmontagem dos equipamentos. O Subsistema de Comunicações é outro destaque. Na comunicação Terra/Ar, substituíram-se os obsoletos VHF (Very High Frequency - Frequência Muito Alta), com várias antenas de difícil manipulação e suscetíveis a interferências, por modernos equipamentos interligados


a um só mastro de antena, proporcionando uma melhor qualidade do sinal. Já na comunicação Terra/Terra, houve um acréscimo da capacidade de linhas telefônicas disponíveis. Foi inserido um recurso para acessar todo o sistema a partir de uma tela de LCD (liquid crystal display – tela de cristal líquido) com tecnologia Touch Scren (tela sensível ao toque), tornando mais ágil o acesso do operador aos meios de comunicações. As gravações das comunicações, item importantíssimo dentro de um setor operacional, foram aprimoradas através de um sistema informatizado, que proporciona redundância e aumento da capacidade a ser gravada. Atualmente, contamos – ainda - com a gravação dos dados

radar visualizados na tela do operador, antes inexistente. O sistema de visualização radar fornece três tipos de serviço: ASR (Radar de Vigilância de Aeroporto), SSR (Radar Secundário de Vigilância) e PAR (Radar de Aproximação de Precisão), que pode operar em modo combinado ou separadamente (ASR/SSR ou PAR). O processo, desde a geração do sinal a ser transmitido até a apresentação na tela do operador, é realizado em dois subsistemas: radar e operacional. No shelter radar, localizam-se os equipamentos responsáveis pela geração e tratamento dos sinais recebidos, diferentemente do equipamento anterior, que utilizava magnetron para gerar o sinal a ser transmitido. Este utiliza componentes de estado sólido, gerando menos JUBILEU DE PRATA - 5º/1º GCC

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Os sinais são transmitidos do shelter radar para o shelter operacional através de fibra ótica ou link de micro-ondas

calor e desperdício de energia, além do sistema não ficar indisponível se ocorrer uma pane em alguns módulos de transmissão. Os sinais são transmitidos do shelter radar para o shelter operacional através de fibra óptica ou link de micro-ondas. O vídeo sintético oriundo do shelter radar é processado por microcomputadores e apresentado em telas de LCD, não tendo mais a necessidade da sala operacional ser um ambiente com pouca iluminação, como ocorria antigamente. Dois geradores suprem a necessidade de alimentação dos equipamentos em caso de falta de energia comercial. Na área de manutenção foi incorporada uma excelente ferramenta de monitoramento, através da qual as principais funções dos equipamentos podem ser visualizadas e controladas a partir de um computador portátil. Por fim, mesmo diante dos desafios ocasionados pela adoção da nova metodologia, é possível observar as melhorias técnicas e operacionais do novo sistema e, assim, continuar cumprindo a missão institucional de operar e manter um sistema de aproximação de precisão transportável. 18 JUBILEU DE PRATA - 5º/1º GCC


As guerreiras do

Zagal

Assim como em outras unidades da Força Aérea Brasileira (FAB), o Quinto Esquadrão do Primeiro Grupo de Comunicações e Controle (5º/1º GCC Zagal) vem sendo agraciado durante a sua história com a presença feminina em seu efetivo. Desde sua criação, apenas três mulheres deixaram inscritos seus nomes na Galeria de Honra, como acontece com pérolas raras que são encontradas nas imensidões dos oceanos. Em ambientes por vezes insalubres, essas guerreiras superam as dificuldades e desconfortos das missões fora de sede com resignação e profissionalismo, servindo de exemplo para todo o efetivo deslocado e o Esquadrão Zagal reconhece o esforço destas guerreiras e se orgulha de tê-las como parte de sua história. JUBILEU DE PRATA - 5º/1º GCC

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Segundo Sargento Básico em Elétrica (SEL) Marilene Castro da Silva Chegou ao Esquadrão Zagal no ano de 2005, sendo transferida para o Destacamento de Controle do Espaço Aéreo de Porto Velho (DTCEAPV) no início do ano de 2011. Permaneceu por seis anos no 5º/1º GCC e atuou na Seção de Material como técnica da área de elétrica. Sua pró-atividade e conhecimentos técnicos sempre foram notórios, motivo pelo qual costumava ser escalada para missões de grande porte, como a Quinta Operação Cruzeiro do Sul (CRUZEX V), em 2010.

