O mistério da fada da borborema

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INFORMAÇÕES SOBRE O PROJETO O Acervo Eletrônico de Cordéis do Behetçoho é uma iniciativa que pretende dar consequências ao conceito de (com)partilhamento dos artefatos artísticos do universo da oralidade, com o qual Behetçoho e Netlli estão profundamente comprometidos.

INFORMAÇÕES SOBRE A EQUIPE A equipe de trabalho que promoveu este primeiro momento de preparação e disponibilização do Acervo foi coordenada por Bilar Gregório e Ruan Kelvin Santos, sob supervisão de Edson Martins.

COMPOSIÇÃO DA EQUIPE Isabelle S. Parente, Fernanda Lima, Poliana Leandro, Joserlândio Costa, Luís André Araújo, Ayanny P. Costa, Manoel Sebastião Filho, Darlan Andrade e Felipe Xenofonte


JOSÉ BERNARDO DA SILVA

O MISTÉRIO DA FADA DA BORBOREMA

1954



DEUS, é a linda palavra Celeste pura e divina, Que rege nosso universo Que faz, desfaz e domina Composto de quatro letras, De ouro, prata e platina.

Apresento este romance Cujos versos sedutores Contém mistérios e vinganças Amôr sorrisos e dôres Tem tudo que satisfaça, Ao meus queridos leitores É e romance sombrio Que causará comoção, Dum caso que foi passado Em tempos que longe vão Num reino misterioso Denominado Satão


Todo ano neste reino No dia de Ano Bom O rei mandava chamar O grande Jaques Sulton Famoso nas profecias, Tão sabio quanto Solon

A fama deste profèta Enchia parte do mundo, Na videncia era famoso Não conhecia segundo Dizia a vida do pobre Do rico do vagabundo

Neste ano o palacete Resplandecia em fulgores Na praça forte do reino Alcatifada de flores Brilhavam mais de mil luzes Balões de todas as cores


Pois ia lê-se o futuro Da bela e meiga princeza Filha do grande monarca Querida da realeza Formosa por ter bondade Mimada por ter beleza

Era o sonho dos poètas Que lhe consagravam a musa Graciosa e sedutora Como uma deuza andaluza Contava 16 anos E se chamava Geruza As oito horas da noite Chegava o grande profeta Que ia falar perante Uma multidão seleta Que antes já conhecia Sua linguagem correta


Sentado defronte ao rei Disse ele em tom funerio - Magestade grande choque Vem abalar vosso imperio O futuro da princeza Envolve grande misterio Neste momento tocante Minha ciencia profunda Revela que vossa filha Tem uma sorte confusa É negro triste e sombrio O futuro de Geruza

Peço perdão magestade Por eu ser o estaféta Dessa tão negra notícia Que no peito vos aféta Nesta hora eu não queria Ter profissão de proféta


O proféta não findara Toda sua previsão Quando ouviu-se de repente Uma terrível explosão A terra tremeu trez vezes No céu se viu um clarão

Apareceu uma dama Suspensa sobre o espaço Com varios bouquês de flores Caidas no seu regaço Duas serpentes de ouro Entrelaçavam seu braço Joais do mais alto preço Esta dama possuía, Aneis de lindos brilhantes Sobre os seus dedos se via Um diadema de Joias, A sua fronte cingia


Rubi, safira, Esmeralda Turquezas e diamantes Ornamentava esta jovem Cujos olhos faiscantes Cintilavam sobre as luzes Que sò pedras de brilhantes

Os seus cabelos dourados Esvoaçavam no vento Ela soprando com força Se viu naquele momento Uma nuvem purpurina Dominar o firmamento

Aquela jovem purpurea Fez um grande serpenteio Foi ficando violeta Se condessando no meio Formando uma letra G Depois deu outro volteio


Fez uma grande zig-zag Bem junto da letra G Depois fez mais duas letras Que o povo pode vê Se ver as trez letras juntas Um G. um S. e um B. O povo olhava os sinais Porém não compreendia A dama soltou as flores Que no regaço trazia Estas cairam no canto Onde o profeta jazia

A dama fez um sinal O espaço severdiceu Um fogo verde garrafa Lá no céu apareceu Depois o céu ficou limpo Tudo desapareceu


