Viver 8 - Turismo e Desenvolvimento Local na BIS

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atirando pedrinhas na poça

To chuta stones na poolcinha mister Cuncas? Tá-se mesmo a ver que o camone quer que lhe vão ao pêlo. Aparecem por aí uns passeantes, quase sempre solitários, com ares distraídos a olhar o “habitate” cá dos Cuncas (eles agora chamam-nos “atótones” para nos ofender), como se nós, lá por sermos calhaus, também sejamos burros! Mas… um dia destes, levam com umas cuncas das grossas na toutiço que nunca mais se alevantam (pensamentos do Abel em Cunquês). – Mais do que palavras, eram estes os pensamentos do nosso estimado Abel Cuncas, enquanto rolava, empurrado por suave corrente, a caminho do mausoléu da Velha Cuncas sua tetra avó, jazente nas margens do Erges, a jusante dos moinhos de Segura. Furioso… e inquieto, o nosso Abel lá continuava a pensar alto. – Querem assustar-nos, é o que é! Agora que escapei das enxurradas destes dias chuvosos, nem queiram saber o que sofrem as e os Cuncas cá da nossa pouco amada BIS com estas correntezas cruzadas puxando em diferentes sentidos. O meu primo Belinho, o de Segura, é o mais sortudo, vive no leito calmo do Erges. O resto da família esteve quase a desaparecer! Por muito pouco que não éramos todos atirados para fora da BIS, para os lados, uns para a Cova, outros para a Serra, outros para o Pinhal, outros ainda, para o fundo do Geo Tejo… já pensaram! Se tivéssemos ido parar ao “Geo” engolidos pelo poço sem fundo do tempo! Lá se iam todas as nossas histórias para a boca e para os livros dos “camones”, esses que agora andam para aí a dizer que temos é de falar estrangeiro, porque os “Bisenses”, cá os das terras da AÇAFA e do Rei Wamba, não nos ligam nenhuma.

O meu tio Luzidio, que costuma rolar pelos baixios do Ponsul, até já nos veio dizer que agora é que vai ser bom… que se esperam uns milhões de chineses e de outros êzes que já não me lembro, para nos regalarem com muitas casquinhas de fruta e latinhas várias para ajudar a parar as correntes bravias e transparentes dos nossos bravios e limpos ribeirinhos. Se não fossem as minhas eternas desconfianças nas “farturas anunciadas”, e a inesgotável confiança que deposito na força dos Cuncas e de todos os atótones (como eles agora nos chamam), preferia morrer já, a ter de ficar fechado nessa concavidade do parque Geo, guardado e regulamentado por interesses que podem não ter a ver com a minha sustentável felicidade. Como a esperança é a última a morrer, e estas coisas do outro mundo ainda estão apenas anunciadas aos ventos das boas vontades, estejamos calmos, muitas outras ondas passaram por nós desde que da areia nos formamos e ainda continuamos a rolar! Se nos tratarem com estima e consideração, talvez ainda possamos rolar todos para o tal GeoPark do nosso poderoso parente, a quem agora chamam de NATUR, como se alguém não soubesse que o seu nome, como o do meu cão, é, com Geo ou sem Geo, apenas e só… Tejo! E fica na fronteira sul da nossa BIS. • Vosso incondicional servidor:

Abel Cuncas Dos Cuncas da Beira Interior Sul – BIS


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