A sogra no folclore

Page 1


ESTE FOLHETO É PARTE INTEGRANTE DO ACERVO DO BEHETÇOHO EM FORMATO DIGITAL, SUA UTILIZAÇÃO É LIMITADA. DIREITOS AUTORAIS PROTEGIDOS.


INFORMAÇÕES SOBRE O PROJETO O Acervo Eletrônico de Cordéis do Behetçoho é uma iniciativa que pretende dar consequências ao conceito de (com)partilhamento dos artefatos artísticos do universo da oralidade, com o qual Behetçoho e Netlli estão profundamente comprometidos.

INFORMAÇÕES SOBRE A EQUIPE A equipe de trabalho que promoveu este primeiro momento de preparação e disponibilização do Acervo foi coordenada por Bilar Gregório e Ruan Kelvin Santos, sob supervisão de Edson Martins.

COMPOSIÇÃO DA EQUIPE Isabelle S. Parente, Fernanda Lima, Poliana Leandro, Joserlândio Costa, Luís André Araújo, Ayanny P. Costa, Manoel Sebastião Filho, Darlan Andrade e Felipe Xenofonte


BASTINHA

A SOGRA NO FOLCLORE

CRATO 2001



São muitas, são importantes As datas do mês do abril Datas significantes Da história do Brasil; O mês é todo festivo: 18, dia do livre É de comemoração 15 é dia com certeza. Do solo que traz riqueza Se tiver conservação. Do índio ─ é 19, 21 é Tiradentes; Comemorá-los, comove Gravemos em nossas mentes, 22 se descobriu Nosso querido Brasil; JK, com euforia, De Presidente incomum Em abril a 21 Inaugurava Brasília


A 28 de abril Especial é meu preito Sogras de todo Brasil Lhes dedico este folheto Por tão importante dia, Com sincera alegria A data se comemore Digo no cordel poema Ser a sogra o grande tema Já faz parte do folclore. Muitos genros muitas noras Vivem a sogra criticando Não escolhem tempo ou hora À sogra estão chateando; Deus do céu, me livre e guarde Não quero fazer alarde E nem por santo passar Se ela nos deu seus filhos Deixe então o trem nos trilhos Pra não desencarrilhar.


Tem genro que diz assim: − Sogra é geladeira velha Não presta mais tá ruim E quase nada congela; Mesmo velha e com defeito Sei que não tem outro jeito Não posso me livrar dela; Nova, não posso comprar Nem também posso trocar Tenho que ficar com ela. O genro que não tem dó Vive, da sogra, a zombar Diz que ela é xilindró Pois vive a aprisionar; Outro diz: não leve a mal Boa, é sogra-bacalhau Vale a pena até me encanta Minha casa a velha evita Quando vem é de visita É só na semana santa.


Existe nora que fala A fala com abundância Qual matraca não se cala Chama a sogra de ambulância Compara, se justifica E bem demais ela explica Num argumento profundo: Fala que a mãe do marido Qual sirene, o alarido Apavora a todo o mundo. Sogra boa, nela aposto O genro diz, e graceja Da minha sogrinha gosto Como gosto de cerveja; Ambas ali bem juntinhas Geladinhas, geladinhas Isso sim é que é beleza; As duas a gente estima As duas estando em cima Bem geladas numa mesa


A sogra imposto-de-renda É o tipo mais comum Ela é real, não é lenda Mete susto em qualquer um; E como o temido imposto Causa danos e desgosto A galera rala e rela Antes da “Fera” chegar A multidão já está Praguejando contra ela. Um genro muito queixoso Falou num tom ressentido: − Sempre fui bom esposo Fiel e leal marido; Minha sogra diz assim: − Tu és um cabra ruim, Tu, morto, vou te enterrar E sambar no teu caixão, Mas ele responde então: − Serei sepulto no mar.


E tem sogra rotulada De todo tipo e papel Pelo genro ela é chamada De sogra papai-noel Fruto engolido com casco Pois vive a lhe encher o saco; Tem sogra-vestibular Tal e qual tão desgastante Estressante o estudante Mete o pau a reprovar Tem gente a fugir da sogra Como o diabo da cruz Diz que ela é uma droga Se benze e chama Jesus Acha a pobre um estrupiço Faz aquele rebuliço Xinga tanto que se esquece E se esquece a toda hora Cada genro, cada nora Tem a sogra que merece


Tanto rótulo, apelido Já vem de longe, é histórico É preconceito inserido Se encaixando no folclórico; Tem a sogra Myke Tyson Mata o genro no cansaço Vive com ele a brigar À família desacata Mas dá uma de besta Indo à igreja rezar Aquele genro engraçado Vive com a sogra a brincar Desfaz até o ditado Tão velho, tão secular; Diz ele para o amigo − Vê se concorda comigo? Infeliz foi mesmo Adão Sem paraíso, sem lar Sem sogra para criar Piadas de gozação.


Veja só que azarada É minha amiga Constança A sogra foi batizada Com o nome Esperança; Na gozação, diz assim A velha não vai ter fim; Na mente depressa acorre O tão surrado chavão Que diz que esperança então É sempre a última que morre Sogrinha, não se apoquente Tudo isso é brincadeira A cabecinha não esquente Desculpe essa baboseira Receba como homenagem A sua grande coragem Bondade e paciência; Se a carapuça daqui Você tomar para si Foi mera coincidência

FIM



Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.