Aquedutos de Portugal

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Aqueduto das Nove Janelas Ponta Delgada

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a Ilha de S. Miguel, enquadrado na bonita paisagem açoriana, surge um curioso aqueduto construído em 1830 e destinado ao abastecimento de água à cidade de Ponta Delgada. Através do aproveitamento das nascentes da Lagoa do Canário e das Lagoas das Empadadas, a água proveniente destes mananciais era aduzida graviticamente, vencendo diversas barreiras orográficas, até chegar ao seu destino. Com a entrada em funcionamento deste aqueduto assistiu-se ao rápido desenvolvimento urbano de Ponta Delgada, facto que contribuiu para a sua prosperidade económica, chegando a ser no século XIX, durante a sua época áurea, a terceira cidade mais importante de Portugal. O troço mais emblemático deste aqueduto de basalto, que integra a arcaria de maior monumentalidade, é conhecido na região pelo “Muro das Nove Janelas”, em virtude dos seus nove arcos sobrepostos, cinco superiores e quatro inferiores, permitirem a sua travessia sobre um vale existente na Serra da Devassa. Para além deste magnífico troço, considerado uma das mais belas construções hidráulicas micaelenses, existe um segundo de maior extensão designado por “ Muro do Carvão”, edificado com arcos de volta inteira suportado por contrafortes. Ambos

os muros foram construídos com estas características de forma a resistir aos fortes ventos que, por vezes, se fazem sentir naquele lugar. Em 1869 e sobre esta importante obra hidráulica, fazendo referência ao efeito dos ventos, o escritor Joaquim Cândido Abranches publicou no Álbum Micaelense: “No meio das serras, na que tem o nome de serra Devassa, por ser logradouro público, e quase junto à sua nascente, há uma série de arcos por cima dos quais passam as águas, tendo de distância em distância vigias. No começo destes há um elevado muro reconstruído em 1830, a que se dá o nome de muro das nove janelas, em razão de outras tantas aberturas em forma de pequenos arcos que tem; no meio há um grande servindo de base e dando escoamento às águas que da serra emanam; quatro outros pequenos ficam acima deste e em andar superior mais cinco nos intervalos dos quatro. Estes arcos ou janelas foram abertos para dar passagem ao vento que com fúria reina naqueles lugares, no Inverno.” Embora desactivada, esta obra oitocentista apresenta-se como um importante testemunho na história do abastecimento à capital da ilha de S. Miguel, integrando actualmente diversos roteiros turísticos e percursos pedestres, sendo por isso um monumento de visita obrigatória e a preservar.

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