Urucum (Bixa orellana, L.): Tecnologias de plantio e utilização

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URUCUM (Bixa orellana, L.) TECNOLOGIAS DE PLANTIO E UTILIZAÇÃO

Vicente de Paula Queiroga Camilo Flamarion de Oliveira Franco Miguel Barreiro Neto Editores Técnicos

REVISTA CIENTÍFICA


URUCUM (Bixa orellana, L.) TECNOLOGIAS DE PLANTIO E UTILIZAÇÃO

1ª Edição


CENTRO INTERDISCIPLINAR DE PESQUISA EM EDUCAÇÃO E DIREITO LARYSSA MAYARA ALVES DE ALMEIDA Diretor Presidente da Associação do Centro Interdisciplinar de Pesquisa em Educação e Direito VINÍCIUS LEÃO DE CASTRO Diretor - Adjunto da Associação do Centro Interdisciplinar de Pesquisa em Educação e Direito ESTHER MARIA BARROS DE ALBUQUERQUE Editor-chefe da Associação da Revista Eletrônica a Barriguda - AREPB

ASSOCIAÇÃO DA REVISTA ELETRÔNICA A BARRIGUDA – AREPB CNPJ 12.955.187/0001-66 Acesse: www.abarriguda.org.br

CONSELHO EDITORIAL Adilson Rodrigues Pires André Karam Trindade Alessandra Correia Lima Macedo Franca Alexandre Coutinho Pagliarini Arali da Silva Oliveira Bartira Macedo de Miranda Santos Belinda Pereira da Cunha Carina Barbosa Gouvêa Carlos Aranguéz Sanchéz Dyego da Costa Santos Elionora Nazaré Cardoso Fabiana Faxina Gisela Bester Glauber Salomão Leite Gustavo Rabay Guerra Ignacio Berdugo Gómes de la Torre Jaime José da Silveira Barros Neto Javier Valls Prieto, Universidad de Granada José Ernesto Pimentel Filho Juliana Gomes de Brito Ludmila Albuquerque Douettes Araújo Lusia Pereira Ribeiro Marcelo Alves Pereira Eufrasio Marcelo Weick Pogliese Marcílio Toscano Franca Filho Olard Hasani Paulo Jorge Fonseca Ferreira da Cunha Raymundo Juliano Rego Feitosa Ricardo Maurício Freire Soares Talden Queiroz Farias Valfredo de Andrade Aguiar Vincenzo Carbone



VICENTE DE PAULA QUEIROGA CAMILO FLAMARION DE OLIVEIRA FRANCO MIGUEL BARREIRO NETO (Editores Técnicos)

URUCUM (Bixa orellana, L.) TECNOLOGIAS DE PLANTIO E UTILIZAÇÃO

1ª Edição

ASSOCIAÇÃO DA REVISTA ELETRÔNICA A BARRIGUDA - AREPB

2022


©Copyright 2022 by

Organização do Livro VICENTE DE PAULA QUEIROGA, CAMILO FLAMARION DE OLIVEIRA FRANCO, MIGUEL BARREIRO NETO Capa CRISLANE SANTOS DE MACÊDO, SARAH ELISABETH SANTOS CUPERTINO, JONATHAS FARIAS DE CARVALHO. FOTOS DA CAPA: ARQUIVI SEEDS GALLERY.SHOP; DQJT28 / CC BY-SA; RADDATZ-MOTA ET AL. (2017). Editoração ESTHER MARIA BARROS DE ALBUQUERQUE Diagramação ESTHER MARIA BARROS DE ALBUQUERQUE O conteúdo dos artigos é de inteira responsabilidade dos autores. Data de fechamento da edição: 07-03-2022

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Queiroga, Vicente de Paula. Urucum (Bixa orellana, L.): Tecnologias de plantio e utilização. 1ed. / Organizadores, Vicente de Paula Queiroga, Camilo Flamarion de Oliveira Franco, Miguel Barreiro Neto. – Campina Grande: AREPB, 2022. 151 f. : il. color. ISBN 978-65-87070-11-7 1. Urucum. 2. Bixa orellana. 3. Sistema de produção. 4. Colheita. 5. Sementes. 6. Corante. I. Queiroga, Vicente de Paula. II. Franco, Camilo Flamarion de Oliveira. III. Barreiro Neto, Miguel. IV. Título. CDU 631.5

Dados internacionais de catalogação na publicação (CIP) Ficha Catalográfica Elaborada pela Direção Geral da Revista Eletrônica A Barriguda - AREPB Todos os direitos desta edição reservados à Associação da Revista Eletrônica A Barriguda – AREPB. Foi feito o depósito legal.


O Centro Interdisciplinar de Pesquisa em Educação e Direito – CIPED, responsável pela Revista Jurídica e Cultural “A Barriguda”, foi criado na cidade de Campina Grande-PB, com o objetivo de ser um locus de propagação de uma nova maneira de se enxergar a Pesquisa, o Ensino e a Extensão na área do Direito.

A ideia de criar uma revista eletrônica surgiu a partir de intensos debates em torno da Ciência Jurídica, com o objetivo de resgatar o estudo do Direito enquanto Ciência, de maneira inter e transdisciplinar unido sempre à cultura. Resgatando, dessa maneira, posturas metodológicas que se voltem a postura ética dos futuros profissionais.

Os idealizadores deste projeto, revestidos de ousadia, espírito acadêmico e nutridos do objetivo de criar um novo paradigma de estudo do Direito se motivaram para construir um projeto que ultrapassou as fronteiras de um informativo e se estabeleceu como uma revista eletrônica, para incentivar o resgate do ensino jurídico como interdisciplinar e transversal, sem esquecer a nossa riqueza cultural.

Nosso sincero reconhecimento e agradecimento a todos que contribuíram para a consolidação da Revista A Barriguda no meio acadêmico de forma tão significativa.

Acesse a Biblioteca do site www.abarriguda.org.br


EDITORES TÉCNICOS

Vicente de Paula Queiroga (Dr) Pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Centro Nacional de Pesquisa do Algodão-CNPA Campina Grande, PB (Brasil)

Camilo Flamarion de Oliveira Franco (Dr) Pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Centro Nacional de Pesquisa do Algodão-CNPA Campina Grande, PB (Brasil)

Miguel Barreiro Neto (Dr) Pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Centro Nacional de Pesquisa do Algodão-CNPA Campina Grande, PB (Brasil)


APRESENTAÇÃO

Bixa orellana L. (urucum) é considerada uma fonte importante de corantes naturais para as indústrias alimentícia, farmacêutica e têxtil, sendo o Brasil um dos maiores produtores e exportadores do corante extraído das sementes dessa planta. A importância do cultivo desta bixácea é devida tratar-se de planta produtora de corante natural, haja vista a tendência mundial em restringir o uso de corantes artificiais na composição dos alimentos. O principal corante constituinte do urucum é a Bixina, que se encontra na cobertura externa da semente ou pericarpo (arilo) que é transformado em massa ou goma, representando mais de 80% dos pigmentos presentes. Considerando que o cultivo do urucuzeiro, de forma racional, é praticamente recente, há necessidade de serem intensificados os estudos agronômicos, visando, principalmente, à melhoria da produtividade e qualidade do urucum. Assim, será possível tornar o Brasil mais competitivo no mercado internacional, além de também oferecer um produto de qualidade superior ao existente no mercado nacional. Portanto, este livro descreve as principais tecnologias para a produção do urucum com sustentabilidade, abordando os seguintes aspectos: morfologia, variedades, propagação, manejo, pragas-doenças, colheita, secagem, beneficiamento e qualidade. Além disso, os autores desta publicação, preocupados em fortalecer a participação de produtores brasileiros na produção do urucuzeiro, trazem a comunidade acadêmica e extensionistas, as informações básicas copiladas de bibliografias existentes sobre Urucum (Bixa orellana, L.): Tecnologias de plantio e utilização.

Os autores


SUMÁRIO CAPÍTULO I – SISTEMA PRODUTIVO DO URUCUM (Bixa orellana, L.) – Vicente de Paula Queiroga, Camilo Flamarion de Oliveira Franco, Miguel Barreiro Neto, Jorge Cazé Filho, Fabiano de Cristo Pereira da Silva, Acácio Figueiredo ............................................................10

CAPÍTULO II – COLHEITA, PÓS-COLHEITA, EXTRAÇÃO DO CORANTE E COMERCIALIZAÇÃO DO URUCUM – Vicente de Paula Queiroga, Camilo Flamarion de Oliveira Franco, Miguel Barreiro Neto ...................................................................................113

REFERÊNCIAS BIBIOGRÁFICAS ....................................................................................134


C a p í t u l o I | 10

CAPÍTULO I

SISTEMA PRODUTIVO DO URUCUM (BIXA ORELLANA L.)

Vicente de Paula Queiroga Camilo Flamarion de Oliveira Franco Miguel Barreiro Neto Jorge Cazé Filho Fabiano de Cristo Pereira da Silva Acácio Figueiredo Neto (Editores Técnicos)


C a p í t u l o I | 11 INTRODUÇÃO Bixa orellana L. é uma planta lenhosa da família Bixaceae, originária da América tropical (JOLY, 2002) e nativa das florestas Amazônica e Atlântica, conhecida no Brasil como urucum, urucu, açafroa, entre outros (MARCHIORI, 2000). As sementes são revestidas externamente por pigmentos avermelhados, constituídos principalmente por dois carotenoides principais: a bixina, de coloração vermelha e solúvel em óleo, e a norbixina, também denominada orelhina, éster da bixina, de coloração amarela e solúvel em água (MERCADANTE; PFANDER, 1998; JAKO et al., 2002; KIOKIAS; GORDON, 2003; SOARES et al., 2011), amplamente empregados pelas indústrias alimentícias, farmacêuticas e têxteis (LAURO, 1991; BOUVIER et al., 2003; COSTA et al., 2008). Em 1936, Joé Freire descreveu o urucum como uma cultura que embora relegada para um plano de completo indiferentismo, merece, contudo, o carinho de uma exploração em larga escala. A previsão de Freire se confirmou e o urucum rapidamente passou de uma cultura extrativista para plantios comerciais, tornando-se a fonte do pigmento natural mais utilizado pela indústria de alimentos e cobiçado pelas indústrias cosmética, têxtil e farmacêutica (FREIRE, 1936). O sucesso conquistado por essa cultura fez com que se multiplicassem as pesquisas e as últimas décadas foram marcadas por melhoramentos genéticos que resultaram em maior produtividade e, principalmente, maior teor de pigmentos. A concentração de bixina, o carotenoide majoritário nas sementes de urucum – superou as médias históricas de 2,5% e já atinge valores superiores a 5% em diversas variedades. A sua produtividade alcança níveis superiores a 1.500 kg\ha e as tecnologias de produção e utilização dos corantes obtidos a partir das sementes de urucum atingem altos níveis de sofisticação. Ademais, aumentaram também as pesquisas relacionadas com o manejo dos plantios, colheita e póscolheita, pois se trata de uma espécie que apresenta uma grande diversidade no formato das folhas, cor dos frutos, presença ou ausência de espinhos (apêndices), bem como no teor de bixina e carotenoides (CARVALHO, 2020). Por outro lado, o urucum (Bixa orellana L.) é uma espécie perene de importância agronômica que está amplamente distribuída em várias regiões do Brasil. Desde que as indústrias passaram a substituir os corantes sintéticos pelos naturais, o Brasil se tornou um dos países com maior produção e exportação de sementes e, principalmente, de corantes a base dos pigmentos extraídos das sementes de urucum (MERCADANTE et al.,


C a p í t u l o I | 12 1997). Em consequência, houve substancial aumento das áreas de cultivo em diferentes regiões do país, principalmente em estados das regiões Norte, Nordeste, Sudeste e CentroOeste (IBGE, 2017). Os plantios de urucum são estabelecidos, na grande maioria, a partir de plantas propagadas por sementes (SÃO JOSÉ et al., 1999a). Essas plantas, no entanto, apresentam amplas variações na cor, forma e tamanho dos frutos, na produtividade de sementes, no teor de bixina e na tolerância às pragas e doenças. Estas variações são atribuídas à predominância de polinização cruzada entre indivíduos, aos genótipos e às condições de cultivo (REBOUÇAS; SÃO JOSÉ, 1996). Suas sementes são compostas quimicamente de 40% a 45% de celulose, de 3,5% a 5,2% de açúcares, de 0,3% a 0,9% de óleo essencial, de 3% de óleo fixo, de 4,5% a 5,5% de pigmentos, de 13% a 16% de proteínas, além de alfa e betacarotenos. Tudo isso se soma às recentes pesquisas que identificaram e já extraem, em nível industrial,

substâncias

que

podem

explicar

as

propriedades

farmacológicas

historicamente atribuídas ao urucum. É a forma de solubilidade que determina a aplicação dos corantes do urucum. A bixina, por exemplo, sendo lipossolúvel, é empregada em laticínios, como margarina, queijos, manteiga, e em outros produtos oleosos; já a norbixina, sendo solúvel em água, aplica-se ao fabrico de iogurtes, sorvetes, refrigerantes, cervejas e à formulação de alguns tipos de queijo. A bixina, apesar de ser carotenoide, não possui atividade vitamínica A; entretanto, é um dos corantes naturais mais estáveis.

IMPORTÂNCIA ECONÔMICA Por ser a única espécie disponível como fonte do pigmento natural bixina, Bixa orellana apresenta destacada importância econômica. Os primeiros registros do uso de bixina datam do final do século XV, quando os Maias e Astecas usavam esse pigmento como corante têxtil, alimentar e para o corpo (GIULIANO et al., 2003b). A produção comercial de bixina tem sido documentada desde 1870 na Europa e nos EUA; e o interesse na sua utilização pelas indústrias de produtos têxteis, cosméticos, farmacêuticos e de alimentos tem sido cada vez mais crescente. Aplicações do corante em alimentos aumentaram significativamente no mundo após 1960, quando a maioria dos corantes sintéticos foi banida das indústrias de alimentos por serem cancerígenos (LAURO, 1991). A FAO/OMS permite a ingestão diária de 1,25 mg kg-1 de massa corpórea de extratos de B.


C a p í t u l o I | 13 orellana (HARDER, 2005). Segundo Majolo (2009), os dados apresentados por Paumgartten et al. (2002) demonstraram que extrato de B. orellana (28% de bixina) não apresenta efeito adverso para ratos fêmeas e nem para seus fetos. Doses de até 500 mg kg-1 de massa corpórea/dia, introduzidas diariamente no estômago desses animais, não acarretaram anomalias externas visíveis, viscerais ou do esqueleto dos fetos. Outros testes realizados em ratos, camundongos e suínos comprovaram que o pigmento extraído de B. orellana não apresenta toxidade, podendo ser consumido com segurança (FRANCO et al., 2002; HARDER, 2005). Da espécie B. orellana pode ser obtido corantes com tonalidades variando do amarelo ao castanho, passando pelo vermelho (MERCADANTE; PFANDER, 1998), sendo extensivamente utilizado na indústria alimentícia. A bixina, lipossolúvel, tem sido utilizada como corante em queijos, sorvetes, manteigas, iogurtes, embutidos, salgadinhos, molhos e massas (MERCADANTE; PFANDER, 1998; SILVA et al., 2009b). Além disso, é o único corante que proporciona a intensa coloração laranja nos queijos "cheddar" e "prato", em virtude de suas propriedades únicas de se ligar, de forma estável, às moléculas de caseína. Bixina também apresenta uma estabilidade superior, comparativamente, ao betacaroteno e a páprica, quando adicionada em massas e cereais matinais. Na indústria de cosméticos é usada em produtos como batons, protetores e bronzeadores solar. Na indústria têxtil, é usada na coloração de couros e de fibras. Aplicações industriais de bixina ainda incluem o seu uso em ceras para pisos, vernizes e lustres de móveis e sapatos. Atualmente, dentre os corantes aditivos naturais, bixina é o segundo em importância econômica, após o caramelo, sendo comparativamente mais barato (MERCADANTE; PFANDER, 1998). B. orellana apresenta grande diversidade de tipos cultivados e adaptabilidade edafoclimática, sendo cultivada em quase todas as regiões do Brasil (SÃO JOSÉ et al., 1992). Segundo Mantovani et al. (2010), em 2008 os plantios comerciais no país ocupavam aproximadamente 12 mil hectares, com produção de cerca de 12 mil toneladas anuais (IBGE, 2008). Apesar de ser um dos maiores produtores mundiais de grãos, a produção brasileira de B. orellana ‘in natura’ é insuficiente para suprir o mercado interno (FRANCO et al., 2002; HARDER, 2005). Na região Nordeste do Brasil, a cultura de B. orellana apresenta grande importância para o desenvolvimento socioeconômico. Nessa região, 78% do cultivo de B. orellana provêm da agricultura familiar, sob condições de sequeiro, com reduzidos custos de implantação, se comparados a outras culturas. Na


C a p í t u l o I | 14 região Nordeste, a maior proporção (80%) do corante extraído das sementes é comercializada no mercado interno para a produção de colorau/colorífico e corantes, e o restante (20%) destinado à exportação (ANSELMO et al., 2008). A América Latina contribui com 60% da produção mundial, sendo Brasil e Peru os maiores produtores e exportadores de sementes de B. orellana. O preço das sementes pode atingir até US$ 2.000,00 por tonelada, variando com a produção mundial e com o conteúdo de bixina, que deve ser superior a 2,7%. Europa, EUA e Japão são os maiores importadores de sementes de B. orellana (MANTOVANI et al., 2010). O consumo de colorífico é mais popular na região Nordeste do Brasil ou em áreas de maior concentração da população nordestina, pela tradição no consumo deste corante natural na sua culinária. Em 2000, foi estimado em 1.200 t o consumo de colorífico no Brasil. Para o segmento de condimentos, especiarias e temperos, o colorífico representa 44,6%, seguido da pimenta-do-reino com 35,4%, a canela 4,1%, o cominho 4,0% e 11,9% para a pimenta com cominho, bicarbonato, orégano, louro, erva doce, cravo, camomila e outros. Em 2001, estimava-se em 1.600 t de colorífico consumido anualmente (FRANCO, 2004). Esse incremento no consumo interno do corante, também é observado no mercado externo, sendo em função do aumento da demanda por alimentos coloridos com corantes naturais, assim como pelas indústrias de cosméticos, farmacêutica e têxtil. Há uma tendência de crescimento do mercado de corantes naturais, sendo o urucum (bixina) o principal, tanto no mercado interno como externo. No Brasil, há 35 indústrias produtoras de corantes, das quais 54,2% são produtoras de corantes naturais. Dentre os corantes naturais, aquele oriundo de B. orellana é o mais produzido e utilizado (FRANCO et al., 2002). No Brasil, B. orellana é explorada comercialmente como planta ornamental, pela beleza e colorido de suas flores, além de ser considerada medicinal (TORRES; BEZERRA NETO, 2009). Também é utilizada na medicina popular, principalmente para combater doenças coronarianas, afecções do estômago e intestino, afecções respiratórias, queimaduras e como afrodisíaco (LORENZI; MATOS, 2008). A ação da bixina e da norbixina sobre a redução do colesterol foi estudado por Lima et al. (2001), conforme discutido por Harder (2005). A bixina apresentou melhor efetividade na redução do colesterol e na manutenção dos níveis de colesterol-HDL mais elevados. Esses resultados são promissores, demonstrando que após estudos mais conclusivos estas substâncias


C a p í t u l o I | 15 poderão ser utilizadas como fármacos no tratamento ou prevenção de doenças provocadas pelo alto colesterol. O corante é uma massa vermelha, que se adere ao toque, dissolve-se aos poucos em água e em álcool e éter, dando origem a uma solução alaranjada. O princípio corante se chama Bixina. Ao dissolver a carnosidade que envolve as sementes em água, o resíduo do corante avermelhado permanece de estrutura amorfa e facilmente solúvel em álcool quente. A fórmula química é C25H30O4. Trata-se de um ácido carboxílico carotenoide e tem sabor insípido, pelo que é adequado para colorir alimentos, arroz, margarinas, queijos e bebidas em geral. Também é utilizado em produtos cosméticos com a mesma finalidade. Os urucuns são tão importantes que mesmo sem corante, a semente contém minerais que podem ser utilizados na alimentação animal, conforme mostra a Tabela 1 abaixo.

Tabela 1. Composição química da semente de urucum sem corante. Análise Umidade Proteína Cinza Gorduras Carboidratos Fibra bruta Cálcio Fósforo Ferro Potássio Zinco Magnésio Fonte: Julio C. Bonilla Murillo (2009).

Base úmida (%) 9,3 16,1 5,05 3,39 66,11 9,19 0,39 0,43 104,97 1,42 76,07 0,33

Base seca (%) 17,8 5,56 3,37 72,82 101,13 0,42 0,47 115,73 1,56 83,87 0,36

Vale destacar que as sementes de Bixa orellana são ricas em proteínas, podendo ser empregada como forragem e na composição de rações. A sua utilização em rações para aves, principalmente poedeiras, intensifica a coloração das gemas dos ovos, tornando o produto mais apresentável para o consumo. As sementes ainda têm sido empregadas na medicina popular (FRANCO et al., 2002; HARDER et al., 2008; STRINGHETA; SILVA, 2008).


C a p í t u l o I | 16 ORIGEM E HISTÓRIA Seu lugar de origem possivelmente seja a bacia amazônica, já que neste lugar outras espécies silvestres do mesmo gênero estão crescendo. Antes da conquista da América pelos espanhóis, o urucum crescia selvagemente desde o México até o Brasil. Com o passar do tempo foi introduzido em alguns países africanos e a partir daí passou para a Ásia e Oceania. Portanto, o urucum é uma planta nativa do continente americano, mas amplamente distribuída em muitos países tropicais. A família Bixaceae é considerada pantropical (organismo que habita qualquer região dos trópicos), com distribuição do México à Argentina, embora também seja amplamente cultivada em outras regiões tropicais e subtropicais (SÁNCHEZ, 1965; APARNATHI et al., 1990; SRIVASTAVA et al., 1999). O urucum (Bixa orellana L.) (Bixaceae) é o único membro deste gênero na família. Seu nome vulgar deriva das palavras caribenhas bija orbiché, e de Orellana, em homenagem a Francisco de Orellana, o primeiro botânico e explorador que o estudou. No México, o urucum é conhecido pelo nome popular de achiote, que deriva do Nahuatl achiotl (ARCE, 1999; GODOY-HERNÁNDEZ, 2000). O nome popular urucum provém do vocábulo tupi uru-ku, que significa vermelho, o produto de maior valor econômico advém da semente, que apresenta cobertura rica em bixina (CORLETT et al., 2007). A bixina é o pigmento (corante do grupo dos carotenóides), presente no pericarpo da semente e representa a matéria-prima relevante para a indústria de corantes (FRANCO et al., 2008). Tem-se conhecimento que os índios do Brasil, do México, Peru e Porto Rico, untavamse com seu óleo e sementes para participar de ritos cerimoniais, além de usar essa mistura como camuflagem, que os protegia de picadas de insetos e do sol (ALONSO, 2004). Muitos aborígines também utilizavam seu corante para tingirem objetos de cerâmica e outros vasos de uso doméstico (CORRÊA; PENNA, 1984). Os primeiros registros escritos sobre essa planta datam de 1.500, na Carta de Pero Vaz de Caminha ao Rei D. Manoel, quando do descobrimento do Brasil. Nessa carta, são feitas várias menções sobre diversas espécies vegetais que aqui existiam, porém a única espécie sobre a qual a identificação não havia dúvidas era o urucum. Caminha descrevia essa planta como “... uns ouriços verdes, de árvores que, na cor, queriam parecer de castanheiros, embora mais e menores, e eram cheios duns grãos vermelhos pequenos, que, esmagados entre os dedos, faziam tintura vermelha, de que eles andavam tintos. E


C a p í t u l o I | 17 quanto mais se molhavam, tanto mais vermelhos ficavam” (FILGUEIRAS; PEIXOTO, 2002). Segundo Barroso (1978) e Joly (1987), a família Bixaceae é representada por um único gênero, Bixa L., nativa da América tropical e extensamente cultivada. Corrêa e Pena (1984), citam algumas espécies do gênero Bixa, como B. acuminata Bojer., B. americana Poiret., B. orellana Noronha., B. platycarpa Ruiz., B. tinctoria Salisb. e B. urucurana Wild. Além destas, há ainda B. arborea Huber., B. excelsa Gleason & Krukoff., B. odorata Ruiz., B. orellana var. leiocarpa Kuntze., B. orellana var. urucurana Willd., B. sphaerocarpa Triana. e B. upatensis Ram. (PLANTAMED, 2005). Vale destacar que o cultivo do urucum é importante desde os tempos pré-colombianos porque tem sido explorado para a obtenção de uma pasta que tem sido utilizada no preparo de condimento, cosméticos, rituais religiosos e medicinal. As partes utilizadas da planta são principalmente as sementes, mas também raízes e folhas. Das sementes obtém-se o corante vermelho citado em documentos históricos, usado inicialmente pelos indígenas como tinta corporal, e que atualmente tem grande importância na indústria alimentícia e cosmética (ALONSO, 2004). Possuem dois corantes naturais isolados a partir das sementes da árvore do urucum (Bixa Orellana L): a Bixina é a parte do corante lipossolúvel e a Norbixina é parte hidrossolúvel. Mas, o principal corante constituinte do urucum é a Bixina, que se encontra na cobertura externa da semente do fruto ou cápsula, representando mais de 80% dos pigmentos presentes. Atualmente, esse corante é de grande interesse comercial, pois seu uso é isento de certificação e pode ser utilizado na indústria alimentícia, cosmética e farmacêutica, tanto no mercado nacional e internacional.

