ROMÃZEIRA (Punica granatum L. var. Wonderful): TECNOLOGIAS DE PLANTIO E PRODUÇÃO DE FRUTOS SUPERGRAN

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ROMÃZEIRA (Punica granatum L. var. Wonderful) TECNOLOGIAS DE PLANTIO E PRODUÇÃO DE FRUTOS SUPERGRANDES

W O N D E R F U L

Vicente de Paula Queiroga Railene Hérica Carlos Rocha Araújo Josivanda Palmeira Gomes Alexandre José de Melo Queiroz Rossana Maria Feitosa de Figueirêdo Esther Maria Barros de Albuquerque Editores Técnicos


ROMÃZEIRA (Punica granatum L. var. Wonderful): TECNOLOGIAS DE PLANTIO E PRODUÇÃO DE FRUTOS SUPERGRANDES

1ª Edição


CENTRO INTERDISCIPLINAR DE PESQUISA EM EDUCAÇÃO E DIREITO LARYSSA MAYARA ALVES DE ALMEIDA Diretor Presidente da Associação do Centro Interdisciplinar de Pesquisa em Educação e Direito VINÍCIUS LEÃO DE CASTRO Diretor - Adjunto da Associação do Centro Interdisciplinar de Pesquisa em Educação e Direito ESTHER MARIA BARROS DE ALBUQUERQUE Editor-chefe da Associação da Revista Eletrônica a Barriguda - AREPB

ASSOCIAÇÃO DA REVISTA ELETRÔNICA A BARRIGUDA – AREPB CNPJ 12.955.187/0001-66 Acesse: www.abarriguda.org.br

CONSELHO EDITORIAL Adilson Rodrigues Pires André Karam Trindade Alessandra Correia Lima Macedo Franca Alexandre Coutinho Pagliarini Arali da Silva Oliveira Bartira Macedo de Miranda Santos Belinda Pereira da Cunha Carina Barbosa Gouvêa Carlos Aranguéz Sanchéz Dyego da Costa Santos Elionora Nazaré Cardoso Fabiana Faxina Gisela Bester Glauber Salomão Leite Gustavo Rabay Guerra Ignacio Berdugo Gómes de la Torre Jaime José da Silveira Barros Neto Javier Valls Prieto, Universidad de Granada José Ernesto Pimentel Filho Juliana Gomes de Brito Ludmila Albuquerque Douettes Araújo Lusia Pereira Ribeiro Marcelo Alves Pereira Eufrasio Marcelo Weick Pogliese Marcílio Toscano Franca Filho Olard Hasani Paulo Jorge Fonseca Ferreira da Cunha Raymundo Juliano Rego Feitosa Ricardo Maurício Freire Soares Talden Queiroz Farias Valfredo de Andrade Aguiar Vincenzo Carbone



VICENTE DE PAULA QUEIROGA RAILENE HÉRICA CARLOS ROCHA ARAÚJO JOSIVANDA PALMEIRA GOMES ALEXANDRE JOSÉ DE MELO QUEIROZ ROSSANA MARIA FEITOSA DE FIGUEIRÊDO ESTHER MARIA BARROS DE ALBUQUERQUE (Editores Técnicos)

ROMÃZEIRA (Punica granatum L. var. Wonderful): TECNOLOGIAS DE PLANTIO E PRODUÇÃO DE FRUTOS SUPERGRANDES

1ª Edição

ASSOCIAÇÃO DA REVISTA ELETRÔNICA A BARRIGUDA - AREPB

2022


©Copyright 2022 by

Organização do Livro VICENTE DE PAULA QUEIROGA, RAILENE HÉRICA CARLOS ROCHA ARAÚJO, JOSIVANDA PALMEIRA GOMES, ALEXANDRE JOSÉ DE MELO QUEIROZ, ROSSANA MARIA FEITOSA DE FIGUEIRÊDO, ESTHER MARIA BARROS DE ALBUQUERQUE Capa ESTHER MARIA BARROS DE ALBUQUERQUE Fotos da Capa ‫פרוטילנד‬- TLV, Israel Editoração ESTHER MARIA BARROS DE ALBUQUERQUE Diagramação ESTHER MARIA BARROS DE ALBUQUERQUE

O conteúdo dos artigos é de inteira responsabilidade dos autores. Data de fechamento da edição: 15-03-2022 Dados internacionais de catalogação na publicação (CIP) Q3r

Queiroga, Vicente de Paula. Romãzeira (Punica granatum, L.): Tecnologias de plantio e produção de frutos supergrandes. 1ed. / Organizadores, Vicente de Paula Queiroga, Railene Hérica Calos Rocha Araújo, Josivanda Palmeira Gomes, Alexandre José de Melo Queiroz, Rossana Maria Feitosa de Figueirêdo, Esther Maria Barros de Albuquerque. – Campina Grande: AREPB, 2022. 314 f. : il. color. ISBN 978-65-87070-23-0 1. Romã. 2. Punica granatum. 3. Sistema de produção. 4. Colheita. 5. Fruto. 6. Arilo. I. Queiroga, Vicente de Paula. II. Araújo, Railene Hérica Carlos Rocha. III. Gomes, Josivanda Palmeira. IV. Queiroz, Alexandre José de Melo. V. Figueirêdo, Rossana Maria Feirosa de. VI. Albuquerque, Esther Maria Barros de. VII. Título. CDU 634.4

Ficha Catalográfica Elaborada pela Direção Geral da Revista Eletrônica A Barriguda - AREPB Todos os direitos desta edição reservados à Associação da Revista Eletrônica A Barriguda – AREPB. Foi feito o depósito legal.


O Centro Interdisciplinar de Pesquisa em Educação e Direito – CIPED, responsável pela Revista Jurídica e Cultural “A Barriguda”, foi criado na cidade de Campina Grande-PB, com o objetivo de ser um locus de propagação de uma nova maneira de se enxergar a Pesquisa, o Ensino e a Extensão na área do Direito.

A ideia de criar uma revista eletrônica surgiu a partir de intensos debates em torno da Ciência Jurídica, com o objetivo de resgatar o estudo do Direito enquanto Ciência, de maneira inter e transdisciplinar unido sempre à cultura. Resgatando, dessa maneira, posturas metodológicas que se voltem a postura ética dos futuros profissionais.

Os idealizadores deste projeto, revestidos de ousadia, espírito acadêmico e nutridos do objetivo de criar um novo paradigma de estudo do Direito se motivaram para construir um projeto que ultrapassou as fronteiras de um informativo e se estabeleceu como uma revista eletrônica, para incentivar o resgate do ensino jurídico como interdisciplinar e transversal, sem esquecer a nossa riqueza cultural.

Nosso sincero reconhecimento e agradecimento a todos que contribuíram para a consolidação da Revista A Barriguda no meio acadêmico de forma tão significativa.

Acesse a Biblioteca do site www.abarriguda.org.br


EDITORES TÉCNICOS

Vicente de Paula Queiroga (Dr.) Pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Centro Nacional de Pesquisa do Algodão-CNPA Campina Grande, PB (Brasil)

Railene Hérica Carlos Rocha Araújo (Dra.) Professora da Unidade Acadêmica de Ciência Agrárias, UFCG Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), Campus Pombal-PB Pombal, PB (Brasil)

Josivanda Palmeira Gomes (Dra.) Professora da Unidade Acadêmica de Engenharia Agrícola Universidade Federal de Campina Grande Campina Grande, PB (Brasil)

Alexandre José de Melo Queiroz (Dr.) Professor da Unidade Acadêmica de Engenharia Agrícola Universidade Federal de Campina Grande Campina Grande, PB (Brasil)

Rossana Maria Feitosa de Figueirêdo (Dra.) Professora da Unidade Acadêmica de Engenharia Agrícola Universidade Federal de Campina Grande Campina Grande, PB (Brasil)

Esther Maria Barros de Albuquerque (Dra.) Doutora em Engenharia de Processos Universidade Federal de Campina Grande Campina Grande, PB (Brasil)


APRESENTAÇÃO

A romãzeira (Punica granatum L.) é uma espécie caducifólia de hábito arbustivo nativa da Ásia Central, onde se tornou uma das primeiras árvores frutíferas a ser cultivada no mundo. Os frutos da romã, bem como seus sucos e extratos, estão sendo amplamente promovidos, com ou sem apoio cientifico, para os consumidores como um dos superalimentos novos, capazes de enfrentar variedade de doenças. Esta fruta, que tem sido consumida e utilizada como um alimento funcional no Médio Oriente há milhares de anos, ganhou popularidade recentemente nos Estados Unidos. A importância atual desta fruta consiste principalmente nas propriedades que têm sido relatadas em estudos recentes, as quais revelam a presença de componentes antioxidantes no caule, folhas, cascas, suco e semente. Os estudos científicos demostraram que as variedades vermelhas, como a Wonderful que representa mais de 70 % do mercado mundial, são muito ricas em antioxidantes de alta biodisponibilidade que têm múltiplos efeitos benéficos funcionais e nutracêuticos. Apesar de ser uma espécie frutífera que apresenta boa aptidão de produção em regiões áridas e semiáridas do mundo, no Brasil seu cultivo ainda é incipiente, pois o seu volume de produção ainda não é contabilizado nas estatísticas frutíferas, principalmente por ser cultivado por pequenos produtores de diversas regiões do Brasil. Por outro lado, para a elaboração deste livro intitulado: Romãzeira (Punica granatum, L.): Tecnologias de plantio e produção de frutos supergrandes, foram consultadas diferentes fontes bibliográficas que contribuíram de forma determinante para a valorização da cultura da romã em nosso país. Além disso, os autores desta publicação, preocupados em fortalecer a participação de produtores brasileiros na produção de romã trazem a comunidade acadêmica e extensionistas, as informações básicas sobre sistema produtivo da romã para ajudar o produtor que necessita pôr em prática as várias tecnologias abordadas no mesmo.

Os autores


SUMÁRIO

CAPÍTULO I - SISTEMA PRODUTIVO DA ROMÃZEIRA (Punica granatum L.) - Vicente de Paula Queiroga, Railene Hérica Carlos Rocha Araújo, Josivanda Palmeira Gomes, Alexandre José de Melo Queiroz, Rossana Maria Feitosa de Figueirêdo, Esther Maria Barros de Albuquerque ...............................................................................................................................10 CAPÍTULO II - MATURAÇÃO, COLHEITA, PÓS-COLHEITA DOS FRUTOS E EXTRAÇÃO DE ÓLEO DE SEMENTES DE ROMÃ - Vicente de Paula Queiroga, Railene Hérica Carlos Rocha Araújo, Josivanda Palmeira Gomes, Alexandre José de Melo Queiroz, Rossana Maria Feitosa de Figueirêdo, Esther Maria Barros de Albuquerque ........................230

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................................280


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CAPÍTULO I

SISTEMA PRODUTIVO DA ROMÃZEIRA (Punica granatum L.)

Vicente de Paula Queiroga Railene Hérica Carlos Rocha Araújo Josivanda Palmeira Gomes Alexandre José de Melo Queiroz Rossana Maria Feitosa de Figueirêdo Esther Maria Barros de Albuquerque (Editores)


C a p í t u l o I | 11 INTRODUÇÃO A romã (Punica granatum) é nativa do Irã e se estendeu por vários países da Ásia e da região do Mediterrâneo. Esta fruta foi introduzida na América por missionários espanhóis, principalmente no México e nos Estados Unidos e nos últimos 15 anos a sua área plantada vem se expandindo (MORENO, 2010). No México, a cultura foi especificamente adaptada ao estado de La Puebla. Porém, devido a questões de urbanização, durante as décadas de 1970 e 1980, a lavoura foi desaparecendo nos Estados Unidos, sendo cultivada apenas na Califórnia e no Arizona. Ao aportar no Brasil, a cultura encontrou condições favoráveis para um crescimento vegetativo, florescimento, frutificação e produção de frutos de primeira qualidade; no entanto, dados de área plantada e de produção são escassos. Porém, em 2010, com a demanda do mercado europeu, a produção de romãs no Brasil foi impulsionada, tendo em vista que a procura por frutos de romã aumentou em 30% em relação ao ano anterior (CEAGESP, 2010), o que é evidenciado pelo salto de produção nos últimos dez anos de aproximadamente 37.000 caixas para 406.000 caixas, em 2011 (IBRAF, 2012). Além disso, a romãzeira é uma frutífera que apresenta boa aptidão de produção em regiões áridas e semiáridas do mundo (SUMNER et al., 2005), pois se trata de uma árvore frutífera alternativa para muitas áreas, especialmente onde as más condições do solo ou a má qualidade da água de irrigação impedem a exploração lucrativa de outras espécies frutíferas. Isso não significa que, se a romã for cultivada em melhores condições, os resultados obtidos não serão bons. Porém, essas características não devem confundir os produtores, pois na realidade o cultivo da romã apresenta um problema específico que deve ser considerado para se obter frutos de qualidade e safras abundantes. A importância atual desta fruta consiste principalmente nas propriedades que têm sido relatadas em estudos recentes, as quais revelam a presença de componentes antioxidantes no caule, folhas, cascas, suco e semente. Esses componentes conferem-lhe propriedades anti-inflamatórias, antitumorais e anticancerígenas, entre outras, respaldadas por pesquisas “in vitro” assim como in vivo. Ou seja, os vários estudos científicos demostraram que as variedades vermelhas são muito ricas em antioxidantes de alta biodisponibilidade que têm múltiplos efeitos benéficos funcionais e nutracêuticos (SEERAM et al., 2006; YILDIZ et al., 2009). Esses estudos têm desencadeado um


C a p í t u l o I | 12 verdadeiro “boom” na demanda de frutas e subprodutos da romã (arilos de processamento mínimo e sucos), nos mercados da Europa, Ásia e América do Norte. O seu fruto é uma fonte rica em compostos fenólicos, sendo as antocianinas o grande destaque na sua composição, as quais, além de atuarem como um dos mais importantes antioxidantes naturais, são responsáveis pela intensa coloração vermelha do suco da romã, representando uma das características de qualidade que mais influenciam na aceitação sensorial por parte dos consumidores (GIL et al., 2000; BOROCHOV-NEORI et al., 2009; PATRAS et al., 2010). Portanto, o cultivo mundial de romã vermelha é baseado na variedade Wonderful e cultivares similares (Mollar de Elche), sendo bastante adaptada ao clima mediterrâneo e é colhida para atender à demanda europeia e norte-americana. Os frutos são de cor vermelho intenso uniforme (casca) e apresenta um grão grande com sabor semi-ácido, também de cor vermelho escuro e de bom rendimento de suco (OLIVEIRA et al., 2012). O tamanho da fruta varia com o manejo e se apresentam, desde 200 até 700 g de peso, as formas mais comuns de consumo, as quais são as frutas inteiras, semiprocessadas desgranadas e embaladas - e em sucos (MONDRAGÓN; JÚAREZ, 2008). É importante destacar que a variedade Wonderful domina totalmente o mercado dos Estados Unidos. Sua produtividade está entre 30 e 50 t \ha nos 5 anos de idade de cultivo (MONDRAGÓN; JÚAREZ, 2008). Além disso, o rendimento médio da romã no primeiro ano de produção por hectare seria próximo a 2,5 MT, entre 60 e 70% de frutas com qualidade exportável, podendo chegar até 90%, enquanto o preço médio obtido é US$ 1,5/quilo exportável. Por outro lado, o custo médio por hectare de um pomar de romã em produção gira em torno de US$ 7.000/ha. Os seus frutos caracterizam-se pelo seu cálice concrescente, em forma de coroa, o que lhe valeu o nome de "rainha das frutas" em alguns países do Mediterrâneo. Esses frutos estão cheios de sementes, conhecidas como arilos, cuja testa polposa é rica em suco. São muitas as variedades e clones de romã, desde as ditas "doces", com casca e arilos rosados, tegumento doce e macio (conhecido como pinhão) e as "azedas", com casca e arilos de cor vermelha intensa que se caracterizam por ser mais ácidos e com um pinhão mais duro (SEERAM et al., 2006; YILDIZ et al., 2009). Com base no exposto acima, a área plantada com romã tem sido muito incrementada, que começou como uma atividade alternativa para aproveitar solos marginais, pouco consumo


C a p í t u l o I | 13 hídrico ou água de má qualidade, ou como meio de complementar a colheita de outras árvores frutíferas, hoje é um boom do agronegócio, isto é, eles agregaram, entre outros fatores tecnológicos, grandes exportadores e produtores de destaque. Por este motivo, as coberturas individuais das frutas (saco de papel) feitas no campo aumentam a sua qualidade e podem custear o custo adicional, mas atualmente não são realizadas pelos produtores devido ao desconhecimento das técnicas e dos requisitos mínimos dos atuais canais de comercialização. Porém, devido à sua popularidade no mercado externo, prevêse que no curto prazo a romã se consolide no mercado nacional, sendo a qualidade o fator que definirá o seu sucesso. IMPORTÂNCIA ECONÔMICA Com o objetivo de absorver o excedente global da produção de romã e estimular o consumo dessas frutas, as indústrias agroalimentares têm procedido à transformação dessas frutas com o objetivo prioritário de preservar ao máximo as características físicoquímicas e o valor nutritivo do produto in natura, para ampliar a oferta oferecida e fornecer seus derivados de alta qualidade, aprimorando as técnicas de processamento. Atualmente, existem novas tecnologias de extração de arilo de romã em operação em 10 países como: Turquia, Espanha, Estados Unidos, etc. Outra tecnologia consiste em congelar arilos mantendo o seu valor nutricional. Uma terceira tecnologia para a produção de suco foi desenvolvida nos EUA, Turquia, Espanha, Índia e França (SARIG; GALILI, 2012) e que se baseia na extração do suco da fruta inteira ou apenas dos arilos da fruta de romã. A popularidade e a demanda por romã estão aumentando em todo o mundo devido à sua multifuncionalidade e aos efeitos promotores da saúde na dieta humana. Os arilos representam cerca de 45-52% do peso da fruta inteira (VIUDA-MARTOS et al., 2010), e há muito são valorizados por seu suco saboroso (Figura 1F). A casca representa cerca de 49 a 55% do peso do fruto, dependendo da cultivar. O interior do fruto da romã (Figura 1B) é separado por paredes membranosas (septos) e câmaras de tecido esponjoso branco (lóculos) repletas de arilos contendo sementes moles ou duras e suco comestível, que variam de cor de branco a vermelho, dependendo da cultivar (HOLLAND et al., 2009). A romã tem inúmeras sementes, que representam cerca de 18 a 20% do peso da fruta e contêm óleo (Figura 1G). O óleo de semente de romã (PSO) representa cerca de 12 a 20% do peso do fruto e também possui muitas propriedades terapêuticas (VIUDA-MARTOS et al., 2010).


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Figura 1. Descrição botânica do fruto de Punica granatum L.: (A) fruto inteiro; (B) descrição anatômica do fruto da romã; (C) casca; (D) arilos; (E) sementes; (F) suco; (G) óleo. Foto: Magangana et al. (2020).

O mercado de frutas está avançando em direção a produtos de qualidade e o suco de romã agora tem grande sucesso com os consumidores (Figura 2). Na América, o consumo de suco de romã aumentou 8 vezes entre 2004 e 2008. Alguns dados mostram, em 2004, um alto consumo de suco de romã, misturando pela metade com outros sucos de fruta feitos de maçã ou de uva. Essa tendência se inverteu em 2008 em favor do suco de romã 100% puro. No Brasil, a fruta da romã permanece pouco explorada e é geralmente consumida como fruta fresca.


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Figura 2. Fruto fresco e suco de romã. Foto: Wikipedia.

A romã, bem como seus sucos e extratos, está sendo amplamente promovidos, com ou sem apoio cientifico, para os consumidores como um dos superalimentos novos, capazes de enfrentar variedade de doenças. Esta fruta, que tem sido consumida e utilizada como um alimento funcional no Médio Oriente há milhares de anos, ganhou popularidade recentemente nos Estados Unidos (JOHANNINGSMEIER; HARRIS, 2011). Nos últimos anos, muita atenção tem sido dada aos benefícios do consumo regular de frutas e vegetais para a saúde humana. Esse valor nutricional reside na grande variedade de moléculas biologicamente ativas (fibras, carotenoides, compostos fenólicos, vitaminas, etc.) (TOMAS-BARBERAN; GIL, 2008). Portanto, a romã é identificada como um dos produtos mais ricos em antioxidantes, incluindo polifenóis solúveis, taninos e antocianinas (GIL et al., 2000). Esses constituintes exibem várias atividades biológicas, como a eliminação de radicais livres, a inibição do crescimento microbiano e a redução dos riscos de doenças cardiovasculares e cerebrovasculares e de determinados cânceres (MENA et al., 2011). Os extratos de romã também podem ser usados para a prevenção ou cura da aterosclerose, diarreia, úlceras gástricas e doenças relacionadas ao estrogênio, como a doença de Paget da mama (HOLLAND et al., 2009).


C a p í t u l o I | 16 Produtos derivados da romã. Segundo Caliskan e Bayazit (2012), os arilos podem ser consumidos frescos, como também, utilizados em preparações de sucos, vinho (Figura 3), bebidas enlatadas, geléias (Figura 4), compotas, aromatizantes e corantes para bebidas, portanto, a romã é um alimento com um potencial para ser adicionado em produtos de panificação obtendo assim uma otimização das características nutricionais do produto. Vale frisar que os sucos são amplamente comercializados nos EUA e tradicionalmente consumidos em muitos países.

Figura 3. Vinho seco de romã obtido da variedade Wonderful. O vinho permaneceu em barricadas de carvalho francês durante 14 meses. Uma garrafa de 750 ml é estritamente kosher com 14,6% de álcool por volume (fabricado no estilo “Cahor” e envelhecido no estilo “Fort” durante 14 meses em barricas de carvalho francês, Bustan 2014). Fotos: PR (A); Foto Facebook (B); Rimon ILS 81,20 ILS.


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Figura 4. Preparação de geléias, inicialmente produzidas no ambiente familiar e têm um grande futuro nos mercados.

As sementes são subprodutos da indústria de romã e podem representar até cerca de 20% do peso total do fruto e são compostas de fibras e lipídios. As sementes desidratadas já são fabricadas na Espanha e constituem uma opção interessante pelas suas possibilidades culinárias e facilidade de conservação. Enquanto os óleos das sementes de romã são boas fontes de ácidos graxos poliinsaturado, especialmente ácido linoléico e ácido púnico e tocoferóis. O óleo da semente se destaca pelo seu potencial benéfico à saúde humana (FERNANDES et al., 2015). A romã possui um relevante valor nutricional. Cerca de 100 g de arilos fornece 72 kcal de energia, 1,0 g de proteína, 16,6 g de carboidrato, 1 mg de sódio, 379 mg de potássio, 13 mg de cálcio, 12 mg de magnésio, 0,7 mg de ferro, 0,17 mg de cobre, 0,3 mg de niacina e 7 mg de vitamina C (SILVA et al., 2013). A produção comercial de arilos em bandeja é incipiente, mas com grande futuro (Figura 5).


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Figura 5. Arilos embalados em bandeja de plástico.

O fruto é considerado uma importante fonte de compostos bioativos, sendo rico em polifenóis, incluindo elagitaninos, galotaninos, ácido elágico, ácido gálico, catequinas, antocianinas, ácido ferúlico e quercetinas (CALISKAN; BAYAZIT, 2012), substâncias que podem auxiliar na prevenção de doenças crônicas. Sua inclusão em produtos de panificação que estão presentes na alimentação diária da maioria da população, pode facilitar a inserção destes componentes na dieta, tornando-a mais saudável. No processamento industrial da romã é gerado grande volume de resíduos, os quais têm uma ampla gama de componentes funcionais. Portanto, nos últimos anos, uma atenção tem sido focada nos subprodutos industriais da romã por possuir um elevado potencial antioxidante e propriedades antifúngicas (TEHRANIFAR et al., 2011). Devido a estas propriedades, os resíduos têm sido usados pela indústria de cosméticos, como também pela de alimentos (AKHTAR et al., 2015). Com os resíduos de romã podem ser produzidos uma grande variedade de extratos usados como cosméticos (Figura 6), suplementos alimentares, suplementos dietéticos e nutracêuticos.


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Figura 6. Produtos cosméticos obtidos de extratos da romã.

As propriedades funcionais não estão limitadas apenas a parte comestível do fruto. A parte não comestível, ou seja, frações de fruta ou árvore (cascas, sementes, flores, brotos e folhas), embora consideradas como resíduos, contém uma quantidade maior de compostos bioativos (AKHTAR et al., 2015). Salgado et al. (2012) ao analisarem as diferentes porções da fruta verificaram que a casca de romã se destaca quanto a atividade antioxidante e a quantidade de compostos fenólicos e na polpa do fruto, demonstrando seu potencial a ser explorado como ingrediente funcional. Isto explica porque sucos comerciais fabricados por meio de um processo em que as frutas inteiras são pressionadas contêm níveis abundantes de compostos bioativos, ao passo que sucos preparados somente com a polpa possuem concentrações mínimas (QU et al., 2012). Recentemente, estudos têm mostrado atividade citotóxica de extratos de diferentes partes de Punica granatum em uma série de subtipos de células tumorais (JEUNE et al., 2005), o suco do fruto pode inibir a proliferação e reduzir a invasão tumoral (TOI et al., 2003), e a casca tem efeito em células de câncer de mama humano (DIKMEN et al., 2011),


C a p í t u l o I | 20 obesidade associada com hipercolesterolemia de doenças inflamatórias (NEYRINCK et al., 2012) e sob ação preventiva na doença de Alzheimer (MORZELLE, 2012). A integração do suco de romã como ingredientes inovadores no desenvolvimento de novos produtos é uma das principais alavancas do mercado. Assim, a romã é uma fruta benéfica para a saúde e pode ser utilizada pelas indústrias alimentícias para melhorar a qualidade nutricional de alimentos, bebidas ou na formulação de suplementos alimentares. Por esse motivo, acredita-se que o suco de romã tem um lugar de destaque entre os sucos preferenciais à base de frutas. O desafio de tal concepção é ter sucesso no desenvolvimento de uma gama de bebidas à base de romã que, proporcionando um benefício de produto inédito e atraente, possa mudar as preferências de bebidas à base de frutas e surpreender os consumidores. ORIGEM E HISTÓRIA Origem. A romã (Punica granatum L.) é uma árvore frutífera nativa do Irã (Pérsia) e de seus arredores (Ásia Menor, Transcaucásia, Irã e Turcomenistão). Com o tempo, seu cultivo se expandiu para países tão distantes como Índia, China, Paquistão e Emirados Árabes Unidos, adaptando-se muito bem às condições climáticas do Norte da África (SUDZUKI, 1988). Vale destacar que a romãzeira é uma árvore frutífera cujo cultivo é conhecido desde a antiguidade, é uma das árvores frutíferas bíblicas, como a videira, a oliveira ou a palmeira (também mencionada no Alcorão). O cientista russo Vavilov coloca sua origem no Centro IV (Figura 7), Centro do Oriente Médio, que inclui o interior da Ásia Menor, Transcaucásia, Irã e as terras altas do Turcomenistão, centro ao qual outras árvores frutíferas como figueira, macieira, pera, cereja, amêndoa, avelã, castanha, etc., entre outras espécies vegetais (SÁNCHEZ-MONGE, 1974). O seu cultivo espalhou-se desta zona para o resto dos países da zona mediterrânica, Índia e China. Ou seja, disseminouse para diferentes áreas onde é cultivada e onde existe grande diversidade genética devido à sua propagação por sementes, que germinam com muita facilidade ou são disseminadas por aves e outros animais. Os espanhóis o levaram para a América, e aqui está adquirindo grande importância, principalmente nos últimos 25 anos, com crescimento contínuo da área cultivada.


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Figura 7. Centro de origem e diversidade das plantas cultivadas, segundo Valilov. Fonte; Sánchez-Monge (1974).

A grande diversidade que a espécie apresenta é evidente pelo grande número de variedades descritas nos diferentes países do Oriente, da zona mediterrânica e do Ocidente. Devido à sua grande resistência à seca e às características de seus frutos, seu cultivo posteriormente se expandiu para outras regiões do Mediterrâneo. Veio para a Espanha com a ocupação dos Mouras na maior parte do território da península Ibérica. Foi trazido para a América durante a conquista pelos missionários espanhóis, de onde seu cultivo se estendeu para os vales da Califórnia e com o passar do tempo para a América do Sul. Atualmente é cultivado comercialmente na Espanha, Marrocos, Egito, Israel, Irã, Afeganistão, Arábia, Paquistão, Índia, Arábia Saudita, Estados Unidos (Califórnia), Argentina, Chile, Peru e China (LLERENA HUARACHA, 2017). História. A planta de romã é nativa da região que vai do Irã até o norte do Himalaia, na Índia, e foi cultivada e naturalizada em toda a região do Mediterrâneo, incluindo a Armênia, desde os tempos antigos. Muito apreciada nas zonas desérticas, pois a fruta é protegida do ressecamento pela sua casca grossa e coriácea, o que permitia às caravanas transportarem os seus frutos a longas distâncias, preservando as suas qualidades apreciadas. Testemunhos de seu consumo são relatados em muitos documentos antigos.


C a p í t u l o I | 22 O cultivo da romã é conhecido há pelo menos 5.000 anos na Ásia Ocidental e no Norte da África. Foi plantado nos jardins suspensos da Babilônia e foi esculpido em baixosrelevos pelos egípcios. Os antigos egípcios preparavam com seu suco um vinho leve com sabor a framboesa. Hipócrates recomendava o suco de romã contra a febre e como fortificante contra as doenças. Os antigos egípcios eram enterrados com as romãs. Os babilônios acreditavam que mastigar seus grãos antes das batalhas os tornava invencíveis. Os romanos conheceram a romã graças aos fenícios que a trouxeram da Fenícia (aproximadamente no atual Líbano) para Roma, daí seu nome científico Punica. A Bíblia faz inúmeras referências a este fruto, e sempre em sua defesa. A romã tem um cálice em forma de coroa. Na tradição judaica, foi o desenho original que inspirou as coroas a serem feitas para os reis (SCHRAM, 2009; Figura 8).

Figura 8. Destaque da coroa (cálice) no fruto da romã. Foto: AGRI nova Scienc.


C a p í t u l o I | 23 São os berberes que trazem a fruta para a Europa, sendo popularmente dito que a cidade de Granada deve o seu nome à fruta. Muitos povos viram a romã como um símbolo de amor, fertilidade e prosperidade: • De acordo com a mitologia grega, a primeira romã foi plantada por Afrodite, a deusa grega do amor e da beleza, enquanto que o deus do submundo, Hades, oferecia seu fruto à bela Perséfone para seduzi-la. • Em Java, está associado a certos rituais que acompanham a gravidez. • De acordo com Shakespeare, Romeu se escondeu sob sua folhagem para fazer uma serenata para Julieta. • Na China, costuma-se oferecer uma romã aos recém-casados como dádiva de uma grande prole (a cor vermelha dessa fruta é considerada pela tradição chinesa uma cor que atrai boa sorte). • No Islã é considerada uma das árvores do Paraíso, de acordo com as referências do Alcorão e as tradições do Profeta Muhammad. • Por possuir grande quantidade de sementes, a romã era considerada na antiguidade como símbolo de fertilidade e fecundidade. Era o atributo de Hera, Deméter e Afrodite. Em Roma, era costume que as noivas usassem um toucado feito de ramos de romã. Tem relevância especial no mito de Perséfone e Hades (CHEVALIER; GHEERBRANT, 1986). • Na Colômbia a fruta da romã está presente no brasão do país e no brasão de Bogotá, sua capital. É importante destacar que a romã faz parte do brasão da cidade de Tacna, no sul do Peru Desde 1492, uma romã faz parte do brasão da Espanha, igualmente como na Colômbia. Eles são os únicos estados do mundo com uma romã em seus emblemas nacionais. Granada, a antiga capital do Reino Nasrid de Granada na Idade Média, é o nome da atual cidade espanhola, assim como de sua província. Seu fruto está incluído no brasão da cidade. Simbologia judaíca: A romã é um dos símbolos do Rosh Hashanah (Ano Novo Judaico). O consumo de romãs nesse feriado é tradicional, pois, com suas inúmeras sementes, simboliza a fertilidade (ISAACS et al., 2008). Da mesma forma, acredita-se que a romã é um dos frutos que mais contém sementes, com cerca de 613 sementes, simbolizando as 613 mitzvot, querendo que se multipliquem como as sementes dessa fruta.


C a p í t u l o I | 24 Simbologia cristã: Seu principal simbolismo de fecundidade e a fecundidade é visto desde o Cristianismo em seu aspecto espiritual, assimilando suas muitas sementes aos inúmeros efeitos das perfeições divinas (CHEVALIER; GHEERBRANT, 1986). O nome punica é o nome romano feminizado de Cártago, uma antiga cidade no norte da Tunísia de onde as melhores romãs classificadas eram enviadas para a Itália. Era conhecida como malum punicum, uma maçã de Cártago, mas Linneaus escolhe o nome atual, com o epíteto específico granatum, que significa decadente ou granulado. Seu nome comum nos Estados Unidos (pomegranate), portanto, significa “maçã com sementes”; ao considerar uma nomenclatura, é interessante notar que o nome da fruta em francês, "granada", forneceu o nome para uma arma por causa de sua semelhança na aparência. Tanto o nome árabe para romã (rumman) quanto o nome hebraico (rimmon) são relatados como originados como “fruto do paraíso”, os quais advêm abundante demonstração de sua apreciação nessas culturas. Em contraste surpreendente, os gregos o consideram como o “fruto dos mortos” e fornecia sustento aos residentes do Hades. Essas duas considerações podem demonstrar a incrível amplitude da base de consumidores potenciais da romã. Os sabores únicos da fruta, com doçura muitas vezes contrabalançada pela acidez, tornam a romã fácil de ser apreciada por muitos que a experimentam. Além de ser usado como fruta fresca ou suco de fruta, o suco de romã também contribui com um caráter distinto para muitos pratos do Oriente Médio, como o fesenjan iraniano.

DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA MUNDIAL Desde 2013, a Índia lidera a produção mundial de romãs e é um dos maiores exportadores de romãs frescas e processadas, com um recorde de produção de 745.000 toneladas naquele ano (GBD NETWORK, n.d.). Atualmente, cerca de 310.000 hectares são cultivados comercialmente em todo o mundo em países como: Irã, Índia, Estados Unidos, Espanha, Egito, Israel, Turquia, Marrocos, China, Argentina e Chile. Como se observa na Figura 9, os maiores produtores de romã no mundo estão no Hemisfério Norte e são: Índia, Egito, Turquia, China, entre outros (THE DAILY RECORDS, 2019).


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Figura 9. Os países produtores de romã. Fonte: Tridge Supplier Partnership Program.

A importância econômica da romãzeira reside principalmente em seus frutos, que apresentam alto valor nutritivo comparável ao de frutas suculentas como damascos, laranjas, maçãs e outros. A produção mundial anual de romãs é estimada em cerca de três milhões de toneladas. Os principais países produtores dessas frutas são Índia, Irã e China com uma produção de 900.000, 800.000 e 250.000 toneladas respectivamente (MELGAREJO; VALERO, 2012). A produção turca em 1997 foi de 56.000 toneladas/ano (GOZLEKCI; KAYNAK, 2000). A Espanha, com 3.000 ha, é o maior produtor de romã da Europa Ocidental, e a produção tem aumentado devido aos altos preços de mercado (COSTA; MELGAREJO, 2000). No Marrocos, a produção é estimada em 76.327 toneladas, para uma área de 8.218 ha. A região de Tadla Azilal é considerada a região com maior produção com 28.800 toneladas produzidas em 1.460 ha (MAPM, 2012). Nos Estados Unidos, existem 5.600 ha de romã comercial, principalmente no Vale de San Joaquin. A cultivar ‘Wonderful’ domina quase completamente, mas há interesse em cultivares anteriores (precoces) e posteriores (tardias) para estender a temporada de comercialização (KOTKIN, 2006). No Brasil, algumas variedades de romã (principalmente Wonderful e Mollar de Elcher) estão sendo cultivadas nos Estados de São Paulo, Bahia, Ceará e Pernambuco, sendo os principais fornecedores da fruta para diferentes regiões do país (GONZÁLEZ et al., 2020).


C a p í t u l o I | 26 O semiárido paraibano, particularmente a Fazenda Tamanduá localizada na cidade de Sousa, liderou a produção de romã orgânica entre os anos de 2009 e 2015, com cerca de 70 ha plantados, atingindo produtividade média de 30 t\ha, com as cultivares Wonderful e Mollar de Elche, orindas dos Estados Unidos e da Espanha, respectivamente. A partir de 2015, a produção diminui consideravelmente devido ao racionamento e à falta de água para os cultivos nas Várzeas de Sousa, em razão das crises hídricas que assolaram o semiárido nordestino (GODOY; ARAÚJO, 2021). A pesar de que a informação sobre a produção de romã a nível internacional não seja muito frequente, mesmo assim se pode constatar claramente um crescimento elevado do consumo nos últimos anos, principalmente na União Europeia, onde se verifica um aumento do conhecimento e da disponibilidade da fruta. Na União Europeia, o consumo pode ser dividido entre usuários tradicionais: principalmente Leste Europeu, França, Espanha e Portugal, além de consumidores étnicos de países árabes. Esses mercados frequentemente compram romãs por quilo e em grandes volumes, tendo preferência por frutas grandes. É por essas razões que o cultivo da romã está desfrutando de um interesse renovado em vários países devido a uma demanda de mercado bastante forte por essa fruta. Além disso, a romã, conhecida há muito tempo no mundo, é considerada um símbolo de beleza e de fertilidade. Existem mais de 500 cultivares de Punica granatum, nativas do Oriente Médio, região mediterrânea, leste da China, Índia, América do Sudoeste, Califórnia e México (LANSKY; NEWMAN, 2007). As cultivares mais conhecidas comercialmente no mundo são 'Roja' e 'Mollar de Elche' na Espanha, 'Hicaznar' na Turquia, 'Manfalouty' no Egito, 'Rosh Hapered' e 'Acco' em Israel, 'Bagua' na Índia, 'Malas Yazdi' no Irã e 'Wonderful', a qual foi desenvolvida nos EUA (CALISKAN; BAYAZIT, 2012). “No futuro, haverá espaço para frutas processadas, além de inteiras frescas. Os consumidores do norte da Europa aprenderão cada vez mais a preparar e apreciar frutas” (SALGADO, 2017).


C a p í t u l o I | 27 BOTÂNICA, MORFOLOGIA E FISIOLÓGICA DA ROMÃ - Aspecto botânico A romãzeira, Punica granatum L., pertence à família Punicaceae, divisão Magnoliophyta, classe Magnoliopsida e ordem Myrtales (HOGSON, 1917), que está representado por um único gênero (Punica L.) (FONT QUER, 1979) e por duas espécies que são: Punica granatum L.: planta cultivada para obtenção de frutos comestíveis (MOHAN KUMAR, 1990); e Punica nana L.: planta de pequeno porte, de uso ornamental e de frutos não comestíveis. Às vezes, esta última espécie é considerada uma variedade de Punica granatum e é chamada de Punica granatum var. Nana L. É nativa da Ásia subtropical e se adaptou à região mediterrânea (SARKHOSH et al., 2006). De acordo com Kolesnikov (1964), citado pelo Pastor Figueroa (2015), a romãzeira é classificada da seguinte maneira (Tabela 1): Tabela 1. Classificação taxonômica da romãzeira (Punica granatum L.). Reino

Plantae

Divisão

Magnoliophyta (Plantas com flores); (Fanerogâmicas)

Subdivisão

Angiospermas

Classe

Magnoliopsida (Dicotiledóneas)

Subclasse

Arquiclamídeas

Ordem

Myrtales

Família

Punicaceae (Lythraceae)

Subfamília

Punicoideae

Gênero

Punica

Espécie

Punica granatum L.

Fonte: Regato, s/d; Moreno e Martinez-Valero (1992).

Além disso, Fernandez Rodriguez (2013) afirma que o gênero Punica inclui duas espécies: Punica protopunica (endêmica da ilha de Socotra (Iêmen) e Punica granatum (MARS, 1998), presumindo-se que a primeira esteja envolvida na origem da romã cultivada devido aos seus frutos comestíveis (Punica granatum L.). Seu primeiro nome científico foi Pomuni granatum, que significa “maçã com sementes” (seeded apple) (MELGAREJO et al., 2000). Punica granatum L. é uma espécie diploide cujo número somático é 2n = 16 e seu número de cromossomos haploides é n = 8 (WESTWOOD, 1982) ou 2n = 16 ou 18 (MARS, 1998). Dependendo do idioma do país, a fruta recebe os


C a p í t u l o I | 28 distintos nomes: pomegranate (inglês); grenadier (francês); granado (espanhol); melograno (italiano); rumman (árabe); romã (português); rimmon (hebraico). - Aspecto Morfológico CARACTERÍSTICA DA PLANTA. A planta da romã inerentemente desenvolve numerosos troncos. Em pomares, as plantas são normalmente podadas para um único tronco, formando um arbusto ou pequena árvore com de 3,6 a 6,0 m de altura na maturidade, caducifólia, mais ou menos espinhosa, muito ramificada. As árvores podem ser preparadas para obtenção de vários troncos em áreas mais frias, para reduzir o risco de perda total da árvore. As folhas pequenas são de cor verde, estreitas e alongadas, com uma superfície lisa e brilhante ligeiramente ondulada, com ramos quadrangulares com 4 alas quando estão jovens, mas quando atingem a idade adulta tornam-se redondos de cor castanho-acinzentado, os ramos têm a forma de espinhos. Os chupões sugam agressivamente a parte área da copa e das raízes. As flores da romã são mais comumente vermelhas a vermelho-laranja e são em forma de acampanada. A copa apresenta um desenvolvimento natural de forma globosa, mas nas plantações comerciais, devido ao manejo agronômico que requer a cultura, principalmente a poda, tem o aspecto de um pequeno arbusto, normalmente com mais de um caule, embora em algumas condições de cultivo são conduzidos com um único tronco, com muitos ramos espinhosos e de vida longa (Figura 10).

Figura 10. Punica granatum. (A) Hábito da planta; (B) Haste com flor; (C). Fruto em desenvolvimento; (D). Fruta em fase de maturação (E) para revelar os arilos no fruto cortado (F) sementes com arilo. Fonte: Rana et al. (2010), com a gentil permissão da Global Science Books, Ikenobe, Japão.


C a p í t u l o I | 29 Em termos de biologia floral, a romãzeira é uma espécie monóica que desenvolve, na mesma árvore, flores hermafroditas férteis em forma de "vaso", e flores masculinas estéreis de estilete muito curto e ovários atrofiados (em forma de sino) (MELGAREJO; SALAZAR, 2003). O fruto da romã tem uma casca coriácea, que envolve muitas sementes rodeadas por arilos suculentos, que constituem a porção comestível do fruto. De acordo com a cultivar, os arilos variam de vermelho profundo a praticamente incolor, enquanto a semente fechada varia em conteúdo de tecido esclerênquima, o que afeta a maciez da semente. O número de lóculos e arilos (e sementes incluídas) é bastante variado. A fruta tem um cálice proeminente, que é mantido até a maturidade e é uma característica distintiva da fruta da romã. A casca é composta por duas partes: o pericarpo, que fornece uma camada de cutícula e uma cobertura fibrosa; e o mesocarpo (também conhecido como albedo), que é o tecido esponjoso e a parede interna da fruta onde os arilos se fixam. As membranas septais são o tecido membranoso que compartimentaliza ainda mais grupos de arilos, mas os arilos não se fixam a esse tecido (Figura 11). Atualmente, a romã é cultivada na maioria das áreas de clima quente, pois necessita de altas temperaturas durante todo o período de frutificação (MELGAREJO, 1993).

Figura 11 Estrutura básica de uma romã, mostrando a fruta inteira (a) e uma seção transversal da fruta (b). Fotos: L. O'grady (2012) Andrew Ledford.


C a p í t u l o I | 30 SISTEMA RADICULAR. O sistema radicular é pivotante, embora sem uma raiz principal de importância, por isso geralmente se desenvolve horizontalmente, resultado da multiplicação dessa frutífera por estacas e não por sementes. É dotado de numerosas raízes altamente ramificadas (BOTTI et al., 2002; Figura 12). As raízes têm grande capacidade de exploração do solo (FRANCK, 2009) e também tem um grande poder de absorção em ambientes salinos, o que permite que esta árvore frutífera se desenvolva neste tipo de solo (MELGAREJO, 1993).

Figura 12. Raiz de romã da variedade Wonderful. Fotos: Alma Iris de Jesús Joaquín (2018).

As raízes caracterizam-se por serem nodosas consistentes (com muitos nós) e com casca avermelhada, contendo alto teor de alcaloides, sendo o mais importante a punicina ou peletierina, que é um alcaloide com características vermífugas (BOTTI et al., 2002). TALO E RAMOS. O caule tem uma tendência basítona (vários caules na base), o que significa que o crescimento vegetativo se concentra na base da planta, razão pela qual tende a possui vários troncos, os quais emitem chupões eretos e improdutivos, sendo aconselhável eliminar os rebentos de raiz na poda de inverno (MELGAREJO, 1993; Figura 13). Alcança uma altura variável de 3,0 a 5 metros. Os raminhos jovens são mais ou menos quadrangulares ou estreitos e de quatro alas, tornando-se posteriormente redondos com casca de cor castanho-acinzentada. Sua casca com formas escamosas e de madeira dura contendo ramos retorcidos e ligeiramente espinhosos. Ou seja, é um caule


C a p í t u l o I | 31 redondo e ramificado com ramos alternados e espinhosos no ápice. A maioria dos ramos, mas especialmente os pequenos raminhos axilares, tem a forma de espinho ou termina em espinho pontiagudo. Os espinhos são mais abundantes nas variedades silvestres e em algumas das variedades cultivadas com características mais rústicas (FRANK, et al, 2009).

Figura 13. Talos jovens e adulto da romãzeira. Fontes: Cuyamaca.

Na romãzeira, encontram-se ramos vegetativos, chupões e ramos mistos. Os ramos mistos podem ser divididos sucessivamente em: a - Ramos mistos curtos. Têm um comprimento entre 0,5 cm a 10 cm, e no seu entorno carregam um botão de flor: dão origem a um cacho de flores (na verdade é um ramo misto, pois tem pequenas folhas que pode perder), e neles não são visíveis a olho nu as gemas axilares (MELGAREJO, 1993). b - Ramos mistos longos. Podem ultrapassar os 10 cm de comprimento. Eles contêm aglomerados de flores e frequentemente apresentam ramos antecipados ou os que se formam antes do tempo previsto (MELGAREJO, 1993). c - Rosetas de folhas. Normalmente não ultrapassam 0,5 cm de comprimento, trata-se de um ramo com entrenós muito curtos que costuma apresentar três pares de folhas. Sobre essas formações curtas também pode ocorrer floração (MELGAREJO, 1993). A romãzeira deve ser manejada para ser transformada em caule único e não múltiplo (é indesejável para a produção econômica), pois a mesma naturalmente tende a produzir


C a p í t u l o I | 32 muitos chupões a partir da base. Se um sistema de haste única for desejado, uma haste vigorosa (ou chupão) é selecionada e os ramos crescem a partir dela. Os chupões basais devem ser removidas regularmente, porque eles tiram a energia da planta e reduzem o rendimento e a qualidade. Nesta haste principal, 3-5 ramificações principais podem crescer cerca de 60-80 cm do nível do solo (Figura 14).

Figure 14. Remoção os chupões da base da árvore, sendo que a poda apical do caule permite a emissão de ramificações principais. Fotos: Kahramanoğlu et al. (2016).

Devido à sensibilidade das romãzeiras aos danos causados pela geada, os agricultores podem escolher o sistema de caules múltiplos em condições climáticas onde é possível a ocorrência de danos causados pela geada. Isso é por causa de danos causados pelo frio intenso, geralmente metade dos troncos são danificados e o restante permanece intacto. Assim, novas hastes podem ser preparadas a partir de chupões em 2-3 anos. Nesse caso, para o sistema de haste única, todo o pomar poderia ser perdido. Para ambos os sistemas, a amarração das hastes (entre si no sistema de haste múltipla e há um suporte no sistema de haste única) é necessária um suporte nos primeiros 2-3 anos. Em seguida, as hastes tornam-se rígidas o suficiente para sustentar o dossel e os frutos produzidos. As árvores de romã requerem podas a cada inverno para garantir o número adequado de esporas para a produção de frutos. Ramos do caule principal ou caules precisam ser podados de 40 a 50 cm. Isso é, portanto, de suma importância para garantir que as árvores carreguem frutos. Os frutos nascem em ramos curtos que são chamados de


C a p í t u l o I | 33 esporas. As esporas mais velhas perdem a capacidade de dar frutos e precisam ser removidas. É desejável estimular um novo crescimento em madeira de 1 a 3 anos. As esporas curtas em madeira de 2 anos (às vezes 3 anos) produzem flores. A poda leve e anual estimula o crescimento de novos esporões de frutos (Figura 15). No entanto, a poda pesada reduz os rendimentos onde a poda errada e pesada pode resultar em nenhum rendimento. Portanto, a poda deve ser realizada para deixar um número adequado de madeira frutífera na árvore. A remoção de cruzamentos ou ramos interferentes é necessária. Além disso, o desbaste de galhos sobrecarregados de flores ajuda a produzir frutos maiores com menos ou sem danos causados pelo vento.

