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‘14 NESTA EDIÇÃO DESTACA-SE: DO EDITOR 03 “Se estiver em águas profundas e não nadar, mesmo que o saiba fazer, afoga-se, suicida-se. Se souber ler e não der uso a esse saber, acontece-lhe o mesmo, afunda-se na ignorância, isola-se socialmente, afunda-se”.
GRANDE TEMA 04 “Naturalmente, a Igreja, no seu conjunto, e a grande maioria dos professores reagiram negativamente a uma invenção tão subversiva. Como era possível que a produção e difusão de obras escritas saíssem do ambiente protegido e bem controlado dos copistas monacais para se espalharem por uma qualquer oficina e caírem assim nas mãos de possíveis revolucionários, heréticos e inimigos da religião e do rei? Por seu lado, os professores receavam perder a sua relevância, uma vez que os alunos passariam a obter nos livros todos os conhecimentos necessários”. “Em países como Portugal, com uma “incoesão” social, económica e cultural profundamente estruturada e enraizada, foi possível até quase aos nossos dias restringir a possibilidade e a capacidade de a grande maioria das mulheres e homens acederem ao “mundo das letras”. “Antes do mais, a escrita é a forma que a oralidade da palavra encontrou de se fazer mais memória. Ao encontrar um suporte que não estava no corpo, a palavra amplificou a sua imagem, que deixou de ser simplesmente sonora e passou a ser também visual e gestual. Mas uma e outra coisa continuam indissociáveis”. “A verdade, porém, é que nunca a Escola Pública (e até as suas variantes privadas) integraram nos seus currículos os outros saberes, transmitidos e refinados através dos séculos por analfabetos que demonstraram que a sua incapacidade de ler e escrever os não impedia de se assumirem com absoluta consciência reflexiva, de que é exemplo ilustrativo a poesia popular, em que nos deparamos com verdadeiras e profundas teses e sínteses filosóficas produzidas por analfabetos”.
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