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EDITORIAL
Pioneirismo, inovação e reconhecimento
Esta é a primeira edição da Revista Aeroespaço da minha gestão como Diretor-Geral do DECEA. Externo com alegria o privilégio em fazer parte desta complexa estrutura e, a cada dia, reconheço a importância dos trabalhos conduzidos por todo o efetivo desta valorosa organização para o nosso país.
Tratando-se de uma revista que divulga os nossos, a Aeroespaço atua ainda como uma alternativa de comunicação entre a Direção-Geral e os nossos profissionais, motivo pelo qual destaco nesta publicação com mais detalhes os planos, as metas e os caminhos para o futuro do DECEA.
Nesta edição, apresentamos alguns dos importantes avanços tecnológicos e operacionais realizados pela Força Aérea Brasileira, por meio do DECEA, em benefício do usuário do transporte aéreo e da comunidade aeronáutica. No dia 22 de abril, entrou em vigor a implementação da Área de Vetoração em Subida e a retomada das Decolagens Paralelas Simultâneas no Aeroporto Internacional Juscelino Kubitschek, em Brasília, contribuindo para a segurança e fluidez das operações.
Destacamos também em nossas páginas os importantes pilares do DECEA – vigilância, controle e defesa aérea –, ações permanentes na garantia da segurança da navegação aérea em 22 milhões de Km2 sob nossa responsabilidade.
Outro tema de destaque é o Projeto Eco Norte, que inclui a reestruturação das Terminais Belém, Cuiabá e Manaus, proporcionando redução de tempo de voo, economia de combustível e diminuição da emissão de gases poluentes.
Estamos nos preparando para o futuro. O desenvolvimento do Radar OTH 0200 Skywave evidencia o pioneirismo do DECEA e representa um grande salto para a soberania tecnológica do Brasil.
Apresentamos, ainda, o trabalho de capacitação dos Elos Sociais para atuar nos Destacamentos e Unidades subordinadas em todo o território nacional. O investimento na formação desses profissionais reforça o compromisso com o bem-estar do nosso efetivo e de seus familiares.
Essa e outras ações mostram que estamos no caminho certo para manter o Brasil em posição de destaque no cenário mundial da aviação. Vamos seguir investindo em inovação, tecnologia e capacitação, permitindo, assim, que a nossa instituição siga trilhando o seu caminho de êxitos em prol de um controle cada vez mais efetivo do nosso espaço aéreo, de uma defesa aérea soberana e de um fluxo de tráfego aéreo seguro, ágil e confiável.
Desejo a todos uma ótima viagem pelas páginas da Aeroespaço.
Boa leitura!
Tenente-Brigadeiro do Ar Maurício Augusto Silveira de MEDEIROS Diretor-Geral do DECEA
O céu não é o limite, é o nosso domínio!
Tenente-Brigadeiro do Ar
Maurício Augusto Silveira de Medeiros
Com uma trajetória marcada por passagens nas áreas operacional, de relações institucionais e de ciência e tecnologia da Força Aérea Brasileira (FAB), o TenenteBrigadeiro do Ar Maurício Augusto Silveira de Medeiros assume o comando do DECEA com o desafio de conduzir uma das estruturas operacionais mais complexas e estratégicas do país.
À frente do órgão responsável por gerir mais de 22 milhões de km² de espaço aéreo, o Tenente-Brigadeiro Medeiros fala à Aeroespaço sobre planos, metas e os caminhos para o futuro da organização. Também compartilha sua visão sobre inovação, integração tecnológica, capacitação de pessoal e os avanços imprescindíveis para a manutenção da posição de destaque do Brasil no cenário global da aviação civil. Confira, a seguir.
REVISTA AEROESPAÇO | O senhor assumiu a Direção-Geral do DECEA após três anos à frente do DCTA. Como essa experiência no comando de um centro tecnológico estratégico influenciará sua gestão no controle do espaço aéreo?
Minha experiência à frente do Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA) foi essencial para consolidar minha visão sobre a importância da integração entre a pesquisa aplicada e as operações do dia a dia. Aprendi, na prática, como transformar inovação em resultados operacionais concretos. Trago para o DECEA essa mentalidade. É necessário inserir mais a academia nos processos de implementação de novas soluções e tecnologias no controle aéreo. A integração governo, empresa e academia é essencial.
Por Daniel MarinhO FOTOS: FABIO MACIEL
REVISTA AEROESPAÇO | O Brasil é reconhecido internacionalmente pela excelência em controle de tráfego aéreo, com indicadores comparáveis aos de nações desenvolvidas. Quais ações o senhor considera importantes para manter e elevar esse padrão nos próximos anos?
O Brasil construiu, ao longo de oito décadas, uma reputação sólida no cenário da aviação civil internacional. Somos membros do Conselho da OACI desde sua fundação, e nosso espaço aéreo, de 22 milhões de km², é um dos mais complexos e bem gerenciados do mundo.
Priorizaremos a otimização contínua dos sistemas operacionais atuais, garantindo que toda a infraestrutura de controle aéreo opere com máxima eficiência e confiabilidade. Isso inclui a manutenção preventiva dos equipamentos, atualizações regulares dos softwares e a permanente qualificação dos operadores.
Outros desafios, no entanto, irão surgir, especialmente com a evolução tecnológica dos sistemas, das demandas de voo e das novas modalidades de voo. Assim, monitoramos as tendências tecnológicas e regulatórias internacionais, adaptando-as à realidade brasileira quando comprovadamente vantajosas, e participamos ativamente de fóruns técnicos internacionais de aviação civil, para contribuir e aprender com as melhores práticas.
REVISTA AEROESPAÇO | Em 2024, 1,9 milhão de voos cruzaram o país. Quais são as perspectivas para 2025, especialmente considerando a retomada pós-pandemia e o crescimento da demanda?
O ano de 2024 marcou a plena recuperação do tráfego aéreo brasileiro, com crescimento de 8,7% em relação a 2023 e superando em 3% os níveis pré-pandêmicos de 2019. Para 2025, nossas projeções apontam um volume entre 2,05 e 2,1 milhões de movimentos aéreos, representando um crescimento adicional de 6% a 8%.
Será um acréscimo sustentado, o que nos motiva a continuar aprimorando nossa infraestrutura e processos. A prioridade é manter os índices de segurança enquanto buscamos maior eficiência operacional. Isso envolve desde a otimização de rotas até a expansão da capacidade dos sistemas, com foco na qualidade do serviço prestado aos usuários do espaço aéreo.