Figura 15. Visão geral da árvore de romã jovem com tutor para mostrar o sistema de poda de haste única. Foto: Kahramanoğlu et al. (2016).

Deste modo, a poda deve ser realizada durante os meses de inverno após o tempo frio, mas antes da brotação. Ao mesmo tempo, a poda precisa ser continuada regularmente, removendo os chupões da base e encurtando os galhos de 40 a 50 cm. A poda deve ser direcionada para garantir a árvore em forma de vaso com galhos suficientes para ter rendimento e sustentar a árvore. Outro objetivo deve ser não impedir o fluxo de ar e a penetração da luz solar no dossel. Às vezes, especialmente durante os primeiros 3-4 anos, os galhos podem precisar de suporte para garantir que os frutos não toquem no solo do pomar. As árvores devem ser


C a p í t u l o I | 34 mantidas a uma altura não superior a 3 m para minimizar o trabalho de colheita. A poda excessiva pode resultar em mais danos causados pelo sol nos frutos. As árvores devem ter um número adequado de galhos e folhas para proteger os frutos das queimaduras solares. FOLHAS. As folhas são opostas ou subopostas, solitárias ou algumas verticiladas (três ou mais folhas por nó; Figura 16), glabras, caducas, sem estípulas e com pecíolo curto, apresentando-se 2-3 folhas por nó. Às vezes e em algumas variedades com mais frequência do que em outras, além de duas folhas opostas por nó, podem-se encontrar, na mesma árvore, ramos com três folhas por nó dispostos a 120º e até mesmo ramos com 4 folhas por nó. As mesmas estão inseridas em ramos vegetativos e mistos. Quando jovens, as folhas têm uma cor avermelhada, e quando adultas adquirem uma cor verde brilhante, mas o pecíolo mantém a mesma tonalidade avermelhada inicial. A sua face superior (adaxial) apresenta uma cor verde mais escura do que a inferior (abaxial). Essas folhas inteiras, lanceoladas, bastante coriáceas e brilhantes, possuem uma lâmina elíptica alongada, de 3 a 9 cm de comprimento e entre 1 a 3 cm de largura (Figura 17). Ou seja, na mesma árvore existe uma grande heterogeneidade no comprimento das folhas (MELGAREJO, 1993). Possuem um pecíolo curto coriáceo, de 1 a 5 mm de comprimento, geralmente avermelhado na parte superior, mas não têm estípula (GODET, 1991).

Figura 16. Folhas de romã: a: folhas agrupadas ou em turfos; b: folhas opostas. Fotos: ALIM Ouiza e L’KRET Amel (2020).


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Figura 17. Folhas lanceoladas da romãzeira. Fonte: Mercado Livre.

Com relação a sua forma, existem diferenças entre as diferentes variedades (as da variedade Wonderful são estreitas e acuminadas nos ápices (oblongas), enquanto as da variedade Mollar de Elche são mais largas e arredondadas (ovaladas). Nas regiões subtropicais, a planta é caducifólia, e nas tropicais, as folhas podem persistir na árvore. GEMAS. A romãzeira possui três tipos de gemas: vegetativas, mistas e terminais. As gemas mistas dão origem a flores apicais, flores apicais e laterais, floração sobre antecipadas. Por outro lado, as gemas terminais dão origem a espinhos e flores (FRANCK, 2009; https://es.slideshare.net/cultivo-del-granado, 2014). FLORES. As flores medem de 3-4 cm de diâmetro, são solitárias, mais raramente forma um par ou ternadas (três por nó) com pedicelo de até 3 mm, desenvolvendo ao frutificar. O cálice tem 2-4 cm por 1,5-2 cm, em forma de sino ou acampanada, coriáceo, ceroso, tubular, espesso, persistente, granada, glabro, brilhante e segmentos triangulares soldados, valvados em pré-floração, persistentes no fruto e em números variáveis de cinco a oito (Figura 18). A corola é composta por pétalas, de 2 a 2,5 cm por 1 a 1,5 cm, são obovadas ou lanceoladas, onduladas, caducas, de cor vermelha intensa (exceções rosadas); e que são iguais em número às sépalas. Possuem de 5 a 8 pétalas e sépalas,


C a p í t u l o I | 36 ambas de cores vermelhas e alternas (FRANCK, 2009; Figura 19). São flores hermafroditas com mais de 300 estames, agrupados em vários andares inseridos no cálice, com filetes avermelhados e anteras amarelas (Figura 20). O androceu tem estames de filetes longos e avermelhados com anteras amarelas. O gineceu possui ovário ínfero (fruto sincárpico), esférico, inserido em receptáculo e totalmente soldado ao hipanto, com estilete filiforme e estigma capitado. O ovário de cor rosa é composto por 8 carpelos. As flores podem ser hermafroditas, onde o estigma está sobre os estames; ou masculinas, de estilete curto.

Figura 18. Flores e frutos da romã (Punica granatum). Fonte: Flora Von Deutschland; Schweiz (1885).


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Figura 19. Flor de romã, destacando o cálice (conjunto de sépalas) e a corola (conjunto de pétalas). Fotos: deerlymissed.smugmug.com e Sofia Isabel Lourenço Guisado (2018).

Figura 20. Diagrama de uma flor de romã, destacando a sépala, estames (stamens), pistilo e ovário com óvulos. Fotos: 1.http: //en. wikipedia. org/wiki/File: Illustration_Puni ca_granatum 2. jpg http: //waynesword. palomar. edu/ecoph 20. Htm; Fonte: David Webb.


C a p í t u l o I | 38 FLORAÇÃO. A floração é a etapa de abertura da flor, que ocorre quando um botão floral completa seu estágio de maturação. Na romãzeira, os botões florais aparecem junto com o brotamento das gemas. Esses botões florais e /ou as futuras flores se apresentam na forma de ramalhetes que podem ser compostos por uma flor até 5 flores por ponto de crescimento, podendo ser compostos por flores femininas e masculinas (HIDALGO, 1993). Durante o estágio inicial de botão floral, a flor se assemelha a uma pequena pêra com uma cor esverdeada em sua parte basal e cor avermelhada em seu ápice ou vermelho totalmente escuro (Figura 21). À medida que a flor amadurece, desenvolve-se na sépala uma cor de vermelho alaranjado a vermelho profundo, que varia entre as diferentes variedades. As pétalas são vermelho-alaranjadas ou rosadas e raramente brancas (LEVIN, 2006; BABU, 2010).

Figura 21. Estágios de desenvolvimento do botão floral da romã. Estágios 1-5: linha superior; estágios 6-9: linha do meio; estágios 10-12: linha de baixo (da esquerda para a direita). Foto: Babu (2010)


C a p í t u l o I | 39 É importante frisar que a floração da romãzeira é muito estendida. Vários eventos de floração podem apresentar durante uma temporada ou estação. Em geral, as flores do primeiro evento de floração são aquelas que darão origem aos frutos de melhor qualidade (tamanho, cor do fruto e arilos e teor de sólidos solúveis), enquanto os frutos das últimas flores não atingem tal padrão de qualidade. Por outro lado, a romã apresenta flores hermafroditas, que darão origem aos frutos; e flores imperfeitas ou masculinas, são aquelas que não dão frutos e caem após alguns dias. Devido à ampla floração da espécie, é comum encontrar ao mesmo tempo na romãzeira, frutos maduros, frutos recémvingados, flores e até botões flores (FRANCK, 2009; Figura 22).

Figura 22. Etapas de botão floral, floração, vingamento e frutificação da romã. Foto: Julija Voitkova.

Nos vales quentes, as árvores podem ter de 2 a 3 florações durante a temporada, cada uma dela capaz de produzir frutos. Os primeiros frutos em vingamento, resultado da fecundação das primeiras flores que se abrem na estação, são os que atingem o maior diâmetro. Ou seja, os melhores frutos são obtidos nas primeiras flores, provavelmente porque se desenvolvem em condições ambientais mais favoráveis (EVREINOFF, 1953). A floração e os frutos subsequentes duram cerca de um mês. A floração ocorre durante a primavera, mas pode durar até o final do verão. Durante esse período, há três ondas de fluxo (SHULMAN et al., 1984; EL SESE, 1988; MARS, 2000). As flores muito vistosas aparecem solitárias ou em grupos de 3 a sete, situando-se nos ramos mistos, em posição axilar e/ ou coroando-os e /ou em ramos antecipados. Ou seja,


C a p í t u l o I | 40 a flor se insere no ápice do ramo do ano, em ramos mistos curtos ou longos, e ocasionalmente em ramos de 2 ou 3 anos, separados no tempo, produzindo diferentes épocas de maturação dos frutos (MELGAREJO, 1993). Consequentemente, a floração é escalonada, típica desta frutífera, proporcionando frutos de qualidade inferior à medida que essa floração seja mais tardia. Por essa razão é importante o desbaste para eliminar os frutos jovens de qualidade inferior em benefício dos primeiros. Normalmente existem dois períodos de floração, o primeiro que começa em meados de setembro ou início de outubro dependendo do clima, e o segundo de menor intensidade que começa em meados de dezembro (MELGAREJO, 1993). O período normal de floração de várias cultivares de romã geralmente ocorre entre março-abril e junho-agosto na Europa (Figura 23). Dura até 10-12 semanas e até mais dependendo das variedades e condições geográficas (BEN-ARIE et al., 1984).

Figura 23. Árvores de romã no primeiro fluxo de floração deverão produzir os grandes frutos (ramos inferiores são carregadores de frutos), dependendo da poda de chupões e de raleio de flores e frutos da parte superior (ramos superiores são apenas sombreadores) (Albatera, Alicante, España). Foto: m.wikipedia.org/wiki/Punica_ granatum.


C a p í t u l o I | 41 Para as condições da região de San Camilo (Peru), existem dois pontos de floração fortes (fluxos) da romãzeira: uma floração junto com brotamento no final de julho e outra no início de setembro. Essa floração ocorre progressivamente durante a maior parte do ciclo vegetativo da planta, sendo as primeiras flores as que dão origem a frutos de melhor qualidade e as últimas (tardias) chegam na época da colheita. As flores que dão origem aos frutos são todas aquelas flores femininas e as que não dão origem aos frutos são as masculinas que caem com o tempo (RODRÍGUEZ; RUESTAS, 1992). Ou seja, os frutos produzidos em florações tardias não alcançam desenvolver boa cor e tamanho. Os principais requisitos que os frutos de uma boa variedade de romãs devem apresentar, entre outras características, são: frutos de tamanho médio a grande; casca rosada ou vermelho brilhante, delgada e resistente ao transporte; sementes abundantes, pequenas em relação ao arilo, tenras e facilmente comestíveis; suco abundante com boa cor, pouco ácido (RAZETO, 2006). É importante também destacar que o suco proveniente de frutas maduras tem de 10 a 15% de açúcar; 1,5 a 2,5% de ácido e cerca de 1,5% de proteínas. BIOLOGIA FLORAL. As flores da romãzeira são de pedúnculo curto ou subsésseis. Em termos de biologia floral, a romã é uma espécie monóica que desenvolve, na mesma árvore, três tipos de flores, tais como: estaminadas (masculinas estéreis ou imcompletas), intermediárias e hermafroditas (Figura 24), as quais ocorrem cerca de 1 mês após a brotação em esporões de ramos recém-desenvolvidos do mesmo ano, principalmente em esporões ou ramos curtos (BABU et al., 2009b). A flor hermafrodita é urceolato (semelhante a um vaso) com um ovário largo e bem desenvolvido. A flor masculina em forma de acampanada (sino) de estilete muito curto e um ovário atrofiado ou rudimentar (MELGAREJO; SALAZAR, 2003). As flores denominadas masculinas ou incompletas são, na verdade, flores hermafroditas nas quais o pistilo não é funcional, embora o pólen produzido o seja (MELGAREJO, 1993). As flores intermediárias exibem vários graus de degeneração do ovário. Os frutos que surgem dessas flores caem cedo ou são malformados na maturidade (NATH; RANDHAWA, 1959). A heterostilia (presença de estiletes de tamanhos diferentes em uma flor) é comum em flores de romã. As flores perfeitas (hermafroditas) de estilete longo são maiores, têm ovários maiores e desenvolvem mais frutos do que os tipos de estilete curto (masculinas), que são funcionalmente intermediárias ou apenas masculinas. A proporção desses dois tipos de flores varia entre as cultivares e de ano para ano (MARTÍNEZ et al., 2000). No caso das flores intermediárias, ocasionalmente elas têm estiletes que podem ser iguais ao


C a p í t u l o I | 42 comprimento das flores perfeitas (hermafroditas) ou tão curtas quanto às caracterizadas por apresentarem estilete curto (masculinas). Essas flores com estiletes longos, ocasionalmente, tornam-se férteis, mas raramente geram frutos maduros; quando geram, são malformados e defeituosos. Por outro lado, as flores de estilete curto nunca são fecundadas e logo são abortadas. As pétalas das flores intermediárias são de coloração rosa maçante e pálida, e o polén é defeituoso (HODGSON, 1971). As flores de estiletes longos costumam se desenvolver em ramos velhos, enquanto as flores de estilete curto se desenvolvem nos ramos novos; a proporção de cada um é influenciada por muitos fatores.

Figura 24. Tipos de flores mostrando pétalas, estames, pistilo e sépalas. Flor masculina com pistilo rudimentar e forma de sino; flor intermediária com pistilo médio e forma tubular; flor bissexual (hermafrodita) com pistilo longo e forma de vaso. Fotos: Babu (2010).

Já Kolesnikov (1964), citado por Pastor Figueroa (2015), dividiu as flores de romã de acordo com a forma do estilete e de florescer em dois tipos: flores de forma acampanada, com estilete insuficientemente desenvolvido e sem a formação de ovários, que são chamadas de imperfeitas (todos elas caem), enquanto as flores asciformes (em forma de garrafa), de estilete longo com muitos estames e que, em sua maior parte, vingam, são chamadas perfeitas (Figura 25).


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Figura 25. Flor de romã hermafrodita (flor que produz fruto) e flor masculina (flor que não produz fruto). Fotos: A. Sarkhosh, UF/IFAS.

Flores masculinas e hermafroditas. As flores masculinas ou estaminadas apresentam diferenças morfológicas em relação às hermafroditas. De acordo com Wetzstein et al. (2011), estes são: As plantas de romã produzem flores grandes e vistosas, que na cultivar "Wonderful", são

de uma cor laranja avermelhada brilhante (Figura 26A). As flores são quase sésseis e nascem isoladamente (Figura 26B) ou em grupos (Figura 26C) de uma flor comumente terminal subtendida por duas a quatro flores laterais. O cálice é vermelho, espesso, coriáceo, fundido na base e geralmente pentâmero, embora raramente tetrâmero. Na porção distal dos botões florais não abertos (Figuras 26A e 26C), os recortes são evidentes mostrando a região onde o cálice se separará e formará lobos triangulares acuminados (Figura 26B), que persistirão e formarão a coroa do fruto maduro. As cinco pétalas antesépalas normalmente são ovaladas, delicadas, ligeiramente encrestadas e podem mostrar riscas de pigmentação mais escura. O ovário é ínfero e os numerosos estames são compostos de anteras amarelas presas a longos filetes vermelhos, que são inseridos na superfície interna do tubo do cálice (Figura 26D-E). Anteras circundam um estilete alongado, que na base se alarga em um estiletepódio de forma cônica (Figura 26D). Quando as flores são cortadas longitudinalmente, os dois tipos de flores são facilmente


C a p í t u l o I | 44 discerníveis com base nas diferenças no desenvolvimento do pistilo. As flores bissexuais (Figura 26D) possuem um pistilo bem desenvolvido com um estilete alongado que se estende na altura das anteras ou acima dela. O tálamo ou receptáculo engrossado, junto ao pedúnculo de inserção com o ramo, adquirindo a forma de garrafa. As flores têm um ovário em forma de U proeminente (Figura 26D) contendo vários óvulos elípticos (Figura 26F). Em contraste, as flores masculinas (Figura 26E) têm um estilete que é mais curto do que a altura das anteras e um ovário com uma configuração mais em forma de V. O tálamo não é espessado próximo ao pedúnculo, apresentando forma campanulácea. Os óvulos são rudimentares, muito menores em tamanho e têm uma superfície irregular (Figura 26G) em comparação com a aparência arredondada, de cor creme e brilhante dos óvulos em flores bissexuais (Figura 26F).

Figura 26. Flores de romã. (A) Flor totalmente aberta mostrando as pétalas laranjavermelhas brilhante e numerosas anteras anexadas a longos filamentos vermelhos. (B) Flor única quase séssil. O cálice coreáceo é fundido na base. (C) Conjunto de flores com uma flor central avançada subtendida por botões florais fechados. (D) Seção longitudinal de uma flor bissexual mostrando anteras com filamentos inseridos na superfície interna do tubo do cálice. (E) Seção longitudinal de uma flor funcionalmente masculina mostrando estames bem desenvolvidos, mas um pistilo subdesenvolvido. (F) Detalhes de óvulos bem formados de uma flor hermafrodita. (G) Óvulos subdesenvolvidos de uma


C a p í t u l o I | 45 flor funcionalmente masculina. Barras de escala: D – E = 5,0 mm, F – G = 500 µm. Fotos: Hazel Y. Wetzstein et al. (2011).

Percentagens de flores HERMAFRODITAS x MASCULINAS. A percentagem de flores masculinas é, em geral, muito importante (mais de 60-70%) dependendo das variedades e da época. Os tipos masculinos caem e raramente frutificam deixando o tipo hermafrodita para produzir a maior parte da safra. Uma correlação positiva foi encontrada entre a capacidade de suporte e a porcentagem de flores perfeitas (EL SESE, 1988; CHAUDHARI; DESAI, 1993). Em algumas situações predominam flores perfeitas no início da estação, seguidas pelo desenvolvimento de flores infrutíferas. Quase todas as flores normais são produzidas entre o início da floração e o final da plena floração (SHULMAN et al., 1984; EL SESE, 1988; HUSSEIN, 1994; ABOU-AZIZ et al., 1995). Para outras cultivares e em outras situações, no início da safra, as flores masculinas são predominantes, enquanto mais tarde, as flores são em sua maioria perfeitas. A produção de flores masculinas atinge o pico mais cedo do que para flores normais (EL KASSAS, 1992). A frutificação varia com o período de floração (ondas). É, em geral, alto durante o início da floração, diminuindo gradualmente até a plena floração, depois aumentando novamente. A retenção de frutos (na colheita) aumentou de cerca de 30% durante a floração precoce para cerca de 80% durante a plena floração e/ou floração tardia (EL SESE et al, 1988; HUSSEIN, 1994). Vale compreender que as “flores produzidas 4 a 5 semanas após o início da floração dão a maior frutificação (90%) com a menor rachadura de frutos e a melhor qualidade dos frutos”. FRUTA. Botanicamente, o fruto é uma baga carnuda denominada balausta, cujo interior é dividido por uma membrana amarelada onde cada receptáculo contém numerosas sementes rosadas ou vermelhas de sabor agridoce que lembra um pouco a groselha (MELGAREJO, 1993; Figura 27).


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Figura 27. A fruta da romã (Punica granatum L.) e as suas diferentes partes. Fonte: Sánchez e Barrachina, s/d.

A fruta é esférica (globosa), com casca coriácea, de cor vermelha (cultivar Wonderful; Figura 28) ou amarelo avermelhado (Mollar de Elche) e com 7 a 15 cm de diâmetro, sendo coroada na base pelo cálice, que é persistente (RAZETO, 2006). O ápice desta coroa é quase fechado a bastante aberto, dependendo da variedade e do estágio de maturação. O fruto é conectado à árvore por um pedúndulo curto. Após a frutificação, a cor da pele ou casca das sépalas na fruta em desenvolvimento muda continuamente de laranja avermelhado proeminente para verde. Em estágios posteriores de maturação do fruto, a cor mudará novamente até atingir sua cor característica final à medida que o fruto amadurece. A cor externa varia de amarelo, verde ou rosa com cobertura rosa a vermelho profundo ou índigo a totalmente vermelho, rosa ou roxo profundo, dependendo da variedade e estágio de maturação.


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Figura 28. Detalhe da fruta de romã da cultivar Wonderful, cujo interior é dividido por uma membrana esbranquiçada onde cada receptáculo (ou verticilo) contém numerosas sementes vermelhas.

A fruta é composta por quatros partes onde, a casca divide-se em duas partes sendo o pericarpo, a porção não comestível que fornece uma camada de cutícula e uma cobertura fibrosa e o mesocarpo, também conhecido como albedo, um tecido esponjoso, que compreende a parede interior do fruto onde os arilos se fixam. O endocarpo, parte comestível que contém numerosas sementes, com testa angular carnuda, 1,3 cm de comprimento, que formam os arilos que são suculentos, de sabor doce, levemente acidulado e adstringente que se encontram anexados às membranas septais que compartimentam os grupos de arilos (PANDE; AKOH, 2016; MASCI et al., 2016; SILVA et al., 2013; Figura 29).


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Figura 29. Diferentes partes do fruto e da semente de romã. Foto: Balaústa (www.evita.upv.es).

A casca da romã compõe cerca de 50% do peso total do fruto (ELSHERBINY et al., 2016). No entanto a casca do fruto contém quantidade considerável de compostos fenólicos, incluindo os taninos hidrolisáveis como punicalanina, pedunculagin, punicalagina, ácido gálico e ácido elágico. Além de flavonóides como catequina, antocianina e outros complexos flavonóides (ISMAIL et al., 2012). Estes compostos possuem

significativa

atividade

antioxidante,

antibacteriana

e

antifúngica

(ELSHERBINY et al., 2016). A fruta se desenvolve a partir de um ovário ínfero e é caracterizada por apresentar duas séries de carpelos basais que estão situados dentro do receptáculo. Com o desenvolvimento do ovário, os carpelos externos se inclinam e se sobrepõem, resultando na formação de 2 cavidades que ocupam uma posição parietal. No seu interior, as paredes membranosas correspondem à placenta que aloja os arilos, que são formados por uma


C a p í t u l o I | 49 semente dura recoberta por uma polpa suculenta, de cor vermelha intensa, com alto teor de sólidos solúveis e de acidez (SEPÚLVEDA et al., 2000). O fruto requer 5 a 7 meses desde a fecundação até atingir a maturidade (SUDZUKI, 1996). Os frutos que são produzidos das florações tardias não desenvolvem boa cor e tamanho (MELGAREJO, 1993). Um manejo fundamental no cultivo da romã é o desbaste floral, pois se muitas flores são produzidas na mesma posição, então se devem desbastálas, evitando que os frutos fiquem concentrados, deformados e sejam transformados em local ideal para pragas como a cochonilha. Isso também serve para homogeneizar a colheita já que a floração da romã é bastante estendida (MELGAREJO, 1993). Destacam-se que os requisitos que os frutos de uma boa variedade de romãs devem apresentar, entre outras características, são: frutos de tamanho médio a grande; casca rosada ou vermelho-brilhante, fina e resistente ao transporte; sementes abundantes, pequenas em relação ao arilo, tenras e facilmente comestíveis; suco abundante com boa cor, pouco ácido (SEPÚLVEDA et al., 2000). O suco proveniente de frutas maduras tem de 10 a 15% de açúcar, 1,5 a 2,5% de ácido e cerca de 1,5% de proteína. É uma fruta de bom tamanho, entre 270 a 440 g com espessura de casca intermediária, com uma cor que varia de amarelo avermelhado brilhante, ao verde com áreas avermelhadas, amarelo-esverdeadas ou esbranquiçadas e quando maduro raramente é violeta com um sabor muito agradável e intenso com alto teor de sólidos solúveis entre 14 e 18 ºBrix, e ácido equilibrado entre 1,6 e 1,0%, dependendo da variedade (Figura 30).

Figura 30. Estágios de desenvolvimento na romã Hongbaoshi (linha superior) e Shuijingtian (linha inferior). Oito datas de amostragem - 15 de julho, 25 de julho, 4 de agosto, 14 de agosto, 24 de agosto, 3 de setembro, 13 de setembro e 23 de setembro - são designadas como S1, S2, S3, S4, S5, S6, S7 e S8, respectivamente. Foto: Yanming Fang.


C a p í t u l o I | 50 O peso das romãs geralmente varia de acordo com a origem e o cultivo, entre 163 e 216 g. Do ponto de vista botânico, o fruto da romã é constituído por 3 partes: a epiderme (casca), os arilos e as sementes. A proporção da epiderme que é a parte externa do fruto representa 28 a 32% do peso total do fruto, enquanto a taxa de semente varia de 55 a 60% do peso total do fruto (AL-MAIMAN; AHMAD, 2002, OUKABLI et al., 2004). Em outro estudo de cultivares iranianas, o peso do fruto variou entre 197 ge 315 g, a porcentagem em arilos foi entre 38-65% do peso total do fruto, casca (32,28-59,82%), sementes (9,4420,55%) e suco (26,95-46,55 ml /100 g da fruta) (TEHRANIFAR et al., 2010). Além disso, são consideradas outras características, tanto da árvore como do fruto, desejáveis numa boa variedade cultivada: época de floração e frutificação adequada à área de cultivo; baixo número de espinhos nos ramos; alta relação entre a parte comestível e o restante da fruta; sementes grandes; baixo teor de fibra nas sementes (FRANCK et al., 2009). Também são importantes as características: facilidade de colheita do fruto e a diminuição dos danos mecânicos ao fruto pela própria árvore (presença e tipo de espinhos). Quanto à época de floração e frutificação, devem proceder a separação de frutos das variedades de romãs de colheita precoce ou tardia em cada temporada (MELGAREJO, 1993). CARPELOS. O interior do fruto é separado por paredes membranosas (divisórias), formadas por um tecido branco, esponjoso e amargo, que encerram os compartimentos onde se encontram as sementes. As sementes são compostas por um tegumento externo ou arilo, que corresponde à porção suculenta e comestível do fruto, e um tegumento interno ou endopleura, denominado pinhão. Os cotilédones são de consistência dura e se enrolam em forma de espiral (DE PALMA; NOVELLO, 1995; HOGDSON; 1917; MELGAREJO; MARTÍNEZ, 1992; MOHAN KUMAR, 1990; SCORTICHINI, 1990; SUDZUKI, 1988). Considerado um fruto sincárpico, de ovário ínfero, com carpelos dispostos em duas camadas: o verticilo inferior tem até três carpelos com placentação axial das sementes, ou seja, o tecido da placenta do pericarpo está no meio do fruto, enquanto o verticilo superior tem até 5-6 carpelos com placentação parietal, ou seja, os óvulos se desenvolvem a partir do exterior e partes inferiores dos carpelos (Figura 31). A membrana branca que cobre o topo das sementes é o septo que separa os carpelos.


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Figura 31. Fruta de romã cortada ao meio longitudinalmente com diagrama de seções transversais de espirais do carpelo superior e inferior. Observe o cálice e os estames persistentes. Fonte: Diagramas de Watson e Dallwitz (1992).

Esta baga contém muitas sementes contidas em células, separadas por partições finas e membranosas. Todas essas sementes possuem um mesocarpo carnoso e gelatinoso, ligeiramente ácido e doce, representando a parte comestível do fruto (BARTELS, 1998). VINGAMENTO. Quando a flor se abre, o seguinte fenômeno é a fertilização, o que é difícil separá-los no tempo (S’ANDOVAL et al., 2009). A fusão de gametas dá origem ao chamado vingamento de frutos, que nada mais é do que o ovário fecundado (Figura 32). Na romã, esses pequenos frutos são de cor vermelho groselha, tendo neste estado um elevado crescimento nos primeiros dias (MELGAREJO; MARTÍNEZ, 1992).


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Figura 32. Fruto vingando e fruto em desenvolvimento. Foto: Indiamart.

CRESCIMENTO E MATURAÇÃO DOS FRUTOS. Por possuírem dois fortes fluxos de floração, consequentemente o crescimento e maturação dos frutos também se apresentam em duas fases definidas. Esses frutos após o vingamento adquirem uma coloração verde que ocorre quando o fruto tem aproximadamente 40 mm de diâmetro, permanecendo neste estado até obter um tamanho entre 80 e 85 mm, então esse fruto gradativamente começa a ficar vermelho, iniciando sua maturação (TAIPE, 2010). Em condições climáticas favoráveis (temperaturas de verão próximas a 38 °C), o fruto amadurece 5 a 7 meses após a floração (MELGAREJO; MARTÍNEZ, 1992), o que corresponde ao período entre março e junho no Chile (corresponde ao Hemisfério Sul; Figura 33) e seu tamanho será determinado principalmente pelo número de sementes que contém em seu interior, resultado direto da polinização (RAZETO, 2006). Enquanto que os frutos que são produzidos das florações tardias não alcançam desenvolver uma boa coloração (SUDZUKI, 1988) ou tamanho (S’ANDOVAL et al., 2009).


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Figura 33. Estádio fenológico. Fonte: Adaptado del Cultivo del Granado, 2017. Disponível em: http://cultivodelgranado.es\el-granado\estado-fenológico.

ARILO E SEMENTE. O arilo consiste de um material gelatinoso que envolve a semente, que corresponde à porção suculenta e comestível do fruto (Figura 34), e um tegumento interno lignificado ou endopleura, denominado pinhão. Ou seja, a semente apresenta forma dura e angular coberta por uma fina camada ou polpa contendo sucos de cor rosa, vermelha ou branca com sabor adstringente e um pouco ácido. Essas sementes múltiplas, funiculares curtos, tornam-se mais ou menos angulares por compressão recíproca.

Figura 34. Arilos e sementes da romã.


C a p í t u l o I | 54 As sementes, maduras e frescas, têm cerca de 12-15 mm por 5-7 mm, com a camada superficial do episperma (exotesta) de células carnudas comestíveis que se alonga radialmente (Figura 35). Essa, sendo uma porção carnuda comestível da testa, é designada como sarcotesta, embora existam autores que a descrevem como um arilo. A socotesta é uma única camada de células palisadicas de paredes finas, muito longas, colunares e pulposas, com um comprimento de 600 a 1800 µ com facetas hexagonais isodiamétricas. As células da sacotesta são aquosas, translúcidas, angulosas, prismáticas, de uma coloração que vai do branco ao vermelho-granada. Durante a maturação da semente, seu desenvolvimento é muito mais rápido e maior que o desenvolvimento de outras células (PUJARI, RANE, 2015).

Figura 35. Morfologia interna da semente de romã: exotesta (arilo) de células colunares (carnosa e comestível) e endotesta esclerificada (semente) que envolve o embrião. Foto: m.wikipedia.org/wiki/Punica_granatum.

As sementes de romã se desenvolvem a partir de um óvulo anátropo bitegmico (óvulo contendo dois tegumentos). O intergumento externo (testa) é largo, com 5 a 18 camadas de células, enquanto o intergumento interno (tegmen) é estreito e tem apenas de quatro a


C a p í t u l o I | 55 seis camadas de células de coloração castanha amarelada (PUJARI; RANE, 2015). A testa é composta de sacotesta carnuda comestível e mesotesta esclerótica de parede grossa e rígida (Figura 36).

Figura 36. Anatomia de um fruto típico de romã e semente (arilo). Foto: Montefusco et al. (2021).

A mesotesta é composta por camadas de células mesofíticas que se situam abaixo da sacotesta. Essas consitem em inúmeras células esclerenquimáticas que, após a maturação, tornam-se escleróticas. Portanto, essa porção da casca da semente é denominada mesotesta esclerótica ou endotesta (CORRÊA, 1978; BARROSO et al., 1999). Dependendo da cultivar, as sementes podem ser macias ou duras e variar em cores e no conteúdo de suco. Sementes secas de romã apresentam-se de coloração branca e formato irregular (LI et al., 2015). Portanto, o tegumento da semente é constituído por duas partes: a testa, que é externa e espessa, e o tegmen, que é a parte interna, mais delgada, geralmente de coloração amarelada a amarelo-amarronzada. Os dois cotilédones iniciam seu desenvolvimento cerca de 30 a 45 dias a partir da antese, e aos 60 dias estão completamente formados. Durante a maturação, os cotilédones ocupam todo o saco embrionário, são de consistência dura e se enrolam em forma de espiral.


C a p í t u l o I | 56 Ao contrário, a camada interna do referido episperma (endotesta) que, na ausência de endosperma, envolve o embrião (oleaginosa e com cotilédones convolutos) é escleroso cristalífera, um caráter da ordem dos Myrtales. A dispersão dos propágulos é do tipo endozoocoria, pois os "caroços" das sementes, que contêm o embrião, não são digeríveis e se distribuem com as fezes, principalmente das aves. A quantidade de sementes determina a porção comestível da fruta, e a quantidade de fibras na semente, incluindo a sua própria dureza. É a parte aproveitável tanto para consumo in natura como para indústria da fruta. Nesse sentido, as variedades que possuem como característica semente macia são as preferidas, o que as torna mais aceitáveis para consumo in natura (MELGAREJO, 1993). - Aspecto fisiológico Germinação. As propagações por sementes podem produzir frutas não idênticas à plantamãe, apesar de que as sementes germinam entre 45 a 60 dias. Segundo Marin et al. (1987), a sarcotesta, por ser um material gelatinoso que envolve a semente, pode comprometer, ou não sua germinação, tornando-a lenta e desuniforme. Alguns autores confirmam tal comportamento, associando-o à possível presença de substâncias inibidoras da germinação (LANGE, 1962; REYES et al., 1980; SCHMILDT et al., 1993).

POLINIZAÇÃO A romã é autopolinizada e polinizada cruzada por insetos, principalmente abelhas. Relatase que a polinização pelo vento ocorre, mas raramente (MORTON, 1987). Estudos de emasculação e ensacamento em cultivares de romã da Índia, Turcomenistão, Israel e Tunísia indicam que as flores da romã podem se autopolinizar e produzir frutos normais (NALWADI et al., 1973; KARALE et al., 1993; MARS, 2000; LEVIN, 2006). Observouse, no entanto, que o grau de frutificação por autopolinização varia entre as diferentes cultivares de romã (LEVIN, 1978; KUMAR et al., 2004). Em flores hermafroditas, 6% a 20% do pólen podem ser inférteis; nas flores masculinas, 14% a 28% são inférteis. O tamanho e a fertilidade do pólen variam com o cultivo e a estação (MORTON, 1987). A primeira onda de floração proporciona a melhor frutificação (90%) com frutos de boa qualidade e menos suscetíveis a sua rachadura (CHAUDHARI; DESAI, 1993).


C a p í t u l o I | 57 As flores nascem em ramos subterminais, principalmente em ramos laterais curtos com mais de 1 ano (EL-KASSAS et al., 1998), embora algumas cultivares floresçam sobre os rebentos. As flores de romã são heterostílicas. As flores perfeitas (hermafroditas) de estilete longo são maiores, têm ovários maiores e geram mais frutos do que os tipos de pistilo curto, que são intermediários ou apenas funcionalmente masculinos. A proporção desses dois tipos de flores varia de acordo com as variedades e as estações, mas a dominância geralmente vai para as flores masculinas com uma taxa de 60 a 70%. No Vale Central da Califórnia, a romã floresce do início de maio a novembro, com a maior parte da floração de meados de maio ao início de junho. A polinização na Califórnia é influenciada principalmente por insetos ou colibris. A receptividade do estigma dura 2 a 3 dias e diminui rapidamente em flores não polinizadas. Em um ensaio realizado no Chile, observou-se que a polinização com abelhas não aumentou o vingamento ou o tamanho dos frutos (ALFARO; FRANCK, 2009). ESTÁGIOS FENOLÓGICOS DA ROMÃ, CULTIVAR WONDERFUL A fenologia estuda e descreve de maneira integrada os diferentes eventos que ocorrem em uma planta ao longo de uma estação. Esses eventos são a expressão visível da fisiologia biológica das partes da planta e sua interação com o meio ambiente. A partir do momento em que entra na fase de brotação após repouso invernal de aproximadamente 40 dias, assim como: broto inicial, folha, flor, fruto e outros organismos em seu ciclo de vida (MELGAREJO; SALAZAR, 2003). Ou seja, o ciclo anual da romãzeira é constituído pelo repouso vegetativo e posteriormente pelo desenvolvimento da sua atividade vegetativa e reprodutiva (Figura 37). Durante o ciclo vegetativo ocorre a brotação das gemas, o aparecimento dos ramos jovens e das primeiras folhas, o crescimento da árvore e por último a caída das folhas. Por outro lado, o ciclo reprodutivo compreende o início da floração, a floração, a polinização, a fecundação, a frutificação e o desenvolvimento dos frutos (GÁLVEZ; VEGA, 2015). A seguir, as subdivisões dos estádios vegetativos e reprodutivos da romã:


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Figura 37. Romãzeira em completo ciclo reprodutivo (fase de colheita). Foto: Nicolás Franck (2019).

1. Gema de repouso invernal. Caracteriza o estado de repouso invernal da árvore. A gema é totalmente marrom, completamente fechada, muito aderida à madeira da árvore e pontiagudo em sua extremidade distal. 2. Gema inchada. A gema se incha e arredonda, produzindo-se um aumento progressivo de tamanho, vai adquirindo uma cor mais clara. No final desse período, as gemas começam a se separar. Ou seja, a gema fica túrgida e separa-se do ramo na parte apical, podendo distinguir a gema do ramo. Sua duração é de 1 semana, ou de 3 de dias a partir da aplicação da cianamida, até que se transforme em ponta vermelha. A presença de pragas nesta fase é mínima, em geral deve-se proteger a estrutura nua da planta do ataque de algum patógeno.


C a p í t u l o I | 59 3. Ponta vermelha. A gema continua a inchar (máxima turgência) e a abrir-se até apresentar um rebento jovem (ou broto jovem), como uma ponta de lança com a sua extremidade terminal vermelha. 4. Saída das primeiras folhas. As primeiras folhas aparecem, pressionadas (apertadas) umas contra as outras, com uma nervura central verde claro e o resto da folha vermelho brilhante. 5. Separação de folhas. As folhas novas são separadas umas das outras. 6. Crescimento da folha. As folhas crescem em comprimento e largura, mudando de vermelho brilhante para verde claro. Durante esta fase, as pragas que podem atacar são pulgões, tripes. 7. Alongamento de entrenós. É caracterizada pelo alongamento dos internódios e rápido crescimento de ramos. Esta etapa ocorre paralelamente ao desenvolvimento das folhas, nesta fase os ramos são prolongados e novos rebentos surgem como os chupões aéreos basais, os quais devem ser controlados por meio de poda verde para ter uma planta com boa e vigorosa área foliar. 8. Aparecimento de botões florais. Os botões florais aparecem entre as folhas dos ramos. Em princípio, apresentam uma coloração esverdeada, tornando-se avermelhadas após alguns dias e são visíveis às sépalas que estão unidas. Os botões florais normalmente aparecem em números ímpares, dando no mesmo botão (nó) 1, 3, 5 ou 7 flores. 9. Cálice inchado. Os botões florais aumentam de tamanho, assumindo uma forma de pera. É visível a diferença entre flores hermafroditas e estaminadas devido ao formato e tamanho do tálamo. Nesse momento, a flor terminal geralmente cai dos ramos com racimos de flores. 10. Abertura do cálice. As sépalas coriáceas se abrem, revelando no seu interior as pétalas vermelhas dobradas. No final desta fase, as pétalas se abrem e o pistilo é de cor verde claro e as anteras dos estames são de cor amarelo pálido. 11. Flor aberta. O cálice se abre por completo, desdobrando as pétalas que são enrugadas e roxas, além de se destacarem das sépalas. As pétalas são inseridas no ponto de junção de cada duas sépalas, na parte interna, produzindo uma imagem de alternância entre sépalas e pétalas. As anteras dos estames ficam de cor amarelo intenso quando o pólen está maduro e é capaz de fecundar. Durante este período, ocorre a polinização e se fazem


C a p í t u l o I | 60 preventivamente as aplicações de fungicidas contra Alternaria alternata e Botristis cinérea. 12. Caída de pétalas. As pétalas murcham e caem, após ser realizado a fecundação. Posteriormente, ocorre uma mudança de cor do cálice, variando do vermelho ao laranjaavermelhado. Os estames são curvados em sua extremidade livre em direção ao eixo longitudinal da flor, mudando a cor das anteras de amarelo para amarelo acastanhado. A parte terminal do pistilo se torna seca. 13. Vingamento do fruto. O ovário fecundado aumenta de tamanho, produzindo um rápido engrossamento da base do cálice. Os estames se murcham, ficando de cor pardo. A

casca

do

fruto

muda

de

vermelho-alaranjado

para

marrom-esverdeado,

predominantemente marrom. Uma vez que o fruto tenha de 3 a 4 cm de diâmetro, iniciase o desbaste, eliminando os gêmeos, trigêmeos e deformados. 14. Fruta jovem. Observa-se um rápido crescimento da fruta, passando para a cor marrom esverdeada, predominando agora a tonalidade esverdeada. 15. Desenvolvimento de frutas. Nesse estágio, as células já formadas aumentam de volume, produzindo o enchimento dos frutos até o tamanho quase definitivo. As sépalas formam uma coroa, que aumenta de tamanho com o crescimento do fruto e no interior encontram-se os estames secos. O segundo fluxo dos botões produz um rápido crescimento dos ramos das árvores. Pode-se observar que o crescimento do fruto é muito rápido, produzindo o enchimento dos frutos até o tamanho quase definitivo e mantendo o mesmo ritmo de crescimento que o fruto jovem. Enquanto as sépalas formam uma coroa, que aumenta de tamanho com o crescimento do fruto e no interior encontram-se os estames secos, tornando os frutos atraentes. O fruto é de cor verde, na parte interna os arilos se enchem e são branco transparente. 16. Maturação do fruto. Produzem-se uma série de transformações bioquímicas no interior da fruta, obtendo-se as características organolépticas ideais para seu consumo. Entre as transformações internas mais importantes e visualmente apreciáveis estão as mudanças de cor das sementes carnudas de branco para rosado avermelhado ou vermelho. Na parte inicial desta etapa, o Brix pode variar de 11 a 13, portanto é necessário monitorar o seu Brix e acidez para programar a colheita. Externamente, a casca do fruto muda de


C a p í t u l o I | 61 verde para amarelo-esverdeado ou para totalmente vermelho, dependendo também da variedade. 17. Caída de folhas. No outono, produz-se o amarelecimento das folhas que acabam caindo progressivamente, começando deste um novo período invernal. 18. Fruta em maturação. Uma série de transformações bioquímicas ocorre dentro da fruta. Obtenção das características organolépticas ideais para consumo. Entre as transformações internas mais importantes, visualmente apreciáveis, está a mudança de cor das sementes carnudas de branco para rosado vermelho ou vermelho. Mudança de cor da casca para vermelho-vinho ou avermelhado. 19. Colheita. A casca do fruto é totalmente vermelha da romã cultivar Wonderful e o cálice adquire coloração marrom claro (ARCE, 2014). Nas Figuras 38 e 39 estão os diferentes estádios fisiológicos das cultivares Wonderful e Mollar de Elche.

Figura 38. Estádios fenológicos da romãzeira variedade Wonderful: a) Gemas de inverno e repouso vegetativo (A; 45 dias); b) Intumescimento das gemas (01-B); c) Aparecimento das primeiras folhas (10-D); d) Separação das folhas (11-D3); e) Crescimento das folhas (31-D4); f) Aparecimento e início do intumescimento das gemas florais (51-E); g) Intumescimento do cálice (52); h) Cálice inchado (55-E2); i) Alargamento da flor e do cálice (56); j) Pétalas ligeiramente abertas (57); k) Início da abertura das flores (60); l) Flor aberta (61-F); m) Início da queda das pétalas (67-G); n) Frutos vingados. Queda das pétalas (68-H); o) Final da floração (69); p) Vingamento e crescimento do fruto (71-I); q) Maturação de colheita (87) e r) Maturação de consumo (89 dias). Fonte: López e Salazar, s/d.


C a p í t u l o I | 62

Figura 39. Sequência de eventos fenológicos que ocorrem durante o período reprodutivo da romã cultivar Mollar de Elche: (A) emissão de gema reprodutiva; (B, C) alongamento de botão floral com alteração da coloração verde para a arroxeada; (D) alongamento de botão floral de coloração vermelha; (E) início de abertura floral; (F,G) abertura de flor com presença de pétalas; (H) perda de pétalas; (I,J) vingamento do fruto; (K,L,M) enchimento e presença de quinas nos frutos; (N) enchimento e perda de quinas nos frutos; (O,P) alteração na coloração com presença de estrias esverdeadas; (Q) fruto maduro em Narandiba-SP, 2016. Fonte: Erika Tiemi Suzuki (1986).


C a p í t u l o I | 63 Ciclo vegetativo. A longevidade da romã é bastante variável podendo viver até 200 anos, embora em exploração comercial a longevidade esteja diretamente relacionada com a viabilidade econômica do pomar, ou seja, é bastante inferior uma vez que deverá proceder-se ao arranque da plantação antes que se atinja a fase de decadência (caducidade) da plantação. Tal como noutras árvores de fruto com utilização comercial, em termos do ciclo vegetativo anual, pode-se considerar que de uma forma geral na romãzeira existe o repouso invernal e o período de atividade vegetativa. O repouso invernal compreende o período entre a queda das folhas (paragem vegetativa outonal) até o início da atividade vegetativa no fim do inverno. Já o período de atividade vegetativa tem início no fim do inverno, com os primeiros sinais de atividade até à queda das folhas. É nesta fase que se diferenciam os vários órgãos da árvore no que se designa por estádios fenológicos da romã (Figura 40).

Figura 40. Diferentes fases: emergência (plântula), crescimento e desenvolvimento vegetativo e reprodutivo em romãzeira (Punica granatum). Foto: Dreamstime. com.

A duração do ciclo de produção é influenciada principalmente pela temperatura, sendo o início do ciclo a aplicação de cianamida hidrogenada (usada para promover a brotação ou intumescimento da gema) e o final do ciclo constitui a colheita (maturação do fruto). Este ciclo dura aproximadamente 250 dias (TAIPE, 2010; Figura 41). As etapas em dias dos estádios fenológicos da romã são apresentadas na Tabela 2.


C a p í t u l o I | 64

Fonte: Daniel Montes (2017).

Figura 41. Sequência de eventos fenológicos e as datas de sua ocorrência (calendário) para o período reprodutivo da romã. Fotos: Daniel Montes (2017).

Tabela 2. Etapas em dias dos estádios fenológicos da romã, segundo Melgarejo et al., 1996. Fenologia Gema em repouso Gema inchada Ponta vermelha Saída das primeiras folhas Separação das folhas Crescimento das folhas Folhas totalmente desenvolvidas

Duração em dias (média) 45 dias 8 - 12 5-7 5-7 4-5 10 - 14 5-7

Aparecimento dos botões florais

3-5

Cálice inchado Abertura do cálice Flor aberta Caída de pétalas Fruto vingado Fruto jovem Fruto em crescimento Fruto em amadurecimento Fonte: Melgarejo et. al., 1996.

10 - 12 3-4 5-7 2-3 10 - 14 16 - 20 70 - 90 60

Na Tabela 3, estão representados os estádios fenológicos da romã e as datas de sua ocorrência para a cultivar Mollar de Elche. Constata-se um intervalo de tempo bastante alargado em cada um dos estados fenológicos, em consequência do escalonamento da floração, com as implicações que tem ao nível da calendarização das operações culturais.


C a p í t u l o I | 65 Tabela 3. Estádios fenológicos do cultivar Mollar de Elche. ESTÁDIOS FENOLÓGICOS Intumescimento

-Ponta

-Aparecimento

-Aparecimento

-Flor

-Início da

Desenvolvi

-Maturação

da gema

vermel

das 1.ª folhas

das gemas florais

aberta

queda de

mento do

do fruto

ha

-Separação das

-Intumescimento

flores

fruto

folhas

das gemas florais

-Queda das

-Crescimento das

-Alargamento da

pétalas\

folhas

flor e do cálice

vingamento

-Alargamento

-Abertura do

dos entrenós

cálice -Início da abertura das flores.

20/01 a 05/03

05/02 a 17/03

09/02 a 20/03

23/03 a 12/07

28/04

30/04 a

20/06 a

20/09 a

a

20/07

20/09

16/10

12/07

Fonte: https://repositorio.ipbeja.pt/bitstream/123456789/696/1/romazeira_alentejo.pdf

A floração tem lugar cerca de 1 mês depois do aparecimento dos botões florais nos ramos recentemente formados do mesmo ano. As flores podem surgir solitárias, em pares ou em cacho. Na grande maioria dos casos as flores solitárias surgem em esporões ao longo dos ramos, enquanto que as flores que surgem em cachos são terminais. No hemisfério norte a floração decorre em abril e maio. A floração e a subsequente frutificação duram aproximadamente um mês, período durante o qual ocorrem três picos de floração. As romãzeiras podem produzir dois tipos de flores: hermafroditas (flores em forma de vaso), e masculinas (flores em forma de sino). A flor em forma de sino tem a parte feminina pouco desenvolvida ou mesmo ausente, sendo infértil e por essa razão é designada por flor masculina. A flor em forma de vaso é fértil, em que o estigma se encontra posicionado de forma a possibilitar a autopolinização assim como a polinização entomófila, principalmente por abelhas. O grau de frutos formados a partir de autopolinização varia entre variedades. O stress hídrico durante a floração pode induzir um aumento do número de flores. É uma prática com interesse, sobretudo para pomares de variedades precoces e com solo maioritariamente arenoso (DANIEL MONTES, 2017).