PRODUÇÃO NACIONAL DO URUCUM A bixina, obtida a partir do urucum, ao lado do açafrão, é o corante natural comestível mais importante no mercado global (MAHENDRANATH et al., 2011) que, em razão de ser produzido com baixo custo e devido à ausência de toxicidade, tem se tornado cada vez mais atrativo e conveniente, em substituição aos corantes sintéticos (STRINGHETA, 2006).


C a p í t u l o I | 18 O urucuzeiro é cultivado em países como: Brasil, Peru, México, Equador, Indonésia, Índia, Quênia e leste da África (ELIAS et al., 2002; COSTA, 2007). Na América Latina são produzidas em média 17.000 toneladas anuais do grão do urucum (GOLIN et al., 2013), que é utilizado, principalmente, como matéria-prima para produção de corantes naturais. No Brasil, a área colhida em 2014 foi de 10.755 hectares, com a produção de 12.512 toneladas de grãos, com um rendimento anual de 27 milhões de reais (IBGE, 2014). O Brasil se tornou o maior produtor mundial de urucum. Para Fabri e Teramoto (2015), a produção nacional ainda não é estável, pois em cinco anos de dados consolidados, entre 2008 a 2012, a produção oscilou. Em 2010, foram produzidas 13.449 toneladas, o recorde do período, e, em 2012, 12.043 toneladas, a menor produção, com diminuição de 11%. Nesses cinco anos, houve uma redução consistente da produtividade na região norte do país, que passou de 1.202 kg ha-¹ em 2008 para 1.019 kg ha-¹ em 2012. Em contrapartida, a região Sudeste apresentou acréscimos de produtividade, passando de 1.024 kg ha-¹ em 2008 para 1.291 kg ha-¹ em 2012. No ano de 2013, as regiões brasileiras apresentaram as seguintes produções em toneladas (t): Sudeste, 4.378 t; Norte, 3.647 t; Nordeste, 2.124 t; Sul, 1.055 t e; Centro Oeste, 565 t. A região Sudeste (tendo como maior produtor o estado de São Paulo com 2.869 t) foi responsável por 37% da produção, seguida pelo Norte (31%) e Nordeste (18%). O Estado da Bahia produziu 1.469 t, com o rendimento médio de 1.067 kg ha- ¹ (IBGE, 2013). Na região Sudeste, o estado de São Paulo é considerado o maior produtor com maior área plantada de urucum, e o maior percentual da produção é oriunda da agricultura familiar. Destacando-se os municípios da região da Alta Paulista, Monte Castelo, São João do Pau D’alho, Tupi Paulista e Adamantina e na região da Alta Sorocabana, Mirante do Paranapanema, Caiuá e Presidente Epitácio (FRANCO et al., 2008). Dados do Levantamento Censitário das Unidades de Produção Agropecuária do Estado de São Paulo (LUPA), de 2007/2008 revelam existir, à época, 426 Unidades de Produção Agropecuárias (UPAs/propriedades) em 2.370,5 hectares de área plantada com urucum. O EDR (Escritório de Desenvolvimento Rural) de Dracena foi responsável por 76,2% deste total, e nesse território Monte Castelo destaca-se como principal município produtor. No município de Adamantina, o urucum representa uma cultura não tradicional,


C a p í t u l o I | 19 perfazendo apenas 0,17% da área agrícola cultivada (Levantamento Censitário das Unidades de Produção Agropecuária do Estado de São Paulo; LUPA, 2012). Estima-se que a produção brasileira de urucum esteja dividida entre micros, pequenos, médios e grandes produtores, sendo que cerca de 60% dessa produção destina-se à fabricação do colorífico e os 40% restantes são fornecidos às indústrias de corantes e/ou exportação. Dessa produção, 78,2% são provenientes da produção familiar, cuja grande maioria tem o produto como única fonte de renda, ocupando uma área média para o cultivo de 1,32 hectares (SILVA; FRANCO, 2000). Apesar de ser uma atividade agrícola de baixo custo, apresentando de média a alta produtividade, para ser financeiramente estável a urucultura requer a organização dos produtores em associações e/ou cooperativas, para fortalecer a cadeia produtiva e assegurar o principal elo dessa cadeia, que é a comercialização. O produtor familiar também não pode prescindir de assistência técnica, se quiser superar os obstáculos que se apresentarem (CASTRO et al., 2009). Os maiores consumidores das sementes ou do extrato de urucum são os Estados Unidos, Japão, países europeus como Inglaterra, França e Alemanha e ainda China, Índia, Brasil e Argentina (SANDI CUEN; BECERRA, 2003).

BOTÂNICA, MORFOLOGIA, FISIOLOGIA E ECOLOGIA DO URUCUM -Aspecto Botânico De acordo com Engler, citado por Joly (1998) e Cronquist (1981), a família Bixaceae é enquadrada taxonomicamente como mostra a Tabela 2.


C a p í t u l o I | 20 Tabela 2. Classificação botânica do urucum. Reino Sub-reino Divisão Superdivisão Subdivisão Classe Subclasse Ordem Família Gênero Espécie

Plantae (Vegetal) Tracheobionta (Plantas vasculares) Angiospermae (Magnoliophyta) (Plantas com flores) Espermatophyta (Sementes) Angiosperma Magnoliopsida (Dicotyledoneae) Archichlamydeae (Caryophyllidae ou Dilleniidae) Violales (Guttiferales ou Parietales) Bixaceae Bixa Bixa orellana L.; B. excelsa G. et K.; B. platicarpa R. et P.; B. arbórea H.; B. urucurana W. Fontes: Joly, 1987; Cronquist, 1981.

O urucum (Bixa orellana) é conhecido pelos indígenas americanos desde os tempos précolombianos, quando era usado para pintar suas peles, como meio de ornamentação, como proteção contra os raios solares e as picadas de insetos. Em todos os países da Amazônia existem pequenas produções de urucum, as quais satisfazem as demandas locais; mas não há estatísticas reais sobre a produção em cada país, pois também é uma espécie bastante comum em pátios e quintais. Alguns autores indicam a presença de varias espécies no mesmo gênero: Bixa platycarpa; Bixa arborea; Bixa urucumana; entretanto outros pesquisadores consideram como uma espécie monotípica. Recentemente, foi relatado que Bixa urucurana é um ancestral silvestre de Bixa orellana, Bixa arbórea, Bixa excelsa, Bixa platycarpa (MOREIRA et al., 2015). De todas as espécies, apenas B. orellana é cultivada em escala comercial e é a mais importante economicamente. O restante ainda não foi domesticado e só é encontrado crescendo em condição silvestre em seu local de origem (hábitat). Em geral a espécie Bixa orellana apresenta uma grande heterogeneidade em suas características botânicas, tais como: tamanho e forma da planta (Figura 1), forma e cor de suas folhas, flores e frutos; produção de sementes (recobertas por um arilo), teor de bixina (BABY et al. , 2005).


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Figura 1. Hábito de crescimento das plantas (1= arredondada; 2= piramidal; 3= ovoide; 4= achatada; 5= alongada). Foto: Portuguéz, J. A. A. (1999).

B. orellana também apresenta outros nomes populares no Brasil como açafroeira da terra e açafroa, principalmente na Bahia. A sinonímia estrangeira é bem vasta, podendo-se citar bija e achiote, no Peru, Cuba e Porto Rico; axiotl, no México; urucu, na Bolívia; annatto e annatto tree, na Inglaterra; onotto e onotillo, na Venezuela; roucou ou rocouyer, na França; e orleansbaum, na Alemanha (CORRÊA; PENNA, 1984).

-Aspecto Morfológico Planta – De acordo com Revilla (2001), B. orellana é uma árvore pequena ou arbusto, de rápido desenvolvimento, alcança alturas que variam de três a cinco metros de altura e chega a medir até 10 m. Em seu habitat natural e em plantações comerciais, apresenta uma copa baixa e estendida de mais de 10 m de diâmetro, principalmente em árvore de crescimento isolada (livre). O talo pardo que ramifica a pouca altura do terreno ou a partir de sua base. As espécies apresentam árvores com folhas alternas, margens lisas ou inteiras, e com estípulas grandes (apêndice da base do pecíolo da folha) e sua base arredondada ou subtruncada, verdosas claras, persistentes, de longos pecíolos delgados e pubescentes de 3-8 cm de comprimento, engrossado nos extremos. Tanto as folhas como o talo contêm uma seiva avermelhada (LEAL; CLAVIJO, 2010; VILAR et al., 2014). As flores são vistosas, pentâmeras e com muitos estames (órgão masculino da flor). A corola (ou conjunto de pétalas da flor) contém geralmente cinco pétalas róseas ou lilás, e carnosas. O ovário é unilocular, formado de dois carpelos (faz parte do gineceu, órgão feminino da flor). O fruto é seco, bilobado, contendo sementes, ovoides, com tegumento


C a p í t u l o I | 22 externo carnoso e de pigmentação vermelha (JOLY, 1987). Algumas características morfológicas da família Bixaceae são representadas na Figura 2, enquanto na Figura 3 apresenta o aspecto da árvore B. orellana.

Figura 2. 1. Aspecto geral de ramo florífero; 2. Flor cortada longitudinalmente; 3. Antera vista de frente; 4. Antera (porção terminal do estame) vista por trás; 5. Detalhe do gineceu; 6. Corte transversal ao ovário; 7. Frutos; 8. Fruto cortado longitudinalmente; 9. Diagrama floral de Bixa orellana. Fonte: Joly (1987).


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Figura 3. Árvore Bixa orellana. Foto: Camila Klocker Costa (2007).

É uma espécie de fácil adaptação a solos pobres e ácidos. As plântulas são de rápido estabelecimento e crescimento, aos 4 meses atingem o tamanho entre 15 e 20 cm. São árvores de crescimento lento. Inicia sua produção entre 12 e 18 meses, floresce e frutifica no segundo ano de vida. A forte produção é mantida por 10 anos e pode continuar até 50 anos com um bom manejo. O rendimento médio anual de uma árvore adulta de cinco anos é de 2,33 kg de sementes. Cerca de 1.111 plantas por hectare produzem uma média de 2.597 kg de sementes por hectare. De acordo com Aguiar et al. (2014) a sua produtividade pode variar entre 1,5 a 3 t ha-1 de sementes após 4 anos. Raiz – A raiz do urucum é pivotante, com numerosas raizes secundárias, terciárias e de quarta ordem. Quando adulta, a planta possue um sistema radicular bem desenvolvido, o que lhe permite se adaptar às más condições do solo. As plantas propagadas por estacas e por alporquia não têm raízes pivotantes (LIZANO, 1969). Talo – A planta de urucum possui um tronco principal e é curto, o qual ramifica desde a base. Seu diâmetro é de 15 a 25 cm de diâmetro. O caule pode medir até 30 centímetros de diâmetro e possui uma copa densa e globosa. A cor da casca pode variar do marrom ao laranja, de acordo com as variedades e dela pode brotar um látex avermelhado. Os


C a p í t u l o I | 24 ramos são delgados quando jovens e com o tempo tendem a ser lenhosos. Sua tendência é crescer para cima (ortotropismo) e não para os lados (plagiotropismo). Segundo a variedade, as cores dos ramos jovens podem ser verde, roxo e amarelo (LEÓN, 1987; LIZANO, 1969; ARCE, 1984; Figura 4). Possui uma madeira com cerne de coloração variada, castanho-claro a amarelado, e alburno branco e suave, leve (0,4 g cm-3), porosa, macia, de baixa durabilidade natural. Não é usada em construção em razão da baixíssima resistência à umidade, servindo apenas para lenha (RAMALHO et al., 1988; LORENZI, 1998; CÂNOVA, 2000). Por ela queima muito rápida, não serve como carvão. Fácil de manusear para fazer artesanato.

Figura 4. Coloração do caule e ramos da planta de urucum em diferentes variedades.

Folhas – As folhas do urucum são simples, alternadas e em forma de coração em sua base e acuminadas no ápice, lisas em ambos as faces, de coloração verde escuro quando maduras e com pecíolo alongado (Figura 5). No seu estágio de maturação, as folhas se tornam algo coriácea (quebradiças ao toque) e seu tamanho é muito variável, podendo o seu comprimento varia de 10 a 20 cm e de 5 a 10 cm de largura. Essas folhas são caducifólias (caem da árvore de forma natural) especialmente durante a época seca (LEÓN, 1987; LIZANO, 1969).


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Figura 5. Folha da planta de urucum. Fotos: Flickr.com\Ben Caledonia e Julio C. Bonilla Murillo (2009).

Flores. As flores de B. orellana são compostas, actinomorfas, hermafroditas, com diâmetro variando de 3 a 5 cm, reunidas em panículas terminais nas extremidades dos galhos, medindo de 10 a 15 cm de comprimento. Apresentam cálices de cinco pétalas livres, grandes e arredondadas, pré-floração imbricada e cinco sépalas castanhoesverdeadas (Figura 6). Os estames são numerosos com filamentos livres na base, possuem duas tecas que se abrem no ápice por meio de duas fendas; filetes filiformes de cor branca, amarela e violeta. Dependendo da coloração da flor (Figura 7), as cápsulas são verdes, avermelhadas e amarelas. As flores brancas produzem cápsulas verdes e para as flores rosadas, as cápsulas são vermelhas. O ovário é elevado por um ginóforo e se adapta a aparência de ser súpero, com rudimentos seminais que variam de 10 a 60 cápsulas; com dois a quatro carpelos fundidos em um lóculo (unilocular) e duas placentas parentais com vários óvulos, às vezes com falsos septos, pluriovulado. O estilete é delgado, que termina em um estigma bilobulado (que possui dois lóbulos).


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Figura 6. Flor de Bixa orellana L. Foto: Arquivo divulgado no Google.

Figura 7. Flores de urucum. Fotos: Víctor Manuel Carballo Uicab (2019).


C a p í t u l o I | 27 Floração – Normalmente, a abertura das flores ocorre primeiramente na parte inferior e depois na porção superior da inflorescência (Figura 8). O florescimento pode ser verificado durante todo o ano, com picos de floração na primavera e verão. As flores são hermafroditas, porém apresentam protandria, o que impede a autofecundação. A fecundação só ocorre por polinização cruzada (STRINGHETA; SILVA, 2008).

Figura 8. Abertura de flores na inflorescência do urucuzeiro. Foto: Flickr.com\ Zélia Doneux Rebske.

A floração ocorre primeiro na parte superior da planta e, posteriormente, na porção inferior. Observa-se na planta de urucum que a floração é escalonada, ou seja, que as cápsulas não amadurecem todas ao mesmo tempo por consequência a planta apresenta varias colheita durante o ano. O tempo entre a abertura das flores e a maturação dos frutos varia de região para região, sendo entre 100 e 140 dias no Nordeste, Sul e Sudeste e de 80 a 110 dias no Norte, dependendo da precocidade de cada material selecionado e plantado (FRANCO et al., 2008). Frutos. Os frutos apresentam formas cônicas, arredondadas, lanceolados, ovoides e em forma de coração. Com base no tamanho dos frutos, encontram-se cápsulas pequenas, medianas e grandes nos racemos da planta de urucum. O seu tamanho é de 2 a 6 cm de


C a p í t u l o I | 28 comprimento. A coloração do fruto difere de acordo com a variedade da planta (Figura 9). Existem cores verdes, avermelhadas, castanhos escuros e amarelas (ANSELMO et al., 2008; LORENZI; MATOS, 2008; Figura 10). É coberto externamente por abundantes apêndices ou espinhos flexíveis vermelhos, verdes ou pardos e inofensivos, que podem ser longos, médios e curtos, embora existam cultivares que não os possuem (REVILLA, 2001; Figura 11).

Figura 9. Frutos de urucum de distintas cultivares, formas, tamanho e cores. Foto: Avendaño-Arrazate et al. (2012).


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Figura 10. Frutos do urucum com distintas cores.

Figura 11. Graus de espinhos em frutos maduros: 1= sem espinho; 2= muito baixo; 3= baixo; 7= alto; 9= muito alto. Fotos: Arquivi Seeds gallery.shop; flickr.com\Ben Caledonia; Portuguéz, J. A. A. (1999).


C a p í t u l o I | 30 A cápsula é geralmente composta por 2 lóbulos ou segmentos, embora devido aos cruzamentos naturais surjam frutos ou cápsulas de três segmentos contendo um maior número de sementes, o que aumentaria o desempenho de ter uma variedade com essa característica. Além disso, algumas variedades apresentam deiscência e outras não (indeiscente) (Figura 12). Esta pode ser completo ou incompleto. Para os acessos deiscentes quando os frutos ficam maduros se separam em duas valvas de simetria bilateral (bivalvar), as quais são delgadas e em seu interior se encontra uma placenta que se prolonga em uma membrana branca que está aderida a parede. A Figura 13 mostra o aspecto do fruto bivalvar contendo as sementes. O fruto tem saliências triangulares no exterior e no interior apresenta uma placenta onde está alojada a semente. O fruto contém um número variável de sementes, entre 20 e 55, que parece estar ligado à polinização entomofílica ou por insetos. A placenta é amarelo-esverdeada se a cápsula ainda não amadureceu e, quando atinge a maturidade e seca, a cor muda para marrom claro com uma mancha triangular marrom escura na parte central. Em alguns tipos de urucu, a placenta é marrom-escura.

Figura 12. Abertura ou não da cápsula de urucum no estádio de maturação: O= fruto indeiscente (fechado); + = fruto deiscente (aberto). Foto: Portuguéz, J. A. A. (1999).


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Figura 13. Fruto deiscente bivalvar contendo as sementes de Bixa orellana. Foto: Camila Klocker Costa (2007).

A deiscência do fruto é uma condição que pode ser manejada por amostragem para fazer a colheita no momento oportuno, principalmente quando o fruto já não cede à pressão dos dedos. A amostragem também deve incluir a formação da semente, definindo um bom ponto de colheita quando as sementes estão cobertas por uma camada ou cobertura cerosa avermelhada ou alaranjada que contém o corante. E a semente está bem formada quando apresenta uma textura dura. Por outro lado, os frutos dos acessos indeiscentes adquirem a coloração marrom avermelhado escuro quando maduros.


C a p í t u l o I | 32 FRUTIFICAÇÃO A frutificação também ocorre durante o ano todo (STRINGHETA; SILVA, 2008; Figura 14), porém, na região Nordeste, a colheita mais significativa ocorre nos meses de junho e julho, enquanto uma segunda colheita, a safrinha, é realizada no período de novembro a dezembro (ANSELMO et al., 2008).

Figura . Planta de urucum (Bixa orellana L.) em estádio de frutificação. Foto: Arquivo divulgado no Google.

Em algumas variedades cultivadas, as cápsulas da planta de urucum são bastante visíveis, no entanto em outras se podem observar com certa dificuldade a frutificação. Isso é, sem dúvida, uma característica importante para o secado rápido dos frutos (Figura 15).


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Figura 15. Visibilidade dos frutos na planta de urucum (3= pouca; 5= intermediária; 7= alta). Foto: Portuguéz, J. A. A. (1999).

SEMENTES A semente é considerada a parte da planta com maior valor comercial, já que é a principal fonte de armazenamento do pigmento natural, a bixina, que tem o tegumento coberto por uma substância viscosa avermelhada intensa (VILAR et al., 2014). Em cada valva da cápsula tem um número variável de sementes (30-45). Essas sementes medem de 3,5 a 5,0 cm de comprimento por 2 a 3 cm de diâmetro, e o seu formato varia de piramidal a quase cônico (OLIVEIRA et al., 1996; Figura 16).

Figura 16. Formato e tamanho da semente de urucum com o seu tegumento coberto por um arilo contendo uma substância viscosa avermelhada intensa.


C a p í t u l o I | 34 No interior do fruto, constatam que as sementes estão unidas e, ao mesmo tempo, ficam presas à placenta por meio de apêndices (parte mais pontiaguda da semente), os quais são pequenos, leves, de formatos e tamanhos muito variados (Figura 17). Na parte mais espessa apresenta uma mancha circular de cor preta. Essa semente, por sua vez, apresenta uma fenda ou fissura apenas em um lado, que vai desde a parte mais pontiaguda da semente até a mancha circular na parte mais espessa ou grossa. Ademais, as sementes contêm um grande embrião circundado por um endosperma granular, com abundante amido (LEAL; CLAVIJO, 2010).

Figura 17. Sementes de urucum são presas à placenta: A) semente imatura e B) semente madura.

A semente é formada por uma membrana porosa sob a qual começam a se formar os corantes bixina e norbixina, os quais ao serem exsudados, através desta membrana, vão formar uma camada ou capa cerosa que contém os corantes laranja-vermelhos quando a semente já está madura e seca (Figura 18). Este fato descrito pode ser observado no momento em que a semente está em formação, que é quando o corante começa a se formar. Em algumas variedades, ele varia em tonalidades que vão do vermelho claro ao vermelho intenso. Em outras, alaranjadas em diferentes tonalidades, os quais quando as sementes estão secas, aparecem de cor vermelha ou marrom opaca. A bixina é o pigmento em maior concentração nas sementes, representando no mínimo 80% dos carotenoides totais (FRANCO et al., 2002; SILVA et al., 2009a; SILVA et al., 2009b STRINGHETA;


C a p í t u l o I | 35 SILVA, 2008), sendo lipossolúvel e sujeita a extração por solventes orgânicos (FRANCO et al., 2002).

Figura 18. Fruto de urucum com sementes e semente revestida pelo arilo aderido ao tegumento: semente inteira e em corte transversal. Fotos: www.tobago.hm/folk/ herbpics/z-bixa1.jpg; Carvalho, 2015.

-Aspecto Fisiológico Germinação. As sementes de urucum começam a germinar aos 62 dias após a antese, quando alcançam 62,5% da matéria seca total. O crescimento das sementes com relação ao acúmulo de matéria seca apresentou um padrão sigmoidal e atingiu o valor máximo de matéria seca aos 76 dias após a antese. Nessa fase, as sementes estão com a máxima germinação e vigor, com a área da calaza circundada por anel lilás e funículo marrom e os frutos mudam de coloração de vermelha para tons amarelados caracterizando o ponto de maturidade fisiológica (MENDES et al., 2006). Durante o desenvolvimento das sementes de urucum, o tegumento interno se espessa, apresentando conformação estrutural e fisiológica que dificultam, em torno de 30%, a germinação em ambientes naturais (HARDER et al. 2007). Portanto, as sementes de Bixa orellana L. devem ser colhidas quando maduras e não devem ser secas ao sol, pois essa prática provoca uma diminuição da capacidade germinativa, aparecendo um maior número de sementes duras (SÃO JOSÉ; REBOUÇAS,


C a p í t u l o I | 36 1990), ocorrendo, por sua vez, uma alteração na qualidade fisiológica de acordo com o estádio de maturação das mesmas (KATO et al., 1992). Por outro lado, o teste de germinação poderá ser realizado em rolos de papel, com quatro repetições de 50, entre três folhas de papel germitest, sendo duas utilizadas como base e uma para cobrir, umedecidas com quantidade de água destilada equivalente a 2,5 vezes a sua massa seca. Recomenda-se fazer a primeira contagem de germinação no décimo quarto dia, computando-se apenas as plântulas normais (Figura 19), e, a segunda contagem, aos vinte e um dia após a semeadura. Além disso, recomendam-se a escarificação com lixa ou ácido sulfúrico, por cinco minutos, e as temperaturas de 25ºC ou 20-30ºC (PICOLOTTO et al., 2013).

Figura 19. Plântula normal (A), plântula anormal sem parte aérea (B) e plântula anormal sem raiz primária (C), originadas de sementes de urucum (Bixa Orellana L.), teste de germinação a 33,5 oC a 35 oC. Fotos: Roberta Leopoldo Ferreira; Ana Dionísia da Luz Coelho Novembre (2015).

Não é conveniente nem recomendável armazenar as sementes por tempos prolongados (mais de 3 semanas), pois elas perdem sua viabilidade muito rapidamente. Assim, conforme aumenta o tempo de armazenamento a germinação será cada vez menor (ORTIZ, 1987). Dormência - A propagação por sementes vem apresentando problemas, pois a germinação é baixa, devido à dormência imposta pelo tegumento. Separação de sementes de urucum, por peso, influi na qualidade fisiológica, sendo que sementes mais pesadas são de qualidade superior, mesmo assim apresentam maior incidência de dormência,


C a p í t u l o I | 37 sendo recomendado o tratamento de escarificação mecânica da semente (CUSTÓDIO et al., 2015). Objetivando-se elucidar o mecanismo de dormência das sementes de urucum e avaliar o efeito de diferentes métodos para a sua quebra, aliados a diferentes temperaturas para a germinação, onde os mecanismos de escarificação utilizados foram: químico (com ácido sulfúrico concentrado e etanol, em imersão por cinco minutos), físico (escarificação com lixa) e térmico (em água a 70ºC, por dois minutos, e, em seguida, sob temperaturas de 20ºC, 25ºC, 30ºC e 20-30ºC, para germinação), Picolotto et al. (2013) concluíram que os tratamentos utilizados para a quebra da dormência não afetaram a viabilidade das sementes de urucum. Bixina. O principal pigmento do urucum é uma bixina, que está contida no revestimento externo da própria semente (pericarpo). A bixina foi separada pela primeira vez por Boussingault em 1825. Sua fórmula molecular é (C25H30O4) e apresenta-se convencionalmente de duas formas (Figura 20): a bixina, lipossolúvel, e a norbixina, que é hidrossolúvel (LIMA et al., 2001).