Segundo Sargento Básico em Eletrônica (BET) Ana Paula Macedo Neves Correia Serviu no 5º/1º GCC de maio de 2006 a julho de 2009. Foi técnica da área de Radar e atuou também na Comunicação Social. Nas montagens e desmontagens do sistema MGCA-FZ não se furtava a realizar até mesmo os procedimentos mais arriscados, como as montagens das antenas dos radares ATCR-33 e PAR-2080.

Terceiro Sargento Básico em Controle de Tráfego Aéreo (BCT) Emiliana Costa Mendonça Única representante feminina no Esquadrão Zagal atualmente. Emiliana veio diretamente da Escola de Especialistas de Aeronáutica (EEAR), onde formou-se controladora de tráfego aéreo no ano de 2008. Trabalha na Seção de Operações e possui atualmente as seguintes funções: Operadora do Controle de Aproximação de Fortaleza (APP-FZ) e Controladora de Tráfego Aéreo Militar do 5º/1º GCC.

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Inovação estratégica

Console do antigo sistema MGCA - FZ

Por João Flávio Dória Teixeira – Capitão QOEA SVA R/1 Chefe da Seção de Pessoal do 5º/1º GCC

Hoje, o sucesso de uma Organização exige o cumprimento de exigências de qualidade, competência (envolvendo também gestão) e produtividade. Um dos valores corporativos da Organização é a sua inserção em uma cultura de inovação que a possibilite atender as expectativas e necessidades de seus usuários. As Organizações buscam excelência, utilizando-se de diversas práticas gerenciais e consideram que a inovação é um dos principais pilares de sustentação para serem bem-sucedidas nos serviços que prestam aos seus usuários.

Conceito de inovação Como forma de melhor explicar o conceito de inovação, reportamo-nos a Stal et al. (2006, p. 31), ao afirmarem que “inovação é um processo sistêmico, que envolve inúmeros atores que atuam seguindo lógicas e prioridades distintas, e que só se realiza em ambiente estimulante e catalisadores de competências e iniciativas de cada um”. Em seu livro “Nascimento da era caórdica”, Hock (2006, p.169) expressa que “nas circunstâncias certas, tendo apenas sonhos, determinação e liberdade para tentar, pessoas comuns fazem sempre coisas extraordinárias”. Nos momentos de crise econômica, como a que estamos vivenciando no mundo atual das organizações, cresce a importância estratégica da inovação. Os gestores, para que possam enfrentar a maioria dos dilemas advindos de uma crise, têm que desenvolver e implementar soluções inovadoras. JUBILEU DE PRATA - 5º/1º GCC

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Equipe técnica do 5º/1º GCC instalando bastidores no Shelter PAR

Cultura de Inovação Para exemplificar o contexto acima, vejamos uma grande ideia inovadora que surgiu no Quinto Esquadrão do Primeiro Grupo de Comunicações e Controle (5º/1º GCC – Zagal) e que representou um grande avanço operacional para atender as necessidades de um Esquadrão de Comunicações e Controle. Desde o ano de 2007, a equipe de técnicos do Esquadrão Zagal, sob orientação do Capitão Especialista em Comunicações Janilson Santos de Jesus, vinha trabalhando na concepção e no projeto de um novo Shelter PAR (Radar de Aproximação de Precisão P-2080), cujo objetivo principal era a separação do Radar PAR P-2080 dos radares ATCR-33 e SIR-7, integrantes do MGCA-FZ, instalado em Fortaleza desde dezembro de 1986. 22 JUBILEU DE PRATA - 5º/1º GCC

Finalmente, em 23 de agosto de 2009, o sonho - daqueles que, com criatividade e inovação se comprometeram com a idealização do projeto - foi concretizado: o novo Shelter PAR entrou em operação justamente no Torneio de Aviação de Reconhecimento, realizado na Base Aérea de Fortaleza (BAFZ). Porém, o batismo de fogo foi o seu deslocamento para a Base Aérea de Canoas (BACO), em novembro de 2009, para dar suporte à operação Comdaex-Laçador.