C a p í t u l o I | 66 MELHORAMENTO Quase todas as cultivares de romã cultivadas em todo o mundo devem suas origens à seleção por pessoas desconhecidas entre árvores de mudas silvestres e/ou mudas voluntárias de árvores cultivadas. Estes foram mantidos por propagação vegetativa e, com o passar do tempo, adquiriram nomes. Alguns programas de melhoramento foram alcançados, recentemente, e algumas seleções podem ser encontradas como resultados desses trabalhos. Keskar et al. (1993) relataram que os esforços de reprodução com romã na Índia começaram em 1905. No entanto, esforços concentrados foram realizados apenas nas últimas duas décadas. Dependendo do estado da cultura e o planejamento usado para as cultivares melhoradas, os principais objetivos relacionados à romãzeira são: (i) Alta produtividade: alto rendimento é desejável. Este critério difere entre as cultivares afetadas pela localização geográfica e manejo do pomar. Algumas novas seleções são mais produtivas do que as cultivares tradicionais (SHI, 1991; LIU et al., 1997).

(ii) Hábito de nanismo: esta é uma árvore de romã desejável, característica de colheita mecânica e fácil em condições particulares de crescimento (LEVIN, 1990).

(iii) Resistência à geada: isto é particularmente importante em zonas com geadas de inverno muito severas como é o caso de Garrygala no Turcomenistão (LEVIN, 1995a). A resistência a geada é uma característica integral dependente de muitos fatores (idade, estado da planta, nível agro-técnico, tempo de ocorrência da temperatura mínima de inverno, etc.). A sensibilidade a geada varia com as cultivares. As cultivares de semente mole são, geralmente, menos resistentes ao frio do que as de semente dura. Algumas seleções resultantes de programas de melhoramento são consideradas resistentes à geada (LEVIN, 1995b).


C a p í t u l o I | 67 Os principais objetivos relacionados às frutas são: i. Boa qualidade do fruto: inclui tamanho e forma do fruto, cor da casca e da semente, suculência, teor de açúcar e acidez, sabor, etc. (TOUS; FERGUSON, 1996). Existe uma grande variabilidade entre cultivares para essas características que podem ser muito influenciadas pelo agroambiente e data de colheita. Não há correlação consistente entre o tamanho do fruto ou a extensão da coloração vermelha da casca e a composição interna do fruto (MARS; MARRAKCHI, 1998b). Parece ser mais promissor visar a produção de variedades de tamanho moderado de frutos que, geralmente, apresentam um teor de suco relativamente alto.

ii. Fruto com semente macia: a maciez ou ausência de sementes é uma característica econômica desejável que melhora as qualidades de consumo dos frutos. Muitas cultivares e formas de romã são bastante heterogêneas para esta qualidade e as cultivares completas de romã sem sementes são restritas a uma estreita região ecológica (LEVIN, 1995b). Observa-se também que a formação de sementes duras pode ser induzida pela polinização cruzada de cultivares de semente mole com cultivares de semente dura. A dureza/maciez da semente é avaliada usando escalas com vários graus de "muito macia" a "muito dura" ou com base no peso e dimensões da semente (aken) (MARS; SAYADI, 1992). Algumas novas seleções apresentam sementes macias em comparação com as variedades antigas (LEVIN, 1990; SHI, 1991).

iii. Resistência ao rachamento dos frutos: é fortemente afetada pelo clima e manejo do pomar, principalmente regime hídrico e programação de irrigação. Algumas

diferenças

são

observadas

entre

as

cultivares

(MARS;

MARRAKCHI, 1998a).

iv. Resistência às brocas dos frutos: a "mariposa da alfarroba" (Ectomyelois ceratoniae Zeller) e a "borboleta anar" (Virachoala isocrates \v. livia Fabricius) são pragas bem conhecidas da romãzeira e podem causar perdas consideráveis de frutos (TOUS; FERGUSON, 1996). Parece que as frutas ácidas são menos danificadas do que as frutas doces.


C a p í t u l o I | 68

v. Boa qualidade pós-colheita: armazenamento e transporte de frutos de romã estão se tornando comuns em muitos países. Manter boa qualidade pós-colheita e resistência ao manuseio dos frutos são características desejáveis. Alguns estudos mostram diferenças intercultivares na vida pós-colheita (AL KAHTANI, 1992).

Seleção clonal. Para fins de melhoramento, trabalhos recentes estão orientados à seleção clonal dentro de material local que é avaliado, principalmente, por importantes características físico-químicas dos frutos (MELGAREJO; MARTÍNEZ, 1992; OZGUVEN, 1996; MARS; MARRAKCHI, 1998a,b). A seleção também é feita em populações locais de romã selvagem, como é o caso na região Oeste de Kopetdag, no Turcomenistão. As formas selvagens apresentam uma ampla variação em muitas características: tamanho do fruto, doçura, tempo de maturação, suculência e proporção de sementes para polpa, etc. (LEVIN, 1995a). A mutação pode ocorrer naturalmente. A nova seleção '87 - Qing 7' foi descoberta numa competição de broto da cultivar 'Qingpitian' em 1987 (LIU et al., 1997). É precoce, produtiva, altamente adaptável e produz frutos amarelos grandes, suculentos e muito doces. Seleção de plântulas. As sementes de romã podem ser usadas para propagação e podem ser uma fonte de variação (JALIKOP; SAMPATH KUMAR, 1990; MARS; SAYADI, 1994). Na Índia, foi observado um alto grau de variabilidade para caracteres de frutos na população de plântulas das cultivares 'Alandi' (RAMU et al, 1996). Foi possível identificar três tipos de sementes moles. Uma seleção (RCR 1) foi altamente promissora. Na China, 'Taishan Dahongshiliu' foi descoberto como uma muda casual em 1984 em uma horta nas montanhas Taishan, província de Shandong (SHI, 1991). É muito precoce, de alto rendimento, com frutos grandes, de semente macia e resistente a rachaduras. Hibridação. Algumas tentativas de hibridização são relatadas pelos autores. No entanto, muito poucas variedades são de origem híbrida. Na Estação Experimental do Turcomenistão, foram realizadas hibridizações entre 1986 e 1988 com 53 variedades maternas e 13 genitores polínicos. Híbridos resultantes do cruzamento de formas selecionadas são estudados para caracteres de frutas e árvores (LEVIN, 1990). Cultura de tecidos e indução de mutação. São desenvolvidos métodos para o cultivo in vitro de romã. A embriogênese somática pode ser induzida e as plântulas podem ser


C a p í t u l o I | 69 regeneradas a partir de explantes de folhas de romã, explantes de pétalas e ponta de broto (OMURA et al., 1987), tecidos cotiledonares (BHANSALI, 1990). A cultura de anteras resultou em plântulas regeneradas que eram todas diplóides (2n = 18) (MORIGUCHI et al., 1987). As culturas em suspensão foram produzidas a partir de calos derivados de explantes de folhas, mas nenhuma variação somaclonal foi detectada entre as plantas regeneradas (OMURA et al., 1990). O tratamento da cultura de segmentos foliares in vitro com raios gama resultou em plantas regeneradas, incluindo variantes de forma de folha, plantas anãs e eretas e plantas completamente e parcialmente estéreis. Tetraplóides e quimeras tetraploides/diploides foram induzidas por tratamento com colchicina de segmentos de folhas cultivados in vitro (OMURA et al., 1987). Mutagênese artificial foi induzida (em TES) usando raios gama a 10-20 KR em sementes de romã (LEVIN, 1990). Formas com boa qualidade de frutos e sucos e boa qualidade de conservação foram obtidas entre plântulas mutantes. O tipo mais promissor produzido é a plântula de semente macia 'Sverkhranii' (= Super precoce) com amadurecimento dos frutos em agosto. BANCO DE GERMOPLASMA Na Espanha existe o principal Banco de Germoplasma da Europa e em outros países como Índia, Turcomenistão, Irã, etc. há também grandes coleções, como a do Irã (principal produtor mundial; Figura 42) com mais de 760 acessos ou do Turcomenistão, cuja Estação Experimental de Recursos Genéticos Vegetais, criada em 1934, possui 1.117 acessos (MARS, 1998).


C a p í t u l o I | 70

Figura 42. Fruto de romã negra, cultivada na cidade de Saveh, província de Markazi, no Irã. Foto: m.wikipedia.org/wiki/Punica_granatum.

O Banco de Germoplasma de romã espanhol está localizado na Escola Superior Politécnica de Orihuela e foi criado em 1992 pelo Professor Melgarejo. Atualmente, o Banco conta com mais de 104 acessos, todos caracterizados e tipificados. Neste Banco existem vários acessos da variedade populacional “Mollar”, dos quais se destacam os acessos precoces e de meia estação. O acesso "ME15" é de média estação, vigor médio, alta produtividade, pouquíssimos espinhos, fruto de cor vermelha intensa em mais de 80% de sua superfície, grande, doce e muito agradável de comer tanto pelo sabor quanto pela dureza das sementes (Figura 43).

Figura 43. Acesso ME 15 (Mollar de Elche-15).


C a p í t u l o I | 71 Existem também vários acessos da variedade populacional “Valenciana”, dos quais se destaca, entre outros, o acesso “VA1”, que se caracteriza por ser precoce, médio vigor e média produtividade. Fruto grande, sementes macias, doces e rosadas. Degustação de qualidade um pouco inferior à variedade da população Mollar, embora muito precoce é apreciada pelos produtores, devido aos altos preços que atinge no mercado. Outros acessos, muito interessantes para o sector, são as variedades agridoces, de que se destaca o acesso "PTO8", que se caracteriza por ser de média estação, baixo vigor, produtividade média, poucos espinhos, fruta ligeiramente azeda, agradável para comer, tanto pelo sabor quanto pela dureza de suas sementes, apresenta coloração vermelha em mais de 50% de sua superfície. Os principais países produtores de romã (China, EUA, Israel, Turquia, Tunísia, Marrocos, Irã, Índia) e os concorrentes espanhóis na produção de romã, caracterizam-se por produzir variedades de romã com sabor ácido. A variedade de romã mais conhecida em todo o mundo é a variedade Wonderful, que se caracteriza por frutos de tamanho médio a grande, coroa alongada, cor externa vermelha, pequenas sementes vermelhas intensas, pinhões semi-duros e sabor ácido. Casca resistente à manipulação (Figura 44).

Figura 44. Frutos de romã da cultivar Wonderful tradicional.


C a p í t u l o I | 72 VARIEDADES DE ROMÃ Classificação das variedades de romã. Devida à antiguidade da cultura, o número de variedades relatadas é muito grande, assim como os nomes que apresentam e a existência de sinonímia entre elas. Em resumo, as variedades são classificadas de acordo com o teor de ácido cítrico que possuem no suco em: - Doces, com teor de ácido cítrico <0,9%, utilizados principalmente para consumo in natura, com tonalidades de pericarpo de cores variáveis de branco a vermelho-púrpura. - Agridoce, com teor de ácido cítrico entre 1 e 2%, utilizado para a produção de bebidas refrescantes do tipo granadina. - Ácidas, com teor de ácido cítrico superior a 2%, utilizados na agroindústria para extração de ácido cítrico. Em geral, as cultivares ácidas possuem casca vermelha, enquanto as cultivares doces são mais rosadas ou esverdeadas. A cor dos frutos é dada por pigmentos do tipo antocianina. Existem mais de 500 cultivares de romã identificados (IPGRI, 2001), porém as cultivares mais antigas e as atuais, muitas vezes têm considerável sinonímia, em que o mesmo genótipo de base é conhecido por diferentes nomes em diferentes regiões. Tal sinonímia é provavelmente devido ao fato de que casca e cor do arilo podem variar consideravelmente, quando cultivada em diferentes regiões. A variabilidade das características entre genótipos de romã são chave para a identificação da preferência do consumidor, formas de consumo, e, potencialmente, nichos de mercado. As características mais importantes são o tamanho do fruto, cor casca (variando do amarelo ao roxo, tendo a rosa e vermelho como mais comum) cor do arilo, (variando de branco a vermelho), dureza da semente, maturidade, teor de suco, acidez, doçura e adstringência (STOVER; MERCURE, 2007). A cultivar Wonderful foi descoberta na Flórida, e levada para a Califórnia em 1896 (CALIFORNIA RARE FRUIT GROWERS, 1997). Esta cultivar apresenta intensa coloração tanto na casca, quanto no suco, com um sabor rico, bom rendimento de suco, acidez e adstringência leves, semelhantes ao do suco de “grapefruit” e “cranberry”; e tem resistência ao rachamento de frutos maduros após a ocorrência de chuvas (KARP, 2002).


C a p í t u l o I | 73 Características da variedade Wonderful. USA - Há um número relativamente limitado de cultivares de romã nos Estados Unidos, mas a ‘Wonderful’ é considerada a mais importante, originada na Flórida e descoberta em Porterville, Califórnia, por volta de 1896 (LARUE 1980). Atualmente, a ‘Wonderful’ é uma das variedades mais difundidas no mundo (Figura 45), sendo amplamente plantada na Califórnia. Também é cultivada na Europa Ocidental, Israel e no Chile (SEPULVEDA et al., 2000; STOVER; MERCURE; 2007). É uma variedade comercial principalmente devido ao seu baixo teor de ácido e alto teor de açúcar (GIVING TREES, 2018), usada tanto para consumo fresco quanto para fazer sucos. Trata-se de uma fruta maior que o normal, apresenta intensa coloração tanto na casca quanto no suco, com um sabor mais agradável, bom rendimento de suco, acidez e adstringência leves, semelhantes ao do suco de “grapefruit” e “cranberry”; tem resistência ao rachamento de frutos maduros após a ocorrência de chuvas e é considerada uma variedade tardia, pois começam a dar frutos a partir de setembro (KARP, 2002). Ou seja, a fruta é grande, com arilos vermelhos, sabor agridoce e sementes semiduras, e é bem apreciada. O aspecto externo da fruta é muito apelativo com cor vermelha brilhante. A fruta americana ‘Wonderful’ é muito mais dura e menos sujeita à extração mecânica de arilo do que as variedades tradicionais israelenses, mas essas diferenças podem refletir variações nas condições de crescimento da árvore.

Figura 45. Romã da variedade Wonderful. Foto: https://www.thetreecenter.com/ wonderful-pomegranate.


C a p í t u l o I | 74 Além de ser um fruto de bom tamanho e de casca de cor vermelha intensa (Figura 45), os arilos são macios e tenros, de cor vermelha escura e sabor agridoce. Possui alto teor de suco, o que confere a essa variedade aptidão industrial (duplo propósito). A dureza das sementes maduras é média. As plantas são vigorosas e produtivas. A partir desta variedade, foram selecionados os clones de melhor coloração, como Wonderful 100-1. A produção potencial gira em torno de 40 toneladas por hectare, e o peso de cada fruta varia entre 450 a 800 gramas. Esta variedade inicia a brotação floral em agosto, a floração em outubro, o vingamento em novembro e o crescimento dos frutos se estende desde dezembro até fevereiro. A colheita se realiza a partir da segunda quinzena de março até a segunda de abril no hemisfério sul. É sensível à insolação, por isso a poda é feita para proteger os frutos dos danos (ou queimaduras) causados pelo sol. Vale destacar que a base para o bom desempenho de uma variedade da romã, em geral, é a aparência da fruta madura (tamanho, cor), o interior da fruta (cor do arilo) e a qualidade da fruta (teor de açúcar e acidez). Portanto, a cultivar Wonderful apresenta um fruto supergrande, vermelho, com aparência brilhante, a espessura da casca é moderada, com pequenos arilos de cor vermelho-escuro, possui também elevado teor de sólidos solúveis (alto grau brix), ácidos orgânicos (ácido cítrico ou tartárico) e antocianinas (SEPÚLVEDA et al., 2000; Figura 46). É a cultivar mais demandada pelos mercados e a mais reconhecida pelos principais consumidores que buscam uma fruta grande, vermelha por fora, vermelha por dentro, arilos suculentos com sementes médias, apresentando bons atributos para a saúde, alto teor de antioxidantes e alto Brix, e essa variedade atende a todos esses requisitos. Em condições normais de cultivo, os rendimentos por hectare giram em torno de 15 a 18 toneladas (QUIROZ, 2009).

Figura 46. Frutos de romã da cultivar Wonderful: (a) fruta inteira; (b) fruta depois de descascada; (c) arilos. Fotos: Tinebra et al. (2021).


C a p í t u l o I | 75 Por outro lado, a cultivar ‘Wonderful’ precoce é uma ‘Wonderful bastante competitiva’ encontrada na Califórnia (STOVER; MERCURE, 2007). Amadurece cerca de duas semanas antes de "Wonderful" tradicional e adquire uma cor de casca vermelha muito mais cedo do que o original (CALIFORNIA RARE FRUIT GROWERS INC., 1997). A qualidade do suco é inferior ao original ‘Wonderful’. Outra cultivar plantada nos Estados Unidos em uma extensão muito menor é a ‘Granada’, um material competitivo da cultivar ‘Wonderful’ (STOVER; MERCURE, 2007). Variedade G r a n a da: É uma variedade que tem uma maturação precoce bastante cultivada na Califórnia. Originária da Califórnia corresponde a uma mutação de 'Wonderful' e foi descoberto em 1966. Embora tenha um tamanho menor que a variedade 'Wonderful', alcança os melhores preços do mercado porque madura um mês antes que esta (Figura 47).

Figura 47. Fruto de romã da variedade Granada. Foto: Jardim.

ISRAEL- Em Israel a variedade Wonderful é na realidade uma família de clones como: 100, 100-1, 102, 104-5, fazendo com que a identificação da planta-mãe original do material seja muito importante para o início da multiplicação. Portanto, a variedade Wonderful é a mais difundida. Além disso, têm sido selecionados clones dessa variedade de melhor cor, destacando o melhor clone Wonderful 100-1, o qual substitui o clone Standard (tradicional) nas novas plantações em Israel. Atualmente, a principal cultivar (ou clone) cultivada em Israel é ‘P.G.101-2’ (derivada da ‘Wonderful’). Esta cultivar foi relatada como importada dos Estados Unidos cerca de 100 anos atrás (GOOR;


C a p í t u l o I | 76 LIBERMAN, 1956). Essa romã de grande porte amadurece no início de outubro. É uma romã agridoce com arilos e casca de cor vermelha quando totalmente amadurecida. Existem muitas seleções ‘Wonderful’ em Israel. Sete foram caracterizados na coleção de Newe Ya’ar. As variedades tradicionais variam no tempo de amadurecimento, na cor externa, no momento do aparecimento da cor da casca durante o desenvolvimento do fruto e no grau de dureza da semente. Entre as variedades locais ‘Wonderful’em Israel, a ‘Kamel’ é a cultivar mais colorida (Figuras 48 e 49). Esta cultivar tem uma cor de casca totalmente vermelha que se desenvolve muito mais cedo do que o normal ‘Wonderful’. É uma cultivar muito produtiva e produz frutos de alta qualidade. Trata-se de uma variedade tardia que é colhida alguns dias antes de Wonderfull e termina na metade da colheita desta. Desenvolve a cor precocemente na árvore, tolerante a queimadura por sol, o que é muito importante nas variedades de colheita tardia, onde a incidência de queimadura em Wonderfull é de cerca 30% a 45% da fruta. A queimadura por sol na variedade Kamel não excede 10%. Suas principais características são: Cultivo tardio de cor vermelha brilhante a "Wonderful"; Cor vermelha escura, muito forte e uniforme que surge muito cedo no seu desenvolvimento; Cor dos arilos: vermelho; Suavidade mediana das sementes; Data de madurecimento em Israel: meados de setembro; Espessura da casca: média; Sabor: agridoce; Peso: 500 g; Árvore produtiva; Vigor da árvore: bom; Potencial de produtividade: 40 a 50 ton /ha; Tamanho da fruta: 800g; Brix: 19,6.

Figura 48. Fruto da variedade Kamel.


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Figura 49. Frutos de romã das cultivares Wonderful (A) e Kamel (B). Fotos: Holland, D.

À medida que o mercado de exportação aumentou e a demanda por cultivares vermelhas precoces se fortaleceu, duas cultivares vermelhas precoces adicionais foram introduzidas no cultivo comercial: ‘Akko’ e ‘Shani-Yonay’ (HOLLAND et al., 2007). Ambas são cultivares de sementes macias com sabor doce / ácido e cor de casca vermelha. Sua aparência atraente e bom gosto as tornam as primeiras cultivares de exportação israelenses. ‘Akko’ difere de ‘Shani-Yonay’ no hábito de crescimento e na forma da fruta e da árvore. Ambas as cultivares produzem frutos de pequeno a médio porte com tamanho médio de 300 a 400 g. Duas cultivares ‘P.G.116-17’ e ‘P.G.118-19’ (‘Hershkovich’) amadurecem entre a tardia ‘Wonderful’ e as primeiras cultivares (‘Akko’ e ‘ShaniYonay’; Figura 50). O material ‘P.G.116-17’ é hoje a melhor cultivar de exportação de Israel. Possui uma fruta grande, grandes arilos vermelhos e uma casca vermelha atraente.


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Figura 50. Frutos de romã das cultivares: A) ‘Shani-Yonay’; B). ‘P.G.116-17’ e C) ‘P.G.118-19’ (‘Hershkovich’).

Variedade Acco: Variedade do tipo Wonderful precoce originária de Israel, colhida 30 dias antes da Wonderful tradicional, tem uma cor exterior vermelha intensa bastante uniforme em toda a superfície e menos vermelha por dentro, similar à Wonderful, geralmente tem a coroa fechada, seus grãos têm sabor adocicado com um pouco de acidez e a semente (pinhão) é semi-suave (Figura 51). As flores são atraentes de cor laranjarosada. Muito suculenta e fácil separação de arilos. Melhor para fazer sucos e consumir a fruta de forma in natura. Apresentam rendimentos de 30 a 40 t/ha com 250 a 450 g de peso por fruto, arilos escuros com 17-18 Brix. Requer cerca de 130-150 dias da floração ao amadurecimento.

Figura 51. Fruto de romã cultivar Acco. Fotos: Paco Becerro e Kahramanoğlu et al (2016).


C a p í t u l o I | 79 Recentemente foi introduzida no cultivo comercial israelense uma cultivar adicional, que é ‘P.G.127-28’. Esta cultivar tem uma casca negro-púrpura profunda com arilos vermelhos com sementes macias (Figura 52). Produz uma pequena fruta que amadurece em novembro nas condições de Newe Ya'ar (Israel) e é a última cultivar de amadurecimento testada. A cor incomum da casca, o tempo de amadurecimento muito tardio e os arilos vermelhos macios fazem de ‘P.G.127-28’ uma cultivar tardia atraente.

Figura 52. Frutos de romã da cultivar: ‘P.G.127-28’.

Espanha - Pelo menos 40 cultivares espanholas foram relatadas na literatura, sendo essas cultivares divididas em três grupos: doce, agridoce e azedo (MELGAREJO et al., 2000). Alguns dos cultivares comerciais comuns incluem 'Mollar de Elche' e suas seleções 'ME1' ('Mollar de Elche No. 1'), 'ME5', 'ME6', 'ME14', 'ME15', 'ME16' e 'ME17'. Um número diferente associado ao nome da cultivar indica as diferentes variedades locais dentro de cada cultivar (MELGAREJO et al., 1995, 2000; HERNANDEZ, 2000; LEGUA et al., 2000a, 2000b). A variedade tradicional ‘Mollar de Elche’ é originária de Elche (Alicante; Figura 53), Espanha (96% da produção espanhola). Atualmente foi concedido a Denominação de Origem Protegida (DOP) e que é uma garantia de qualidade, pois esta romã está sujeita a muito mais controles no campo e nos armazenamentos do que qualquer outro tipo de romã. Além disso, este selo reconhece também a diferença entre esta romã e as restantes e as suas características únicas ligadas à história desse cultivo, à sua cultura, à experiência


C a p í t u l o I | 80 dos seus agricultores e às condições de clima e solo da área geográfica abrangida pela DOP (40 municípios dos condados de Alicante, Baix Vinalopó e Vega Baja).

Figura 53. Fruto da cultivar Mollar de Elche tradicional. Além disso, é uma árvore muito vigorosa, de rápido desenvolvimento, com frutos grandes, de arilos doces (Brix: minimo 14º; Acidez: 0,18 - 0,24; Índice de maturidade: 60 – 90) e com sementes muito pequenas e macias. A cor externa é rosa avermelhada e os arilos são de cor vermelho-escura (Figura 54). Sua maturação é entre os meses de outubro e novembro. Martinez et al. (2000) indicam que 'ME14' (Mollar de Elche 14) e 'ME15' têm o maior rendimento.

Figura 54. Frutos de romã da cultivar Mollar de Elche: (a) fruta inteira; (b) fruta depois de descascada; (c) arilos. Fotos: Tinebra et al. (2021).


C a p í t u l o I | 81 Nas condições de Newe Ya’ar, Israel, as cultivares espanhóis ‘ME17’, ‘ME20’,‘VA1’ e ‘PTO1’ foram encontradas para ter uma cor de casca rosa-amarela e uma cor de arilo rosa claro. No geral, as cores das cultivares espanhóis em Israel são divergentes (carentes) e pouco atraentes em comparação com suas cores na Espanha. As seleções ‘ME’ amadurecem no início de outubro em Israel. Parece que as cultivares espanholas examinadas são sensíveis às suas condições ambientais no que diz respeito à intensidade da cor do fruto. Uma das variedades mais doces é a variedade 'Early Mollar de Elche' (Figura 55), que tem arilos muito macios e é muito popular na Europa e na Espanha, de onde supostamente provém. É melhor de armazenamento em comparação com outras variedades de romã, mas é usada para suco e consumo fresco, pois contém muitos antioxidantes, vitaminas e minerais (GIVING TREES, 2018).

Figura 55. Romã da variedade 'Early Mollar de Elche' (precoce). Foto: http://www.shop. zahradnictvolimbach.sk/en/mollar-de-elche-pomegranate.


C a p í t u l o I | 82 SISTEMAS DE PROPAGAÇÃO Em decorrência da demanda comercial, há necessidade de aumento na área de cultivo, o que exige tecnologia de produção. Neste sentido, a fase de propagação e aquisição de mudas é fundamental para o estabelecimento da cultura em campo. A romãzeira pode ser propagada tanto por via sexuada, por meio da propagação seminífera, como pela propagação assexuada via propagação vegetativa por estaquia ou enxertia (DONADIO, 1998). PROPAGAÇÃO SEXUADA As sementes germinam facilmente sem necessitar um período de repouso, mas as árvores obtidas são muito heterogêneas e normalmente os frutos são de características não comerciais, o que torna este método inadequado para propagação de cultivares e de portaenxertos, visto que as árvores nascidas de semente dão uma expressão variada de frutos: de grandes aos pequenos, de suculentos aos secos, de cor vermelho escuro ao rosa esbranquiçado e de doces aos azedos, em razão disso a multiplicação vegetativa é a mais preferida (MELGAREJO, 1993). Propagação por sementes. Toogood (2000) define a semente como um sistema natural de propagação das plantas. Ao contrário da estaquia, a reprodução por sementes não garante a uniformidade genética da descendência, embora resulte em populações mais vigorosas e mais resistentes a doenças. Ou seja, tem a desvantagem de não reproduzir fielmente as características agronômicas e frutíferas que se desejam perpetuar. É uma técnica simples, já que as sementes germinam facilmente sem passar por períodos de repouso. Utilizam-se sementes de frutas totalmente maduras, que são colocadas diretamente no substrato de germinação e, 8 a 9 meses depois, obtêm-se as plantas prontas para serem levadas ao terreno definitivo (FRANCK, 2009). A propagação seminífera da romãzeira apresenta limitações por suas sementes apresentarem substâncias como a sarcotesta translúcida, material gelatinoso que envolve a semente, podendo vir a comprometer sua germinação, tornando-a lenta e desuniforme (MARIN et al., 1987). Além disso, a produção de mudas por meio de sementes apresenta algumas desvantagens, como a grande variabilidade entre o crescimento das plantas e sua baixa produção e mais tardia, baixa qualidade dos frutos, elevado porte das plantas, maior período para início da floração, dentre outros (FRANZON et al., 2008). A propagação vegetativa ou assexuada é de grande importância quando se deseja multiplicar um


C a p í t u l o I | 83 genótipo altamente heterozigoto e que apresenta características consideradas superiores, as quais se perdem quando propagadas por sementes (PAIVA; GOMES, 2001). PROPAGAÇÃO ASSEXUADA A romã pode ser propagada por estacas, enxertia ou “in vitro”. Entre as técnicas de propagação vegetativa, a estaquia e a enxertia são as mais difundidas na propagação de frutíferas, sendo a estaquia uma técnica que consiste no princípio de que é possível regenerar uma planta a partir de uma estaca de ramo ou folha (regeneração de raízes) ou de uma estaca de raiz (regeneração de ramos), de modo que a partir de um segmento é possível formar-se uma nova planta (FACHINELLO et al., 2005). Para Melgarejo et al. (1998), a produção de mudas de romãzeira com estacas lenhosas deve ser realizada no inverno em casa de vegetação, e as mudas devem ser levadas a campo antes da primavera. Hambricket al. (1991) declararam que a época de preparação da muda é importante para o enraizamento, sendo o fim do inverno mais promissor do que a primavera. 1. Estaquia. A propagação da estaca é uma técnica simples. Os hormônios vegetais (ácido naftaleno acético, ANA ou ácido indol butírico, IBA) são usados para aumentar a porcentagem de enraizamento e o número e comprimento das raízes. As estacas enraízamse facilmente e as plantas produzem frutos aos 3 anos de idade. Devem-se cortar as estacas lenhosos entre os 6 meses e os 2 anos de idade, com 25-30 cm de comprimento e 1-2 cm de diâmetro, devem ser cortadas em pleno recesso invernal. As estacas são inseridas 2/3 do seu comprimento no solo (solos de folhas com areia ou perlita) ou num meio de enraizamento quente. No caso do uso de hormônios de enraizamento, a literatura indica que bons resultados foram obtidos mergulhando a base das estacas em AIB (1 000 ppm) ou deixando-as por um minuto em AIB (250 ppm). Um trabalho realizado pela Universidade do Chile indica que percentagens de enraizamento acima de 70% foram obtidas colocando a base das estacas lenhosas das variedades Mollar e Tendral em uma solução de IBA (8.000 ppm) por 15 segundos (BOTTI et al., 2002; Figura 56).


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Figura 56. Os tratamentos consistem em cinco doses de ácido indolbutírico (AIB); cujas concentrações foram expressas em ppm: t0 -0 ; t1- 1.500; t2- 2000; t3- 2.500; e t4 -3000 ppm. Foto: Yoselyn Shelvi Lopez Castillo (2019).

As estacas de ramos (estacas herbáceas) ou de folhas requerem uma instalação que se conhece pelo nome de névoa (nebulização), palavra do inglês que significa garoa. Os ramos providos de folhas e as próprias folhas, por causa de sua grande transpiração, devem ser mantidas constantemente molhadas para que permaneçam vitais e em atividade. A nebulização é constituída por uma bomba e uma série de bicos que, controlados por um temporizador, borrifam a intervalos regulares uma chuva muito fina sobre as estacas que se pretendem propagar. As estacas são enterradas na parte basal em um substrato de perlita ou vermiculita sozinha ou misturada com turfa e previamente tratada geralmente com IBA (TISCORNIA, 1995). Em geral, são utilizadas estacas de ramo de gemas e de folhas. A estaca de ramo ou estaca lenhosa é composta por um pedaço de ramo de comprimento variável, entre 20 cm e 30 cm (Figura 57). A capacidade rizogênica ou de emitir raízes varia significativamente de espécie para espécie e pode ser favorecida por tratamentos adequados. Os métodos mais usados hoje são o calor de fundo e o tratamento com ácido indobutírico (IBA), usados


C a p í t u l o I | 85 em conjunto ou separadamente. Para a aplicação do método de calor de fundo, utiliza-se uma determinada caixa grande (tipo gaveta), cujo fundo é aquecido, por meio de resistências elétricas, a uma temperatura de 20-25 °C. As estacas são colocadas verticalmente enterradas em um substrato (geralmente de turfa e perlita ou material semelhante) com a base de 2 cm ou 3 cm do plano de aquecimento (TISCORNIA, 1995).

Figura 57. Estacas lenhosas de romã no viveiro. Foto: Jaime Alejandro Uribe Lescano (2016).

As concentrações de ácido indolbutírico influenciaram gradativamente o número, comprimento, diâmetro e volume de raízes em estacas de romã. A concentração adequada de AIB foi de 1.787 ppm, com a qual se obteve 84,2% de enraizamento das estacas na romã da variedade Wonderful (CASTILLO, 2019). Em experimento de estaquia realizado na Índia, Sharma et al. (2014) consideram que as estacas podem ser propagadas durante todo o ano usando madeira podada em esturfa de plástico sob alta umidade. A madeira podada do período de repouso invernal dá maior taxa de pegamento. Isso é muito útil para os agricultores que desejam obter rendimento e simultaneamente multiplicar plantas de romã superiores usando a madeira podada. Esse


C a p í t u l o I | 86 é um método de agricultor e menos trabalhoso. Os seguintes pontos que devem ser mantidos em mente para a multiplicação através de estacas de troncos de madeira dura (Figuras 58 e 59) são: -Prefira a madeira podada imediatamente após a fase de repouso invernal, o que garante alta taxa de pegamento; - Tirem os ramos de 6 a 18 meses para as estacas de madeira; - Ramos laterais, que geralmente florescem e frutificam em grande quantidade, não devem ser usados para fazer estacas; - Estacas de caule com comprimento de 20 a 25 cm e espessura de 0,6 a 1,2 cm têm melhor desempenho. - Antes de plantar é desejável higienizar as estacas mergulhando 5 minutos em 2-bromo2-nitro-1,3-diol@ 500 mg/l + Carbendazim @ 1,0 g/l dissolvido em água morna ou quente a 52-53 º C para se livrar de pragas de superfície não sistêmicas e patógenos de doenças. - Mergulhe a parte inferior (metade do comprimento) das estacas do caule por 30 segundos a 5 minutos em uma solução de ácido indol-3-butírico (IBA) @2,5-5,0 g/l para indução de raízes em estacas de caule; - Plante estacas em uma mistura de turfa de coco e areia (4:1, v/v) ou apenas turfa de coco para um enraizamento mais rápido em esturfa de plástico. - As estacas bem enraizadas devem ser transferidas após 45-60 dias para sacos plásticos com pré-esterilização da mistura: Areia: Solo: FYM em 1:1:1; - No momento da transferência, coloque a formulação de microflora benéfica prémultiplicada (em FYM) contendo: Pseudomonas fluorescens, AMF, Aspergillus niger AN27 na zona da raiz; -Plantar no campo após 45 dias de crescimento em sacos. Antes de mudar para o campo, mantenha por 1 semana sob sombrite de 50% para aclimatação.


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Figura 58. Preparação de estacas de madeira dura. A) Sanitização; (B) Tratamento com IBA; (C) plantio em mistura de turfa de coco-areia em casa de vegetação; (D) mudas germinadas transferidas para esturfa de plástico; (E) Mudas mantidas sob rede de sombrite para aclimatação antes do plantio em campo; (F) sistema radicular das mudas de estacas de madeira dura. Fotos: Jyotsana Sharma et al. (2014).

Figura 59. Formação de raízes em estacas de variedade Wonderful após 94 dias. Foto: Dalorzo Henrry Tupa Barrantes (2014).


C a p í t u l o I | 88 2. Enxertia. A técnica de enxertia padrão e os porta-enxertos adequados são necessários para mitigar os desafios da horticultura resiliente ao clima, com referência especial ao aumento da salinidade do solo, seca e outras pragas e doenças de insetos para o cultivo comercial de romã. O enxerto possibilita a reprodução autêntica do material vegetal, associando as características do porta-enxerto e da nova copa. Esta é uma técnica raramente utilizada na romã (INRA DE BENI MELLAL, 2008, citado por HMID, 2013). A enxertia pode ser realizada por meio de garfagem no topo em fenda cheia que é uma forma fácil de ser executada, na qual se faz um corte horizontal no porta-enxerto, eliminando-se totalmente a copa. Depois, faz-se um corte no sentido longitudinal, com 2 a 5 cm de comprimento. No enxerto, são feitos dois cortes na parte basal, em forma de bisel, semelhante a uma cunha. A seguir, introduz a cunha no corte do porta-enxerto. Essa enxertia deve ser realizada somente nas mudas vigorosas e quando atingirem de 0,7 a 1,0 cm de diâmetro do caule e 15 a 20 cm de altura. Deve ser processada em ambiente de viveiro com 50% de sombra, principalmente quando forem utilizados os métodos de garfagem. No entanto, já existem viveiros no mercado que oferecem mudas enxertadas da variedade Mollar. Muito cuidado deve ser tomado, pois na colheita, o fruto esperado da variedade Wonderful apresenta características do fruto do Mollar. Ou seja, são frutos e arilos de coloração muito clara, não bem aceitos no mercado (TAIPE, 2012). As estacarias enraízam-se com facilidade e rapidez e, na primavera seguinte, podem ser transplantadas, apesar de que seja mais recomendável deixá-las no viveiro por duas temporadas. Ipizia (2011) afirma que a propagação por estacas é vantajosa, pois a partir de poucas plantas-mães são possíveis obter muitas plantas novas em um espaço limitado. Este método de propagação vegetativa é econômico, rápido, simples e não requer técnicas especiais como a enxertia. A planta geralmente se reproduz exatamente sem alteração genética. No entanto, nem sempre é aconselhável reproduzir as plantas totalmente por estacas, sempre é necessário utilizar uma muda resistente a algumas condições adversas do solo ou a organismos patogénicos que vivem no campo. Recomenda-se para a propagação de estacas de romã (Punica granatum L), o fitohormônio Rootone 5000 ppm e como segunda opção a água de coco, pois esses dois produtos apresentaram melhores resultados. Recomenda-se avaliar outra dose de agentes naturais de enraizamento, o fitohormônio Rootone e o tempo de submersão das estacas de romã. Em outras pesquisas, os mesmos produtos ou outros; mas com diferentes tipos


C a p í t u l o I | 89 de substratos. Por fim, recomenda-se o uso de Rootone 5000 ppm ou água de coco (um litro), levando em consideração o aspecto econômico (PIZARRO, 2017). Avaliando diferentes técnicas de manejo de estacas de romãzeira cv. ‘Wonderful’, para a propagação vegetativa em casa de vegetação da UFCG de Pombal-PB, sendo um experimento realizado no período seco (agosto-dezembro de 2012) e o outro no período chuvoso (Janeiro-jumho de 2013), na região do semiárido paraibano, Paiva et al. (2015) constatou que a época chuvosa foi considerada o período mais satisfatório para a obtenção do vigor e da qualidade das mudas. O emprego da técnica de incisão na base da estaca resultou em melhorias no crescimento e fisiologia, sendo esta a mais indicada para a propagação de romãzeira. A técnica estaca com folhas revelou-se imprópria para a propagação da romãzeira ‘Wonderful’ na época seca do ano. A melhor época para o transplantio das mudas de romãzeira ‘Wonderful’ é aos 144 dias após o plantio das estacas, período este em que ela retoma o seu pico fotossintético e apresentam altura média de 37 cm. Procedimentos de enxertia na Índia: O NRCP (National River Conservation Plan; Figura 60) da Índia padronizou a técnica de enxerto por meio de garfagem no topo em fenda cheia. -Variedades selvagens devem ser usadas como porta-enxerto e variedade desejável 'Bhagwa', 'Ganesh', Wonderful, Mollar de Elche, etc. como descendente. O sucesso do enxerto de até 90% pode ser alcançado se é feito em janeiro-fevereiro sob condições de Solapur (Índia) com invernos amenos. - Os porta-enxertos de 1-1½ anos devem ser decapitados (corte horizontal) a 25-30 cm acima do nível do solo. Em seguida, realiza um corte longitudinal, dividindo o portaenxerto decapitado a cerca de 5 cm de profundidade através do centro do caule com uma faca afiada. Depoir deve pegar um rebento de seis a doze meses de 15-20 cm de comprimento com 0,7-1,0 cm de diâmetro de um ramo terminal, faça na sua base a forma de cunha e insira na divisão vertical do porta-enxerto decapitado. -Amarre os enxertos com tiras de polietileno e cubra com saco de polietileno de 20-25 cm de comprimento amarrado com fio em sua base. -Irrigar para manter a umidade. Remova o tubo de polietileno depois que os brotos surgirem.


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Figura 60. Material de plantio preparado por enxertia de grafagem de topo. Foto: Jyotsana Sharma et al. (2014).

Condições para o enraizamento a. Luz. Cuculiza (1996) afirma que durante o enraizamento, quando há baixa intensidade luminosa, a emissão das raízes ocorre antes das folhas, porém, para que seja realizada a função fotossintética, devem ser dadas pelo menos 30% de luz às estacas, sem isso aumentar a temperatura ideal. É necessário proporcionar sombra à área de propagação, para reduzir a irradiação a níveis adequados. O uso da malha Saráno Rashell tem dado bons resultados para a maioria das espécies avaliadas (MESÉN, 1998). b. Temperatura. As temperaturas ambientes diurnas de cerca de 21 °C a 27 °C são satisfatórias para o enraizamento de estacas da maioria das espécies, com temperaturas noturnas de 15 °C. Além disso, à medida que a temperatura aumenta (dentro de seus limites), as estacas se metabolizam mais rapidamente e enraízam melhor. As temperaturas do ar excessivamente altas tendem a estimular o desenvolvimento das gemas antes do desenvolvimento da raiz e aumentar a perda de água pelas folhas. Porém, sabe-se que a temperatura ambiente ideal para o desenvolvimento de uma cultura é provavelmente a melhor para o enraizamento de estacas (HARTMANN; KESTER, 1987).


C a p í t u l o I | 91 c. Umidade. Para Díaz (1991), a condição hídrica das estacas é regida pelo equilíbrio entre as perdas por evaporação através das folhas e a absorção de água pelas estacas. Como as estacas não têm raízes no início, elas devem depender da retenção de sua turgência e da absorção de água através do corte na base e/ou pela superfície das folhas e da haste. Para conseguir sucesso no enraizamento, é necessário reduzir a transpiração para limitar a dessecação da estaca, isto é alcançado mantendo a umidade do ambiente elevada, saturada (65 a 80%) e também constante para reduzir ao máximo as perdas de água por evapotranspiração. Com relação à quantidade de água que deve estar presente no substrato, deve ser mínima para evitar sua saturação por muito tempo, o que desencadeará um estado de hipóxia (déficit na disponibilidade de oxigénio) nas estacas (CUCULIZA, 1996). d. Substâncias reguladoras do crescimento - Auxina. O desenvolvimento normal de uma planta depende da interação de fatores externos, como luz, nutrientes, água e temperatura, entre outros, além de fatores internos, tais como os hormônios vegetais ou fitohormônios. Os fitohormônios têm sido definidos como compostos naturais que possuem a propriedade de regular os processos fisiológicos em concentrações bem inferiores às de outros compostos (nutrientes e vitaminas) e que em doses mais elevadas os afetariam (SALISBURY; ROSS, 1994; SALISBURY, 1991). Entre as hipóteses de maior sucesso no mecanismo de regulação dos fitohormônios, está a ação de receptores específicos capazes de reconhecer o hormônio, e a sensibilidade dos tecidos em responder aos seus efeitos (WEAVER 1976). Estudos referentes aos processos de formação de raízes adventícias dão maior importância à dinâmica dos reguladores do que à sua quantidade nos tecidos vegetais. Sua ação é gerada por cofatores (ácidos fenólicos, flavonóides e terpenos), que atuariam desbloqueando genes reprimidos e sintetizando novas enzimas que influenciariam na formação do calo radicular e na iniciação dos primórdios (PUGA, 2001). Foram estabelecidos cinco grupos de hormônios vegetais promotores de crescimento (fitohormônios), entre eles as auxinas, sendo o ácido indol-3-acético (AIA), o composto que atualmente se considera a principal auxina das plantas, sendo encontrado, sobretudo, em tecidos em crescimento ativo (PUGA, 2001).


C a p í t u l o I | 92 As auxinas são compostos orgânicos diferentes em comparação aos nutrientes, que regulam o crescimento das plantas e, em pequenas quantidades, promovem, inibem e modificam o processo fisiológico normal (WEAVER, 1976). Os efeitos típicos das auxinas são: • Alongamento das células. • Aumento do comprimento do caule. • Desenvolvimento do fruto na ausência de polinização. • Produção de raízes adventícias. No processo de formação das raízes adventícias, as auxinas causam a desdiferenciação das células do parênquima e, então, elas mesmas estimulam a formação inicial de raízes, atuando na divisão celular (PUGA, 2001). e. Ácido indolbutírico (AIB): Produto de síntese possui uma fraca atividade auxínica em geral, mas uma excelente ação rizogênica. Entretanto, o AIB é provavelmente o melhor material para uso massivo, pois não é tóxico para as plantas em ampla gama de concentrações e é eficaz para estimular o enraizamento de um grande número de espécies de plantas (HARTMANN; KESTER, 1987). Os sistemas de enzimas destrutoras de auxinas são destruídos de forma relativamente lenta, ademais se move muito pouco, ficando retida perto do local de aplicação (WEAVER, 1990) e é fotoestável (HARTMANN et al., 1990). A maioria das espécies florestais enraíza-se bem com doses de 0,2 a 0,3% (3000 ppm) de AIB, embora algumas possam exigir doses maiores ou menores (SOUDRE et al., 2008; MESÉN, 1998). 3. Alporquia. A alporquia é um método de propagação vegetativa, ou seja, é um método de multiplicação de plantas por rizogênese (desenvolvimento de raízes) na parte aérea de uma planta-mãe. Essa técnica consiste em multiplicar uma planta fazendo com que um ramo crie raízes, enquanto este ainda está preso à planta-mãe. A parte da planta colocada no solo emite então raízes adventícias que, quando essas raízes estão suficientemente desenvolvidas, o galho é cortado para separar a planta jovem da planta mãe. A estratificação é uma técnica de multiplicação simples, mas um pouco longa: o enraizamento às vezes demora um ano (WALD, 2009). Para isso, a casca dos ramos é completamente removida, formando um anel com aproximadamente 2 cm de largura, utilizando-se esfagno umedecido como substrato, envolvidos com plástico transparente amarrados nas duas extremidades, visando criar um


C a p í t u l o I | 93 ambiente úmido ao redor da lesão. Ou seja, os ramos verticais de 0,8-1,5 cm de diâmetro são anelados (2-3 cm) de comprimento e o hormônio de enraizamento 2000-3000 ppm IBA é aplicado na parte superior do corte. As hastes aneladas são envoltas com Sphagnum (musgo de turfa) e cobertas com uma pequena tira de polietileno. Fio ou barbante de fibra de coco/juta é usado para amarrar (Figura 61).

Figura 61. Técnica de alporquia consiste na remoção da casca (haste anelada), envolvida com Sphagnum (musgo de turfa) e coberta com uma pequena tira de polietileno. Foto: Jyotsana Sharma et al. (2014).


C a p í t u l o I | 94 As mudas bem enraizadas são separadas das plantas-mãe da cintura inferior dentro de 7590 dias (Figura 62) e plantadas em viveiro ou mantidas em sacos de polietileno para plantio em pomar. A época ideal para a alporquia é junho-agosto.

Figura 62. Mudas enraizadas separadas da planta mãe. Foto: Jyotsana Sharma et al. (2014).

4. Chupão. O uso de chupão também é um método de propagação vegetativa, o qual é considerado um rebento da raiz de uma planta. Quando este adquire vigor suficiente, é separado da planta-mãe e colocado no solo. Isso dá uma nova planta. A propagação por chupões na romã é bastante simples, pois esta árvore às vezes produz em abundância. Este processo é frequentemente utilizado na região do Mediterrâneo. 5. Propagação In vitro (Cultura de Tecidos). A romã também possui facilidade para propagação in vitro. As plântulas ou mudas podem ser obtidas através de calos derivados de segmentos foliares ou de paredes de anteras (BOTTI et al., 2002). Há uma demanda crescente de material de plantio de romã no país que não pode ser atendida apenas por métodos convencionais de propagação, assim, a multiplicação em massa de romã através da cultura de tecidos poderá atender (Figura 63) a grande demanda atual. Estas plantas de romã criadas in vitro devem ser exatamente semelhantes à planta mãe de onde os


C a p í t u l o I | 95 explantes foram extirpados, desde que os ciclos de multiplicação sejam criteriosamente padronizados com nível ótimo de reguladores de crescimento e não ocorram variações somaclonais, fenômeno raro no caso de explante é segmento nodal ou ponta de broto. - Vantagens - Disponibilidade de material de plantio livre de doenças a granel. - A floração e frutificação sincronizadas de plantas de romã criadas in vitro as tornam mais adequadas para o cultivo mecanizado. - Precocidade, maior uniformidade, melhor qualidade e rendimento. - Material de plantio livre de doenças para extensas áreas de romã não tradicionais. - A propagação in vitro é altamente bem-sucedida na maioria das culturas de alto valor e tem um amplo escopo em romã. - Desvantagens - Custo intensivo e alta habilidade exigindo tecnologia. - Cuidados intensivos são exigidos por plantas criadas in vitro para obter todo o seu potencial em termos de rendimento e qualidade. - Precisa de padronização adequada do pacote de práticas para cultivo comercial.