Figura 20. Estruturas moleculares de bixina e norbixina.


C a p í t u l o I | 38 Portanto, a bixina é a forma cis do ácido monometil do ácido norbixina dicarboxílico, a qual se encontra em todos os tecidos da planta de urucum e principalmente no arilo da semente (3,4-5,5%) onde representa de 80% a 90% do total de corantes (AKSHATA et al., 2011; SILVA et al., 2018). A bixina é um carotenoide carboxílico com uma estrutura básica, com um grupo carboxílico livre e outro esterificado, os quais lhe conferem as características de um ácido orgânico, em especial no que se refere à solubilidade e estabilidade. Devido ao radical, a bixina é solúvel em óleos e gorduras, bem como em solventes como clorofórmio, piridina, ácido acético glacial e propilenoglicol; em condições normais apresenta grande estabilidade, mas tende a degradar-se na presença de luz e altas temperaturas; é resistente a ácidos, álcoois e à ação microbiana (AKSHATHA et al., 2011). Entretanto, a bixina é o principal pigmento do urucum e sua cor é laranja-vermelho (Figuras 21 e 22).

Figura 21. c) A cápsula aberta de urucum com sementes imaturas; d) Semente imatura começando a excretar bixina para o exterior do arilo; e) Semente madura com bixina na parte externa; f) Detalhe de 40X (amplificação) do acúmulo de pigmento em sementes imaturas, mostrando os glóbulos de pigmento. Fotos: Jaime A. Teixeira da Silva et al. (2018).


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Figura 22. Frutos e sementes de Bixa orellana L. totalmente desenvolvidos. a) Sementes vermelhas em uma fruta aberta. b) Detalhe da superfície do arilo mostrando, por transparência, células de armazenamento de carotenoides (CSC). Fotos: Laura Jane Moreira Santiago (2015).

Comercialmente três métodos de extração da bixina do urucum são mais utilizados: a extração alcalina, a extração em óleo, que resulta na remoção da bixina e de outros materiais coloridos, e a extração com solvente, que resulta na forma mais pura do


C a p í t u l o I | 40 pigmento bixina (PRENTICE-HERNANDEZ; RUSIG, 1992). As extrações com solvente orgânico ou solução alcalina geram resíduos causadores de problemas ambientais, além de requererem uma operação unitária subsequente para removedor de solvente ou solução aproveitada na extração, elevando o custo total de energia (ALBUQUERQUE; MEIRELES, 2012). A extração em óleo vegetal produz suspensões mais concentradas de pigmentos, mas que podem conter produtos de degradação, haja vista que a extração é realizada em temperaturas maiores que 100 °C (MCKEOWN; MARK, 1962). Outros métodos de extração podem ser utilizados, tal como a extração com CO 2 supercrítico. Não poluente este método pode ser uma alternativa para evitar os problemas anteriores citados. -Aspecto ecológico O cultivo do urucum é importante do ponto de vista ecológico, pois embora prefira solos férteis, também se desenvolve em solos pobres e devido às suas características fisiológicas, após a colheita muda de folhagem, fornecendo assim uma grande quantidade de biomassa ao solo que o enriquece em sua fertilidade (Figura 23). É também uma fonte produtora de oxigênio por formar uma massa arborizada. O urucum tem um efeito restaurador no meio ambiente relacionado aos seguintes aspectos: 1.Produz anualmente uma cobertura de serapilheira, que permite a formação de húmus no solo. 2. Pela folhagem que forma, proporciona a conservação do solo por controlar a erosão. 3. Recuperação de terrenos degradados. Tem a particularidade de ser uma espécie utilizada para a regeneração de solos. Essa planta tem sido usada em outros lugares para reabilitar locais onde havia exploração mineração anterior. 4. Por possuir folhagem abundante e período de floração de três meses, a fauna é enriquecida. 5. A plantação forma uma massa de biomassa que libera oxigênio.


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Figura 23. Área plantada de urucum com cobertura vegetal em solos acidentados. Foto: Julio C. Bonilla Murillo (2009).

POLINIZAÇÃO No urucum a polinização é entomófila, sendo polinizada por abelhas, vespas, formigas, moscas e mariposas. Os principais insetos polinizadores nas populações naturais são as abelhas e as mariposas. A abertura das flores começa entre as 4 e 5 da manhã e o grão de pólen permanece viável durante 10 a 11 horas. As visitas florais iniciaram-se aproximadamente às 7:00 h, atingindo pico à 11:00 h. Entre os visitantes florais de B. orellana, as abelhas de grande porte apresentaram comportamento de polinizadores, que por meio de vibrações ao pousar viabiliza a polinização, realizando visitas legítimas. Foi observado um grande número de visitantes com pouca eficiência em polinizar as flores, sendo a abelha Apis mellifera mais frequente dentro desse grupo funcional. Entre os visitantes que não realizam a polinização, destacam-se as formigas que possivelmente auxiliam a planta contra herbivoria, pois expressam comportamento de defesa aos recursos disponibilizados por B. orellana (ROCHA; POLATTO, 2017).


C a p í t u l o I | 42 FENOLOGIA Através de estudos fenológicos poderão ser identificadas as diferentes épocas de florescimento e frutificação da espécie e se o período de tempo que permanecem florescendo ou frutificando tem impacto direto na eficiência de colheita. Segundo Mariot et al., (2013) esse conhecimento pode determinar estratégias de coleta de sementes e disponibilidade de frutos. B. orellana apresenta uma fenologia característica, com floração, frutificação e maturação dos frutos durante todo o ano. O tempo observado desde a abertura das flores até a maturação dos grãos ocorre entre 100 e 140 dias, dependendo da precocidade da cultivar (SOARES, 2011). Na Figura 24 são apresentadas as médias do número de dias de floração e frutificação da espécie Bixa orellana L. Os dados mostram que o urucum apresentou floração em todos os meses do ano, sendo registrados nos meses de setembro, novembro e dezembro as maiores médias com 22 dias e a menor média registrada no mês de julho com 4 dias. Quanto à frutificação os meses de setembro, outubro e dezembro registraram a maior média com 22 dias e a menor média foi registrada no mês de julho com 4 dias.

Figura 24. Média de floração e frutificação do urucum no período de janeiro de 2009 a dezembro de 2012.


C a p í t u l o I | 43 Na Figura 25, observam-se amostras de sementes em diferentes estágios de desenvolvimento (14, 28, 42 e 63 dias após a antese) que foram coletadas da planta de urucum (Bixa orellana L.), com 14 anos de idade, cv. Bico-de-Pato, cultivada na Universidade Federal de Viçosa, Brasil (SOARES et al., 2011).

Figura 25. Frutos e sementes de Bixa orellana em 14 (a), 28 (b), 42 (c) e 63 (d) dias após a antese (daa). Barra = 10 mm. Fotos: Soares et al., 2011.

SÍNTESE DE BIXINA Elementos básicos da estrutura da semente. A superfície das sementes de urucum é quase lisa, apresentando uma depressão em uma das faces, sendo percorrida longitudinalmente por um sulco profundo. Apresenta coloração vermelha, e na extremidade afilada há uma região mais clara, denominada de hilo. Na extremidade contrária ao hilo existe uma pequena depressão com um ponto escuro no centro, região conhecida como coroa. O embrião pode ser visto através de uma secção longitudinal da semente, e por um corte transversal pode-se observar um tegumento fino, endosperma volumoso e os dois cotilédones do embrião em forma de lâminas relativamente finas. A semente é quase totalmente envolvida por um arilo aderido ao tegumento (OLIVEIRA et al., 1996), como mostra a Figura 26.


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Figura 26. – (A) Semente inteira e – (B) Secção longitudinal da semente de Bixa orellana. Estrutura da semente: (A) 1 – região do hilo; 2 – região da coroa; 3 – sulco longitudinal (B) 1 – região da coroa; 2 – arilo; 3 – tegumento; 4 – endosperma; 5 – cotilédone; 6 – radícula. Fontes: Oliveira (1996).

Um corte transversal da semente de urucum permite observar microscopicamente um arilo formado por células retangulares e alongadas tangencialmente que estão repletas de substâncias alaranjadas. Logo abaixo, encontra-se a região paliçádica com paredes espessadas. A próxima é a camada mamilonar, que possui um contorno hexagonal e lúmen pequeno, quando vistas de face. Em seguida, encontra-se a camada obliterada com células “amassadas”, e a camada colunar, que apresenta células com um espessamento que dá um aspecto de uma série de colunas. Por fim, a camada com espessamento em “U”. O tegumento constitui-se das camadas abaixo do arilo e o endosperma apresenta amido e gotículas de óleo (OLIVEIRA et al., 1996). A Figura 27 mostra algumas dessas características microscópicas. A semente de urucum apresenta em sua superfície um arilo (pericarpo) que possui várias substâncias além do pigmento vermelho característico. Esse arilo representa cerca de 5 a 10% do peso da semente, dos quais aproximadamente 30% são representados pelos carotenoides.


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Figura 27. – (A) secção transversal e – (B) endosperma da semente de Bixa orellana. Detalhamento: (A) 1- arilo; 2 – camada paliçádica; 3 – camada mamilonar; 4 – camada obliterada; 5 – camada colunar; 6 – camada com espessamento em U; 7 – endosperma (B) endosperma com amido e gotículas de óleo. Fonte: Oliveira (1996).

Aspecto da bixina. As sementes do urucum (ou aquiote em espanhol) ( Bixa orellana ) são a única fonte comercial de bixina, que é um corante laranja vermelho amplamente utilizado na indústria de alimentos (RIVERA-MADRID et al., 2016). A bixina pertence ao grupo dos pigmentos apocarotenoides, que são formados a partir da degradação oxidativa dos carotenoides por meio da ação de enzimas de clivagem específicas dos carotenóides (CCE). Os CCEs são membros da superfamília das oxigenases de cadeia de polieno, um grupo de enzimas distribuídas em todos os táxons e classificadas de acordo com seus substratos e a posição da ligação cindível (RYLE; HAUSINGER, 2002). Dois acessos de urucum N4P e P13W diferindo em seus conteúdos de bixina e as características morfológicas foram selecionadas para este estudo. O acesso N4P apresenta flores rosa, cápsulas vermelhas deiscentes (frutos) e alto teor de bixina (16,04 ± 0,52c mg/g DW). O acesso P13W exibe flores brancas, cápsulas verdes indeiscentes e baixo teor de bixina (08,76 ± 0,79a mg/g DW) (TRUJILLO-HDZ et al., 2016; Figura 28A). Esses acessos são parte da espécie B. orellana regional, pertencente a coleção de germoplasma localizada em Temozón Norte (distrito de Mérida) Yucatán, México (21 ° 03′52 ″ / 89 ° 35′48 ″). As sementes foram coletadas das cápsulas de cada acesso a cada 7 dias após a antese (DPA) e classificadas em cinco estágios (S1-S5). Os estágios S1 corresponderam àqueles entre 0 e 7 DPA; S2, S3, S4 e S5 para aqueles de 7 a 14, 14 a 21, 21 a 28 e 28 a


C a p í t u l o I | 46 72 DPA, respectivamente. As cápsulas S5 representam o estágio de fruta madura (Figura 28B ). Os frutos foram congelados em nitrogênio líquido imediatamente após a colheita e armazenados a −80 °C até a análise do conteúdo de bixina ou ácidos nucléicos (CARBALLO-UICAB et al., 2019).

Figura 28. Cultivares de urucum com características morfológicas contrastantes. (A) Características das cultivares N4P e P13W. L, folha; FB, botão floral; F, flor; IFR, fruta imatura; IS,

semente

Representação geral

imatura; MFR, de

fruta

madura; MS:

sementes em acessos de Bixa

semente

madura. (B)

orellana . Estágios de

desenvolvimento da semente: S1 – S5. Barra. 100 μm. Fotos: Victor Manuel CarballoUicab (2019).

Proliferação de pigmentos. Os pigmentos ocorrem sempre em glândulas distribuídas em todos os órgãos vegetativos e reprodutivos do urucum, principalmente nos tegumentos das sementes (Figura 29). Essas glândulas podem ser observadas a olho nu como pequenas manchas vermelhas.


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Figura 29. Glândulas pigmentares em urucum (Bixa orellana L.) órgãos. Microscopia de luz (AD; cortes transversais) e estereomicroscopia (EL). As setas indicam glândulas de pigmento. (AB) Estrutura da raiz primária (A) e secundária (B). (CD) Estrutura da haste primária (C) e secundária (D). (E) Detalhe da folha em vista paradérmica. (F) Botão de flor. (G) Flor na antese. Inserir em (G) mostra um detalhe de pétala. (H) Detalhe do ovário na antese. (IL) Sementes aos 30 (I), 75 (J), 120 (K) e 150 (L) dias após a antese. Abreviaturas: ar, aril; ch, chalaza; co, córtex; ep, epiderme; ex, exoderme; fu, funículo; eu, medula; ne, nectário; oa, ovário; ov, óvulo; pe, periderme; pp, floema primário; pt, pétala; px, xilema primário; re, receptáculo; sc, tegumento da semente; se, sépala; sl, estilo; st, stamen; sx, xilema secundário; vc, câmbio vascular. Fotos: Andrea Lanna Almeida; Patrícia França de Freitas; Clébio Pereira Ferreira; Marília Contin Ventrella (2021).


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Todas as partes florais do urucum apresentam glândulas pigmentares, mas as pétalas, estames e frutos em desenvolvimento também apresentam coloração rosada devido à concorrência de antocianinas (Figura 29 F-H). Os nectários extraflorais, localizados no receptáculo (Figura 29 F-G) e no caule, também possuem glândulas pigmentares. Óvulos maduros em flores na antese (com apenas um dia) já apresentam algumas glândulas pigmentares se desenvolvendo no tegumento externo (Figura 29 H) (ALMEIDA et al., 2021). Essas glândulas proliferam até ocupar grande parte do tegumento (Figura 29 I-K), tornando-se uma sarcotesta (membrana protetora de sementes) nas sementes maduras 150 dias após a antese (Figura 29 L). As glândulas pigmentares surgem na face anterrafeal do óvulo e desenvolvem a região micropilar em direção à região da calaza, até a maturação da semente e das glândulas. Nenhuma outra região da semente madura apresenta glândulas pigmentares, ou mesmo arilo. No entanto, glândulas de pigmento em estágios iniciais de desenvolvimento já são encontradas nos embriões (cotilédones) de sementes imaturas (ALMEIDA et al., 2021). Acúmulo de bixina associado ao desenvolvimento em arilos de sementes de B. orellana. O arilo da semente é um tecido membranoso que cobre a semente em algumas espécies. Em Bixa orellana, esse tecido é o local de síntese e acúmulo de bixina nas BSCs (bixin storage cells). Ao longo do desenvolvimento, o teor de bixina aumentou de forma constante nas sementes dos dois acessos diferentes, até os estágios prematuros (S1S4; Tabela 3). No entanto, em sementes maduras (S5), o teor de bixina diminuiu para cerca de 40% do máximo (Tabela 3). Variações no número e tamanho das sementes também foram registradas (Tabela 3). Embora o conteúdo de bixina tenha seguido tendências semelhantes ao longo do desenvolvimento da semente em ambos os acessos, os valores foram consistentemente mais altos (entre 20% e 57%) em NP4 do que em P13W (Tabela 3). O exame microscópico mostrou que os BCSs (bixin storage cells) formaram aglomerados circulares na camada de arilo externa, coincidindo com o aumento da bixina ao longo das primeiras quatro fases de desenvolvimento (Figuras 30A - 30F). Uma vez atingida à maturidade, o pigmento era excretado do arilo da semente, pois também podia ser observado em diferentes áreas de sementes. Este fato pode ser responsável pela diminuição do conteúdo observado nas sementes maduras (Figuras 30D - 30F) (CARBALLO-UICAB et al., 2019).


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Tabela 3. Caracterização de sementes e teor de bixina.

Notas: Comparação de dois acessos de B. orellana (P13W e N4P) com base nos dados: estágio de desenvolvimento de sementes de Bixa orellana com 7 dias de diferença de crescimento, tamanho (comprimento e largura), peso e teor de bixina (mg/g DW). Na quantificação de bixina, letras semelhantes não foram significativamente diferentes ( P = 0,05) por ANOVA de duas vias seguida por um teste- T de comparações múltiplas . Fonte: Carballo-Uicab et al. (2019).


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Figura 30. Análise histológica de sementes de B. orellana L. semente imatura, (B) corte longitudinal de semente imatura, (C) corte longitudinal de semente imatura em parafina, (D) estrutura S2, (E) estrutura S3, (F) estrutura S4. BSC, célula de armazenamento de bixina. Bar 100 μm. Fotos: Victor Manuel Carballo-Uicab (2019).

MELHORAMENTO O melhoramento genético das plantas cultivadas é uma prática de fundamental importância. No caso do urucuzeiro, sua expressão maior reside no fato de que o Brasil, como um dos maiores produtores e exportadores mundial dessa bixácea, necessite com urgência, dispor de materiais de qualidades superiores, tanto em produtividade de grãos, como altos teores de bixina, visando competir com o mercado internacional. O binômio produtividade e bixina deve ser perseguido pelos melhoristas e geneticistas, visto que a qualidade terá espaço assegurado no agronegócio do urucuzeiro. Pouco tem sido feito na área da obtenção de cultivares de urucum, a exceção da seleção em tipos


C a p í t u l o I | 51 locais e as avaliações tradicionais dos tipos que participam dos ensaios regional e nacional. Ainda que se disponham de alguns conhecimentos referentes à biologia floral, maturação do fruto, mecanismos de abertura das flores e métodos de polinização, há um longo caminho a ser percorrido em busca de informações para ampliar a base científica do melhorista para que, a partir de então, se possa atender à demanda dos produtores e do segmento industrial em termos de produtividade e maior rendimento de bixina. As características econômicas de maior importância e que se constituem parâmetros para o trabalho de melhoramento, referem-se a: número de cachos/planta, número de sementes/cacho, número de cápsulas/cacho, uniformidade de maturação, deiscência das cápsulas, tolerância a pragas e doenças, densidade das sementes, intensidade de coloração das sementes e percentagem de bixina. Todas estas características têm herança quantitativa e, portanto, são governadas por alguns genes que têm sua expressão grandemente influenciada pelo ambiente. A flor do urucuzeiro é hermafrodita e, desta forma, convivem na mesma estrutura o androceu (pólen) e o gineceu (óvulo). Entretanto, a flor não pode autofecundar-se devido à ocorrência do fenômeno da protandria que faz com que os grãos de pólen estejam maduros antes das anteras se apresentarem receptivas. Assim, a fecundação só ocorre devido à polinização cruzada que é realizada preferencialmente pelos insetos (entomofilia). A alogamia define um grupo de plantas de polinização aberta (PPA) que se identificam com as populações locais de urucum, as quais apresentam grande variabilidade de tipos e nada mais são que misturas de genótipos que assim permanecem geração após geração. As implicações da alogamia no melhoramento do urucum devem-se ao fato de que nas plantas alógamas ou de polinização cruzada, os acasalamentos são realizados livremente entre todos os indivíduos da população. Com isto, estimula-se o aumento da variabilidade genética e do vigor, contribuindo para o aparecimento de indivíduos que são heterogêneos e heterozigotos devido à troca de frequências gênicas que ocorrem a cada ciclo. Há, portanto, maior flexibilidade da estrutura genética. Com endogamia forçada, ocorre perda de vigor e deterioração. Esta depressão devido ao endocruzamento é o resultado da homozigose de alelos subvitais. Assim, o objetivo do melhoramento dessas plantas é manter a heterozigose ou restaurá-la no final do programa.


C a p í t u l o I | 52 MÉTODOS DE MELHORAMENTO Seleção massal. Usada para promover com segurança e rapidez, o melhoramento de tipos locais a partir de cultura geral. Os materiais cultivados, atualmente, são misturas varietais. Nestes casos, há uma grande variabilidade e desuniformidade de materiais, cada um deles se comportando como híbridos naturais, manifestando expressivo vigor e garantindo o progresso genético da população. Pode ser realizada pelo próprio produtor, na ausência de melhoristas, em função das características econômicas que constituem os critérios de seleção (FRANCO et al., 2008). Na escolha e marcação das melhores plantas, as mais produtivas e isentas de pragas e doenças, selecionando-se nelas as melhores cápsulas. Com base na produção e na percentagem de bixina são eleitas as melhores plantas dentre as selecionadas, cujas sementes são misturadas para constituírem a geração seguinte, onde idêntico processo é adotado. Seleção de progênies. Há necessidade de controle da polinização, o que é feito protegendo-se a inflorescência. Embora já ressalvados os efeitos da endogamia em plantas alógamas, constitui meio seguro para a obtenção de linhagens puras necessárias nos programas de hibridação. Após a marcação e seleção das melhores plantas, as sementes originadas de cada inflorescência protegida nas plantas individuais, são separadas para constituírem progênies. As progênies das plantas individuais são plantadas lado a lado, em campo, eliminando-se as que se apresentarem fora dos padrões de seleção. Prossegue-se com a seleção entre e dentro das linhas, elegendo-se as melhores plantas para constituírem linhagens e/ou famílias. Avaliação das linhagens e famílias e eleição das melhores para continuidade do melhoramento (FRANCO et al., 2008). Hibridação. Objetiva combinar num só genótipo gens disponíveis que se encontram em dois ou mais genótipos diferentes. Como ainda é grande a variabilidade natural existente no urucum, antes de produzir o híbrido deve-se ter definido claramente os objetivos do programa. É bom lembrar que a produção de híbridos depende da disponibilidade de linhas parentais superiores e que esta fase inclui autogamia para produzir uniformidade e seleção para mérito individual.


C a p í t u l o I | 53 Dos métodos de hibridação, o recomendável e simples para o urucum é o da população. Este método se presta melhor para culturas em que as sementes constituem o material de valor comercial e para conduzir um grande número de indivíduos, pois se fica livre de proceder às anotações de genealogia. As etapas são: cruzamento dos pais selecionados e obtenção da F1. Obtenção da F2 e plantio em campo suficientemente grande. Colheita conjunta em um só lote. Plantio para formar a próxima geração. Da geração F3 a F6, faz-se o plantio e seleção das melhores, seguindo-se da mistura das melhores para constituírem a geração seguinte. Da F6 a F8, deve-se fazer a seleção de plantas individuais para formarem famílias. Avaliação das famílias para utilização como novos cultivares (FRANCO et al., 2008). Para Rebouças e São José (1996), devido às variações genéticas expressivas entre as cultivares de urucuzeiros, com teor de bixina entre 1 a 6%, em programas de melhoramento genético, poder-se-ia realizar cruzamentos entre os tipos mais promissores, procurando transferir características superiores à progênie, encontrando-se indivíduos híbridos que herdassem dos progenitores alta produtividade, aliada a altos teores de bixina.

BANCO DE GERMOPLASMA O Banco Ativo de Germoplasma (BAG) segundo Veiga (2009) são unidades conservadoras de material genético de uso imediato ou com potencial de uso futuro, estabelecidos próximos ao pesquisador. O BAG de urucum do IAC mantém 38 acessos oriundos de diversas localidades brasileiras e Peru. Esse Banco tem como objetivo conservar, caracterizar, avaliar e assegurar estoques de germoplasma que permitam o fornecimento de materiais para a formação de matrizes, para uso em trabalhos de melhoramento e, como atualmente vem sendo mais utilizado, no suporte as atividades de produção de mudas para novos experimentos fitotécnicos (FABRI, 2009).

VARIEDADES O urucum é uma espécie alógama com alta porcentagem de polinização cruzada que se acentua mais quando é propagada por semente e na descendência ou prole se expressa em uma variedade de formas, tamanhos e coloração de cápsulas e plantas (Figura 31).


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Figura 31. Diferentes variedades de urucum com base na cor de suas cápsulas.

O urucum é uma cultura com ampla variabilidade genética. É da ordem de 56,18% entre árvores e 14,5% entre panículas de uma mesma árvore, razão pela qual ficou um tanto difícil encontrar plantas com características fenotípicas que definam um tipo de planta, embora ainda existam caracteres que permanecem nesta cultura. Esses caracteres estão relacionados à cor da flor, que pode ser branca ou rosa; a cápsula, dependendo do tipo, pode ser redonda, em forma de coração, lanceolada, oblonga, com ou sem apêndices (Figura 32). Um fenômeno interessante em Bixa orellana é a ocorrência de múltiplas variações na cor da vagem da semente (de amarelo a verde a avermelhadopúrpura; Figura 33).


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Figura 32. a) Variedade de urucum com cápsulas amarelas com poucos apêndices; b) Variedade de urucum com cápsulas sem apêndices.