É importante consolidar esse crescimento com fluidez e pontualidade, reforçando a atuação do Centro de Gerenciamento da Navegação Aérea (CGNA) no gerenciamento de fluxo e promovendo o uso de soluções já consolidadas no país, como a Navegação Baseada em Performance (PBN) e o ADS-B. Também buscaremos ampliar a integração com órgãos internacionais, aperfeiçoar os planos de contingência e intensificar o uso de dados para decisões em tempo real. A retomada é uma oportunidade para evoluir com inteligência. Do mesmo modo, é necessário manter a avaliação permanente e a mitigação de riscos relacionados a interferências e ataques cibernéticos. As propostas incluem o diálogo ampliado entre os diversos setores do transporte aéreo, a atenção aos erros na interação homem-máquina e o investimento contínuo em ca-
pacitação e doutrina operacional, não apenas para os profissionais do controle de tráfego aéreo, mas também de meteorologia, cartografia, procedimentos e informações aeronáuticas.
REVISTA AEROESPAÇO | A aviação civil global passa por grandes transformações, como a integração de drones, eVTOL (aeronave elétrica de decolagem e aterrissagem vertical) e outras tecnologias relacionadas à mobilidade aérea avançada. Como o DECEA está se preparando para gerenciar essa complexidade crescente do espaço aéreo brasileiro?
A transformação da aviação é um processo em curso e irreversível. Só em 2024, foram realizadas cerca de 410 mil solicitações de voos de drones no DECEA, por meio do Sistema para Acesso ao Espaço Aéreo Brasileiro por Aeronaves Não Tripuladas (SARPAS), um aumento de 70% em três anos.
O DECEA atua proativamente para incorporar essas novas demandas com segurança e eficiência. Nossa abordagem combina um desenvolvimento regulatório robusto com adaptação tecnológica
gradual. Trabalhamos em estruturas que permitem a convivência segura entre operações tradicionais e inovadoras, sempre com foco na segurança. A flexibilidade e a capacidade de antecipação serão determinantes para gerenciar essa transição. No caso dos drones, já temos uma estrutura consolidada com o SARPAS NG, que integra as solicitações de acesso ao espaço aéreo de forma automatizada e em tempo real. Para os eVTOLs e a mobilidade aérea avançada, desenvolvemos estudos e simulações com parceiros institucionais e a indústria, sempre alinhados às orientações da OACI. O objetivo é garantir que essas operações coexistam com o tráfego convencional sem comprometer a segurança.
REVISTA AEROESPAÇO | O DECEA tem um efetivo de mais de 12 mil profissionais, entre militares e civis. Qual é a sua estratégia para capacitação e motivação dessas equipes diante de mudanças tecnológicas e operacionais?
Nossos profissionais são o alicerce de todo o sistema. O sucesso das operações depende diretamente do conhecimento, da habilidade e do comprometimento de cada um. Por isso, investimos continuamente em programas de formação e atualização, garantindo que a equipe esteja preparada para os desafios atuais e futuros.
A valorização do capital humano vai além da capacitação técnica, incluindo também iniciativas de bem-estar e desenvolvimento profissional. Essa
abordagem integrada do Fator Humano é essencial para manter uma força de trabalho motivada e qualificada.
Vamos mobilizar os programas de ensino no Instituto de Controle do Espaço Aéreo (ICEA), ampliar parcerias com instituições de ensino e incentivar a formação contínua em áreas como cybersegurança, automação e gestão de tráfego não tripulado. Também investiremos no reconhecimento por desempenho. A motivação nasce do sentimento de pertencimento e da clareza de propósito, e isso está no centro da nossa gestão.
REVISTA AEROESPAÇO | Qual mensagem o senhor gostaria de deixar aos profissionais do DECEA e à sociedade brasileira sobre suas expectativas para esta gestão?
Aos profissionais do DECEA, reafirmo meu reconhecimento pelo trabalho essencial que realizam diariamente. Juntos, temos o desafio e a oportunidade de escrever um novo capítulo na história do controle aéreo brasileiro. À sociedade, garanto nosso compromisso com a segurança, a eficiência e a inovação.
O céu não é o limite; é o nosso domínio, nosso espaço de trabalho. Onde termina para os outros, começa para a gente. Continuaremos trabalhando para que o espaço aéreo nacional seja cada vez mais moderno, seguro e preparado para o futuro. Com dedicação e visão estratégica, acreditamos que podemos manter, até superar, os padrões de excelência que nos tornaram referência internacional. Essa é nossa missão e nossa responsabilidade perante o país.
Terminal Brasília: quando a tecnologia encontra a inovação
Odia 22 de abril marcou a implementação da Área de Vetoração em Subida (AVS) e a retomada das Decolagens Paralelas Simultâneas Independentes (DPSI) no Aeroporto Internacional Juscelino Kubitschek, em Brasília.
Após intensos treinamentos dos controladores de tráfego aéreo do Controle de Aproximação (APP-BR) e da Torre de Controle de Brasília (TWR-BR), envolvendo o Primeiro Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (CINDACTA I) e o Instituto de Controle do Espaço Aéreo (ICEA), os profissionais estão altamente capacitados para executar as operações.
A Área de Vetoração em Subida, baseada em práticas internacionais, é um projeto do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA) que possibilita a realização de manobras em baixas altitudes para aeronaves em procedimento de decolagem ou aproximação perdida, mantendo toda a segurança para as aeronaves.
Por Telma Penteado e Denise Fontes fotos: Marcelo Alves e CINDACTA I
A ferramenta se aplica, especialmente, a situações de contingência, nas quais a separação entre aeronaves possa ser reduzida. Nesses casos, os controladores do APP-BR e da Torre emitem instruções de proas às aeronaves, dentro da área prevista na Carta AVS, conforme Acordo Operacional entre os dois Órgãos. Adicionalmente, ela permite uma utilização mais flexível do espaço aéreo próximo aos aeródromos, evitando conflitos entre as aeronaves durante decolagens simultâneas e arremetidas inesperadas.
O procedimento foi regulamentado na Circular Normativa de Controle do Espaço Aéreo (CIRCEA) 100-120, e a Carta AVS foi confeccionada pelo Instituto de Cartografia Aeronáutica (ICA). A Portaria entrou em vigor no dia 31 de março e a medida se aplica a todos os aeródromos integrantes do Sistema de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro (SISCEAB) que atendam aos seguintes requisitos:
Controladora de Tráfego Aéreo monitora pousos de decolagens na Torre de Controle de Brasília
• possuam Serviço de Controle de Aeródromo (TWR);
• estejam localizados dentro de uma Zona de Controle;
• possuam Área de Controle Terminal adjacente com serviço de Controle de Aproximação; e
• operem com serviço de vigilância de tráfego aéreo ativo.