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Figura 63. Propagação in vitro em romã. Foto: Jyotsana Sharma et al. (2014).

COMPOSIÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DA ROMÃ A romã pode ser dividida em quatro partes: a casca, as membranas do carpelo, as sementes e os arilos. Geralmente contém 8 carpelos nos quais se encontram os arilos (porção comestível), estes representando uma porcentagem entre 40 e 75%, dependendo das variedades; as membranas do carpelo e a casca representam 25-60% do peso do fruto, sendo esta importante fonte de compostos bioativos como compostos fenólicos, flavonóides, elagitaninos e proantocianidinas (LI et al., 2005), além de minerais como sódio, potássio, nitrogênio, cálcio, fósforo e magnésio. É considerada a romã uma fruta com propriedades medicinais e terapêuticas incomparáveis a outros alimentos, seus efeitos vão desde a redução de doenças cardiovasculares e infecções bacterianas até a melhora da memória e desempenho físico. Os arilos são a parte comestível do fruto e podem ser consumidos puros ou na forma de suco (MINAGRI, 2019).


C a p í t u l o I | 97 A porção lenhosa dos arilos (sementes) varia entre 5 e 15%. A fruta inteira tem aproximadamente 80% de água. As sementes de romã são uma importante fonte de lipídios, pois as sementes contêm uma quantidade de ácidos graxos que varia entre 12 e 20% do seu peso total (peso seco). Os arilos são geralmente utilizados para consumo in natura, produção de sucos, marmeladas e geleias, e também para o desenvolvimento de extratos a serem utilizados como ingredientes em preparações de ervas medicinais e suplementos alimentares (GOULA; ADAMOPOULOS, 2012 citados por MELGAREJO, 2015). A sua composição físico-química varia entre as espécies e dentro da mesma espécie (Tabela 4). Depende também das condições de cultivo, da qualidade do solo, do clima, da irrigação, etc.) e do período de colheita (precoce ou tardio) (OZKAN, 2002). Tabela 4. Teor nutricional de 100 g da porção comestível da romã. Nutrientes

Unidade Valor\ 100 g. VALORES APROXIMADOS Água g 77,93 Valor calórico Kcal. 69,08 Proteína g 1,17 Lipídios totais g 18,7 Fibra g 4 Açúcares totais g 13,67 MINERAIS Cálcio mg 10 Ferro mg 0,3 Magnésio mg 12 Fósforo mg 36 Potássio mg 236 Sódio mg 3 Zinco mg 0,35 VITAMINAS Tiamina mg 10,2 Riboflavina mg 0,067 Niacina mg 0,035 Vitamina B6 mg 0,075 Folato total mg 38 Vitamine E mg 0,6 Vitamina K µg 16,4 LIPÍDIOS Ácidos graxos saturados g 0,12 Ácidos graxos monoinsaturados g 0,093 Ácidos graxos poliinsaturados g 0,079 Graxas trans g 0 Colesterol mg 0 Fonte: (USDA, 2019) Department of Agriculture, US (Com base em uma amostra da variedade Wonderful na Califórnia).


C a p í t u l o I | 98 Suco de romã. O suco de romã, como muitos outros sucos de frutas, é feito de açúcares como glicose, frutose e sacarose, e ácidos orgânicos, como ácido cítrico, ácido málico, ácido oxálico e ácido tartárico. A Tabela 5 mostra os valores mínimo e máximo obtidos para ácidos orgânicos e açúcares de acordo com estudo elaborado por Melgarejo et al. (2000). Lansky et al. (2007) mostraram que entre os aminoácidos encontrados na romã estão a valina, a prolina e a metionina. Outros estudos demonstraram que o suco possui alta composição de vitaminas hidrossolúveis, sendo a mais importante a vitamina C com concentração que varia entre 4 e 6 mg / 100g de proporção comestível segundo o Codex Alimentarius (2009). Tabela 5. Composição do suco de romã em ácidos orgânicos, açúcares e minerais (mg/100 g da parte comestível da fruta). Composto

Quantidade

Ácido cítrico

0,09- 0,32

Ácidos orgânicos (MELGAREJO et

Ácido málico

0,10- 0,21

al., 2000)

Ácido oxálico

0,01- 0,07

Ácido tartárico

0,01- 0,05

Ácido fumárico

0,01

Glicose

5,54- 8,24

Frutose

5,53- 7,80

Sacarose

0,01- 0,07

Fósforo

0,30

Ferro

259.0

Potássio

3,00

Cálcio

3,00

Sódio

3,00

Manganês

0,12

Magnésio

0,15

Cobre

0,07

Selênio

0,60

Vitamina B1

0,03

Vitamina B2

0,03

Vitamina C

9,90- 17,60

Açúcares (MELGAREJO et al., 2000)

(CODEX ALIMENTARIUS, 2009)

(TEHRANIFAR et al., 2010)


C a p í t u l o I | 99 A romã também possui uma concentração bastante elevada de minerais (Tabela 5). Entre os vários compostos que podem servir como marcadores inequívocos em um produto de suco de fruta, estão os ácidos orgânicos e compostos fenólicos que são potencialmente os mais úteis por causa de sua ubiquidade, especificidade e multiplicidade. A romã também contém flavonóides e indolaminas, como triptamina, serotonina, um neuromediador envolvido na regulação do sono, apetite e humor, além da melatonina, conhecida como hormônio do sono, que intervém na regulação dos ritmos cronobiológicos (LANSKY et al., 2007). Os frutos da romã são muito atraentes devido à forma e cor da casca e dos arilos. A demanda e o consumo de romãs em todo o mundo estão experimentando um aumento explosivo devido ao alto teor de polifenóis, 17% mais antioxidantes que o vinho tinto. As antocianinas são consideradas responsáveis pela cor vermelha das romãs e suas sementes, sendo este um importante atributo de qualidade. A cor vermelha depende da concentração de antocianinas que eles contêm e do tipo de antocianina. Na romã, 6 antocianinas foram identificadas como responsáveis pela cor do suco de romã: delfinidina 3-glicosídeo e 3,5-diglicosídeo; cianidina 3-glucósido e 3,5-diglucósido e pelargonidina 3-glucósido e 3,5-diglucósido (DU et al., 1975). A presença desses compostos fenólicos reside em sua ação antioxidante (protege contra os radicais livres, retardando o processo de envelhecimento das células), aspecto que vem sendo estudado extensivamente nos últimos anos em um grande número de frutas, incluindo a romã. Semente. O óleo, obtido a partir das sementes de romã, consiste em 80% de ácidos graxos insaturados, ácidos graxos com pelo menos uma ligação dupla, representada essencialmente por ácido púnico, cis-9, trans-11, ácido cis. -15, octadecatrienóico, mas também pelos ácidos oleico e linoleico (HORNUNG et al., 2002). Esse óleo também é composto por ácidos graxos saturados, que não possuem ligações duplas, como os ácidos palmítico e esteárico (LANSKY et al., 2007). A existência de hormônios esteroides foi detectada em sementes de romã (TSUYUKI et al., 1981). Além disso, essas sementes também contêm muitos esteróis, como colesterol ou estigmasterol. Finalmente, eles também contêm um glicolipídeo que entra na composição das bainhas de mielina dos mamíferos e do cerebrosídeo (LANSKY et al., 2007).


C a p í t u l o I | 100 Casca de romã. A casca da fruta contém dois ácidos hidroxibenzóicos importantes, o ácido gálico e o ácido elágico. Também contém ácidos hidroxicinâmicos, derivados de flavonas, moléculas amarelas e antocianidinas, responsáveis pela cor vermelha da romã. Muitos elagitaninos também estão presentes, como punicalina, punicalagina, granatina A e granatina B (LANSKY et al., 2007). Esses taninos representam até 28% da epiderme da fruta (FOURNIER, 1948). A peletierina também pode ser encontrada na casca da romã. Na verdade, o método de dosagem de alcalóides é baseado no uso do reagente de Dragendorff. Este método responde positivamente à presença de peletierina (LANSKY et al., 2007). CONDIÇÕES EDAFOCLIMÁTICAS Para alcançar alta produtividade e qualidade, deve-se dispor de um campo vigoroso e equilibrado, o fruto da romã deve ser cuidadosamente tratado desde seu surgimento logo após a floração até a pós-colheita (TAIPE, 2010). Os principais fatores ambientais que afetam a qualidade do fruto da romã são o solo, a água, o clima e as práticas culturais que afetam esses fatores (redução da insolação nos frutos com protetores), outra condição é o sistema de condução (por exemplos: poda de ramos e raleio de frutos), pois está intimamente relacionado para a distribuição e iluminação do fruto (TAIPE, 201O). 1 - Condições ambientais Adaptação. Adapta-se a climas tropicais secos e úmidos (Aw), tropicais úmidos (Ar), estepes ou semiáridos (BS), subtropicais úmidos (Cf), subtropicais com verões secos (Cs) e subtropicais com invernos secos (Cw) (FAO, 2000). Ou seja, a romãzeira é adaptada a muitos climas, desde os trópicos até as regiões temperadas quentes. No entanto, é o clima subtropical meridional, mesmo tropical, que melhor lhe convém. Os melhores frutos são obtidos nos subtropicais, onde o período de altas temperaturas coincide com a maturidade dos frutos de romã. A espécie necessita de uma pequena dose de frio no período invernal para sua indução floral, mas não suporta condições gerais de frio em grandes altitudes (MELGAREJO, 1993). O cultivo da romã tem a favor de uma ampla tolerância térmica (-12 °C a 40 °C) na fase vegetativa, é sensível à geada antes do repouso ou latência invernal e na floração, e tem


C a p í t u l o I | 101 baixa exigência de frio, não resiste bem à chuva em épocas de maturação dos frutos (MELGAREJO, 1993). A romãzeira é uma espécie que produz em climas temperados com verão seco e ausência de chuva na colheita. Também se adapta a climas subtropicais onde se comporta como sempre verde, tolera temperaturas extremas de –15 °C, tolera muito bem a estiagem, sendo o clima semiárido o ideal. O clima mais adequado é subtropical e até tropical. Os melhores frutos são obtidos em regiões subtropicais onde o período de altas temperaturas coincide com os tempos de maturação das romãs. Requer muita água e frescura para as suas raízes e só nestas condições produz muitos frutos de boa qualidade (MELGAREJO, 1993). Em geral, a romã apresenta um comportamento flexível em termos climáticos, embora o clima ideal para a produção de romã seja o mediterrâneo e o subtropical, os que se caracterizam por apresentarem verões secos e prolongados, período em que as altas temperaturas coincidem com a maturação da fruta. Temperatura. A temperatura ótima varia entre 23 e 32 °C, com extremos de 8 e 40 °C (FAO, 2000). Fora das regiões subtropicais, a romã se adapta bem em regiões onde a temperatura não chega a -15 °C, prefere um clima temperado e inclusive quente do que relativamente frios, devido ao seu atraso vegetativo e floração, corre o risco de as flores serem afetadas pelas geadas tardias de primavera. Em pleno inverno resiste a temperaturas abaixo de -7 °C (MELGAREJO, 1993). A espécie tolera temperaturas mínimas até -12 °C na fase de repouso invernal e máximas superiores a 40 °C na fase vegetativa. As romãzeiras devem ser colocadas nos locais mais ensolarados e quentes do pomar para obtenção de frutos de melhor qualidade. A árvore apresenta um escasso requerimento de frio, semelhante ao caqui (80-200 Hfr), mas, como mencionado anteriormente, pode suportar temperaturas invernais de -9 a -12 °C. A árvore não suporta baixas temperaturas e apenas algumas variedades chinesas e do Turquestão, mais rústicas, suportam melhor os frios, atingindo temperaturas de -18 e -20 °C. As romãzeiras são muito sensíveis às geadas tardias depois de entrarem em vegetação. Geadas. Apesar de sua resistência a essas baixas temperaturas, a árvore é sensível às geadas tardias de outono, antes que a planta entre em seu estado de latência (repouso), e também às geadas tardias de primavera, já que a romã floresce bastante tardiamente.


C a p í t u l o I | 102 Precipitação (água). Cresce em áreas com um mínimo de 400 mm por ano, um ótimo de 900 a 1.200 mm e um valor máximo de precipitação anual de 4.200 mm (FAO, 2000). Umidade relativa. Também nas variedades de uso comercial, deve-se considerar que a baixa umidade relativa favorece uma melhor qualidade do fruto. Por outro lado, as romãs são muito suscetíveis à perda de água que causa o enrugamento da casca (FAO, 2000). Fotoperíodo. Trata-se de uma planta de dia curto, que requer menos de 12 horas de luz por dia (FAO, 2000). Tipo fotossintético. C3. Altitude. Cresce satisfatoriamente de 0 a 1600 msnm (FAO, 2000). A romãzeira é uma espécie típica de climas temperados e subtropicais. Nesta última área pode desenvolverse e produzir bem entre os 800 e 1000 metros acima do nível do mar, embora a espécie também cresça e produza frutos em localidades situadas ao nível do mar. Radiação solar. Requer ambientes com alta intensidade luminosa (FAO, 2000). Um dos problemas que ocorre na qualidade do fruto é a rachadura por sol, originada por uma exposição direta do fruto ao sol, caracteriza-se pelo ressecamento da casca produzindo pequenas rachaduras que lhe conferem a aparência de cortiça. A área mais exposta ao sol acaba sendo a mais danificada, a qual assume uma coloração marrom a preta, como se estivesse queimada. A alta radiação que sucede na área de San Camilo (Peru) afeta significativamente a produção de frutas de romã para exportação, pois como os frutos não são cobertos ou protegidos artificialmente são produzidas queimaduras comumente chamadas de "queimadura por sol", a qual chega a prejudicar 20% da produção exportável (PASTORFIGUEROA, 2015). Vento. Os espinhos presentes em seus galhos, a delicada epiderme do fruto e as condições de vento forte podem provocar lesões superficiais nos frutos, sem afetar a qualidade interna do fruto. Se as condições de vento forem muito extremas, é aconselhável colocar uma barreira de quebra-ventos.


C a p í t u l o I | 103 2. Condições edáficas Solos. A romã é uma espécie conhecida por sua tolerância ao calcário (MEGAREJO; SALAZAR, 2003). Apresenta bom rendimento em solos salinos, e se classifica no grupo de espécies mais resistentes à salinidade (4º grupo) (SANCHEZ-CAPUCHINO, 1986). Sua tolerância à seca é relativa e prejudicial ao seu crescimento vegetativo e de frutificação. Os melhores resultados de plantios são obtidos em solos aluviais profundos e com disponibilidade hídrica satisfatória (cultivadas em camalhões). Os solos francoargilosos irrigados também são adequados para o cultivo de romã. Segundo Botti et al. (2002), a romã é uma espécie pouco exigente em seus requerimentos de solo. Tolera solos pobres com pouca matéria orgânica, pedregosos, salinos e alcalinos, onde a maioria das árvores frutíferas de outras espécies não floresce e também se desenvolve em solos com pH neutro a ácido. Suporta solo alcalino, até 15% de cal ativa. Tolera salinidade e má drenagem e se adapta bem a solos pobres. Ou seja, a alcalinidade ou acidez do solo lhe é indiferente. Esta fruteira adapta-se a todos os tipos de solos, é tolerante à seca, salinidade, clorose férrica e calcário ativo, muitas vezes é cultivada em conjunto com outras árvores frutíferas como a figueira (Ficus carica L.) e a tamareira (Phoenix dactylifera L.), que também são altamente resistentes aos fatores indicados acima (MELGAREJO; MARTÍNEZ; 1992; MELGAREJO, 1993). No entanto, a romãzeira dá melhor resultado em solos profundos. Também as terras aluviais são adequadas. Em terras secas, a estiagem no momento da floração pode provocar queda de flores e reduzir ao mínimo a colheita. Na medida do possível, devem ser evitados os solos finos (arenosos) e pesados (argilosos) com lençol freático alto. Os terrenos alcalinos são favoráveis a cultura da romã, mesmo os excessos de umidade favorecem seu desenvolvimento. Pode ser cultivada em terrenos áridos, adapta-se a uma grande variedade de solos, embora prefira solos profundos e bem drenados. Mas se for cultivada em solo franco-argiloso, com boa fertilidade e drenagem adequada, o cultivo responde melhor. Na Califórnia foi relatado que em áreas com maior teor de argila e solos ligeiramente mais férteis têm-se melhores potenciais de calibre do que em solos mais pobres ou mais finos (MELGAREJO, 1993).


C a p í t u l o I | 104 Profundidade do solo. Cresce bem em solos profundos, com mais de 1,5 m de profundidade, embora possa se desenvolver em solos com profundidade média de 0,5 a 1,5 m de profundidade (FAO, 2000). Textura. Adapta-se a solos de textura média e pesada, desenvolvendo-se em menor grau em solos de textura leve (FAO, 2000). Drenagem. Desenvolve-se bem em solos com boa drenagem, embora possa desenvolverse em solos com pouca ou excessiva drenagem (FAO, 2000). pH. Ótimo de 6,5 a 7,5, com valores mínimos de 5,8 e máximos de 8,5 (FAO, 2000). Salinidade/Sodicidade. Apresenta baixa tolerância à salinidade (FAO, 2000). Fertilidade e química do solo. A romã não é muito exigente em termos de adubação, a caída das folhas é o momento ideal para adicionar fosfatos e potássio, e no momento de entrar na fase vegetativa, aplicam-se os nitrogenados em fórmulas equilibradas. As necessidades médias em elementos fertilizantes para uma produção próxima a 30.000 kg/ha por ano são: 216 U.F. de N, 150 F.U. de P2O5 e 416 F.U. de K20. 3. Requerimentos hídricos Em áreas irrigadas, suas necessidades hídricas são muito baixas, e o excesso da irrigação pouco antes da fruta entrar no amadurecimento pode ser a causa de sua rachadura (FERNÁNDEZ RODRIGUEZ, 2013). Apesar de tolerar muito bem a seca, mas isso poderá comprometer a qualidade de seus frutos. Um clima quente e seco será bom para a romã, desde que não falte água às suas raízes (AFAQ et al., 2005). É de grande interesse para regiões áridas e semiáridas (MELGAREJO; SALAZAR, 2003). A romãzeira atinge a sua máxima expressão vegetativa com água de boa qualidade, baixa condutividade elétrica, no entanto, tolera águas de irrigação com índices de salinidade muito elevado de 4 dS/m como frequentemente são estabelecidas as plantações. Embora possa suportar longos períodos de estiagem, nessas condições secas produzem pouco. A romãzeira produz colheitas de boa qualidade com quantidades e frequências de cerca de 5 000 a 5 500 m3*ha-1/ano, média de Alicante, Espanha, com irrigações localizadas. Em Israel usa uma média de 6.000 m3 * ha-1, com um adicional de 4.500 m3 * ha-1 de chuva. Antes da colheita, as irrigações tornam-se bastante leves. A irrigação começa com 15 m3 * ha-1 /dia nos dias de primavera e aumenta para 50 m3 * ha-1 /dia durante os dias de verão (BLUMENFELD; HILLEL, 2000).


C a p í t u l o I | 105 É pouco exigente em água, apresentando boa resistência à estiagem, persistindo o seu desenvolvimento em áreas com pluviosidade não superior a 200 milímetros por ano, embora para vegetar corretamente e produzir frutos de qualidade necessite de precipitações anuais de cerca de 500 a 700 milímetros. Também é resistente à salinidade, tolerando águas de até 4,2/m sem efeitos negativos (MELGAREJO et al., 1996). SISTEMA DE PRODUÇÃO O ciclo anual da romãzeira está constituído do repouso invernal e o posterior desenvolvimento de sua atividade vegetativa e reprodutiva. No ciclo vegetativo se produz o intumescimento das gemas invernais, brotação, aparecimento de ramos jovens e das primeiras folhas, crescimento da árvore e, por fim, caída das folhas. Por outro lado, o ciclo reprodutivo compreende a iniciação floral, floração, polinização, fecundação, vingamento e desenvolvimento dos frutos de romã. A produção de frutos é muito influenciada pelo vigor das variedades de romã cultivadas, sendo as frutíferas menos vigorosas as que apresentam maior produção por apresentarem um equilíbrio adequado entre o crescimento vegetativo e a floração. ANÁLISE DE SOLO É importante conhecer a condição química do solo antes do estabelecimento do pomar de romã; portanto, recomenda-se realizar uma análise completa de macro e micronutrientes, salinidade (condutividade elétrica), matéria orgânica, capacidade de troca catiônica e pH. No entanto, deve-se tentar verificar anualmente a acidez do solo para garantir o bom desenvolvimento das raízes, absorção eficiente dos elementos minerais; portanto, obterse-ão plantas com bom estado nutricional (MORALES, 2017). Deve ser realizada a amostragem antes da aplicação das fontes de fertilização mais importantes para a cultura. Para isso, uma amostra composta de solo (média de 20 subamostras) deve ser retirada do terreno homogêneo, a uma profundidade de 0 a 30 cm. Para a amostragem de solo são necessários os seguintes materiais: trados ou com pá de corte, balde plástico e saco plástico. O trado torna a operação mais fácil e rápida. Além disso, ele permite a retirada da amostra na profundidade correta e da mesma quantidade de terra de todos os pontos amostrados. Na Figura 64 estão representados os tipos de ferramentas que podem ser utilizadas na amostragem de solo.


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Figura 64. Ferramentas que podem ser utilizadas na amostragem de solo. Fonte: Agrolink (2011).

A pesquisa já demonstrou que quanto maior o número de amostras simples tomadas para compor uma amostra composta, maior é a possibilidade de se ter uma amostra representativa. No caso de área homogênea, tomam-se amostras em 10 a 12 pontos bem distribuídos, limpando-se em cada local a superfície do terreno, retirando-se as folhagens, resíduos orgânicos, etc, sem, contudo, raspar a terra (Figura 65). O número no qual o erro amostral é bastante reduzido é de 20 amostras simples compondo uma amostra composta. Em cada ponto, retirar os detritos na superfície do solo. Essas subamostras devem ser armazenadas em balde plástico e, ao final da coleta, serem homogeneizadas, gerando uma única amostra de um quilo. Em seguida, deve-se secar o solo, armazená-lo em saco plástico ou caixa de papelão, identificar corretamente a embalagem e enviá-la para laboratório de confiança.


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Figura 65. a) Abertura da cova em forma de V; b) Corte de uma lâmina de solos de 2 a 3 cm; e c) Disposição dos pontos de amostragem de solos em forma de ziguezague.

PREPARO DO SOLO Quando a camada se apresenta muito endurecida ou compacta, dentro dos primeiros 50 a 60 cm de perfil, em profundidades não atingidas por outros implementos, é necessária a subsolagem (operação realizada em solo seco e recomendam duas passadas) para facilitar o crescimento radicular em profundidade e para tornar soltas as camadas compactadas (aeração do solo), sem, entretanto, causar inversão das camadas de solo. Para otimizar a penetração no solo, alguns subsoladores permitem a regulagem de inclinação das hastes (inclinação vertical superior a 25 a 30 °, de preferência 45 °), em cuja extremidade inferior existe uma ponteira que pode ter diversos formatos, de acordo com o projeto do fabricante e o grau de compactação do solo (GADANHA JÚNIOR et al., 1991; ALOISI et al., 1992; Figura 66).

Figura 66. Formato de hastes do subsolador: a) reta, b) curva, c) parabólica, d) ação da subsolagem no solo.


C a p í t u l o I | 108 A gradagem é uma técnica secundária, cuja função principal é romper torrões de terra ocasionada por uma operação prévia de aração ou subsolagem, incorporar restolho que havia sobrado das lavouras plantadas anteriormente e nivelar o terreno, facilitando assim o trabalho de formação de camalhões da área de cultivo da romã. Para a formação dos camalhões se podem conseguir com implemento de aivecas simples (ou tipo sucador; Figura 67), orientadas para o giro em direção ao centro das ruas. Como alternativa é utilizar arado de disco construídos com grupos de dois discos de diferentes tamanhos (35,5 cm e 40,6 cm) unidos por um eixo comum, que são inclinados cerca de 45 ° com a linha de avanço. Ou seja, consiste em 2 discos, um em cada extremidade para formar o camalhão, sendo as dimensões do camalhão a formar que deve ter 0,2 m de altura e 1,5 m de largura.

Figura 67. Arados de disco formador de camalhões. Foto: Konrath implementos Agrícolas.

Uma vez formada o camalhão, a matéria orgânica é distribuída e incorporada (25 toneladas por hectare) na parte superior de cada camalhão (Figura 68). Em seguida, duas gradagens são passadas para misturar a matéria orgânica com o solo.


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Figura 68. Aplicação de matéria orgânica sobre a linha de plantação no camalhão. Foto: Juan Carlos García Rubio; Guillermo García Gonzáles de Lena.

Estender as mangueiras de gotejamento. A colocação das mangueiras é realizada após da operação de misturar bem a matéria orgânica nos camalhões por meio de gradagem. Com o solo preparado, uma única mangueira por linha é estendida na época de instalações das mudas e mais adiante a outra mangeira é adicionada para que finalmente haja 2 mangueiras instaladas no espaçamento entre as duas mangueiras de 0,65 - 0,7 m por camalhão, dependendo da idade da planta. Issa operação é feita por dois operários em que uma está desenrolando o rolo e a outra pessoa está puxando para até o final do camalhão, alinhando-se de imediato as distancias entre os gotejadores de 0,6 m e a vazão do gotejador é de 2,5 litros por hora. Além disso, as mangueiras são fixadas na fileira, cobrindo-as com um pouco de areia para evitar que se encolha em dias de muito sol. PROPAGAÇÃO E PLANTIO A romã pode ser propagada por sementes, estacas ou “in vitro”. A reprodução por sementes é o método de propagação tradicionalmente utilizado. Tem a desvantagem de não reproduzir fielmente as características agronômicas e frutíferas que se desejam perpetuar. É uma técnica simples, pois as sementes germinam facilmente sem passar por


C a p í t u l o I | 110 períodos de repouso. São utilizadas sementes de frutas totalmente maduras, que são colocadas diretamente no substrato de germinação e 8 a 9 meses depois, são obtidas as plantas prontas para serem levadas ao terreno definitivo. A propagação de estacas é uma técnica simples. Os hormônios vegetais (ácido naftaleno acético, ANA, ou ácido indol butírico, AIB) são usados para aumentar a porcentagem de enraizamento e o número e comprimento das raízes. As estacas enraízam-se facilmente e as plantas produzem frutos aos 3 anos de idade. Devem ser cortadas as estacas de rebentos lenhosos entre 6 meses e 2 anos, com 25-30 cm de comprimento e 1-2 cm de diâmetro, em pleno repouso invernal. As estacas são inseridas 2/3 do seu comprimento no solo (solos de folhas com areia ou perlita) ou em um meio de enraizamento quente. No caso de utilizar hormônios de enraizamento, a literatura indica que bons resultados foram obtidos com a imersão da base das estacas em AIB (1000 ppm) ou deixando-as por um minuto em AIB (250 ppm). Um trabalho realizado pela Universidade do Chile indica que foram obtidas percentagens de enraizamento superiores a 70%, colocando a base das estacas lenhosas das variedades Mollar e Tendral em uma solução de AIB (8000 ppm) por 15 segundos. A romã também tem facilidade para propagação “in vitro”. As mudas podem ser obtidas através de calos derivados de segmentos foliares ou de paredes de anteras. ESTABELECIMENTO DO CAMPO: PLANTIO A abertura de covas pode ser efetuada entre 1 a 2 meses antes da plantação. Quer seja cultivado ao nível do solo (dependendo de sua textura), ou pode plantar sobre camalhões ou leirões largos, como também pode optar por fazer cobertura de plástico (mulching) (Figura 69).


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Figura 69. a) Preparação de camalhões largos; b) Plantio de mudas de rumã com tutores sobre os camalhões; c) Condução da formação das mudas no tipo espaldeira com dois arames (ou aramação em Y) em ambos lados da fileira de romãzeiras d) Aplicação de mulching de plástico sobre os camalhões.

Após a operação de preparo do solo, pode ser realizada uma adubação de fundação (fósforo-potássio), especialmente interessante quando uma plantação vai ser estabelecida em um sistema de irrigação tradicional, ou bem um fornecimento de matéria orgânica. Sistema de condução. O sistema mais utilizado é o de tipo espaldeira com dois arames, mas em ambos os lados da árvore, o que permite que os ramos secundários com frutos possam se sustentar e manter uma copa aberta em forma de taça e bem iluminada, favorecendo uma menor incidência de pragas e doenças, além de melhorar a qualidade externa do fruto (cor).


C a p í t u l o I | 112 Outro sistema utilizado é o de tipo “Y” africano, similar ao usado na videira, que permite maior iluminação e uma colheita mais eficiente por ter os frutos melhor localizados em ambos os lados da fileira de romãzeira. É este sistema que se usa a Empresa Agrícola Pampa Baja SAC. - Peru. Também tem o sistema de tipo parreiral, como no caso da videira, a qual facilita a colheita e a fruta fica menos exposta ao contato com outros ramos, sem causar danos à epiderme (casca), com a qual se consegue uma menor porcentagem de frutas descartadas, mas requer um maior uso de mão de obra para guiar (amarrar) os ramos. ÉPOCA DE PLANTIO A melhor época para realizar o plantio das mudas no campo vai depender da região e do tipo de muda utilizada. O plantio com mudas de raiz nua deve ser realizado quando a planta apresenta baixa atividade fisiológica e o solo com bom teor de umidade. O plantio geralmente é feito durante o inverno, ocupando os três primeiros meses do ano (janeiro a março), ou seja, até o início da primavera, o que também dependerá se o transplante for feito com raiz nua ou com torrão (Figura 70).

Figura 70. Planta com raiz nua ou desnuda (sem torrão).


C a p í t u l o I | 113 Já para as mudas produzidas em sacos, o plantio pode ser realizado no período das chuvas, ou em qualquer período do ano, desde que haja uma irrigação frequente. Quando as mudas são produzidas em sacos (Figura 71), elas são favorecidas com o crescimento mais rápido e uniforme, pois não interrompem seu ciclo de crescimento com o transplante e diminuem os problemas com quebra de torrão.

Figura 71. a) Mudas de planta com raiz em torrão produzida em saco no viveiro; b) Plântula de romã para transplantio.

Após o plantio das mudas, uma série de recomendações deve ser seguida para manter um bom estado fitossanitário e agronômico do cultivo. Essa etapa abrange desde o transplante das mudas ao campo definitivo até os dois anos de idade, antes da planta adulta entrar em produção. Em primeiro lugar, devem-se identificar as plantas mortas devido a alguma doença. Em segundo lugar, remover ou eliminar plantas doentes com estrangulamento no colo ocasionado por fungos de madeira, nematoides ou outras doenças radiculares de toda a planta e depois abrir uma cova de 0,5 m de profundidade para voltar a plantar com novas mudas (Figura 72).


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Figura 72. A) Planta murcha devido ao fungo (Cilidrocarpo sp.) e B). Replante. Fonte: Fundo Agrícola Pampa Baja S.A.C.

SISTEMA DE CULTIVO Plantio em covas. As covas são abertas através de broca acoplada ao trator, em profundidades que podem variar de 40 x 40 x 40 cm (Figura 73) a 70 x 70 x 70 cm de profundidade, largura e espessura, dependendo do tipo de solo onde será instalado o pomar. O plantio em covas prevê somente a marcação inicial do terreno e facilita o plantio (FACHINELLO et al., 1996).

Figura 73. Abertura de cova para o plantio das mudas de romã.

Para obter um bom desenvolvimento radicular nos primeiros anos, recomenda-se que a cova tenha 1 m x 1 m de largura e 40 cm de profundidade. É preferível fazê-la no início do inverno, porque no verão os solos ficam secos e a operação fica mais difícil.


C a p í t u l o I | 115 Plantio em sulcos. É o sistema mais adotado para a implantação de grandes pomares. Os sulcos são abertos nas linhas de plantio, normalmente com sulcadores a uma profundidade de 40 cm (Figura 74). Posteriormente são demarcadas as covas para o plantio das mudas sobre os leirões formados.

Figura 74. Sulcador de 2 linhas. Foto: Agroads.

TUTORAMENTO O tutoramento é às vezes o trabalho mais imprescidivel e fundamental que deve ser realizada na maioria das frutíferas e, assim, poder garantir o crescimento ideal das mudas. Esta atividade consiste em abrir covas a 15 cm da planta e posteriormente é realizado a colocação de varas, que é utilizado para permitir que a planta permaneça na vertical para que seu crescimento seja para cima de forma ereta e não venha a tocar o solo, permitindo que ela se desenvolva mais saudável e, consequentemente, de maior qualidade (Figura 75). Da mesma forma, como duplo benefício, o espaço disponível é melhor aproveitado e melhor iluminação e ventilação são alcançadas.


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Figura 75. Tutoramento de plantas de romã com vara de bambu. Foto: Chandra et al. (2011).

Geralmente são usados paus de pinheiro ou paus de espécies silvestres que oferecem o melhor suporte à planta jovem até que ela desenvolva um caule lenhoso, forte o suficiente para suportar o peso do fruto, ventos e umidade, etc (Figura 76).

Figura 76. Plantações de 3 anos com tutor de pau de pinheiro. Fonte: Fundo Agrícola Pampa Baja S.A.C.


C a p í t u l o I | 117 SISTEMA DE CONDUÇÃO DAS ROMÃZEIRAS O sistema de condução das romãzeiras deve ser orientado para que o fruto seja mais acessível no momento da colheita, que tenha melhor luminosidade sem sofrer danos por sol. A fruta deve está sombreada, mas iluminada, que não seja introduzida na parte interna da copa, de tal forma a obter um melhor controle da qualidade da fruta. Ter o ramo principal da planta amarrado na estrutura permite controlar o movimento do pedúnculo do fruto, provocado pelo vento, para que não sofra deterioração como consequência de golpes entre ramos (cicatrizes na casca do fruto). Por outro lado, a romãzeira é uma espécie basítona, caracterizando-se por perfilhos mais vigorosos na base dos troncos, assim como ramos ladrões no tronco e nos ramos principais. O método tradicional de condução das romãzeiras é o de multi-troncos, embora, atualmente nas novas plantações se comecem a utilizar outros sistemas de condução, como a seguir se descreve: a - Formação de plantas com múltiplos eixos autoportantes (geralmente 4 a 7). Inicialmente, deve-se realizar uma poda apical no caule principal com o objetivo de manter 3 a 5 ramos principais equidistantes em forma de taça, a cerca de 10-20 cm do solo, proporcionando um melhor arejamento e entrada de luz no interior da copa (Figura 77). Este sistema de condução é particularmente indicado em zonas ventosas ou com riscos da ocorrência de geadas. Em termos de mão de obra, trata-se de um sistema mais exigente uma vez que produz muitos ramos ladrões. Para, além disso, este sistema ao promover um maior vigor nas árvores permite aumentar a densidade das árvores no campo.


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Figura 77. Formação de plantas de romã de multi-troncos. No sistema de condução multihastes, 3-4 hastes fortes com 6-8 ramos de frutificação fortes (grossos) podem produzir frutos de boa qualidade a partir do quarto ano. Foto: Chanda et al. (2011).

No caso de plantios em multi-eixos, cada eixo costuma ser autossustentável para que sejam manuseados sem estrutura, eventualmente sustentando os eixos que estão inclinados devido à alta carga de frutos (Figura 78). Em todos os casos, a recomendação é eliminar todas as frutas que se produzam durante os três primeiros anos. Essa prática na poda da romã permitirá o desenvolvimento de uma estrutura mais resistente.


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Figura 78. Sistema de multi-eixos, praticamente sem estrututa de suporte.

Por exemplo, se o sistema de multi-caules for desejado, 3-6 chupões vigorosoas são selecionados ao redor da base da árvore jovem são deixados para crescer. A seleção das hastes pode levar dois ou três anos até que bons troncos sejam selecionados corretamente distribuídos ao redor da base da árvore (Figura 79). Todos os outros chupões em excesso devem ser removidos regularmente.


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Figura 79. Árvore de romã cultivada com multi-troncos. Fonte: Ali Sarkhosh, UF/IFAS.

b - Condução em vaso: neste sistema de condução a inserção dos ramos que vão constituir o esqueleto da árvore está situada um pouco acima do sistema anterior, entre cerca de 30 a 50 cm do solo, apresentando os ramos principais níveis diferentes e formando ângulos de aproximadamente 120° entre si. Com este sistema de condução, a entrada em produção é mais lenta, sendo um sistema mais utilizado em pomares extensivos. c - Condução em aramação ou sistema lateral de aramação em forma de Y: Trata-se de um sistema com único eixo (tronco), mas deve-se considerar o uso de estruturas de suporte em Y (Figura 80). Neste caso aumenta-se ainda mais a distância ao solo dos ramos principais que vão constituir o esqueleto da árvore, situando-se os 3 ramos entre cerca de 50 a 70 cm do solo, visando a melhoria da qualidade dos frutos e a sua maior produtividade.


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Figura 80. Sistema de eixo único (tronco), mas com estrutura de suporte em Y.

Esses ramos principais vão estar dispostos de forma perpendicular à linha sendo suportados pelo sistema de aramação em forma de Y, sendo possível um aumento da densidade de plantação neste sistema e, verificando-se uma entrada em produção mais rápida do que no sistema de condução em vaso (Figura 81). Este é um sistema mais correntemente usado em pomares intensivos, uma vez que, como referido anteriormente, permite melhorias em termos de qualidade dos frutos e produtividade.

Figura 81. Diferentes sistemas de condução da romãzeira . Fonte: Gomes A.I.G.B. (2014).


C a p í t u l o I | 122 A condução em aramação é atualmente o sistema mais utilizado nos pomares mais modernos de Israel e da Espanha. Essa técnica é aplicada para diminuir a percentagem de fruta de categoria 2 (CAT II) e do tipo indústria, e com aumento das produtividades em cerca de 20%. Nos três primeiros anos, tem-se a instalação e condução das plantas, sem a obtenção de produção. A partir do segundo ano, faz-se a poda de formação no mês de maio em sistema de taça aberta para conduzir os ramos principais em arquitetura de forma a abrir a copa e permitir a entrada de luminosidade. Além desta, é realizada poda de limpeza e encurtamento dos ramos nos meses de abril, agosto e outubro durante o ciclo produtivo da planta. Também é necessária para manutenção da arquitetura e do tamanho obtidas com as podas de formação, para arejamento e entrada de luminosidade, limpeza e redução de fonte de inoculo e facilitar brotações novas, já que a romãzeira produz em ramo de ano (SUZUKI, 2016). O descarte de frutos por ramos (dano mecânico), devem-se ao golpe de galhos da romã contra o fruto, isto quando há vento, e as queimaduras diretamente no próprio fruto ocasionadas pelo sol. Para evitar esses danos, geralmente é instalado um sistema de guia de arame na horizontal, seguindo as fileiras de romãzeiras, o que as torna manejáveis, e os frutos são manuseados com protetores de papel e às vezes com argila (ou caulim). Os ramos das romãzeiras são suportados por dois arames, instalados ao lado de cada fileira (Figuras 82 e 83).

Figura 82. Árvore com frutos cobertos por sacos de papel e com aramação para suportar a carga de frutos de romã nos galhos (seta amarela). Foto: Fausto Armando, Pastor Figueroa (2015).


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Figura 83. Sistema de condução em vaso suportado por uma estrutura em arame galvanizado, em armação em "V" ou por estacas em cada extremidade do campo.

Também consiste em levantar e amarrar os ramos carregados com frutas (ou ramos em frutificação e em floração) que estão em contato direto com o solo ou estão prestes a entrar em contato com o terreno. Para evitar a contaminação de algum patógeno do solo,


C a p í t u l o I | 124 recomenda-se realizar uma amarração especial nos suportes laterais de arame, pois tratase de uma prática adotada uma vez por temporada anual. d - Sistema de supote israelense. Uma técnica utilizada em Israel para evitar a abertura excessiva dos ramos é o uso de um “cinto” de lona sintética (cor azul) que é amarrado em torno de toda a copa da árvore a aproximadamente 1,5 m de altura em relação ao solo (Figura 84).

Figura 84. Sistema de suporte israelense, onde os ramos são apertados por um “cinto” de lona sintética (cor azul).

ESPAÇAMENTO E DENSIDADE DE PLANTIO A densidade de plantio pode variar entre 280 a 1000 plantas por hectare. Em terrenos férteis, podem-se optar por distâncias maiores, embora a tendência atual seja reduzir o espaço destinado para cada árvore, a fim de obter plantas menores e entrar em produção mais cedo. Os espaçamentos de plantação mais utilizados em pomares comerciais na Espanha são 6 m x 3 m; 6 m x 4 m ou 5 m x 3 m (Figura 85). Em outros países, recomendase plantar a 5 m x 5 m ou 6 m x 4 m, com covas de 60 cm x 60 cm x 60 cm e aplicar uma dose de 20 kg de matéria orgânica por planta. Os plantios de alta densidade (5 m x 2 m), com fertirrigação em clima semiárido, produzem cerca de 2,5 vezes mais frutos do que os sistemas com espaçamentos tradicionais de plantio, embora distâncias menores


C a p í t u l o I | 125 dificultem a colheita e a cor da fruta seja menor ou se expresse lentamente. A distância de plantio mais utilizada na Turquia é de 6 m x 4 m. No caso do plantio na forma de cerca viva, as romãs são plantadas em 4 m x 2 m, ou seja, 1.250 plantas por hectare. A melhor época para realizar o plantio é a primavera. Dependendo do sistema de formação do pomar, os tutores serão utilizados ou não (FRANCK, 2009). Realiza-se o plantio, fazendo-se uma cova de 30 cm de profundidade por 20 cm de largura.

Figura 85. Plantio jovem de romãzeira.

Embora a densidade de semeadura tenda a ser cada vez maior, o principal a ter em conta é que este permite uma aplicação adequada de agroquímicos (inseticidas, fungicidas, adubos foliares e desfolhantes), facilite a colheita e o uso de máquinas (tratores e pulverizadores) para os trabalhos agrícolas. As densidades mais utilizadas no Peru variam de 6 metros entre fileiras por 4 metros entre plantas (6 m x 4 m), ou seja, 416 plantas/ha, a 4 m x 4 m, totalizando 625 plantas/ha, 5 m x 3 m, totalizando 1.000 plantas/ha. Recomendam-se plantar as fileiras de romãnzeiras no sentido norte a sul, pois melhora a exposição à luz dos frutos (Figuras 86 e 87).


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Figura 86. Distanciamento entre fileiras (a) e entre plantas (b). Fotos: Elizabeth Chinchazo Montoya (2013).

Figura 87. Sistemas de plantio quadrados ou retangulares podem ser adotados em romã. Foto: Jyotsana Sharma et al. (2014).


C a p í t u l o I | 127 IRRIGAÇÃO Fornecer água à romãzeira por irrigação melhora o tamanho e a qualidade de sua fruta. Devem ser abundantes e com irrigações frequentes (pequeno intervalo) no verão e à medida que se aproximam da maturidade e da colheita, a aplicação de lâminas de água a cada 15 dias, para evitar a rachadura de frutos que os torna impróprios para consumo e comercialização (WALD, 2009). A disponibilidade ideal de água deve ser assegurada durante o vingamento. O período crítico de necessidade de água é de 60 a 120 dias após o vingamento, portanto situações de estresse hídrico devem ser evitadas nesse período. A quantidade de água a ser aplicada em pomares adultos é próxima de 6.500 m3/ha/ano a 8.000 m3/ha/ano (TAIPE, 2010). Deve-se levar em conta que ao irrigar menos do que o necessário, o calibre e o rendimento são perdidos. A grande vantagem da romã é sua tolerância à estiagem, pois sobrevivem a períodos muito longos sem água, talvez sem produção comercial, mas ao menos protegendo o investimento. Por exemplo, em campos onde há pouca segurança de irrigação, pode ser cultivada uma árvore frutífera que é irrigada apenas ocasionalmente em situações extremas (MELGAREJO; MARTÍNEZ, 1992). Uma vez estabelecidas no campo, as romãzeiras podem tolerar a falta de água, mas para obter bons rendimentos e qualidade de frutas, as plantas devem ser irrigadas. As romãzeiras são tolerantes à salinidade moderada da água (até 4,2 dS/m). A irrigação favorece uma entrada precoce na produção (3 anos em vez de 5 anos sem irrigação; 7 anos em vez de 10 anos para plena produção). Os pomares comerciais de romã em Israel são irrigados por gotejamento, usando uma ou duas linhas de irrigação por fileira (Figura 88). Pomares irrigados por microaspersão geralmente apresentam problemas devido a doenças do tronco.


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Figura 88. Irrigação por gotejamento em pomar de romã sobre camalhão. Fotos: Dalorzo Henrry Tupa Barrantes (2014).

A necessidade de água em um sistema de irrigação por gotejamento em um solo arenoso é de cerca de 8.000 a 10.000 m3, enquanto para um solo franco-argiloso é necessário entre 6.000 a 8.000 m3. A maior demanda da cultura ocorre durante o crescimento do fruto. Embora o desenvolvimento de sistemas de irrigação tende a ser mais eficiente no uso da água, no caso da empresa como “Valle e Pampa S.A.C.” do Peru que foi uma das primeiras a utilizar o sistema denominado irrigação por pulsos (irrigação intermitente de alta frequência ou sistema de fracionamento da água), que permite economia de até 30% no uso de água e fertilizantes e menor consumo de energia elétrica do que com um sistema tradicional de irrigação por gotejamento. Durante os primeiros anos de cultivo até entrar em plena produção, recomendam-se irrigar por sulcos com quantidades de 600 a 800 m3/ha. Quando a romãzeira entra em plena


C a p í t u l o I | 129 produção, aos 6 ou 7 anos de idade após a enxertia, a irrigação por inundação é a mais utilizada (com dose de 900 a 1.200 m3/ha). Neste caso, geralmente é aplicado os fertilizantes após cada irrigação. Normalmente são realizadas quatro irrigações ao longo do ano. Nas plantações modernas, a irrigação por gotejamento é utilizada com vazão de 4 litros/hora (Figura 89 e 90).

Figura 89. a) Plantação de romã com irrigação por gotejamento e sobre fileiras de camalhões para evitar o encharcamento; b) Pomar de romã em produção com irrigação por gotejamento e plantado em camalhões. Foto: sitiodamata.com.br.


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Figura 90. Pomar de romã com irrigação por gotejamento (mangueiras duplas por fileira) cultivada diretamente no solo (sem camalhões, dependendo da textura do solo). Foto: Kahramanoğlu et al (2016).

Recomenda-se a irrigação regular para o estabelecimento de plantas jovens. O período de irrigação recomendado é de 1 a 7 dias, dependendo do clima e das condições do solo. Em solos arenosos, a irrigação precisa ser realizada diariamente, mas em solos francoargilosos, o intervalo de irrigação pode ser de até 7 dias durante a primavera e máximo de 3 dias durante condições extremas de verão. O fruto racha se houver irregularidade na irrigação durante o desenvolvimento do fruto. A necessidade geral de água das romãzeiras é dada na Tabela 6. Essas necessidades são para o clima mediterrâneo e pequenas mudanças são necessárias para diferentes climas. Em geral, cada aumento de 1°C na temperatura (em comparação com o clima mediterrâneo) provoca um aumento na necessidade de irrigação de cerca de 2 litros a mais.


C a p í t u l o I | 131 Tabela 6. Requerimentos diários de água de romã (litros/árvore). Meses 1º ano 2º ano 3º ano 4º ano 5º ano + ano Mês 1 4 7 10 11 13 Mês 2 6 12 17 19 21 Mês 3 8 14 19 22 27 Mês 4 10 17 21 28 40 Mês 5 12 20 26 32 50 Mês 6 12 20 26 32 45 Mês 7 10 18 24 28 40 Mês 8 7 15 20 24 30 *Mês 1 é o mês do estabelecimento (início da brotação) que corresponde a fevereiro ou março no hemisfério norte e setembro ou outubro no hemisfério sul. Fonte: Kahramanoğlu et al. (2016).

Vale advertir que a irrigação deve ser totalmente suprimida a partir do momento em que a fruta entra em maturação para evitar possíveis rachaduras na casca da fruta, ocasionando a sua depreciação junto ao mercado. Tipos de seistema de irrigação por gotejamento 1 . Irrigação por gotejamento subsuperficial: O sistema de irrigação por gotejamento subsuperficial, os gotejadores e as linhas laterais são colocados abaixo do nível do solo na zona da raiz da planta (Figura 91).