As folhas caindo em baixo Formou trez letras iguais As mesmas que apareceram Nas regiões siderais Porém não tinham perfumes Eram flores de metais Muita gente achou bonito Toda aquela aparição Outros mais ignorantes Diziam ser maldição Aquilo era o fim do mundo Por outra, coisa do cão

O rei disse em tom severo - Proféta eu quero saber Aquela dama tão linda De que paìs venha ser As trez letras e estas flores O que é que quer dizer


Magestado estas trez letras Constituem grave problema O G. quer dizer Geruza Conheço todo esse tema O S quer dizer serra E o B. é Borborema

A dama é a propria fada Da Borborema chamada As flores são de batismo É cousa muito sagrada Quer dizer que a princezinha Tem que ser lá batizada

Ela veio pra salvar A princeza duma sina Portanto vós magestade Para salvar a menina Tem que manda-la com pressa Para America Latina


Ela gostou da princeza Por isso quer perserva-la Do sofrimento do mundo E o senhor tem que manda-la Pro palacio dos misterios Para a fada batiza-la O rei disse: meu amigo Tal proposta n達o faria Se eu hei de ver Geruza Metida com bruxaria Prefiro ve-la estirada, Sem vida na lage fria

O prof辿ta levantou-se Zangado disse: pois bem Tenho vinte e cinco anos Nunca menti a ninguem Ou o rei atende a fada; Ou ent達o n達o sai-se ninguem


Porque a fada manobra Por um severo sistema 29 serras monstras Usando o seu diadema Que formam o reino da fada Da serra da Borborema

Todas estas serras tem genio Que são regidos por ela Tem a mais misteriosa Que ainda não falei nela Nesta serra é onde a fada, Quer batizar a donzela É a Serra do Araripe Cheia de magnetismo, Lá se dão fatos sombrios Por meio de feiticismo Tem o altar dos misterios Onde se faz o batismo


Nesta serra mora a fada Num palacête cinzento A serra mede dez leguas Somente de comprimento Tem uns mil e vinte metros De altura e linhamento. E se vès grande monarca Mostrares qualquer recusa A propria voz do destino Indignada te acusa E mais terrível desgraça Cairá sobre Geruza

Quem olhasse p'ra princeza Nesta hora tão sombria Via seu lindo semblante Contrair-se de agonia Uma lagrima furtiva Na sua face corria


O povo todo em silencio De coração compungido Ouvia a triste sentença Receioso e comovido De ver a jovem tão linda Dum destino tão perfido

O rei com voz sufocada Quase perdido de dor Exclama; grande profeta Mostrasse aqui teu valor Tenho muita confiança Sei que não sois traidor

Marcai o dia e a hora Que vais levar minha filha Para esta terra que dizes Ser tão grande maravilha Mais ai de ti se trair-me Ou formares armadilha.


Por conheceres a terra Cuja existencia ignoro Só uma casa cousa vos peço E como pai eu imploro Respeitai nesta viagem O anjo que mais adoro

Vai contigo uma embaixada Cientistas professores Que tambem vão conhecerem Esta terra de explendores Vão damas de companhia Mais quatro ou cinco doutores O profeta levantou-se E disse emocionado: - Perante a vós magestade Eu juro por Deus amado Que o pudor da princeza Por mim será respeitado


Vos agradeço monarca Por vossa grande atenção Em me dar tão alta honra Para cumprir tal missão Daqui a mais quatro dias Embarco com precisão Passava de meia-noite Quando o profeta saiu O monarca e sua filha De todos se despediu Até alta madrugada A festa linda prosseguiu

Desta hora por diante No palacio de Satão Em qualquer fisionomia Se via satisfação Porquer o grande proféta Ia dar a salvação


Ninguem mostrava tristeza E sim grande anciedade Mas é raro neste mundo Reinar a felicidade Quando se procura o bem Só se encontra a maldade Morava no mesmo reino Não muito longe da praça Uma velha cartomante Imperatriz da desgraça Princeza de maleficio Bacharelada em fumaça

Esta velha tinha um filho Robusto forte e ousado O qual ela desejava Fazer rei deste reinado Só esperava momento Pra dar um golpe acertado