Figura 33. Variação na cor da vagem com sementes de Bixa orellana. As estrelas representam as duas amostras da coleção de germoplasma de Bixa orellana da Facultad de Agronomía - Universidad Nacional de la Amazonía Peruana (UNAP) e do Instituto de Medicina Tradicional (IMET). Fotos: Villacrés-Vallejo et al.(2020).


C a p í t u l o I | 56 Critérios de seleção de variedades. Antes de definir os critérios de seleção, é necessário ter em mente quais são os fatores ou componentes da produção no urucum.

Por serem fáceis de observar e medir considera-se conveniente adotar o número médio de sementes por cápsula, o número médio de cápsulas por cacho ou racemo e o número médio total de cachos por árvore (Figura 34), como fatores do rendimento no cultivo do urucum.

Figura 34. Características da planta de urucum: a) Número de sementes por cápsula ou fruto; b) Número de cápsulas por racemo; c) Número de racemos por árvore. Fotos: Julio C. Bonilla Murillo (2009).


C a p í t u l o I | 57 Com isso em mente pode-se considerar que um aumento, por mínimo que seja em cada um ou em algum dos componentes, o rendimento aumenta. Portanto, é necessário incluir esses fatores como critérios de seleção. Além disso, a cor do pigmento, sua % de bixina e sua tolerância ao oídio são fatores que também devem ser levados em consideração ao fazer a seleção de uma variedade a ser cultivada. É conveniente selecionar uma semente idônea (qualidade) para garantir um bom desenvolvimento na plantação, bem como o tipo que se deseja produzir. As variedades de urucum se diferenciam pelas características fenotípicas que se expressam quando essas plantas crescem. Entre elas existem diferentes tipos que expressam características que as identificam. Algumas características são as seguintes: - Plantas com flores brancas e cápsulas verdes -Plantas com flores rosadas e cápsulas com diferentes tonalidades avermelhados -A forma da cápsula pode ser redonda, em forma de coração, oblonga, lanceolada, com muitos, poucos ou sem apêndices ou pelos. -A cor da casca dos caules é cinza, vermelho, amarelo e verde. -As cores das cápsulas são verdes, vermelhas, alaranjadas, marrons, douradas e amarelas. -A cor do pigmento pode ser amarela com sementes de cor marrom e vermelho com sementes de cor vermelho-alaranjado. - A época de floração e colheita é outra característica que se utiliza para diferenciar os tipos existentes. - A tolerância natural ao oídio classifica-as como suscetíveis ou tolerantes -A deiscência é uma característica que permite agrupar os tipos de plantas em deiscentes ou indeiscentes. Variedades. Quanto à produtividade, ao teor de bixina, à altitude e à resistência ao Oídio, que é a doença mais preocupante do urucuzeiro, as cultivares são subdivididas em dois grupos. O primeiro grupo engloba as cultivares Bico-de-Pato e Peruana Paulista e o segundo, as cultivares Piave Vermelha e Peruana Pará.


C a p í t u l o I | 58 Para as regiões Sul e Sudeste, Franco et al. (2008) destacam as cultivares: Piave Vermelha, Peruana Paulista, Bico de Pato, Casca Vermelha e Casca Verde. Suas principais características são: Cultivar Bico-de-Pato -Espécie botânica: Bixa orellana; -Condições edafoclimáticas favoráveis: chuvas entre novembro e julho, pluviosidade de 1.200 – 2.000 mm/ano, solos profundos e drenados, solos de média a alta fertilidade; -Grande uniformidade entre plantas, especialmente em relação ao tamanho e formato do fruto, arquitetura das árvores e número de sementes por fruto (41 a 55 sementes); -Precocidade: inicia a produção aos 2 anos e atinge a máxima no 4º ano; -Frutos são sempre de coloração verde; -Ciclo de produção de 130 dias (período entre a abertura da flor e maturação total do fruto); -Produtividade: 1.200 a 2.000 kg/ha/ano; -Teor de bixina: 2,2% a 3,0%, mas pode chegar até 4,9%, dependendo da ampla variação existente em cada planta; -Resistência às deficiências nutricionais: média; -Resistência às pragas e doenças: sensível a Oídio nas flores, em regiões mais frias (altitude acima de 600 m); -Colheita: de setembro a outubro, safra única. -Um ponto que pode ser considerado desvantajoso trata-se do grande vigor que as plantas apresentam. A maioria das quadras plantadas com esta cultivar, em espaçamento de 5 m x 5 m, fecham-se completamente os espaços entre linhas e entre plantas antes mesmo de completar o terceiro ano de idade. Isso exigirá podas com maior frequência em relação aos demais tipos, para aquelas mesmas condições edafoclimáticas. - Santana (2006) realizou a seleção de genótipos de urucuzeiros da cultivar Bico de Pato no município de Eunápolis, BA e constatou uma alta taxa de variabilidade genética entre as plantas com relação ao teor e produção de bixina, uniformidade em relação ao período de florescimento, e maturação dos frutos, além de tolerância a oídio. O autor observou plantas com alta produtividade (até 2.630 kg ha - ¹) e com teor de bixina até 3,1 %.


C a p í t u l o I | 59 Cultivar Peruana Paulista -Espécie botânica: Bixa orellana; -Condições edafoclimáticas favoráveis: chuvas (1.200 a 2.000 mm/ano) de outubro a abril; solos de média a alta fertilidade; -Precocidade: inicia a produção aos 2 anos e atinge máxima no 4º ano; -Produtividade: 800 a 1.600 kg/ha; -Teor de bixina: 2,5% a 3,2%; -Resistência às deficiências nutricionais: média; -Resistência às pragas e doenças: tolerante a Oídio de folhas e flores; -Colheita: safra e safrinha. Cultivar Piave Vermelha -Espécie botânica: Bixa orellana; -Condições edafoclimáticas favoráveis: clima tropical chuvoso; solos profundos, de média a alta fertilidade; -Precocidade: inicia a produção aos 2 anos e atinge a máxima no 4º ano; -Produtividade: 300 a 1.200 kg/ha no Norte do Brasil; -Teor de bixina: 3,5 a 5,0%; -Resistência às deficiências nutricionais: média; -Resistência às pragas e doenças: muito sensível ao Oídio em regiões com altitude superior a 600 m; -Colheita: safra e safrinha. Cultivar Peruana Pará -Espécie botânica: Bixa orellana; -Condições edafoclimáticas favoráveis: clima tropical chuvoso; solos profundos, de média a alta fertilidade; -Precocidade: inicia a produção aos 2 anos e atinge a máxima 4ºano; -Produtividade: 300 a 1.200 kg/ha no Norte do Brasil; -Teor de bixina: 3,5 a 5,0%; -Resistência às deficiências nutricionais: média; -Resistência às pragas e doenças: muito sensível ao Oídio; -Não produz bem em regiões frias, com altitudes superiores a 600 m; -Colheita: safra e safrinha.


C a p í t u l o I | 60 Cultivar Casca Vermelha Cultivar de porte alto, medindo em torno de 2,05 m de altura, apresentando uma superfície de tamanho médio de folhas de aproximadamente 127,53 cm 2 com coloração verde clara. Flores de coloração róseas claras, cápsulas de tamanho relativamente grandes, com expressivo número médio de cachos por plantas, e de cápsulas por cachos (Figura 35). Cultivar local, com arquitetura de formato redondo e frutos essencialmente deiscentes. Dispõe de um bom teor de bixina 2,68%.

Figura 35. Cultivar Casca Vermelha. Foto: Franco et al.

Cultivar Casca Verde É um cultivar de porte alto, sendo encontradas sementes com teores de bixina em torno de 2,9%. Por outro lado, as avaliações de cultivares de urucum no Estado da Paraíba apresentaram a produtividade de grãos mais elevada para a cultivar Bico de Pato 20, conteúdos de bixina acima da média de especificação (2,5%) para as cultivares Embrapa 2 (4,0%), Embrapa 1 (3,61%), Casca Vermelha (2,94%), Bico de Pato 20 (2,81%), Bico de Pato 22 (2,71%), Casca Verde (2,68%) (SILVA; FRANCO, 2000). Franco et al. (2008) relatam que as cultivares mais indicadas e adaptadas às condições edafoclimáticas do Nordeste brasileiro com possibilidade de êxito na sua utilização comercial são: Embrapa 2, Crisbix, Cambrix, Embrapa 36 e Embrapa 37. As principais características de algumas cultivares da Embrapa são:


C a p í t u l o I | 61 Cultivar Embrapa-1 Cultivar de porte intermediário entre mediano e alto, medindo em média, 2,00 m de altura. Diâmetros médios do tronco e da copa com 7,81 cm e 3,19 m, respectivamente. Suas flores apresentam coloração rósea-clara com cápsulas pilosas de cor vermelha. Possui arquitetura esgalhada e os frutos são deiscentes. Apresenta expressivo teor de bixina, 3,61% (Figura 36).

Figura 36. Cultivar Embrapa-1. Foto: Franco et al., (2008).

Cultivar Embrapa-2 Cultivar de porte baixo, medindo 1,64 m de altura em média. Cápsulas de tamanho relativamente grande contendo pilosidades longas e abundantes. Diâmetro médio do tronco e da copa com 7,78 cm e 2,65 m respectivamente. Possui flores de coloração rósea com cinco sépalas. Dispõe de características precoces em produção, com reduzido número médio de cápsulas por cachos, 15,33 e de cachos por plantas 67,33. Sua arquitetura predominante é do tipo piramidal. Apresenta alto teor de bixina, 4,00% (Figura 37).


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Figura 37. Cultivar Embrapa-2. Foto: Franco et al. (2008).

Cultivar Embrapa-36 É uma cultivar de porte médio (1,63 m de altura), com copa cênica e raleada (poucos ramos e folhas), com ramos de crescimento vertical. As folhas possuem nervuras e pecíolos de cor verde-clara ou avermelhada (sob luz solar). As flores são cor-de-rosa. A floração, frutificação e maturação ocorrem no período de maio a dezembro, podendo variar com mudanças no regime das chuvas. As cápsulas são de tamanho médio, do tipo cônica, cor vermelho-escarlate, com pelos da mesma cor, e, quando seca, é deiscente. Pode ocorrer o aparecimento de um pequeno número de plantas com cápsulas amarelas, verdes e outras cores (cerca de 2,5%). Apresenta, em média, 5,0% a 5,5% de bixina, com número médio de 11 cápsulas por cacho, cerca de 58 sementes por cápsulas, número médio de 52,6 sementes por grama e rendimento de, no mínimo, 2,0 kg de sementes secas/planta/ano, a partir do quarto ano de plantio. É uma cultivar sensível à competição com ervas invasoras, sendo necessário atenção ao controle das mesmas (POLTRONIERI et al., 2001). Cultivar Embrapa-37 A cultivar Embrapa-37 apresenta plantas de porte médio (1,54 m de altura), com copa compacta e hemisférica, com tendência a crescimento lateral e ramos próximos ao solo. As folhas possuem nervuras e pecíolo de cor verde-clara. As flores são cor-de-rosa. Os períodos de floração, frutificação e maturação ocorrem entre maio a dezembro, podendo variar com as mudanças do regime de chuvas. A cápsula é do tipo cônica e achatada, com tonalidade verde e vermelha, porém, quando madura, torna-se vermelho-telha, sendo os


C a p í t u l o I | 63 pelos vermelhos. O fruto, quando maduro, geralmente abre-se e apresenta queda de sementes, quando seco. O teor de bixina, nesta cultivar, fica em torno de 5,0% a 5,5%, apresenta número médio de nove cápsulas por cacho, cerca de 40 sementes por cápsula, número médio de 39,4 sementes por grama, e rendimento médio de 2,5 kg de sementes secas/planta/ano, a partir do quarto ano de plantio. Desenvolve uma copa vigorosa, próxima ao solo, que permite dispensar coroamento a partir do segundo ano, e possuindo boa tolerância às invasoras (POLTRONIERI et al., 2001). Todas estas cultivares apresentam, basicamente, as mesmas exigências quanto à lâmina de água requerida, ou seja, em torno de 1.200 a 2.000 mm, bem distribuídos durante o ano. Elas necessitam também de solos profundos, com um bom sistema de drenagem natural e, de preferência, onde a fertilidade seja de média a alta. Já no primeiro ano de idade, haverá uma pequena produção de urucum, mas é a partir do segundo ano, que se inicia a produção considerada de interesse comercial. Aos quatros anos de idade, as cultivares de urucum já poderão ser consideradas adultas, pois, a partir desse momento, o máximo potencial produtivo será alcançado. Carvalho et al. (2010) relatam que as árvores existentes na coleção do Instituto Agronômico de Campinas (IAC) possuem altos teores de bixina na semente, variando (em base seca) de 3,12 ± 0,06% a 6,26 ± 0,06%. Os teores de lipídios variaram de 1,97 ± 0 % a 3,98 ± 0,09%. Não foram observadas correlações entre as concentrações de bixina e de lipídios.

COMPOSIÇÃO QUÍMICA EM SEMENTES DO URUCUM Na literatura especializada são encontradas muitas informações sobre a composição química da semente, raiz e folhas do urucum. Contudo, devido a diferentes procedências das plantas, métodos analíticos empregados, ou a instabilidade apresentada por alguns de seus componentes, os percentuais variam bastante. A semente bruta apresenta como composição típica 40-45% de celulose, 3,5-5,5% de açúcares, 0,3-0,9% de óleo essencial, 3% de óleo fixo, 1,0-4,5% de pigmento, 13-16% de proteína, além de alfa e beta caroteno, taninos e saponinas. Entre os ácidos graxos presentes na fração lipídica são encontrados principalmente o ácido linolênico, α-linoléico e oléico. Possui ainda 10,6% de aminoácidos e seis dos oito aminoácidos essenciais contemplados no padrão ideal da


C a p í t u l o I | 64 OMS (Organização Mundial da Saúde). As cinzas (5,4%) apresentaram alto conteúdo de fósforo, ferro e zinco, com reduzido teor de cálcio (GLEW et al., 1997). A coloração avermelhada do arilo da semente de urucum é dada principalmente pela presença da bixina, que representa mais de 80% do conteúdo de carotenoides do arilo da semente. Entretanto, outros carotenoides também estão presentes, como a norbixina, isobixina, βcaroteno, criptoxantina, luteína, zeaxantina e metilbixina (TIRIMANNA, 1981; HALLAGAN et al., 1995; MERCADANTE et al., 1999), com numerosos outros pigmentos presentes em menor quantidade, incluindo seis apocarotenoides (C30 e C32), oito diapocarotenoides (C19, C22, C24, e C25) e um derivado de carotenoide (C14) (MERCADANTE et al., 1999), além do pigmento orellina, hidrossolúvel e de cor amarela (REVISTA DE FITOTERAPIA, 2003). O extrato da semente de urucum também é uma rica fonte de terpenos, como o E,E,E-geranilgeraniol, e outros isoprenóides, como farnesilacetona, geranilgeranil octadecanoato, geranilgeranil formato, δ-tocotrienol e flavanóides como luteolina e apigenina (JONDIKO; PATTENDEN, 1989; FREGA et al., 1998; PINO; CORREA, 2003). Entre os principais constituintes químicos do urucum (Tabela 4), encontram-se ácidos graxos saturados e insaturados, açúcares, cálcio, celulose, ferro, fosfolipídeos, fósforo, orelina, potássio, proteínas, saponinas, taninos, vitaminas A, B2 e C.

Tabela 4. Composição do urucum (%). Cachopa

Sementes

Folhas

Umidade

11,2

9,8

10,7

Cinzas

3,4

4,6

5,4

Proteína bruta

5,4

10,8

13,5

Estrato Etéreo

1,4

4,8

8,8

Fibra

21,4

12,6

11,2

Carboidratos

57,2

57,4

50,0

Fonte: Oliveira et al., 2011.

Dentre os principais carotenóides componentes do urucum estão a bixina e norbixina (ou orelina), sendo o mais importante a bixina (Figura 38). É um metil hidrogênio 9’-cis-6,6’diapocaroteno-6,6’-dioato, extraído das sementes, perfazendo aproximadamente 80% do total de carotenóides do extrato (PRESTON; RICKARD, 1980).


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Figura 38. Estrutura química da bixina.

A bixina apresenta solubilidade em solventes orgânicos por possuir em suas extremidades um ácido carboxílico e um éster metílico (Figura 38). Possui ainda a peculiaridade de ter sido encontrada, até o momento, apenas nessas sementes e de apresentar como forma mais estável a configuração cis, diferentemente do β-caroteno e o licopeno que são encontrados majoritariamente em alimentos na configuração all-trans e estão amplamente distribuídos na Natureza (PRESTON; RICKARD, 1980). A norbixina (6,6’-diapocaroteno-6,6’-ácido dioico), também é um carotenoide importante, apesar de estar presente em pequenas quantidades, pode ser obtida durante a extração dos pigmentos de urucum com álcali em meio aquoso devido à saponificação da bixina. É o único pigmento natural que reage com a caseína, esta característica torna este corante exclusivo no segmento de queijo e produtos lácteos (COLLINS, 1992). A bixina por ser lipossolúvel é geralmente usada em aplicações de alimentos gordurosos, enquanto a norbixina, devido a sua capacidade de se ligar fortemente com proteínas é especialmente adequada para a coloração de alimentos de alto teor de proteína (SCOTTER, 2009). Os pigmentos bixina e norbixina apresentam propriedades físicas que são mostradas na Tabela 5.


C a p í t u l o I | 66 Tabela 5. Propriedades físicas da bixina e norbixina.

Para a obtenção da bixina das sementes de urucum, tradicionalmente extraem-se os pigmentos através da maceração das sementes em água, obtendo como resultado uma massa corante, em algumas comunidades indígenas o referido processo artesanal ainda predomina. Além dos processos químicos, o corante de urucum é extraído por processos mecânicos, que consistem em técnicas físicas que promovem a raspagem ou o atrito entre as sementes, visando à separação de sua camada externa que contém o corante, o qual é obtido na forma predominante de bixina. Também se pode utilizar o processo de recristalização na obtenção do corante citado (KATO et al., 1998).

SISTEMA DE PRODUÇÃO Para o cultivo do urucum deve aplicar as melhores condições agronômicas ao longo do seu ciclo vegetativo, visando obter um elevado desenvolvimento foliar e a maior produtividade de uma planta.


C a p í t u l o I | 67 PROPAGAÇÃO DO URUCUM O urucum é um cultivo de fácil propagação, já que pode ser efetuado por meio de sementes, alporquia, enxerto, estaca e por cortes da raiz; e também pela técnica moderna de propagação de plantas através da cultura de tecidos.

Propagação sexual ou por sementes. Esta é a forma mais comum de propagar a espécie de urucum. Esse método tem a vantagem de ser simples, rápido e barato comparado com os sistemas de propagação vegetativa. Além disso, a maioria das árvores de urucum no mundo foi semeada por semente. As plantas propagadas por semente não são geneticamente iguais, por motivo da espécie apresenta alto grau de polinização cruzada (alogamia), consequentemente as suas características agronômicas (como o rendimento de sementes) e químicas (teor de bixina) tendem a variar entre plantas e entre colheitas (RODRÍGUEZ; ENRÍQUEZ, 19983; MUNOZ, 1989). A seleção das sementes deve ser realizada de árvores adultas (mais de 4 anos), que sejam plantas produtivas, de elevado teor de bixina e seja resistente à maioria das pragas conhecidas, principalmente com a resistência natural ao oídio, causado pelo fungo Oidium bixae Viegas. Devem-se colher apenas as cápsulas maduras que tenham sementes bem desenvolvidas. Propagação assexuada. Outras formas de multiplicação são usadas para manter a pureza genética completa. A propagação por estratificação (alporquia), enxerto, estacas, corte de raízes e biotecnologia são técnicas que podem ajudar a produzir plantas de excelente qualidade. Esses diferentes métodos nos permitem obter clones. O método atual eficaz para a propagação vegetativa é o enxerto de borbulhia em escudo. Mediante este último tipo de enxerto, os maiores benefícios da propagação vegetativa são mantidos, preservando assim as características desejáveis de uma planta de urucum selecionada. Entre as características desejáveis se encontram o teor de bixina, número de sementes por cápsula, número de cápsulas por racemo, número de racemos por árvore e tolerância ao oídio.


C a p í t u l o I | 68 a-Propagação por estacas Essa forma de propagação também pode ser usada para fazer clones, mediante a utilização de estacas provenientes de árvores produtivas e sadias. Na prática o produtor de urucum emprega estaca de 1 metro de comprimento do material lenhoso para ser plantada diretamente no lugar definitivo (Figura 39). Também as estacas herbáceas (ramos jovens de aproximadamente um ano de idade e de 30 a 40 cm de comprimento) podem ser plantadas em sacos plásticos sob uma estrutura de madeira previamente preparada ou em outro tipo de cobertura rústica apropriada, ligeiramente inclinada (Figura 40). O substrato recomendado é uma mistura de areia de rio e solo, na proporção de 1:1. O sombreamento do viveiro de mudas permite que a luz direta seja recebida pelas mudas nas horas mais frescas da manhã e da tarde, e não ao meio-dia. É necessário manter a umidade do solo para garantir a maior porcentagem de brotação das raízes. O hormônio ácido indolbutírico (AIB; colocar em imersão por 2 a 5 segundos com o hormônio cobrindo apenas a parte da estaca que vai ser enterrada) pode ser usado para acelerar o surgimento de novas raízes. Após o enraizamento das estacas, passados dois meses, são semeadas em sacos de plástico pretos para mudas de 9" x 12", onde permanecem durante dois meses e depois semeiam no campo definitivo. A propagação vegetativa é usada para obter uma safra superior, mais uniforme e de boa qualidade. Existe a mesma dificuldade em relação à estratificação (alporquia) quando se deseja fazer um plantio extenso.

Figura 39. a= Estaca lenhosa; b= Estaca apical (herbácea) com brotos para propagação; c= estaca enraizada. Foto: Portugués, J. A. A. (1999).


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Figura 40. a= Estrutura de madeira e plástico e b= Cobertura rústica para enraizamento de estacas. Fotos: Portuguêz, J. A. A. (1999).

b- Propagação por estratificação ou alporquia A estratificação é outra forma de produzir plantas de urucum com excelentes qualidades. Este método tem duas modalidades e para realizá-lo há de proceder da seguinte forma: 1.Aérea. A estratificação é feita dois meses antes da semeadura definitiva e procede da seguinte forma: São selecionadas as árvores e os ramos onde serão efetuadas as alporquias. Os ramos selecionados são anelados aproximadamente 3 cm abaixo da gema (no nó do ramo), cortando-se a casca em anel de dois centímetros de comprimento, visando eliminar por completo a casca e expondo o tecido lenhoso (Figura 41).


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Figura 41. Alporquia aérea em ramo de planta de urucum (a= anelado; b= substrato + cobertura; c= enraizado). Foto: Portuguêz, J. A. A. (1999).

Esse corte é totalmente coberto com substrato úmido ou com uma mistura de areia e matéria orgânica, e encima colocar o plástico ou o papel de alumínio, para prender a mistura úmida. Para evitar a sua caída, deve-se amarrar nas duas pontas ou extremos. Ao usar o plástico é necessário fazer pequenos furos para poder regá-los e manter a umidade. Deve-se manter a mistura úmida até que o ramo seja enraizado. Isso ocorre em aproximadamente dois meses. Se a umidade não for mantida, a alporquia está perdida. 2.No solo. São selecionados os ramos que estão próximos ao solo. O anelamento é realizado da mesma forma que se faz para a alporquia aérea. O ramo é enterrado e se prende com umas estacas. Em dois meses, o ramo enraizado está pronto para o plantio definitivo. Essa forma de propagação tem suas desvantagens devido à dificuldade de encontrar ramos suficientes para a produção em massa de plantas e fazer grandes plantações. c) Propagação por enxerto Também conhecida como enxertia de gema, consiste na inserção de uma pequena porção de casca de uma planta (enxerto), contendo uma única gema, sobre um porta-enxerto. Esse tipo de enxertia é mais utilizado em plantas mais jovens, e a enxertia pode ser de gema ativa, geralmente na primavera/verão, quando as plantas se encontram em plena atividade vegetativa, ou de gema dormente, quando as plantas já se encontram no período de repouso vegetativo, geralmente outono. Porém, essa classificação quanto à época do ano em que é realizada é mais adotada na Região Sul do Brasil, onde as estações são mais definidas, principalmente em relação à temperatura. No caso da enxertia de


C a p í t u l o I | 71 primavera/verão, essa é realizada nos meses de novembro e dezembro, podendo ser prorrogada até fevereiro (FRANZON et al., 2010). O urucum se propaga facilmente por meio de enxertos de gema. Os enxertos mais comuns são do tipo borbulhia: em escudo, em T invertido e em T normal (Figura 42).

Figura 42. Tipos de enxerto utilizados em urucum (borbulhias: 1= em escudo ou placa; 2= em T invertido; 3= em T normal). Foto: Portuguéz, J. A. A. (1999).

