Revista Abigraf 251

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Bons designers são bons editores porque são capazes de escolher entre uma solução e outra. Editar sugere uma metodologia básica de trabalho que não é apenas uma escolha de modelos formais, mas decisões que dão formas aos conceitos.

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Jessica Helfand

Tipografia não tem regras, apenas convenções.

Gerald Hunger

Reforma e contrarreforma Regras e convenções têm sido discutidas no design desde sempre. Isto é, desde que elas existem e eram poucas e dogmáticas. Mas contestá-las é uma atitude recente, assim como discuti-las. Mesmo assim esse debate ainda se parece com aquele acontecido no início do século XX, quando a geração modernista iniciou sua batalha contra a tradição. No centro do debate atual está a negação da estrutura como elemento organizador do design, no outro, a recusa do ornamento como parte de sua estrutura.

Michel Bierut, Jessica Helfand, Rick Poynor e Steven Heller

Uma discussão nem tão recente, ela reflete

são os organizadores desta obra que reúne os textos fundantes do design – em particular da sua vertente gráfica e visual. Os quatro designers-editores acima relacionados fazem parte das duas principais “gangues” (de designers intelectuais) nova-iorquinas que comandam ou participam dos blogs underconsideration e designobserver, além de estarem sempre presentes nas revistas Print, Eye e no AIGA Journal of Design. ¶ Textos Clássicos do Design Gráfico, editado no Brasil pela Martins Fontes e com capa da Rex Design, reúne textos dos séculos XIX e XX que abarcam as ideias do movimento Arts & Crafts, da Bauhaus, do Construtivismo, passam por textos polêmicos dos anos 1960 (McLuhan, Susan Sontag) e chegam até escritos dos mestres Wolfgang Weingart, Massimo Vignelli e Victor Papanek e de diversos pioneiros na área da tipografia. ¶ Para quem imagina que o mundo existe apenas depois da criação da internet e das redes sociais, este é um livro fundamental, ou seja, uma obra para conhecer os fundamentos do design a partir de fontes originais. ¶ Publicado originalmente nos EUA pela Allworth, em 1999, na série Looking Closer, que é coordenada pela AIGA.

e a legibilidade previsível do modelo racionalista

www.wmfmartinsfontes.com.br

que se desenvolveram ao longo do século XIX.

um movimento (ou uma revolta) contra a grade e funcionalista do passado, que, de acordo com Charles Jencks, foi uma “reforma protestante” que põe o ornamento fora da lei e o transforma

¶ A nova escritura exige, dizem seus seguidores, que aprendamos a ler segundo outras convenções que não as estabelecidas no modernismo. E afirma também que a legibilidade sozinha não garante mais a comunicação. No primeiro

em “pecado”.

embate há a recusa por tudo que não pareça ou seja prático e útil. No outro, o excesso, qualquer que seja, não é mais um pecado estético ou um mau passo profissional. nnnnn No âmago dessas questões, que aconteceram no início e no final do século passado, encontramos uma discussão sutil: se eliminamos o ornamento, o que o design pode oferecer a seus usuários como prazer, deleite ou mesmo conhecimento? ¶ Resolver problemas, informar, criar identidades é ao que ele se propunha desde o modernismo. O maneirismo modernista em seu minimalismo tornou-se igualmente um ornamento. E esse bom design é facilmente identificável no uso de certas cores, texturas, materiais industriais e nas relações ergonômicas: o ornamento funcional se tornou uma citação cultural e referência histórica como foram outrora os detalhes barrocos e os pormenores dos estilos nnnnn A produção contemporânea do design

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(e das artes) está baseada em afirmações dos REVISTA ABIGR AF  JANEIRO/ FEVEREIRO 2011


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