Viver 6 - Artesãos e Artes Populares da BIS

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Uma vida em serviços públicos, um quarto de século a engrandecer e a melhorar os serviços da Santa Casa da Misericórdia de Castelo Branco. Trazemos hoje a esta tribuna de ilustres e exemplares Cidadãos da BIS, um homem não muito grande de talha, mas um “enorme”

Texto e fotos: Camilo Mortágua

Ao vê-lo, com um sorriso de calmo e suave pôrde-sol, de gesto delicado pouco “castrense”, quem diria que está ali um Senhor Coronel de Infantaria, com grande “tarimba” adquirida em muitos quartéis do País e por terras de Angola e, sobretudo, Moçambique, das mais “quentes” em tempos de Guerra e de Paz, como são Tete e Niassa. De pose discreta e quase tímida, detecta-se no seu olhar atento e calmo a atenção com que nos escuta. Fala pausadamente e com satisfação profunda da “sua” obra à frente da Provedoria da Santa Casa da Misericórdia de Castelo Branco, mas não esquece as suas variadas passagens por Castelo Branco, onde sempre acabou por retornar, após as muitas deslocações impostas pela sua carreira militar. Embora não o expresse, nota-se-lhe o apego a estas terras e gentes, a satisfação que lhe sustenta a vida por quotidianamente poder contribuir para aliviar o sofrimento de tantos conterrâneos seus. É natural de Toulões, concelho de Idanha-a-Nova. Frequentou a escola primária de Salvaterra do Extremo, quando mesmo tendo de andar cinco quilómetros a pé para ir às aulas, muitos eram os colegas que alegravam o caminho… – Outros tempos! Completou a sua formação no Liceu Nacional Nuno Álvares, em Castelo Branco, na Escola do Exército na Universidade de Coimbra e com diferentes cursos militares da arma de infantaria e no Instituto de Altos Estudos Militares, em Caxias, aqui para o curso de promoção a Oficial Superior.

Entre 1946 e 58 comandou várias companhias da GNR em Idanhaa-Nova, Castelo Branco e Évora. Militar disciplinado e respeitador das orientações hierárquicas. Em 31 de Julho de 1974, saiu voluntariamente de Governador do Distrito do Niassa (Moçambique), onde desenvolveu meritória actividade social e administrativa. Em Setembro de 74, foi nomeado 1º comandante do Regimento de Infantaria de Castelo Branco de onde transitou para chefiar o Distrito de Recrutamento e Mobilização, até Fvereiro de 1980, data da sua reforma da vida militar. O Coronel José Guardado Moreira, Homem de Missão e de missões, lamenta que hoje exista muito menos disponibilidade para o voluntariado do que antigamente. – “cada vez é mais difícil encontrar gente responsável e honesta que se disponha a ajudar benevolamente o seu semelhante”. Embora consciente das dificuldades que enfrenta para levar a cabo a sua ambição de engrandecimento contínuo da Santa Casa, não é homem de esmorecer ou desistir. Nisto, tenacidade e firmeza na persecução dos seus objectivos; vem ao de cima a sua formação e vivência militares, mas… de onde lhe vem então a sua paixão pelo serviço social? Será que a vida militar, sobretudo a vida militar passada fora dos quartéis e em contacto directo com o sofrimento de pessoas reais, quase sempre fragilizadas moral e economicamente, está na origem dessa paixão? Segundo o Senhor Coronel nos contou, a sua ida para a Provedoria da Santa Casa é mais obra do acaso e da influência de amigos e familiares que de outra coisa qualquer. Será mesmo assim? Retirado da vida militar em 80, assume a Provedoria em 85. A inactividade resultante da reforma de uma pessoa activa e de acção, a tentação de deixar obra para a história e a sensibilidade própria para o sofrimento dos outros devem ter sido também factores de peso para alimentar esta grande entrega ao serviço da Comunidade. Como o mais importante de tudo são os resultados (os porquês são secundários), eles ilustram e valorizam sem sombra de dúvidas a obra de um exemplar Cidadão que muito respeitosamente saudamos e encorajamos a continuar. •

Tribuna da Cidadania

Cidadão albicastrense!


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