Revista Abigraf 247

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As cooperativas

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Mesmo representando uma pequena parcela no universo de catadores, as coo­pe­ra­t i­vas vêm conquistando espa­ ço na ca­deia produtiva e já são vistas por algumas in­dús­trias como par­cei­ros co­mer­ciais. É o caso da Coo­pe­ra­ti­va de Reciclagem Unidos pelo Meio Am­bien­ te (Cruma), na cidade de Poá, em São Pau­lo, que vende papel reciclável para a Suzano Papel e Celulose. Fundada em 1997, reú­ne 35 catadores e integra a Rede Cata Sampa, formada por 17 coo­ REVISTA ABIGR AF  MAIO/JUNHO 2010

Foto: Ciro Benatti/ FFW Propaganda

está cons­t i­t uí­ da como as­s o­ cia­ção por con­ ta da alta carga tributária que incide sobre as coo­p e­r a­t i­v as, tornando o mo­ delo i n­v iá­v el para os catado­ res, que têm renda média na­cio­nal de R$ 140 ­reais men­sais (dados do MNCR , 2006). A ­maior parte dos catadores está concentrada nas re­g iões metropolita­ nas, principalmente no Sudeste. No en­ tanto, um grande número de catadores em ­­áreas ru­rais e cidades menores tra­ balha quase sempre diretamente dentro de lixões a céu aberto. Na cidade de São Pau­lo são cerca de 20 mil catadores (estimativa do Ins­ tituto Pólis) sobrevivendo e sustentan­ do suas fa­mí­lias da coleta de ma­te­r iais re­ci­clá­veis. Desses, apenas três mil tra­ balham de forma organizada em coo­pe­ ra­ti­vas e as­so­cia­ções. O restante atua nas ruas da cidade, expostos aos peri­ gos que uma atividade como essa apre­ senta, além de estarem submetidos à exploração dos ferros-​­velhos. Um car­ro­cei­ro coleta em média 600 quilos de ma­te­r ial reciclável por dia, 15 toneladas por mês. Informações divul­ gadas pelo Compromisso Em­pre­sa­r ial para Reciclagem (Cempre), as­so­cia­ção sem fins lucrativos dedicada à promo­ ção da reciclagem, dão conta de que, em 2008, apenas 405 dos 5.560 mu­ni­cí­ pios bra­si­lei­ros fa­ziam a coleta seletiva em escala significativa.

pe­ra­ti­vas e as­so­cia­ções de catadores de ma­te­r iais re­ci­clá­veis. “As coo­pe­ra­ti­vas sozinhas não têm qualidade e quanti­ dade para brigar por melhores preços”, diz Marcos Antonio de Lima, catador da Cruma e integrante do conselho administrativo da Cata Sampa.

Antes éramos vistos como sucateiros. Agora já nos veem como empresários que investem em equipamentos e tecnologia. Ronaldo Perissoto, membro da Associação Nacional dos Aparistas e diretor da Dionísio Recicláveis

pel impresso), jornal e TetraPak. O mais valorizado é o papel branco, que hoje é vendido pela rede por 53 centavos o quilo. O papelão atinge entre 38 e 40 centavos. “Em 2008, o quilo do pape­ lão despencou para 15, 17 centavos o quilo, sendo que antes era vendido por 48 centavos”, informa Marcos Antonio. Sain­do da celulose, os ma­te­r iais de mais alto valor são o alumínio, co­mer­ cia­li­za­do a R$ 2,60 o quilo (difícil de che­ gar aos catadores justamente por ter uma rede de logística reversa bem es­ truturada), e o mui­to raro cobre, que atinge R$ 14,00 o quilo. Os aparistas

Nem todo o papel que é recolhido pelas coo­pe­ra­ti­vas é passível de ser en­via­do diretamente para a indústria, mesmo porque mui­tas coo­pe­ra­ti­vas não conse­ guem rea­li­zar o be­ne­f i­cia­men­to exigi­ do. O ma­te­r ial é então ne­go­cia­do com os aparistas. O papel reciclável tem quatro gran­ des consumidores, como comenta Ale­ xandre Duckur. Em pri­mei­ro lugar está a indústria de papelão ondulado, segui­ da pelo fabricante de papel tissue (uso sa­ nitário), de­pois o de papelão e em quarto lugar a indústria de papel para imprimir e escrever. A mais seletiva com relação às aparas é esta última. A própria Big­ nardi compra papel reciclável dos apa­ ristas. “A coleta e tria­gem dos ma­te­r iais

A principal fonte da Cruma está nas re­si­dên­cias. Todo o ma­te­rial recolhido é transportado para a central de tria­gem, onde é separado, em alguns casos tritu­ rado e prensado. No final do Consumo Aparente de Aparas e de Pa­péis mês o ma­te­rial é co­mer­cia­li­ de Origem por Grandes Grupos de Aparas za­do, mui­tas vezes reu­nin­do em 2008 (mil toneladas) os volumes coletados pelas Consumo Consumo Aparente Família de Taxa de ou­tras coo­pe­ra­ti­vas. “Verifi­ Aparente Aparas de Papéis Recuperação de Aparas de camos quem oferece os me­ Origem lhores preços e condições Ondulados + Kraft 2.851 4.154 68,6% de pagamento e divulgamos para toda a rede”. Imprimir/Escrever   570 2.207 25,8% sem Pastas A Cruma faz a coleta de qualquer tipo de ma­te­r ial Imprimir/Escrever   271   651 41,6% com Pastas reciclável. Em se tratando de papel, o ma­t e­r ial é se­ Cartão   136   518 26,3% parado em vá­r ias ca­t e­g o­ Sanitários —   850 — rias: papelão (cai­x a­r ia em Outros —   375 — geral), papelão misto (cai­ xa de ovo, de sabão em pó, Total sem Papéis 3.828 7.530 50,8% Não Recicláveis ma­te­r iais de menor valor), papel branco, revista (pa­ Fonte: Bracelpa


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