1.Enxertia de borbulhia em placa ou escudo. Nesse tipo de enxertia, o porta-enxerto deve apresentar diâmetro entre 1,0 cm a 1,5 cm no ponto de enxertia, que é realizada, preferencialmente, a uma altura aproximada de 20 cm do solo. Deve-se abrir na casca do porta-enxerto uma janela de cerca de 3 cm a 4 cm de altura, com uma largura de aproximada de 1 cm a 1,5 cm. Uma placa de casca sem lenho, contendo uma gema, com essas mesmas dimensões, deve ser retirada de uma planta matriz selecionada, e inserida na janela aberta no porta-enxerto. As dimensões da janela e da placa devem ser sempre o mais próximo possível, possibilitando o perfeito contato entre a casca de ambos, o que proporcionará maior sucesso na enxertia. A amarração deve ser feita de baixo para cima (FRANZON et al., 2010). As mudas (ou rebentos) de urucum com 1 cm a 1,5 cm de diâmetro e de aproximadamente 6 a 8 meses de idade são necessários para realizar o enxerto de borbulhia em placa ou em escudo (Figura 43). Este tipo de enxerto é simples e rápido de efetuar e se consegue 100% de pegamento. As gemas a serem enxertadas devem proceder de árvores matrizes sadias e vigorosas.


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Figura 43. Detalhe do processo da enxertia por borbulhia em placa ou escudo (a= corte de forma retangular no talo da muda ou rebento; b= gema a ser enxertada do mesmo tamanho do corte no talo; gema em placa introduzida no talo; e amarrio do enxerto. Foto: Arquivo da Embrapa Cerrados.

2.Enxertia de borbulhia em “T” normal. É a forma mais conhecida de enxertia de borbulhia. Seu nome deriva da forma como é feita a incisão no porta-enxerto para inserção da gema (borbulha). As gemas para enxertia devem ser retiradas dos ramos fornecedores de borbulhas, coletados, previamente, da planta que se deseja utilizar como cultivar copa. Inicialmente, faz-se uma incisão na forma de “T” no porta-enxerto, realizando-se um corte vertical de 2 cm a 3 cm e, na extremidade superior, um corte horizontal (Figura 44). Esses cortes devem ser feitos a uma altura aproximada de 20 cm do solo, cortando-se somente a casca que será desprendida do lenho. O porta-enxerto deve apresentar diâmetro aproximado de um lápis, ou seja, em torno de 6 mm a 8 mm. Depois de realizada essa incisão, a gema para enxertia é retirada dos ramos fornecedores de borbulhas. Para isso, faz-se um corte de modo que seja atingida parte do lenho, sem danificar a gema, e, depois, faz-se outro corte transversal da casca e faz-se a retirada da gema, com cuidado para não causar danos à mesma. Após a retirada da gema, essa deve ser inserida no corte efetuado no porta-enxerto, o mais rápido possível, para evitar desidratação e oxidação, de modo que essa fique protegida. A inserção deve ser feita de modo que a gema fique na posição correta, ou seja, o corte transversal da gema deve ficar em perfeito contato com o corte


C a p í t u l o I | 73 transversal no porta-enxerto. Nesse ponto, iniciar-se-á a união entre as partes que originarão a nova planta. Realizado esse procedimento, deve-se proteger a gema enxertada amarrando uma fita de polietileno no sentido de cima para baixo, evitando que a gema seja empurrada para fora do corte e cuidando para que a gema não seja coberta pela fita, para facilitar a brotação. Deve-se observar que a casca do corte transversal da gema fique em perfeito contato com a casca do corte transversal no porta-enxerto. Caso a gema fique coberta com a fita durante a amarração, deve-se retirar a fita quando a gema começar a brotar (FRANZON et al., 2010).

Figura 44. Enxertia de borbulhia: -2. Em T invertido e 3- em T normal. Foto: Portuguéz, J. A. A. (1999).

3.Enxertia de borbulhia em “T” invertido. Idêntico ao método anterior, só que, nesse caso, o corte é feito na forma de T invertido, como o próprio nome diz (Figura 44). Em locais onde ocorre muita chuva, ou para espécies que liberam muita água quando cortadas, esse tipo de enxertia previne a entrada de água na incisão na casca do porta-enxerto. A entrada e o acúmulo de água no local da enxertia impedem que ocorra união, pois provoca apodrecimento dos tecidos. Nesse tipo de enxertia, a amarração deve ser feita de baixo para cima, evitando que a gema seja empurrada para fora do corte. É bastante utilizada para propagação do urucum (PORTUGUÉZ, 1999). d) Cortes e rebrotes de raízes O urucum pode rebrotar sem dificuldade por cortes da raiz. Essa forma de separação vegetativa é feita cortando a raiz enquanto ela ainda está enterrada. Isso significa fazer


C a p í t u l o I | 74 um ou mais cortes transversais na espessura da raiz, deixando-a enterrada. Em um período de dois meses, uma nova planta com características semelhantes à planta-mãe é produzida. É ideal para fazer clonagem quando se tem pouco material para propagar no intervalo de três anos. e) Micropropagação Uma técnica de propagação in vitro baseada na proliferação de gemas axilares foi desenvolvida pela primeira vez para a maturidade de urucum (Bixa orellana L.). Segmentos nodais cultivados em meio Murashige e Skoog (MS) suplementado com 1,0 μM de benzil adenina (BA) e acrescido de água de coco (10%) mostraram resposta de explante significativamente alta (P <0,05) (67,0%), desenvolvimento de brotos alongados (3,36), botões por explante (8,9) e alongamento de explantes (3,53 cm). As citocininas como zeatina, isopentenil adenina (2-iP), cinetina ou tidiazuron (TDZ) foram inferiores a BA para induzir vários brotos. As variações sazonais afetaram significativamente a resposta in vitro dos explantes nodais. Experimentos de enraizamento in vitro mostraram 55,6% de enraizamento em meio MS contendo 15 μM de ácido indol-3-butírico (AIB). Alternativamente, os brotos criados in vitro foram enraizados (61,1%) ex vitro, por ácido indol-3-butírico (IBA) 10 mM durante 30 s. Os resultados do sistema de marcadores RAPD revelaram a estabilidade genética entre as plantas micropropagadas (Figura 45). O presente protocolo, em resumo, pode ser usado para a propagação clonal do genótipo superior e preservação do germoplasma (SIRIL; JOSEPH, 2013).


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Figura 45. Na propagação de Bixa orellana madura usando segmentos nodais coletados em árvore com 6 anos de idade; a. Alongamento da gema axilar (barra = 2 cm); b. Alongamento de broto e iniciação de múltiplos brotos em meio MS contendo 1 μM BA e acrescido com 10% de água de coco (bar = 0,65 cm); c. Desenvolvimento de múltiplos brotos (barra = 1cm) em MS + μBA + água de coco 10% (barra = 0,8 cm); e-f. Visão estereoscópica de múltiplos brotos de gemas axilares e gemas de brotos adventícios (barra = 5,5 cm, 6,2 cm), g. Plantas enraizadas ex vitro cultivadas por meio de tratamento com IBA 10 mM por 30 s (bar = 1,5 cm), h. Plantas com 2 meses de idade transferidas para vasos (barra = 0,55 cm); e i. Plantas micropropagadas com 3 meses de idade após a sua transferência para o campo (bar = 0,0075 cm). Fotos: Siril, E. A.; Joseph N. (2013).

PRODUÇÃO DE MUDAS DE URUCUM EM VIVEIRO O viveiro de mudas deve ser instalado e conduzido em propriedade do urucuzeiro. Como medidas preventivas, esse é instalado no sentido Leste-Oeste, a pleno sol, protegida de ventos, distante de lavouras de urucum, em área de fácil acesso, levemente inclinada e


C a p í t u l o I | 76 bom fornecimento de água de qualidade para irrigação, evitando-se áreas com problemas de drenagem e patógenos. Para o substrato deve utilizar o solo de barranco coletado a 50-60 cm de profundidade e distante de lavouras de urucum, para evitar problemas com infestação de sementes de plantas daninhas e de patógenos do solo. Apesar dessa medida preventiva, posteriormente o solo é peneirado e desinfectado através do processo de solarização, no qual se utiliza a energia solar com a finalidade de elevar a temperatura do solo a níveis letais para patógenos e sementes de plantas daninhas. Nesse processo, o solo coletado é espalhado em camadas finas de aproximadamente 5 a 10 cm sobre lona plástica preta em uma área ligeiramente inclinada. Em seguida, a camada de solo é levemente umedecida e coberta com lona plástica transparente, vedada nas extremidades, permanecendo por cerca de 60 dias sob a luz solar direta. Durante a solarização a temperatura atinge níveis que são letais, inativando ou inibindo o crescimento de muitos fitopatógenos e de propágulos de plantas tidas como daninhas (KATAN et al., 1976; GHINI, 1991; SOUZA, 1993). Em seguida, são feitas valetas no entorno da lona para facilitar o escoamento de água (MOURA et al., 2007). Os viveiros podem ser feitos de duas formas: a) Em sacos plásticos (dimensão: 15 cm de diâmetro x 20 cm a 30 cm de altura), deixando três sementes por saco à profundidade de 1 cm (usar saco com furos no fundo que permite drenar o excesso de água do substrato), agrupados os sacos em blocos de 1,2 m de largura e entre os blocos tem que deixar um distância prudente que permite a livre movimentação dos operários que atendem o viveiro. Enchimento dos sacos de polietileno com substrato seco, sendo estes preenchidos até a superfície e o substrato compactado através de batidas dos sacos no chão, de forma que o volume não seja reduzido posteriormente com as regas sucessivas. Além disso, o correto enchimento dos sacos evita falhas na irrigação das mudas pelo tombamento dos saquinhos sobre o substrato que bloqueia a entrada da água. b) Diretamente no solo mediante a construção de canteiros, devendo deixar os canteiros com 1,20 cm de largura e com 30 cm de altura e entre eles deve deixar um espaço para facilitar a drenagem e os tratos culturais que se vão realizar. O seu plantio é realizado em covas separadas uma da outra (3 sementes por cova). Quando as plântulas têm alcançado uma altura entre 8 e 10 cm, recomenda-se realizar a operação de desbaste deixando unicamente a mais vigorosa (uma planta por cova). No canteiro, a semeadura


C a p í t u l o I | 77 das sementes deverá ser realizada a 1 cm de profundidade e a uma distancia de 20 cm ente covas (3 sementes por covas). Aproximadamente 10 dias depois da semeadura começam a emergir as primeiras plântulas, concluindo o processo germinativo uns 12 dias depois. É indispensável à irrigação das mudas cada vez que seja necessário. O turno de rega dependerá da quantidade de sol e o tipo de solo. Não se recomenda a operação de amontoa no viveiro e nem praticar poda de raiz da planta, principalmente se vai ser plantada em terreno ventoso.

TRANSPLANTE O transplante deve ser realizado no início da época chuvosa e quando as plantas tenham alcançado um tamanho aproximado entre 20 e 30 cm. Não recomenda o transplante da muda com a sua altura superior a 30 cm, pois o sistema radicular pode sofrer danos consideráveis. No momento da semeadura da muda de urucum no campo é necessário que o caule fique no mesmo nível de profundidade que estava no saco plástico ou canteiro. Assim procedendo estará evitando a perda de algumas plantas. É necessário observar a posição correta da raiz pivotante da muda, de maneira que ela fique para baixo e não posicionada nem para os lados e nem dobradas para cima. Assim procedendo ficará garantido que a planta de urucum não sofrerá atrasos em seu crescimento. Quando se dispõe de irrigação, o transplante da muda pode ser feito em qualquer época do ano. As plantas podem ser transplantadas para o campo com a sua raiz desnuda (descoberta), no entanto recomendam-se semeá-las o mais rápido possível. Além disso, não se devem expô-las por muito tempo ao sol, a fim de evitarem a dessecação e, eventualmente, a morte das mudas. Em regiões secas, é frequente observar a caída das folhas em pouco tempo depois do transplante. Mas, quando o fornecimento adequado de água é dado de imediato, então vão surgir na planta novas brotações e novas folhas.


C a p í t u l o I | 78 CLIMA E SOLOS A variabilidade genética do cultivo do urucum permite que ele cresça e produza bem em uma grande diversidade de climas e solos. Ainda que o urucuzeiro seja cultivado em todo o território nacional, as regiões Norte e Nordeste são as mais propícias ao seu crescimento e a uma boa produtividade. Portanto, para o estabelecimento comercial de uma cultura, é fundamental conhecer os requisitos climáticos, as características do solo e as condições do solo exigidas pela planta. Água (precipitação). O urucum tolera a falta de água, mas por pouco tempo. Quando a seca dura mais de quatro meses (até sete meses de duração; BOVEY et al., 1971), a árvore cresce lentamente e às vezes perde as folhas (como forma de defesa para evitar a perda de água). É desejável que a quantidade de água que a planta recebe seja fornecida no período de crescimento vegetativo, até a formação e desenvolvimento das cápsulas. No estádio de maturação dos frutos, é importante ter a mínima quantidade de água possível, a fim de facilitar a secagem dos frutos e das sementes. Embora a planta cresça tanto em locais secos como úmidos, é desejável que a quantidade de água seja bem distribuída ao longo do ano. Em locais secos, com chuvas de 600 mm ou menos por ano, o crescimento inicial do urucum é um pouco lento, enquanto em locais úmidos, com chuvas superiores a 2.000 mm por ano, o seu crescimento é mais rápido (BOVEY et al., 1971). A planta não tolera encharcamentos permanentes, razão pela qual a drenagem deve ser construída em solos que apresentam este problema. A desvantagem da produção de urucum em climas muito úmidos é a alta incidência de doenças que as plantas apresentam, além da dificuldade de secagem das sementes devido à alta umidade do ambiente. Luz. A planta não é muito exigente em termos de luz solar, pois cresce bem tanto nos trópicos úmidos quanto nos trópicos secos. Observou-se que em condições de sombra permanente as plantas tendem a crescer muito e a produzir folhagem abundante, além de serem atacadas por alguns fungos, como Cercospora bixae (queima da folha) e oídio. O urucum cresce e produz bem sob condições de sombra moderada, por isso pode ser usado em sistemas agroflorestais. É desejável que as espécies florestais selecionadas não projetem muita sombra na planta.


C a p í t u l o I | 79 Temperatura. A planta se adapta bem a temperaturas que variam de 20 a 30 graus Celsius. Isso não significa que em temperaturas menores e maiores das mencionadas, as árvores não possam crescer e produzir de forma satisfatória (BOVEY et al., 1971). A planta não tolera geadas (temperaturas abaixo de quatro graus Celsius). Umidade relativa do ar. Se a umidade prevalecente no ambiente for superior a 80%, aumenta a probabilidade de um ataque de doença fúngica na planta. Por meio de um controle adequado de ervas e uma boa poda das árvores, esse fator pode ser modificado. Nos trópicos úmidos, é aconselhável plantar as árvores com separação suficiente entre elas, a fim de reduzir ao máximo a umidade relativa da plantação. Desta forma, a aeração da plantação e a secagem dos frutos são melhoradas. Para o caso dos trópicos secos, onde a umidade relativa do ar é baixa, ocorre uma melhor secagem das cápsulas e das sementes. Altitude. O urucum é uma espécie que apresenta grande variabilidade genética, o que lhe permite adaptar-se a diferentes altitudes. Assim, pode ser facilmente cultivado desde 30 m.s.n.m até 1.200 m (BONILLA, 2009; ARCE, 1984). No entanto, a planta se comporta melhor entre os 300 e 600 m sobre o nível do mar, pois nessas amplitudes têm-se obtidos teores mais elevados de bixina. A produção diminui rapidamente acima dos 800 m de altitude. A maior altitude sobre o nível do mar, o urucum cresce lentamente, mas se desenvolve com limitações na produção e tem maior incidência de doenças, sem considerar que essa árvore pode sofrer danos por frio. Vento. Recomenda-se que o local onde a plantação será implantada não seja muito ventoso, pois esse fenômeno é responsável pela queda de muitas flores, frutos, ramos e plantas. Além disso, se soprar muito vento durante a floração, a polinização das flores por insetos (principalmente as abelhas) é muito prejudicada, causando uma diminuição considerável na produção de cápsulas e sementes (PORTUGUÉZ, 1999). Solos. O urucum cresce bem em uma variedade de solos (de franco-arenoso a francoargiloso). Como o seu sistema radicular é altamente desenvolvido, solos profundos, bem drenados e arejados com bom teor de matéria orgânica são preferidos. Os solos argilosos ou compactados têm muita resistência à penetração das raízes, por isso não são recomendados para o plantio da referida cultura. Também os solos pantanosos são impróprios ao seu cultivo (DUCH, 1991).


C a p í t u l o I | 80 Segundo Ramalho et al. (1988) e Cavalieri (1991), o urucuzeiro se adapta a diferentes tipos de solos, compreendendo desde a faixa litorânea, estendendo-se ao agreste, desde o Luvissolos Crômicos até Nitossolos Vermelhos Eutróficos, Neossolos Regolíticos Eutróficos Típicos e Latosol Vermelho Amarelo Eutróficos (Sistema Brasileiro de Classificação de Solos, 1999). Entretanto, os melhores solos são de aluvião, pois os mesmos reúnem todas as condições para

um cultivo bem sucedido. Apesar da baixa exigência nutricional, a cultura desenvolve-se bem em solos nos quais os macro e os micronutrientes estejam equilibrados e principalmente o alumínio permutável esteja neutralizado. Acidez do solo. O pH do solo pode variar desde 5,0 até 7,0, sendo o ótimo entre 5,5 e 6,5, com bons níveis de cálcio e magnésio e ausência de alumínio. Em solos com baixo pH é necessário efetuar sua correção, por exemplo com carbonato de cálcio (cal).

PREPARO DO TERRENO E COVEAMENTO O preparo do solo para o cultivo do urucuzeiro consiste, basicamente, no roço, encoivaramento, queima, destoca seguido de uma aração a aproximadamente 30 cm de profundidade, com duas gradagens leves e cruzadas. A calagem deve ser procedida conforme os resultados da análise do solo, de 60 a 90 dias antes do plantio, para maior eficiência. Vale destacar que o estabelecimento de novos cultivos de urucum deve ocupar, preferencialmente, áreas antropizadas, ou seja, aquelas que já foram desmatadas, evitando-se, assim, novas derrubadas. Nessas áreas alteradas pelo homem, o terreno é fácil de ser preparado, fato que reduz consideravelmente os custos iniciais do cultivo. Após a limpeza do terreno, são feitas as aberturas das covas de diâmetro e profundidade variáveis nos locais onde as plantas serão plantadas. Segundo a Embrapa, a cova deve ter 40 cm nas três dimensões para solos arenosos; solos pesados ou compactados, covas com dimensões de 0,50 m x 0,50 m x 0,50 m são os recomendados. No caso de haver matéria orgânica, é conveniente incorporá-la ao solo para melhorar sua fertilidade. Durante a operação de coveamento, recomenda-se separar a primeira metade da terra da cova para um lado, e a segunda metade para outro lado, invertendo-as quando do enchimento. Antes de encher a cova, adicionam-se, à terra da parte de cima, 6 L de esterco


C a p í t u l o I | 81 de curral bem curtido ou 3 L de esterco de galinha. Quando o solo é de baixa fertilidade, acrescentam-se a essa adubação orgânica 100 g de superfosfato triplo. Executa-se o plantio da muda no início do período chuvoso, de 15 a 20 dias depois do enchimento da cova. Assenta-se a muda no centro da cova, depois de retirada do saco de plástico. Em regiões litorâneas, este período corresponde aos meses entre abril e julho. Em sistema de cultivo irrigado, recomenda-se o plantio durante todo o ano.

SEMEADURA Tratamento de sementes para semeadura. A semente deve ser tratada com uma solução fungicida antes da semeadura para prevenir o desenvolvimento de doenças. Quando a semente é imersa nesta solução de tratamento, a semente vazia flutua e é necessário removê-la. Pode-se colocá-la para secar na sombra ou semeá-la diretamente. Caso se opte por este último método, o único inconveniente que se deve enfrentar é que a semente fica molhada e gruda nos dedos, dificultando a rega da semente no canteiro ou nos sacos onde é semeada diretamente. A semeadura do urucum pode ser direta em saco ou em canteiro, onde as plantas posteriormente são transplantadas para o local definitivo. Semeadura direta. A data de semeadura recomendada é de inicio de inverno para cada região do país. Para a semeadura das sementes, são utilizados sacos plásticos pretos para viveiro, medindo 9" x 12", e que possuem furos. Estes são preenchidos com uma mistura de matéria orgânica, solo local e areia. Em cada saco são colocadas três sementes e semeadas com um centímetro de profundidade, colocando no topo uma camada de palha com um centímetro de espessura, para evitar a formação de uma crosta na superfície do solo contido no saco e que não vá impedir a emergência das plântulas. Os sacos devem ser colocados em um local onde recebam o sol para facilitar a germinação da semente. Essa semente deve ser da colheita anterior e ela deve estar completamente cheia, devendo evitar ser comprimida durante sua semeadura, pois assim sucedendo essa semente não irá germinar e se o fizer, produzirá uma planta raquítica. Entre 5 a 21 dias, as sementes germinam, devendo realizar o desbaste depois de uma a duas semanas e procurando selecionar as plântulas mais vigorosas. O maior tempo de emergência após doze dias deve-se ao fato de que a maturidade da semente é diferente e


C a p í t u l o I | 82 a profundidade em que foi semeada é maior. O teor de umidade abaixo de 40% retarda a germinação da semente. Semeadura por transplante. É um sistema alternativo que permite a semeadura em canteiro de aproximadamente 20 cm de altura, 100 cm de largura, comprimento variável, cujo substrato é formado de terriço de mata ou de mistura de terriço com esterco de curral, na proporção de 3:1. A semeadura é realizada em sulcos distanciados 10 cm entre si, e as sementes nunca são enterradas em uma profundidade superior a 1,0 cm. Esses canteiros são sombreados com folhas de palmeiras ou sombrites. Depois da germinação, 14 a 20 dias depois da semeadura, é realizada a repicagem para sacos de polietileno preto, de 11 cm x 22 cm, ou de 17 cm x 27 cm, com substrato semelhante ao da sementeira. Essa semeadura em sacos oferece maior cuidado à plântula no início do crescimento no viveiro. A manutenção e supervisão permitem que sejam trazidas para o campo plantas vigorosas e de boa qualidade, prontas para serem transplantadas com 3 aos 4 meses de idade, procurando ter plantas prontas para a semeadura no início do período chuvoso (EMBRAPA AMAZÔNIA ORIENTAL, 2009).

ESPAÇAMENTO A separação entre fileiras e entre plantas dependerá do tipo de crescimento que as variedades cultivadas apresentam e do tipo de propagação (sementes, vegetativo). Assim, se as plantas têm hábito de crescimento rebaixado, a distância de plantio será diferente daquelas que apresentam hábito alongado. Em geral, para as plantas propagadas por sementes que tendem a crescer mais lateralmente, recomenda-se uma distância de 4,5 m x 4,5 m ou 5 m x 5 m, tanto entre linhas quanto entre plantas. Dessa forma, haverá uma população de 493 plantas por hectare no primeiro caso e 400 plantas no segundo. Para plantas de urucum que crescem mais para cima do que para os lados (alongadas), a distância recomendada é de 3 m x 3 m ou 3,5 m x 3,5 m, tanto entre linhas quanto entre plantas, para um total de 1111 plantas por hectare no primeiro caso e 785 plantas no segundo. Em cada local onde for colocada uma estaca, será feito uma cova de plantio onde uma planta será plantada. O estabelecimento no campo do urucum pode ser definido como um quadrado ou em quincôncio (triangular), as fileiras sendo separadas por 3


C a p í t u l o I | 83 metros, e com distância entre plantas de 3 metros (Figura 46). Esses cultivos adensados devem ser manejados com poda para que a colheita seja facilmente obtida.

Figura 46. Traçado em terreno plano para semeadura de urucum. Foto: CNTAF.

De acordo com Franco et al. (2002), a escolha do espaçamento ideal está relacionado com os fatores: cultivar, do tipo de solo e do sistema de cultivo sequeiro ou irrigado. Para um bom nível tecnológico, recomendam-se 6,0 m x 4,0 m (417 plantas/ha) e 6,0 m x 5,0 m (333 plantas/ha). Enquanto os técnicos da Embrapa Amazônia Oriental (2009) recomendam-se os espaçamentos de 7 m x 3 m ou de 7 m x 4 m, que permitem a mecanização e o cultivo intercalar de espécies alimentares, tais como: mandioca, milho, feijão, jerimum, melancia, quiabo, maxixe, além de espécies de ciclo longo, como maracujá e mamão. Caso as plantas a serem semeadas tenham sido propagadas vegetativamente, ou seja, por alporquias, estacas e enxertos, as distâncias de plantio recomendadas são as seguintes: a) 3 m entre fileiras por 2,5 m entre plantas, para uma população total de 1.330 plantas por hectare. b) 3 m entre fileiras por 3 m entre plantas, para uma população total de 1.111 plantas por hectare.


C a p í t u l o I | 84 Com estes espaçamentos de plantio do urucum (ou o espaçamento de 4 m x 4 m), é garantida a livre passagem dos agricultores pela plantação, de forma a facilitar os tratos culturais que têm de realizar no cultivo (Figura 47).

Figura 47. Sistema de plantio do urucum (4 m x 4 m). Foto: Maria Nela Choquehuanca Loza.