O projeto da AVS é fruto de um trabalho conjunto entre todos os elos do DECEA, coordenado a partir do Grupo de Estudos de Planejamento do Espaço Aéreo (GEPEA), e contou com a colaboração de companhias aéreas e de associações nacionais e internacionais.
Segundo o Chefe da Seção de Planejamento de Gerenciamento de Tráfego Aéreo do Subdepartamento de Operações do DECEA, Tenente-Coronel Especialista em Controle de Tráfego Aéreo Sergio Kebach Martins, essa parceria foi fundamental para o desenvolvimento de soluções técnicas e operacionais alinhadas às melhores práticas globais, reafirmando o
compromisso do Brasil com a modernização e a excelência na gestão do espaço aéreo.
“Ao permitir a vetoração abaixo da altitude mínima de vigilância com base em critérios operacionais validados, ganhamos eficiência sem comprometer a segurança. Isso facilita a atuação dos controladores na vetoração em altitudes críticas, reforça a integração entre APP e Torre de Controle e contribui diretamente para a segurança e fluidez das operações, especialmente em aeródromos mais complexos”, afirma.
O Chefe do Subdepartamento de Operações do Departamento de Controle do Espaço Aéreo, Brigadeiro do Ar André Gustavo Fernandes Peçanha, destaca a relevância deste trabalho: “Reforçando a integração do Controle de Aproximação com a Torre de Controle, o DECEA contribui para a segurança das operações aéreas, especialmente em aeródromos mais movimentados e com infraestrutura adequada”, explica o Oficial-General.
Controladores
retomam as Decolagens Paralelas Simultâneas Independentes em Brasília
Controladores realizam treinamento no PLATAO
O PLATAO
A capacitação dos controladores, conduzida pelo ICEA, se deu por meio de treinamentos nos Consoles Remotos da Plataforma Avançada de Treinamento e Atualização Operacional (PLATAO).
Trata-se de um sistema de simulação de controle de tráfego aéreo que tem por objetivo apoiar a formação e atualização dos controladores de tráfego aéreo. A ferramenta cria cenários aéreos simulados com base em dados fornecidos pelo ambiente operacional e pode armazenar e executar exercícios para treinar em diferentes situações, com a possibilidade de alteração de cenários simulados sob demanda.
Com essa plataforma, os controladores simulam operações reais, permitindo uma interação em tempo real para aprimorar a tomada de decisão sob pressão.
“Esse treinamento intensivo nos coloca diretamente no ambiente operacional que enfrentaremos em um futuro próximo. A DPSI e a AVS trazem desafios técnicos e operacionais, e a simulação nos permite ganhar confiança e refinar nossa capacidade de resposta rápida”, afirma a Primeiro-Sargento Iveh Bortone, controladora de tráfego aéreo do APP-BR.
BENEFÍCIOS
A implementação da CIRCEA 100-120, disponível para consulta no Portal AISWEB e no AIP Brasil, aumentará a fluidez do tráfego aéreo e a padronização de procedimentos, promovendo a previsibilidade e segurança.
O Aeroporto de Brasília foi, ainda em 2015, o primeiro da América do Sul a operar com duas pistas paralelas e com separação lateral dentro das especificações da OACI. Com a retomada, nos horários mais concorridos, haverá variedade maior de opções de voos para os passageiros e a diminuição de casos de sequenciamento, quando há diversas aeronaves para pousar e decolar, implicando a redução do gasto de combustível e da emissão de gases na atmosfera.
“A combinação da DPSI com a AVS exige um gerenciamento rigoroso do espaço aéreo, consolidando o Brasil como uma referência na América do Sul”, declara o Brigadeiro Peçanha.
VIGILÂNCIA, CONTROLE E DEFESA AÉrea: OS
IMPORTANTES PILARES DO DECEA
Um trabalho ininterrupto para garantir a segurança da navegação aérea em 22 milhões de km²
POR DENISE FONTES FOTOS: FÁBIO MACIEL / LUIZ PEREZ
AForça Aérea Brasileira (FAB), por meio do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA), desempenha um papel crucial na garantia da segurança da navegação aérea. A organização reúne recursos humanos, equipamentos e infraestrutura com a missão de prover a segurança e a fluidez de mais de dois milhões de pousos e decolagens por ano.
É de responsabilidade do DECEA dotar o país de um sistema de controle de tráfego aéreo integrado, sendo o único no mundo que utiliza a mesma estrutura para as atividades de controle de tráfego aéreo e defesa aérea, o que resulta em economia significativa de recursos, procedimentos operacionais e, até mesmo, de tempo de resposta.
O DECEA possui centros de controles espalhados geograficamente, que fornecem, em tempo real,
o posicionamento de todas as aeronaves no território nacional. O tráfego aéreo brasileiro é um dos mais complexos e movimentados do mundo. Conectando cerca de quatro mil aeródromos a aproximadamente dois milhões de voos por ano, o país possui um sistema de controle aéreo vigoroso, com tecnologia de ponta e profissionais altamente qualificados que garantem a segurança de mais de 100 milhões de passageiros e um milhão de toneladas de carga transportadas anualmente.
Em um trabalho ininterrupto, os 4.635 controladores de tráfego aéreo da FAB atuam em seus órgãos operacionais, orientando os procedimentos de subida e descida, garantindo a separação entre as aeronaves nos espaços aéreos controlados e fornecendo informações aeronáuticas aos pilotos. Essas ações são fundamentais para que os voos sigam de forma segura e ordenada até seus destinos.
Os radares incorporam benefícios operacionais para o controle de tráfego e para a defesa das áreas fronteiriças, aumentando a capacidade de detecção de tráfego ilícito
Controladores do Centro de Operações
Militares atuam na interceptação de aeronaves pela FAB
Pela coordenação do DECEA, distribuídos pelo país, estão 58 Torres de Controle (TWR), 41 Controles de Aproximação (APP) e cinco Centros de Controle de Área (ACC). Com um serviço contínuo e de alta qualidade, o DECEA assegura que voos sigam conforme o planejado.
Essa alta disponibilidade e comprometimento têm sido reconhecidos internacionalmente. Na auditoria realizada pela Organização da Aviação Civil Internacional (OACI), em 2023, o Departamento obteve resultados que reafirmam a posição do Brasil como referência no setor. Em uma avaliação global preliminar, o Brasil alcançou 95,1% no Programa Universal de Auditoria de Supervisão da Segurança Operacional (USOAP), um índice que reflete o nível de aderência aos regulamentos e às práticas recomendadas pela OACI.
