Análise estética visual: uma abordagem sobre edifícios públicos tombados de Natividade-TO

Análise estética visual e arquitetônica: uma abordagem sobre edifícios públicos tombados de Natividade-TO

Para introduzir...

Este trabalho se baseia em uma análise estética visual e arquitetônica de alguns edifícios públicos tombados da cidade de Natividade-TO. A escolha do tema se deu com o conhecimento de que o tema estética é muito importante na arquitetura, uma vez que se conecta a percepção das pessoas e a própria imagem que o edifício passa. Nessa análise foi abordado um pouco sobre os estilos coloniais, contextualizou-se Natividade com sua história e importância cultural e por fim, a partir desses itens anteriores, observou-se como alguns edifícios públicos da cidade se comportam, através da sua arquitetura como um todo e principalmente dos elementos que compõem suas fachadas.

Da importância da estética...

Antes de iniciar os estudos seguintes é preciso saber que a estética é uma especialidade filosófica que visa investigar a essência da beleza e a base das artes. Ela procura compreender as emoções, ideias e juízos que são despertados ao observar um objeto.

Sobre a riqueza cultural, arquitetônica de Natividade...

O uso da estética nesse trabalho vai acontecer tendo o objeto de estudo a cidade de Natividade, ou mais precisamente alguns dos seus edifícios tombados. Ressalta-se Natividade pois a mesma, por ser uma cidade histórica, detém de um rico acervo arquitetônico e cultural, e dessa forma vos apresenta como o cenário ideal de análise.

Contextualisando Por ser o primeiro arraial e vila, bem como depois cidade fundada no estado, Natividade passou pelo período do Brasil enquanto colônia e enquanto império, e dessa forma possui forte riqueza cultural, que foi reconhecida pelo SPHAN (atual IPHAN) a partir da década de 1980.

Pontos cruciais para os potenciais históricos e arquitetônicos de Natividade foi o ciclo do ouro, que condicionou seu surgimento, todavia ainda com a crise desse extrativismo, a pecuária condicionou uma pujante economia que impulsionou a estabilidade da região.

O Processo de Tombamento n° 1,117-T-84, relativo à solicitação da inscrição da cidade de Natividade/GO (hoje Tocantins) nos livros do Tombo da SPHAN, teve o pedido de tombamento do Conjunto Urbanístico, Arquitetônico e Paisagístico da cidade de Natividade/GO encaminhado à Coordenação do Setor de Tombamento da DTC/SPHAN, feito por Helena Mendes dos Santos, arquiteta da DTC em 8 de agosto de 1985 (PORTO, 2011). O identificado processo de tombamento reconheceu a importância do centro histórico de Natividade, trazendo mais de 200 prédios tombados dentre residenciais, comerciais, públicos, cada um com sua peculiaridade arquitetônica.

Fonte: LOPES, 2019

Prédio da Ação Social O edifício está localizado na Rua Major Júlio Nunes, n°18, ao lado da Praça Leopoldo de Bulhões, no centro de Natividade. Não se sabe ao certo quando se deu a sua construção, contudo, para muitas pessoas é possível que o mesmo tenha em torno de 100 anos, pela aparente estrutura, característica e uso.

Observando seu plano superior, nota-se uma a planta usa da forma mais ou menos em u, criando assim um pátio central/quintal no fundo do lote; No plano arquitetônico essa forma que condiciona o pátio é bastante relevante; A fachada frontal possui uma parede aparentemente reta, alinhada ao traçado urbano recorrente à via; A fachada se compõe de cores pastéis, como a pintura em azul claro sobre o reboco e a cor creme nas esquadrias de madeira; Não existe ornamentação, o que dá a entender que o estilo colonial acontece de modo bastante simplório no edifício; O telhado em duas águas, novamente confirma o caráter de simplicidade arquitetônica do edifício; Fonte: IPHAN adaptado, 2020.

Prédio Casa de Cultura Amália Hermano O edifício está localizado nas esquinas da avenida Deocleciano Nunes com a praça de São Benedito, ponto bastante movimentado da cidade, onde passam diariamente grande fluxo de veículos. Considera-se que sua construção é datada do século XVIII, tendo forte relação com a igreja de São Benedito, que também foi erguida na época. Seu entorno é caracterizado pela presença de demais edificações tombadas, umas mais preservadas que outras.

Elementos decorativos em relevo – sobrevergas em formato curvilíneo, frisos, pilastras, etc. - que se incorporam ao exterior do edifício, revelam as características de um ecletismo simplificado, comum às edificações do final do século XIX, face à circulação de riquezas geradas pela cultura da pecuária na região; Os elementos decorativos expressam a releitura do modelo erudito com sabor popular decorrente da presença, nessa época, da mão de obra qualificada.

Embora as pilastras não possuam função estrutural, prestam-se como elementos importantes na determinação de modulação e ritmo à extensa fachada principal; A cornija oferece equilíbrio ao conjunto da modenatura, prestando-se ao ajuste do excessivo espaço contido entre a verga e o beiral; O aspecto colonial pode ser identificado pelos sistemas construtivos de feitura rudimentar, constituídos pelas paredes de adobe, cobertura em duas águas com cumeeira apoiada sobre paredes, revestido com telha capa-canal e beiral de cachorros de madeira, recorrentes em Natividade desde a sua formação, na segunda metade do século XVIII;

Fonte: IPHAN adaptado, 2020.

Prédio da Antiga Cadeia Pública O edifício está localizado na esquina da avenida Filadelfo Nunes, com a praça Leopoldo de Bulhões, levando entender que está em uma região fortemente movimentada da parte central da cidade. Como a maioria dos edifícios do centro histórico, pode-se considerar que o mesmo seja datado do século XVIII, havendo todavia reformas com o tempo.

Os elementos decorativos em relevo como as sobrevergas em formato curvilíneo, frisos, pilastras, etc. - que se incorporam ao exterior do edifício, revelam as características de um ecletismo simplificado, comum às edificações do final do século XIX, face à circulação de riquezas geradas pela cultura da pecuária na região e sua importância enquanto prédio público; Os elementos decorativos expressam a releitura do modelo erudito com sabor popular decorrente da presença, nessa época, da mão de obra qualificada; Embora as pilastras não possuam função estrutural, prestam-se como elementos importantes na determinação de modulação e ritmo à extensa fachada principal; As alterações feitas no fim do século XX buscou trazer elementos arquitetônicos anteriores e deixando o mais aparente possível; As janelas com frisos em arco acabam por lembrar o estilo neoclássico; As cores pastéis passam uma ideia de leveza ao edifício; O telhado em quatro águas do anexo da esquina traz a peculiaridade dos edifícios de esquina na cidade, trazendo forte alinhamento com o estilo colonial.

Fonte: IPHAN adaptado, 2020.

Referências FILHO. Nestor G. Quadro da arquitetura no Brasil. 9ªedi. São Paulo-SP: Perspectiva, 2000.

MONUMENTA. Projeto Natividade-TO perfil do projeto. Programa estratégico do ppa 2000-2003 (avança brasil). Caderno 01/10 de dezembro de 2003.

MOURA, Nádia M. Sertões de mar a mar: Goyazes em suas filigranas (c.1726-1830). Tese apresentada à Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo: São Paulo, 2018.

LOPES, Camila Q. P. Persistência Nativitana: uma análise morfológica. Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo: Universidade de Brasília, 2019.

IPHAN. Acervos e documentos. Disponível em: <http://portal.iphan.gov.br/>. Acesso em: 20 nov.2020.