Em sistema de cultivo irrigado, recomenda-se o plantio durante todo o ano. Em área declivosa, orienta-se efetuar o plantio em curva de nível. Em terreno inclinado, uma linhaguia é desenhada na direção do declive onde é mais íngreme. Nessa direção, estacas separadas são colocadas no espaçamento que será deixado entre as linhas (Figura 48). A partir de cada estaca e com a ajuda de um cavalete de nível ou em “A” (pé-de-galinha), trace as curvas de nível e verifique se estão bem traçadas corrigindo as estacas que saem da curva de nível.


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Figura 48. Traçado em terreno inclinado para semeadura de urucum. Foto: CNTAF.

CONSORCIAÇÃO O urucum é uma cultura que pode ser consorciada a árvores (sistemas agroflorestais SAFs), desde que essas árvores não projetem sombra excessiva sobre o cultivo. O excesso de sombra causa maior crescimento das plantas e maior presença de pragas, principalmente com infestação de fungos. Durante o primeiro ano (dependendo da área de cultivo e da distância de semeadura), é possível consorciar o urucum a outras culturas de ciclo curto, a fim de reduzir os custos de implantação do plantio e fazer um melhor aproveitamento do terreno. Algumas culturas que têm dado bons resultados em consorciação são as seguintes: milho, feijão, pimenta malagueta (Capsicum spp.), pepino (Cucumis sativus). Além das culturas mencionadas, podem ser semeadas outras culturas de ciclo curto que sejam de fácil manejo (PORTUGUÉZ, 1999).

ADUBAÇÃO Para determinar as quantidades de adubos a serem aplicadas na cultura do urucuzeiro, devem ser considerados os resultados da análise do solo, bem como o tipo de solo, que influenciará principalmente na quantidade de aplicações a serem realizadas. Embora ainda não existam estudos sobre o efeito da adubação para as plantas de urucum, foi


C a p í t u l o I | 86 demonstrado que as deficiências de Ferro (Fe), Magnésio (Mg), Potássio (K), Nitrogênio (N) e Molibdênio (Mo) são letais para as mudas e também são importantes os microelementos Enxofre (S), Cálcio (Ca), Manganês (Mn) e Zinco (Zn), levando em consideração as necessidades nutricionais de tal cultivo. Nas culturas de urucuzeiros tecnificadas, as adubações têm sido realizadas em duas a quatro vezes ao ano, sempre coincidindo com as chuvas para melhor aproveitamento dos nutrientes. No caso de realizar quatro adubações, deve-se procurar coincidir duas delas com o início do florescimento e as demais, durante o crescimento dos frutos e após a poda. Para solos fracos em fósforo, potássio e matéria orgânica, como ocorre na maioria dos solos brasileiros, tem sido utilizado de 300 a 1.000 g por planta/ano de uma das fórmulas (NPK) 04-14-08, 11-30-17 ou 04-30-10 que são geralmente empregadas na adubação do urucuzeiro não orgânico. Essa planta também responde muito bem a adubações orgânicas, devendo-se aplicar anualmente 10 a 20 litros de esterco de curral ou 5 litros de esterco de galinha por planta (FRANCO et al., 2008). Na falta de informações técnicas sobre como fazer a adubação, o produtor poderá fazer a primeira 2 meses depois do transplante da planta para o local definitivo; e a segunda, no início da frutificação. A referência básica é proceder à aplicação de 160 g de ureia, de 160 g de superfosfato triplo e de 200 g de cloreto de potássio. No primeiro ano, aplica-se o correspondente a um terço dessas doses. No segundo ano, utiliza-se o equivalente a dois terços dessas dosagens. A partir do terceiro ano de cultivo, aplica-se anualmente aquela quantidade total. O adubo é lançado dentro da projeção da copa do urucuzeiro não orgânico (EMBRAPA AMAZÔNIA ORIENTAL, 2009).

IRRIGAÇÃO Embora o urucuzeiro seja considerado uma planta rústica, observam-se certas restrições quanto ao seu desenvolvimento vegetativo em regiões com estiagens prolongadas. Dentre as distintas técnicas agronômicas que proporcionam o aumento da produtividade e antecipação da floração, a irrigação desempenha papel importante, especialmente nas regiões áridas e semiáridas (SILVA; DUARTE, 1980). A irrigação localizada, aplicada diretamente sobre a região radicular, em pequenas quantidades, com alta frequência, mantém a umidade do solo na zona radicular, próxima


C a p í t u l o I | 87 à capacidade de campo. Dentre outras vantagens, esse sistema de irrigação apresenta bons resultados da adubação, maior eficiência no controle fitossanitário, não interferência nas práticas culturais, adaptação a diferentes tipos de solo e topografia (BERNARDO, 1984). A utilização da irrigação, principalmente, em regiões com déficit hídrico, poderá proporcionar aumentos significativos na produtividade. Considerando as condições edafoclimáticas, a lâmina de água de irrigação indicada para o cultivo do urucuzeiro é 100 mm mensais.

CONTROLE DE PLANTAS DANINHAS Em qualquer cultivo agrícola, o controle de plantas daninhas é indispensável, visando à obtenção de plantas sadias e produtivas, principalmente em relação às seguintes operações de campo: capina manual entre fileiras e entre plantas de urucum, coroamento e cobertura morta. Capina. As plantas daninhas concorrem com o urucuzeiro, notadamente, até os primeiros doze meses de implantado. Nesse período as capinas devem ser realizadas eliminando-se as plantas daninhas. Posteriormente, manter a projeção da copa livre de plantas daninhas e nas linhas e entrelinhas devem realizar roços periódicos. O controle de plantas daninhas também pode ser feito com o uso de herbicidas (em cultivo do urucuzeiro não orgânico), aplicados entre 8 e 9 meses depois do plantio do urucuzeiro, cuidando-se para evitar a queima das folhas. Coroamento. O coroamento deve ser feito à enxada, e tendo-se o cuidado de não formar bacias em volta da muda, o que propiciaria o acúmulo de água durante o período chuvoso e, consequentemente, o encharcamento e riscos de morte para a planta. Cobertura morta. A prática da cobertura morta é feita a partir do início do período de estiagem, usando-se de preferência os resíduos orgânicos do beneficiamento do urucuzeiro. Usam-se também outros produtos residuais vegetais, como folhagens secas de gramíneas, restos de culturas, serragem de madeira, palha de arroz curtida e de bagana (folha de carnaúba triturada pela máquina de batição para retirada da cera (QUEIROGA et al., 2013).


C a p í t u l o I | 88 A cobertura morta é uma prática muito importante nos cultivos agrícolas, por promover vários benefícios, como: aumento da atividade microbiológica do solo; incorporação de nutrientes, principalmente de nitrogênio, graças à decomposição da matéria orgânica; e controle da perda de água do solo pela incorporação e consequente manutenção hídrica do solo (EMBRAPA AMAZÔNIA ORIENTAL, 2009).

CONTROLE DE DOENÇAS Oídio. O míldio-pulverulento (Oidium bixae Viegas e Oidium sp., cujo agente etiológico pertence à subdivisão Ascomycotina, família Erysiphaceae) é considerado como a principal doenças da cultura do urucuzeiro que mais provocam danos econômicos, sendo também conhecida pelos nomes de mancha-branca, mancha-cinza, mofo-branco e oídio. A fase imperfeita do fungo responsável pela ocorrência da doença corresponde à espécie Oidio bixae. A fase perfeita, ainda não identificada, dificilmente será encontrada em condições de campo, considerando os fatores ambientais de temperatura e umidade relativa do ar desfavoráveis ao seu desenvolvimento. Essa doença inicia-se nas folhas jovens das partes mais baixa da planta, progredindo rapidamente para as partes superiores da copa (Figura 49). Observam-se, em ambas as faces das folhas atacadas, colônias fúngicas pulverulentas, constituídas de micélio e conídios do patógeno. O ataque severo nas folhas pode alterar os processos fisiológicos normais e, consequentemente, comprometer o desenvolvimento da planta. Nestas condições, os limbos atacados e encarquilhados murcham e morrem. Quando a incidência de oídio é muito intensa nas brotações novas, a planta tende a emitir novas brotações apresentando fenologia irregular e maior gasto energético para reposição foliar em épocas não apropriadas. Quando o patógeno incide na almofada floral, ocasiona a queda das flores. O ataque intenso ainda pode ocorrer o retorcimento, subdesenvolvimento e queda das folhas (FRANCO et al., 2002).


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Figura 49. Sintomas de oídio na folha de urucum, causado pelo fungo Oidium bixae Viegas. Foto: CNTAF

As plantas afetadas sofrem desfolhamento, principalmente na época mais chuvosa, ficando bastante debilitadas. A remoção das folhas caídas durante o ataque do patógeno na estação chuvosa e a poda dos ramos mais baixos da planta durante os períodos mais secos são medidas de controle cultural que ajudam a reduzir a intensidade de ataque do oídio na próxima estação chuvosa. CONTROLE. O controle poderá ser iniciado quando cerca de 20% das plantas apresentarem sintomas da doença. Quando necessário, realizar o controle do fungo através de medidas preventivas como variedades resistentes ou tolerantes e realizar o plantio onde as condições edafoclimáticas sejam favoráveis. No caso da variedade "Peruana Paulista", a mais plantada no Brasil e que apresenta alto teor de bixina, o controle com os fungicidas Diniconazole, na dose de 12,5 g do produto comercial para 100 litros de água + espalhante

adesivo a 0,05%; ou Triademefon, na dose de 120 g do produto comercial para 100 litros de água + espalhante adesivo a 0,05%. Apesar da eficiência desses produtos químicos no controle do oídio do urucuzeiro, nenhum deve ser recomendado devido não ser registrado no Ministério da Agricultura (FRANCO et al., 2002).


C a p í t u l o I | 90 Dumping-off. Causado pelo agente Rhizoctonia solani, sendo seus sintomas também causados por algumas espécies de Pythium, Colletotrichum e Alternaria. Esses se caracterizam pela desintegração do colo das mudas, que por perderem a sustentação, caem. Os patógenos apenas atacam os tecidos tenros e são incapazes de provocar a doença depois do estágio de mudas. Os agentes causais são encontrados no substrato das mudas e nas sementes. As perdas no viveiro podem chegar a 100%, caso não haja controle. CONTROLE. Como controle preventivo, o ideal é realizar uma análise prévia das sementes e do substrato que serão utilizados no plantio e evitar as condições ideais predisponentes para sua proliferação, principalmente clima chuvoso (para viveiros descobertos) ou umidade excessiva nas irrigações. A disseminação ocorre através de respingos de água da chuva ou da irrigação, contaminando plantas sadias. Portanto, uma inspeção periódica nos viveiros se faz necessária, eliminando-se as plantas que apresentem os sintomas da doença (RUSSOMANNO et al., 2012). O controle químico poderia ser feito tratando-se as sementes com Captan a 0,05% ou por pulverizações com fungicidas como o Benomyl, semanalmente, na dosagem de 100 g/100 L do produto comercial Benlate (SANTOS et al., 2000). Cercosporiose (Cercospora bixae Allesch e Noack). Doença que afeta apenas as folhas maduras. Em condições de campo, sua importância pode ser elevada. Apresentam sintomas característicos, com presença de manchas irregulares, marrom-avermelhadas a marrom-escuras, circundadas por grande halo amarelado (Figura 50). Com a progressão da doença, as folhas secam e caem.

Figura 50. Cercosporiose em folhas de urucum. Foto: Russomanno et al. (2012).


C a p í t u l o I | 91 CONTROLE. O controle da doença deve ser feito através de medidas preventivas, eliminando-se a fonte de inoculo do patógeno, que pode estar concentrada nos restos culturais (folhas doentes caídas ao chão). Se o ataque não for muito drástico, recomendase a poda dos galhos afetados, retirando-os do local de plantio. Utilizar ferramentas desinfestadas em solução de hipoclorito de sódio (água sanitária a 10%) entre a poda de uma árvore e outra. Em viveiros, deve-se evitar o excesso de sombreamento e de umidade e ainda diminuir a densidade de plantio (RUSSOMANNO et al., 2012). Recomenda-se a aplicação de fungicidas à base de benomyl (1 g/L), cobre (3 g/L) ou tiabendazol (1 g/L) (EMBRAPA AMAZÔNIA ORIENTAL, 2009). Podridão-do-coleto. É também chamada podridão-basal-do-urucuzeiro, provocada pelo fungo Esclerotium rolfsii. Os sintomas são o amarelecimento e a murcha das plantas, e a presença de sinais de patógenos na base do caule, na forma de um micélio branco e espesso e de corpos esféricos marrons, que são considerados formas de resistência do fungo. CONTROLE. O controle preventivo da podridão-do-coleto é feito evitando-se o sombreamento e a umidade em excesso no viveiro. O controle químico se faz com o fungicida PCNB, na proporção de 30 g/m² a 50 g/m² de solo. Queima-foliar. A queima foliar ou mancha-de-alternaria é provocada pelo fungo Alternaria sp. Os sintomas iniciam-se por uma queima foliar, que começa no ápice, conferindo uma coloração marrom ao tecido. Os danos provocados por essa doença têm sido severos, principalmente depois da germinação das sementes, e continuam até quando as plantas atingem quatro a cinco folhas definitivas (EMBRAPA AMAZÔNIA ORIENTAL, 2009). CONTROLE. Aplicações com fungicida à base de iprodione (0,2% do produto comercial) em intervalos semanais têm se mostrado eficientes no controle dessa doença. Recomenda-se também a aplicação de produtos à base de enxofre na planta, como Kumulus 60; Elosal 72 SC; e Thiovit. Vassoura-de-Bruxa. O fungo causador da doença conhecida como Vassoura-de-Bruxa é o Basidiomycota Moniliophthora perniciosa (Stahel) Aime & Phillips-Mora, 2006 (sinonímia Crinipellis perniciosa (Stahel) Singer, 1943). Para o cacaueiro esta é a doença mais destrutiva, chegando a dizimar totalmente a cultura. Também no urucuzeiro, o


C a p í t u l o I | 92 patógeno provoca proliferação anormal de brotos laterais, seguido por hipertrofia e engrossamento da base dos brotos vegetativos. As gemas vegetativas infectadas originam ramos hipertrofiados, apresentando internódios curtos e uma intensa brotação lateral (daí o nome Vassoura-de-Bruxa), além de folhas grandes e retorcidas. No início, as vassouras apresentam coloração verde, vindo a secar da base para o ápice. Algumas das infecções podem provocar cancros nos ramos, sendo isso muito importante, pois eles constituem as fontes de inoculo do fungo. Durante seu ciclo vital, o patógeno possui duas fases diferentes: a parasítica e a saprofítica. Na fase parasítica é formado um micélio com hifas grossas (5 a 20 μm), encontradas apenas nos tecidos vivos do hospedeiro. Na fase saprofítica o fungo produz hifas mais finas (1,5 a 3,0 μm), encontradas somente nos tecidos mortos ou necrosados do hospedeiro. Nessa fase é que são produzidos os basidiomas, corpos de frutificação róseos e tamanho variável (5 a 25 mm de diâmetro). Na parte inferior do píleo ou chapéu dos basidiomas são produzidos os basídios (esporos do fungo), hialinos, elipsoides e medindo 7-9 x 4-4,8 μm. As condições ideais de proliferação do fungo são chuvas constantes e duradouras (importante para a produção dos basidiomas), temperaturas entre 24 e 26 ºC e umidade relativa do ar entre 80 e 90%. Os basidiomas se mantêm ativos de 5 a 8 dias, liberando milhares de esporos nas primeiras horas do dia, sendo os mesmos disseminados principalmente pelo vento. Encontrando condições ideais, o fungo penetra nos tecidos meristemáticos do hospedeiro através dos estômatos (RUSSOMANNO et al., 2012). CONTROLE. O controle da doença pode ser feito através da poda fitossanitária, removendo-se todos os tecidos infectados, interrompendo, dessa forma, o ciclo do fungo e, como consequência, diminuindo a fonte de inoculo desse patógeno. Essa poda deve ser realizada de acordo com o ciclo vital do fungo, visando a obter melhores resultados. Deve-se ainda evitar o plantio de urucum em áreas próximas a cultivos de cacau. Podridão-das-cápsulas. Provocada por Fusarium sp., a podridão dos frutos manifestase na forma de manchas necróticas, de forma e tamanho variáveis, sobre a superfície dos frutos, cujas sementes se decompõem e ficam recobertas por um micélio cotonoso (parecido com algodão), de cor branco acinzentada, podendo ficar expostas através de rachaduras nos frutos mais afetados. CONTROLE. Para o controle dessa doença, recomendam-se tratos culturais da cultura e aplicação de fungicidas à base de benomyl ou tiabendazol (1g/L).


C a p í t u l o I | 93 Fusariose. As plantas apresentavam sintomas de nanismo, amarelecimento, seca de ponteiros, morte de brotações, murcha, descolorações vasculares dos caules, podridão e morte de raízes. Os sintomas foram observados em reboleiras, sendo realizadas inoculações em plantas sadias, confirmando-se o postulado de Koch. CONTROLE. Como em toda fusariose, o controle dessa doença consiste na eliminação das plantas afetadas e em evitar o plantio de novas mudas de urucum no local afetado, pois o fungo sobrevive no solo por vários anos, graças as suas estruturas de resistência, típicas do gênero Fusarium. Antracnose. A antracnose do urucuzeiro é causada pelo fungo mitospórico Colletotrichum gloeosporioides Penz, afetando preferencialmente os plantios com deficiências nutricionais. O agente causal da antracnose é o fungo Colletotrichum gloeosporioides, de ocorrência bastante comum nos plantios de urucuzeiro com deficiências nutricionais. Observa-se, a princípio, a queima das extremidades das folhas e dos ramos novos, que ficam quebradiços. Como consequência, observa-se um brotamento excessivo de ramos laterais, motivo pelo qual essa doença também é conhecida como ramulose (EMBRAPA AMAZÔNIA ORIENTAL, 2009). A ação do patógeno é favorecida por alta umidade, principalmente chuvas abundantes, com temperatura próxima de 27 ºC. A dispersão dos esporos pode ocorrer através de respingos de água da chuva, favorecendo o progresso da doença numa mesma planta já infectada. Quando a chuva é forte, acompanhada de ventos, os esporos podem ser disseminados para longas distâncias, contaminando outros hospedeiros suscetíveis. CONTROLE. O controle consiste de tratos culturais, realizando-se podas de limpeza e remoção de restos culturais para não constituírem fonte de inoculo. A utilização de mudas sadias, adubação equilibrada, monitoramento da irrigação e maior espaçamento para auxiliar na circulação do ar, também auxiliam na minimização dos efeitos da doença (RUSSOMANNO et al., 2012). Se a doença já se espalhou pelo plantio, o controle pode ser feito com aplicações, semanais ou quinzenais, de fungicidas à base de cobre, a depender da intensidade do ataque do patógeno. Podridão da raiz (Pythium sp.). Doença que pode causar danos à cultura do urucuzeiro. Os sintomas na parte aérea da planta são do tipo reflexo: Amarelecimento generalizado, murcha e, em estado avançado, morte das plantas atacadas. O exame do sistema radicular


C a p í t u l o I | 94 mostra pequenas lesões necróticas de coloração marrom escura, que gradativamente aumentam de tamanho (Figura 51).

Figura 51. Sintoma da podridão da raiz na planta de urucum. Foto: Franco et al. (2002).

CONTROLE. O controle é feito através da eliminação e queima das plantas infectadas, além da aplicação de 1 kg de calcário nas covas onde foram retiradas as plantas. O replantio nas covas poderá ser feito depois de 1 ano. As raízes circunvizinhas, e de outras com amarelecimento apenas em certa posição da copa deve ser examinada, eliminandose as partes infectadas, que deverão ser retiradas do solo e queimadas. As partes de onde foram retiradas as raízes apodrecidas devem sofrer um pincelamento com pasta fungicida constituída de piche (75 a 85%), querosene (5%) e o fungicida Tridemorph (10%), eficiente contra podridões vermelhas e pardas. Outra medida de caráter preventivo, quando da implantação de campos de urucuzeiro, é a remoção sistemática de raízes, tocos e galhos da mata nativa anterior, buscando-se reduzir a quantidade de inoculo (rizomorfas e micélio). O uso de implementos agrícolas que removem o solo deve ser evitado (SANTOS et al., 2000). Ferrugem. A ferrugem-do-urucuzeiro é provocada pelo fungo Uredo bixa, cuja característica é a formação de pústulas púrpura sobre a superfície das folhas. CONTROLE. O tratamento pode ser feito por meio de fungicidas à base de cobre (3 g/L de ingrediente ativo), além de tratos culturais adequados. Morte regressiva ou descendente: Existem pelo menos dois fungos que contribuem para esta doença. Eles são Pestalotia sp. (Figura 52) e Verticillium sp. Os ramos e brotos novos


C a p í t u l o I | 95 começam a morrer do botão para baixo. Isso, junto com o ataque de antracnose, interrompe completamente o desenvolvimento da árvore, que pode levar à morte se o problema não for tratado.

Figura 52. Morte regressiva ocasionado pelo fungo Pestalotia sp. Foto: CNTAF.

CONTROLE. O problema é resolvido com a remoção, por meio de podas adequadas das partes mortas e doentes e da aplicação de fungicidas como o Derosal 500, além da queima das partes podadas. Outros fungicidas como a Cycosin também podem ser usados; Cupravit Verde; Daconil; e Mirage 45 EL. Nas plantas de urucum, além das doenças descritas acima, são ainda citadas outras de menor importância ou menos ocorrentes, como por exemplo: a) Podridão vermelha das raízes – Ganoderma philippii (Bres. & P. Henn.); b) Fumagina (Capnodium sp.); c) Manchas foliares (Stilbum sp.; Phyllosticta sp. e Phoma sp.); Mancha-de-alga (causada pela alga Cephaleuros virescens).

CONTROLE DE PRAGAS A cultura do urucuzeiro é pouco atingida por insetos-praga que possam causar graves danos ao crescimento e à produtividade da planta. Entre os principais, citam-se os seguintes:


C a p í t u l o I | 96 Percevejo da cápsula (Leptoglosus zonatus). É a praga que causa as maiores perdas econômicas na produção de urucum. Essa perda ocorre quando a praga ataca a cápsula em desenvolvimento, causando danos às sementes por fungos secundários (Figura 53). O dano é observado na cápsula quando o percevejo já o causou com seu estilete, dando a impressão de que a cápsula está amadurecendo. Uma mancha necrótica se forma na cápsula e as sementes ficam cobertas por um micélio de um fungo secundário. O percevejo tem hábito gregário (em colônias sobre as panículas) em seu estado de ninfa e não voa, portanto, neste estágio, pode ser facilmente controlado manualmente sem o uso de produtos químicos.

Figura 53. Percevejo adulto que mede até 3 cm de comprimento e as tíbias das patas traseiras são longas e delgadas (Leptoglosus zonatus). Foto: CNTAF.

CONTROLE. O produtor, ao manter um cuidado constante com sua plantação, vai descobrir essas colônias de ninfas de percevejos e com um balde podem ser coletadas manualmente para matá-las posteriormente. Outra medida cultural para o controle desse percevejo é evitar a semeadura próxima à plantação de urucum, de lavouras que hospedam o percevejo. Essas culturas são tomate, pimenta, milho e caju. Se a quantidade de percevejos que atacam a plantação de urucum


C a p í t u l o I | 97 é muito alta, pode-se usar um destes produtos: Permetrina (Talcord); Cipermetrina (Ripcord), ou Ciflutrina (Baytroid). Lagarta-de-mariposa

(Papaipema nebris).

Esta

é

talvez

uma

das pragas

economicamente mais importantes do urucum. O inseto adulto deposita seus ovos sobre os frutos. Com a eclosão dos ovos, as larvas começam a se alimentar completamente das sementes sem causar danos aparentes às cápsulas, mas ficam expostas à instalação de microrganismos patogênicos (fungos). A larva (lagarta) é a que causa os maiores problemas, já que o adulto se limita apenas a botar ovos. Quando adulto, o inseto é uma mariposa. Pertence a família Noctuidae. Saúvas – Atta spp. Estas formigas cortadeiras provocam sérios danos na planta, por desfolhação parcial ou total, especialmente no primeiro ano do plantio, e carregarem as sementes dos frutos secos. Como consequência, a planta sofre um retraso considerável em seu crescimento (Figura 54). Na fase de viveiro causa muitos danos por isso é necessário estar atento ao primeiro ataque, identificando os formigueiros à noite e aplicando o inseticida no dia seguinte nas primeiras horas da manhã.

Figura 54. Formigas cortadeiras (Atta spp.). Foto: CNTAF.

CONTROLE. A melhor forma de combater as formigas é localizar e destruir os seus ninhos. O inseticida a ser usado é a Sulfruramida (Mirex), usando entre 40 e 60 gramas


C a p í t u l o I | 98 por formigueiro. Se houver risco de chuva, recomenda-se não fazer a aplicação, pois o inseticida úmido não é carregado pelas saúvas para dentro do formigueiro. Bezourinho (Capsus sp.) Esse inseto se alimenta do limbo das folhas do urucuzeiro cuja sintomatologia é caracterizada pelo rendilhamento das folhas, cuja praga foi identificada por Falesi (1987) (Figura 55).