Controladores em operação na Torre de Controle do Galeão (RJ)
Militares se revezam 24 horas por dia para monitorar cada ocorrência
Defesa Aérea a serviço da soberania e proteção do país
Os controladores de operações aéreas militares executam a vigilância do espaço aéreo, 24 horas por dia, sete dias por semana; controlam a aeronave de alerta durante o voo; além de garantir a defesa aérea permanente das áreas de interesse nacional.
Todo esse esforço se soma aos mecanismos já existentes da Força Aérea, que emprega radares, satélites e aeronaves, cujo objetivo é a vigilância do espaço aéreo. Muitas dessas estruturas estão estrategicamente alocadas em áreas fronteiriças e buscam interceptar todo tipo de tráfego ilícito que possa estar levando armas, contrabando ou drogas. Impede, assim, esse fluxo ilegal para o território brasileiro, evitando que ele alcance os grandes centros, sendo uma das maiores contribuições da FAB em prol da segurança do país.
Pronta-resposta salva vidas
O Brasil se destaca na América do Sul e figura entre os países que melhor se preparam para atender às vítimas de acidentes aeronáuticos e marítimos. Todos esses esforços combinados resultam em uma estrutura capaz de fazer frente aos desafios que se apresentam diariamente ao Serviço de Busca e Salvamento Aeronáutico. Há um trabalho de pronta-resposta para salvar vidas que envolve uma rede integrada, monitorando possíveis incidentes 24 horas por dia.
Com atuação em uma área de 22 milhões de km², grande parte sobre o Oceano Atlântico e a Amazônia, o Sistema de Busca e Salvamento Aeronáutico (SISSAR) tem por objetivo a localização e o socorro de ocupantes de aeronaves ou de embarcações em perigo.
O SISSAR, que tem como órgão central o DECEA, é responsável pelo planejamento, pela normatização e supervisão da atividade. Além dos militares capacitados, há ainda aeronaves com tecnologia de ponta empregada para o cumprimento da nobre missão de salvar vidas.
Cabe ao Centro Brasileiro de Controle de Missão (BRMCC) verificar o sinal de alerta recebido por ocupantes de aeronaves ou embarcações em situações de perigo e transmiti-lo aos Centros de Coordenação de Salvamento Aeronáuticos (ARCC), conhecidos como SALVAERO, situados nos Quatro Centros Integrados de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (CINDACTA) – em Brasília (DF), Curitiba (PR), Recife (PE) e Manaus (AM) –, e/ou aos Centros de Coordenação de Salvamento Marítimo (MRCC), conhecidos como SALVAMAR, que assumem a missão de prestar o serviço de busca e salvamento.
Todas as informações são criteriosamente analisadas e, confirmando a emergência, é acionado o Comando de Operações Aeroespaciais (COMAE), para que disponibilize os meios aéreos que serão responsáveis por executar a missão de Busca e Salvamento. Todos estão de prontidão para servir o país e a população brasileira.
Tecnologia de ponta
O DECEA dispõe de modernos sistemas CNS/ATM (comunicação aeronáutica, navegação aérea, vigilância e gerenciamento de tráfego aéreo) estrategicamente distribuídos no território brasileiro, assim como profissionais abnegados e qualificados para o planejamento, normatização, manutenção, fiscalização e operação das complexas redes de comunicação.
Nos últimos anos, a Força Aérea Brasileira, por meio do DECEA, tem modernizado sua infraestrutura com novos radares e expansão da cobertura via satélite, melhorando a vigilância e a comunicação no espaço aéreo. Esses avanços proporcionam maior precisão no monitoramento e na resposta a situações críticas.
Atualmente, o DECEA opera uma rede de 7.079 equipamentos em todo o país, garantindo comunicação, navegação e vigilância aérea de forma contínua. Com uma disponibilidade operacional de 99,55%, esses sistemas são mantidos com altos padrões, assegurando a continuidade das operações, mesmo sob alta demanda.
“Os investimentos em tecnologia de ponta permitem à sociedade brasileira usufruir de um sistema de navegação aérea seguro, ágil, eficiente e alinhado às melhores práticas internacionais.
Esses serviços são conduzidos por profissionais altamente capacitados e preparados para executar a sua missão com excelência”, destaca o DiretorGeral do DECEA, Tenente-Brigadeiro do Ar Maurício Augusto Silveira de Medeiros.
Brasil mais conectado e seguro
Reunião com a comunidade aeronáutica fortalece vínculo entre o DECEA e os diversos setores da aviação
Por: Tenente Martorano
FOTOS: Luiz Perez
Pelo segundo ano consecutivo, o Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA) promoveu um encontro institucional com os segmentos que compõem a aviação brasileira. Realizada na sede do Instituto Histórico-Cultural da Aeronáutica (INCAER), no Rio de Janeiro, no mês de fevereiro, a reunião com a comunidade aeronáutica contou com a participação de representantes das companhias aéreas, associações, concessionárias aeroportuárias, órgãos governamentais, instituições e empresas parceiras.
Diante das premissas de discutir os desafios e as oportunidades perante as novas demandas do setor, o Comandante da Aeronáutica, Tenente-Brigadeiro do Ar Marcelo Kanitz Damasceno, destacou a iniciativa do DECEA para garantir um Brasil mais conectado e seguro.
“Considero a relação entre os segmentos que compõem o universo da aviação brasileira essencial para alcançarmos os melhores resultados. A Força Aérea Brasileira e o DECEA trabalham focados na questão da segurança da navegação aérea e, hoje, nosso país está entre os cinco primeiros com os melhores índices de segurança”, pontuou o Oficial-General.
Para o Diretor-Geral do DECEA, TenenteBrigadeiro do Ar Maurício Augusto Silveira de Medeiros, é fundamental estabelecer um canal de comunicação permanente entre todos os setores envolvidos com o transporte aéreo brasileiro. Órgãos governamentais, associações, operadores de drones, fabricantes de aeronaves, companhias aéreas, concessionárias, Estações Prestadoras de Serviços de Telecomunicações e de Tráfego Aéreo e empresas parceiras devem atuar em conjunto para discutir oportunidades de melhoria e implementar medidas que minimizem impactos na circulação aérea do país, garantindo segurança e fluidez ao tráfego aéreo.
Reunião da Comunidade
Aeronáutica
O DECEA desempenha papel fundamental no planejamento, normatização coordenação, supervisão e controle das atividades relacionadas à navegação aérea
A constante melhoria dos meios aéreos e o aumento do tráfego aéreo mundial, aliados ao desenvolvimento de novas técnicas de Gerenciamento do Tráfego Aéreo, demandam permanente evolução do Sistema de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro (SISCEAB). Neste contexto, o DECEA, como órgão central do SISCEAB, desempenha papel fundamental no planejamento, normatização, coordenação, supervisão e controle das atividades relacionadas à navegação aérea.