Práticas Gerenciais O grande benefício advindo do novo Shelter estava na área de logística. O transporte aéreo do PAR para um determinado aeródromo eram necessárias seis pernas de C-130, pois todo o sistema MGCA tinha que ser deslocado, em razão da integração dos três radares. Com esse projeto


Transporte do PAR-2080 separado do MGCA-FZ para a Base Aérea de Canoas

inovador, que possibilitou a separação do PAR-2080 dos demais radares do sistema MGCA, tornou-se necessário apenas uma perna de C-130 para a execução da mesma missão, o que representou uma considerável economia de esforço aéreo, de recursos materiais e de pessoal.

Sucesso nos resultados O comprometimento dos integrantes do 5º/1º GCC de criar e inovar, em busca de objetivos comuns, é uma ação cotidiana e evidencia o profissionalismo e a capacidade de seu efetivo técnico e operacional.

PAR 2080 separado do Sistema MGCA-FZ em operação na Base Aérea de Canoas

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O Sistema PAR 2000 Transportável vem mostrando sua eficiência na vetoração de aeronaves para pouso sob condições de baixa visibilidade, justificando o investimento em sua aquisição, em benefício da melhoria dos serviços prestados pelo Esquadrão Zagal aos usuários do Sistema de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro (SISCEAB).

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JUBILEU DE PRATA - 5ยบ/1ยบ GCC

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Entrevista

Missão

cumprida!

Por Capitão Especialista em Comunicações Jorge Luiz Bezerra da Silva - Chefe da Secretaria do 5º/1º GCC Fotos: Terceiro Sargento QESA SEL José Robertson Araujo Nogueira

Nas dependências do 5º/1º GCC, conversamos com os dois Capitães R1 QOEA CTA Mamede Sales Júnior e Nilton Sérgio Cavalcante Lopes, que participaram da implantação do Esquadrão Zagal, na cidade de Fortaleza. Como foi o início da história de vocês no Esquadrão Zagal? Nilton Sérgio - Comecei dentro do controle de tráfego aéreo militar, pois era controlador de tráfego aéreo no aeroporto internacional do Rio de Janeiro. Depois fui para Natal, RN, e fiquei por quase dois anos. Logo depois fui destacado para participar da implantação do 5º/1º GCC, isso em meados de 1986, juntamente com o Suboficial Bittencourt, hoje na reserva, que veio de Anápolis, GO, além de outros militares do 3º/1º GCC. Como nós dois tínhamos experiência na implantação do Sistema MGCA (Mobile Ground Control Approach) de Natal, fomos 26 JUBILEU DE PRATA - 5º/1º GCC

agraciados com a transferência e também ajudamos na implementação da parte concernente aos radares. Somos a primeira leva de controladores aqui do Esquadrão. Aí vieram agregados: o Suboficial Eurico Matheus Eilert, do Destacamento de Proteção ao Voo de Natal (DPV-NT) e outros militares de Fortaleza: Pinheiro, Mamede e Robson. E nós formamos um grupo de seis controladores. Mamede – Neste ano de 1986, estava fazendo o curso OP-017. Era militar do efetivo do então Departamento de Proteção ao Voo de Fortaleza (DPV-FZ) e o Esquadrão Zagal estava nascendo aqui na cidade. Meu nome não estava cotado para vir para o 5º/1º GCC, mas

sim nomes de outros colaboradores do DPV-FZ. Eles, por motivos particulares, achavam que o ideal era ficar lá na CAG (Circulação Aérea Geral). Por isso, eu e outro amigo demonstramos interesse em vir para cá e compor a equipe de controladores. Assim, em março de 1987, participei do primeiro curso ministrado aqui no Esquadrão Zagal para a operação do sistema MGCA-FZ.

Vocês poderiam descrever como era a rotina aqui no início? Nilton Sérgio – Obviamente tudo tem seu começo. Então, quando eu e Bittencourt chegamos aqui não existia


nenhuma sede do 5º/1º GCC nem portaria de criação. Nós nos estabelecemos em um auditório do Primeiro Esquadrão do Quarto Grupo de Aviação (1º/4º GAv), que agora está sendo ocupado pelo Centro Integrado de Operações Aéreas (CIOPAER). Ali se misturavam as áreas administrativa, técnica e operacional, tudo em um único salão, onde a “torre de babel” reinava. Neste mesmo local nós iniciamos o curso para os controladores recém-chegados para operar o sistema.