Figura 55. Besouro-desfolhador (Compsus sp.). Foto: Márcia Maués.

CONTROLE. Não sendo possível o controle biológico e/ou integrado e, considerando ainda não existir inseticidas registrados nos órgãos competentes para a cultura, realizar o combate após consultar um Engenheiro Agrônomo.

Perfurador da cápsula (Milgithea melanoleuca). Hemíptero pertencente à família Coreideae. A mariposa fêmea coloca os ovos nas cápsulas (Figura 56). A umidade e a temperatura favorecem a eclosão dos ovos. Quando eclodem, as larvas emergem, perfuram as cápsulas recém-formadas e se alimentam das sementes (sugando a seiva). Embora não ataque todas as sementes das cápsulas, elas se perdem devido à ação de fungos secundários.


C a p í t u l o I | 99

Figura 56. Larva e adulto do perfurador de cápsula do urucum (Milgithea melanoleuca). Foto: CNTAF.

Caruncho do urucum. Pertence à ordem Coleóptera e família Bruchidae. Esse pequeno inseto ataca às sementes secas de urucum tanto no campo como, principalmente, armazenadas ainda na cápsula ou desencachopadas. Esse coleóptero ataca lenta e progressivamente, destruindo o embrião e parte do tegumento, inviabilizando a sua germinação, reduzindo o teor de bixina e, consequentemente, comprometendo a comercialização (FALESI, 1987). Nas plantas de urucum, além das pragas descritas acima, são ainda citadas outras de menor

importância ou menos ocorrentes, como por exemplo: a) Cochonilhas (Pinnaspis spp., Pseudocopus spp., Planacocus spp.); b) Mosca-branca (Aleurodicus cocois, Aleurothrixus floccosus); c) Pulgões (Hemiptera: Aphidae); d) Ácaro-vermelho (Tetranichus sp.); e) Tripes (Selenothrips sp.; Figura 57).


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Figura 57. Tripes de banda vermelha (Selenotrips rubrocinctus Girad). Foto: CNTAF.

Erva-de-passarinho. Embora não seja considerada uma doença, a erva-de-passarinho (Loranthus sp.) é um parasita epífita dos ramos de urucuzeiro, sendo considerado um dos principais problemas para a cultura do urucuzeiro na Região Amazônica. A dispersão das sementes é feita por pássaros do campo. Essas sementes possuem uma substância aderente que facilita a fixação nos ramos e a consequente germinação e posterior emissão de ramos e folhas (EMBRAPA AMAZÔNIA ORIENTAL, 2009). CONTROLE. As raízes fixam-se fortemente aos ramos, sugando a seiva da planta, que virá

a morrer, caso não seja feito o controle adequado, que consiste no arranquio, tanto da planta jovem quanto da adulta. Esse controle deve ser feito periodicamente, durante o ano.


C a p í t u l o I | 101 CONTROLE ALTERNATIVO DE FITOPATÓGENOS E PRAGAS DO URUCUZEIRO O controle de fitoparasitas na agricultura orgânica, de modo geral, deve ser concebido

mediante medidas antiestresse, que permitam que as plantas expressem plenamente seus mecanismos naturais de defesa (AKIBA et al., 1999). Entretanto, algumas vezes, não são suficientes para impedir problemas fitossanitários, principalmente por causa de desequilíbrios temporários que acarretam estresse ao uso de cultivares muito suscetíveis e aos fatores não controláveis que venham determinar o aumento da incidência de pragas e agentes de doenças. Nesses casos, faz-se necessário o uso de defensivos alternativos que podem ser de preparação caseira, a partir de substâncias não prejudiciais à saúde humana e ao meio ambiente. Pertencem a esse grupo as formulações que têm como características principais: baixa ou nenhuma toxicidade ao homem e à natureza; eficiência no combate aos artrópodes e microrganismos nocivos; não favorecimento à ocorrência de formas de resistência desses fitoparasitas; disponibilidade; e custo reduzido. Estão incluído na categoria, entre outros, os diversos biofertiIizantes líquidos, as caldas (Sulfocálcica, Viçosa e Bordalesa), os extratos de plantas e os agente de biocontrole (PENTEADO, 1999). Os principais defensivos alternativos que vêm demonstrando potencial de uso na cultura

do urucuzeiro são: Biofertilizantes líquidos a)Caldas sulfocálcica de preparo caseiro: Para preparar 20 L de calda são necessários: 2 kg de enxofre em pó (pó molhável ou pecuário) e 1,0 kg de cal virgem. Em tambor de ferro ou de latão sobre forno ou fogão, adicionar vagarosamente a cal virgem a 10 L de água, agitando constantemente com uma pá de madeira. No início da fervura, misturar vigorosamente o enxofre previamente dissolvido em água quente e colocar o restante da água, também, preaquecida, até a fervura (POLITO, 2000). Em outra lata, manter água fervente, para ir adicionando, sempre que necessário, na primeira lata, para completar, no nível inicial marcado, repondo assim a água que evaporou da calda. Após aproximadamente 1 hora de fervura, a calda deverá ficar grossa, com coloração pardoavermelhada.


C a p í t u l o I | 102 Após o resfriamento, deverá ser coada em pano ou peneira fina para evitar entupimento

dos pulverizadores. A borra restante pode ser empregada para caiação de troncos de arbóreas. A calda pronta deve ser estocada em recipiente de plástico opaco ou vidro escuro e armazenada em local escuro e fresco, por um período relativamente curto, sendo ideal sua utilização até, no máximo, 60 dias após a preparação. Antes da aplicação sobre as plantas, através de pulverizações foliares, a calda concentrada deve ser diluída. Para controlar essa diluição, determina-se a densidade através de um densímetro ou aerômetro de Baumé com graduação de 0° a 50° Bé (graus de Baumé), sendo considerada boa a calda que apresentar densidade entre 28° a 32° Bé (Figura 58).

Figura 58. Calda sulfocálcica e densímetro. Foto: Madelaine Venzon.

Para melhor aderência da calda na planta pode-se utilizar espalhantes adesivos naturais, tais como 1 colher de sopa rasa de açúcar (10 a 15 gramas) ou 1 copo de leite desnatado (200 ml) ou 50 gramas de sabão neutro dissolvido em água quente. Estas dosagens são para 10 litros de calda. É importante que o equipamento pulverizador seja capaz de propiciar uma distribuição uniforme das gotículas sobre a planta, inclusive na parte inferior das folhas, promovendo uma boa cobertura da calda sulfocálcica, desta forma sendo mais eficiente no controle de pragas e doenças. Possui ação inseticida contra insetos sugadores, como tripes e cochonilhas, entre outros. Tem também efeito acaricida e


C a p í t u l o I | 103 fungicida (principalmente no controle de oídios e ferrugens). Para aplicação em estágio vegetativo, geralmente utiliza-se em concentrações de 0,5 a 1,0 º Bé. A calda sulfocálcica é obtida pelo tratamento térmico do enxofre e da cal. O efeito tóxico da calda aos insetos e ácaros é causado pela liberação de gás sulfídrico (H2 S) e enxofre coloidal, quando aplicado sobre as plantas (ABBOT, 1945). Resultado de testes obtidos com o ácaro-vermelho em outras culturas tem sido promissor. b) Calda Bordalesa: é uma suspensão coloidal, de cor azul-celeste, obtida pela mistura de uma solução de sulfato de cobre com uma suspensão de cal virgem ou hidratada. A formulação a seguir é para o preparo de 10 litros; para fazer outras medidas, é só manter as proporções entre os ingredientes. a) Dissolução do sulfato de cobre: No dia anterior ou quatro horas antes do preparo da calda, dissolver o sulfato de cobre. Colocar 100 g de sulfato de cobre dentro de um pano de algodão, amarrar e mergulhar em um vasilhame plástico com 1 litro de água morna; b) Água de cal: Colocar 100 g de cal em um balde com capacidade para 10 litros. Em seguida, adicionar 9 litros de água, aos poucos. c) Mistura dos dois ingredientes: Adicionar, aos poucos e mexendo sempre, o litro da solução de sulfato de cobre dentro do balde da água de cal. d) Teste da faca: Para ver se a calda não ficou ácida, pode-se fazer um teste, mergulhando uma faca de aço comum bem limpa, por 3 minutos, na calda. Se a lâmina da faca sujar, isto é, adquirir uma coloração marrom ao ser retirada da calda, indica que esta está ácida, devendo-se adicionar mais cal na mistura; se não sujar, a calda está pronta para o uso, sendo necessário coar a solução antes das pulverizações. c) Calda de Viçosa: foi desenvolvida a partir da calda bordalesa pela Universidade Federal de Viçosa. É recomendada para controle de diversos fitopatógenos dentre os quais a cercosporiose; por ser complementada com sais minerais (cobre, zinco, magnésio, boro) também funciona como adubo foliar. Para a preparação de 100 L da calda, é necessário dissolver 500 g de cal virgem em 50 L de água para se obter a água de cal; em outro recipiente, são dissolvidos: 200 g de ácido bórico, 500 g de sulfato de cobre, 800 g de sulfato de magnésio e 200 g de sulfato de zinco em outros 50 L de água. A seguir, num terceiro recipiente, adiciona-se a mistura dos sais, sob forte agitação, à água de cal. A calda tem um pH final entre 7,5 e 8,5 (usar papel tornassol ou peagâmetro para verificar o pH da mistura) e apresenta uma cor azul. Em adendo, a ureia, que faz parte da


C a p í t u l o I | 104 formulação original, não pode ser acrescentada à receita em função do fato de que não é permitido o seu uso pelas normas vigentes da agricultura orgânica. Coar antes da pulverização. Macerado para pragas em geral NIM (Azadirachta indica) Azadirachta indica, conhecida pelos nomes comuns de amargosa e neem, é uma árvore da família Meliaceae, com distribuição natural no sul da Ásia (Índia) e utilizada na produção de madeira e para fins medicinais. Os produtos derivados do nim são biodegradáveis, portanto, não deixam resíduos tóxicos nem contaminam o ambiente, possuem ação inseticida, acaricida, fungicida e nematicida (SCHUMUTTERER, 1990; MARTINEZ, 2002). Os efeitos da Azadiractina sobre, artrópodes incluem repelência, deterrência alimentar, interrupção do crescimento, interferência na metamorfose, esterilidade e anormalidades anatômicas (SCHMUTTERER, 1990; MORDUE; NISBET, 2000). Sua eficiência, assim como a seletividade a inimigos naturais, está relacionada com a dose, com a formulação empregada e com a espécie-alvo. O extrato de óleo de neem (Azadirachta indica) (pulgões, lagartas e gafanhotos) Materiais de Uso: - 02 kg de folhas verdes de neem; - 10 litros de água; e - 20 ml de detergente neutro. MODO DE PREPARO: Para iniciar o preparo da calda é necessário triturar as folhas de neem no liquidificador comum, depois colocar as folhas já trituradas em um recipiente de 10 litros, mexendo bem. Espere 12 horas de 01 dia para o outro. Posteriormente, acrescente o detergente líquido à calda, misture a calda novamente e coe com pano para a retirada dos resíduos existentes. MÉTODO DE APLICAÇÃO: A calda de neem será aplicada nesta dosagem, sem diluição, a cada 07 dias se necessário. Sempre aplicar no período da manhã ou no final da tarde sobre e sob as folhas. Também está disponível no mercado o óleo de sementes e extrato de folhas para pulverização de plantas. O óleo inseticida é extraído pela prensagem das sementes, obtendo-se no máximo 47% de óleo, que contém cerca de 10% da Azadiractina existente


C a p í t u l o I | 105 no fruto (MARTINEZ, 2002). A torta restante é rica em Azadiractina, podendo ser utilizada para o controle de nematóides e para adubação. Os extratos podem ser preparados com a trituração em água das sementes ou frutos frescos, deixando-se a mistura descansar por 12 horas e filtrando-se o líquido obtido. O mesmo procedimento pode ser usado para folhas frescas ou secas, no entanto, a concentração de Azadiractina no extrato obtido será inferior. Para armazenar sementes e preparar o extrato posteriormente, os frutos devem ser colhidos, secados ao sol, por dois a três dias, e à sombra, por mais dois dias. A seguir, devem ser despolpados manualmente em água ou utilizando-se despolpadeira. Após secagem das sementes, estas devem ser armazenadas, de preferência, à baixa temperatura (MARTINEZ, 2002). O rendimento dos frutos do neem varia entre 25 e 50 kg por árvore, de acordo com a temperatura, umidade, tipo de solo e genótipo da planta. Normalmente, 50 kg de frutos maduros têm cerca de 30 kg de sementes, as quais produzem em média 6 kg de óleo e 21 kg de pasta. Cada quilograma de sementes secas contém aproximadamente 3.000 unidades (SOARES et al., 2003). Outros tratamentos naturais de controle de pragas e doenças, mas a entidade certificadora deve ser consultada previamente, para o urucuzeiro são as seguintes: Calda de mamona (Figura 59) •

-Indicações:

-Controle de pragas em geral do urucuzeiro e pode ser utilizada como adubo foliar.

-Ingredientes:

-* 80 folhas fresca de mamona;

-* 20 litros de água;

-Modo de preparo e uso:

Triturar ou macerar as folhas, depois colocar na água e deixar em repouso por doze horas, num local escuro. Depois coar e utilizar, mas dever-se ser armazenada, no máximo 3 dias. Aplicar a calda ou macerado com o pulverizador costal.


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Figura 59. Planta de mamona usada como macerado para preparação de bioinseticida.

Folhas de angico (Piptadenia colubrina) •

-1 kg de folhas de angico picadas;

-10 litros de água;

-Passar as folhas com a água no liquidificador e deixar de molho por 8 dias para cura;

-Coar para evitar o entupimento do pulverizador costal;

-Usar 5 litros do extrato no pulverizador costal com capacidade de 20 litros;

Recomenda-se guardar as soluções de bioinseticidas, para cada praga, em depósitos de plástico lacrados para evitar a perda do seu princípio ativo (QUEIROGA et al., 2017; Figura 60).


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Figura 60. Preparação dos bioinseticidas para combater as pragas na cultura do urucum. Foto: Vicente de Paula Queiroga.

Calda de fumo (Nicotiana tabacum) (pulgões e cochonilhas) Materiais de uso: - 100 g de fumo (10 cm de comprimento); - 01 litro de água; - 01 colher de sopa de cal hidratada; - 1/2 pedra de sabão de coco; - 05 litros de água para dissolver o sabão. Modo de preparo: Antes de fazer a calda de fumo é necessário fazer a calda adesiva ou a calda de sabão. Essa solução servirá para fixar a calda de fumo, ou qualquer outra solução às plantas. Em alguns casos, o uso apenas dessa calda já é o suficiente para eliminar alguns tipos de infestações, como as cochonilhas, por exemplo. Para o preparo da calda adesiva, coloque em fogo brando a barra de sabão de coco em 2 ½ litros de água. Aqueça até o sabão dissolver completamente. Deixe esfriar e reserve. Esse procedimento consiste em picar o sabão. Coloque 2½ litro de água para aquecer, depois coloque o sabão na panela e aqueça até dissolver, para passar por uma peneira fina num balde com mais 5 litros de água. Está pronta a mistura para receber a calda.


C a p í t u l o I | 108 Depois da calda adesiva pronta, inicia-se o preparo da calda de fumo, picando bem o fumo de rolo e colocando-o em 01 litro de água ainda fria. Coloque-a no fogo para ferver. Levantando fervura deixe por 20 minutos mexendo sempre para não subir e transbordar. Depois de fervido, passe por uma peneira fina já misturando à calda adesiva de sabão. Depois de frio, adicione uma colher de cal hidratada. Método de aplicação: Depois de pronto, mistura-se o 01 litro de calda de fumo, com 05 litros de calda adesiva e 04 litros de água para ter 10 litros da substância pronta para aplicação. A calda deverá ser pulverizada diretamente sobre as plantas atacadas. Caso não seja suficiente para o controle das referidas pragas, aumente a quantidade de fumo no extrato, mantendo a mesma quantidade de água. O efeito da calda só tem duração de 08 horas e é importante respeitar o intervalo de 02 dias entre as aplicações. Macerado de urtiga (Percevejos) Os percevejos sugam a seiva das plantas. Alguns deles são insetos muito sensíveis e morrem facilmente quando expostos a qualquer substância tóxica. Recomenda-se colocar 100 g de folhas de urtiga frescas em 01 litro de água e deixe amolecer por 3 dias. Coe e misture com mais 10 litros de água. Pulverize sobre as partes atacadas. Manipueira (caldo resultante da mandioca) – (ácaros, cochonilhas etc). Preparação: colocar um litro de manipueira em dois litros de água e misture bem. Em seguida, aplicar nas partes atacadas da planta. PRÁTICAS DE CONTROLE DE FORMIGAS CORTADEIRAS 1.Cultura armadilha: plantas como hortelã, salsa, gergelim, braquiarão, mamona, plantadas nas bordas da cultura principal, servem como alimento alternativo e/ou capazes de produzir efeito tóxico ou repelente para as formigas cortadeiras. As folhas do gergelim, em decomposição, liberam um gás que combate os fungos que servem de alimento para as saúvas, levando a destruição dos formigueiros. Outra estratégia seria alimentar a cada três dias os formigueiros com folhagem de maniçoba (Manihot glaziowii Mull.) ou Neem, fazendo essa substituição regularmente às formigas deixam de visitar o campo de gergelim. Alguns agricultores também realizam a retirada da terra de uma determinada boca de formigueiro e coloca-a sobre outro formigueiro mais próximo ao campo, sendo que essas misturas de feromônio (areia com cheiro distinto) deixam as formigas desorientadas e terminam abandonando tal formigueiro.


C a p í t u l o I | 109 2.Criação de inimigos naturais das formigas. Galinha, galinha de angola, pássaros e preservação de tatus e tamanduás podem controlar o ataque das formigas. 3.Aplicar água quente diretamente no formigueiro, em quantidade que possa encharcar toda a superfície e o olheiro do formigueiro. A ação é recomendada para pequenos formigueiros e deve ser realizada uma vez por dia, todos os dias, até que o formigueiro esteja controlado. 4.Uso de fumaça de escapamento de motores: inicialmente é necessário direcionar o escapamento dos motores de trator, carro, moto e outras máquinas, com o uso de uma mangueira resistente para o olheiro do formigueiro. Em seguida, recomenda-se tampar as saídas da fumaça, provocando asfixia das formigas em virtude da ação do gás carbônico.

PODA DAS PLANTAS DE URUCUM As plantas de urucum respondem bem as podas, pelo fato de concorrer para a formação da copa e estimular novas brotações. Atua também na preservação da planta contra o ataque de pragas e doenças, além de facilitar a penetração de luz solar e a aeração, permitindo a melhor distribuição dos frutos, o que, enfim, facilita a colheita. As podas mais frequentes são as de formação e de manutenção ou limpeza. Poda de formação. É importante realizar esse tipo de poda para permitir uma melhor formação da copa da árvore. Quando a planta alcança aproximadamente 1 m de altura é preciso eliminar os ramos que estão mais perto do solo, até deixar cerca de 60 cm livre da base ao primeiro ramo. Quando a altura da planta é de aproximadamente 1,5 m, devese cortar a brotação apical (ponteiro), com o objetivo de estimular o crescimento dos ramos para cima e evitar que o tronco principal continue crescendo. Na Figura 61 está ilustrada a poda de formação (PORTUGUÉZ, 1999).


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Figura 61. Poda de formação na planta de urucum. Foto: Portuguéz, J. A. A. (1999).

Além disso, a poda de formação irá permitir uma maior aeração e um maior engrossamento do caule, diminuindo o risco de doenças fúngicas do talo e facilitando o controle dos ramos parasitados pela planta epífita (erva-de-passarinho), principal responsável pela queda de produtividade do urucuzeiro (EMBRAPA AMAZÔNIA ORIENTAL, 2009). Poda de manutenção. Esta é a poda que é feita após cada colheita. De acordo com a variedade cultivada e o critério do produtor, essa poda pode ser leve, semidrástica e drástica (PORTUGUÉZ, 1999). PODA LEVE – Consiste em eliminar unicamente os ramos secos, quebrados, malformados e doentes, assim como aqueles que estão sobrepostos ou amontoados. Quando se pratica este tipo de poda é importante ter em mente que a altura não deve ultrapassar 3,5 m, caso contrário, a colheita será muito difícil. Além disso, é recomendado que tanto entre plantas quanto entre fileiras seja mantido um espaço livre de 50 cm, com a finalidade de permitir a passagem de pessoas dentro da plantação (Figura 62).


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Figura 62. Poda de manutenção (tipo leve) da planta produtiva de urucum. Foto: Portuguéz, J. A. A. (1999).

PODA SEMI-DRÁSTICA - Esse tipo de poda permite duas colheitas por ano, principalmente quando é utilizada cultivares que apresentam essa característica de produção. As futuras colheitas dependem da eficiência da execução desse tipo de poda. Se forem feitas fora de época, o ciclo fisiológico será alterado e dará origem a uma frutificação alternada durante o ano. Decorridos 8 dias dessa poda, surgem os novos ramos, responsáveis pela formação de botões florais (EMBRAPA AMAZÔNIA ORIENTAL, 2009). No semi-drástico, são retirados os ramos velhos e doentes, bem como alguns ramos produtivos. Os galhos que ficam na árvore são cortados ao meio para estimular a formação de novos galhos produtivos que produzirão aproximadamente um ano depois. Ou seja, em vista de que o urucum forma sua produção em gemas terminais é essencial manejar o cultivo com podas, com o propósito de estimular sua produção periférica. Mesmo assim, é aconselháveis aplicar alguma pasta fungicida para proteção contra pragas nos cortes efetuados nos ramos (ou caule). PODA DRÁSTICA - A poda drástica é aquela que se realiza quando são retirados todos os ramos produtivos, deixando apenas o tronco principal. A altura desse tronco pode variar entre 1,0 e 1,80 m (Figura 63). Os novos ramos produzirão aproximadamente um ano depois. Neste tipo de poda, é aconselhável cobrir os cortes com uma pasta fungicida, a fim de proteger a planta do ataque de algumas pragas. A pasta de fungicida pode ser preparada de várias maneiras, mas a mais simples é adicionar água a um fungicida à base


C a p í t u l o I | 112 de cobre, até que tenha uma consistência pastosa que permita a sua aplicação com pincel (PORTUGUÉZ, 1999).

Figura 63. Poda drástica manual em planta produtiva de urucum. Foto: Portuguéz, J. A. A. (1999) e Roberto Hissao Arakaki


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Capítulo II

COLHEITA, PÓS-COLHEITA, EXTRAÇÃO DO CORANTE E COMERCIALIZAÇÃO DO URUCUM

Vicente de Paula Queiroga Camilo Flamarion de Oliveira Franco Miguel Barreiro Neto (Editores Técnicos)


C a p í t u l o I I | 114 COLHEITA DOS FRUTOS E RENDIMENTOS Dependendo da variedade e do local de plantio, a primeira colheita se produz entre os 15 e 24 meses. Em lugares localizados no trópico úmido, a primeira colheita ocorre aproximadamente aos 15 meses, no entanto para as plantações situadas no trópico seco, podem demorar um pouco mais para produzir sua primeira colheita (PORTUGUÉZ, 1999). Vale destacar que em condições favoráveis, a primeira colheita de Bixa orellana pode ser feita 1,5 ano após o plantio no campo. No Brasil, a primeira colheita dos frutos de urucum se obtém de uma forma geral depois do segundo ano da semeadura da semente. Logo as colheitas subsequentes têm um comportamento anual. Além disso, a colheita do urucum é realizada em vários cortes, devido à falta de uniforme da maturação das cápsulas, o mesmo acontece com a sua floração. Nas condições do Nordeste e do Centro Sul do Brasil, a colheita do urucuzeiro é realizada aproximadamente aos 130 dias após a abertura da flor, quando se verifica ¾ das cápsulas secas. No Norte, esse período é reduzido para 60 a 80 dias. A maturação das cápsulas é dada pela mudança de cor quando passa do verde, amarelo ou vermelho para castanho ou marrom. Para a região Nordeste, a primeira colheita, a mais significativa, ocorre nos meses de junho e julho, enquanto que a segunda, conhecida como safrinha, realiza-se no período novembro a dezembro. De acordo com a variedade, o estádio de maturação comercial é atingido aproximadamente de 2 a 3 meses após a floração. Um bom critério para determinar este estádio é palpando as cápsulas: quando elas resultam duras ao toque se recomendam proceder à colheita com seguridade. Alguns indicadores de colheita do urucum observados na prática pelos produtores estão evidenciados na Figura 64.


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Figura 64. Os principais indicadores de colheita dos frutos de urucum que são utilizados de forma prática pelos agricultores. Fonte: Raul Castañeda Ceja.