“A sinergia entre os diversos setores da aviação é o fator-chave para enfrentarmos os desafios econômicos, operacionais e de mercado. Destaco a importância deste encontro para reafirmar o nosso compromisso em manter um diálogo aberto e construtivo com a nossa comunidade aeronáutica e para preservar o respeito e a confiança conquistados perante a aviação mundial”, destacou o Oficial-General.
Diante de tantos desafios, o DECEA segue firme na busca pela excelência na segurança da navegação aérea, reafirmando seu compromisso com a modernização tecnológica e a gestão eficiente do espaço aéreo, por meio de uma governança conduzida com efetividade e economicidade, garantindo altos padrões de segurança e eficiência operacional.
“A nossa missão comum é assegurar que o Brasil continue avançando como um modelo de excelência na gestão do espaço aéreo e preservar o respeito e a confiança conquistados pela Comunidade Aeronáutica Brasileira perante a aviação mundial”, afirmou o Tenente-Brigadeiro Medeiros.
Encontro reuniu representantes das companhias aéreas, associações, concessionárias aeroportuárias, órgãos governamentais e empresas parceiras
"A Força Aérea e o DECEA trabalham focados na questão da segurança da navegação aérea", destaca o Comandante da Aeronáutica, Tenente-Brigadeiro do Ar Marcelo Kanitz Damasceno
Pioneirismo e tecnologia na defesa nacional
Contrato para o desenvolvimento do Radar Além do Horizonte OTH 0200 Skywave representa um avanço significativo para a soberania tecnológica do Brasil
Por Tenente Martorano e Denise Fontes Fotos: Marcelo Alves
Asoberania tecnológica do Brasil no âmbito da defesa aérea tem se fortalecido cada vez mais nos últimos anos. A mais recente iniciativa da Força Aérea Brasileira (FAB), tendo em vista o fortalecimento da base industrial de defesa, foi a oficialização do contrato entre o Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA), por meio da Comissão de Implantação do Sistema de Controle do Espaço Aéreo (CISCEA), com a empresa brasileira IACIT Soluções Tecnológicas para o desenvolvimento e implantação do Sistema de Radar Além do Horizonte OTH 0200 Skywave.
O radar OTH é um sistema de longo alcance, capaz de cobrir um raio de quatro mil quilômetros para alvos voando a cinco mil pés (1.500 metros) de altura. Essa capacidade melhora a vigilância aérea e complementa os sistemas radares atualmente empregados, permitindo detectar e localizar alvos aéreos a grandes distâncias e a baixas altitudes, bem como prover meios e infraestrutura suficientes para que essa capacidade esteja disponível de forma confiável e ininterrupta para o emprego da Força Aérea Brasileira.
A assinatura do contrato aconteceu durante a 15ª LAAD Defence & Security 2025, realizada no mês de abril, no Rio de Janeiro (RJ). Adquirido via Encomenda Tecnológica (ETEC), o desenvolvimento do radar para o Sistema de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro (SISCEAB) evidencia o pioneirismo do DECEA e representa um avanço estratégico para a Força Aérea.
“É a primeira vez que usamos a modalidade de uma Encomenda Tecnológica para aquisição de um radar para o SISCEAB. Para o DECEA, irá contribuir para aumentar a vigilância aérea e a capacidade de dar uma pronta-resposta no caso de uma ameaça ou invasão ao nosso espaço aéreo. Fará também com que o DECEA contribua cada vez mais para a missão da Força Aérea, que é manter a soberania de nosso país e, principalmente, garantir a segurança da nossa sociedade”, explicou o Diretor-Geral do DECEA, Tenente-Brigadeiro do Ar Maurício Augusto Silveira de Medeiros.
Para o Presidente da CISCEA, Major-Brigadeiro Engenheiro Alexandre Arthur Massena Javoski, a
Oficiais-Generais da FAB e representantes da IACIT durante a 15ª LAAD Defense & Security 2025
A tecnologia OTH reprenta um avanço estratégico para a Força Aérea Brasileira
aquisição e desenvolvimento do radar é de suma importância para o fortalecimento da base industrial de defesa e, sobretudo, pelo conhecimento desenvolvido. “O novo sistema radar proporcionará maior segurança do controle do espaço aéreo e da vigilância da Amazônia”, destacou o Oficial-General.
Tecnologia na defesa nacional
O Radar OTH 0200 Skywave tem como princípio a detecção de alvos de tamanho reduzido, a milhares de quilômetros de distância, ultrapassando a linha do horizonte. Eles são iluminados de cima para
O desenvolvimento do radar OTH 0200
Skywave para o SISCEAB evidencia o pioneirismo do DECEA e representa um grande salto para a segurança nacional
baixo através da reflexão, pela ionosfera, dos sinais emitidos a partir de uma fonte irradiante no solo. A tecnologia permite vigilância contínua de vastas áreas oceânicas e do espaço aéreo.
A implementação do sistema seguirá diversas etapas até sua prontidão operacional e emprego, todas em estreita correlação com as normas associadas ao processo de Encomenda Tecnológica. Dentre elas, destacam-se o delineamento do comportamento da ionosfera para implantação de sondas ionosféricas, a análise ambiental para adaptação do sistema ao local de implantação, fabricação de componentes, obras de infraestrutura, testes de integração local e remotos.
A IACIT, única empresa nacional a desenvolver e fabricar essa tecnologia avançada, acredita que o contrato reforça o compromisso da companhia com o avanço da tecnologia de defesa no Brasil. “O Radar OTH 0200 Skywave representa um grande salto para a segurança nacional, permitindo vigilância contínua e em tempo real em áreas estratégicas. Estamos orgulhosos de liderar esse projeto inovador que fortalecerá a autonomia tecnológica do país", destacou Luiz Teixeira, CEO da IACIT.
Por meio dessa inovação, o Brasil se junta a um seleto grupo de países que dominam a tecnologia OTH, ampliando a capacidade de monitoramento das fronteiras e do espaço aéreo.
PROJETO ECO NORTE
A reestruturação das Terminais Belém, Cuiabá e Manaus proporcionará redução de tempo de voo, economia de combustível e diminuição da emissão de gases poluentes
POR DENISE FONTES FOTOS: CGNA
O estado do Pará se prepara para receber a 30ª Conferência da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre Mudanças Climáticas (COP30) em Belém, em novembro deste ano. Nesse sentido, a implementação do Projeto Eco Norte pelo Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA) avaliza o comprometimento do estado brasileiro com os objetivos globais da Organização da Aviação Civil Internacional (OACI) em contribuir para um setor mais sustentável e ambientalmente responsável.