Figura 91. Sistema de irrigação de gotejamento subsuperficial.


C a p í t u l o I | 132 2. Irrigação por gotejamento superficial: Sistema de irrigação por gotejamento superficial, os gotejadores e as laterais são colocados na superfície do solo. Com base nos tipos de laterais ou nos dispositivos emissores utilizados, os sistemas de irrigação por gotejamento podem ser classificados como: a) Sistema de irrigação por gotejamento on-line: Sistema de irrigação por gotejamento on-line em que os gotejadores ou emissores são fixados nos tubos laterais por meio de furos adequados nos tubos laterais de gotejamento em locais específicos da cultura a ser irrigada. Gotejador único a 15 cm de distância da planta pode ser usado até 6-12 meses, 2 gotejadores até 2-3 anos e 4-6 gotejadores em 2 laterais após o 3º ano dependendo da altura e extensão da planta (Figura 92).

Figura 92. Sistema de irrigação por gotejamento em romã. Jyotsana Sharma et al. (2014).


C a p í t u l o I | 133 b) Sistema de irrigação por gotejamento em linha: Os gotejadores do sistema de irrigação por gotejamento em linha são instalados de fábrica dentro ou na lateral do gotejamento em intervalos regulares (Figura 93). Isso é adequado para culturas com espaçamento próximo.

Figura 93. Sistema de irrigação por gotejamento em romã, sob gotejadores colocados na linha do dossel. Foto: Jyotsana Sharma et al. (2014).

ADUBAÇÃO DA ROMÃ ADUBO QUÍMICO. A aplicação de fertilizantes em romãzeira, dentro de um adequado programa anual de adubação, deve ser feita levando em consideração uma série de fatores como: tipo de solo, época de aplicação, quantidade e classe de fertilizantes, variedades, idade das plantas, programas prévios de adubação, análise química de solos e plantas e diagnóstico visual (RODRÍGUEZ; RUESTAS, 1992). Segundo Taipe (2012), em média uma dose adequada de adubação N–P2O–K2O unidades/ha para a romãzeira (Tabela 7), seria a seguinte:


C a p í t u l o I | 134 Tabela 7. Doses adequadas de adubação para a romãzeira por ha. IDADE

Níveis de NPK N

P

K

Primeiro ano

80

40

120

Segundo ano

120

60

160

Terceiro Ano

180

80

240

Quarto ano

200

80

280

Quinto ano adiante

200

80

280

Fonte: Taipe (2011).

No caso de microelementos para um solo arenoso, as seguintes unidades de fertilizantes (U.F) são recomendadas em média (Tabela 8). O pH da água deve estar entre 5,5 a 7 para garantir a disponibilidade de micronutrientes.

Tabela 8. Dose adequada de microelemento para solo arenoso. Ca+2

Mg+2

Fe+2

Mn+2

Zn+2

Cu+2

B*

Fonte: Taipe (2011).

A romãzeira responde muito bem a aplicações de fertilizantes sintéticos (Tabela 9). Tabela 9. Requerimento de fertilizantes sintéticos de acordo com a idade. Idade (Fertilizantes N P K sintéticos) Primeiro ano 120 60 180 Segundo ano 150 70 200 Terceiro ano 220 75 250 Quarto ano 250 80 300 Fonte: (https://es.slideshare.net/Arturinho27/cultivo-del-granado, 2015).

Ca

Mg

25 30 35 40

18 24 28 32

Em Israel se aplicam: 150-200 kg de nitrogênio, 75-100 kg de fósforo e 300 kg de potássio por hectare por ano em pomares adultos. Deve-se levar em consideração que para realizar uma adubação adequada e não elevar os custos de produção, devem-se fazer uma análise do solo e da água de irrigação, desenvolvendo-se um programa de adubação, de tal forma que a planta receba as fontes necessárias para seu crescimento normal e/ou produção (PASTOR-FIGUEROA, 2015).


C a p í t u l o I | 135 A adubação química é muito negligenciada pelos produtores de romã, principalmente o nitrogênio e o fósforo que são fornecidos em alguns pomares. O nitrogênio é reservado para as árvores raquíticas e com problemas de sanidade, mas o seu fornecimento excessivo pode causar a queda de frutas na árvore. O fósforo, por outro lado, tem uma influência favorável no enraizamento de plantas jovens e na frutificação das árvores (Figura 94). Quando adultas, deve-se ser fornecido o adubo no inverno para as árvores conduzidas em sistema de irrigação por sulco (MARS, 1995). Levantamento realizado na região de Tadla Azilal em Marrocos conseguiu mostrar que a adubação anual de 400 g de nitrogênio, 750 g de potássio e 500 g de fósforo por árvore dá a melhor produtividade de frutos nesta região (ORMVAT, 2002).

Figura 94. Aplicação de adubo químico em trincheiras ao redor da linha do dossel, devendo cobrir depois com uma camada de solo. Foto: Jyotsana Sharma et al. (2014).

As aplicações dos fertilizantes são desde o crescimento de ramos até a colheita, mediante a fertirrigação. As aplicações tardias de nitrogênio podem retardar a maturação e a cor da fruta, ou causar excesso de vegetação em detrimento da frutificação. Além disso, os excessos de nitrogênio na adubação da romã provocam maior rachadura de frutos, retarda a época de maturação dos frutos e de colheita, diminui a cor e produz um aumento no


C a p í t u l o I | 136 crescimento vegetativo da árvore, afetando negativamente a produtividade da safra seguinte. A romãzeira não é muito exigente em termos de adubação. Quando a folha cai da planta, é o momento ideal para fornecer fertilizantes fosfatados e potássicos, e no momento de entrar no estádio vegetativo, devem-se aplicar os nitrogenados em fórmulas equilibradas. As necessidades médias em elementos fertilizantes, para uma produção próxima de 30.000 kg/ha por ano são: - 216 U.F. por N. - 150 U.F. de P2O5. - 416 U.F. K20. Algumas orientações técnicas importantes sobre a adubação da romãzeira: -Podem-se realizar aportações de quelatos de ferro, no caso de solos com alto teor de calcário ativo e salinidade. -Deve-se levar em conta que um excesso de nitrogênio em árvores jovens geralmente é prejudicial, pois causa formações muito longas e fracas da planta, que devido ao seu próprio peso podem arquear excessivamente, e em outras ocasiões pode até causar a quebra do ramo novo. Além disso, se o excesso de nitrogênio for acompanhado por desequilíbrios hídricos, pode aumentar a rachadura dos frutos antes da época de maduração. Também pode influenciar negativamente no desenvolvimento da cor. - Em árvores com pouca colheita, uma adubação nitrogenada excessiva provoca um aumento no crescimento vegetativo, reduzindo inclusive a colheita do ano seguinte. - O potássio exerce um efeito favorável na redução da rachadura dos frutos. ADUBO ORGÂNICO. Os aportes de matéria orgânica são amplamente utilizados em áreas tradicionais de cultivo. Aplicação de adubo orgânico. Aplicam-se 30 toneladas de esterco por hectare para um pomar de romã com ajuda de uma máquina espalhadora de esterco, onde os sulcos são abertos antecipadamente por meio de uma retroescavadeira A atividade consiste em sulcar de 50 a 60 cm do eixo central da planta e uma profundidade de 20 a 25 cm para a incorporação de esterco, apenas um lado do camalhão por safra com um gasto de máquina de 1,8 horas (Figura 95).


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Figura 95. Abertura de sulco paralelo ao camalhão para aplicar o adubo orgânico (estrume), deixando um espaço de 50-60 cm de distância do eixo central da planta. Fonte: Fundo agrícola pampa baja S.A.

Após a incorporação do esterco, é necessário cobrir o esterco e aplana o terreno para que tenha uma superfície plana onde a mangueira de irrigação possa ficar mais estável. Esta atividade é realizada com um trator mais um implemento de disco com trilho, para que possa cobrir e nivelar o solo solto após a cobertura com a mesma máquina (Figura 96).


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Figura 96. Atividade mecânica de cobrir o esterco e aplana o terreno. Fonte: Fundo Agrícola Pampa baja

Recompor a borda do camalhão. A atividade consiste em nivelar a borda e preencher as lacunas deixadas pela máquina retroescavadeira, visando recompor a borda do camalhão para ter uma melhor estabilidade e fixação da mangueira (Figura 97).

Figura 97. Recompor a borda do camalhão. Fonte: Fundo Agrícola Pampa Baja


C a p í t u l o I | 139 3.17.6. Alinhamento de mangueira. A atividade consiste em afastar a mangueira que está presa ao colo da planta e fixá-la a uma distância de 35 cm do caule e de 70 cm entre as mangueiras (Figura 98).

Figura 98. Afastamento de mangueira de irrigação do caule da planta. Fonte: Fundo Agrícola Pampa Baja.

Aplicação de cobertura morta. Este trabalho é realizado uma vez instalada a muda, que consiste em cobrir uma camada de restos de silagem ou fardos de arroz em todo o camalhão, caso não haja palha (cobertura morta ou mulch) suficiente, prioriza-se a área de desenvolvimento radicular, tudo com o objetivo de manter a umidade da superfície na zona radicular e promover o maior desenvolvimento das raízes. Esse trabalho também traz outros benefícios como evitar que a erva daninha germine e manter a concentração de sais na periferia do bulbo de umedecimento ou fora do camalhão, desta forma em solos salitrosos a planta não será afetada diretamente com a queimadura de folhas, também nos primeiros meses de crescimento da romãzeira, o milho em consórcio serve de barreira para romper o vento em direção às plantas. Para obter a cobertura morta, o milho forrageiro pode ser semeado no topo do canteiro entre as plantas, deixando um espaço de 0,5 m de distância de cada lado da planta de romã para que esta não prejudique a competição, o milho só pode crescer até que comece a se


C a p í t u l o I | 140 formar a espiga, onde se cortará ao pé do solo para incorporar ao camalhão com os objetivos mencionados acima recomendados em plantas de 1 a 2 anos. Palha de arroz. Recomenda a aplicação da palha de arroz no camalhão na quantidade de 40 fardos de 27 kg/Há (Figura 99).

Figura 99. Aplicação de cobertura morta com palha de arroz. Fonte: Fundo Agrícola Pampa Baja (Peru).

Restos de silagem. Uma das alternativas encontrada para a redução de custos é o aproveitando de restos de silagem de estábulo para aplicação como cobertura morta, cuja operação é feita com máquina espalhadora de adubação para aplicação e distribuição de cobertura morta nos camalhões (Figura 100).

Figura 100. Aplicação de cobertura morta (restos de silagem). Fonte: Fundo Agrícola Pampa Baja.


C a p í t u l o I | 141 CONSORCIAÇÃO Na fase inicial de implantação do pomar de romã até o plantio, o espaçamento entre fileiras deve ser aproveitado economicamente, preferencialmente com leguminosas na estação chuvosa. Portanto, o feijão, pastagem (mulch vivo para controle de plantas daninhas) adubos verdes etc. podem ser cultivados em pomares pré-produtivos para renda adicional ou para melhorar a fertilidade do solo (Figuras 101 e 102). A escolha das culturas consorciadas dependerá do local a ser realizado e das instalações de irrigação disponíveis ou da quantidade de chuva e seu padrão de distribuição.

Figura 101. Pomar de romã em sistema consorciado. Foto: Chandra et al. (2011).


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Figura 102. Cultivo de romã consorciado com uma superficie de pastagem (entre fileiras).

CONTROLE DE PLANTAS DANINHAS O controle das plantas daninhas precisa de uma abordagem integrada para que seja uma prática econômicamente viável e ambientalmente correta. Por esta razão; o manejo integrado de ervas daninhas deve incluir métodos culturais, mecânicos, físicos e biológicos, juntamente com aplicações químicas. Controle cultural. O ajuste correto da distância de plantio é o primeiro passo para o controle cultural de plantas daninhas. A melhor distância para as cultivares de romã de crescimento médio: Wonderful, Hicaznar, Mollar de Elche e etc., é de 3 m entre plantas e 5 m entre linhas. Além da distância de plantio, o método de irrigação é muito importante. A maioria das sementes de ervas daninhas precisa de água para germinar, então o método de irrigação por gotejamento ou linhas de microaspersão são recomendados onde as ervas daninhas germinam apenas ao redor das linhas de gotejamento. Por último, a prevenção da sua infestação é muito importante. Por esta razão, a água de irrigação deve ser filtrada para eliminar as sementes de ervas daninhas. Os estrumes dos animais devem ser compostados antes da utilização e todas as máquinas/equipamentos agrícolas devem ser limpas antes da introdução no pomar.


C a p í t u l o I | 143 Controle mecânico. O manejo do solo sempre precisa ser realizado antes que as plantas daninhas produzam sementes. O tempo para o manejo do solo precisa ser arranjado nos momentos em que o clima e o solo não são adequados para a reprodução vegetativa. O tempo recomendado para o controle mecânico de ervas daninhas é antes que o fluxo de primavera apareça (floração). Os primeiros trabalhos de cultivo são feitos nos meses de inverno, geralmente em janeiro, com o cultivador, para obter um solo mais poroso, cujo objetivo é a eliminação de ervas daninhas e o preparo da terra para a irrigação. Às vezes é feito um passe com a fresadora (máquina rotativa) para enterrar o esterco e os fertilizantes que são incorporados ao terreno (Figura 103).

Figura 103. Fresadora rotativa para incorporar o esterco. Foto: Celli SpA.

Para o manejo de ervas daninhas perenes, é importante arar o solo. No entanto, isso só pode ser feito antes do plantio, não nos pomares estabelecidos. Assim, as partes de ervas daninhas sob o solo surgem e é necessário capiná-las com enxada. Grade de disco e fresadora quebra os rizomas, estolões e bulbos e quebra a dominância apical. Assim, o número de ervas daninhas aumenta! Portanto, o cultivador é mais eficaz para uso em tal população de ervas daninhas. Na primavera, são feitas passadas com o trator motorizado


C a p í t u l o I | 144 entre fileiras (ruas) para eliminar as ervas daninhas e obter melhor evapotranspiração (Figura 104).

Figura 104. Observa-se o solo bem cultivado do pomar de romã. Foto: Kahramanoğlu et al. (2016).

O manejo do solo precisa ser realizado nas estações em que os órgãos de armazenamento de plantas daninhas (estolões, rizomas, bulbos, etc.) não estão ativos e às vezes precisam ser repetidos mais de uma vez para controlar as plantas daninhas. Como uma segunda medida de controle, também podem ser usados roçadeiras mecanizadas acopladas ao trator que são muito eficazes contra ervas daninhas recém-emergidas e não reproduzem ervas daninhas perenes. A movimentação não danifica o solo e pode ser repetida regularmente para controlar as populações de ervas daninhas, dependendo da economia. As máquinas de manejo do solo devem ser selecionadas de acordo com as espécies e características das plantas daninhas. Nos primeiros 2 anos de vida da planta, as plantas daninhas têm maior incidência no camalhão em decorrência da aplicação de matéria orgânica e da presença de umidade constante em decorrência da irrigação, que fazem com que as sementes germinem de ervas daninhas provenientes do esterco (Figura 105). Para controlar as ervas daninhas são realizadas capinas a cada tempo até 5 vezes por estação. Isto é feito quando as ervas daninhas têm 3 a 4 folhas, este trabalho por sua vez permite soltar o solo (aeração) e assim oxigenar a raiz para um bom desenvolvimento da planta.


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Figura 105. Capina manual no camalhão para controle de plantas daninhas. Foto: Fundo Agrícola Pampa Baja S.A.C.

Controle físico. A solarização e a cobertura morta são os métodos eficazes de controle de plantas daninhas. A solarização pode ser realizada antes do estabelecimento do pomar, não depois. Para a solarização, são utilizados materiais transparentes/brancos e, assim, a energia da luz solar aquece o solo. Portanto, isso faz com que as sementes de ervas daninhas, doenças e pragas sejam eliminadas do solo. Mulching é um processo de cobrir a superfície do solo com qualquer material. O objetivo da cobertura morta é evitar a penetração da luz solar no solo. A cobertura morta é benéfica quando: • evita a perda de água do solo, • previne o solo contra a geada, • previne doenças transmitidas pelo solo (ou seja, Alternaria), • previne a lixiviação, • protege a estrutura física do solo, • aumentar a quantidade de nutrientes benéficos (mulch vivo), • evita o contato do caule da cultura com o solo e, assim, evita o apodrecimento, • aumentar a temperatura do solo e acelerar o crescimento da árvore.


C a p í t u l o I | 146 Plástico preto, lascas de madeira, turfa, palha e aparas de madeira podem ser usados como material de cobertura. Plantas especialmente da família Fabaceae podem ser usadas como plantas de cobertura (mulch vivo). Também é benéfico porque: • Controla a erosão do solo, • Aumenta o teor de nitrogênio do solo e equilibra a água, • Protege o organismo do solo, regula a aeração do solo e equilibra a temperatura do solo, • Não afeta a estrutura física do solo e protege as raízes das culturas, • Previne algumas infecções por doenças, • Controla nematóides. Controle biológico. O manejo biológico é feito usando alguns seres vivos que afetam negativamente as populações de ervas daninhas e não afetam as culturas. Esses seres vivos geralmente reduzem as populações de ervas daninhas abaixo dos limites econômicos, em vez de eliminá-las. A maioria desses seres vivos são insetos e agentes de doenças. No entanto, o controle biológico por insetos e doenças é específico de plantas daninhas e não pode controlar todas as populações de plantas daninhas. Para o manejo biológico de ervas daninhas em pomares de romã (não jovens!), galinhas, gansos e ovelhas podem ser usados durante o período de inverno, quando as árvores perdem suas folhas. Controle químico. O controle químico é fácil de transportar e dá resultados rápidos. No entanto, afeta negativamente o meio ambiente e, a longo prazo, pode fazer com que as plantas daninhas se tornem resistentes aos herbicidas. Portanto, os métodos de controle químico precisam ser realizados corretamente e devem ser a ÚLTIMA escolha dos agricultores. O sucesso da aplicação do herbicida depende de: • Tempo de aplicação correto, • Dosagem de aplicação correta, • Equipamento de aplicação correto (pulverizador manual e atomizador NÃO PODEM ser usados), • Pressão de aplicação correta, • Herbicidas não podem ser misturados com pesticidas ou fertilizantes, • Uso de água: 20-50 lt/da (dependendo do herbicida),


C a p í t u l o I | 147 • A aplicação NÃO deve ser feita em condições climáticas chuvosas, ventosas e muito quentes, • Herbicidas NÃO devem tocar as plantações, especialmente herbicidas totais, • Os herbicidas do solo devem ser misturados ao solo após a aplicação, • Recomenda-se o uso de microherbi para os herbicidas foliares sistemáticos, ou seja, Glifosato. O glifosato é um herbicida sistêmico e pode ser aplicado durante toda a safra, mas devese ter cuidado especial para evitar aplicações em dias de vento e não deve ser aplicado nas romãzeiras ou nas raízes das árvores. A remoção de chupão é importante, caso contrário o glifosato pode ser translocado para as árvores e matá-las (Figura 106).

Figura 106. Uma observação do dano do glifosato nos chupões.

Não apenas para o Glifosato, mas para todos os herbicidas, cuidados especiais devem ser tomados. Por outro lado, a rotação de herbicidas é altamente sugerida para a prevenção da resistência de plantas daninhas contra herbicidas. As ervas daninhas anuais são controladas principalmente com herbicidas de pré-emergência (herbicidas), como Oxyfluorfen e Pendimethalin (Tabela 10). Após a germinação, as ervas daninhas são controladas pelo Glifosato. O oxifluorfen também pode ser usado para matar algumas ervas daninhas por contato.


C a p í t u l o I | 148 Tabela 10. Ingredientes ativos disponíveis para o controle eficaz de plantas daninhas. Ingrediente ativo

Glifosato 480 g\L

Dose sugerida

Intervalo

de

EU

colheita

(ppm)

21 dias

0,10

500 ml\da

21 dias

0,05

250 ml\da

21 dias

0,05

300 ml/da para ervas daninhas

MRL

anuais; 600 ml/da para ervas daninhas perenes Pendimethalin 450 g\L Oxyfluorfen

240

g\L

Com a prévia avaliação do campo, as plantas daninhas grandes são controladas por meio da capina manual e para as plantas daninhas pequenas, aplica-se o herbicida glifosato por 2 litros por cilindro com capacidade de 200 litros de água. Essas atividades são cada vez menos necessárias devido à introdução da irrigação por gotejamento e uso de mulching (Figura 107).

Figura 107. Uso de mulching em plantação de romã irrigada com a variedade Wonderful cultivada em camalhões. Foto: theprojecttreview.blogspot.com.


C a p í t u l o I | 149 Mulching. Mulching, ou cobertura morta, consiste em cobrir o solo da linha de plantio com materiais orgânicos (palha de arroz, serragem, bagana de folhas trituradas pela máquina extratora de cera da carnaubeira, etc. Figura 108) ou materiais sintéticos (plástico, etc.; Figura 109), fundamentalmente para evitar o crescimento de plantas daninhas e manter a umidade na área do sistema radicular. A colocação de uma cobertura superficial ajuda a reduzir a frequência de irrigação, além de proteger as raízes jovens da evaporação excessiva de água em dias quentes. A sua colocação é, portanto, essencial em caso de ausência de irrigação. Esta técnica favorece muito o desenvolvimento da planta nos primeiros anos, resultando em plantas saudáveis e vigorosas com melhores produções e maior crescimento do arbusto\ ano.

Figura 108. Diferentes tipos de coberturas orgânicas sobre leirões em romãzeira: palhas de arroz ou folhas trituradas de carnaubeira.


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Figura 109. Coberturas plásticas sobre leirões em romãzeira.

O mulch de origem orgânica tem a vantagem de contribuir com matéria orgânica para o solo e melhorar sua estrutura, mas tem uma duração muito curta (4-5 anos) e plantas daninhas terminam se instalado sobre ele. Caso contrário ocorre quando se usa a malha anti-ervas daninhas, a qual dura 10-15 anos e cumpre melhor a função principal da cobertura morta (mulching), que é evitar o crescimento da erva na fileira de plantio. Quando for usado “mulch”, dobrar a quantidade de nitrogênio, com o objetivo de reduzir a relação C/N do material e, assim, acelerar sua decomposição (ANTUNES; RASEIRA, 2006). A cobertura morta deve ocupar uma faixa de aproximadamente 1,6-2,0 metros de largura ao longo da fileira de plantio. Quando se trata de um preenchimento orgânico, sua espessura deve ser de 15-20 cm, substituindo-o a cada 4-5 anos. Portanto, cobrir o solo do leirão/ou apenas o solo abaixo do dossel da planta com cobertura morta inorgânica ou orgânica durante os meses secos após a estação chuvosa conserva a umidade do solo e economiza água de irrigação, cria condições favoráveis para o crescimento das plantas, desenvolvimento e produção eficiente de culturas. Evita a evaporação direta da umidade do solo, aumenta a temperatura do solo durante os invernos, reduz a compactação do solo


C a p í t u l o I | 151 e a produção de frutos é mais precoce. Além disso, as coberturas orgânicas aumentam a capacidade de retenção de água e nutrientes, melhoram o oxigênio do solo, o crescimento das raízes e também fornecem nutrientes em decomposição. Em relação à manutenção do solo, é aconselhável manter a grama da rua, minimizando a erosão do solo em áreas inclinadas e reduzindo a compactação do solo devido à passagem de máquinas. A grama deve ser cortada periodicamente para evitar competição desta, em água e nutrientes, com a cultura. Esta operação é preferível que seja realizada com roçadeira, deixando os restos no terreno que serão incorporados ao solo para aumentar o teor de matéria orgânica. Os herbicidas podem ser usados para controlar as plantas daninhas que podem sair através da cobertura morta ou ao longo das bordas da cobertura. Os mais recomendáveis são o tipo de contato não sistêmico, o tipo glufosinato e os sistêmico tipo glifosato. Este último é mais eficaz porque elimina as plantas daninhas da raiz da romãzeira, mas devem-se ter cuidado para não tocar nas partes verdes das plantas. Além disso, em solos muito arenosos deve ser usado com muito cuidado, pois é possível que a planta o assimile pela raiz.

FISIOPATIAS OU DISTÚRBIOS FISIOLÓGICOS As desordens ou distúrbios fisiológicos compreendem as alterações que ocorrem por causa de modificações no metabolismo normal ou na integridade da estrutura do produto. São decorrentes da exposição dos produtos hortifrutícolas a condições de estresse, tanto no período que precede como após a colheita dos mesmos. O dano por sol, que afetam a maioria das espécies frutíferas e hortícolas, como melancia, tomate e pimentão, é considerado o problema mais importante em pomares de maçã no Chile, onde foram medidas incidências superiores a 40%, dependendo da cultivar. Por outro lado, um dano por sol, às vezes quase imperceptíveis, pode evoluir no armazenamento, transformandose no fenômeno conhecido como "queimadura solar" (sunscald) (REVISTA RED AGRÍCOLA, 2012). Os danos do sol nas frutas aumentam nas regiões semiárida e árida. Foi relatado que, nessas condições, as temperaturas dos frutos e folhas chegam a níveis elevados e, portanto, ocorrem a queimadura por sol (DRAKE et al., 1991; PARCHOMLOCHUK;


C a p í t u l o I | 152 MEHERIUK, 1996; ARNDT, 1992; SCHRADER et al., 2002; YAZICI; KAYNAK, 2006). As queimaduras solares em romãs são causadas principalmente por calor e radiação solar (FINKEL; HOLBROOK, 2000; DESIKAN et al., 2001; RENQUIST et al., 1989). Enquanto as rachaduras em romãs são causadas por fatores climáticos, como irregular e superirrigação durante o período de amadurecimento, chuva durante o período de colheita (MESHRAM et al., 2010; MARS, 2000), colheita tardia (SHULMAN et al., 1984; HODA; HODA, 2013), danos físicos na casca e queimadura por sol (SHULMAN et al., 1984), desequilíbrio na nutrição das plantas (EL-KASSAS et al., 1992; ABD ELRHMAN, 2010), diferença de temperatura entre o dia e a noite (ABD EL -RHMAN, 2010), ventos quentes soprando após um período árido, diminuição instantânea da temperatura (PLAMENAC, 1972) e colheita tardia e fatores genéticos (JOSAN et al., 1979). Foi relatado que a colheita tardia e os fatores genéticos são os fatores mais significativos (YILMAZ; ÖZGÜVEN, 2009). Resistência à rachadura de frutas é fortemente afetada pelo clima e pelo manejo do pomar, principalmente pelo regime hídrico e pelo programa de irrigação. Algumas diferenças são observadas entre as cultivares (MARS; MARRAKCHI, 1998). Observou-se que a resistência ao rachamento e queimadura por sol dos tipos de romã também é diferente (KUMAR; PROHIT, 1989; ABU-BAKAR et al., 2013). Precauções contra rachaduras em romãs são tomadas e a precaução mais significativa é usar os tipos resistentes que amadurecem precocemente (JOSAN et al., 1979). As queimaduras solares e rachaduras nas romãs geralmente começam por volta do período de amadurecimento e, à medida que o amadurecimento avança, a proporção de rachaduras e queimaduras aumenta. É sabido que algumas frutas racham durante o último período de crescimento (YAZICI; KAYNAK, 2009b). Rachaduras e queimaduras solares em frutos de romã podem surgir separadamente e sabe-se que a proporção de rachaduras aumenta em frutas que são submetidas a queimaduras solares (SHULMAN et al., 1984). O período de amadurecimento dos tipos tardios de romã na Turquia geralmente corresponde ao período em que termina a estação árida e começa a chuva. Nesse período, a diferença entre as temperaturas diurnas e noturnas aumenta e a umidade relativa do clima diminui. Nesse período, os frutos da romã estão quase totalmente maduros. A casca fica tensa neste período devido à formação do arilo. Após uma longa estiagem, a casca


C a p í t u l o I | 153 não resiste ao aumento da pressão interna e se separa por motivos como irrigação, chuva ou diminuição instantânea das temperaturas. Da mesma forma, as cascas de tipos de romã de tamanho médio em condições climáticas subtropicais são sensíveis a queimadura por sol e geralmente provocam danos na casca. 1 - Queimadura por sol A queimadura por sol é um dano que é produzido pela exposição do fruto à radiação solar direta, o que gera um aumento na temperatura do tecido exposto que se desenvolve manchas preto-acastanhadas (YAZICI; KAYNAK, 2009a). Este dano é muito comum em romãzeiras e também afeta os arilos localizados sob a área danificada que apresentam uma pigmentação vermelha menor. Esse dano é a principal causa do descarte de frutas para a exportação, afetando 30-40% das frutas colhidas. Esse distúrbio geralmente ocorre em árvores jovens, inclusive quando se realiza uma poda desnecessária (ou irregular) também pode aumentar as queimaduras solares nos frutos das árvores. A casca das frutas da romã voltada para o sol fica marrom ou bronzeada e também pode se tornar marrom-escura devido à queimadura (Figura 110). A causa das queimaduras solares é a ação combinada de alta radiação solar, baixa umidade e altas temperaturas. Yazici e Kaynak (2006) indicaram que a radiação solar entre 220 J/ cm 2 a 324 J/ cm2 está altamente correlacionada com as temperaturas da superfície dos frutos e que as temperaturas superficiais dos frutos que causam queimaduras de sol variam entre 41 ºC e 47,5 ºC. Os ventos quentes são outra causa importante de queimadura por sol.

Figura 110. Fruta da romã voltada para o sol causa queimadura, ficando a casca marrom. Foto: Keziban Yazici, Sezai Ercişli (2017).


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Este problema é acentuado em áreas com grande luminosidade. Os danos do sol nas frutas aumentam nas regiões semiárida e árida. Foi relatado que, nessas condições, as temperaturas dos frutos e folhas chegam a níveis elevados e, portanto, ocorrem queimaduras solares (DRAKE et al., 1991; PARCHOMLOCHUK; MEHERIUK, 1996; ARNDT, 1992; SCHRADER et al., 2002; YAZICI; KAYNAK, 2006). Em Israel, cultivares tardias, como ‘Wonderful’, que amadurecem no outono e são expostos durante todo o verão à forte radiação solar e altas temperaturas, são muito mais suscetíveis a queimaduras solares. Cultivares precoces, como ‘Akko’ e ‘ShaniYonay’ são menos suscetíveis. As variedades em que os frutos são vermelhos desde o princípio são menos suscetíveis à queimadura por sol do que as variedades que no início do crescimento são verdes (FRANCK, 2009). Em geral, isso causa descartes entre 20-50%, e não só afeta a casca, mas que também pode afetar a cor dos arilos (FRANCK, 2009). Algumas das alternativas para evitar esse tipo de dano são: proteger o fruto, seja com a mesma folhagem, com sacos de papel manteiga colocados individualmente em cada fruto, com algum tipo de telas de sombreamento que seja capaz de proteger cada fileira do pomar (PRAT et al., 2003) e aplicação de caulim. Além de ralear os frutos localizados na parte superior das plantas e do uso de variedades resistentes, cujos frutos desenvolvam precocemente a cor vermelha (FRANCK, 2009). A variedade Wonderful é a mais sensível ao dano ocasionado pela queimadura por sol, chegando a 30 a 45% de descarte por esta causa no momento da embalagem, isso porque esta variedade desenvolve a cor vermelha tardiamente na árvore, ficando exposta durante toda a temporada (estação), e por outra parte ao mudar de posição da fruta ao se inclinar pelo peso da mesma (fruta) durante a estação. Estudos realizados na Espanha (MELGAREJO, 2004) e na Turquia (YAZICI; KAYNAK, 2009) com as variedades Mollar de Elche (rosa) e Hicaznar (vermelha), respectivamente, mostram que os três métodos foram eficazes no controle da queimadura por sol. No caso das telas de sombreamento, estas apresentam faixas de interceptação de 10% a 35% da radiação e recomenda-se implantá-las 2 a 3 semanas após o vingamento e retirá-las três semanas antes da colheita. Períodos semelhantes são recomendados para a aplicação dos sacos de papel manteiga. As aplicações de caulim geralmente são feitas de forma parcial


C a p í t u l o I | 155 a partir do momento em que os frutos atingem 4 cm de diâmetro em intervalos de 1 a 3 semanas (MELGAREJO et al., 2004; YAZICI; KAYNAK, 2009; Tabela 11). Tabela 11. Redução de luminosidade com coberturas Cobertura com papel

Porcentagem

Cobertura com pó de

Luminosidade em um

caulim

dia normal

40

60000 lux

45 a 50

Fonte: Fausto Armando, Pastor Figueroa (2015).

O uso de cobertura morta em frutos de romã reduz o percentual de descarte. No entanto, aumenta os custos de mão de obra ao colocar coberturas nos frutos, afetando a relação custo-benefício na produção da cultura. No entanto, o uso e tipo de cobertura aumenta principalmente a categoria um (CAT. 1), diminuindo os danos causados por insolação, atritos dos galhos contra os frutos, entre outros, o que leva a uma maior renda e justifica o custo da mão de obra na colocação da cobertura. Manejo. O primeiro passo para o controle das queimaduras solares é evitar podas pesadas e desenvolver um bom dossel por meio de poda adequada e nutrição das plantas para dar sombra aos frutos. Caso contrário, ou em frutos jovens, recomenda-se a proteção dos frutos da luz solar direta ensacando-os em sacos de papel ou material similar. Aproximadamente um mês e meio antes da colheita, os materiais de cobertura devem ser retirados para garantir a coloração adequada das romãs. É importante destacar que a cobertura individual com sacos protege os frutos de queimadura por sol, de atritos por galhos, ataques de pragas, além de aumentar o seu tamanho. Isso funciona melhor em frutos individuais do que em racimos (cachos), pois deve-se levar em consideração que um desbaste de frutos deve ser realizado. 2 - Cobertura de frutos com sacos de papel A técnica consistiu em embrulhar com sacos de papel manteiga todos os frutos presentes nas árvores, após terminado o raleio de frutos, formando um saco aberto na sua parte inferior, e vedado com colchetes para evitar que o saco não se abra durante a estação. Os frutos são ensacados conforme mostrado na Figura 111. Tal atividade é realizada com o objetivo de reduzir a insolação dos frutos, desde que sejam colocados os referidos sacos em todos os frutos, apenas os que estejam expostos ao sol, especialmente da parte superior e também até 10% dos frutos da parte interna da copa devem ser protegidos, em momento


C a p í t u l o I | 156 oportuno durante a mudança de posição dos frutos, atividade que marcará o diferencial acima de tudo na qualidade dos frutos para colheita, reduzindo então o percentual de descarte por insolação.

Figura 111. Cobertura individual de frutos com sacos de papel manteiga em plantas de Romãzeira. Foto: Ignacio Andrés Díaz Soler (2012).

Os técnicos recomendam colocar os sacos de papel em todos os frutos vingados que perderam suas pétalas com diâmetro maior que 4 cm e mudaram de cor conforme mostrado na Figura 112, pois estes não cairão mais por absorção. Também os frutos que ficam expostos diretamente ao sol sem nenhuma proteção pelos galhos da árvore. Os frutos deformados não deverão ser cobertos, apenas nos frutos aptos serão colocados os sacos de papel.


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Figura 112. Fruto vingado e o pomar apresentando os frutos de romã cobertos com sacos de papel manteiga. Foto: Wikipedia.

Benefícios para os frutos ensacados. O ensacamento da romã é uma das tarefas que os agricultores costumam fazer ao plantar as romãs (Figura 113). Não só garante a limpeza da superfície da fruta, mas também resolve eficazmente os problemas de pragas e doenças da romã, e melhora o rendimento e a qualidade da fruta.

Figura 113. Frutos de romã em sacos de papel manteiga.


C a p í t u l o I | 158 O plantio da romã é um processo longo, durante o qual diferentes doenças e pragas de insetos atacam, portanto, o ensacamento da romã é um processo muito importante. Se a romã não for ensacada, haverá picadas, manchas de água, mofo negro, danos causados por insetos, etc., o que não só afeta a beleza da superfície da fruta como também afeta seu valor econômico, além da fotossíntese da romã. Portanto, as romãs são geralmente ensacadas. Todos os anos, os produtores de frutas gastam muito tempo e energia no ensacamento. Após o ensacamento, os sacos de frutas não devem permanecer até o final da colheita. É necessário retirar o saco do fruto por alguns dias antes da colheita e deixálo ficar exposto ao sol, para que seja colorida rapidamente, e a cor termina ficando brilhante, o que é benéfico para a venda de romãs (Figura 114). Ou seja, o dano à casca será pequeno e a cor da casca ficará muito boa.

Figura 114. Fruta grande, sadia e de cor vermelha sem apresentar problema de queimadura por sol.

3 - Pulverizar os frutos com caulim. Outra forma eficaz de controlar as queimaduras solares seria a pulverização de frutos com caulim por três vezes, em intervalos de 15 dias, durante os meses quentes de verão (Figura 115). No entanto, esse método é um tanto caro, dependendo do país que não produz caulim. A primeira pulverização deve ser realizada imediatamente antes do clima quente


C a p í t u l o I | 159 em toda a copa e frutas com 5% de caulim. Enquanto as duas pulverizações posteriores podem ser na dosagem de 2,5% de caulim. Se a chuva forte lavar o caulim, o intervalo de pulverização deve ser reduzido.

Figura 115. Estado de plantas de romã pulverizadas com caulim. Foto: Ignacio Andrés Díaz Soler (2012).

Estudos conduzidos por Yazici e Kaynak (2006) indicaram que o sombreamento de 35% e a aplicação de caulim são eficazes na redução de queimaduras solares em frutas de romã (MELGAREJO et al., 2004). Para a cultivar ‘Hicaznar’, o tratamento com caulim provou ser o melhor método, pois também melhorou a cor dos frutos (YAZICI; KAYNAK, 2006). Objetivando reduzir as perdas de romã devido à queimadura por sol de frutas no sudoeste da Espanha, quando as temperaturas no verão podem subir acima de 45 °C, Melgarejo et al. (2004) aplicaram um produto a base de caulim processado e refinado, denominado no mercado por Surround WP, em dois anos consecutivos, sobre todo o dossel e frutas quatro vezes em intervalos de 2–3 semanas de meados de junho ao início de agosto, a primeira aplicação a 5% e as outras três a 2,5%. O revestimento branco resultante reduziu


C a p í t u l o I | 160 significativamente as temperaturas da superfície da fruta e da folha em relação ao controle em médias de 4,9 e 2,5 °C, respectivamente. Os danos causados por queimaduras solares nos frutos foram reduzidos de 21,9% no controle não tratado para 9,4% nos frutos tratados com Surround WP. 2 - Rachadura de frutas Uma das características mais importantes desse fruto é que ele tende a abrir quando está maduro, situação mais recorrente quando chove em solo seco (FRANCK, 2009) ou quando os frutos são deixados na árvore após sua maturação fisiológica, deixando assim suas sementes expostas (PRAT et al., 2003). Ou seja, a rachadura da fruta, na verdade, pode ser considerada como o último estágio do processo normal de desenvolvimento da fruta da romã, onde a fruta está ampliando suas sementes. Esse é um distúrbio de pré-colheita que afeta a qualidade do fruto durante o armazenamento. As variações bruscas na umidade atmosférica, assim como irrigações profundas ou chuvas após longos períodos de déficit hídrico, geralmente causam a rachadura dos frutos (PRAT et al., 2003). A causa real desse distúrbio é desconhecida, embora pareça ser devido a mudanças na umidade do solo e ambiente (ventos secos, chuva ou uma forte tempestade seguida de seca) ou pode se tratar de desequilíbrios nutricionais. Sabe-se que a chuva nos frutos maduros da romã após o final da estação seca pode induzir o rápido rachamento dos frutos. Portanto, a rachadura é um problema em regiões onde a maturação dos frutos se sobrepõe a uma estação chuvosa. Há indicações de Israel e da Turquia de que o sombreamento pode induzir a divisão de frutas, muito provavelmente pela alteração do balanço hídrico devido à menor radiação (YAZICI; KAYNAK, 2006). A incidência do número de frutos rachados depende da variedade e, principalmente, de características como eficiência no uso da água e níveis de nutrientes como nitrogênio, potássio e cálcio nas folhas (PRAT et al., 2003). Para mitigar ou solucionar esse distúrbio, são utilizadas variedades de floração precoce, desbastar frutos para manter o equilíbrio na capacidade de produção das plantas, colher os frutos que estejam já maduros, evitar grandes oscilações de umidade do solo (irrigação por gotejamento com níveis constantes de umidade reduzem a rachadura de frutos) e suprir as necessidades de boro em caso de deficiência (LOANNIDIS et al., 1999; SINGH et al., 2003; SHIEKH; RAO, 2006). A solução seria em áreas de risco de chuva para a colheita (março, abril), ter cuidado no


C a p í t u l o I | 161 manejo da irrigação, ou seja, ir aumentando a irrigação para que a árvore fique mais adaptada ao solo úmido, se acontecer de chover. Alguns relatórios indicam que a pulverização com ácido giberélico (GA3) a 150 ppm ou com benzil adenina (BA) a 40 ppm pode reduzir significativamente a divisão da fruta (SEPAHI, 1986; MOHAMED, 2004; YILMAZ; OZGUVEN, 2009). É importante destacar que a rachadura da fruta é um problema sério da romã (Figura 116). Todas as frutas rachadas perdem seu valor para o mercado “in natura”. Essas frutas só podem ser utilizadas para a produção de suco concentrado, desde que não sejam afetadas por fungos, bactérias ou insetos. Para a produção de suco fresco espremido 100% natural, onde a tendência mundial é esse tipo de suco, não se dá preferência ao uso de frutas rachadas.

Figura 116. Frutos rachados de romã. Fotos: Keziban Yazici, Sezai Ercişli (2017).

Solo muito seco ou muito úmido, após chuva excessiva pouco antes da colheita, causa a rachadura de frutos (Figura 117). Mesmo que seja deixada muito pouca massa de folhas na árvore durante a poda anual, o que protegeria a fruta de muito sol, pois muita luz solar nas frutas pode causar queimaduras.


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Figura 117. Rachadura de frutas de romã. Foto: Tea Knap.

Os frutos rachados também são suscetíveis a doenças de armazenamento. Existem muitas causas para o rachamento de frutas, incluindo: • A principal causa do rachamento dos frutos é a irrigação irregular e/ou intensa ou a chuva após um longo período de seca. A extensão da divisão dos frutos é significativamente reduzida pela irrigação regular, particularmente pela irrigação por gotejamento (PRASAD et al., 2003). •. As variações extremas nas temperaturas diurnas e noturnas podem ser o outro motivo de rachamento das frutas. A temperatura também pode afetar a permeabilidade das paredes celulares e os processos bioquímicos das células e aumentar o rachamento. • A ocorrência de vento quente durante os meses de verão também aumenta o rachamento da fruta ao passar, causando perda de água na superfície da fruta e tornando a casca da fruta dura e inelástica. •. Outra razão importante para o rachamento das frutas é a deficiência de boro e cálcio.


C a p í t u l o I | 163 • A fertilização desequilibrada também pode causar rachaduras se o interior da fruta estiver se desenvolvendo rapidamente do que a casca. • A aplicação excessiva de nitrogênio, especialmente antes da maturação, pode causar o rachamento dos frutos. • O ataque severo de tripes, ácaros e algumas outras pragas também pode aumentar o rachamento da fruta, onde essas pragas danificam a casca e a tornam sensível contra rachaduras. Manejo. O manejo de rachaduras começa com a seleção do local apropriado para produzir as romãs. Recomenda-se que o local adequado tenha pouca ou nenhuma chuva antes e durante o período de colheita. Para um controle bem-sucedido de rachaduras, a etapa principal e importante é a irrigação regular. As quantidades podem ter mudado ligeiramente de acordo com as cultivares. No entanto, o ponto mais importante aqui é que os valores mensais também variam dependendo do clima, da região geográfica, da idade da árvore e do rendimento da árvore. Portanto, a irrigação das plantas desde o início até a maturação dos frutos com quantidade adequada de água em intervalos regulares é muito importante. A irrigação das romãs durante a colheita também é muito importante. Alguns produtores interrompem a irrigação antes da colheita, o que prejudica a fisiologia da árvore e estimula o rachamento dos frutos. A conservação da umidade do solo durante os meses muito quentes é muito importante devido à redução da evapotranspiração rápida. A cobertura morta pode ser realizada por este motivo. O plantio de um quebra-vento adequado ao redor do pomar em um ângulo reto com a direção do vento predominante é útil para a prevenção de rachaduras. Duas aplicações de boro (5%) (2 g/ litro), uma durante a fase de alargamento (expansão) da fruta e outra antes da colheita, são úteis para a prevenção de rachadura da fruta. Recomenda-se também duas aplicações de cálcio (nitrato de cálcio “10%” 2-4 g / litro), primeiro na floração plena e, em segundo lugar, um mês após a floração plena. A pulverização de ácido giberélico (40 ppm) nas frutas jovens também minimiza a incidência de rachadura das frutas. 3 - Desordens de forma Os frutos da romã têm a forma globosa, isto é, achatados nos pólos. Frutas de romã são sensíveis a distúrbios de forma. A razão de formas anormais pode ser ocasionada por danos mecânicos durante a frutificação e/ou tripes durante a floração e frutificação. Os


C a p í t u l o I | 164 danos ocorridos durante a frutificação fazem com que os frutos tenham formas anormais (Figura 118). Às vezes, a polinização inadequada pode ser a razão dos distúrbios de forma. Para o controle de distúrbios de forma, recomenda-se controlar a infestação de tripes e pulgões durante a floração e a frutificação. Isso evitará danos na casca das frutas e poderá ter um controle sobre as formas anormais. Portanto, durante o desbaste dos frutos, é altamente recomendável iniciar o desbaste dos frutos anormais.

Figura 118. Observa-se na árvore uma fruta de romã com formato anormal. Foto: İbrahim Kahramanoğlu e Serhat Usanmaz (2016).

OUTROS TIPOS DE DANOS AOS FRUTOS 1 - Danos por granizo Danos de granizo não são comuns em romãs. Porém, está relacionado ao clima e pode causar danos extremos em alguns países. Assim, a extensão das perdas varia de leve a alta. As tempestades de granizo podem variar em intensidade e duração quando ocorrem durante a estação de crescimento. Além dos danos nas frutas, também podem ser observados danos nas folhas e no tronco. As folhas sensíveis das plantas ficam desfiadas, marcadas ou rasgadas pelo granizo. Danos de granizo podem matar completamente as


C a p í t u l o I | 165 árvores jovens. Também os danos de granizo aumentam a suscetibilidade das frutas à decomposição. As frutas ao serem danificadas, vão cair no chão. A prevenção dos danos causados pelo granizo só é possível com a instalação de redes nas árvores que não são econômicas. Outro ponto importante é evitar o estabelecimento de pomares em condições climáticas onde o granizo é possível. Por outro lado, após uma tempestade de granizo é importante conhecer algumas práticas que podem ajudar a restaurar as árvores e podem proteger os frutos. Os ramos danificados são sensíveis a fungos e bactérias onde os danos apresentam pontos de entrada para patógenos. A primeira coisa, depois de uma forte tempestade de granizo, é podar os galhos altamente afetados. Depois disso, a aplicação de fertilizante de nitrogênio nas plantas impactadas é benéfica para a regeneração dos ramos. Recomenda-se a aplicação de pasta de bordalesa 10% nas pontas cortadas dos ramos. Se o dano nas frutas for muito forte, pode-se desbastar as frutas para manejar bem o resto. Uma aplicação de 2 g / l de ácido bórico é benéfica para aplicar antes da colheita. Além do ácido bórico, também podem ser aplicados 2 g/ L de zinco para aumentar a eficiência. Isso pode ajudar a evitar o apodrecimento das frutas devido a lesões superficiais. Aproximadamente 10 dias após a aplicação dos microelementos, a aplicação de 5 g / L de uréia é recomendada para aumentar o crescimento dos ramos. 2 - Danos mecânicos Semelhante a muitas outras frutas, a casca da romã é sensível a danos mecânicos. Danos mecânicos podem ser causados em frutas por causa de ventos fortes e poda incorreta. O vento faz com que as frutas sacudam nas árvores e toquem as partes espinhosas dos galhos (Figura 119). Assim, podem ocorrer danos mecânicos nas frutas, o que pode, então, aumentar o crescimento de patógenos nas frutas ou dentro delas. Portanto, a proteção do pomar de ventos fortes por quebra-ventos é muito importante para evitar danos mecânicos. Por outro lado, conforme descrito na seção de poda, o ramo que pode se tocar e causar as ranhuras na casca do fruto deve ser removido durante a poda para evitar danos mecânicos.


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Figura 119. Danos mecânicos no fruto de romã causado pelo ramo. Foto: İbrahim Kahramanoğlu e Serhat Usanmaz (2016).