Foram vocês então, Nilton Sérgio e Bittencourt, os primeiros instrutores do curso? Nilton Sérgio – Nós tínhamos tudo que era necessário, um currículo mínimo para repassar aos demais controladores nossos conhecimentos e experiências do MGCA. Nós preparávamos transparências, elaborávamos as provas etc. Quando o equipamento chegou, nós passamos várias dias dentro do shelter, reaprendendo e ensinando aos novos controladores a operação daquele equipamento, que tinha lá certo grau de dificuldade operacional. Ele era diferente de tudo que a gente já tinha visto. Eu, por exemplo, só conhecia radar americano antes de chegar a Natal. Mamede, eu e os outros militares nunca tínhamos operado dentro de um radar. Antes de chegar para operar em um radar, víamos o avião, agora teríamos que aprender que o norte estava em cima e o sul estava para baixo?! Mamede – É, isso dentro de um escopo. Quando fui fazer o curso OP017, eu brinquei. Aprendi, então, que o norte estava em cima e o sul embaixo. Quando se trabalha em serviço convencional, dentro de uma torre, prestando serviço de controle de aproximação convencional, o controlador é levado a orientar sua posição no espaço, saber onde está a radial 360, 090, 180, 270, se localizar e depois, mentalmente, localizar as aeronaves em volta. Depois que fiz o curso, voltei com conhecimento de operação radar de terminal e aqui passei a rotina para esse grupo, ou seja, o Esquadrão todo. Nós ficamos “acampados” em um

auditório que já não se usava mais. O 5º/1º GCC ficou resumido àquele espaço do 1º/4º GAv. Ali no auditório existiam as Seções de Administração, Técnica e Operacional. E nestas mesmas dependências, próximo à plataforma do auditório, um quadro de giz e um retroprojetor, onde era ministrada a instrução para a operação do sistema MGCA, ou seja, tudo num mesmo ambiente! A cooperação de todos era algo fantástico, pois como é que se ministra uma aula para quatro pessoas em um auditório, quando este mesmo espaço também é ocupado pelos demais setores da organização? Quando terminamos a parte teórica, fomos para a parte prática, que requereu muito do grupo. A gente chegava aqui antes da decolagem da primeira aeronave do 1º/4º GAv, por volta das 5h45. Ligávamos o sistema, sentávamos nas posições, e aí já tínhamos todo um roteiro de como a instrução seria ministrada, qual era o controlador que iria sentar na posição de controle de terminal, quem é que ficaria na posição PAR, e aí o desempenho desses dois controladores alunos iriam ser observados, tanto pelo Bittencourt quanto pelo Nilton Sérgio. A última aeronave pousava por volta de 21h, 21h30min, quando terminava a instrução. Isto aconteceu diariamente, por um período de três meses! Nós nos formamos controladores PAR e também de terminal. Usávamos o conhecimento de operação radar de terminal na localidade e, mais ainda, em um equipamento cuja tecnologia era italiana.

Quais eram os requisitos mínimos, na época, para que o militar fosse homologado como controlador PAR? Quantos procedimentos eram necessários, já que atualmente são necessários 50 simulados e 50 reais? Mamede – Na verdade, o número permanece, só que não havia simulado. Teriam que ser realizados cem procedimentos reais com a aeronave xavante. Imagine que quatro controladores deveriam ser formados em PAR em três meses. Temos que louvar a in-

