O menino que nasceu com a pintura do cão

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ESTE FOLHETO É PARTE INTEGRANTE DO ACERVO DO BEHETÇOHO EM FORMATO DIGITAL, SUA UTILIZAÇÃO É LIMITADA. DIREITOS AUTORAIS PROTEGIDOS.


INFORMAÇÕES SOBRE O PROJETO O Acervo Eletrônico de Cordéis do Behetçoho é uma iniciativa que pretende dar consequências ao conceito de (com)partilhamento dos artefatos artísticos do universo da oralidade, com o qual Behetçoho e Netlli estão profundamente comprometidos.

INFORMAÇÕES SOBRE A EQUIPE A equipe de trabalho que promoveu este primeiro momento de preparação e disponibilização do Acervo foi coordenada por Bilar Gregório e Ruan Kelvin Santos, sob supervisão de Edson Martins.

COMPOSIÇÃO DA EQUIPE Isabelle S. Parente, Fernanda Lima, Poliana Leandro, Joserlândio Costa, Luís André Araújo, Ayanny P. Costa, Manoel Sebastião Filho, Darlan Andrade e Felipe Xenofonte


MANOEL CABOCLO E SILVA

O MENINO QUE NASCEU COM A PINTURA DO Cテグ



Alerta meu povo, alerta Para prestar atenção Como a tirana sorte Faz uma transformação Como esta que se deu Uma criança nasceu Com a pintura do cão

Tem muita coisa espantosa No gênero da humanidade Fenômenos da natureza Mistérios da divindade Para mostrar seu povo Fez o diabo nascer Para expressar a verdade O senhor Justiano Toda estória contou Que agora em são Pedro Esta notícia vagou Da forma que foi passado Foi o jornal do Estado Que a mesma confirmou


Isto foi agora mesmo Que este caso aconteceu Em uma maternidade Esta criança nasceu Com uma hora falou E com duas caminhou Com sete horas correu

Um fenômeno nunca visto Foi de modo diferente Tinha um rabão comprido Na boca só tinha um dente Era um monstro cabeludo Barbado, feio e chifrudo Não parecia com gente Figura horripilante De modo descomunal Que nada tinha de gente Só parecia animal No lugar que ele estava Todo mundo só falava Naquela senda do mal


Quando começou andar Duas cadeiras quebrou Sentou em cima da mesa E muito alto gritou: − Achando ruim ajeite Se achar feio Lote enfeite E outros ditados soltou

Em todos os aposentos De um a um ele entrou Procurando as enfermeiras Até que uma encontrou: − Quero minha genitora Com a voz aterradora Para a sua mão falou

Disse: − Mãe você se lembra Que antes de descansar Sua amiga lhe chamou Pra no carnaval dançar? E você fez dizer: − ‘’Quando este diabo nascer É quando eu tiro o azar’’


Minha mãe fique na sua Neste seu uso moderno Ditados e nomes feios Tenho todos no caderno O mal que se faz no mundo Passa tudo num segundo Pro arquivo do inferno A mulher que arranja filho E depois não quer mais E fica se maldizendo Entregando a satanás Na roupa faz uma trança Para matar a criança Arroxa adiante e atrás

E as que são depravadas Trajando roupa indecente As que enganam os maridos De um modo diferente Irão pagar as afrontas Quando forem prestar contas A um Deus onipotente


Ele parou a conversa Porque chegou um doutor Ele disse: − Oi bicho! Tu aqui não tem valor Mas a freira foi chegando Ao monstro foi mostrando A imagem do Senhor

Quando ele viu a imagem Saltou pro lado de fora Disse: − Agora é com vocês E fugiu na mesma hora O prédio estremecia O fumaceiro cobria Quando o bicho foi embora Adiante entrou na capela Que era do hospital Foi dizendo: − Seu vigário ‘’Aqui está o gênio do mal’’ Eu venho fazer zonzeira Seu padre faça carreira A onde agora é legal


Saiba que estou na minha Neste mundo eu vou andar Deu um pulo e trepou-se Bem em cima do altar E deu grande gargalhada Dando coice e patada Quando começou falar

Disse ele: − Tenho ordens Para trabalhar sem medo Pego gente depravada E tranco lá nem degredo Como o mundo está no fim Vou juntar cabra ruim Pra levar enquanto é cedo

Falou em diversas línguas Mas ninguém não entendeu A linguagem embaraçada Tinha o idioma seu E falou em português − Venho avisar a vocês Vou levar tudo que é meu


Venho mandado pra terra Dar uma demonstração Como se apruma gente Que vive na corrupção E quem pratica desordens Sem obedecer as ordens Do Autor da Criação Nestas vozes todo povo Deixou a missa e correu Ali só ficou o padre Que de medo se tremeu Uma freira desmaiou Uma vela se apagou Um escuro apareceu

O padre aterrorizado Vendo aquela arrumação O monstro na sua frente Com a pintura do cão Chamou por Nossa Senhora E naquela mesma hora Apareceu um clarão


O monstro ouviu o nome De Virgem Nossa Senhora Deu ali um grande esturro Saltou pro lado de fora Desembestou a correr Para todo mundo ver Quando o negr達o foi embora FIM



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