legislativo e que a técnica nos dominará e sere mos felizes. O presidente será um computador central, mas a única certeza no Brasil é que o vice será do PMDB . . . Antes disso, porém, nos dias de hoje, diz ele, está se criando uma certa resistência das pessoas ao computador e a toda uma cultura cibernética, como uma forma de ser fiel ao livro e à cultura impressa. E ao con trário do que se pensava há alguns anos o com putador não eliminará o papel nem salvará as florestas, pois além do consumo do papel ter su bido, o computador estimula as pessoas a escre verem e permite a qualquer um ser autor, editor, paginador e ilustrador, com uma vontade quase irresistível de passar a obra para o papel. Além disso, desconfia ele, o livro impresso será salvo também em função do supérfluo, pois enquan to os computadores não tiverem cheiro sinteti zado, nada substituirá o cheiro de papel e tinta nas inimitáveis categor ias de livro novo e livro velho. Por fim, ironiza, o que falta e faltará na cibernética é a . . . lombada. A sobrevida do li vro, conclui ele, se dará então pela sua capaci dade de decorar inter iores. Esse Veríssimo . . . No outro dia, outra crônica. Desta vez da Lucia Guimarães com o título de “Morte às ár vores”, que, de forma mais documental, refor ça algo das ideias de Veríssimo e explica um re cente fenômeno que vem ocorrendo nos Estados Unidos: a revitalização das liv rar ias indepen dentes em contraposição ao declínio das gran des cadeias como a Borders e a Barnes & No ble, estas sim sendo dizimadas pela Amazon. O crescimento dessas independentes já atinge 25% desde 2009, com uma subida de vendas de livro em papel, embora com lucros meno res. Esse ressurgimento do livro em papel, diz Lucia, é ilustrado por uma reportagem do Washington Post com diversos estudantes univer sitár ios, que afirmam que ler em papel dá mais prazer “pois não emite sons e é gostoso de segu rar”, segundo um entrevistado, enquanto outro afirma que “seria impossível ler e compreender Tocqueville eletronicamente”. Como reforço a essa argumentação, diz Lu cia: “Diversas pesquisas mostram que a gera ção norte-a mericana de nativos digitais, que não cresceu habituada ao cheiro de livros ou li vros habitados por traças, não abre mão do papel quando se trata do prazer da leitura”. Além dis so, ela afirma, cientistas têm examinado a evo lução do cérebro do leitor medindo a retenção da informação na leitura de tablets e de páginas im pressas. Os que leem em papel, de forma geral,
se lembram melhor do que leram. Essa experiên cia foi reforçada pela norueguesa Anne Mangen que distribuiu um conto com elementos pertur badores a um grupo de pessoas, sendo que me tade recebeu o conto em um iPad e metade em papel. Os que o leram em papel demonstraram mais imersão, empatia e coerência ao falar da narrativa. Por essas coisas é que vão continuar morrendo árvores, diz a Lucia. Sem nostalgia. Pois bem, na mesma semana me chega um blog retratando a palestra de um marqueteiro digital nos Estados Unidos de nome Drew Da vis, feita no Applic at ion Forum da POD i em Las Vegas, com um título instigante: “O futuro do digital é a impressão”. Sua tese é baseada na sua ex per iência em trabalhar com market ing de conteúdo para diferentes empresas — sem dúvida uma importante vertente do marketing digital de hoje, pois o conteúdo relevante gera atratividade. Diz Davis que a disseminação ele trônica é rápida, barata, fácil e de longa dura ção pois a internet nunca esquece de nada. Mas é isso mesmo, pergunta? Enquanto o conteúdo permanece na internet e os sistemas de bus ca podem encontrar quase tudo, ainda temos que procurar pelas coisas. Há tanto conteúdo constantemente sendo despejado que as pági nas frontais desaparecem em questão de horas ou mesmo de minutos. Da mesma forma, uma imensidão de conteúdos despejados a cada se gundo são puro lixo, ou seja, vêm fácil, vão fácil. Dessa forma, como você pode criar uma maior permanência da sua mensagem ou da mensa gem da marca? Bem, diz ele, você compila, edi ta e imprime. Pois a impressão tem relevância e permanência e se torna uma maneira de in crementar o valor do conteúdo digital e esten der seu tempo de vida. Interessante, digo eu. Em especial quando ele recomenda que a grá fica se envolva mais no mundo digital até como ajuda ao seu cliente na estimulação da edição e impressão do conteúdo relevante. Ao ler isso me lembrei que esse posiciona mento do Davis vem ao encontro do que vem acontecendo com algumas das grandes redes de varejo norte-americanas, como a JCPenney, que já havia passado, há algum tempo, os seus famo sos catálogos de compras para o formato digital. Mas eis que, no último Natal, voltou a imprimi- los por entender que para muitos clientes a rela ção com o mater ial impresso é mais duradoura e estimulante. Até mesmo porque deixou o ca tálogo mais interativo levando o consumidor a concretizar a compra on-line.
51 maio /junho 2015 REVISTA ABIGR AF
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