teração entre o 5º/1º GCC, ou o 1º GCC como unidade acima, com o 1º/4º GAv, ou com o Comando-Geral do Ar (COMGAR), para disponibilizar horas de voo para que os controladores do Zagal pudessem ser habilitados à condição de operador de radar de aproximação de precisão. Nilton Sérgio – E para se ter ideia desta dinâmica, não havia intervalo para almoço. O instrutor e o operador que não estivessem no controle no momento comiam uma “quentinha”, debaixo de uma mangueira que ainda está de pé, aqui ao lado do antigo galpão do Correio Aéreo Nacional (CAN). A gente terminava uma instrução, chamávamos o instruendo e íamos conversar lá debaixo da mangueira - que virou local do briefim e o debriefim. Mamede – Ela dava sombra e fruta. Naquele local almoçávamos e jantávamos, porque só saíamos dali tarde da noite, durante praticamente três meses. Mas a gente só foi descobrir porque foi tão intenso porque se você para a instrução por algum motivo, dificulta o aprendizado. Por outro lado, percebemos que ao final do ano nós participamos da primeira Operaer. O 3º/1º GCC se deslocou com todo seu sistema para Boa Vista (RR) e nós fomos dar suporte, agregar à equipe de controladores e também de técnicos de todos os Esquadrões do 1º GCC. O 1º/1º GCC participou das comunicações e os 3º/1º GCC e o 5º/1º GCC com a terminal e recolhimento PAR. Nilton Sérgio – Não só formávamos operadores de tráfego aéreo militar, mas também controladores de tráfego aéreo para operação da circulação aérea geral. Nós formamos os primeiros controladores de tráfego aéreo com base em radar em Fortaleza. Não só a aviação militar foi beneficiada.

Então o radar do 5º/1º GCC foi o primeiro no Ceará? Mamede – Sim, e para a habilitação dos controladores, Bittencourt e Nilton Sérgio conduziram a instrução. Eles dois passaram informações para mais JUBILEU DE PRATA - 5º/1º GCC

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quatro militares, formando um grupo e estes seis passaram para os demais, sucessivamente, até os dias de hoje.

Vocês comentaram sobre as dificuldades da falta de estrutura no início. Como foi a transição, desde a construção até a ocupação do prédio? Qual era a expectativa do pessoal? Nilton Sérgio – Quando chegamos aqui, ficamos em um antigo auditório do 1º/4º GAv. Algum tempo após começou a construção deste prédio que estamos agora. Realmente era somente uma área com cajueiros e mangueiras bem antigos, em que algumas árvores foram derrubadas para a construção da sede. A mobília chegou antes da entrega do prédio e ficou estocada. Já a expectativa era enorme, porque já tínhamos uma equipe operacional e técnica formada. Precisávamos de um local para arquivarmos todos nossos movimentos e nos organizarmos. Realmente, um auditório não era um local adequado para o funcionamento do esquadrão. Você imagina as pessoas falando, misturado aos sons das máquinas de escrever, então a expectativa da mudança era enorme. Mamede – Eu acho que a construção começou em 1986, eu trabalhava na torre do então DPV-FZ. Olhava para o setor da taxiway “D” e da pista de táxi “A”, que era utilizada pelas aeronaves do 1º/4º GAv, e a gente via as obras, os deslocamentos de caminhões e de tratores para a construção da plataforma que iria suportar o sistema MGCA, ali próximo da taxiway “A”. Isso ocorreu em 86, e em 87, como disse, vim para cá. A gente sempre vinha olhar o andamento das obras. Dizíamos, brincando, que estava sendo construído o “Castelo de Grayskull”, do desenho animado He-Man. Por fim, em 1987 a obra ficou pronta. Todo o efetivo do Esquadrão, do Major Berndt até o soldado mais moderno, estava com o nono uniforme, prontos para limpar todo o prédio. 28 JUBILEU DE PRATA - 5º/1º GCC

A sombra da mangueira virou local de briefim e debriefim

Só depois colocamos a mobília nos seus devidos lugares.

Algum de vocês dois se lembra como foi feita a escolha do nome “Zagal” para denominar os integrantes do 5º/1º GCC? Nilton Sérgio – Quando iniciamos a operação PAR, éramos conhecidos entre nós mesmos como “pastores”. Só que esta denominação “Pastor” é de outro Esquadrão. Um certo dia, o Major Berndt estava fazendo uma aproximação PAR, quando o hoje Suboficial R1 João Augusto Bittencourt falou: “Essa aproximação do Major é minha!” Ele sentou na posição e falou “Pacau tal, contato radar, aproximação PAR, no seu controle Zagal 01!” Eu estava escutando e notei aquele silêncio-rádio. Daqui a pouco o piloto respondeu “Positivo, continue!” e Bittencourt fez a aproximação, tudo perfeito. O Major Berndt, ainda com macacão de voo,

chama Bittencourt e diz: “Que diabos é Zagal!?” Bittencourt, sempre com aquele sorriso maroto, já estava com o dicionário debaixo do braço, abriu na letra Z e disse “Zagal, pastor, pegureiro, aquele que toma conta de seu rebanho”. Pronto. O curioso dessa história foi o silêncio-rádio, porque quando ele falou Zagal, eu senti a hesitação do Major Berndt.