O Projeto coordenado pelo Quarto Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (CINDACTA IV) e pelo Instituto de Cartografia Aeronáutica (ICA), tem por objetivo otimizar a utilização do espaço aéreo permitindo uma distribuição mais eficiente das rotas de voo, proporcionando redução no tempo de voo, consumo de combustível e, por extensão, emissão de gases poluentes no espaço aéreo.
A iniciativa visa também à otimização das operações nas Áreas de Controle Terminal (TMA) de Belém, Cuiabá e Manaus, com o intuito de diminuir a complexidade nos procedimentos de chegada e saída das Terminais.
Ação conjunta
O projeto está sendo desenvolvido por meio de um trabalho conjunto entre diversas organizações do Sistema de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro (SISCEAB) e companhias aéreas.
Cada organização envolvida desempenha um papel fundamental na reestruturação das TMA. O Centro de Gerenciamento da Navegação Aérea (CGNA) coordena a simulação e a avaliação dos impactos operacionais no fluxo de tráfego aéreo, enquanto o ICA é o responsável pela nova concepção da estrutura do espaço aéreo, além da atualização das cartas aeronáuticas, essenciais para a navegação. O Primeiro e o Quarto Centros Integrados de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (CINDACTA I e IV), o Destacamento de Controle do Espaço Aéreo Eduardo Gomes
(DTCEA-EG) e o Instituto de Controle do Espaço Aéreo (ICEA) participam ativamente das simulações, garantindo a integração dos novos conceitos aos procedimentos já existentes.
“A execução do projeto será realizada em três etapas, com previsão de ser implementado em Belém, em 10 de julho de 2025; Manaus, em 7 de agosto de 2025; e Cuiabá, em 2 de outubro de 2025”, destaca o Gerente do Projeto Eco Norte, Capitão Especialista em Controle de Tráfego Aéreo Bruno da Silveira Topini.
As principais mudanças incluem a reorganização das trajetórias de chegada e saída, a implementação de novos procedimentos de navegação aérea e a reorganização dos corredores visuais. Com essas medidas, espera-se maior capacidade de gerenciamento do tráfego aéreo, além de redução da carga de trabalho dos controladores.
Treinamento virtual
Para validar a nova circulação das Áreas de Controle Terminal (TMA), os controladores de tráfego aéreo passaram por treinamento de Simulação em Tempo Real, nas instalações do Primeiro Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo, do Destacamento de Controle do Espaço Aéreo Eduardo Gomes e do Instituto de Controle do Espaço Aéreo. A capacitação contou com a participação de militares do CGNA, do ICA, do CINDACTA IV, além de profissionais dos Destacamentos de Belém, Cuiabá e Eduardo Gomes.
A iniciativa visa ter uma avaliação dos controladores dos Controles de Aproximação de Belém (APP-BE), Cuiabá (APP-CY) e Manaus (APP-MN) sobre as mudanças propostas no espaço aéreo da região, para garantir maior eficiência no gerenciamento do tráfego e aprimorar a segurança operacional.
A projeção de um aumento de até 120% na demanda atual e condições mais complexas de tráfego aéreo foram algumas das situações vivenciadas
DECEA, no escopo do Projeto Eco Norte, desenvolve novo conceito de espaço aéreo para Terminal Manaus
pelos profissionais. “O objetivo das simulações é avaliar a eficiência das novas trajetórias e, se necessário, realizar ajustes que garantam a fluidez e a segurança da nova circulação das Terminais. Os testes são fundamentais para observar o comportamento da nova circulação das TMA e propor aprimoramentos para assegurar a segurança e a fluidez das operações aéreas”, explica o Gerente de Simulação do Projeto Eco Norte, Tenente Especialista em Controle de Tráfego Aéreo Ricardo do Sul Milholi da Silva.
Benefícios
As mudanças propostas para as Terminais Belém, Cuiabá e Manaus estão alinhadas às alterações previstas no Projeto Eco Norte, con-
siderando a realização da COP30. A otimização das trajetórias objetiva não apenas aprimorar o fluxo do tráfego aéreo, mas também reduzir a emissão de poluentes, tornando o espaço aéreo brasileiro mais sustentável.
A nova circulação das TMA proporcionará benefícios diretos como maior eficiência no gerenciamento do tráfego, redução de atrasos, otimização do consumo de combustível e menor impacto ambiental. As companhias aéreas também serão favorecidas com trajetórias mais diretas e previsíveis, garantindo maior segurança e eficiência operacional.
O sucesso do projeto reafirma o compromisso do DECEA em promover um espaço aéreo mais eficiente e flexível, com foco em inovações e melhorias que beneficiem a aviação no Brasil e o meio ambiente.
Capacitação e apoio ao efetivo
DECEA capacita Elos Sociais para atuar nos Destacamentos e Unidades subordinadas
Por Tenente Fernandes Fotos: Luiz Perez
Aulas práticas com dinâmicas de grupo e estudos de casos também fizeram parte do curso
Em um esforço contínuo para aprimorar o apoio ao efetivo em localidades mais remotas, a Subdivisão de Gestão do Serviço Social do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA) lançou o Curso de Capacitação de Elos Sociais – APH009. O objetivo da iniciativa é promover a capacitação dos militares e civis para exercer a função de Elo Social, como intermediário entre o efetivo e o Assistente Social das Organizações Militares (OM) de referência.
Ao investir na formação desses profisssionais, o DECEA demonstra seu compromisso com o bem-estar do efetivo
Todas as turmas do curso APH009 acontecem no âmbito do Instituto de Controle do Espaço Aéreo (ICEA) e aplicam-se às OM subordinadas ao DECEA da guarnição do Rio de Janeiro, aos Destacamentos do Controle do Espaço Aéreo (DTCEA), aos Esquadrões do Primeiro Grupo de Comunicações e Controle (1º GCC) e ao ICEA.
Os chamados “Elos Sociais” são responsáveis por identificar e reportar questões que afetam o bem-estar dos militares e de suas famílias. Eles funcionam como um canal de comunicação entre o efetivo e as assistentes sociais do DECEA e dos Centros Integrados de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (CINDACTA).
Com o objetivo de torná-los ainda mais preparados para desempenhar suas funções, o curso oferece disciplinas como Panorama das Políticas Sociais e Legislações, Ética e Sigilo, Abordagens de Intervenção, Sistema de Serviço Social (SISESO) do Comando da Aeronáutica, entre outros. A instrução não ficou somente no âmbito da teoria. Aulas práticas com dinâmicas de grupo, estudos de casos e treinamento para manuseio dos instrumentos de trabalho também fizeram parte do curso.
