O namoro da velha debaixo dacama

Page 1


ESTE FOLHETO É PARTE INTEGRANTE DO ACERVO DO BEHETÇOHO EM FORMATO DIGITAL, SUA UTILIZAÇÃO É LIMITADA. DIREITOS AUTORAIS PROTEGIDOS.


INFORMAÇÕES SOBRE O PROJETO O Acervo Eletrônico de Cordéis do Behetçoho é uma iniciativa que pretende dar consequências ao conceito de (com)partilhamento dos artefatos artísticos do universo da oralidade, com o qual Behetçoho e Netlli estão profundamente comprometidos.

INFORMAÇÕES SOBRE A EQUIPE A equipe de trabalho que promoveu este primeiro momento de preparação e disponibilização do Acervo foi coordenada por Bilar Gregório e Ruan Kelvin Santos, sob supervisão de Edson Martins.

COMPOSIÇÃO DA EQUIPE Isabelle S. Parente, Fernanda Lima, Poliana Leandro, Joserlândio Costa, Luís André Araújo, Ayanny P. Costa, Manoel Sebastião Filho, Darlan Andrade e Felipe Xenofonte


MANUEL CABOCLO E SILVA

O NAMORO DA VELHA DEBAIXO DACAMA



Quem gosta de ouvir música Ouça JONAS DE ANDRADE Que apresentou um disco Uma grande novidade “A VEIA DEBAIXO DA CAMA” Pra toda a sociedade

Sou um poeta e escrevo Estréia, cenário e drama Reinado; princesa, e fada Romance que cria fama Escrevi este: “O NAMORO DA VELHA DEBAIXO DA CAMA”

Era uma velha solteira Residente no sertão Na Fazenda Quixabinha Perto da povoação Só falava em casamento Namoro e “chumbregação”


Certo é que um rapaz Viu a velha na janela Piscando o olho pra ele. Ele sorriu para ela Com isto a velha ficou Que só pipoca em panela

O rapaz muito educado Encostando na janela Muito carinhosamente Foi apertando a mão dela Com palavras amorosas Afagando a sua bela

Disse o rapaz para ela: ─ querida dos sonhos meus Quero te amar de perto Contemplando os olhos teus Que fascina e me seduz O teu olhar, Santo Deus!


A velha disse: ─ Meu bem Dê-me o ar da tua graça Aqui em nossa morada Cerimônia não se faça Passe esta tarde comigo O tempo ligeiro passa

Disse o rapaz: ─ Senhorita Como é a sua graça? ─ Sou Maria Xique-xique Filha de Chico Fumaça Eu nasci no pé da serra Mas fui criada na praça

Disse o rapaz: ─ muito bem: Dê-me um abraço querida A velha deu-lhe um abraço Vinte beijos em seguida O rapaz pensou consigo: ─ Eita velhota enxerida


Ela disse: ─ Eu já sonhei Numa noite de São João Que via um lindo rapaz Me dando seu coração Só parece ser você Sonho da minha ilusão

Disse o rapaz: ─ que me dera Que chegasse esse momento De viver junto contigo Nos laços do casamento Disse a velha: ─ Há muito tempo Era esse o meu intento Nisto a velha deu um pulo Bem no meio do salão Abraçada com Zezinho Apertando a sua mão Deu quase duzentos beijos Nesta mesma ocasião


O rapaz se despediu Precisava de sair Deu um abraço na velha Foi lá, veio cá, quis cair A velha disse: ─ Benzinho É melhor você dormir

O rapaz ainda disse: ─ Isto dar o que falar Disse a velha: ─ Isto é comigo Ninguém vai me sensurar Aqui quem manda sou eu E você quando casar. Você vai dormir aqui Vou lhe mostrar minha tenda Ainda lhe mostro os bichos Criados nesta fazenda Tudo o que é meu, é seu Talvez você compreenda


Vá lá para aquele quarto Logo depois de jantar Vai dormir naquela cama Eu fico em outro lugar Servindo de companhia Pra ninguém lhe encomodar

