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Aqueduto de Vila do Conde

A história deste monumento está ligada ao Mosteiro de Santa Clara, o qual vinha reivindicando desde a sua fundação, em 1318, o fornecimento regular de água para os seus inquilinos. Durante mais de três séculos foram muitas as vontades e vários os esforços para solucionar o transporte de água até ao claustro da abadia.

Apesar das tentativas, só nos finais do século XVI surgiram os primeiros projectos para a construção do aqueduto, executados muito provavelmente pelo o arquitecto Filipe Terzi, autor de importantes obras portuguesas executadas nos finais do século XVI, distinguindo-se como projectista de outro notável aqueduto, o de Pegões Altos, em Tomar (1593). Este prestigiado técnico italiano, terá sido requisitado pelo jovem rei D. Sebastião, acompanhando-o a Alcácer-Quibir, na qualidade de engenheiro superior.

Desconhecendo-se o motivo, as freiras não deram ao projecto quinhentista a desejada realização e, somente, em 1628, foi retomada a ideia da edificação da obra, resultante da compra da Fonte do Pinheiro pela abadessa Dª. Maria de Meneses. Esta mina estava situada em Terroso, a cerca de uma légua do mosteiro, tendo sido vendida por Francisco Carneiro, por 250 000 reis.

Até 1636, foram realizados diversos investimentos, designadamente, a compra e expropriação de terrenos e a construção de alguns arcos, pelos quais passaria o cobiçado encanamento, tendo sido gastos mais de 15 000 cruzados.

No entanto e alguns anos após o início das obras, o empreendimento seria abandonado, devido à falta de pagamento das rendas às irmãs clarissas e, consequentemente, pelo endividamento do mosteiro. Por outro lado e sob ponto de vista técnico, constataram-se falhas de nivelamento entre os arcos, considerando ainda que estes eram demasiadamente baixos para garantir eficazmente o abastecimento de água entre a nascente e o convento. Este último pretexto terá sido determinante para a não conclusão do aqueduto, obrigando a suspensão imediata da obra.

O segundo aqueduto, tal como se apresenta actualmente, foi desenhado pelo engenheiro militar Manuel Pinto de Vila Lobos. As obras orçamentadas em 14 contos de reis, foram iniciadas em 1705, sob a direcção dos mestres João Rodrigues e Domingos Moreira.

Para justificar a rapidez da construção e os baixos custos do aqueduto, foram fundamentais os factores geológicos e humanos. Por um lado, a abundante massa rochosa existente na região, necessária para extracção de pedras utilizadas na edificação dos arcos. Por outro lado, pelo facto de residirem nas redondezas muitos e bons pedreiros e mestres de cantaria. Ao mesmo tempo, o rei D. Pedro II, fez dispensar da vida militar todos os mancebos que trabalhassem na construção desta grandiosa obra, com cerca de cinco quilómetros de extensão e 999 arcos em volta perfeita, desde Beiriz até ao Mosteiro de Santa Clara.

A água transportada pelo Aqueduto de Vila do Conde, chegou pela primeira vez à fonte monumental instalada no claustro do referido convento, no dia 20 de Outubro de 1714.

Considerado um dos mais elegantes aquedutos de Portugal, na opinião de muitos cronistas, referindo-se à sua beleza e ao seu traçado, irrompe por dois concelhos vizinhos da paisagem do Douro Litoral, o da Póvoa do Varzim e o de Vila do Conde

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