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Sonho de menino Entre um e outro novo recurso de acabamento, Ninian Richardson encontra tempo para dedicar-se à arte da restauração de aviões antigos. Tânia Galluzzi
Ninian Richardson, diretor técnico da UVPack Acabamentos Especiais
oi acalentando um sonho de criança que Ninian Richardson, diretor técnico da UVPack Acabamentos Especiais, envolveu-se em um projeto inusitado: a restauração de um avião monomotor da década de 1930. Mas não se trata apenas de uma aeronave antiga. Estamos falando de um Tiger Moth, usado para treinar pilotos da Real Força Aérea Britânica antes e durante a Segunda Guerra Mundial, fabricado na Inglaterra e no Canadá pela inglesa De Havilland. O interesse de Ninian começou em sua infância na Inglaterra. Ele morava ao lado de um aeroporto particular, o Fairoaks Airport, e o vai e vem dos aviões fazia parte de sua rotina. Lá havia três Tiger Moth e desde a primeira vez que os viu ficou fascinado pelo pequeno biplano. O desejo de voar o levou ao curso de piloto comercial e à África, como piloto de taxi aéreo. Anos mais tarde reviveria a emoção de menino reencont rando o Tiger Moth ao assistir o filme Entre Dois Amores (Out of Africa), no qual Robert Redford guia o monomotor pela mesma rota que Ninian costumava fazer. A vida deu suas voltas e Ninian parou de voar prof issionalmente em 1975, quando veio para o Brasil. Montou uma empresa de representação no Rio de Janeiro e depois a UVPack,
em São Paulo, sufocando por quase 30 anos a vontade de dirigir o a vião inglês. Nesse per íodo Ninian não abandonou completamente sua primeira atividade. Sócio do Aeroclube de Bragança Paulista, no interior de São Paulo, voava até com certa regularidade, o que, para ele, funcionava como uma terapia. Foi em Bragança que a operação de restauro do Tiger Moth aconteceu. Ninian estava viajando pela Europa com a família em 2005 quando, seguindo algumas indicações, foi parar em Newtownards, na Irlanda do Norte, onde encontrou a aeronave abandonada em um hangar, em péssimas condições. Colocou tudo em um contêi ner e trouxe para o Brasil, dando início a uma aventura de cinco anos. Sonho concretizado
A palavra certa é aventura, porque não há uma trajetória linear para esse tipo de restauro. O caminho é difícil, cheio de desv ios e encruzilhadas, sobretudo pelo fato de Nin ian não visar apenas ao restauro, e sim colocar a aeronave no ar. “O projeto todo foi um desafio, da busca e recuperação das peças à montagem do avião a partir dos desenhos originais. Porém, o mais difícil foi conseguir a autorização da Anac para voar, o que demorou um ano”, conta Ninian. O Tiger