7º ano - Vida cotidiana e participação

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informações a uma autoridade e conversar com as pessoas da família são situações que também ilustram, respectivamente, maior e menor grau de formalidade. Isso quer dizer que, em situações formais, tanto oralmente como por escrito, empregamos a norma culta, que é como em geral se denomina a variedade de língua aprendida na escola ou assimilada nos ambientes de pessoas que cultivam o hábito da leitura. A formalidade e a informalidade têm a ver com o gênero que estamos usando, mas também com a situação, com as características pessoais de quem está envolvido. A entrevista ao vivo, por exemplo, é um gênero que pode se manifestar com mais ou menos formalidade, dependendo do entrevistado e do contexto da entrevista. Esses dois registros (formal e informal) fazem parte da variação que a língua apresenta de acordo com a situação em que é usada. A isso se chama variação situacional.

OUTRAS VARIAÇÕES DA LÍNGUA Os falantes de português estão em espaços diferentes, e há uma ligação entre a região de origem e a língua que se usa. Em certas regiões a palavra morango é pronunciada “murangu”; em outras, “morangu”. Em Minas Gerais e no Nordeste se usa a palavra muriçoca; em alguns estados do Sudeste, como São Paulo, para o mesmo inseto, usa-se pernilongo. Ocorrências como essas são consequências da variação regional ou geográfica que a língua sofre. Se considerarmos determinada região, com falantes vindos de camadas sociais diferentes, podemos encontrar outras diferenças. Estamos nos referindo à variedade social. Falantes escolarizados (que empregam o chamado português culto) e não escolarizados (que empregam o que se denomina português popular) constituem grupos que apresentam alguns traços específicos. Esses traços aparecem na pronúncia, na concordância, na escolha de alguns pronomes e em outras ocorrências. Por exemplo, o que se registra por escrito como lh em orelha é pronunciado, no português popular, como uma espécie de “i”. No português culto, a pronúncia se dá com o dorso da língua encostando no céu da boca. Em algumas regiões, no português popular, para indicar a pessoa com quem se fala, a preferência é o pronome lhe: “eu lhe conheço” é uma forma mais usada que “eu o conheço”. Na variedade popular também é mais comum simplificar as marcas de plural (“as criança”), enquanto na variedade culta os dois termos ficam no plural (“as crianças”). Examine estes exemplos: • a pronúncia “falamu” para o verbo que se grafa falamos; • a pronúncia “óclus” em vez de “óculus”, quando se grafa óculos; • a construção “Só sobrou dois pote”, em lugar de “Só sobraram dois potes”; • a construção “Não teve aula”, em lugar de “Não houve aula”. Embora os usos acima possam ser inicialmente associados à variedade popular, em certas ocasiões eles também são constatados em falantes da variedade culta. 16

Língua Portuguesa


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