Quando o proféta falava No palacio imperial Ela trancada em seu quarto Ante um globo de cristal Presenciou a palestra, Até a cena final Chamou o seu filho e disse Não temos tempo a perder Este proféta atrevido Tem que desaparecer Pois quem se mete comigo Não precisa de viver

Tudo que tinha traçado Ele foi contou ao rei Mas nem ele e nem a fada Não desmancha o que tracei Pois o que tenho guardado Pra ele só mesmo eu sei


Tem uma cousa meu filho Só se resolve o problema Se não deixa-lo partir Pra serra da Borborema Pois na princeza Geruza É onde está nosso tema

Vou fazer uma boneca Do tamanho da princeza, Que tinha as mesmas feições A mesma graça e a beleza Pra quem olhar dizer logo É Geruza com certeza Você vai junto com ele Reparando a sua pista Vai o caixão com a boneca E se isto der na vista Você diz que é ferramenta Que também é cientista


Contigo seguirão trez homens Que vão pra te ajudar Quando o navio do rei Já tiver em alto mar Você haja com destreza Não se faça demorar Você amarra o proféta No camarote isolado Tambem prende a princinha Em um lugar reservado E depois com a boneca Fica o plano terminado. Faça uma mascara de cêra Com uma feição correta, Quem olhar para você Só pensa ser o profeta Mas você só usa ela Estando a cena completa


Você agarra a boneca E crava o punhal no peito Que ver pensa que è Geruza Que está morta sem geito Jogue a boneca no mar Que fará um grande efeito Alguns correm pra pegar-te Os outros entram em ação Logo ai se estabelece Uma grave confusão Você então aproveita E vai buscar o caixão Bote a princezinha dentro E não pense mais em nada Ali perto do navio Aparece uma jangada Que pega o dito caixão E traz pra minha morada


O profeta será preso Como sendo traidor Morrerá na praça forte E tú terás teu valor E Geruza cumprirá, Seu destino de terror

Farei dela uma serpente Poderosa e invencível Que destruirá o reino Da forma que for possível Eu então serei rainha Por uma força invisivel

Faça tudo como eu disse Que tudo lhe corre bem Os homens que vão contigo São fortes como ninguem São trez genios poderosos Jatuno, Aukôr e Matulem


Se um mata, o outro esfola Outro tira o couro e seca Possuem os truques daqueles Famosos ladrões de Mèca Cada um trouxe uma sina Num só golpe de munheca Muito bem responde o filho Eu Maurício de Ruão Confesso que terá brilho A minha santa missão Serei o principe Mauricio Do reinado de Satão A velha deu logo inicio Ao grande trabalho dela Fez com trez dias e meio Uma boneca tão bela Que só faltava falar Para imitar a donzela.


E assim com mais de um dia Partiu a nobre embaixada Num grande barco de velas De nome <<aguia dourada>> Conduzindo a princezinha Que ia ser batizada Jaques Sulton o profĂŠta Ia alegre e satisfeito Nem sonhava que seu plano Em breve estava desfeito Pois a velho cartomante Para isto tinha geito O filho dela embarcava Tambem no barco real Como um grande cientista Da flora nacional Junto com os trez amigos Perversos como o chacal


Logo na primeira noite Que todos tinham embarcado O barco singrava as ondas O céu estava estrelado O mar calmo parecia, Imenso lago azulado.

Num camarote decente A princeza ressonava, Sua dama predileta Junto de si dormitava Sem notar que algo estranho Perto dela se passava. De repente um mascarado No camarote surgiu Jogou um pó magnético Que sobre a dama caiu Roubou Geruza ligeiro, A dama não presentiu


Botaram a linda princeza Dentro dum grande caixão Enquanto isso Mauricio Poz o seu plano em ação Veio para o tombadilho, Com a boneca na mão

Botou a mascara de cêra Que o velho tinha dado Ficou igual ao proféta Semblante um pouco alterado Pegou a falar com a boneca Mostrou-se um pouco zangado

O capitão vendo ele Discutindo com a princeza; Reclamou ele: disse Jaques Desculpe minha franqueza Mas não acho que o senhor; Deva ofender sua alteza


O capitão disse isso E ia se retirar Quando notou que Mauricio Acabava de cravar Traz punhaladas na jovem E joga-la sobre o mar

Julgando ser mesmo 1 crime Gritou alto o capitão Socorro meus companheiros Aqui há grande traição O profeta assassinou A princeza de Satão! Foi enorme o reboliço Houve uma luta tremenda E os trez genios da velha Entraram na luta horrenda Ai Mauricio com pressa Fugiu daquela contenda


Enquanto isso o profeta Acordou-se atordoado Julgando que os marinheiros Tivessem se amotinado Armou-se e entrou na luta Lutando contra o seu lado E a fuga de Mauricio Por ninguem n達o foi notada Ele pegou o caix達o Que tinha a mo巽a trancada E notou junto do barco Um pequena jangada.

