O cortejo fúnebre de luiz gonzaga

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ESTE FOLHETO É PARTE INTEGRANTE DO ACERVO DO BEHETÇOHO EM FORMATO DIGITAL, SUA UTILIZAÇÃO É LIMITADA. DIREITOS AUTORAIS PROTEGIDOS.


INFORMAÇÕES SOBRE O PROJETO O Acervo Eletrônico de Cordéis do Behetçoho é uma iniciativa que pretende dar consequências ao conceito de (com)partilhamento dos artefatos artísticos do universo da oralidade, com o qual Behetçoho e Netlli estão profundamente comprometidos.

INFORMAÇÕES SOBRE A EQUIPE A equipe de trabalho que promoveu este primeiro momento de preparação e disponibilização do Acervo foi coordenada por Bilar Gregório e Ruan Kelvin Santos, sob supervisão de Edson Martins.

COMPOSIÇÃO DA EQUIPE Isabelle S. Parente, Fernanda Lima, Poliana Leandro, Joserlândio Costa, Luís André Araújo, Ayanny P. Costa, Manoel Sebastião Filho, Darlan Andrade e Felipe Xenofonte


ABRAÃO BATISTA

O CORTEJO FÚNEBRE DE LUIZ GONZAGA

1991



Foi uma notícia triste que abalou o sertão, a morte de luiz gonzaga o grande REI DO BAIÃO; chora juazeiro do norte no brasil, nenhum forte endureceu o coração.

Mesmo velho e cansado era o cantor da alegria nas quebradas do sertão sua voz sempre se ouvia; agora com sua morte Juazeiro do Norte vê o que canta não queira. Qunado a sua morte o rádio noticiou, a televisão, pesarosa suas imagens mostrou; o sertão caiu chorando sua morte lamentando ninguém assim ignorou.


Como poeta eu corri para buscar inspiração chamei o Assum-preto a Asa-branca e o Cancão vesti-metodo de luto chorando como um bruto vi o jumento no sertão.

Pára ó seca tremenda nunca mais venha até nós iluminem os vagalumes às cercas de aveloz o Rei da sanfona Branca voa com a Asa-branca e nos deixa agora, á sós! Ó Deus Bendito dos céus acolhe o nosso cantor deixe que ele cante pra Jesus, Nosso Senhor e no som de mil trovões orquestras de acordeões apaguem o nosso clamor!


Luiz Gonzaga morreu Arrebatou o sertão a sua voz serestina subindo como um balão dá mensagens pras quuimeras buscando em outras eras as fogueiras de São João.

A casaca de couro, canta Desde ontem, ao arrebol Chamando a Mula-preta Para brincarem com o sol; Oh! Santo Antônio casamenteiro venha aqui pro Juazeiro para olhar nosso paiol. Canta Galo de Campina para se ouvir no Pajeú pois, se eu peixinho fôsse também faria como tu: buscaria um navio descendo o doce do rio até às praias, no paú.


Não matem os passarinhos que Gonzaga assim não quer acolham os pobrezinhos abrace a sua mulher o jumento tão infeliz! Por Deus, “Ele” não quis Que o mantém como um qualquer. Lavandeiras, pássaros d’água pelo frio desta canção pilem arroz cantando loa, duas morenas, ao pilão e depois vamos à lua gritando pra esta rua todo o luar do sertão. Petrolina, minha amiga venha comigo chorar à sombra do cajueiro queria Juazeiro cantar a terra do Meu Padrinho já está com o pretinho para então ele voar!


Não diga chou àquela ave que Luiz Gonzaga cantava; Casaca de Couro amiga por onde você andava? Luiz Gonzaga enfraqueceu ontem mesmo ele morreu enquanto você voava.

Como vai ser agora Vaca Estrela, Boi Fubá? Nossa sanfona calou... Ó meus Quindins de aiá! São João do Carneirinho dê pra “ele” um com cantinho neste lado que é de lá.

Ó viajante amigo por onde você andou traga aqui a Carolina me diga quem a consolou? O mundo está chorando pois, também, aqui cantando para o Lua, também estou.


Tião! Tião! O que foi? Canta o sapo na lagoa Luiz Gonzaga, morreu — A Carimbamba entoa. Canta o Xote das Meninas molhando entre neblina desta triste à toa. “Eu não posso respirar” cantou Lua Gonzaga, foi o último suspiro de sua vida que apaga; Luiz Gonzaga morreu O sertão escureceu Como se fosse praga.

Chorando tal um maluco vi um siri numa meia, o limoeiro murchando s sábia ficou feia; tocando na laranjeira com sua flauta brejeira soltava lágrimas na areia.


Estes versos escrevi quando a alma delirava levantei meus olhos, vi: Padre Cícero abençoava Luiz Gonzaga, sorrindo Para os céus ia subindo E o mundo acompanhava.

Era um cortejo lindo sob o céu resplandescente Luiz, o Lua Gonzaga com sua sanfona quente cantava uma canção derramando pro sertão enquanto seguia em frente. No caminho Chico Mendes Chorando o abraçou Cego Adelraldo, também Nosso Lua acompanhou E um nuvem de avoantes Tantas como eram antes Ali mesmo se colocou.


De lá do Horto, se via um farol tão luminoso iluminando o caminho do nosso cantor famoso assim na Triste Partida minha alma comovida viu que Lua era ditoso.

Subindo no seu caminho uma nuvem de Carcarás Frei Damião, abneçoando dizia: filho, verás qua a morte é ilusão no seio de Abraão tu mesmo habitarás.

Lampião desceu com o bando Com Acácias Amarelas sete mil bacamarteiros conduzia rosas tão belas... o arco-íris apareceu no meio daquele céu vinham os anjos pra vê-las.


O Boi-Bumba brincava no Riacho do Navio Xanduzinha, num recanto por estar com arrepio acendeu um candeeiro compradoo, do Juazeiro do Padre Cícero, no Rio.

Naquele momento ouvi um boiadeiro aboiar foi o Xote das Meninas que fez a gente chorar... Mas São Pedro ali chegou e logo nos consolou para o ambiente acalmar.

De lá das nuvens ouvi o grito de Caruaru mil Marimbondos dengosos com Flores de Mandacaru voavam para ofertar aquele que fez cantar (verso ilegível)


Zé Arigó veio também Aquele Rei receber Toas as cidades cantadas Fizeram resplandecer Uma coroa de luz Pois ela aqui eu puz Para quem compreeder. FIM



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