Ao investir na formação desses profissionais, a Divisão de Assistência Integrada (DAIN) do DECEA demonstra seu compromisso com o bem-estar de seu efetivo, reconhecendo a importância de um suporte social robusto, especialmente em regiões onde o acesso a serviços pode ser limitado.
“Capacitar os Elos Sociais é uma oportunidade de fazer valer os efetivos direitos em receber benefícios, ações socioeducativas e promocionais com objetivo de impactar a qualidade de vida e o desempenho da atividade. Para nós, assistentes sociais, é a possibilidade de conhecer melhor as realidades locais
para adequação das nossas atuações em prol do efetivo”, declarou a consultora Assistente Social e Coordenadora do Curso, Ibla de Castella Martins de Azeredo Bastos Filha.
A turma de validação do projeto ocorreu entre os dias 24 e 28 de março e reuniu os Elos Sociais das unidades subordinadas ao Centro Regional de Controle do Espaço Aéreo Sudeste (CRCEA-SE).
“Esta experiência foi fundamental para proporcionar um entendimento das diversas possibilidades de atuações do Serviço Social na Força Aérea. Diante disso, retorno ao Destacamento do Galeão com a responsabilidade de perpetuar o aprendizado e a certeza de que podemos fazer muito pelos militares e seus familiares”, pontuou o Elo Social do DTCEA Galeão, a Terceiro-Sargento Controladora de Tráfego Aéreo Tainah Moraes Salgado.
De acordo com a DAIN, até julho deste ano, todas as unidades citadas terão sido contempladas pelo projeto, com cerca de 80 Elos Sociais formados
“Nosso objetivo, ao final do curso, é que todos estejam aptos para exercer suas funções, responsabilidades e competências, com comprometimento e ética, respeitando os limites de atuação e a supervisão do Assistente Social. Essa formação possibilitará que todo o efetivo presente no território nacional tenha acesso aos serviços socioassistenciais no âmbito do Comando da Aeronáutica e do DECEA”, finalizou a Chefe da Subdivisão de Gestão do Serviço Social do DECEA e Coordenadora do Curso, Tenente Assistente Social Paula de Lima Lopes.
Para definir as diretrizes e orientar a execução das atividades durante o projeto, foi publicado o Manual de Atuação dos Elos Sociais do Âmbito do DECEA (MCA 164-1).
Primeira turma reuniu os Elos Sociais do Centro Regional de Controle do Espaço Aéreo Sudeste (CRCEA-SE).
Conceito inovador no controle de tráfego aéreo
O conceito Comunicação e Vigilância Baseada em Performance será implementado na FIR Atlântico até 2026
Por Tenente Fernandes Fotos: Banco de Imagens
ODepartamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA) segue buscando maior segurança, eficiência e fluidez do espaço aéreo, a partir de critérios rigorosos de comunicação e vigilância.
Nos últimos anos, antes da pandemia da COVID-19, constatou-se um crescimento contínuo significativo no número de movimentos aéreos no Atlântico Sul (SAT), especialmente nas rotas que ligam a América do Sul à Europa (EUR/SAM). Esse cenário levou ao estabelecimento do Grupo de Gerenciamento de Implementação de Melhorias do Atlântico Sul (SAT-IMG), durante a 24ª Reunião para Melhorias dos Serviços de Tráfego Aéreo sobre o Atlântico Sul (SAT/24) da Organização da Aviação Civil Internacional (OACI), realizada
em junho de 2019. Nesse evento foi decidida a implementação do projeto Comunicação e Vigilância Baseada em Performance (PBCS) na área do Atlântico Sul, com o Brasil tendo firmado compromisso pela sua efetivação.
O PBCS é um conceito aplicado no controle de tráfego aéreo que se baseia na utilização criteriosa de tecnologias de comunicação e vigilância por enlace de dados, e possibilita menores separações entre as aeronaves em espaços aéreos remotos. O projeto para operacionalização do PBCS na Região de Informação de Voo (FIR) Atlântico, integrante do Programa SIRIUS Brasil, será gradualmente implementado até 2026.
A FIR Atlântico cobre uma vasta área sobre o Oceano Atlântico, incluindo o corredor EUR/SAM e a Área de Rotas Aleatórias RNAV do Oceano Atlântico (AORRA), duas regiões cruciais para o tráfego aéreo entre a América do Sul e a Europa, e a América do Sul e a África, respectivamente.
Nesse contexto, o PBCS surge como solução inovadora para superar as limitações de cobertura
radar e VHF em espaço aéreo remoto e, assim, aumentar sua capacidade baseando-se nas performances data link da CPDLC e do ADS-C, já implementados pelo DECEA na FIR Atlântico. “A implementação desse conceito exige a manutenção da qualidade do data link, esforços de desenvolvimento e atualização tecnológica para o sistema ATC (SAGITARIO), capacitação de recursos humanos, atualizações doutrinárias operacionais, assim como estabelecimento de paradigmas totalmente novos no SISCEAB relacionados à aquisição, avaliação e compartilhamento nacional e global de informações entre provedores de serviços de navegação aérea (ANSPs), reguladores e companhias aéreas”, avaliou o gerente do projeto, Major Marcelo Mello Fagundes.
Benefícios
A implementação do PBCS permitirá o incremento da capacidade do espaço aéreo, oferecendo, assim, uma série de benefícios significativos para os operadores aéreos, dentre eles, a economia de combustível e a redução das emissões de gases poluentes.
A sociedade perceberá os benefícios do projeto pelo desfrute de voos potencialmente mais rápidos, diretos e com menos turbulência.
Para ser elegível aos benefícios advindos do gerenciamento do tráfego aéreo sob o conceito PBCS, as aeronaves precisarão estar equipadas com as tecnologias embarcadas de comunicações e vigilância data link devidamente certificadas para o atendimento dos respectivos parâmetros de performance específicos requeridos, RCP e RSP.
Fases de Implementação
Considerando-se a significativa redução dos mínimos de separações horizontais e a necessidade de uma transição gradual para o novo cenário de separações reduzidas, a implementação do conceito PBCS na FIR Atlântico ocorrerá em fases. Na primeira, a separação longitudinal por tempo será de cinco minutos, mantendo-se a lateral em 50 NM (milhas náuticas). Na segunda fase, será implementada a separação longitudinal de 30 NM e a lateral de 23 NM entre os pares de aeronaves elegíveis. A terceira fase do projeto implementará o método de separação longitudinal baseado na distância empregando o conceito de Procedimentos de Subida e Descida ADS-C (ADS-C CDP), que permitirá separações logitudinais de até 15 NM quando uma aeronave na mesma rota for autorizada a subir ou descer cruzando o nível de outra.
