Revista Abigraf 257

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Em foco

Sonho de menino Entre um e outro novo recurso de acabamento, Ninian Richardson encontra tempo para dedicar-se à arte da restauração de aviões antigos. Tânia Galluzzi

Ni­nian Richardson, diretor técnico da UVPack Acabamentos Especiais

oi acalentando um sonho de crian­ça que Ni­nian Richardson, diretor técnico da UVPack Acabamentos Especiais, envolveu-se em um projeto inusitado: a restauração de um ­avião monomotor da década de 1930. Mas não se trata apenas de uma ae­ro­na­ve antiga. Estamos falando de um Tiger Moth, usado para treinar pilotos da Real Força Aérea Britânica antes e durante a Segunda Guer­ra Mun­dial, fabricado na Inglaterra e no Canadá pela inglesa De Havilland. O interesse de Ni­nian começou em sua infância na Inglaterra. Ele morava ao lado de um ae­ro­por­to particular, o Fairoaks Airport, e o vai e vem dos ­aviões fazia parte de sua rotina. Lá havia três Tiger Moth e desde a primeira vez que os viu ficou fascinado pelo pequeno biplano. O desejo de voar o levou ao curso de piloto co­mer­cial e à África, como piloto de taxi aé­reo. Anos mais tarde reviveria a emoção de menino reen­con­t ran­do o Tiger Moth ao assistir o filme Entre Dois Amores (Out of Africa), no qual Robert Redford guia o monomotor pela mesma rota que Ni­nian costumava fazer. A vida deu suas voltas e Ni­nian parou de voar pro­f is­sio­nal­men­te em 1975, quando veio para o Brasil. Montou uma empresa de representação no Rio de Janeiro e depois a UVPack,

em São Paulo, sufocando por quase 30 anos a vontade de dirigir o a­ vião inglês. Nesse pe­r ío­do Ni­nian não abandonou completamente sua primeira atividade. Sócio do Aeroclube de Bragança Paulista, no interior de São Paulo, voa­va até com certa regularidade, o que, para ele, fun­cio­na­va como uma terapia. Foi em Bragança que a operação de restauro do Tiger Moth aconteceu. Ni­nian estava via­jan­do pela Europa com a família em 2005 quando, seguindo algumas indicações, foi parar em Newtownards, na Irlanda do Norte, onde encontrou a ae­ro­na­ve abandonada em um hangar, em péssimas condições. Colocou tudo em um con­têi­ ner e trouxe para o Brasil, dando início a uma aventura de cinco anos. Sonho concretizado

A palavra certa é aventura, porque não há uma trajetória li­near para esse tipo de restauro. O caminho é difícil, cheio de des­v ios e encruzilhadas, sobretudo pelo fato de Ni­n ian não visar apenas ao restauro, e sim colocar a ae­ro­na­ve no ar. “O projeto todo foi um desafio, da busca e recuperação das peças à montagem do ­avião a partir dos desenhos originais. Porém, o mais difícil foi conseguir a autorização da Anac para voar, o que demorou um ano”, conta Ni­nian. O Tiger


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