Depois daquela palestra Como estava combinado O rapaz foi para o quarto Dormir ali descansado Tirou a roupa e deitou-se Porque estava enfadado

A velha tinha um costume De juntar a bicharada E as quatro da madrugada Os bichos em baixo da cama Faziam aquela zuada


As seis horas da manhã Ele acordou de repente Vendo um pai-de-chiqueiro Berrar em sua frente Nas suas pernas já estava Enrolada uma serpente Gritou e saltou da cama Vendo aquela arrumação Correu nu como nasceu No meio da população Chegando no povoado Foi a maior confusão

A cobra enganchada nele Pendurada balançando Os bichos correndo atrás A cachorrada avançando O povo todo correndo E a negrada gritando


Desceram para o mercado Quebraram logo o portão Foram espatifando tudo Naquela revolução Levando tudo no eito Cadeira, mesa e balcão

Nisto chegou um guarda Gritando entusiasmado: ─ Por aqui ninguém não passa Eu estou de cacete armado A cobra passou-lhe o dente Deixou-lhe morto estirado Saiu mordendo o povo Que pela rua encontrou Mordeu os bichos e a “véia” E depois que se danou Só parou o reboliço Quando a polícia chegou


A velha se lastimando Meu Deus, o que faço eu? Não convém mais viver Já que o meu noivo correu. Nisto a polícia chegou Pegou o noivo e prendeu.

O poeta termina a estória do “NAMORO DA VELHA “, Jonas de Andrade apresenta em sua composição, gravada pelo Trio do Norte, os bichos que a véia criava debaixo da cama. A véia debaixo da cama A véia criava um rato Na noite que se danava Na noite chiava e a veia dizia: Meu Deus se acaba tudo Tanto bem que eu te queria.....


A véia debaixo da cama A véia criava um gato Na noite que se danava O rato chiava, o gato miava E a véia dizia: Meu Deus se acaba tudo Tanto bem que eu te queria..... A véia debaixo da cama A véia criava um cachorro Na noite que se danava O rato chiava, o gato miava, Cachorro latia, e véia dizia: Meu Deus se acaba tudo Tanto bem que eu te queria.....

A véia debaixo da cama A véia criava um macaco Na noite que se danava O rato chiava, o gato miava, Cachorro latia, macaco pulava E a véia dizia: Meu Deus se acaba tudo Tanto bem que eu te queria.....


E véia debaixo de cama A véia criava um porco Na noite que se danava O rato chiava, o gato miava, Cachorro latia, macaco pulava, O porco fuçava e véia dizia: Meu Deus se acaba tudo Tanto bem que eu te queria.....

A véia debaixo de cama A véia criava um bode Na noite que se danava O rato chiava, o gato miava, Cachorro latia, macaco pulava, O porco fuçava, o bode berrava, E a véia dizia: Meu Deus se acaba tudo Tanto bem que eu te queria.....


A véia debaixo da cama A véia criava um jumento Na noite que se danava O rato chiava, o gato miava, Cachorro latia, macaco pulava, O porco fuçava, o bode berrava, Jumento rinchava e a véia dizia: Meu Deus se acaba tudo Tanto bem que eu te queria.....

A véia debaixo da cama A véia criou um leão Na noite que se danava O rato chiava, o gato miava, Cachorro latia, macaco pulava, O porco fuçava, o bode berrava, Jumento rinchava, leão esturrava E véia dizia: Meu Deus se acaba tudo Tanto bem que eu te queria.....


A véia debaixo da cama A véia criou uma cobra A cobra mordeu o rato Mordeu o gato, mordeu o cachorro Mordeu o macaco, mordeu o porco, Mordeu o bode, mordeu o jumento, Mordeu o leão e mordeu a véia.... Já terminei a estória Todo mundo pode ler Comprando o verso e o disco Ligeiro vai aprender Nunca vai criar uma cobra Com medo dela morder. MANOEL CABOCLO E SILVA A mostra como seu deu: N amoro, a véia e a cama O s bichos, a Cobra mordeu E depois quando a polícia L evou o noivo e prendeu.

FIM




Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.