Quatro homens vinham nela Mauricio muito contente Arriou por uma corda O caix達o rapidamente A jangada fez manobra E sumiu-se de repente


Enquanto isso o profeta Foi feito prisioneiro Recebera na cabeça Um golpe ousado e certeiro Desferido por vingança Por um proprio marinheiro A luta terminou logo Foi o proféta amarrado Disse a capitão que ele Ia morrer enforcado Por matar convardemente A princeza do reinado

Toda mundo indignado Ali mesmo quiz lincha-lo Porem o capitão disse: - É bom vocês não mata-lo Levemos ele pro reino O monarca há de enforca-lo


E assim foi meus leitores A viagem interrompida O monarca com o choque Quase que se suicida Ao saber que sua filha No barco perderá a vida

Disse ele enfurecido Matem esse traidor Este monstro deshumano Proféta vil sem valor Assassino de Geruza Aquela mimosa flor.

Não quero ele enforcado Assim é ter piedade Amarrem sobre uma corda Este corpo de maldade E araste-o num cavalo; Pelas ruas da cidade


A corda vai arrastando O corpo deste bandido Por todas ruas do reino Até ficar bem moido Só assim ele me paga O seu crime cometido

Com a ira que estavam Ninguem não disse mais nada Trouxeram logo uma corda Forte que não fora usada Pra vingar a princesinha Pra eles assassinada Ai amarram o jovem Pelos pès e pela mão Depois amarraram a corda Em um cavalo alazão Era o poldro mais temido Do reinado de Satão.


Dois carrascos açoitaram Para o cavalo correr Quando viram de repente O espaço escurer Uma luz ultra vermelha Lá no céu resplandecer Nisto o cavalo estancou Todo mundo emudeceu Quando uma carruagem No páteo apareceu E coboclo possante Do mesmo carro desceu

Tirou da cinta uma faca Desamarrou o profeta Levou ele e poz no carro O povo ficou pateta O carro fez uma curva E partiu em linha reta


O céu então ficou claro A luz deixou de brilhar A carruagem sumiu-se Ninguem mais poude avistar O rei disse neste homem Não quero nem ouvir falar

Aquilo é um demonio Não é gente com certeza Nunca vi na minha vida Coisa de tal natureza Mas para livrar-me disso Tenho Jesus por defeza. Agora caros leitores Falemos na carruagem Vamos saber do profeta E o rumo da viagem O carro foi conduzido, A uma linda paragem


Quando o profeta tornou Sem saber de sua sina Estava dentro dum barco Forrado de prata fina Cordames todos de ouro, E os mastros de prata fina

O barco cortava as ondas Veloz como o pensamento Com suas velas de seda Enfunadas pelo vento Assim correu quatro dias Em paz e a salvamento O profeta n達o sabia Como tudo se passava Porque dentro do navio Viva a alma n達o estava E no entanto comidas E bebidas n達o faltava


O barco parou bem perto Duma montanha elevada O profeta ouviu dizer: Ai tem uma jangada Que vai conduzir-te a serra Pra falares com a fada O profeta obedeceu Aquela ordem suprema Um caboclo apareceu E disse a ele não tema Tú vais falar com a fada Da serra da Borborema

Quando saltaram em terra Sentiram a terra tremer O caboclo disse: isto Que acabasse de ver É um aviso da serra Para a patrôa saber.