Por quanto tempo vocês operaram este equipamento? Mamede – De 1987 a 19 de setembro de 1998. Nilton Sérgio – De 1984 a 1999, se não me engano.

Qual a impressão que vocês têm do equipamento antigo, já que o operaram por tanto tempo? O equipamento atingia as expectativas?


Nilton Sérgio – O sistema MGCA é transportável, então, conforto não havia tanto. As nossas telas de radar eram pequenas, mas atendiam a nossa necessidade, porque se nós fôssemos operar no estrito sentido de operação MGCA, a tela que nos apresentava era bastante, tendo em vista que a gente fazia recolhimento em um range de 10, 15 milhas. O retorno do radar primário era excelente, o radar secundário, a gente recebia, quando fizemos os testes de homologação e recebimento, uma aeronave fazendo toque e arremetida em Mossoró (RN), que é muito longe, ao cruzar quatro mil pés a gente já visualizava o secundário dele. Ao fazer uma aproximação PAR, a 40 milhas, eu já via o sinal da aeronave; nos PAR atuais o alcance é de no máximo 20 milhas. Mamede – O alcance do radar primário (ATCR-33) chegava a 75 milhas úteis. O secundário, para uma aeronave no nível 390, recebia retorno até próximo de Natal (RN). Então, o equipamento continua sendo, para mim, o melhor que já operei, e a funcionalidade que o sistema MGCA possuía era excelente.

Agora vamos conversar um pouco sobre nosso batismo de fogo. Você, Nilton Sérgio, que estava presente, juntamente com o Bittencourt, neste grande dia... Como foi que tudo aconteceu? Nilton Sérgio - O sistema MGCA era recém-homologado pelo Grupo Especial de Inspeção em Voo (GEIV) e como eu e Bittencourt ainda não tínhamos iniciado a instrução com os novos controladores, durante o expediente ficávamos dentro do shelter, acompanhando as aeronaves que faziam procedimento convencional, pois o APP ainda estava na Torre de Controle, ou seja, nós não fazíamos controle ainda. Aconteceu naqueles dias uma das maiores chuvas que tivemos no Nordeste. Teresina, Natal, Recife fechado e Salvador nas últimas. Uma aeronave, se

não me falhe a memória, já havia arremetido de outro aeródromo e alternou Fortaleza. O combustível dela já havia atingido um nível crítico. Então, foi aí que o piloto do Xingu, ciente do MGCA e, portanto, PAR em Fortaleza, solicitou o nosso socorro. Na posição de acompanhamento de terminal estava eu. Lembro-me que o Bittencourt entrou em contato com a Seção de Operações e avisou que era uma situação crítica. Então o procedimento foi autorizado e eu fiz a vetoração da aeronave para alinhá-la na final da pista 13. Eu me lembro muito bem que a chuva era forte e havia muito vento, nuvens pesadas e baixas. Entreguei para o Bittencourt, que com sua larga experiência anterior em Anápolis (GO), fez essa aproximação. Para se ter uma ideia, a aeronave só foi enxergar a pista depois da Altitude de Decisão (D.A.)

Houve outro caso real alguns dias após o batismo de fogo. Você poderia descrever? Nilton Sérgio – Eu estava na posição operacional como controlador da hora, e essa aeronave entrou em contato conosco, dizendo que estava com problema de combustível e talvez tivesse que fazer um pouso forçado. O piloto perguntou se a faixa de areia era muito distante, porque ele poderia pousar depois da arrebentação para tentar salvar todo mundo. Ele não tinha indicação de distância de Fortaleza, aí eu abri a nossa escala e consegui identificar um plot de radar primário, depois paguei um contato radar para ele, disse a distância e verifiquei a velocidade dele. Então, a partir da distância e o que ele tinha de remanescente de combustível, para encorajá-lo também, pelos meus cálculos, dizia que havia condições dele chegar à pista e, desta forma, não seria necessário fazer um pouso forçado ou seguir para o litoral. Desta forma, os tráfegos que estavam circulando foram afastados e as aproximações foram suspensas até ele pousar. O desespero era grande, pois cada vez que ele abria o microfone, nós escutá-

vamos o choro de crianças e mulheres. A própria voz dele estava trêmula, ele não acreditava que iria aterrissar em segurança. A sorte é que ele estava praticamente alinhado. Foi feita só uma pequena curva e eu disse “está alinhado, mantenha sua proa e informe quando visual com a pista”. Quando ele acusou, eu passei para a torre a posição e a situação de tudo que estava acontecendo. Ele realmente fez o pouso com segurança, porém o combustível, quando estacionou, não era o bastante para fazer uma arremetida.