PRAGAS DE ROMÃ Pulgões, cochonilhas e lepidópteros são as pragas mais comuns das romãs cultivadas no sudeste da península espanhola. As várias espécies desses insetos têm importância diferente dependendo dos danos que causam. Em particular, destacam-se os pulgões Aphis gossypii Glover e Aphis punicae Passerini e a cochonilha-do-algodão Planococcus citri (Risso), comumente chamada de "melada" ou "cotonet". Também são consideradas pragas importantes os Lepidopteras Cryptoblabes gnidiella (Millère) e Ectomyelois ceratoniae (Zeller), que afetam os frutos, e a broca-da-madeira Zeuzera pyrina (Linnaeus). A mosca da fruta, Ceratitis capitata (Wiedemann) está permanentemente presente, mas a relevância de seus danos é altamente variável. A descrição e métodos de controle das principais pragas da cultura da romã na Espanha (Tabela 12) são apresentados a seguir:


C a p í t u l o I | 167 Tabela 12. Pragas da cultura da romã Grupo ou ordem Pulgões ou Afídeos Cochonilhas

Lepidópteros

Aracnídeos Dípteros Hemipteras

Nematoides

Nome científico Aphis punicae Aphis gossypii Planococcus citri Saissetia oleae Ceroplastes sinensis Cryptoblabes gnidiella Ectomyelois ceratoniae Zeuzera pyrina Tetranychus urticae Ceratitis capitata Tenuipalpus punicae Eriofyes granati Leptoglossus gonagra Meloidogyne spp Helicotylenchus spp

Nome comum Pulgão amarelo-verdoso Pulgão preto Cochinilla farinhenta ou melado Cochonilha com fuligem ou carapaça Carapaça branca Mariposa do melaço Mariposa alfarroba Broca de madeira ou lagarta broqueadora Aranha vermelha Mosca da fruta Ácaro da romã Eriófido da romã Percevejo escuro Meloidogyne Helicotylenchus

Mariposa alfarroba (Ectomyelois ceratoniae) A mariposa alfarroba (Ectomyelois ceratoniae) e a mariposa do melaço (Cryptoblabes gnidiella) têm comportamento e aparência semelhantes. As mariposas podem ter asas anteriores prateadas e pretas, e as asas podem ser marrom-canela e pretas. Os ovos são ovais e irregularmente reticulados. No início são de cor branca e tornam-se amarelos antes da eclosão. As larvas têm cerca de 12 mm de comprimento quando crescem e estreitamse no final. A cabeça é marrom-avermelhada a preta (Figura 120). As pupas têm cerca de 6 mm de comprimento, são esverdeadas no início e tornam-se marrom-avermelhadas. Os adultos têm cerca de 1-2 cm. A cabeça e o tórax são castanho-acinzentados. Eles têm antenas simples (UC IPM, 2015).


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Figura 120. Mariposa alfarroba (Ectomyelois ceratoniae): (1) macho. Fotos: Wikipedia e İbrahim Kahramanoğlu; Serhat Usanmaz (2016).

Danos. Às vezes, as mariposas atacam as frutas saudáveis da romã. No entanto, o aumento do número de pragas pode causar sérios danos. As mariposas preferem botar ovos em frutas danificadas ou partidas. Alimentar dentro dos alimentos pode causar apodrecimento das frutas semelhante ao das borboletas. Manejo. A prevenção de danos aos frutos é muito importante para o controle das mariposas. A remoção das safras da temporada anterior das árvores e a sua eliminação também é importante para extinguir os hospedeiros de pragas. Os inseticidas da Tabela 13 são eficazes contra as mariposas. Uma aplicação pode ser suficiente para controlar esta praga. O limite econômico é de cerca de 10 indivíduos por área de 1 ha.


C a p í t u l o I | 169 Tabela 13. Ingredientes ativos disponíveis para o controle eficaz das mariposas. Ingrediente ativo Dose sugerida Intervalo de colheita Indoxacarb 150 g\L 35 ml\100 L de água 14 dias Spinosad 480 g\L 20 ml \ 100 L de 3 dias Bacillus thuringiensis 100 g\100 L de água Zero dia 32000 IU\mg Fonte: İbrahim Kahramanoğlu e Serhat Usanmaz (2016).

EU MRL (Ppm) 0,02 0,02 Não requerimento de MRL

Mamay et al. (2014) relataram que a taxa de infestação da mariposa alfarroba em pomares de romã em Sanlıurfa (Turquia) foi de 45% em 2011 e 61% em 2012. Mirjalili e Poorazizi (2015) recomendaram um método integrado para o controle da mariposa alfarroba da seguinte forma: 1- métodos de prevenção, 2- mecânicos e 3- biológicos. Eles sugeriram que o uso de cultivares resistentes é extremamente importante e, portanto, o uso de ervadoce gigante para afastar a praga é muito importante. Segundo os autores, é importante coletar e queimar os restos dos frutos velhos do ano anterior. Para o controle biológico, eles sugeriram a propagação e liberação de vespas Trichogramma no pomar. Mariposa leopardo (Zeuzera pyrina) A mariposa leopardo (Zeuzera pyrina) (Figura 121), também chamada de broca-dasfrutas, é uma das quase 700 espécies de mariposas Cossidae e pode ser a mariposa mais prejudicial para as romãs.

Figura 121. Mariposa leopardo ou broca das frutas (Zeuzera pyrina) de romã. Foto: Alchetron.


C a p í t u l o I | 170 A mariposa leopardo passa dois ou três invernos em sua forma larval e se alimenta dos caules e folhas de várias árvores e arbustos. A larva requer quase dois anos para completar seu crescimento antes de emergir para a pupa. O período da pupa é geralmente durante a primavera, de maio a junho. Depois disso, os adultos podem aparecer e geralmente voam à noite e descansam em troncos de árvores durante o dia (UC IPM, 2015). Danos. Os adultos colocam seus ovos nas cascas das frutas. As larvas perfuram a madeira dos ramos e às vezes o tronco principal (Figura 122). Se os galhos forem severamente atacados, é provável que se partam com ventos fortes. Às vezes, eles fazem com que a árvore inteira morra e caia.

Figura 122. Danos causados na romãzeira pela broca-de-fruto (mariposa leopardo). Foto: İbrahim Kahramanoğlu e Serhat Usanmaz (2016).

Manejo. Para um manejo bem-sucedido da mariposa-leopardo, é importante não estabelecer pomares próximos às plantas hospedeiras da praga. Cítrico, videira, carvalho, freixo, salgueiro, oliveira, maçã, cereja, pêra, ameixa etc são as plantas hospedeiras da praga. Outro ponto importante é que, às vezes, os agricultores usam as madeiras dessas plantas como suporte para as romãzeiras quando são jovens. Esse tipo de aplicação pode trazer a praga para o campo. Portanto, deve-se estar atento a esta situação. Após a infestação pela praga do campo, o primeiro passo deve ser o corte e queima dos galhos danificados durante a fase larval. Assim, pode ser necessário pulverizar inseticida durante a geração da praga adulta (geralmente de junho a agosto). Os inseticidas úteis para o controle da mariposa leopardo estão indicados na Tabela 14.


C a p í t u l o I | 171 Tabela 14. Ingredientes ativos disponíveis para o controle eficaz da mariposa leopardo. Ingrediente ativo Dose sugerida Intervalo de colheita Chlorpyrifos ethyl 480 200 ml\100 L de água 14 dias g\l Dimethoate 400 g\L 75 ml \ 100 L de 21 dias Fonte: İbrahim Kahramanoğlu e Serhat Usanmaz (2016).

EU MRL (ppm) 0,05 0,02

Mosca da fruta mediterrânea A mosca-das-frutas ou mosca-do-mediterrâneo (Ceratitis capitata) está entre as pragas agrícolas mais importantes do mundo (Figura 123). Elas colonizam rapidamente ao contrário de algumas outras pragas e podem tolerar climas mais frios; essas características o tornam uma praga muito importante. Mosca-das-frutas se espalhou pela região do Mediterrâneo (de onde vem seu nome), sul da Europa, Oriente Médio, Austrália e América. Foi relatado que infesta uma ampla gama de culturas agrícolas, como frutas cítricas, azeitonas, figo, romã, abacate, maçã, amêndoa, cereja, kiwi, mamão, pêssego, pera, ameixa, pimenta, tomate, etc.

Figura 123. Mosca-das-frutas ou mosca-do-mediterrâneo (Ceratitis capitata): Adulto, pupa, larva e ovos. Fotos: Nikola Rahmé e California Department of Food and Agriculture.


C a p í t u l o I | 172 A mosca-do-mediterrâneo geralmente completa seu ciclo de vida em quatro estágios: ovo, larva, pupa e adulto em 3 semanas. No entanto, o desenvolvimento depende da temperatura. Os ovos da mosca da fruta do mediterrâneo são colocados abaixo da casca da fruta hospedeira. Eles eclodem em 2 a 4 dias. No entanto, essa duração pode ser estendida até 16-18 dias em clima frio. As larvas se alimentam de folhas por cerca de 510 dias. Então, o estágio de pupa geralmente ocorre no solo sob a planta hospedeira. Assim, os adultos precisam de cerca de 5 a 10 dias para emergir. Os adultos podem viver até 2-3 meses. Se a temperatura cair abaixo de 10 °C, o desenvolvimento cessa. Em condições frias, a mosca pode exigir cerca de 100 dias ou mais para completar seu ciclo de vida (UC IPM 2015). Danos. Os danos da mosca-das-frutas de romã são causados principalmente pela oviposição em frutas e pelas larvas que vão se alimentando dentro das frutas. No entanto, a decomposição do tecido vegetal pela mosca também atrai outras pragas e pode fazer com que entrem nos frutos. A mosca-do-mediterrâneo geralmente afeta cultivares com casca fina, como Acco, Herskovitz, Mollar de Elche, etc. Algumas cultivares como Wonderful e Hicaznar têm cascas grossas e a mosca-das-frutas não prefere essas cultivares. Ou seja, a praga não consegue colocar ovos nas frutas com casca grossa. Outro ponto importante para os danos da mosca-das-frutas é que o frio diminui a atividade dessa praga. Portanto, as pragas geralmente não preferem as romãs de maturação tardia. Os frutos jovens danificados podem ficar distorcidos e geralmente vão cair da árvore. As galerias larvais fornecem pontos de entrada para bactérias e fungos e podem causar o apodrecimento dos frutos (Figura 124).

Figure 124. Observa-se o dano no fruto causado pela mosca do mediterrâneo. Foto: İbrahim Kahramanoğlu e Serhat Usanmaz (2016).


C a p í t u l o I | 173 Manejo. O controle da mosca-das-frutas é muito difícil por causa de suas características descritas acima. Três métodos de controle podem ser recomendados atualmente: 1) armadilhas para atrair o inseto e matar, 2) isca para folhagem e 3) pulverização de cobertura. O uso de armadilhas para atrair e matar é uma medida de controle bemsucedida para o Medfly (Figura 125). A armadilha de atrair e matar consiste em um feromônio e um inseticida. Um feromônio é uma substância química que atrai macho ou femea da mosca do mediterrâneo. As substâncias atraem os insetos e eles entram na armadilha por meio de três orifícios ao redor da armadilha. Assim que os insetos entram na armadilha, eles tentam voar em direção à luz e escapar pela tampa transparente, durante a qual os insetos tocam o inseticida, morrem e caem na armadilha. Recomendam-se pendurar as armadilhas na parte sul das romãs cerca de 90 dias antes da colheita. Para as cultivares de romã sensíveis, foi testado em Chipre, onde a mosca é uma praga muito destrutiva e abundante, e os resultados mostram que 30 unidades ha -1 de armadilhas são suficientes para o controle efetivo da mosca do mediterrâneo (KAHRAMANOĞLU; USANMAZ, 2013).

Figura 125. Detalhe de uma armadilha para atrair e matar usada para o controle da moscadas-frutas do mediterrâneo. Foto: İbrahim Kahramanoğlu e Serhat Usanmaz (2016).


C a p í t u l o I | 174 Controle cultural. Um dos métodos culturais mais importantes para o controle da mosca do mediterrâneo é o controle sanitário do campo por meio da lavagem de frutas infestadas. O controle sanitário do campo pode ajudar a eliminar a fonte de ovos, larvas e pupas. Controle químico. A mosca-das-frutas do mediterrâneo requer apenas alguns minutos para botar ovos e, portanto, as pulverizações químicas não podem matar os adultos neste curto período de tempo. Deste modo, as pulverizações químicas muitas vezes não têm sido eficazes na proteção de frutas contra as moscas do Mediterrâneo. Por esse motivo, os atrativos protéicos associados a uma pulverização com inseticida são recomendados para o controle de adultos. Isso é chamado de iscas de folhagem. A fêmea da mosca-dasfrutas do mediterrâneo requer uma fonte de proteína para a maturação dos ovos. É por isso que a mosca-das-frutas do mediterrâneo se alimenta de frutas para obter a proteína necessária. Ou seja, as iscas encorajam os adultos (especialmente as fêmeas) a se alimentarem da proteína e os inseticidas os matam. As pulverizações de isca-inseticida devem ser usadas em combinação com as boas práticas de controle sanitário para aumentar a eficiência. A aplicação de isca (fonte de proteína e inseticida) não precisa ser pulverizada em toda a árvore. A aplicação da isca é realizada na parte sul das árvores em uma área de cerca de 1-2 m2 de cada árvore em uma fileira. Uma linha é pulverizada enquanto a próxima linha não é pulverizada. A aplicação é recomendada para ser realizada a cerca de 2 m de distância do solo, ao invés do topo ou base extrema da árvore. Os frutos maduros não devem ser pulverizados. Recomenda-se que a primeira aplicação seja realizada quando a primeira mosca do Mediterrâneo for observada dentro do pomar e se as condições climáticas forem adequadas para a praga; isto é, > 15 °C. Dependendo da população, são recomendadas novas aplicações semanais ou duas vezes por semana (Tabela 15). A reaplicação deve ser realizada nas linhas não pulverizadas. Durante as aplicações, portanto, é de suma importância coletar e destruir as colheitas caídas e indesejadas do pomar. Recomenda-se que a aplicação da isca seja realizada pela manhã. As aplicações ao meio-dia e à noite podem apresentar o risco de queimar ou deixar cicatrizes nas folhas e frutos. Em alguns casos, se a população for muito alta, todas as árvores frutíferas podem ser obrigadas a receber iscas. A chuva é outro ponto importante para aplicações de isca, onde chuvas fortes podem lavar as iscas de folhagem e é necessária uma nova pulverização.


C a p í t u l o I | 175 Tabela 15. Ingredientes ativos disponíveis para o controle eficaz da mosca da fruta do mediterrâneo como iscas de folhagem. Ingrediente ativo

Dose sugerida

Intervalo de colheita

EU MRL (ppm)

Malathion 25%

400 g \10 L de água

14 dias

0,02

200 ml (40%) \10 L de

Zero dia

Não requer MRL

(Inseticida) Nu-Lure (Proteína)

água Fonte: İbrahim Kahramanoğlu e Serhat Usanmaz (2016).

Outro método de controle para a mosca da fruta do mediterrâneo é a pulverização de cobertura (Tabela 16). É diferente da isca de folhagem, pois pode matar todos os estágios da mosca-do-mediterrâneo, do ovo ao adulto, mas também pode matar quaisquer outros inimigos naturais da praga. No entanto, por outro lado, a pulverização de cobertura não fornece um controle eficaz da mosca da fruta do mediterrâneo fora do pomar e se a população ao redor for alta, a mosca da fruta do mediterrâneo continuará a infestar o pomar. Assim, as iscas de folhagem forneceriam controle adicional. Tabela 16. Ingredientes ativos disponíveis para o controle eficaz da mosca da fruta do mediterrâneo como pulverização de cobertura. Ingrediente ativo

Dose sugerida

Intervalo de colheita

EU MRL (ppm)

75 ml \100 L de água

14 dias

0,02

Fenthion 525 g\L*

150 g\ 100 L de água

14 dias

0,01

Trichlorfon 80%*

125 ml\100 L de água

7 dias

0,01

30 ml \100 L de água

21 dias

0,05

Malathion 25% (Inseticida)

Cypermethrin

250

g\L” * Se necessário, uma segunda aplicação deve ser realizada com meias doses. ” É eficaz, mas tem baixa mobilidade dentro da fruta e risco de resíduos para as frutas. Fonte: İbrahim Kahramanoğlu e Serhat Usanmaz (2016).

Cochonilha farinhenta A cochonilha farinhenta, Planococcus citri (Risso) (Hemiptera: Pseudococcidae) ataca muitas plantas hospedeiras, incluindo a romã.


C a p í t u l o I | 176 As cochonilhas farinhentas ou cítricas passam por dois instares adicionais antes de se tornarem fêmeas adultas ou formarem uma pupa macho. Cada instar requer 1 a 2 semanas para ser concluído. As ninfas fêmeas assemelham-se à fêmea adulta na aparência. No entanto, as ninfas masculinas são mais alongadas do que as femininas. As cochonilhas machos emergem de sua pupa em 1 a 2 semanas. Os machos têm geralmente cerca de 4,5 mm de comprimento. Em condições ideais, uma cochonilha amadurece desde o ovo até a fase adulta em cerca de 30 dias. As cochonilhas farinhentas passam o inverno geralmente como ovos na parte superior do solo, tronco, abaixo das folhas ou galhos mais baixos da árvore. Esses ovos eclodem geralmente em abril e os rastreadores movem-se para as partes verdes das árvores e frutos. As gerações subsequentes se desenvolvem primeiro no fruto (KERNS et al. 2004). Danos. A cochonilha farinhenta geralmente prefere as partes sombreadas das árvores. Se os frutos não são ralos e se tocam, os adultos se escondem ali e se protegem de inimigos e inseticidas. Eles se alimentam de frutas e sua infestação resulta em folhas murchas e amareladas. Também pode causar quedas prematuras das folhas. A alimentação da praga causa a ocorrência de melada açucarada nos frutos, resultando no crescimento de fumagina (fungo associado ao ataque de pragas, como por exemplo, as cochonilhas). Ambos prejudicam a aparência dos frutos e também degradam a qualidade dos frutos, reduzindo a fotossíntese. Pulgões Os pulgões fitófagos da romã são Aphis gossypii e Aphis punicae, embora o pulgão verde cítrico, Aphis spiraecola Patch, também tenha sido encontrado esporadicamente. O pulgão do algodão (Aphis gossypii) é a espécie dominante, colonizando botões e gemas florais, entre abril e junho na Espanha; embora também possa ser encontrado no outono. É uma espécie polífaga, que vive sobre um grande número de plantas, principalmente herbáceas e sobre algumas espécies arbóreas onde completa seu ciclo anual em áreas quentes através de gerações partenogenéticas. Tanto as ninfas quanto os adultos se alimentam sugando a seiva dos brotos e folhas tenras, flores e frutos recém vingados. A infestação leva à descoloração e subsequente amarelecimento das folhas. Os frutos atacados por pulgões na floração apresentam manchas que comercialmente os depreciam na maturidade. No melaço que secretam, desenvolve-se a fumagina, formado por espécies de fungos saprofíticos, que dificultam a atividade fotossintética da planta.


C a p í t u l o I | 177 O pulgão amarelo verdoso da romã (Aphis punicae) afeta principalmente o crescimento de flores e frutos (Figura 126, sendo seu aparecimento posterior ao de Aphis gossypii. A temperatura ótima para seu crescimento, desenvolvimento e reprodução está entre 22,5– 25 °C (BAYHAN et al., 2005). Os sifões são de cor clara, o principal campo para determinar a presença de adultos ápteros desta espécie em relação a Aphis gossypii e Aphis spiraecola.

Figura 126. Flores de romã infestadas por pulgões e os sifões de cor escura. Foto: Bartual et al. (2014).

Até o momento, na Espanha, apenas o pirimicarb e a lambda cialotrina aparecem como produtos fitossanitários autorizados no Registro de Produtos Fitossanitários para o controle químico de pulgões em romã (MAGRAMA, 2014). O emprego de óleo de parafina pode ser eficaz, mas deve ser usado com cautela, pois pode ser fitotóxico ou deixar manchas na fruta dependendo das condições do tratamento e do estado da planta. O ponto de controle é determinado a partir da porcentagem de brotos atacados por pulgões. Atualmente, recomendam-se considerar 20% para o pulgão preto e 40% para o


C a p í t u l o I | 178 pulgão amarelo verdoso, mas uma vez que aparecem as gemas florais, os critérios de intervenção são reduzidos pela metade. O controle biológico baseado no emprego de inimigos naturais de pulgões, predadores e parasitóides, pode ajudar a manter o nível de pragas abaixo do limite econômico de dano, embora às vezes sejam necessários intervir com contoles fitossanitários (BARTUAL, 2010; Figura 127). No sudeste da península da Espanha, as joaninhas coccinelídeas, como a Coccinella septempunctata Linnaeus, as sífidas (família Syrphidae), são inimigas naturais dos pulgões; crisopídeos (família Chrysopidae) e coleóptero Scymnus spp. (família Coccinellidae). Entre os parasitóides de pulgões, destacam-se as afidinas (família Braconidae, subfamília Aphidiinae). Por exemplo, no campo é fácil observar múmias de pulgões parasitadas pelo braconídeo Lysiphlebus testaceipes (Cresson) na romã, também disponível comercialmente para sua possível liberação inoculante.

Figura 127. Predadores de pulgões. Foto: Bartual et al. (2014).

Nematoides Os nematoides do gênero Meloidogyne causam grande quantidades de galhas em raízes de romãzeiras, prejudicando o sistema radicular (NASIRA et al., 2011; Figura 128), além de amarelecimento nas folhas, reduções no crescimento das plantas, na produção e no tamanho dos frutos (SUDHEER et al., 2007).


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Figura 128. Galhas em raízes de romãzeira causada por Meloydogine incognita. Fotos: Singh et al. (2019).

O nematoide H. dihystera, vulgarmente chamado nematoide espiralado, é polífago e apresenta várias plantas hospedeiras de importância agrícola, como banana, café, citros, cevada, ervilha, feijão, soja, e muitas plantas daninhas. Esse patógeno pode sobreviver por vários meses no solo sem a presença da planta hospedeira, e sua disseminação ocorre, principalmente, por enxurradas, água de irrigação e implementos agrícolas (AGROFIT, 2017). Não existe produto químico registrado para nematoides que atacam romãzeira no Brasil. No entanto o produto químico Phorat 10G* foi relatado como eficiente na redução de Meloidogyne, assim como a utilização do fungo Trichoderma; ambos proporcionando maior rendimento dos frutos (WALUNJ; MHASE, 2015). Agentes biológicos como Paecilomyces lilacinus, Pochonia chlamydosporium e Pseudomonas fluorescens, em combinação com mamona também reduzem a população de M. incognita (SOMASEKHARA et al., 2012). O ácido salicílico, tanto em aplicação foliar quanto no solo, após 45 ou 90 dias, reduz o número de galhas, número de massa de ovos e número de juvenis em mudas de romãzeiras; além de melhorar os parâmetros de crescimento vegetativo e a absorção e translocação de potássio e magnésio na planta (ELAZAB; ELZAWARRY, 2016). Recomendam-se a limpeza das ferramentas e máquinas agrícolas antes de executar os trabalhos nas áreas ainda não infestadas (AGROFIT, 2017).


C a p í t u l o I | 180 DOENÇAS DE ROMÃ MANCHAS DE FRUTAS As causas das manchas frutíferas podem ser causadas por Alternaria alternate (mancha frutífera de Alternata) ou por Cercospora punicae (mancha frutífera de Cercospora). A Cercospora punicae também pode causar manchas semelhantes nas folhas. Sintomas. A mancha de Alternaria ocorre nos frutos de romã com pequenas manchas circulares marrom-avermelhadas (Figura 129). Posteriormente, o aumento da infestação se aglutina para formar manchas maiores e os frutos apodrecem. A mancha do fruto de Cercospora ocorre como manchas marrons claras nos frutos (e como indicado acima, as mesmas manchas podem aparecer nas folhas). As manchas nas folhas podem ser pretas e elípticas (Figura 130). As áreas afetadas nas folhas tornam-se achatadas e deprimidas com a borda em relevo. A infestação de folhas pode causar seu ressecamento (KAHRAMANOĞLU; USANMAZ, 2016).

Figura 129. Sintoma da mancha de alternaria em fruta de romã. Foto: İbrahim Kahramanoğlu e Serhat Usanmaz (2016).


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Figura 130. Folha de romã com sintomas de Cercoporiose com manchas coalescidas e ramo apresentando desfolha.

Controle cultural. A principal fonte de doença é parte de plantas infectadas. Por esse motivo, a remoção e destruição dos tecidos vegetais infestados são de extrema importância para o controle das manchas frutíferas. Outra fonte secundária de inóculos, são os conídios disseminados pelo vento. Controle químico. A aplicação dos fungicidas (Tabela 17) é eficaz no controle de doenças da mancha das frutas. Recomenda-se que a aplicação seja realizada quando os primeiros sintomas aparecerem nas frutas. Tabela 17. Ingredientes ativos disponíveis para o controle eficaz da mancha de frutas de Alternaria. Ingrediente ativo

Dose sugerida

Intervalo de colheita

EU MRL (ppm)

Mancozeb (80%)

200 g\100 L de água

14 dias

0,05

Propiconazole (15%) + Difenoconazole (15%)

50 g\100 L de água

07 dias

0,05 & 0,10

Fonte: İbrahim Kahramanoğlu e Serhat Usanmaz (2016).


C a p í t u l o I | 182 PODRIDÃO DO FRUTO Talvez o problema mais importante da romã seja a podridão do fruto. Muitos estudos foram realizados para determinar o agente causador da podridão do fruto (BARKAIGOLAN, 2001; CRITES, 2004, MICHAILIDES et al., 2011; ZHANG; MCCARTHY, 2012, EZRA et al., 2014, KAHRAMANOĞLU et al., 2014). O fungo Alternaria spp. foi isolada como a principal fonte da podridão do fruto. Esse fungo entra na flor e depois cresce nos frutos resultantes. O processo de infecção não é totalmente compreendido e o tipo de Alternaria que resultou na infecção ainda está sendo isolado. A contaminação é favorecida pela chuva frequente ou clima úmido durante os estágios de floração tardia ou períodos iniciais de desenvolvimento dos frutos. Muitas vezes, a podridão dos frutos só é reconhecida após a colheita durante o armazenamento ou transporte. Danos. Transmissão de Alternaria spp. causa a podridão do fruto da romã e ocorre durante a floração e nenhuma infecção pode ocorrer após a frutificação. O fungo provoca a decomposição dos arilos dos frutos da romã, variando de seções a todos os arilos, sem sintomas externos óbvios, exceto a cor da casca ligeiramente anormal ou mudanças na forma (Figura 131). O fungo cresce dentro da fruta e causa o apodrecimento da fruta. Quando uma romã apodrece, ela não é mais comercializável e o produtor corre o risco de perder a receita da sua colheita. No entanto, os fungos Aspergillus niger e Penicillum sp. podem causar danos iguais ou semelhantes.

Figura 131. Incidência de podridão (parte central) dos frutos de romã causada por Alternaria spp. em Chipre". Foto: Kahramanoglu et al. (2014).


C a p í t u l o I | 183 Em 2012, um problema importante foi levantado nos campos de romã em Chipre. Os produtores relataram danos de até 20% nas frutas. Eles observaram que o interior dos frutos está ficando preto e os arilos estão apodrecendo. Foi um grande desafio para os produtores e embaladores, onde a doença não apresentava sintomas externos óbvios. Esta doença é conhecida por podridão do fruto e existem alguns fungos que causam esses danos: Alternaria spp., Aspergillus spp. (BARKAI-GOLAN, 2001), Penicillium glabrum e Pilidiella granati (MICHAILIDES et al., 2010). Manejo. A remoção de frutos velhos da árvore é sugerida para eliminar a fonte potencial do fungo. Uma vez que a doença é transmitida para o interior dos frutos durante a floração, cobrir as árvores com uma rede de 125 μ elimina a infecção dos frutos com Alternaria spp. Mas essa prática resulta em uma redução no número de frutas e não é praticamente aceitável. A transmissão do fungo pode ser por insetos diversos (maiores que 120 μ) em vez de vento e chuva e essa praga provavelmente pode ser vários insetos do gênero Leptoglossus. Portanto, o controle dos percevejos durante a floração auxilia no controle dessa doença (NIZAM et al. 2015). Controle orgânico. Nenhum tratamento biológico parece estar disponível para controlar a Alternaria spp. No entanto, produtos à base de oxicloreto de cobre têm se mostrado altamente eficazes no controle da doença na romã. Controle químico. Sempre considere uma abordagem integrada com medidas preventivas junto com tratamentos biológicos, se disponível. Duas pulverizações preventivas durante o período de florescimento ou quando os primeiros sintomas aparecem nos frutos fornecem um bom controle contra a podridão do fruto. Ou seja, a aplicação de um dos seguintes fungicidas da Tabela 18 pelo menos duas vezes durante o período de floração pode ser uma medida eficaz para controlar a infestação da podridão do fruto. A primeira aplicação deve ser realizada no início da floração e aproximadamente 30% das flores estão totalmente abertas. Para obter um controle eficaz do patógeno, recomenda-se a aplicação de formulações à base de cobre para ser usada imediatamente após a poda durante o período de outono. É importante seguir as concentrações especificadas e usar fungicidas com diferentes modos de ação para evitar resistências.


C a p í t u l o I | 184 Tabela 18. Ingredientes ativos disponíveis para o controle eficaz da podridão do fruto. Ingrediente ativo

Dose sugerida

Intervalo de colheita

EU MRL (ppm)

Boscalid (25%) + Pyraclostrobin (12%) Propiconazole (15%) + Difenoconazole (15%)

50 g\100 L de água

07 dias

0,05 & 0,02

50 g\100 L de água

07 dias

0,05 & 0,10

Azoxystrobin (25%)

60 g\100 L de água

07 dias

0,05

Fonte: İbrahim Kahramanoğlu e Serhat Usanmaz (2016).

Medidas preventivas: - Usar material vegetal saudável de fontes certificadas. - Adubação adequada da sua plantação aumenta a resistência natural das plantas. - Fornecer uma boa drenagem para os campos, pois o estressa hídrico ou o excesso de irrigação podem resultar em rachaduras nos frutos. - Verificar as plantas ou campos em busca de qualquer sinal da doença, especialmente durante o período de floração. - Coletar todos os frutos afetados e os destrua através da queima. - Frutos infectados com aparência saudável podem cair no chão ao sacudir a árvore suavemente no momento da colheita. - Retirar os frutos velhos e galhos mortos do campo. -A separação cuidadosa e a classificação das romãs durante a colheita podem evitar a disseminação da doença durante o armazenamento e o transporte. CRESTAMENTO-BACTERIANO A Xanthomonas axonopodis pv. punicae é a principal causa da doença bacteriana em frutos e folhas de romã. O patógeno passa os invernos em folhas infectadas e aumenta com os anos e vem causado redução na produção de romã da India, um dos maiores produtores dessa cultura em todo o mundo (JADHAV; SHARMA, 2009). Sintomas. Os sintomas de crestamento bacteriano podem ocorrer em todas as partes da planta, porém iniciam-se nos frutos, como pontos pretos, redondos e contornados por


C a p í t u l o I | 185 exsudado bacteriano. Quando em condições favoráveis, as manchas aumentam, e a doença pode causar redução de até 90% do rendimento da cultura. A bactéria é disseminada mediante respingos de água de irrigação ou chuvas contínuas, ferramentas de poda, seres humanos e insetos vetores; penetra através de ferimentos e aberturas naturais (BENAGI, 2017). Também temperaturas entre 20-35 °C e umidade relativa do ar entre 60-90% são condições favoráveis para o desenvolvimento e disseminação da doença. O patógeno também pode infectar caules e ramos e causar sintomas de rachaduras. As manchas nas frutas são marrom-escuras (Figura 132). Chuvas contínuas, temperaturas entre 20-35 °C e umidade relativa do ar entre 60-90% são condições favoráveis para o desenvolvimento e disseminação da doença.

Figura 132. Sintomas de mancha-bacteriana em frutos de romã. Foto: İbrahim Kahramanoğlu e Serhat Usanmaz (2016).

Controle cultural. Espaçamento largo entre linhas é uma importante medida de controle cultural. Isso produz um bom fluxo de ar e reduz a umidade relativa do ar e ajuda a reduzir a infestação de patógenos. Assim, a remoção e destruição de ramos e frutos afetados são cruciais para o controle da doença bacteriana.


C a p í t u l o I | 186 Controle químico. Para o controle do patógeno, recomenda-se a aplicação da mistura calda bordalesa imediatamente após a poda, no outono. Após intervalo de 10-15 dias, sugere-se uma segunda aplicação com formulações à base de cobre para o controle efetivo. Preparação da Calda Bordalesa: é uma suspensão coloidal, de cor azul-celeste, obtida pela mistura de uma solução de sulfato de cobre com uma suspensão de cal virgem ou hidratada. A formulação a seguir é para o preparo de 10 litros; para fazer outras medidas, é só manter as proporções entre os ingredientes. a) Dissolução do sulfato de cobre: No dia anterior ou quatro horas antes do preparo da calda, dissolver o sulfato de cobre. Colocar 100 g de sulfato de cobre dentro de um pano de algodão, amarrar e mergulhar em um vasilhame plástico com 1 litro de água morna; b) Água de cal: colocar 100 g de cal em um balde com capacidade para 10 litros. Em seguida, adicionar 9 litros de água, aos poucos. c) Mistura dos dois ingredientes: Adicionar, aos poucos e mexendo sempre, o litro da solução de sulfato de cobre dentro do balde da água de cal. d) Teste da faca: Para ver se a calda não ficou ácida, pode-se fazer um teste, mergulhando uma faca de aço comum bem limpa, por 3 minutos, na calda. Se a lâmina da faca sujar, isto é, adquirir uma coloração marrom ao ser retirada da calda, indica que esta está ácida, devendo-se adicionar mais cal na mistura; se não sujar, a calda está pronta para o uso, sendo necessário coar a solução antes das pulverizações. MURCHA-DA-ROMÃZEIRA A murcha-da-romãzeira (Ceratocystis fimbriata, Fusarium oxysporum e / ou Rhizoctonia solani) é outro patógeno importante que afeta toda a árvore e causa perdas de árvore. Sintomas. As folhas das plantas afetadas começam a amarelar, seguido de secagem e queda das folhas. Posteriormente, ele se espalha para toda a árvore e pode levar a desfolha completa. A murcha da folha normalmente progride das folhas inferiores para o topo, mas algumas plantas podem perder toda a folhagem de uma só vez. Isso faz com que a árvore inteira morra no mesmo ano. Se a árvore infectada for cortada próximo à raiz como seção transversal aberta, geralmente revelam listras de coloração marrom-acinzentada escura da madeira ou tecido vascular (Figura 133). O solo é a principal fonte de patógenos. A doença ocorre mais em solo pesado e a infestação aumenta com o aumento da umidade do solo.


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Figura 133. Sintomas da murcha-da-romãzeira. Foto: William Jacobi.

Controle orgânico: A aplicação de solo com Bacillus subtilis mostra um declínio nas contaminações por murcha-romãzeira. O tratamento com Trichoderma sp. combinado com Paecilomyces sp. a 25 g com 2 kg de esterco orgânico bem curtido ao redor do tronco da romãzeira ajuda a prevenir contaminação por murcha. O tratamento do solo com tortas de nem e de mamona tem se mostrado eficaz contra o Ceratocystis fimbriata. Controle cultural. Uma vez que o solo é a principal fonte de patógenos, a solarização ou esterilização do solo antes do plantio seria útil para prevenir a infestação de doenças. Por outro lado, o plantio de árvores espaçadas (5 m × 3 m) também é uma medida de prevenção para o patógeno. O plantio denso aumenta a infestação de patógenos. Controle químico. Recomendam-se a aplicação dos seguintes pesticidas imediatamente após a ocorrência dos sintomas. As árvores altamente infestadas devem ser removidas e destruídas. Na fase inicial, é aconselhável regar com 2 ml de propiconazol + 4 ml de clorpirifos etil por litro de água (Tabela 19). No entanto, deve-se ter em mente que o clorpirifos etil pode danificar as flores e reduzir a produção. Portanto, no caso de seleção deste agrotóxico, recomenda-se aguardar até o final da floração. Tabela 19. Ingredientes ativos disponíveis para o controle eficaz da murcha-romãzeira. Ingrediente ativo

Dose sugerida

Intervalo de colheita

EU MRL (ppm)

Propiconazole (15%)

50 g\100 L de água

7 dias

0,005

Fonte: İbrahim Kahramanoğlu e Serhat Usanmaz (2016).


C a p í t u l o I | 188 Sempre considere uma abordagem com medidas preventivas junto com tratamentos biológicos, se disponível. Recomenda-se o encharcamento do solo em torno das plantas infectadas e adjacentes saudáveis ou de todo o pomar com propiconazol (0,1%) + ácido bórico (0,5%) + ácido fosfórico (0,5%). O solo também pode ser encharcado com propiconazol (0,15%) ou clorpirifós (0,25%). A esterilização do solo com fungicida (0,2%) antes do replantio também controla a doença da murcha-romãzeira. Medidas preventivas: - Remover e destruir o material vegetal infectado para evitar a propagação da doença. - Desinfetar ferramentas de poda e enxertia antes e depois da utilização. - Fazer a rotação das romãzeiras com espécies não-hospedeiras e evite locais onde o Ceratocystis fimbriata já esteja presente. - Garantir um espaço suficiente entre as árvores (para evitar o contato com a raiz, onde o fungo pode espalhar. - A drenagem deficiente pode aumentar a chance de contaminação pela mucha-romãzeira. - Tomar cuidado para não lesionar suas árvores durante as atividades de campo. ANTRACNOSE DA ROMÃ Sintomas. A antracnose é uma doença que pode ocorrer em todas as fases do desenvolvimento da romã. É causada pelo fungo Colletotrichum gloesporioides e pode ocorrer também em plantas sem sintomas. A doença aparece como pequenas manchas pretas angulares ou irregulares nas folhas, na região do cálice e nas frutas que se tornam manchas escuras e deprimidas. Alta umidade e temperatura de 20 a 27 ºC favorecem o patógeno (JAMADAR et al., 2011). O patógeno hiberna em restos vegetais infectados na superfície do solo ou em frutos mumificados. Na primavera, seus esporos são espalhados por meio de respingo de chuva ou vento e contaminam galhos ou plantas vizinhas. Os estágios mais suscetíveis são nos períodos de floração e frutificação. O fungo causa uma gama de sintomas, dependendo do tecido atacado e do clima. Pequenas manchas afundadas de várias cores aparecem em folhas, caules, flores ou frutos, muitas vezes cercadas por uma aréola amarela mais ou menos marcada (Figura 134). Nas folhas, as manchas mais tarde aumentam para formar lesões e podem cobrir a maior parte das lâminas. Elas ficam amarelas e podem cair


C a p í t u l o I | 189 prematuramente, levando à desfolha. As manchas nos frutos são castanhas a castanhas escuras, primeiro circulares e depois irregulares à medida que se expandem. O fruto mais tarde amolece e uma podridão se desenvolve nos arilos, que ficam cinzas-escuros ou pretos, mas não são aquosos. A antracnose também pode atacar galhos e ramos, e resulta em cancros, que são áreas de tecido infectado e afundado com bordas inchadas. A contaminação do tronco pode ocasionalmente resultar em estrangulamento e morte.

Figura 134. Sintomas de antracnose em folhas da romãzeira.

O fungo apresenta infecção latente, e frutos aparentemente saudáveis demonstram os sintomas somente após o armazenamento, causando grandes perdas (MUNHUWEYI et al., 2016). No Brasil, embora seja comum a ocorrência dessa doença em frutas de romãzeira, não existem dados de perdas ocasionadas por essa patologia, bem como são escassas as informações sobre as formas de controle de antracnose nessa cultura. Suzuki (2016), ao realizar pesquisa com produtores de romã do estado de São Paulo, evidencia as doenças como fator prejudicial e limitante da romãzeira e menciona que a antracnose é a doença que causa maior prejuízo pela redução, ou impossibilidade, de comercialização das frutas.


C a p í t u l o I | 190 Controle químico. Sempre considere uma abordagem com medidas preventivas junto com tratamentos biológicos, se disponível. Uma primeira pulverização preventiva pode ser aplicada quando a floração começa e as condições ambientais são favoráveis para o fungo. Em seguida, pulverize duas vezes em intervalos de 15 dias, se necessário. Os ingredientes ativos são propiconazol, mancozeb ou uma combinação de mancozeb e triciclazol. Apenas pulverize fungicidas com uma identificação real da doença na romãzeira. É importante seguir as concentrações especificas e usar fungicidas com diferentes modos de ação para evitar resistências. Cardoso et al. (2011) relatam o efeito positivo da aplicação de tebuconazole e carbendazin para o controle da doença. Na Índia, os produtos químicos eficientes para o o controle da antracnose são carbedazin\difenoconazol, triofanato de metilo a 0,1% ou clorotalonil 0,2% em intervalos quinzenais (JAMADAR et al., 2011). Embora existam trabalhos indicando a eficiência de fungicidas para Colletotrichum gloesporioides em romãzeira, no Brasil é registrado, no Mapa, para essa cultura apenas o flutriafol (triazol). Controle biológico e orgânico. Bioagentes bacterianos e fúngicos vêm sendo apontados como promissores no controle da antracnose da romãzeira. Sataraddi et al. (2011) observaram que o Thichoderma viride e Thichoderma harzianum inibem o crescimento micelial de Colletotrichum gloesporioides em 79,1% e 62,8%, respectivamente. Pseudomonas fluorescens e Bacillus subtilis também reduzem o crescimento micelial desse fungo, Pseudomonas fluorescens propiciou a maior redução entre as bactérias (54,8%). Os mesmos autores relatam que extratos de eucalipto e de alho também apresentam efeito no controle de Colletotrichum gloesporioides. A aplicação de Thichoderma viride foi o tratamento que causou menor índice de doença entre os tratamentos, proporcionando também maior produtividade (7.290 kg\ha). Medidas preventivas Medidas preventivas devem ser adotadas para o manejo da antracnose na romãzeira, como a remoção de todas as folhas, os caules e as frutas infectadas do pomar, que devem ser queimadas ou descartadas, conforme permitido por leis locais.


C a p í t u l o I | 191 O equipamento que entrar em contato com tecidos doentes deve ser limpo e desinfestado com álcool 75% e solução de hipoclorito de sódio a 10%, lixívia amônia quaternária, ou outro desinfestante (KC; VALLAD, 2016). Outras medidas preventivas são: - Usar material vegetal saudável de fontes certificadas. - Usar variedades tolerantes disponíveis na sua região. - Manter um espaçamento suficiente entre as plantas para garantir uma boa ventilação. - Fornecer uma boa drenagem para os campos e não use a irrigação por aspersão. - Fertilizar depois que as folhas estiverem abertas e as chuvas da primavera tiverem parado. - Fertilizar a sua cultura corretamente para evitar impactos no rendimento. - Garantir uma boa limpeza do campo, com controle de ervas daninhas e removendo os restos vegetais (folhas, galhos e frutos caídos) das plantas. - Evitar danos mecânicos ou fisiológicos à planta. - Monitorar as plantas ou campos em busca de qualquer sinal da doença, especialmente durante o período de floração e frutificação. -Podar durante o inverno e esterilizar as ferramentas de poda. MOFO CINZENTO A principal causa da decomposição da fruta da romã é o mofo cinzento, causado pelo Botrytis cinerea (Figura 135). Existem alguns outros fungos que causam a podridão dos frutos, incluindo Aspergillus niger, Alternaria spp., Penicillium spp., Coniella granati ou Pestalotiopsis versicolor (WILSON; OGAWA, 1979, MACLEAN et al., 2011). Botrytis cinerea infecta a copa dos frutos jovens no campo (às vezes a flor), hospedando-se ali e, após a colheita, começa a se espalhar da copa para o restante dos frutos. Por outro lado, a Botrytis cinerea é realatada como uma das doenças mais importantes da fase pós-colheita, causando grandes perdas e é capaz de infectar outras romãs armazenadas, espalhando-se de frutas infectadas para frutas saudáveis adjacentes (CALEB et al., 2012). Os conídios do fungo são produzidos em grandes quantidades em muitas fontes orgânicas e são disseminados por meio de correntes de ar seca; se houver água disponível, os esporos infectam os tecidos da flor (PALA et al., 2009).


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Figura 135. Doença do morfo cinzento causada pelo Botrytis cinerea. Foto: İbrahim Kahramanoğlu e Serhat Usanmaz (2016).

As condições mais favoráveis para o desenvolvimento do mofo cinzento são temperaturas entre 5-10 °C e umidade relativa superior a 90%. As perdas devido ao mofo cinzento podem chegar em até 30% das romãs colhidas sem qualquer medida de controle (TEDFORD et al., 2005). A aplicação de fludioxonil (25% a.i. 60 g / 100 l de água) reduz consideravelmente as perdas por mofo cinzento pós-colheita. No entanto, para reduzir a incidência de doenças pós-colheita, deve-se incluir uma lavagem com cloro desinfetante antes da aplicação de fluodioxonil ou qualquer outro fungicida (PALOU et al., 2007). Esporos de hospedeiros Botrytis em frutas e árvores são infectadas previamente no pomar e em ervas daninhas. Assim, eles se espalham facilmente pelo vento. Os esporos que pousam nos tecidos germinam e produzem uma infecção quando há água livre na superfície da planta. A decomposição desenvolve-se rapidamente a temperaturas entre 18-24 °C. O controle do pó e sanitário podem ajudar a reduzir a incidência de doenças na etapa de pós-colheita.


C a p í t u l o I | 193 BOLOR AZUL OU VERDE É uma doença pós-colheita, causada pelo fungo Penicillium sp. (Figura 136). A infecção se dá por ferimentos produzidos antes ou após a colheita. Inicialmente ocorrem lesões aquosas e circulares que progridem tornando o tecido mole de cor castanho. Depois um mofo de coloração azul ou verde aparece sobre a superfície das lesões. Em estádios mais avançados, o fungo cresce para o interior do fruto e atinge a polpa envolta das sementes, e o fruto pode desintregrar-se. O fungo se desenvolve mais lentamente no campo em frutas maduras, porém é mais comum durante o armazenamento (PALOU et al., 2010).

Figura 136. Podridão do fruto de romã pelo fungo Penicillium sp. Fonte: adaptado de https://www.ndrs.org.uk/article.php?id=022021

PODRIDÃO DE RHIZOPUS Rhizopus stolonifer (Her. Ex Fr.) Lind, é um fungo comum e o mais destrutivo patógeno pós-colheita. A infecção se dá exclusivamente por meio de ferimentos, e o fungo pode penetrar no fruto, deixando intacta a cutícula. O fruto infectado fica aberto por micélio e esporangiosporos altos, cinzentos com esporângios macroscópicos pretos. A contaminação dos frutos no armazenamento é rápida, e todos os frutos podem ficar apodrecidos em poucos dias; no entanto, se evitados os ferimentos e realizada a sanitização, a doença é facilmente controlada (MUNHUWEYI et al., 2016). Controle de doenças pós-colheita Os tratos fitossanitários pré-colheita são essenciais para diminuir as doenças de póscolheita. Práticas, como em evitar ferimentos nos frutos durante e depois da colheita e selecionar os frutos em “packing house”, excluindo aqueles com defeitos, arranhados,


C a p í t u l o I | 194 feridos, com descoloração, queimaduras pelo sol ou com sintomas de doenças, diminuem a presença de microrganismo e infecções secundárias. As lavagens dos frutos devem ser com adição de cloro à água, para diminuir as podridões causadas por Botrytis cinerea e Penicillium spp (MUNHUWEYI et al., 2016). No Brasil ainda não existem funcicidas registrados para tratamentos pós-colheita da romã (AGROFIT, 2017). O armazenamento recomendado com refrigeração e umidade relativa alta favorece o prolongamento da vida de prateleira (após colheita), mas não evita, definitivamente, o desenvolvimento de doenças pós-colheita. No geral, a temperatura de armazenamento indicada para frutos de romãzeira é de 5 ºC por até dois meses e, de 7 ºC para mais de dois meses, com 90-95% de umidade relativa (CALEB et al., 2012). As condições de temperatura entre 5 a 10 ºC e de umidade relativa entre 80-90% também são indicadas para o armazenamento durante dois a três meses (PARREK et al., 2015). Adicionalmente ao armazenamento refrigerado, o uso de embalagens, ou filmes plásticos envolvendo o fruto (inteiro ou miniprocessado), proporciona uma atmosfera modificada passivamente pela respiração do fruto, de modo que ocorrem redução do oxigênio e saturação de gás carbônico dentro da embalagem, a ponto de a respiração do fruto diminuir, o que garante uma redução do metabolismo e, consequentemente, retarda a senescência e prolonga sua vida útil. A romã, no entanto, é muito sensível à baixa taxa de O2 (˂5 kPa), e podem ocorrer injúrias, perda de peso e podridões (PAREEK et al., 2015). Os plásticos atualmente utilizados para a atmosfera modificada apresentam tecnologia que garantem uma permeabilidade controlada do oxigênio, através de micro perfurações, evitando-se a anaerobiose dentro das embalagens (HUSSEIN et al., 2015).

