Revista 21 - Edição 16 - Nov/Dez 14

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Com a abertura da fábrica, pelo que se anunciou, os modelos produzidos aqui não serão mais importados. É mais caro produzir aqui do que importar? Gleide O Brasil não é o país mais atraente em termos de custo de produção. Todo mundo fala de “Custo Brasil”, e realmente é complicado. A quantidade de licenças necessárias e toda a burocracia que se tem que enfrentar para a construção de uma fábrica são enormes. Isso traz o seguinte ponto: no Brasil, teremos capacidade instalada de 32 mil unidades. A BMW, mundialmente, produz 1,9 milhão de veículos. A conta é simples. Você tem um volume baixo, um investimento alto que demora algum tempo para ser depreciado. Não temos escala suficiente. Essa foi uma grande discussão com o governo, que achou um mecanismo para nos motivar e nos manter com o interesse de vir para cá. Fale com qualquer montadora. Quem faz 500 mil veículos, é uma situação. Quem faz 12 mil ou 15 mil, como teremos no ano que vem, é uma situação muito diferente. E estou falando de cinco modelos. Se a gente pegar o modelo mais vendido da BMW, da Série 3, gira na casa de 6 ou 7 mil unidades. Não é nada frente a 100 mil, 400 mil de um determinado modelo. Como os srs. enxergam a pertinência de medidas como o Inovar-Auto para estimular o fornecimento nacional? Gleide Na verdade, a base do programa, muito interessante, não é de estimular volume, mas agregar tecnologia no mercado local. Estabelece condições para que as empresas não cheguem de qualquer forma para se instalar. Exige a adoção de 12 processos produtivos, dá prazos de até três anos, cobra investimentos em p&d, em engenharia industrial básica, desenvolvimento de fornecedores no mercado local, atendimento ao programa de etiquetagem, além de um pilar muito importante que é o nível de emissões. Atender é obrigação da empresa. Só com esse pilar tem que agregar uma tecnologia que hoje não está disponível às empresas de modo geral. O grande motivador para o governo neste programa é o desenvolvimento tecnológico. No evento, foi apresentado um registro da burocracia enfrentada para viabilizar a construção da fábrica, com a exibição da imagem das 150 licenças exigidas por diferentes órgãos públicos. Que análise a BMW faz sobre a burocracia no Brasil, comparativamente à de outros países? Gleide O processo de licenciamento de obras deste porte no Brasil é bastante abrangente e a quantidade de licenças necessárias varia de acordo com cada projeto e as características da área que o receberá. As licenças são

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A BMW DE SANTA CATARINA MAIS DE R$ 600 MI

1.500.000 M2

1.300

500.000 M2

500

32.000 VEÍCULOS/ANO

de investimento total

funcionários diretos

funcionários recrutados até set/2014

de área total do terreno

de área pavimentada

é a capacidade produtiva instalada

importantes para certificar que um projeto está em conformidade com as leis nacionais, estaduais e municipais. Por outro lado, o investidor (principalmente estrangeiro) tem, hoje, dificuldade com a falta de clareza sobre os processos e as documentações necessárias para a obtenção de determinadas licenças. Para que o país possa atrair ainda mais investimentos, é importante que os procedimentos sejam simplificados e uniformizados, disponíveis desde o início. Ainda assim, foi motivo de orgulho termos conseguido atender a todas as exigências das agências e órgãos reguladores do governo dentro do prazo, conseguindo manter o cronograma do projeto. Sem aplicação de qualquer condição especial para o BMW Group, contamos com a cooperação dessas mesmas agências, que nos atenderam prontamente e esclareceram todas as dúvidas que surgiram ao longo do processo.


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