Quando andarem 5 horas Avistaram num momento Uma enorme pedreira Erguida pro firmamento Que mostrava a imponencia Dum palacête cinzento Bem na frente do palacio Eles pararam então O caboclo com um osso Riscou trez vezes no chão Duas cruzes e uma efigie, E cruzou tambem a mão. Quando o profèta espiou Viu a pedreira rangir E grande porta de pedra Do palacete se abrir Uma fumaça purpurea, Pela porta se esvair


O caboclo disse: entre Não se faça demorar. A fumaça são essenciais Pra fada lhe batizar Ela està a sua espera De joelhos no altar

O proféta penetrou No palacete encantado Seu corpo foi envolvido Num ar puro e perfumado O palacio parecia O trono de Deus amado O ladrilho era de jaspe O ferro era de setim O altar era de marmore Ladeado de marfim A pia para o batismo Tinha riqueza sem fim


Um lindo passaro branco Numa gaiola dourada Cantou naquele momento Uma sonoro balada Era o hino do triunfo Para despertar a fada

Ai ouviu-se um suspiro Uma luz resplandecer, E uma vóz maravilhosa Desta forma assim dizer: - Senhor Jaques ajoelhe-se Para a fada lhe benzer

O proféta ajoelhou-se Então quase de repente Uma luz como da lua Projetou-se em sua frente E a figura da fada Ele viu perfeitamente


A fada cruzando as mãos Tirou o seu diadema E disse; seràs ungido Com as folhas de jurema Se considere afilhado Da fada da Borborema

Uma dama trouxe logo Um liquido avermelhado Com uma colher de prata Num vasilhame dourado A fada tirou um pouco E disse um palavriado

- Beberàs duas colheres Deste balsamo do bem Pra destruir tua vida No mundo não há ninguem os genios que eu domino São teus criados também


Vou dar-te uma espada benta Uma estauta minha Quando estiveres em perigo Faรงa nela uma cruzinha E diga; salve-me fada Valei-me minha madrinha Terminada a cerimonia A fada alegre sorriu Encalcando em sua mola Uma parede se abriu Famosas armas de guerra Lรก dentro o profeta viu

Ela tirou uma estatua Pequena e bem modelada Trouxe uma espada de ouro Porem forte e afiada Deu ao profeta e lhe disse - A si nรฃo falta mais nada


Agora vamos ao lago Que registra a vida humana Nele tu vais evitar Uma inimiga tirana Com ela vais te bater Numa luta deshumana

Quando a fada disse isto Notou-se um fogo azulado Que derretendo o ladrilho Ouviu-se um som desuzado Um dos quartos transformou-se Num lado quase encarnado A fada ai perguntou: - Vê algo surpreendente? O proféta disse: vejo No lago da minha frente Uma velha dando vida Á uma horrível serpente


A fada disse; pois bem Vou lhe dizer com franqueza A velha é tua inimiga Que prepara uma surpreza E a serpente è Geruza A inocente princeza

Pois Geruza não morreu Tudo foi plano formado A velha quer ser rainha Por isso tem se esforçado Fez de Geruza serpente P'ra dominar o reinado

No dia que tú falaste No palacio de Satão A bruxa ficou pocessa E na mesma ocasião Armou para ti sem demora Uma terrivel traição


Uma boneca imitando A princeza do país Ela fez e deu ao filho E saiu como ela quiz No barco com a boneca Ela saiu -se feliz

Pegando a boneca a bordo Deu-lhe uma punhalada Tudo pensou que a princeza Tinha sido assassinada E usava uma mascara, Com tua feição traçada É esse o grande motivo De tú seres acusado Salvei-te para poder Seres aqui batizado Agora partes com pressa; Vai defender teu reinado


A fada fez um aceno E sumiu-se a sua imagem Bem na frente do palacio Surgiu uma carruagem O profĂŠta ai montou-se E seguiu sua viagem

Enquanto isso no reino Se dava um caso tocante Quando a princeza chegou Na casa da cartomante Ela fez com a princesinha Um papel repugnante

Num velho tacho que tinha Ela botou de repente Um pò verde acizentado Uma crosta desolventa Que bem moido imitava, O couro de uma serpente


Depois pegando Geruza fê-la ficar sem sentido Deu-lhe 1 banho com a crosta Depois disso concluido Com um canudo de couro Soprou forte em seu ouvido A princezinha rodou Caiu no chão se torcendo Seu corpo foi esticando E o couro enrigecendo Foi ficando acinzentado E muitas escamas crescendo