Existem algumas variedades que mudam de cor quando alcançam a sua maturação comercial, o que constitui em um bom indicador para colheita. Também foram identificadas variedades que produzem uma vez ao ano e outras que produzem duas vezes ao ano. A seleção das variedades para semear dependerá das preferências do produtor. A exceção do material vegetal Bico de Pato, que tem apresentado uma boa uniformidade na maturação de suas cápsulas, colhendo-se, praticamente, de uma única vez e reduzindo, significativamente, os custos operacionais. Os demais acessos mais utilizados, Peruana Paulista, Embrapa 1, Embrapa 2, Casca Verde, Casca Vermelha e Piave devem-se efetuar entre duas a três colheitas por safra. São de suma importância colher apenas as cápsulas que se apresentem maduras e secas, uma vez que o porcentual elevado de umidade nas sementes contribuirá negativamente para a perda da qualidade das mesmas, assim como, o aparecimento de mofos (FRANCO et al., 2008). Para efetuar a colheita deve utilizar uma tesoura de poda para cortar os cachos ou racemos (racimos em espanhol) que estão prontos para ser colhidos. Deve-se proceder este corte na base do racemo ou panícula com o auxílio da tesoura de poda e na sua impossibilidade, o canivete ou faca, poderá substituí-la, evitando sempre a quebra dos galhos. Ou seja,


C a p í t u l o I I | 116 devem ser colhidos os racemos e não as cápsulas individualmente (PORTUGUÉZ, 1999). Na prática, o início da colheita (corte dos cachos) na planta de urucum se dará quando 10% dos cachos estiverem totalmente secos, esperando a coloração marrom; 10% dos cachos totalmente verdes e, 80% dos cachos em estágios intermediários entre secos e verdes (FRANCO, 2006). O recolhimento dos frutos no campo é uma tarefa que tem estreita relação com a quantidade do produto colhido, do clima, da localidade na época e, essencialmente, da exigência do comprador. Dependendo do nível técnico do produtor, os frutos colhidos podem permanecer por um curto período de dias nas entrelinhas das plantas, isto dependendo das condições pluviais locais. Outra opção é colher direto em balaios ou sacos e armazená-los em local adequado (FRANCO, 2006). Ao mesmo tempo, esses cachos são acondicionados em sacos para serem transportados para o pátio de secagem onde permanecem por 3 ou 4 dias para finalizar a secagem da cápsula e depois proceder à batedura. É necessário monitorar a secagem para proceder de imediato à batedura sem atrasá-la por muito tempo. De acordo com as condições de clima e solo, a variedade e o manejo dado à cultura, podem-se esperar os seguintes rendimentos médios de semente seca (aproximadamente com 12% de umidade) por planta\ano (Tabela 6). Tabela 6. Rendimentos médios de semente seca por planta\ano. Safra

Rendimentos

Primeiro ano

500 gramas

Segundo ano

500 a 1.500 gramas

Terceiro ano

Mais de 1.500 gramas

Fonte: Jorge Arce Portuguéz (1999).

A partir do terceiro ano, os rendimentos médios por planta e por ano são muito parecidos, conforme o manejo dado à plantação. Uma planta de urucum pode produzir por 15 anos ou mais, dependendo do cuidado que se proporciona a cultura.


C a p í t u l o I I | 117 MANEJO PÓS-COLHEITA As práticas de pós-colheita de cápsulas e sementes apresentam expressiva importância no processo agroindustrial do urucuzeiro devido à influência direta na qualidade do produto final ou de manutenção da integridade da bixina. De nada adianta semear o campo usando cultivares de urucum com alto teor de bixina, se o manejo pós-colheita não for apropriado. O manejo pós-colheita inadequado pode arruinar todo o trabalho realizado, uma vez que as maiores perdas de bixina ocorrem nesta etapa. A pós-colheita tem início no momento seguinte à colheita propriamente dita, sendo constituída das seguintes etapas: recolhimento dos frutos no campo, pré-secagem dos frutos, descachopamento, peneiramento, secagem das sementes, ensacamento, classificação e comercialização. Daí a importância de seguir as seguintes recomendações técnicas: a) Devem-se colher unicamente as cápsulas que estejam em seu ponto adequado de colheita. As cápsulas imaturas (muito flexíveis) e as que estão demasiadamente secas (muito velhas) não têm os teores de bixina adequados. b) Como a maturação das cápsulas ocorre gradativamente ainda na mesma panícula (racemo), é conveniente esperar que a maioria alcance sua maturação em um determinado tempo. É preferível deixar algumas cápsulas amadurecerem mais cedo e não colhê-las, a fim de permitir que a maior parte alcancem sua maduração e sua maior concentração de corante. Segundo Franco (2006) recomenda realizar a colheita manual das cachopas (com exceção do Sudeste brasileiro) quando, aproximadamente 3\4 (três quartos) dos frutos estiverem maduros, que normalmente ocorre aproximadamente entre 110 e 120 dias após a abertura das flores. c) As cápsulas secas e abertas não devem ser colhidas, pois a bixina se decompõe pela ação dos raios solares e pelos ataques de pragas, especialmente fungos e insetos. d) As cápsulas maduras colhidas podem ser secadas, em exposição ao sol ou a sombra, conforme a preferência do produtor. Quando a secagem é realizada sob o sol, deve-se ter cuidado ou controle para que as cápsulas não abram e exponham as sementes à ação dos raios solares. e) Por nenhum motivo, a secagem das sementes deve ser realizada ao sol, pois esta é uma das principais causas de perda de corante (Figura 65).


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Figura 65. Não se recomenda a secagem para as sementes de urucuzeiro com exposição direta ao sol, por comprometer bastante a qualidade do corante. Foto: Franco, 2006.

f) Sementes de cultivares com alto teor de bixina não devem ser misturadas com as de cultivares com baixo teor de bixina. g) Deve-se armazenar apenas lote de sementes secas, com teor de água abaixo de 12%, para evitar o ataque de fungos. Se a semente for atacada por fungos durante o armazenamento, é melhor descartá-la, pois a qualidade do corante não será boa. 1.Secagem de cápsulas e sementes Em locais onde a colheita coincide com tempos secos, a luz solar pode ser aproveitada para secar os frutos ou cápsulas. Estes podem ser secos em plena exposição ao sol, por 4 a 6 dias, mas tendo o cuidado para as cápsulas não se abrirem. Também se pode construir um galpão (ou uma cobertura rústica) e secar as cápsulas debaixo do seu teto, pois no caso das sementes abrirem, elas não vão ficar expostas diretamente à luz solar. Por outro lado, Franco (2006) constatou que os cachos colhidos deverão permanecer por até 30 dias entre fileiras (ruas) de plantas de urucum para secar, distribuídos no terreno em forma de bandeiras (montes), mas nunca ultrapassando os 40 cm de altura, o que permite facilitar a sua secagem (Figura 66).


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Figura 66. Colheita manual com acumulação dos racemos cortados (em montes nas ruas) para

secar

entre

as

fileiras

de

plantas

de

urucum.

Foto:

Arquivo

de

https://www.youtube.com/watch?v=UeN4iO9RVGo.

Outra opção seria secar as cápsulas de urucum em secadores solares especialmente construídos para esse fim. Quando as cápsulas estão bem secas, passam por uma debulhadora para separar as sementes do resto do fruto. Seguindo essas recomendações e estando o clima favorável, se dá início a debulha (beneficiamento) em máquinas apropriadas denominadas descachopadeiras. Também o produtor poderá beneficiar as cachopas ou frutos de urucum em máquinas de trilhar as vagens de feijão ou em máquinas de arrasto utilizadas para trilhar arroz (Figura 67).


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Figura 67. Máquina de arraste adaptada para a colheita de sementes do urucum após secagem

dos

frutos

em

campo

por

até

30

dias.

Fotos:

Arquivo

do

https://www.youtube.com/watch?v=q5G14MDpvJY

Em seguida, é necessário separar a semente dos fragmentos do fruto (resíduos) com a ajuda de um soprador ou ventilador. Ou seja, todos os grãos oriundos do produtor passarão por uma limpeza a fim de retirar todas as impurezas existentes no lote que excedem a teor de 0,5% (talos, pó e terra). Caso a semente limpa apresente ainda teor de umidade superior a 12%, é necessário terminar de secá-la em secadores que funcionem com a temperatura máxima de 60 ºC e que não tenha luz artificial, a fim de evitar a decomposição da bixina. Uma vez atingido o teor de água da semente em torno de 12%, ela deve ser retirada do secador artificial (Figura 68), acondicionada em sacos plásticos escuros e armazenada em local seco e bem ventilado. Não havendo nenhum controle de


C a p í t u l o I I | 121 redução da umidade (superior a 12%), a semente corre o risco de ser atacada por fungos quando está em armazenamento.

Figura 68. Secador artificial com calor e ventilação forçada para sementes de urucuzeiro. Foto: Camilo Flamarion de Oliveira (2006).

Em aqueles lugares onde a colheita do urucum coincide com o período de chuva, é estritamente necessário secar as cápsulas em secadores projetados para tal finalidade, sejam de secadores solares, de lenha, de eletricidade ou que funcionem com diesel. Uma correta secagem das cápsulas garantirá uma boa qualidade da semente e, consequentemente, uma boa qualidade do corante. 2.Trilha de cápsulas Assim que as cápsulas estiverem completamente secas, as sementes são extraídas. A extração pode ser feita manualmente ou com o auxílio de uma máquina projetada para esse fim. Trilha manual. Para a batedura manual, é preparada uma haste com uma curvatura natural, como o ráquis das folhas do coco, e com ela as cápsulas são batidas sobre uma superfície limpa e firme para extrair as sementes das cápsulas. Normalmente, quando se procede ao descachopamento manual, as perdas de bixina são significativas, pela maneira incorreta de se utilizar a vara no batimento às cápsulas e as sementes ao mesmo tempo.


C a p í t u l o I I | 122 Também as cápsulas secas podem ser introduzidas no saco e batidas vigorosamente até se abrirem e libertarem as sementes. Posteriormente, os resíduos das sementes são separados, devidamente limpos e embalados. Ao longo desse processo, é necessário evitar, na medida do possível, que as sementes sejam expostas à umidade e ao sol. Portanto, este trabalho é mais bem realizado em um local seco e com sombra. Trilha com máquina. Alguns produtores têm desenvolvido suas próprias máquinas com o propósito de acelerar e facilitar a extração das sementes de urucum (Figuras 69 e 70). As máquinas podem ser operadas manualmente e ser utilizadas em locais onde não têm correte elétrica. Motores de diferentes potências também podem ser adaptados para tornálas mais eficientes. A debulha à máquina é muito rápida, engrena fácil e menos dispendiosa.

Figura 69. Máquina trilhadora de cápsulas de urucum. Foto: Portugués, J. A. A. (1999).


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Figura 70. Debulhadeira itinerante utilizada no urucuzeiro acionada por tomada de força do trator. Fotos: Camilo Flamarion de Oliveira Franco (2006) e Roberto Hissao Arakaki.

A semente de urucum também pode ser extraída por meio de uma máquina que consiste em uma moega por onde a máquina é alimentada. A máquina tem o formato de um tubo e na parte inferior possui uma peneira com furos por onde a semente sai e cai em outro compartimento. No centro do tubo existe um eixo com lâminas que golpeiam a cápsula para retirar a semente. Nesta máquina após cada carregamento é necessário evacuar o resíduo acumulado. Essa forma de beneficiar a semente tem perda de 1%. Essa debulha mecânica só deve ser feita com cápsulas secas, nunca com cápsulas maduras recém-colhidas, pois as perdas de bixina são muito altas. O método mecânico, apesar de apresentar perdas de bixina de 1,5 a 2,0%, é o mais indicado (FRANCO et al., 2008). Peneiramento. O peneiramento do material colhido pode ser feito tanto manual como mecânico. O manual é realizado após a bateção dos frutos, enquanto que o mecânico, após a descachopagem em máquinas incompletas. Um fator importante a considerar é que pelo atrito mecânico perde-se bixina nesta operação, devido ao maior teor de umidade das sementes e/ou regulagem do equipamento, pode haver perdas de qualidade de sementes. 3.Embalagem e armazenamento de sementes. Com o propósito de minimizar as perdas de bixina durante o armazenamento, recomendase embalar as sementes (com teor de água a 12%) em sacos pretos de polietileno devidamente lacrados com capacidade de 50 kg de grãos por saco (FRANCO, 2006). É recomendável extrair a maior quantidade de ar do saco, para permitir uma melhor conservação das sementes. No caso de embalar as sementes em sacos de juta, de nylon


C a p í t u l o I I | 124 ou algum outro material (exemplo de saco de aniagem ou de polipropileno trançado ou em outro tipo de recipiente), recomenda-se colocá-los em um lugar seco, escuro e bem ventilado para evitar perdas de corante (Figura 71).

Figura 71. Silos metálicos para armazenamento de sementes de urucuzeiro, mas devem possuir tampas os silos e serem colocados sobre os estrados de madeira. Foto: Camilo Flamarion de Oliveira Franco (2006).

O peso do saco de sementes não deve ser superior a 50 kg (Figura 72), mas, por cautela, é indicado optar por um limite de 30 kg por saco. O motivo é óbvio, pois, quanto maior for o peso do saco, maior será a área de atrito, e, consequentemente, maior será a perda de corante, o que resultará em prejuízos na comercialização. O corante de urucum, localizado no arilo que envolve a semente, é muito sensível à erosão, perdendo conteúdo quando recebe qualquer pressão. Além disso, a bixina é um corante que se degrada paulatinamente com o passar do tempo, mesmo que a semente esteja armazenada em condições favoráveis (EMBRAPA AMAZÔNIA ORIENTAL, 2009).


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Figura 72. Saco com sementes de urucum (achiute) orgânico com capacidade de 50 kg. Foto: Maria Nela Choquehuanca Loza.

Depois do ensacamento, os sacos de aniagem com sementes de urucum devem ser armazenados (Figura 73), de preferência, em local fresco e seco, com pouca luz e sobre estrados de madeira ou de plástico para evitar o contato com a umidade do piso. Recomenda-se deixar um espaço entre as pilhas ou blocos de sacos, de forma que permita uma boa ventilação e a regularidade da temperatura e da umidade.

Figura 73. Semente limpa de urucum ensacada e pronta para ser comercializada. Foto: CNTAF.


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Deve-se também evitar a presença de roedores e insetos, visando tornar o material armazenado da melhor qualidade. É de suma importância verificar o porcentual de umidade contido nas sementes, visto que, umidades relativas superiores a 14% não são recomendadas, podendo haver incidência de mofo. As sementes armazenadas a granel perdem mais rapidamente o teor de bixina, ficando sujeitas à contaminação.

EXTRAÇÃO DO CORANTE Uma vez que a semente está completamente seca e limpa, livre de sujeiras (fragmentos), procede-se à extração de seu corante. Para isso, utilizam-se o método tradicional, empregado pelos agricultores, e o método ácido-base utilizado por alguns industriais. Método tradicional. Neste método pode-se empregar semente seca ou semente úmida, o que for preferido. Em ambos os casos, as sementes são colocadas em um recipiente, adiciona bastante água potável e mexa vigorosa e constantemente até que a semente libere todo ou a maior parte de seu corante. Se necessário, podem ser realizadas várias lavagens da semente, de forma que seja aproveitada a maior quantidade de corante. Quando as sementes não apresentam mais corantes, procedem à filtragem, de forma a separar a água das sementes. A filtragem pode ser feita com uma malha. Tem que se certificar de que o filtrado está muito limpo, livre de impurezas. Este filtrado é coletado em um recipiente de ferro ou aço inoxidável e colocado no fogo. Aos poucos a água se vai evaporando e vai se formando uma pasta no recipiente, a qual é recolhida em uma malha fina ou saco, depois suspende em local seco para escorrer o líquido e com sombra para secar. Após alguns dias, a pasta endurecida é removida para processamento ou armazenamento. Todo esse processo requer um grande controle de higienização. Na Figura 74, observa-se o organograma para a extração da pasta de urucum.


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Figura 74. Organograma para obtenção Figura 75. Organograma para elaboração da pasta do urucum pelo método da pasta comercial de urucum. Fonte: tradicional. Fonte: Portuguéz, J. A. A. (1999). Portuguéz, J. A. A. (1999).

Processamento da pasta. Para a elaboração do urucum comercial é necessário misturar a pasta com a gordura vegetal. Isso requer o aquecimento da massa e também da gordura vegetal até que fiquem líquidas. As duas substâncias são então misturadas a quente e deixadas para esfriar até que a nova pasta se solidifique e adquira a consistência desejada. Na Figura 75, observa-se o organograma para a elaboração comercial da pasta de urucum. Desvantagem do método tradicional. O método tradicional de extração e processamento do urucum é muito ineficiente, por ter que aplicar calor tanto na extração da massa quanto na mistura com a gordura vegetal, consequentemente as perdas de bixina são muito altas. Ainda assim, a qualidade do produto final não é homogênea.


C a p í t u l o I I | 128 Um fato que incide na qualidade da pasta e a contaminação por fungos que se produz no armazenamento da mesma. Se a umidade da pasta for alta, a infestação produzida por fungo é quase imediata. Essa contaminação de fungos afeta diretamente o teor de bixina. Método ácido-base. Neste método a extração da bixina é realizada em um meio completamente alcalino e preferencialmente sementes secas são utilizadas. Isso requer a adição de uma substância básica ou alcalina à água com o propósito de aumentar o pH e tornar a bixina solúvel. Nesta reação a bixina forma um sal com a base adicionada, a qual é solúvel em água. Uma vez que esta reação está completada, se procede a adicionar um ácido com o fim de precipitar o corante, formando-se assim duas camadas bem definidas. No fundo fica o corante e na camada superior a água colorida. Posteriormente, as duas camadas são separadas, e a que contém a bixina é lavada, bem seca e processada ou armazenada em recipientes escuros para evitar a degradação do corante (PORTUGUÉZ, 1999). Neste caso particular, a bixina reage primeiramente com uma base e depois com um ácido, permitindo que o corante adote uma condição mais estável e não se degrade facilmente (Figura 76). Na Figura 77, observa-se o organograma para a extração da bixina utilizando o método ácido-base.

Figura . Corante natural de urucum. Foto: Camilo F. de Oliveira Franco (2006).


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Figura 77. Extração da bixina em solução aquosa mediante ácido-base. Fonte: Português, J. A. A. (1999).

Aproveitamento dos resíduos das cápsulas do urucum. Os resíduos produzidos na trilhagem das cápsulas, principalmente as cascas, que ficam trituradas, são usadas como adubo orgânico (compostagem), cobertura morta e componente de ração animal. Esse adubo pode ser utilizado para fertilizar as plantações de urucum ou de qualquer outra cultura, reduzindo dessa maneira o uso de adubos químicos. Os resíduos do beneficiamento das cápsulas, principalmente as cascas, que ficam trituradas, são usados como adubo orgânico, cobertura morta e componente de ração animal.


C a p í t u l o I I | 130 CLASSIFICAÇÃO DAS SEMENTES DE URUCUM As sementes de urucum são classificadas em três tipos (Tabela 7), de acordo com seu teor de umidade, teor de bixina, odor, presença de material estranho e mofo ou bolor. As sementes classificadas como tipo três são consideradas fora dos padrões exigidos para que possam ser comercializadas (FRANCO et al., 2002). Tabela 7. Características físico-químicas das sementes de urucum.

Fonte: Urucuzeiro: Agronegócio de Corantes Naturais.

As sementes de urucum com teores menores que 2,5 g de carotenoides totais, expressos como bixina por 100 g de sementes de urucum (base úmida), encontram dificuldades de comercialização, por diminuírem muito o rendimento industrial e a qualidade do produto final (CARVALHO et al., 2010). Considerando a larga aplicação na indústria alimentícia, diversos trabalhos tratam da toxicidade desse corante, e sua inocuidade está comprovada por meio de ensaios de toxicidade e mutagenicidade, mesmo em elevadas concentrações (PAUMGARTTEN et al., 2002; BAUTISTA et al., 2004; AGNER et al., 2004).

COLORÍFICO DO URUCUM É na culinária doméstica que os grãos de urucum são mais utilizados para elaboração do colorífico (considerado como um condimento), pois os mesmos são triturados e podem ser transformados, com adição da farinha, óleo vegetal e sal, em colorífico. Também na culinária das regiões do Norte e Nordeste é conhecido como colorau. Cerca de 1,5 milhões de pessoas estão envolvidos neste mercado, sobretudo no fabrico caseiro do colorífico. Além disso, este condimento é consumido por mais de 180 milhões de brasileiros e em


C a p í t u l o I I | 131 algumas regiões o seu consumo supera 500 g per capita\ano. No Nordeste, 78,2% de toda produção são oriundas da Agricultura Familiar (FRANCO, 2016; Tabela 8).

Tabela 8. Distribuição do consumo do colorau no Brasil. Regiões

Consumo (t)

(%)

Norte

2.700

18,0

Nordeste

9.200

61,0

Sudeste

2.300

15,0

Sul

660

5,0

Centro-Oeste

180

1,0

Fonte: Camilo Flamarion de Oliveira Franco (2016).

A fabricação do colorífico é realizada por métodos caseiros e\ou industriais, ressaltando que na produção do urucum, 60% destinam-se à fabricação do colorífico, sendo o restante destinado às indústrias de corantes e para a exportação. Receita caseira do colorau Ingredientes: 02 xícaras contendo sementes de urucum 04 xícaras de farinha de trigo, sem fermento. 02 colheres de sopa, rasa de óleo vegetal de boa qualidade, 10 g de sal. MODO DE PREPARO: Inicialmente, aquece-se uma panela funda com óleo, até atingir o ponto de ebulição (fervura). Adicionam-se na panela duas xícaras contendo sementes de urucum. Para homogeneizar com a cor vermelha, deve-se mexer por 30 segundos e, imediatamente, desliga o fogo para não queimar o produto. Em seguida, é colocada a farinha com auxílio


C a p í t u l o I I | 132 de uma colher de pau, devendo mexer bastante e deixar o produto esfriar na própria panela. Uma vez esfriado o produto, deve-se colocar a mistura (óleo + sementes + farinha) no processador por alguns minutos até formar uma massa vermelha. Após processada, toda a massa é passada numa peneira de malha fina e, ao final, adiciona uma pitada de sal a gosto. Para a sua homogeneização (sal), recomenda-se mexer por pouco tempo e aí o colorau está pronto para ser consumido.

COMERCIALIZAÇÃO DO URUCUM Por se tratar na sua grande maioria de pequenos produtores, a comercialização das sementes de urucum tende a ser realizadas por cooperativas ou atravessadores. Na comercialização do urucum tem a parte alimentícia e a de cosmético. Enfatizando a crescente demanda para os corantes naturais, tanto em relação ao mercado interno, quanto ao externo, os produtores da região encontram dificuldades para comercialização do produto, devido à problemas no escoamento da produção e à distância até o destino final, que são as indústrias da região Sudeste, mais especificamente, do estado de São Paulo. Na negociação, a figura que ainda prevalece é a do atravessador, que negocia diretamente com o produtor e com as empresas produtoras de corantes e colorau. O preço é variável em função da lei da oferta e da procura, sendo também influenciado pela qualidade do produto em relação ao teor de corante (FRANCO, 2004). A maior parte da produção de sementes de urucum destina-se, em geral, aos mercados nordestinos para o fabrico de colorífico, além da produção de corantes naturais para o sul do país (FRANCO et al., 2016). Segundo Mello (2000) o mercado é pulverizado entre indústrias de grande, médio e pequeno porte, espalhadas por todo o país, principalmente no Nordeste e Norte onde o consumo é maior, devido o hábito das pessoas de apreciarem alimentos com coloração. Entretanto, as flutuações dos preços no mercado nacional e internacional têm provocado importantes oscilações da produção doméstica do urucum. Quando os preços atingem níveis poucos estimuladores, o produtor reduz a oferta, o que implicará escassez de matéria-prima (sementes de urucum). Posteriormente, os preços se elevam para compensar a falta de produto no mercado, o que levará a expansão da área cultivada.


C a p í t u l o I I | 133 Preços pouco compensadores levam produtores a abandonarem algumas áreas cultivadas, reduzindo os tratos culturais, o que implica em queda nos níveis de produtividade e, consequentemente, menor oferta de sementes. Os preços de grãos de urucum ou de qualquer outro produto agrícola, muito elevado, estimulam a implantação de novas áreas e incrementam a produção. De acordo com Franco et al (2002) mesmo que a atividade urucuzeiro seja economicamente viável, é importante ter cautela na implantação de grandes áreas. A cultura do urucum é uma atividade agrícola e como toda atividade dessa natureza possui riscos e incertezas, em momentos de preços decrescentes, sobreviverão aqueles que tenham alta produtividade e, principalmente, qualidade do produto (REBOUÇAS; SÃO JOSÉ, 1996), enquanto os especuladores, em geral, abandonam a atividade. Assim, preços estáveis e em patamar aceitável que permitam remunerar os investimentos ao longo de toda a cadeia produtiva do urucum é o desejável, pois tal cenário permite minimizar os impactos de crises que porventura ocorram no mercado. Segundo Rebouças e São José (1996), preços elevados quase sempre levam à superprodução, que provoca queda relevante dos preços, podendo inviabilizar os negócios, se os valores atingirem patamares abaixo do custo médio de produção. Tanto no mercado interno como externo há uma tendência de crescimento de corantes naturais, sendo o urucum um dos principais produtos. Porém, com relação ao seu custo de produção, esse depende da logística adotada, o que pode variar de uma região para outra, especialmente naquelas em que se podem obter duas safras anuais.


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