Na rotina operacional do ACC Atlântico, a aplicação do conceito CDP resultará em melhor utilização dos níveis de voo, o que facilitará a transição entre diferentes altitudes e contribuirá para maior fluidez do tráfego aéreo, especialmente em condições meteorológicas adversas.
ANTES depois
“O PBCS, além de trazer benefícios imediatos para o tráfego aéreo, garantindo que a FIR Atlântico continue, com segurança, desempenhando um papel estratégico no transporte aéreo global, também é componente-chave na visão de futuro do DECEA”, complementou o Major Fagundes.
A previsão é de que a Norma do Conceito de Operações do PBCS na FIR-AO, a qual se encontra em fase final de elaboração, conforme a CIRCEA 63-12, entre em vigor no segundo semestre deste ano.
Decolagem Autorizada
Relatório de Performance ATM revela avanços significativos de pontualidade e segurança, consolidando a recuperação pós-pandemia
Crescimento consistente na movimentação aérea, ganhos em eficiência operacional, segurança e regularidade. O cenário, revelado pelo Relatório de Performance ATM do Sistema de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro (SISCEAB) referente a 2024, consolida a retomada da navegação aérea brasileira após os impactos da pandemia.
Segundo o documento, ao longo do ano passado, o Brasil contabilizou um total de 1,9 milhão de voos, representando um aumento de 7,4% em relação ao ano anterior. Considerando pousos e decolagens em território nacional, o número chegou a 2.854.884 movimentos. Destaque para a aviação comercial internacional, com um acréscimo de 16,4% de movimentos em relação a 2023.
O crescimento reflete a recuperação do setor e a intensificação das operações tanto na aviação comercial quanto na geral. A média diária de movimentos aéreos ficou em 3.973 voos, demonstrando o volume de tráfego gerido diariamente pelos órgãos do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA).
Pontualidade e resiliência
Entre os 20 maiores aeródromos do país, houve aumento no número total de voos. O Aeroporto de Guarulhos liderou com 289.944 movimentos aéreos, seguido pelos aeroportos de Congonhas (234.689) e Brasília (147.957). O sistema, porém, manteve-se resiliente. A pontualidade das partidas alcançou uma média de 80,6%, superando a meta estabelecida. Entre os destaques positivos, o Aeroporto de Campo Grande alcançou um índice de pontualidade de 88,7%, seguido pelo Aeroporto de Brasília, que registrou a melhor taxa de pontualidade de partida entre os aeródromos de maior movimento, com 87,8%. O Aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro, também obteve um desempenho expressivo, atingindo 87,7% e registrando um aumento de 7,3 pontos percentuais em relação a 2023.
“O desempenho do SISCEAB em 2024 comprova que é possível crescer com eficiência e segurança. Os resultados são fruto do trabalho coordenado de controladores, técnicos e gestores. A continuidade
desse esforço será essencial nos próximos anos”, afirmou o chefe do Subdepartamento de Operações do DECEA, Brigadeiro do Ar André Gustavo Fernandes Peçanha.
Gestão de fluxo e segurança
O Centro de Gerenciamento da Navegação Aérea (CGNA) coordenou, em média, 212 medidas diárias de balanceamento entre demanda e capacidade. O uso de restrições mínimas e medidas pontuais evitou impactos relevantes à malha aérea.
Também houve avanços no uso de rotas diretas e flexíveis, que reduziram o tempo de voo, o consumo de combustível e as emissões de gases de efeito estufa. “Essas melhorias impactam positivamente a eficiência operacional e a sustentabilidade da aviação”, destaca o oficial-general.
O relatório atribui o desempenho à atuação integrada dos órgãos do SISCEAB, aos treinamentos contínuos e ao uso de tecnologias eficientes. Também foi ampliado o uso de dados e indicadores (KPIs) para decisões operacionais em tempo real.
Distribuição do tráfego e controladores
A distribuição da carga de tráfego aéreo entre os Centros Integrados de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (CINDACTAs) se manteve equilibrada. O CINDACTA I, que cobre a região central do espaço aéreo brasileiro, concentrou 36% dos voos IFR. O CINDACTA II, responsável pelas regiões Sul e Centro-Oeste, respondeu por 24%. Já
o CINDACTA III (Nordeste e Atlântico) concentrou 21%, enquanto o CINDACTA IV (Amazônia) ficou com 19%.
No Sudeste, o Centro Regional de Controle do Espaço Aéreo Sudeste (CRCEA-SE), responsável pelas duas Terminais de Controle de Área (TMA) mais movimentadas do país, registrou uma média de 2.500 voos por dia. O órgão absorve a maior densidade de movimentos do país (10,62 voos por km²), evidenciando a concentração de operações na chamada ponte aérea Rio-São Paulo.
Atualmente, o SISCEAB dispõe de 5.367 controladores: 4.635 do Comando da Aeronáutica; 583 da NAV Brasil e 149 profissionais de outras organizações prestadoras de serviço de navegação aérea. Um efetivo que vem se mostrando adequado à demanda nacional de voos.
Impactos e perspectivas
O setor enfrentou, porém, desafios, como a suspensão das operações no Aeroporto de Porto Alegre, em maio de 2024, devido à tragédia que acometeu a região com enchentes. Parte da demanda foi absorvida pela Base Aérea de Canoas e pelo Aeroporto de Caxias do Sul, que registraram aumento nas operações.
A percepção dos usuários sobre os serviços também melhorou. Em 2024, 41,5% dos entrevistados avaliaram os serviços como “ótimos”, frente a 26,2% em 2023.
O DECEA, de todo modo, segue investindo em projetos estratégicos para modernização do
sistema. Entre os destaques de 2024 estão a adoção de Operações Baseadas em Trajetória (TBO) e a aplicação do conceito de Performance Baseada em Comunicação e Vigilância (PBCS) na FIR Atlântico (SBAO), com foco na eficiência e segurança das rotas.
Continuidade
O desempenho de 2024 ratificou a capacidade do SISCEAB de operar com segurança, eficiência e resiliência. Entre os desafios futuros estão a integração de dados entre sistemas, o aumento da
automação e a ampliação de tecnologias, como, por exemplo, as torres digitais remotas.
O DECEA também mantém foco na formação contínua de controladores e no alinhamento com tendências internacionais. “Nosso objetivo é manter o Brasil entre os países com maior confiabilidade operacional no cenário global”, conclui o Brigadeiro Peçanha.
Com investimentos em tecnologia, melhorias na gestão do tráfego e evolução nos serviços, o SISCEAB segue preparado para sustentar o crescimento da aviação brasileira.