Então foi fundamental essa visualização radar, ou seja, se não houvesse radar na época, possivelmente iria ocorrer um acidente? Nilton Sérgio – Se não houvesse o radar na época o piloto seguiria para a linha do litoral, tentaria pousar na areia ou, então, antes da arrebentação do mar.

Qual a impressão que vocês tiveram do novo sistema PAR2000 Transportável? Nilton Sérgio – Entrei no shelter novo e achei muito interessante, mas como dizem, os equipamentos modernos são para os jovens. Senti saudades do ATCR-33 e do PAR-2080. Mamede – Compartilho com o pensamento do Nilton Sérgio. Eu não sei se esse novo sistema permite que a gente divague... Por exemplo, quando a gente aqui esteve, estimulados pelo Bittencourt, que na época, lá na década de 80, nós nos preocupávamos em ter uma conduta com a degradação do Sistema. Então a gente fazia as mais diversas combinações, afinal de contas, o equipamento dispunha de quatro VHF variáveis e dois de escuta, com dois consoles de terminal e dois de PAR. A partir daí podíamos fazer “n” combinações. E nós fomos capazes, para testar, de fazer, em um mesmo escopo, dois procedimentos de PAR simultâneos, com frequências diferentes e com separação de 1,8 milhas, entre duas aeronaves xavantes. JUBILEU DE PRATA - 5º/1º GCC

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A HERÁLDICA DO 5º/1º GCC Escudo Francês, com Chefe em blau (azul ultramar), representando um dos vários tons dos metais dos equipamentos da Unidade, em função da prudência, abnegação e conhecimento que os mesmos exigem do homem para sua operação, carregando, ainda, a sigla da Organização: 5º/1º GCC, em prata (branco), ladeada à Destra e à Sinistra por duas estrelas cadentes, também em prata, representando os dois antigos Esquadrões (1º ECA e 2º ECA), de onde surgiu o atual grupo. Campo em blau (azul cerúleo), tendo à Destra, abaixo do Chefe, o Gládio Alado em jalne (amarelo), símbolo da Força Aérea Brasileira. No coração aparece um Escopo-Radar em vermelho representando a capacidade dominante do sensor básico do Esquadrão no controle aéreo e o espírito combativo do militar do 5º/1º GCC. Partindo do Flanco Sinistro para o Flanco Destro, descreve-se uma trajetória definida e rigorosamente medida, simbolizando a última fase do controle terminal, quando a aero30 JUBILEU DE PRATA - 5º/1º GCC

nave é recolhida, através de um preciso processo de aproximação. Sobrepondo-se ao radar, aparece uma jangada em jalne, simbolizando, na sua forma, o local do sítio-sede do Esquadrão. Sua cor representa a riqueza de tradições da Força Aérea Brasileira. Contorna o Escudo um Filete em jalne, designativo do Comando de Oficial Superior da Força Aérea Brasileira.


Hino

Esquadrão Zagal do

Letra: 2S MUS Sérgio de Castro Araújo Música: SO MUS Roberto Souza Pereira

I De dia ou de noite, com chuva ou com sol. Nossa voz no ar, o ideal. Segurança irradia. Os céus vamos controlar; na terra, tem ZAGAL. Estribilho: Quinto do Primeiro: certeza do pouso seguro. No regresso da missão, cumprida sem apuro. controlar, vigiar, vetorar. II Nos céus pilotos audazes; na terra, muito labor. Todos confiantes escutam a voz do seu pastor. Em manobras sem igual, porque somos ZAGAL. Estribilho: Quinto do Primeiro: certeza do pouso seguro. No regresso da missão, cumprida sem apuro. controlar, vigiar, vetorar. ZAGAL!

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