REPOUSO VEGETATIVO APÓS COLHEITA Após a colheita, a árvore ainda mantém as folhas durante certo período de tempo, sendo que o momento da desfolha natural varia conforme as variedades. A queda das folhas marca o início do período de dormência que tem lugar durante o inverno e durante o qual o crescimento da planta cessa (Figura 137).


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Figura 137. Desfolha da romãzeira seguida de poda leve (1 5 - 2 5 cm).

Ao final do período de vida ativa, forma-se uma subcamada em um ponto do pecíolo, a folha cai e pode-se considerar que a planta desprovida de folhas entrou na fase de repouso vegetativo (Figura 138), assim as gemas entram em dormência, a qual estaria sob o controle de um hormônio vegetal (ácido abscísico) emitido pelas folhas adultas (HODGSON, 1917).

Figura 138. Estádio fenológico: gema em repouso de romã no distrito de Salaverry, município de Trujillo. Foto: César Enrrique Arce Escobar (2014).


C a p í t u l o I | 196 Mesmo assim, o repouso vegetativo é considerado o período que vai desde pouco antes da colheita, até o recesso invernal, no qual grande parte das substâncias que contêm os órgãos que vão ser eliminados, são transferidos para os órgãos (ramos, tronco, raízes) que vão a permanecer até o reinício de sua atividade na primavera (RODRÍGUEZ; RUESTAS, 1992). Dormência de inverno. As seguintes práticas manterão as romãzeiras com dormência de inverno e que vão garantir uma colheita ideal: - Retardar o crescimento das plantas até o outono, retendo irrigação e fertilizantes nitrogenados. Isso acelerará o crescimento na temporada seguinte. - Sem podas no final do verão ou outono. - Manter a irrigação regular, especialmente no final do verão. - Pintar os troncos das romãzeiras com solução de cal. -Mantendo o solo descoberto. Grama, ervas daninhas e palha evitam que o calor entre no solo durante o dia, de modo que menos energia é armazenada para liberação à noite. PODA DA ROMÃZEIRA As árvores frutíferas, dentre elas as romãs, devem ser podadas por diversos motivos relacionados à saúde e bem-estar do próprio exemplar, bem como ao lucro que se deseja dele, tanto no campo estético quanto na produção de frutos (Figuras 139 e 140). Pawar et al. (1994) estudaram detalhadamente a romãzeira e argumentam que a poda influencia a qualidade do fruto, o tamanho do fruto, o teor de suco e o maior rendimento por hectare. Os principais objetivos estão resumidos em três grupos, que são detalhados a seguir.


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Figura 139. Romãzeira sem a poda irá formar um arbusto (moita) improdutivo, por produzir frutos de baixa qualidade. A maior parte da poda é executada eficientemente na época de repouso invernal da planta, ou antes, do aparecimento das primeiras flores. Foto: Alenka A. Baruca.


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Figura 140. A) Produção da romãzeira cultivada sem manejo e usando material indefinido (silvestre) e B) Romãzeira cultivada para produzir frutos com manejo e utilizando variedade definida (Wonderful ou Mollar de Elche).

1 - O corte de alguns ramos dá vigor à árvore, já que os novos que nascem o farão com muita força e energia. Além disso, a poda deve servir para arejar a copa da árvore, para que os raios do sol cheguem ao seu interior e deem vida aos ramos e folhas dessa área. O sol ajuda a eliminar certos insetos e outras pragas que se instalam em locais escuros e úmidos (Figura 141). A brotação das gemas ocorre depois da poda, ou seja, na primavera,


C a p í t u l o I | 199 e deve-se à multiplicação e alongamento do meristema terminal dos ramos vegetativos (HIDALGO, 1993).

Figura 141. Poda invernal da romãzeira (após a queda das folhas ou após a colheita dos frutos).

2 - Ao podar a romã melhora sua produção. A árvore distribui a seiva por todos os seus ramos. Por mais seiva que o exemplar destina aos ramos improdutivos (secos ou muito danificados), eles não poderão dar frutos. Por isso, é conveniente cortar esses fragmentos para que essa seiva seja melhor aproveitada pelos ramos mais jovens e saudáveis, nos quais brotarão melhores frutos. Além disso, o instinto de sobrevivência da árvore faz com


C a p í t u l o I | 200 que ao se sentir atacada (isso acontece quando é podada) sujeito por sua vida e floresça antes e em grande quantidade. Isso, em certos limites, também favorece a produção. 3 - Dê à árvore uma forma equilibrada. A poda serve para cortar os ramos que por sua extensão e seu próprio peso dobram muito para baixo (crescimento simpodial; Figura 142) e impedem que uma pessoa possa ser colocada sem problemas embaixo deles.

Figura 142. Ilustração do crescimento simpodial de uma planta não definida.

Existem duas tendências na formação de árvores de romã. A primeira consiste em respeitar o hábito de crescimento basitônico da espécie, permitindo nos primeiros anos que ela forme dois ou mais troncos que servirão como suporte da produção (Figura 143). Isso é especialmente recomendado em localidades que apresentam geadas invernais, pois se forem muito fortes e provocarem danos aos tecidos da planta, haveria mais chances de recuperar a árvore e seu nível de produção em 2 ou 3 temporadas. A árvore de um único tronco pode ser totalmente destruída, mas sobreviverá com os chupões e rebentos que se formarão em sua base. As árvores com vários troncos não requerem muitos cuidados e começam a frutificar mais cedo do que aquelas com um único tronco.


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Figura 143. Árvore de romã cultivada com chupões e rebentos de raiz (multi-caules).

Outro método de formação consiste em formar a planta em um único tronco (Figura 144). Para isso, as plantas devem receber uma poda apical quando atingem 60 cm de altura e, a partir deste ponto, devem-se deixar 3-5 ramos bem distribuídos ao redor do tronco. Os ramos devem começar a 30 cm desde o solo, deixando um tronco curto bem definido. Qualquer ramo que apareça sobre ou sob estes ramos deve ser removido, assim como qualquer rebrote de raiz ou chupão. Como o fruto se origina nas extremidades dos novos ramos durante os primeiros 3 anos, os ramos devem ser cortados anualmente, para aumentar ao máximo o número de novos ramos.


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Figura 144. Planta de romã de único tronco (fuste até 50 a 60 do solo, deixando de 3-4 ramos principais espaçados simetricamente em forma de taça. Foto: Chandra et al. (2011).

Um dos principais problemas enfrentados pelos agricultores que decidem formar romãzeira com um único tronco é a produção abundante de rebrotes (rebentos de raiz) na base da planta. Esses rebrotes ou estolões podem ser removidos mecanicamente, com tesoura de poda manual, ou o controle químico pode ser feito com herbicidas de contato de forma similar às ervas daninhas do entorno. É importante que esses talos indesejáveis sejam controlados muito cedo, tomando cuidado especial para não tocar em outras partes da planta. A operação da poda deve ser a mínima possível, para o primeiro ano de produção. Este tipo de poda na romãzeira é benéfico, principalmente quando a mesma visa contribuir para aumentar a porcentagem de frutos de qualidade, aumentando o tamanho do fruto e o teor de suco e sólidos solúveis. Portanto, durante a temporada, basicamente é feita a poda para o raleio de frutos.


C a p í t u l o I | 203 Tipos de poda na romãzeira: PODA DE FORMAÇÃO DE ROMÃS. A poda de formação da romãzeira é um aspecto fundamental no manejo produtivo desta espécie, uma vez que seu ramo basitônico, madeira flexível e frutificação predominantemente distal, resultam na produção de frutos pesados (350-800 g) da espécie. Iniciando-se de uma muda da qual as gemas são removidas do tronco até uma altura de cerca de 50 cm (ou 80 cm) do solo. Previamente, são escolhidas 3 gemas para desenvolver seus ramos principais e estes, à medida que crescem, dão à romãzeira a forma de um vaso. A poda e a modelagem da árvore são muito importantes para evitar danos causados por queimaduras solares. A poda deve ter como objetivo estimular as árvores a produzir frutos na parte inferior da árvore para evitar danos causados por queimaduras solares. Os sistemas verticais de arame simples, arame duplo vertical ou espaldeira em forma de Y podem ser usados para apoiar as romãzeiras que precisam de suporte e, assim, produzir sombra. Entretanto, para facilitar a formação dos ramos principais em forma de taça da planta, os primeiros anos de seu cultivo requer um investimento alto quando utiliza a técnica de aramação em cada fileira (Figura 145). De modo que as romãzeiras são cultivadas em sistema de espaldeira para orientar melhor a direção dos galhos levantados para cima. Alinhados, de cada extremidade, os fios partem de dois suportes em forma de Y, os quais parecem eternos varais de onde sustentam os ramos carregados de frutas vermelhas. Esse suporte ajuda a planta, que tem uma morfologia mais parecida com um arbusto do que com uma árvore, a distribuir seus galhos de forma ordenada e seus frutos vão crescer com facilidade, não roçando um com outro ou tocando com os espinhos dos ramos.


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Figura 145. Sistema de aramação por fileira em Y para orientar e suportar os ramos carregados de frutos grandes de romã.

No final de agosto com a árvore desfolhada, uma semana antes da aplicação da cianamida hidrogenada, será realizada a poda. Geralmente a partir do 3º ano é frequente conseguir a primeira produção, mas é necessário seguir com a poda de formação, com destaque para os três ramos principais e a formação do 1º e 2º andares. A poda consiste em eliminar os chupões não produtivos do centro e da base do tronco, deixando os ramos principais em leque como carregadores de frutos entre 6 a 7 no primeiro andar (1º formação em leque) e 8 a 9 carregadores no segundo andar (2ª formação em leque), sendo este último para efeito de dar sombra ao primeiro andar e para constituir o esqueleto da árvore, os quais serão rebaixados na proporção adequada (Figura 146). Ao mesmo tempo, em que é dada uma forma adequada à copa, evitam-se que os ramos se cruzem e dando assim a romãzeira uma sólida estrutura produtiva. Este período de formação pode durar até 3-4 anos sucessivamente.


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Figura 146. Pomar de romã em estádio de frutificação: 1º andar da copa ramos com a função de carregar os frutos e 2º andar com ramos para efeito de sombrear os frutos do 1º andar (evitar queimadura por sol). A seta azul faz uma separação aproximada entre o 1º e 2º andar da copa da romãzeira. Foto: Jófogás.

Além de efetuar a poda na árvore, recomendam-se sustentar principalmente as flores produzidas 4 a 5 semanas após o início da floração, pois são elas que vão dar a maior frutificação (90%) da planta com a menor rachadura de frutos e a melhor qualidade dos frutos. Portanto, o raleio de frutos vingados e de flores formadas se faz necessário posteriormente aos 35 dias do início da floração para garantir um maior calibre de frutos,


C a p í t u l o I | 206 pois as gemas de inverno são os que florescem antes e vão produzir frutos de maior qualidade. Formação de ramos principais em leque A poda de formação geralmente é iniciada a partir do primeiro ano, quando a romãzeira já desenvolveu bem o caule “lenhoso”. Primeiro ano de formação. Consiste em estruturar a planta em um único tronco e formar uma coroa de ramos. Ou seja, ao deixar apenas um tronco principal, os ramos em leques que saem do tronco principal vão surgir acima de 30-40 cm do solo; ou 50-60 cm do solo, ou 80-100 cm do solo (Figura 147), sendo a escolha da altura do primeiro leque uma decisão por parte do produtor (altura do fuste). Tais ramos produtivos são direcionados para carregar os frutos (são os ramos posicionados no 1º andar) e os outros ramos que vão surgir acima (2º andar), estão direcionados para que cause um efeito de sombreamento.

Figura 147. Altura do fuste da romazeira é uma escolha do produtor. Botanicamente o fuste é a parte principal do tronco de uma árvore, aquela situada entre o solo e as primeiras ramificações. Fotos: Egro.Es.es; Melgarejo; Valero (2012); Alenka A. Baruca.

Quando a planta apenas tenha alcançado o tamanho e desenvolvimento do tronco lignificado, deve-se proceder a uma poda verde em floração, retirando todos os rebentos de raiz que aparecem na base do tronco e deixando apenas 3 ou 4 ramos principais, em forma de leque, que serão os ramos que irão constituir o esqueleto da árvore.


C a p í t u l o I | 207 Segundo ano com a árvore em repouso. Desponte os ramos principais em leque (se necessário), mas se eles crescem bastante na vertical deverão ser despontados e as gemas terminais (ápices) deverão estar sempre posicionados para o interior da copa, pois os ramos se curvam para começar a produção. Mesmo assim, ainda não se recomenda a produção da planta nessa idade (2º ano). Com a árvore ativa. Ao observar que os quatros ramos principais, em forma de leque, cresceram muito e se curvaram bastante, os quais deverão cessar de crescer por intermédio de sua poda apical (Figura 148). Em consequência disso, irão ajudar a emergir os ramos secundários, que vão ser os novos ramos produtivos. Também se deve proceder à remoção de todos os chupões que apareceram na base do tronco, bem como qualquer brotação no tronco abaixo dos ramos em leque (em forma de cruz).

Figura 148. Exibição de poda de um dos ramos principais da planta de romã: antes (sem corte) e depois (A- com cortes de ramos; B- com corte apical ou desponte). Fotos: Glozer e Ferguson (2008).


C a p í t u l o I | 208 PODA DE FRUTIFICAÇÃO OU PRODUÇÃO. Consiste em um simples desbaste de ramos que se cruzam devido ao grande número que aparece a cada ano (Figura 149). Também são cortados os brotos crescidos nesse ano, se não houver necessidade de suprimir algum ramo quebrado ou atacado por praga. Neste caso, deve-se escolher um dos ramos que, devido à sua posição, possa substituir o ramo quebrado ou doente. Essa poda visa aumentar a produção, favorecendo que a árvore não só frutifique na periferia, mas melhorando a qualidade do fruto.

Figura 149. Poda de frutificação em árvore de romã. Fotos: Alma Iris de Jesús Joaquín (2018).

Essa poda de produção é comumente limitada à remoção de chupões e ramos mal localizados, mortos e improdutivos, evitando cortes grosseiros, já que a produção se desenvolve na parte terminal do ramo (flores em ramo do ano; Figura 150). Durante o primeiro ano de produção, as plantas devem ser cuidadosamente podadas, eliminando ramos mal localizados que ficam na parte central da mesma, mas evitando cortar os ramos produtivos. É a poda que se realiza na árvore para atingir os seguintes objetivos: 1 - Colheitas abundantes; 2 - Obter bom calibre do fruto;


C a p í t u l o I | 209 3 - Evitar árvores mal iluminadas; 4 - Evitar que as frutas se friccionem umas nas outras; 5 - Facilitar a coleta; 6 - A poda da frutificação deverá ser anual a fim de clarear as ramagens para que não haja atrito devido ao excesso delas e possa afetar o fruto, já que a casca é muito sensível as friccões; 7 - As cicatrizes serão cobertas com um selante comercial, para evitar ao máximo a entrada da Traça-leopardo (Zeuzera pyrina). A poda de produção é considerada uma poda leve realizada no inverno e adiada até depois do vingamento, tendo em vista uma colheita futura.

Figura 150. Remoção de chupões do solo e nos galhos, ramos cruzados e doentes da planta de romã: 1.planta sem poda; 2. Parte não sombreada da planta que foi podada; e 3. Planta podada sem chupões no caule. Fotos: Agribiotechnology Ldt.

PODA DE REJUVENESCIMENTO. Com esta poda consegue-se o rejuvenescimento da romã. É praticada quando se observa que a produção cai até se conseguir uma renovação total dos ramos. Normalmente, a poda é realizada de forma escalonada em


C a p í t u l o I | 210 aproximadamente três anos e não deve ser superior a 3 anos, e é alcançada uma renovação total dos ramos. Por isso, a cada ano, 1/3 da madeira velha é retirada da árvore frutífera. Fase de envelhecimento. Atualmente, a poda de rejuvenescimento da romãzeira baseiase na eliminação de ramos defeituosos e alguns atacados pela Traça-leopardo (Zeuzera pyrina). A motosserra é empregada e, em seguida, obtém uma clareira de ramagem no interior da copa (Figura 151). Para atingir estes objectivos, é necessário compreender que a romã produz o seu fruto preferencialmente na madeira do ano anterior, com uma passagem na primavera e outra no verão em que se obterá em parte a colheita do ano seguinte.

Figura 151. Romãzeira rejuvenecida. Foto: Guillermo Valdés Quiles (2015).

Durante a época de junho-julho será efetuada a poda verde, que consistirá na eliminação de novos chupões (apenas devem deixar os que forem úteis para alguma renovação), evitando a absorção de seiva e reservas nutricionais por estas formações vegetais atípicas e destinando-os na formação do fruto, além de ajudar a árvore na própria regulação ao longo de seu ciclo.


C a p í t u l o I | 211 PODA EM VERDE. É realizado de junho a julho para melhorar a iluminação dos frutos, que por sua vez melhorará sua coloração, reduzirá os custos de poda invernal (planta em repouso), melhorará a aplicação fitossanitária, eliminará a competição de nutrientes. PODA DE ELIMINAÇÃO DE BROTOS E CHUPÕES. Devido ao seu grande vigor, a romãzeira desenvolve em torno de seu tronco muitos rebentos de raízes e chupões verticais no centro da copa que devem ser eliminados quando aparecem para favorecer o desenvolvimento da árvore e dos frutos, não permitindo que aumentem de espessura, pois são brotos improdutivos e consumidores de seiva (Figura 152).

Figura 152. Chupões verticais no centro da copa e rebentos de raiz (ramos que podem gerar outras plantas deverão ser podados por formar touceira, os quais efetam a qualidade dos frutos) na base da árvore de romã.

É importante destacar que os chupões são um problema nesta cultura, pois representam uma importante competição para o resto da planta, são refúgio para algumas pragas, além de dificultar o acesso de luz ao interior da árvore, tratamentos fitossanitários e operadores. Por essas razões, eles devem ser removidos pelo menos duas vezes por ano. Tais operações podem ser feitas manualmente durante a poda, o que é tedioso e caro. Por isso, o agricultor costuma destruí-los ao longo do período de atividade vegetativa com herbicidas, como a mistura de glifosato (18%) e MCPA (18%), ou com glufosinato de amônio (15%).


C a p í t u l o I | 212 SISTEMA DE CONDUÇÃO DA PODA NA ROMÃZEIRA DURANTE 4 ANOS. Orgãos reprodutores da romãzeira. Os órgãos reprodutivos da romã são: ramos mistos e madeira (Figura 153). As flores são de dois tipos: flores hermafroditas e masculinas e são autocompatíveis na maioria das variedades.

Figura 153. Gemas de inverno são as que florescem antes e produzem frutos de maior tamanho. Foto: Guillermo Valdés Quiles (2015).

As gemas de inverno são os que florescem antes e vão produzir frutos de maior qualidade (Figura 154). Em relação a sua posição, geralmente estão próximos ao ramo mãe e aproveitam melhor os nutrientes.


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Figura 154. Detalhe de frutificação em ramos curtos. Foto: Guillermo Valdés Quiles (2015).

As flores masculinas e hermafroditas podem aparecer em ramos mistos, em madeira do ano ou em ramos do mesmo ano (Figura 155). O vingamento dos frutos é maior na madeira do ano anterior.

Figura 155. Flor masculina (não fértil) e flor hermafrodita (fértil). Foto: Guillermo Valdés Quiles (2015).


C a p í t u l o I | 214 1. Primeiro ano: Poda de formação. A poda de formação é ralizada durante o período formativo da planta e as operações de poda não deverão ser muito agressivas, limitando-se a formar uma estrutura que seja capaz de suportar toda a produção futura (QUILES, 2015). Em algumas áreas produtivas do Hemisfério Sul, durante os três primeiros anos, todos os frutos são retirados com o objetivo de formar uma romãzeira forte e capaz de sustentar futuras produções. No mês de maio (Espanha), procede-se a uma poda verde, retirando todos os rebentos de raízes que aparecem na base do tronco e deixando apenas no caule 3 ou 4 ramos principais, os quais serão os ramos que terão que constituir o esqueleto da árvore (Figura 156).

Figura 156. Realizar a poda verde no primeiro ano, eliminando toda vegetação (ramos) que estão abaixo da inserção dos três ramos principais (distribuídos de forma escalonada após a poda apical), os quais serão os três braços que apoiaram a produção futura. Foto: Guillermo Valdés Quiles (2015).


C a p í t u l o I | 215 Respeitando o hábito de crescimento da espécie, recomenda-se formar, nos primeiros anos, um único tronco da planta que servirá de suporte para a produção e três ramificações principais a uma altura de 30-40 cm do solo, as quais irão atuar como massa foliar produtiva (Figura 157).

Figura 157. A) Rompimento de alguns ramos principais devido à sua má inserção no mesmo nível do tronco; e B) Inserção correta das ramos principais de forma escalonada no tronco para não sofrer danos por excesso de produção ou rompimento de galho. Fotos: Guillermo Valdés Quiles (2015).

As formas apoiadas em aramação em Y são uma alternativa em relação à condução convencional. Em alguns países, tais formas em Y são usadas sistematicamente (Figura 158). A copa aberta da planta é reduzida, a cor e o tamanho dos frutos são aumentados.


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Figura 158. Nas formas de plantas apoiadas por aramação em Y (ramos principais em forma de taçã; setas vermelhas inclinadas), as intervenções de poda são reduzidas e aumentam a produção. Foto: Guillermo Valdés Quiles (2015).

2. Segundo ano (QUILES, 2015). 2.1 - Inverno. Destacar os três ramos principais e aparar os ramos secundários, enquanto os ramos principais (se necessário) que cresçem muito na vertical são despontados e as gemas terminais sempre deverão ficar voltadas para dentro (Figura 159). Caso contrário não é necessário, os ramos vão ter que se curvarem para iniciar a produção. Recomendase continuar na formação do 1º andar, ou seja, ramos carregadores de frutos devem ser mantidos na parte inferior da copa, sendo os mesmos sombreados pelos ramos vegetativos


C a p í t u l o I | 217 da parte superior (2º andar). Devem-se manter também a formação em vaso da copa, tronco único e três ramos principais como suporte para a produção

Figura 159. Poda de inverno no segundo ano. Fotos: Guillermo Valdés Quiles (2015).

2.2 - Verão. Se mais tarde, no mês de julho, observarem que os três ramos principais cresceram muito, então se devem prendê-los para parar o crescimento e ajudarem a emergir os ramos secundários, que serão os produtivos. Também se devem proceder à retirada de estolões que vão aparecer na base do tronco, bem como qualquer brotamento do tronco abaixo da ramificação (três ramos principais; Figura 160).

Figura 160. Poda verde no segundo ano. Fotos: Guillermo Valdés Quiles (2015).


C a p í t u l o I | 218 3. Terceiro ano (QUILES, 2015). 3.1 - Inverno. Durante o terceiro ano é frequente que se tenha produção de frutos, mas é necessário seguir com a poda de formação, destacando os três ramos principais e a formação de andares escalonados dos ramos principais (Figura 161).

Figura 161. Poda de inverno no terceiro ano. Foto: Guillermo Valdés Quiles (2015).

3.2. Verão. Poda verde com a eliminação de chupões não produtivos do interior da copa e da base do tronco (Figura 162). Todas as operações devem seguir realizando durante os três anos seguintes ao plantio, que pode ser considerado a etapa em que a árvore está em formação. Além disso, os pulgões podem surgir e causam sérios danos a plantação.

Figura 162. Poda verde no terceiro ano. Fotos: Guillermo Valdés Quiles (2015).


C a p í t u l o I | 219 4. Quarto ano (QUILES, 2015). 4.1. Poda de inverno (fase produtiva a partir do quarto ano). A partir do 4º ano, quando a romã entra no período produtivo, as poda serão muito suaves para tornar a exploração logo lucrativa (Figuras 163 e 164). A romãzeira produz sobre madeira do ano, ramos mistos procedentes de gemas existentes em madeira do ano; por isso, nessa poda do 4º ano, a tendência é deixar a madeira produtiva e eliminar a velha. Os objetivos serão: - Melhorar a qualidade do fruto, porque a poda, em última análise, realiza o trabalho de regulação da produção; - Aumentar a produção, as árvores podadas estarão em condições de aumentar a produção.

Figura 163. Romãzeira formada para suportar a produção (ereta): altura 1,3 com três andares de 4º ano. Foto: Guillermo Valdés Quiles (2015).


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Figura 164. Romãzeira de porte aberto com uma boa estrutura de 4º ano. Foto: Guillermo Valdés Quiles (2015).

Deve-se continuar com a poda verde (Figura 165), que proporcionará maior luz à romã e uma boa luz na parte interna da copa, visando obter maior coloração dos frutos. A romãzeira requer luz, mas não sol direto. Portanto, a poda de produção consistirá em eliminar madeira velha, suprimindo chupões, estolhões, ramos que se cruzam e que não deixam passar a luz, garantindo que tenha uma boa iluminação em toda a planta e uma boa indução floral. Será mantido um equilíbrio entre a vegetação e a floração.

Figura 165. Recomenda seguir com a poda verde principalmente para eliminar todos estolões e chupões, visando conseguir maior luminosidade a romãzeira. Foto: Guillermo Valdés Quiles (2015).


C a p í t u l o I | 221 Ferramentas de poda. O pessoal deve lavar as mãos, o calçado será desinfetado antes de entrar no campo de cultivo. As ferramentas como tesouras e serras de poda devem ser previamente desinfetadas com solução de hipoclorito de cálcio a 1%, esses materiais também devem estar operacionais antes de iniciar o trabalho (Figura 166). Por outro lado, o local correto da poda do ramo secundário em relação ao ramo principal (Figura 167).

Figura 166. Tesourão de poda, serra de poda e tesoura de poda.

Figura 167. Imagen da poda correta do galho.


C a p í t u l o I | 222 INDUÇÃO DA GEMA FLORAL (BROTAÇÃO) Este fenômeno ocorre após a poda e/ou aplicação de cianamida hidrogenada. A brotação das gemas se deve à multiplicação celular e ao alongamento do meristema terminal dos ramos vegetativos (Figura 168), iniciando-se no inverno e em princípios de primavera (HIDALGO, 1993).

Figura 168. a) Gema inchada e b) Ponta vermelha de romã no distrito de Salaverry, município de Trujillo. Fotos: César Enrrique Arce Escobar (2014).

A brotação se produz como consequência de uma sustentada temperatura média ambiental moderada, acompanhada de certo grau de umidade e consiste no crescimento de brotos como resultado da produção de células novas e aumentadas (RODRÍGUEZ; RUESTAS, 1992). A duração do ciclo produtivo é influenciada principalmente pela temperatura, sendo o início do ciclo a aplicação de cianamida hidrogenada (usada para promover a brotação) e o final do ciclo a colheita. Este ciclo dura aproximadamente 250 dias (TAIPE, 2010). Nas condições de cultivo da Fazenda Tamanduá, o florescimento da romãzeira “Mollar de Elche predomina nos meses de março, abril, maio, com colheita nos meses de junho, julho e agosto. Práticas de manejo como o uso da poda e indução floral com o uso de


C a p í t u l o I | 223 ureia permitem o escalonamento de produção e colheita também nos meses de novembro e dezembro, época de maior valorização do produto no mercado interno (GODOY; ARAÚJO, 2021). No caso do Peru, a irrigação realizada, em condições litorâneas e em solo arenoso, no final da colheita é diminuída gradativamente até atingir 50%, até duas semanas antes da aplicação do desfolhante (Cianamida hidrogenada), para melhorar a desfolha. São feitas 3 aplicações de sulfato de potássio na concentração de 1,5 a 2,0%, a segunda aplicação 15 dias após a primeira e a terceira 10 dias após a segunda aplicação. Também podem ser realizadas 2 aplicações de uréia a 2,0%, isso com a finalidade de causar um estresse controlado que ajude a caída da folhagem, o que facilitará a aplicação do desfolhante. DESBATE DE FRUTOS É uma prática que geralmente é realizada para garantir que os frutos atinjam os calibres e a qualidade requeridos pelo mercado. Também tem como finalidade eliminar os frutos que poderão ser afetados pelo sol, pois se eles forem mantidos ficam expostos a ensolação, afetando diretamente o arilo para que ele não ganhe sua cor normal e, portanto, perca valor comercial, por isso é conveniente eliminá-los, visando economizar o seu crescimento pela árvore. Com o desbaste dos frutos também se controla o seu tamanho, pois se deixa um grande número de romãs formando botões, obtêm-se frutos pequenos e menos comerciais. Este trato cultural pode ser feito de forma manual após o vingamento durante os meses de setembro-outubro ou utilizando produtos químicos. Se for feito manualmente, deve ser feito com tesoura de poda no momento em que os frutos tenham 3-4 cm de diâmetro, mas é necessário repetir a operação depois de 20 dias, a fim de eliminar os frutos resultantes da ampla floração da romãzeira (Figura 169). Recomendam-se eliminar as frutas altas, tardias e múltiplas. Observaram-se que as aplicações de etefon em concentrações de 500 ppm podem desbastar as flores, melhorando o rendimento do fruto e sua qualidade final (PASTOR-FIGUEROA, 2015).


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Figura 169. Frutos vingados que vão ser desbastados (marcados com x). Fonte: Fundo agrícola Pampa Baja (Peru).

Objetivos do raleio de frutas: • Obtenção de frutas de maior tamanho. •. Eliminar os frutos pequenos de formato irregular, deformados, mal situados, assim como aglomerações de frutos, os quais algumas pragas vão surgir com frequência. •. Em árvores muito jovens, os frutos do último terço dos ramos principais e secundários, para garantir o seu desenvolvimento normal. •. Pode contribuir a adianta a colheita. Desbaste de frutos duplos e triplos. É uma das atividades mais importantes que determina a qualidade do fruto, a qual consiste em primeiro lugar na distribuição de cargas frutíferas e acomodar os frutos. Em segundo lugar, na eliminação dos espinhos que podem afetar e produzir cicatrizes na casca do fruto. E em terceiro lugar, levando em conta a projeção da colheita e a quantidade de frutos na árvore, procede-se à eliminação de frutos gêmeos, trigêmeos, etc. deixando finalmente o melhor fruto ou frutos opostos que nascem de uma única inserção para garantir essa projeção. Além disso, com a prática do desbaste se evita a produção de frutos apertados e deformados, o que gera condições ideais para a


C a p í t u l o I | 225 cochonilha branca. Os frutos são geralmente apresentados em grupos como mostra a Figura 170.

Figura 170. Operação de raleio de frutos de romãzeira, deixando apenas um fruto após desbaste (parte superior) e as setas vermelhas exemplificando os frutos que devem ser eliminados (parte inferior). Fonte: Fundo agrícola Pampa Baja (Peru).

No momento da formação de botões florais, deve haver um raleio de frutos não deixando mais de dois frutos por cacho. O objetivo é obter frutos de maior tamanho, então eliminam-se os frutos de forma irregular ou deformados, evitando assim o ataque de pragas como a cochonilha (Figuras 171 e 172).


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Figura 171. Apenas um fruto deve ser deixado, eliminando aqueles marcados em vermelho. Fonte: Fundo agrícola Pampa Baja (Peru).

Figura 172. Formação de frutos em grupos na romãzeira antes da operação de desbate e separados após desbate. Fonte: Fundo agrícola Pampa Baja (Peru).


C a p í t u l o I | 227 O critério recomendado é deixar um fruto por nó e 20 cm entre nós (Figura 173). Em Israel, são deixados 5 frutos por grupo de ramos com espaçamento de 20 cm por fruto. Os frutos que crescem juntos são eliminados para reduzir o ataque de pragas. Por questão de referência, não são deixados mais de 100 frutos por árvore nos pomares em plena produção (PASTOR-FIGUEROA, 2015).

Figura 173. Procedimento correto do corte: Com uma tesoura de poda leve, cortam-se os frutos vingados (A), flores femininas com vários frutos (B), deixando apenas um fruto (C). Fonte: Fundo agrícola Pampa Baja (Peru).

As frutas que precisarem ser acomodadas na planta para melhor ordenação poderão ser feitas amarrando o ramo ao arame com a ráfia facilitada para esse fim. Deve-se deixar apenas um fruto por rama curta, com as melhores características de forma, ausência de cicatriz e/ou deformidades. Os frutos deformados deverão ser eliminados (Figura 174).


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Figura 174. Identificação de frutos deformados e com pequenas cicatrizes (Com Rosset). Fonte: Fundo agrícola Pampa Baja (Peru).

O trabalhador deve revisar detalhadamente fruto por fruto para eliminar os espinhos e remover os frutos deformados (Figuras 175 e176). Os espinhos e as raminhas na planta que podem danificar os frutos deverão ser eliminados com uma tesoura de poda leve, mas o corte deve ser rente.


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Figura 175. Identificação de frutos ainda novos com algum tipo de defeitos.

Figura 176. Raleio de frutos de romã: A) Operação de desbaste de frutos e B) Planta depois do desbaste de frutos.


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Capítulo II

MATURAÇÃO, COLHEITA, PÓS-COLHEITA DOS FRUTOS E EXTRAÇÃO DE ÓLEO DE SEMENTES DE ROMÃ

Vicente de Paula Queiroga Railene Hérica Carlos Rocha Araújo Josivanda Palmeira Gomes Alexandre José de Melo Queiroz Rossana Maria Feitosa de Figueirêdo Esther Maria Barros de Albuquerque (Editores)


C a p í t u l o I I | 231 MATURAÇÃO DOS FRUTOS Introdução. A romã, bem como seus sucos e extratos, está sendo amplamente promovidos, com ou sem apoio cientifico, para os consumidores como um dos superalimentos novos, capazes de enfrentar variedade de doenças. Esta fruta, que tem sido consumida e utilizada como um alimento funcional no Médio Oriente há milhares de anos, ganhou popularidade recentemente nos Estados Unidos (JOHANNINGSMEIER; HARRIS, 2011). Para alcançar alta produtividade e qualidade, é necessário dispor de um campo vigoroso e equilibrado, e o fruto da romã deve ser cuidadosamente tratado desde o seu aparecimento, logo depois da floração, até a pós-colheita (TAIPE, 2010). Os principais fatores ambientais que afetam a qualidade do fruto da romã são o solo, a água, o clima e as práticas culturais que afetam esses fatores (redução da insolação nos frutos com sacos protetores), outra condição é o sistema de condução, pois está intimamente relacionado com a distribuição e iluminação da fruta (TAIPE, 201O) O fruto da romã atinge sua maior expressão de qualidade quando é colhida da árvore a partir deste momento e pelo resto do período de pós-colheita, a qualidade pode ser preservada com um mínimo de deterioração, mas nenhum tratamento irá melhorá-la (HIDALGO, 1993). É importante frisar que no fruto da romã, não há mudanças favoráveis na cor, doçura e outras características após a colheita, então a qualidade que o fruto tem quando separado da planta na melhor dos casos, apenas continuará similar quando chegar ao consumidor final. A qualidade é um termo subjetivo que engloba as características de uma fruta mais apreciada pelos consumidores, que pode ser dividida em três blocos: organoléptico, nutricional e funcional. A qualidade sensorial ou organoléptica é aquela apreciada pelos sentidos e inclui cor, sabor, aroma, firmeza e aparência (ausência de defeitos ou danos e tamanho e coloração homogêneos). A qualidade nutricional é determinada pelos componentes da fruta que nos servem como nutrientes, como carboidratos, lipídios, proteínas, ácidos orgânicos e minerais. Por fim, a qualidade funcional se deve ao aporte de compostos bioativos com efeitos benéficos para a saúde, como fenóis, carotenóides e vitaminas. Nesse sentido, as propriedades medicinais da romã são conhecidas há muito tempo na medicina popular de muitas culturas, embora recentemente estudos científicos tenham demonstrado suas propriedades antioxidantes e efeitos benéficos para a saúde,


C a p í t u l o I I | 232 reduzindo o risco de sofrer de certas doenças degenerativas como arteriosclerose e alguns tipos de câncer (GIL et al., 2000; MERTENS-TALCOTT et al., 2006; LANSKY; NEWMAN, 2007; AVIRAM et al., 2008). Portanto, pode-se concluir que a romã possui um alto potencial de comercialização e de conquistar novos mercados, pois é um fruto com aparência atrativa, tanto o fruto inteiro como os arilos, e que possui elevada qualidade organoléptica, nutritiva e funcional. Embora, deve-se colher no momento ideal de maturação e realizar a manipulação e a conservação em condições mais adequadas para evitar o aparecimento de podridão, danos por frio e outras alterações que depreciem sua qualidade. Particularidades do fruto. O fruto de romã se origina do desenvolvimento do ovário ínfero após a fecundação da flor e contém em seu interior as sementes ou arilos, que é a parte comestível do fruto e corresponde a 55-60% dele, enquanto a casca é de 40-45%. Os arilos contêm 75-85% de suco, proveniente da cobertura externa da semente e 15-25% que seria a própria semente, 10% de açúcares totais (frutose e glicose), proteínas, fibras, vitamina, minerais, ácidos orgânicos (ácido ascórbico, ácido cítrico e ácido málico), e compostos bioativos tais como fenólicos e flavonóides (antocianinas) (KADER, 2006; MPHAHLELE et al, 2016; VIUDA-MARTOS et al., 2012). Existem alguns cultivares excepcionais, como a romã negra que adquire sua casca negra muito cedo e permanece negra até o tempo de maturação. Além disso, a espessura da casca (exocarpo coriáceo) varia entre as cultivares de romã. As câmaras multi-óvulos (lóculos) são separadas por paredes membranosas (septo) e mesocarpo carnoso. As câmaras são organizadas de forma não simétrica. Normalmente, a parte inferior da fruta contém 2 a 3 câmaras, enquanto a parte superior tem 6 a 9 câmaras. As câmaras estão cheias de muitas sementes (arilos). Os arilos contêm uma camada comestível suculenta que se desenvolve inteiramente a partir das células epidérmicas externas da semente, que se alongam em grande extensão na direção radial (FAHAN, 1976). A seiva dessas células desenvolve uma pressão de turgor que preserva a forma externa característica dessas células. A cor da camada suculenta comestível pode variar do branco ao vermelho profundo, dependendo da variedade. Levin (2006) relata que ocasionalmente metaxenia é observada de tal forma que existem várias sementes de cores diferentes dentro de uma romã individual. Os arilos variam em tamanho e as sementes variam em dureza entre as diferentes variedades. Variedades conhecidas como sem sementes, na verdade, contêm sementes que são brandas.


C a p í t u l o I I | 233 Maturação. O amadurecimento da romã envolve uma sequência de mudança nas características do fruto, desde o florescimento, passando pela maturação até a senescência. Essas mudanças incluem alterações físicas, mudanças estruturais, bioquímicas, fisiológicas e de elementos minerais, refletindo em diferenças na aparência do fruto durante a maturação entre cultivares (HOLLAND et al., 2009). A cor da casca pode variar de creme a vermelho escuro ou marrom, assim como a cor dos arilos, dependendo da variedade, embora, em geral, não haja correlação entre a cor da casca externa e a dos arilos (KADER, 2006). Ou seja, essas cores entre casca e arilos podem ser muito diferentes ou semelhantes, dependendo da variedade. A cor externa da casca não indica a extensão do grau de maturação do fruto ou sua prontidão para o consumo, pois pode atingir sua cor final muito antes de os arilos estarem totalmente maduros. O fruto amadurece 5 a 8 meses após o vingamento, dependendo da variedade. A diferença mais pronunciada no tempo de amadurecimento entre as cultivares não é derivada das diferenças nas datas de floração, mas sim do tempo necessário para amadurecer a partir da antese. Portanto, a colheita do fruto da romã deve ser realizada com a maturação ideal (Figura 177). Uma vez desenvolvido em tamanho ao máximo alcançável, ocorre uma série de mudanças fisiológicas, bioquímicas, anatômicas e, em alguns casos, morfológicas. Além disso, são produzidos aromas atraentes os quais, juntamente com outras características visuais de cor viva e textura de cobertura (casca), o tornam desejável para o consumidor (TAIPE, 2010).


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Figura 177. Pomar de romã em ponto de colheita. Foto: Emma Grimberg.

O fruto da romã, por ser um fruto não climatérico, precisa ser colhido com os atributos de cor, sabor (sólidos solúveis: grau Brix) e porcentagem de acidez, pois sua aceitabilidade, duração no armazenamento e palatabilidade dependem deles. Ao colher o fruto da romã, todos os processos de evolução da maturação são interrompidos (HIDALGO, 1993). O desenvolvimento completo do fruto necessita aproximadamente de 152 a 244 dias desde o momento da polinização, dependendo das variedades. À medida que o fruto da romã amadurece na árvore, observa-se uma redução na acidez titulável e um aumento paralelo na SST (sólidos solúveis totais), pH e intensidade de cor (KADER 2006). Uma vez que a fruta é colhida, ela continua respirando a uma taxa relativamente baixa. Esta taxa diminui com o tempo após a colheita. O armazenamento em baixa temperatura pode manter a taxa de respiração abaixo de 8 ml de CO 2 por kg min-1. Devido às taxas de respiração relativamente baixas e à baixa quantidade de etileno liberado (0,2 ml por kg min-1), o fruto da romã é classificado como não climatérico.


C a p í t u l o I I | 235 É importante destacar que o fruto da romã aumenta sua taxa de respiração e produção de etileno imediatamente após a exposição ao etileno. No entanto, o efeito do tratamento com etileno na respiração diminui rapidamente. Os tratamentos com etileno não afetaram significativamente os parâmetros dos frutos colhidos, como cor, SST, pH ou acidez titulável. Esses dados indicam que o fruto da romã não amadurece após a colheita e deve ser colhido apenas quando totalmente maduro, ou quando alcança a sua maturação fisiológica (Figura 178).

Figura 178. Quatro estágios de desenvolvimento para a cultivar comercial de romã (Wonderful), de colheita tardia, mantendo a coloração verde da casca por mais tempo durante as fases de desenvolvimento do seu fruto. Fotos: U. L. Opara.

Em geral, o amadurecimento é um processo desejável, pois este processo induz à possibilidade de que uma fruta possa ser consumida. Ao contrário, a senescência é o processo fisiológico e a deterioração. Por sua vez, o fruto colhido imaturo, mesmo recebendo o mais adequado manejo pós-colheita, tem qualidade comestível e apresentação inferior à colheita do fruto na maturidade ótima e também é muito suscetível a distúrbios fisiológicos que limitam significativamente seu período de armazenamento e sua aptidão comercial (TAIPE, 2010). Os frutos demasiadamente maduros (sobremaduros) não resistem ao armazenamento prolongado, devido à rápida perda da consistência de sua polpa e de suas qualidades


C a p í t u l o I I | 236 organolépticas, além de sua predisposição a certas alterações fisiológicas e de fácil ataque por microrganismos causadores de podridão (TAIPE, 2010). Finalmente, seu conteúdo de compostos fenólicos, e especialmente antocianinas, moléculas antioxidantes poderosas que fornecem ao suco de romã a sua cor brilhante, aumentam até a maturação da fruta e diminuem depois de pressionar o fruto (HERNANDEZ et al., 1999). Índice de maturação. Firmeza do fruto (FF), concentração de sólidos solúveis (CSS) e/ou acidez total (AT) são os melhores indicadores da maturação do fruto. Portanto, as romãs podem ser colhidas quando atingem certo tamanho e cor da casca. Outros índices de maturação são AT e CSS. Cada tipo de romã requer certo AT:CSS na colheita. A AT de romãs varia entre 0,13 e 4,98% na colheita (KÜPPER, 1995). A AT é <1% em cultivares doces, 1 a 2% em cultivares agridoces e >2% em cultivares azedas (ONUR; KAŞKA,1985). A CSS de romãs varia de 8,3 a 20,5% na colheita (KÜPPER, 1995). Assim, os índices de maturação dependem da cultivar. Por exemplo, AT <1,85% e CSS ≥17% são recomendados para frutas da variedade 'Wonderfuls' cultivada na Califórnia (BEN-ARIE et al., 1984; ELYATEM; KADER, 1984). O teor de tanino do suco <0,25% é o preferido, e a cor do suco vermelho igual ou mais escura que a casca de cores do código padrão Munsell de 5R 5/12 é desejável (CRISOSTO et al., 1996). Composição de antocianinas. São as antocianinas os principais pigmentos responsáveis pela cor da casca da fruta da romã (Punica granatum L.). A alta variabilidade na cor externa do fruto em cultivares de romã reflete variações na composição de antocianinas. O primeiro estágio de desenvolvimento foi coletado de flores hermafroditas não fertilizadas, no final de abril. Posteriormente, os frutos em desenvolvimento foram coletados em intervalos sucessivos de um mês, até o final de setembro. No geral, seis diferentes estágios foram coletados: flor (estágio 1), fruto jovem (estágio 3 e 6), fruto quase maduro (estágio 8), fruto amadurecido (estágio 10) e fruto amadurecido demais (sobremaduro) de acordo com as práticas comerciais (estágio 12) (BEN-SIMHON et al., 2015; Figuras 179 e 180).


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Figura 179. Seis estágios de desenvolvimento da romã de duas cultivares Wonderful (P.G135-36 e P.G100-1), as quais são designadas por S1 (flores hermafroditas), S3, S6 (frutos jovens), S8 (fruto quase maduro), S10 (fruto maduro) e S12 (sobremaduros de acordo com as práticas comerciais), sendo um gene de repetição WD40 de uma romã, que é um homólogo funcional de Arabidopsis TTG1, está envolvido na regulação da biossíntese de antocianina (vermelho) durante o crescimento da fruta de romã. Foto: Semantic.Scholar.


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Figura 180. Seis estágios de desenvolvimento da romã da cultivar Wonderful. Foto: Reddit.

O aumento da atividade antioxidante durante o desenvolvimento do fruto pode ser atribuído a um aumento da concentração de ácido ascórbico e pigmentos de antocianinas, respectivamente, visto que o ácido ascórbico, juntamente com antocianina, é um dos principais compostos responsáveis pela atividade antioxidante (FORTUNATO, 2016). Também esse incremento de ácido ascórbico foi observado em dois acessos de Wonderful, em Israel (SHWARTZ et al., 2009) e Bhagwa, produzida na África do Sul (FAWOLE; OPARA, 1913a). Mudanças bioquímicas. Durante a maturação do fruto na árvore, ocorre acúmulo de açúcares e diminuição da acidez total nos arilos (KULKARNI; ARADHYA, 2005). Os principais açúcares são a frutose e a glicose, cujas concentrações no momento da colheita variam entre 3 e 8%, dependendo da variedade, com concentrações de sólidos solúveis de 10 a 18% (MELGAREJO et al., 2000; POYRAZOGLU et al. al., 2002; FADAVI et al., 2005; OZGEN et al., 2008; MIRDEHGHAN et al., 2006). A composição de ácidos orgânicos é diferente, dependendo do tipo de romã. Assim, no grupo das variedades ácidas, que apresentam um valor de acidez total de 2-2,5%, o ácido principal é o cítrico, enquanto nas variedades doces, com teor de acidez de 0,2-0, 4%, encontram-se quantidades similares de ácido cítrico e ácido málico ou a concentração deste último é ainda maior (HERNÁNDEZ et al., 1999; MELGAREJO et al., 2000; POYRAZOGLU et al., 2002; MIRDEHGHAN et al., 2006; OZGEN et al., 2008). Especial atenção merece o ácido ascórbico, devido ao seu papel como vitamina C e às


C a p í t u l o I I | 239 suas propriedades antioxidantes, cuja concentração diminui durante as primeiras fases de desenvolvimento do fruto e mantém-se em valores mais ou menos estáveis nas últimas fases de maturação, com uns valores entre 10 e 36 mg/100 g, dependendo da variedade (KULKARNI; ARADHYA, 2005; SAYYARI et al., 2010). A cor dos arilos aumenta durante a maturação devido ao acúmulo de antocianinas, os pigmentos responsáveis por sua cor rosado-vermelho-granate. A principal antocianina nas variedades ácidas é a cianidina 3,5-glicosídeo, seguida pela cianidina 3-glicosídeo e delfinidina 3,5-diglicosídeo, enquanto nas variedades doces a maioria é a cianidina 3glicosídeo, seguida em importância quantitativa delfinidina 3-glicosídeo e pelargonidina 3-glicosídeo (MIGUEL et al., 2004; KULKARNI; ARADHYA, 2005; D'AQQUINO et al., 2010). No entanto, a concentração de antocianinas no fruto maduro, assim como a cor, depende da variedade, com valores entre 10 e 220 mg/100 g (MIRDEHGHAN et al., 2006; OZGEN et al., 2008; SAYYARI et al., 2010; 2011). Durante o desenvolvimento no fruto também ocorrem alterações na concentração de fenóis totais, uma vez que diminui acentuadamente nas etapas iniciais e depois a redução é muito pequena, sendo as concentrações no fruto maduro também diferentes dependendo da variedade, oscilando uma variação de 90 a 210 mg/100 g (KULKARNI; ARADHYA, 2005; MIRDEHGHAN et al., 2006; OZGEN et al., 2008; SAYYARI et al., 2010; 2011) e os principais fenóis são gálico, clorogênico, cafeico, ferúlico e os o- e p-cumárico, bem como catequina e quercetina (POYRAZOGLU et la., 2002). Além disso, é interessante destacar que o teor de fenóis na casca é muito maior do que nos arilos, podendo ser considerado uma importante fonte de antioxidantes (LI et al., 2006). A atividade antioxidante também diminui durante as primeiras fases do desenvolvimento do fruto, embora depois aumente novamente, atingindo os níveis mais altos no estado de maturação comercial (KULKARNI; ARADHYA, 2005). Em um estudo realizado com diferentes variedades de romã do Banco de Germoplasma da Escola Superior Politécnica de Orihuela, verificou-se que o suco de romã possui uma alta atividade antioxidante, superior à de outras frutas características da dieta mediterrânea, o que indica que a capacidade antioxidante dessas frutas se deve fundamentalmente aos compostos hidrofílicos, especificamente aos fenóis, com os quais foram encontrados altas correlações, embora em outros trabalhos tenham sido constatado que o ácido ascórbico é um composto solúvel em água que também contribui significativamente para a capacidade antioxidante desta fruta (MIRDEHGHAN et al., 2006; 2007b).