Depois pegou enroscar-se A cabeça transformou-se Criou dois olhos de fogo Cada braço desmanchou-se Ficou uma cobra horrível Que atè a bruxa espantou-se


E quando chegou Mauricio Com os 3 genios tambem Dizendo que trabalharam Mais não se sairam bem Pois o proféta foi salvo E ninguem por quem

A velha disse: se acalme Disse já fui avizada Mas eu tenho uma surpreza Pro proféta e para a fada A princeza estar comigo Não tenho medo de nada A velha bateu num gongo Se viu naquele momento Sair uma cobra mostra Do corpo todo cinzento Com um metro de grossura e 12 de comprimento


Com um sino Salom達o E certo palavriado A velha benzeu a cobra E disse em tom alterado, - Princeza vai nesta hora Destruir o teu reinado A cobra movimentou-se Partindo com rapidez A velha riu satisfeita Pelo trabalho que fez E disse, filho querido Venceremos desta vez

Quando a bruxa disse isso Viu um cavalo rinchar E uma espada de ouro Na luz da lua brilhar E o profeta ligeiro Do seu cavalo saltar


A velha vendo o perigo Chamou logo o genio Ankor Disse; jogue no profeta O pó fluido da flôr Que ele ficando cègo Para nós perde o valor

Ai Ankôr chamou logo Seu amigo Matulem Jogaram um pó muito fino Com outras drogas tambem O proféta ficou cégo Não enxergou mais ninguem

O proféta aí bradou Com toda força que tinha Pegando a estatueta Riscou nela uma cruzinha E disse; valei-me fada Salvai-me minha madrinha


A velha viu com os olhos Uma mão aparecer E no rosto do profèta Trez vezes em cruz benzer O profeta estando cego Novamente poude ver Jaques pegando a espada Um fogo verde desceu E sobre os 5 perversos O fogo se converteu A velha com a quadrilha Nas chamas se derreteu

A cartomante morrendo Deu um gemido profundo Nas chamas se derretendo Disse num tom iracundo: Tú me venceste proféta És primeiro sem segundo


Uma vez ao mesmo tempo Disse parta sem demora Que a serpente Geruza No praso de uma hora Vai destruir o reinado Se tu não fores agora Cuidado não mate ela Mas faça sua defeza Veja se pode quebrar Da serpente alguma preza E logo em dado momento Se desencanta a princeza

Quando o profeta chegou No palacio de Satão A serpente dava urros Que estremecia o chão Se via mais de mil guardas Todos de lanças na mão


A serpente dava voltas Com urros descomedidos Cada rabiçaca dela Eram cem guardas feridos O rei com os seus ministros Já se julgavam perdidos Disse o profeta se afastem Não precisa tanta gente Ele ai entrou na luta Com sua espada somente Foi um combate terrível Do profeta e a serpente

A cobra marcou-lhe um golpe Deu um ligeiro volteio Somente a ponta da cauda Pegou o profèta em cheio Diz ele: valha-me a fada Pois o combate está feio


Ai um fogo de luz Na cobra se projetou Ela quiz dar outro golpe Mas a luz lhe encandiou O proféta com um salto Um dos seus dentes quebrou A cobra ficou sem força Quando perdeu sua presa Foi se enroscando toda Abatida e sem firmesa Dentro de cinco minutos Desencantou-se a princeza

Parabens, palmas e vivas O proféta recebeu Gritava o povo na rua: - Princeza não morreu!... Em pouco tempo souberam Como tudo aconteceu.


Não è preciso dizer Que Jaques foi perdoado, O rei disse: com Geruza Em breve serás casado Desde já eu te nomeio, Grã-Vizir do meu reinado

Disse a princeza sorrindo: - Eu aceito esta união Senhor Jaques bem merece Ganhar o meu coração Eu amei sempre em segredo O profeta de Satão

Nisso uma sombra verde Brilhou no salão real Aí apareceu a fada Em um traje divinal E disse dê-me licença, Eu dar a cena final


Eu te batiso princeza Cruzando o meu diadema, Pra salvar-te do perigo Sempre foi o meu dilema Se considere afilhada Da fada da Borburema

Dias depois o profeta Em carros especiais Levava a linda Geruza Aos laรงos nupciais Relembraram o que sofreram Mas no fim sempre venceram E foram viver em paz. FIM



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