C a p í t u l o I I | 240 Nos arilos também existem alguns minerais importantes, com destaque para o K e seguidos em importância quantitativa por Na, Ca, Mg, Fe, Zn, Cu e Mn (AL-MAIMAN; AHMAD, 2002; FADAVI et al., 2005). A concentração de proteína varia entre 0,2 e 2%, dependendo da variedade (FADAVI et al., 2005). COLHEITA DOS FRUTOS A colheita normalmente é realizada quando o fruto atinge o estado de plena maturação, no qual também apresenta sua maior qualidade. Como a composição química muda durante a maturação do fruto na árvore, é importante determinar o tempo ótimo da colheita, que para romã varia entre 4,5 e 6 meses, dependendo da variedade e condições climáticas. Se a colheita é muito cedo, os frutos são de baixa qualidade porque ainda não desenvolveram sua cor característica, aroma e sabor, e se colhidos sobremaduros, frutos de alta qualidade são obtidos, embora sua deterioração após a colheita seja mais rápida e diminua as suas possibilidades de conservação. A romãzeira, com bom manejo, entra em produção a partir do quarto ano. A colheita em tempo chuvoso não é recomendada, pois a fruta também pode partir ou rachar. O desenvolvimento dos frutos requer 120-160 dias, sendo que seu amadurecimento ocorre no final de agosto até o final de outubro, mas algumas variedades amadurecem em novembro (Figura 181). A romã, devido ao pericarpo espesso e duro, suporta muito bem o transporte (DOSSIN, 2019). No caso particular da colheita da cultivar Wonderful, geralmente começa em outubro e pode durar até novembro nas condições de Israel (MELGAREJO, 1993).

Figura 181. Período de colheita dos frutos de romã de diferentes cultivares, sendo da cultivar Wonderful o mês de outubro para as condições de Israel. Foto: SpringerLink.


C a p í t u l o I I | 241 A cor é o principal critério para determinar o ponto de colheita. Isso pode ser difícil de determinar em certas variedades onde a cor da casca pode diferir muito da cor dos arilos. A equipe de colheita deve ser treinada para entender claramente qual qualidade e tamanho do fruto está sendo buscado e garantir que eles não danifiquem as árvores ou colham os frutos inadequados. A fruta é geralmente considerada madura quando emite um som metálico ao ser batida com o dedo. Quando a romã atinge a tonalidade mais intensa associada à sua cultivar específica, ela está pronta para ser colhida. Isso geralmente coincide com a abertura total do cálice (coroa) na base do fruto. Observar que a fruta não amadurece posteriormente uma vez colhida. A colheita muito cedo resultará em uma qualidade ruim, sendo entregue ao mercado com níveis reduzidos de brix (baixa doçura). As árvores dentro de um pomar podem amadurecer em momentos diferentes. Frutas dentro da mesma árvore também podem amadurecer de forma desigual. Os rendimentos ideais são geralmente alcançados durante o sexto ano, mas as árvores podem começar a dar bons rendimentos já no segundo ou terceiro ano de floração. Como as árvores têm um longo período de floração, há uma tendência de os frutos amadurecerem de forma desigual. Devem-se tomar o cuidado para colher as frutas seletivamente durante todo o período de colheita. Isso resultará num processo de desbaste natural e fornecerá melhor qualidade e tamanho do fruto no final da colheita. A colheita começa em meados de setembro (para as variedades mais tardias) quando as mudanças de cor aparecem na fruta e termina em meados de novembro. Duas ou três passagens são dadas devido ao amadurecimento não uniforme da romã, já que o florescimento é escalonado. Antes de iniciar a colheita, recomenda-se realizar uma amostragem de frutos para cada uma das colheitas, com a finalidade de determinar os graus de Brix° e a porcentagem de acidez do campo, principalmente quanto se visa à colheita de frutas de alta qualidade. Toda a fruta colhida poderá ser destinada ao consumo “in natura” (Figura 182).


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Figura 182. Pomar de romã em ponto de colheita da cultivar Wonderful.

Duas a três passagens são dadas devido à maturação não uniforme da romã. A colheita pode ser adiantada ou atrasada de acordo com as oportunidades de mercado, mas isso pode levar a alguns inconvenientes. Ao adiantar a colheita, a romã ainda está verde, sendo o fruto de qualidade inferior e acabará se enrugando, mas no caso de atrasar a colheita, haverá maior número de romãs abertas (rachaduras) e, portanto, menos comercial. Os rendimentos médios por hectare são de 3 kg/árvore no terceiro ano e 30 a 40 kg/árvore em plena produção. A colheita é realizada em caixa plástica previamente limpa, tendo uma esponja na sua parte interna, evitando sempre que a fruta entre em contato com a caixa. O operador deverá lavar as mãos e as desinfetará antes de entrar no pomar de romã. O colhedor receberá a tesoura de colheita e procederá à sua desinfecção em solução de


C a p í t u l o I I | 243 hipoclorito de cálcio a 2%. Esta prática é realizada diariamente antes do início da jornada de trabalho e deverá entregar limpa ao final da jornada de trabalho. Inicialmente, a operária colhedora deve ficar situada na primeira fileira do pomar, precisando apenas identificar a variedade de romã e os frutos que apresentarem as características de qualidade e uniformidade de cor para colheita. Portanto, a colheita é feita de forma manual com tesoura de poda de lâmina menor, efetuando o corte em dois tempos: o corte do fruto diretamente da árvore e outro corte refinado rente à inserção do pedúnculo ao fruto. Um operário com espêriencia em colheita de romã consegue em média colher de 12 a 14 kg por caixa (Figura 183). Em seguida, cada caixa de fruto é cuidadosamente levada para um tipo de reboque (bines) de colheita (ou carroção atrelado ao trator), sendo que cada bine tem a capacidade de transportar 33 a 32 caixas, atingindo um peso médio de aproximadamente 360 kg (Figura 184).

Figura 183. Colheita manual de frutos de romã em um bolsa de lona. Foto: Jim McConville (2019).


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Figura 184. Destaque das frutas de romãs colhidas e depositadas nas caixas de plástico, sendo depois transportadas em bines (tipo reboque). Fotos: Percy Medina Millio (2019).

Com a prática adquirida em campo, os produtores com experiência decidem sobre a maturação do fruto da romã pelo som crocante dos grãos no interior quando este é levemente pressionado com as mãos. A cor da casca não é um índice confiável para detectar a maturação do fruto, pois para muitas variedades a cor da casca não está relacionada à maturação interna, em termos de cor, concentração de açúcar, etc. Na colheita deve ainda seguir alguns critérios, tais como: os frutos devem ser cortados com a coroa e com 100% a 85% da tonalidade da casca do fruto de cor vermelha (variedade Wonderful), enquanto o fruto que apresenta rachadura deve ser descartado para o solo. A avaliação de cada fruto no Packing House permite estabelecer o peso do calibre do fruto, considerando o peso médio de um fruto de romã ideal de 0,43 kg, mas dentro deste pode variar entre 0,25 kg até pesos de 1 kg por fruto, sendo este último não


C a p í t u l o I I | 245 mais adequado para exportação. Durante a colheita, recomendam-se tomar os seguintes critérios para descartar a fruta de má qualidade: -Não são colhidos frutos rachados, doentes (como Alternaría, Botritis), com excesso de queimaduras, deformados e com danos mecânicos excessivos. -As frutas que foram selecionadas como descartes não devem chegar ao setor de embalagem. - Os frutos descartados são transferidos em caixotes ou sacos para uma fossa ou vala para posterior aterramento. PÓS-COLHEITA DOS FRUTOS Manejo pós-colheita para exportação de frutas. Após a colheita, as frutas devem ser encaminhadas o mais rápido possível para o “packing house”, onde elas serão submetidas à lavagem\secagem, seleção, classificação, embalagens e armazenamento, para em seguida serem transportadas e comercializadas (AMIQUERO, 2004). O processamento da fruta para seu acondicionamento, conservação e transporte compreende as seguintes etapas: a) LAVAGEM. Uma vez colhida a romã, a temperatura da fruta deve ser reduzida o mais rápido possível. O pré-resfriamento por imersão é mais eficaz quando combinado com o processo de limpeza. A desidratação é reduzida em comparação com o resfriamento evaporativo ou mecânico. Usando água resfriada até a temperatura de armazenamento de 6 °C para limpar o produto, resultados de resfriamento mais rápidos são alcançados do que métodos mecânicos ou evaporativos. É até 60% mais eficaz do que o resfriamento a ar, pois a água retira o calor mais rapidamente do que o ar devido ao contato direto. Menos perda de umidade significa mais peso, o que representa mais lucro ao produtor no final do dia. A água deve ser de boa qualidade sanitária e não reusada ou poderá precisar de tratamento químico, como cloro de 10 ml por litro. Lavar as frutas com água, podendo ser adicionada de solução clorada 2,0 a 2,5% de cloro livre por litro de água, durante 15 a 20 minutos (Figura 185). Em seguida, as romãs devem ser secadas ao ar livre, ou com o uso de ventiladores para se proceder à embalagem. O fruto é seco e ligeiramente escovado, o que lhe confere um aspecto brilhante.


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Figura 185. Uso de água de qualidade sanitária para lavagem da fruta de romã.

b).SELEÇÃO. A fruta é então submetida a uma primeira seleção, onde são separadas as frutas que não atendem aos requisitos mínimos que o embalador fixou. Esses requisitos são variáveis, dependendo do destino da fruta, ou seja, se o mercado a que se destina é internacional ou nacional (Figuras 186 e 187).


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Figura 186. Linha de seleção de frutos de romã. Foto: Jenny Miriam Acosta Reátegui (2019).


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Figura 187. Seleção dos frutos de acordo com a sua maturação e coloração (norma internacional).


C a p í t u l o I I | 250 c) CLASSIFICAÇÃO. A próxima etapa é a classificação da fruta por tamanho (diâmetro) ou peso, de acordo com o sistema de funcionamento do maquinário utilizado. Nessa etapa do processo, a fruta é separada pelo critério de tamanhos, ou seja, a quantidade de frutas que vão parar em uma caixa de embalagem com capacidade de 4,2 kg (Tabela 20). Tabela 20. Resumo de preços (retorno ao produtor) da romã na temporada 2010-2011. Peso

de

140-159

160-279

280-469

>=470

160-324

325-469

>=470

30

18-16

14-10

8-6

18-14

12-10

8-6

3

2

2

2

1

1

1

0,10

0,60

0,75

0,85

1,00

1,05

1,15

frutos (g) Calibre (Frutos\caixa de 4,2 kg) Categoria Preço (US$\kg)

Fonte: Agrícola INH, Las Cañas (2011).

Os pesos das frutas são calculados com base no calibre por caixa de 4,2 kg e as categorias correspondem a classificações baseadas na cor da cobertura (Categorias 1 e 2) e tamanho das frutas (Categoria 3). As classificações visuais de cobertura de cor média e completa correspondem a frutos de categoria 1 e a de cobertura leve corresponde a frutos de categoria 2 (Figura 188).

Figura 188. Fruto Vermelho: cobertura leve de cor (esquerda), média (centro) e completa (direita) de frutos. Fonte: Agrícola INH, Las Cañas (2011).


C a p í t u l o I I | 251 Não há classificação dos EUA. Apenas um pequeno número de romãs é cultivado historicamente nos EUA, principalmente na Califórnia e no Arizona. Portanto, a maioria das frutas é importada para o mercado dos EUA. Mesmo assim, as romãs são classificadas em quatro grupos com base no tamanho do fruto. De acordo com os padrões turcos, os tamanhos são definidos como: Pequeno: 150 a 200 g., com 65 a 74 mm de diâmetro e 25 a 34 frutas por caixa de 5 kg. Médio: 201 a 300 g., com 75 a 84 mm de diâmetro e 17 a 25 frutas por caixa de 5 kg. Grande: 301 a 400 g., com 85 a 94 mm de diâmetro e 13 a 17 frutas por caixa de 5 kg. Extra Grande: 401 a 500 g., com 94 a 104 mm de diâmetro e 10 a 13 frutas por caixa de 5 kg. d) EMBALAGEM. A partir daí, segue-se para a própria embalagem, onde é feita uma seleção de segunda qualidade simultaneamente devido ao aspecto da fruta. As caixas individuais vão para o processo de paletização, assim denominado por serem empilhadas e amarradas com cintas de base de madeira e cantoneiras também de madeira ou fibra de vidro em conjuntos conhecidos internacionalmente como pallets, que são considerados unidade de embalagem para transporte. Estas pallets devem ser submetidas a determinadas medidas que são determinadas pelos contentores em que são transportadas. O número de caixas por pallets é variável entre os embaladores, mas geralmente é composto por pouco mais de 200 caixas de 4 quilos e um número menor quando se trata de caixas de 6 quilos. A embalagem final do produto em caixas deve ser feita com cuidado para evitar danos ao produto (Figura 189). As dimensões das caixas são geralmente 30 cm × 40 cm ou 30 cm × 50 cm. A altura das caixas está mudando dependendo dos tamanhos das romãs de 10 cm a 13 cm. Para tamanhos maiores, caixas mais altas estão sendo usadas. Isso é muito importante para a proteção da qualidade do fruto. As caixas são então colocadas em pallets, amarradas e enviadas para armazenamento ou transporte.


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Figura 189. Embalagem de linha única de frutas de romã em caixas de papelão.

As frutas geralmente são embaladas em pacotes de bandeja de 2 camadas ou caixas a granel. e) REFRIGERAÇÃO OU ARMAZENAMENTO A FRIO. Os pallets devem ir imediatamente para salas frigoríficas onde passam inicialmente pelo processo de préresfriamento por um período de 8 a 12 horas a uma temperatura de 4,5 a 5,5 graus Celsius. Após o pré-resfriamento, eles vão para a câmara de armazenamento onde permanecerão até serem carregados por meio de transporte. A temperatura de armazenamento varia de 5,5 a 6,5 graus Celsius ou temperatura pode ficar em torno de 6 ° a 8 °C durante a conservação (AMIQUERO, 2004). Os frutos de romã são suscetíveis à perda de umidade e precisam ser armazenados em baixa temperatura e alta umidade. Em condições ambientais, os frutos podem ser armazenados até 3-4 semanas, dependendo da estação. A temperatura segura para armazenamento a frio é de até 10 semanas a 5°C e 85% de umidade relativa. Armazenamento mais longo deve ser a 10 °C e umidade relativa de 95% para evitar lesões


C a p í t u l o I I | 253 por frio e perda de peso. Verificou-se que o tratamento do material de embalagem com compostos de enxofre deu 50% mais proteção aos frutos. Estudos realizados pela Universidade do Chile indicam que as romãs 'Wonderful' se conservaram por até 68 dias a 5 °C e 85 % de umidade, sem observar problemas visuais ou organolépticos (Figura 1900).

Figura 190. Armazenamento a frio de romã (pellets). Atingir essa temperatura central no menor tempo possível é importante para manter a qualidade e prolongar a vida útil da fruta (com 95% de umidade relativa, a fruta pode ser mantida apenas 2 meses a 41 ºF, equivalente a 5º C).

A temperatura ótima de armazenamento varia por cultivar, área de produção e tratamento pós-colheita (MERCANTILIA, 1989; HARDENBURG et al., 1990; KÖKSAL ,1989; SNOWDON, 1990; SEALAND, 1991; ONUR et al. 1995). As condições recomendadas para armazenamento da variedade 'Hicaznar' são 6°C (43 °F) com 90% de umidade relativa (ONUR et al., 1992; 1995; PEKMEZCI et al., 1998). O armazenamento de 'Wonderful' a <5 °C (41 °F) resultou em danos por frio e a gravidade dos sintomas aumentou com o tempo e a temperatura abaixo de 5 °C (ELYATEM; KADER, 1984). O controle da UR é crítico no armazenamento porque a casca desseca facilmente em UR baixa, resultando em cascas duras e escuras, que não são atraentes e reduzem a


C a p í t u l o I I | 254 comercialização. A umidade relativa (UR) de 90 a 98% é o preferido para armazenamento (SALUNKHE; DESAI, 1984). Encerar as frutas e armazená-las em embalagens plásticas podem reduzir a perda de peso (KÜPPER, 1995). - Temperatura ideal. A 5 °C por um máximo de 2 meses; para armazenamento mais longo, deve-se usar uma temperatura de 10 °C para evitar danos por frio. - Umidade relativa ótima. UR de 90-95%: as romãs são muito suscetíveis à perda de água, que causa enrrugamento na casca. Armazenar frutas em um saco de plástico ou usar ceras pode diminuir as perdas de água, especialmente em condições de baixa umidade relativa. As romãs não devem ser armazenadas com uvas de mesa, pois podem ser danificadas pela exposição ao dióxido de enxofre usado para controlar a podridão nas uvas de mesa. Há também a possibilidade de comercializar os arilos prontos para consumo (processamento mínimo), pois muitas pessoas acham tedioso comer romã, pois é difícil descascar os frutos e costumam manchar as mãos e as roupas. As características mais afetadas na qualidade organoléptica final do produto são: aparência, cor, perda de peso, turgidez, escurecimento, perda de sabor ou aparecimento de sabores estranhos e problemas microbiológicos. Estudos realizados pela Universidade do Chile indicam que os arilos da variedade Wonderful têm uma durabilidade de 14 dias a 4°C e 85% de umidade relativa, sem observar alterações de pH ou acidez. Também não foram observadas alterações de cor e houve baixa incidência de escurecimento ao utilizar antioxidantes (mistura de soluções de ácido ascórbico e cítrico, ambas a 5% p/v), mantendo o produto em condições adequadas de comercialização. Efeitos de atmosferas controladas. Muitos poucos estudos foram feitos sobre o efeito da CA (controlled atmospheres) em romãs. Quando armazenado abaixo de 5 °C, as concentrações de 2% de O2 ajudam a reduzir os danos causados pelo frio. Em um estudo realizado na Espanha, as romãs foram armazenadas com sucesso em uma atmosfera de 3% O2 + 6% CO2 a 6 °C por 6 meses. Estudos realizados na Califórnia com a variedade “Wonderful” armazenada em atmosfera controlada a 7,5 ºC mostraram um aumento em sua vida de armazenamento, chegando até 8 semanas ao utilizar frutas com baixa carga


C a p í t u l o I I | 255 de infecções latentes, sem danos mecânicos ou queimaduras por sol (HESS-PIERCE; KADER, 2003; Figura 191).

Figura 191. Frutos de romã armazenados em condições de Atmosfera Controlada (CA).

Seeram et al. (2006) destacam que é possível armazenar frutos de romã a 7,5 ºC, com 5% O2 e 15% CO2 por até 5 meses, tomando-se o cuidado de que a carga fúngica seja baixa. Atmosferas enriquecidas com CO2 causam menor síntese de antocianinas e maiores concentrações de acetaldeído, etanol e acetato de etila, principalmente após 4-5 meses de armazenamento. O acúmulo desses compostos voláteis é maior a 7,5 ºC do que a 5 ºC, mas em ambos os casos as concentrações são imperceptíveis aos consumidores. O armazenamento em condições de Atmosfera Controlada (CA) tem a vantagem de reduzir a perda de AT (acidez total) e vitamina C (KÜPPER et al., 1995). Os níveis ideais de CA para armazenamento de romã são 3% de O2 e 6% de CO2 (KÜPPER et al., 1995). As frutas da variedade 'Hicaznar' podem ser armazenadas por 6 meses a 6°C (43°F) sob Atmosfera Controlada (PEKMEZCI et al., 1998). Sensibilidade a injúrias por frio. As romãs são suscetíveis a danos por frio e não devem ser armazenadas a <5 °C (41 °F). Os sintomas externos incluem corrosão da casca, descoloração marrom da casca e aumento da suscetibilidade ao apodrecimento. Os


C a p í t u l o I I | 256 sintomas internos incluem uma cor pálida do arilo e descoloração marrom dos segmentos brancos que separam os arilos (ELYATEM; KADER 1984). Efeitos do etileno. A exposição a uma concentração igual ou superior a 1 ppm de etileno estimula a respiração e a taxa de produção de etileno, mas não afeta as características qualitativas da fruta. As romãs não amadurecem após a colheita, por isso devem ser colhidas totalmente maduras para garantir a melhor qualidade para o consumo. Alterações pós-colheita. A romã é um órgão vegetal vivo, que continua sua atividade metabólica após a colheita, produzindo uma série de alterações que determinam sua perda de qualidade em um período de tempo relativamente curto. Essas alterações incluem: desidratação, aumento da respiração, danos causados por frio, sobremadura (que inclui perda de compostos bioativos) e podridão (Figura 192). Estas alterações também podem ser induzidas pelos danos mecânicos que o fruto pode sofrer durante a colheita e posterior manipulação, pois embora a casca da romã seja bastante espessa e pareça resistente, a realidade é que se danifica facilmente por pequenos solavancos ou abrasões, que causam micro-roturas e fissuras em seus tecidos, o que aumenta a desidratação e o escurecimento e é uma fonte de entrada de microrganismos (KADER, 2006).

Figura 192. Aparecimento de danos causados pelo frio (“pitting” (1), escurecimento (2) e dessecação (3) e podridão na zona do cálice (4) em romãs “Mollar de Elche” após 80 dias de armazenamento a 2 °C e 3 dias a 20°C. Foto: Maria Serrano et al. (2009).


C a p í t u l o I I | 257 A desidratação deve-se ao processo de transpiração, que se define como a perda de água no estado de vapor em favor do gradiente de potencial hídrico, através da superfície de qualquer órgão vegetal e que depende da estrutura da epiderme e da espessura e composição da cutícula e que é proporcional à temperatura e inversamente proporcional à umidade relativa (UR) do ar. Assim, para reduzir a transpiração, será necessário diminuir a temperatura e aumentar a UR nas câmaras de armazenamento. A temperatura também afeta o metabolismo geral do fruto, que pode ser estimado pela taxa de respiração, a qual diminui 2 a 3 vezes nos tecidos vegetais a cada 10 ºC de redução na temperatura. No entanto, a romã é sensível a danos causados pelo frio ou "injúrias por frio" (SERRANO et al., 2009), que se manifestam como "pontilhados" (depressões de cor roxa) e escurecimento da casca (Figura 192) e dos segmentos internos, e inclusive dos arilos, quando os frutos são colocados a 20 ºC depois do armazenamento em temperaturas em torno de 5-7 ºC. De acordo com a pesquisa realizada por Adetoro et al. (2020), o teor de umidade dos arilos de romã frescos, cv. Wonderful, diminuiu gradualmente com o tempo de armazenamento a frio de 74,7% (zero semana após colheita) para 57,4% (durante 12 semanas de armazenamento a frio a 7 ± 0,3 ◦C, 92 ± 3% UR), o que afetou o peso do fruto. A fruta da romã foi relatada como altamente suscetível à perda de peso (ARTÉS et al., 1996), o que levou à desidratação visível observada na Figura 193. O peso reduzido observado durante o armazenamento pode ser atribuído à transpiração através de grandes poros na casca da fruta (FAWOLE; OPARA, 2013; ARENDSE et al., 2015). A redução do peso do fruto inteiro resultou, consequentemente, na redução do peso dos arilos. Esses resultados foram corroborados por Fawole e Opara (2013), que relataram uma redução significativa no peso da romã durante o armazenamento a frio.


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Figura 193. Fruto inteiro de romã cultivar Wonderful durante a colheita (A; zero semana de armazenamento) e durante o armazenamento a frio a 7 ± 0,3 ◦C, 92 ± 3% UR nos seguintes períodos: em 4 semanas (B), 8 semanas (C) e 12 semanas (D) de armazenamento. Arilos de romã frescos não mostram diferenças visíveis a olho nu durante o período de 12 semanas. Fonte: Adetoro et al. (2020).

Também durante o armazenamento de pós-colheita, ocorrem alterações que afetam o sabor, pois que diminui significativamente o teor de acidez (MIRDEHGHAN et al., 2007a), devido fundamentalmente à diminuição dos ácidos principais para a doce variedade "Mollar de Elche", tais como: os ácidos málico, cítrico e succínico. Além disso, produzem perdas de firmeza e evolução da cor, bem como aumento do índice de maturidade, expressado como relação sólidos solúveis/acidez, que indica a evolução do processo de maturação depois da colheita. Essas alterações conferem aos arilos um sabor e textura de frutas sobremaduras, que perde seu atrativo para o consumo. Por outro lado, deve-se atentar para as alterações que ocorrem nos compostos bioativos e na capacidade antioxidante dos arilos, pois, como mencionado anteriormente, esses são os atributos cada vez mais valorizados pelos consumidores, devido à sua relação com a saúde. Nesse sentido, verificaram-se que após longos períodos de armazenamento a 2 ºC de romãs "Mollar de Elche" colhidas em estágio avançado de maturação (SAYYARI et al., 2010; 2011) se produziram uma perda significativa na concentração de fenóis totais, embora a concentração de antocianinas tenha aumentado, e uma diminuição, embora menor, no teor de ácido ascórbico. Portanto, em geral, as propriedades funcionais diminuem durante um período de armazenamento prolongado. No entanto, em outros trabalhos realizados com a mesma variedade colhida em estágio inicial de maturação, foram encontrados aumentos nas concentrações de antocianinas e fenóis e na atividade antioxidante (MIRDEHGHAN et al., 2006; 2007c) e na variedade "Primosole" esses


C a p í t u l o I I | 259 parâmetros não são modificados durante a conservação (D'AQUINO et al., 2010). Assim, com as pesquisas realizadas até o momento, parece que a variedade, o estado de maturação e o tempo de conservação são fatores que influenciam a evolução dos compostos bioativos. Finalmente, o aparecimento de podridões também é uma importante causa de deterioração e perda de qualidade comercial durante a conservação. Na maioria dos casos, essas podridões são causadas por Botrytis cinerea, que se desenvolvem na área calicinal a partir de esporos procedentes do campo, embora também possam afetar outras áreas da superfície da casca que sofreram danos mecânicos ou por frio. Além disso, Penicillium spp também podem causar infecções externas, enquanto Aspergillus spp e Alternaria spp são os principais responsáveis por infecções internas (KADER, 2006; D'AQUINO et al., 2010). A romã é muito sensível a danos mecânicos na árvore e ao manuseio (o que facilita o ataque de fungos), à desidratação e danos por frio (DF) como escaldadura, picada e escurecimento se permanecer por 2 meses ou mais em temperatura abaixo de 5ºC (ELYATEM; KADER, 1984; ARTES, 1992). Por esta razão, recomendam-se armazenar a 5 ºC e 90-95% UR para manter a Mollar de Elche por 2 a 3 meses, o que costuma ser lucrativo para atender o aumento de demanda e preço no final do ano e a partir de janeiro na Europa (ARTÉS et al., 1996; ARTES, 2007). O armazenamento a frio também é usado para exportar para países asiáticos, cuja duração de transporte geralmente excede um mês, incluindo distribuição (ARTÉS et al., 1996, 1998b). Doenças pós-colheita da romã. A romã é uma fruta não climatérica que não amadurece fora da árvore mesmo com tratamentos com etileno e deve ser colhida quando totalmente madura para garantir o sabor ideal. Atualmente, a indústria da romã na Espanha está claramente interessada em prolongar o período de armazenamento da fruta para chegar ao mercado além do período de comercialização atual. Alguns estudos indicam que a variedade 'Mollar de Elche', a cultivar de romã mais difundida na Espanha, deve ser armazenada a temperaturas de 5ºC e umidade relativa (UR) de 90% ou superior para evitar a perda de peso e o desenvolvimento de danos por frio (escaldadura ou descoloração marrom da casca e/ou depressões pontilhadas superficiais), as quais são os principais problemas que limitam o armazenamento a frio das romãs (ARTÉS et al., 2000). No entanto, o armazenamento nessas condições pode favorecer o desenvolvimento de


C a p í t u l o I I | 260 doenças pós-colheita quando comparado ao armazenamento em temperaturas mais baixas (0-1ºC). Dependendo do tipo e o momento da infecção, existem dois tipos de doenças de póscolheita: as causadas por patógenos de feridas, que infectam os frutos no campo ou póscolheita exclusivamente por microferidas ou feridas visíveis na casca do fruto, e as causadas por infecções por patógenos latentes, que infectam flores, frutos jovens ou frutos maduros no campo, mas permanecem inativos ou latentes até que, devido a mudanças físicas ou fisiológicas no fruto hospedeiro ou mudanças nas condições ambientais, se desenvolvam na fase pós-colheita. O patógeno mais importante desse tipo é o fungo Botrytis cinerea Pers.: Fr., que causa a doença conhecida como podridão cinzenta. Além de B. cinerea, outros fungos que causam a podridão pós-colheita da romã têm sido citados em diferentes áreas de produção, incluindo Aspergillus spp., Penicillium spp., Rhizopus spp., Alternaria spp., Nematospora spp., Coniella spp., Colletotrichum gloeosporioides ou Pestalotiopsis versicolor. A incidência de doenças de pós-colheita depende tanto de fatores pré-colheita (cultivar, clima, condições de crescimento, etc.), quanto da própria colheita e de fatores da pós-colheita (manejo, condições de armazenamento, etc.). Portanto, essa incidência potencial deve ser determinada especificamente para cada área de cultivo, uma vez que muitos desses fatores têm um caráter local marcante.


C a p í t u l o I I | 261 ESQUEMA INTEGRADO DE UTILIZAÇÃO DO FRUTO DE ROMÃ A ilustração esquemática do potencial de utilização da romã com as possibilidades completas de processamento do fruto de romã (Figura 194).

Figura 194. Esquematização da utilização do fruto de romã. Fonte: Y. Sarig; A. Galili (2012).

Embora os esquemas de utilização do fruto retratem uma ampla gama de tecnologias de processamento, atualmente existem apenas três tecnologias básicas que são parcialmente usadas e estão muito longe de um esquema de processamento abrangente. Estas tecnologias são: de extração de arilos, de arilos congelados e a produção de suco. Assim, assumindo que a produção de frutas aumentará no futuro previsível, a única maneira de sustentar a continuidade da viabilidade da indústria da romã é aumentando a demanda pela fruta e seus derivados, resultado então nos vários sistemas de processamento (SARIG; GALILI, 2012). O estado da arte atual com a tecnologia de extração de arilos é dado na Figura 195, a tecnologia de congelamento na Figura 196 e extração de suco na Figura 197. Essas tecnologias estão sendo usadas atualmente em 10 países.


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Figura 195. Tecnologia de extração de Arilos: Princípio de operação patenteado (i) Capacidade operacional atual: até 56 frutos por minuto; (ii) Opera em 10 países com mais de 30 instalações. Fotos: Y. Sarig; A. Galili (2012).

Figura 196. Tecnologia de arilo congelado: (i) Manter a alimento como fresca; (ii) Disponível durante todo o ano. Fotos: Y. Sarig; A. Galili (2012) e Rafael Alberola Robles.


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Figura 197. Tecnologia de suco (juice). Suco de alta qualidade através da tecnologia de arilos extraídos: (i) Sem sabor amargo; (ii) Fácil de consumir; (iii) Pode ser congelado e descongelado sem ser concentrado; (iv) Disponível todo o ano. Foto: Rafael Alberola Robles.

Infelizmente, todos as outras vias de processamento representam apenas uma pequena fração do enorme mercado potencial na indústria de aditivos alimentares, produtos médicos e indústria cosmética. Assim, para viabilidade sustentada, essas vias de processamento adicionais precisam ser integradas em um esquema de processamento planejado. Nova máquina para extrair arilos de romã. As romãs estão se tornando cada vez mais populares, especialmente quando se trata de sucos, mas o consumo fresco de arilos também está em alta. Mesmo assim, o consumo de romã é restrito devido ao incômodo de extrair os arilos. A porcentagem de arilos dos frutos de romã pode ser de 50% a 68% (WETZSTEIN et al. 2011, USANMAZ et al. 2014). Por isso, as empresas ou empresários estão extraindo os arilos manualmente e fornecendo aos consumidores. Tradicionalmente, os trabalhadores descascam e extraem os arilos dos frutos da romã, o que leva tempo e causa danos nos arilos.


C a p í t u l o I I | 264 Nos últimos anos, foi desenvolvido uma máquina com alta capacidade de produção e de fácil uso. A máquina de descascamento de romã, imitando o método de descascamento artificial e o controle automático de todo o processo da máquina, deixando a casca e as sementes de romã serem completamente separadas, onde as sementes, após o descascamento, são preservadas intactas, com menos impurezas e sem danos. A máquina é um equipamento profissional de remoção da casca de romã e também uma máquina necessária para extrair os arilos de romã (Figura 198). Através dessa máquina pode ajudar muito a empresa de alimentos, ou fruticultores, melhorar a eficiência do seu trabalho e aumentar em benefícios econômicos.

Figura 198. Utilização da máquina de descascamento de romã, deixando a casca do fruto separada dos arilos (através dos arilos são produzidos o vinho e o suco, enquanto a casca é utilizada pela indústria cosmética). Foto: Zhengzhou Shuliy Machinery Co Ltd.

Depois de receber os frutos da romã do armazenamento ou diretamente do campo, os frutos devem ser curados por alguns dias à sombra para tornar os arilos sensíveis e, assim, podem ser facilmente separados da casca pela máquina (KAHRAMANOĞLU;


C a p í t u l o I I | 265 USANMAZ, 2016). Além disso, os frutos, antes de ser desgranados, deveriam submeter ao congelamento a 5 ºC, pois os arilos mais rígidos pelo frio ao passarem na máquina vão causar insignificantes danos. Outra máquina pequena (pedido de patente submetido; Figura 199) de bancada tem sido desenvolvida, a qual pode processar cerca de 250/350 frutas por hora, dependendo do tamanho. O mecanismo exclusivo separa os arilos da casca, por isso é possível obter bandejas cheias de arilos que podem ser vendidas no mercado como produtos minimamente processados. Além disso, o seu processo de lavagem e de higienização é rápido, pois os vários componentes da máquina podem ser removidos facilmente. Também a máquina pode ser equipada com sistemas de carregamento e embalagem.

Figura 199. Pequena máquina de bancada de extração de arilos do fruto da romã.

Preparação de subproduto industrial de suco de semente de romã (PSP) No trabalho em laboratório realizado por Valdés et al. (2020), as sementes e arilos (PS) de roma prensado (Punica granatum L.) são coletados como subproduto final obtido após a produção de suco industrial de roma de uma empresa espanhola, conforme indicado na Figura 200. O PS (sementes e arilos) é seco em estufa (50 ºC, 24 h) finamente moído com um moinho de rotor de alta velocidade (Ultra Centrifugal Mill ZM 200, RETSCH, Haan, Alemanha) equipado com um eixo de 80 µm. A fração de PS (PSP) obtida é liofilizada


C a p í t u l o I I | 266 (Alpha 1–3 LDplus, Martin Christ Gefriertrocknungsanlagen GmbH, Osterode, Alemanha) e armazenada a -20 ºC, sendo protegida da luz para uso posterior.

Figura 200. Esquema geral da produção de PSP a partir da produção de suco industrial de romã. Fonte: VALDÉS et al., 2020.

O suco de romã (extraído diretamente dos frutos da romã) é um complemento perfeito para uma dieta diária variada e equilibrada. Tem um sabor ligeiramente azedo e contém polifenóis (1000 mg em 100 ml de suco). É um ingrediente perfeito para bebidas de frutas saborosas e refrescantes.


C a p í t u l o I I | 267 Ingredientes do suco de frutas 100% romã (Punica granatum). Figura 201. Valor Nutricional – 100 ml de suco: Valor energético – 262 kJ/62 kcal; Gordura – 0 g, sendo saturado – 0 g; Carboidratos – 15 g, dos quais açúcares – 13 g; Fibra – 0,5 g; Proteína – 0 g; Sal – 0g. Condições de Armazenamento: Armazenar em temperatura ambiente. Após aberto conservar no frigorífico e consumir no prazo de 14 dias.

Figura 201. Suco de frutas 100% romã (Punica granatum).


C a p í t u l o I I | 268 Para a retenção de antocianinas, redução da atividade enzimática e desaceleração da atividade microbiana no suco de romã, recomenda-se que a temperatura de armazenamento seja inferior a 5°C. No entanto, Ahire (2007) relatou que o suco de romã engarrafado em vidro pode ser armazenado satisfatoriamente por até 3 meses em condições de 5±1°C. Salgado et al. (2012) ao analisarem as diferentes porções da fruta verificaram que a casca de romã se destaca quanto a atividade antioxidante e a quantidade de compostos fenólicos em relação a polpa do fruto, demonstrando seu potencial a ser explorado como ingrediente funcional. Isto explica porque sucos comerciais fabricados por meio de um processo em que as frutas inteiras são pressionadas contêm níveis abundantes de compostos bioativos, ao passo que sucos preparados somente com a polpa possuem concentrações mínimas (QU et al., 2012). Recentemente, estudos têm mostrado atividade citotóxica de extratos de diferentes partes de P. granatum em uma série de subtipos de células tumorais (JEUNE et al., 2005), o suco do fruto pode inibir a proliferação e reduzir a invasão tumoral (TOI et al., 2003), e a casca tem efeito em células de câncer de mama humano (DIKMEN et al., 2011), obesidade associada com hipercolesterolemia de doenças inflamatórias (NEYRINCK et al., 2012) e sob ação preventiva na doença de Alzheimer (MORZELLE, 2012). EXTRAÇÃO DE ÓLEO DA SEMENTE Diferentes métodos de extração de óleo de sementes de romã (PSO) A escolha do método de extração do óleo irá influenciar nas propriedades nutricionais e funcionais do óleo obtido. Além disso, alguns fatores devem ser levados em consideração, como teor de água da matéria-prima, dureza e localização do óleo no tecido vegetal. Os métodos tradicionais de extração são a prensagem e a extração com solventes; no entanto, existem outros métodos eficientes e inovadores, como extração com fluido supercrítico, ultrassom, líquido pressurizado e hidrodestilação, mas ainda pouco utilizados na indústria de alimentos (FREITAS et al., 2007; TIAN et al., 2013; AKHTAR al., 2015). O óleo de semente de romã (PSO) é considerado um óleo de alta qualidade com benefícios potenciais à saúde. Vários estudos já relataram a extração de óleo de semente de romã por diferentes métodos, como Soxhlet, prensagem a frio, agitação normal com solvente,


C a p í t u l o I I | 269 irradiação de microondas, irradiação ultrassônica e dióxido de carbono supercrítico (SCCO2) (ABASSI et al., 2008; LIU et al., 2012; TIAN et al., 2013; AKHTAR et al., 2015). 4.1.1 Extração por prensagem No método de extração por prensagem, as prensas de alta pressão e geralmente flexíveis são utilizadas para operar diferentes tipos de matérias-primas. A prensa tipo Expeller é amplamente utilizada e apresenta diversas vantagens, como facilidade de operação do equipamento, não necessitando de funcionário habilidoso para o seu manuseio, possui um sistema de amplo uso adaptável a diferentes matérias-primas com poucos ajustes mecânicos simples, e o processo de extração do óleo é contínuo e feito em curto espaço de tempo (PIGHINELLI et al., 2008; TIAN et al., 2013; KHODDAMI et al., 2014). Esse processo extrai o óleo sem a utilização de produtos químicos, sendo considerado mais seguro, permitindo o aproveitamento do resíduo da extração (torta), que é considerado um subproduto da extração mecânica, normalmente utilizado como fertilizante e ração animal. Porém, uma peculiaridade desse método é o resíduo de óleo no subproduto da extração. Para aumentar a eficiência de extração, é necessário ajustar o teor de umidade em torno de 15%, uma vez que alto teor de umidade reduz o atrito, causando baixos rendimentos de extração e muito baixo teor de umidade afeta a operação de prensa (PIGHINELLI et al., 2008; AKHTAR et al., 2015; CARVALHO et al., 2019). Além disso, o processo de prensagem apresenta a possibilidade de trabalhar em conjunto com a extração por solvente, sendo denominado processo misto. Este processo pode ser utilizado em larga escala e também pode ser adaptado a qualquer matéria-prima. Embora essa combinação de métodos de extração exista para obter um melhor resultado, a extração com solvente ainda é a principal escolha da indústria devido à sua reconhecida eficiência (PIGHINELLI et al., 2008; BAÜMLER et al., 2017). A extração de PSO por prensa a frio exibe um óleo cru de boa qualidade, sendo uma fonte valiosa de ácido graxo com propriedades promotoras da saúde. Este óleo de sementes de romã tem utilizações industriais substanciais, como aplicações farmacêuticas na produção de cremes anti-envelhecimento para a pele (KHODDAMI et al., 2014). Para realizar o processo de extração do óleo de romã, seguiu-se o seguinte fluxograma da Figura 2002.


C a p í t u l o I I | 270

Figura 202. Diagrama de fluxo do processo de extração do óleo de romã.

Limpeza. A limpeza dos frutos é realizada com água, em tanques de 10-50 lt de capacidade; com a finalidade de retirar restos de folhas e terra da colheita. Extração de arilos. O processo pode ser manual ou mecânico. Extração de sementes. As sementes são retiradas da parte comestível (membrana de arilo) por fricção. Em seguida, deixam-se fermentar por 2 dias para remover os resíduos de mucilagem aderidos às sementes (para facilitar a extração do óleo e assim evitar que o óleo fosse absorvido por esses resíduos e passasse diretamente para a torta, gerando baixos rendimentos de óleo). Uma vez fermentadas, as sementes são esfregadas e lavadas


C a p í t u l o I I | 271 até que a película que cobria a semente seja completamente removida. Uma vez que as sementes estão limpas, procede-se a sua secagem natural (Figura 203).

Figura 203. Secagem natural de sementes de romã.

Equipamento

de

prensagem.

Prensa

SEW-EURODRIVE

(prensa

extrusora ou “expeller”), modelo FA57/G, país de fabricação Alemanha (Figura 204). Itens com as seguintes dimensões, compartimento 70 cm, comprimento 40 cm e altura 40 cm. É composto por três componentes principais: um motor elétrico com potência de 2,2 kW, que utiliza energia elétrica de 380 v com um variador de velocidade que, por sua vez, movimenta o parafuso sem fim localizado na câmara de prensagem.


C a p í t u l o I I | 272

Figura 204. a) Prensa expeller de extração de óleo e b) Óleo de sementes de romã. Foto: Gutiérrez Estrada Julissa Yubicsa; Terrones Blas Lizbeth Janira, 2016.

A prensa mostrada na Figura 4.2 é alimentada com as sementes por uma torva cônica de alumínio com capacidade de 2.500 cm 3. Tal ruptura no caso da prensa expeller é dada pelo esmagamento das sementes (ou ruptura das células contendo óleo) sob pressão continua por meio de eixo helicoidal, girando a matéria prima dentro de um cilindro tubular para ser comprimida no final do eixo. Além disso, o cilindro é dotado de orifícios de saída de óleo em suas paredes laterais, sendo que a maior parte do material sólido é expelido, na forma de pellets cilíndricos, que passam a constituir a torta residual. O óleo bruto é coletado em um recipiente de vidro e geralmente sai acompanhado de parte do material sólido (óleo bruto), sendo necessária uma etapa de limpeza posterior no equipamento filtro de prensa. Para extração do óleo de semente de romã na prensa EXPELLER, as sementes de romã devem apresentar com 8-10% de umidade, obtendo um rendimento de 15%; este parâmetro de umidade é o ideal, com base nos testes preliminares realizados e o melhor


C a p í t u l o I I | 273 desempenho tem sido obtido com este parâmetro de umidade. A velocidade de rotação do parafuso empregada é de 60 Hz (YUBICSA; JANIRA, 2016). Atualmente são comercializadas diversas marcas de óleo de romã, que possui viscosidade de 266,7 cps (óleo de soja 61 cp, óleo de amendoim 85 cp, óleo de semente de algodão 73 cp.), o que o torna muito indicado para cosméticos por ser um óleo espesso (SÁNCHEZ, 2009). 4.1.2 Extração por solvente O método de extração por solvente se caracteriza por garantir o desengorduramento total da amostra, que é ocasionado pela retirada dos componentes contidos na matriz sólida, que são extraídos e dissolvidos pelo solvente líquido, processo também conhecido como lixiviação ou sólido-líquido. Extração: A solução composta de óleo e solvente, também chamada de micela, é evaporada para a remoção do solvente. Após a remoção completa do solvente, o óleo é obtido (TIAN et al., 2013; TODA et al., 2016; BAÜMLER et al., 2017). O principal solvente orgânico de escolha na indústria é o hexano, por ser o mais seletiva e imiscível a água, portanto, possui alta solubilidade em óleo. Apesar disso, esse solvente é altamente inflamável, além de apresentar impactos negativos ao meio ambiente e à saúde humana. Outros solventes têm sido estudados como alternativa ao uso do hexano, como o éter de petróleo e o diclorometano, ambos amplamente utilizados na extração de óleos voláteis, porém também considerados poluentes (FERREIRA-DIAS et al., 2003; TODA et al., 2016; BAÜMLER et al., 2017). Por conta disso, estudos têm sido realizados para aprimorar as técnicas de extração de óleos vegetais, a fim de reduzir os danos causados à saúde humana e ao meio ambiente. Vale ressaltar que o solvente irá influenciar na composição do óleo, na qualidade sensorial e no rendimento de extração (SILVA et al., 2017; CARVALHO et al., 2019). O uso de solventes de fontes renováveis, como o etanol, pode representar uma alternativa sustentável, economicamente viável e menos poluente, pois apresenta menor inflamabilidade, menor toxidade e é obtido a partir da cana-de-açúcar. Além disso, o etanol possui afinidade com os antioxidantes presentes nas matérias-primas vegetais. A extração de óleo vegetal com etanol proporciona uma extração mais eficaz de compostos polares, como compostos bioativos polares, fosfolipídios e pigmentos, sendo uma agregação de valor ao óleo obtido (TODA et al., 2016; BAÜMLER et al., 2017; SILVA


C a p í t u l o I I | 274 et al., 2017; CARVALHO et al., 2019). Portanto, o uso do etanol na extração do óleo de semente de romã (PSO) pode fornecer um óleo especial enriquecido em compostos bioativos com uma aplicação promissora na indústria farmacêutica. 4.1.3 Extração de CO2 supercrítico (SC-CO2) A extração por SC-CO2 é uma técnica inovadora e parece ser vantajosa, tendo alta seletividade para extração de soluto. Além disso, é considerado ambientalmente seguro (quando é feita a reciclagem do CO2), apresenta baixo custo e está prontamente disponível em alta pureza. Este método permite operações supercríticas a pressões relativamente baixas (73,8 bar) e em temperaturas próximas ao do ambiente (31,1 °C), minimizando o dano térmico aos compostos bioativos (CZAIKOSKI et al., 2015; HADINEZHAD et al., 2015). O SC-CO2 apresenta propriedades físico-químicas intermediárias entre as de um gás e de um líquido, o que aumenta sua função como solvente. O estado físico do CO 2 pode ser descrito pelo diagrama de pressão e temperatura (Figura 205). O diagrama de fase pressão-temperatura do CO2 mostra três curvas: curvas de sublimação (sublimation), fusão (melting) e ebulição (boiling) que, por sua vez, limitam três regiões distintas correspondentes aos estados sólido, líquido e gasoso. A curva de ebulição termina no chamado ponto crítico. Após este ponto, surge a chamada região supercrítica do CO2.

Figura 205. Diagrama de fase pressão-temperatura do CO2. Fonte: Laboureur et al., 2015, com adaptações.


C a p í t u l o I I | 275

As propriedades mais importantes do SC-CO2 são densidade, viscosidade, difusividade, capacidade de calor e condutividade térmica. As altas densidades de SC-CO2 contribuem para uma maior solubilização dos compostos, enquanto as baixas viscosidades permitem a penetração em sólidos e permitem o fluxo com menos atrito. Manipular a temperatura e a pressão acima dos pontos críticos afeta as propriedades do SC-CO2 e aumenta a capacidade do SC-CO2 de penetrar e extrair moléculas-alvo dos materiais de origem (SAHENA et al., 2009; TEMELLI, 2009). Além disso, o CO2 é um bom solvente para a extração de compostos solúveis em lipídios e permite um alto nível de recuperação (SAHENA et al., 2009; DUBA; FIORI, 2015). O SC-CO2 apresenta características como: dissolve compostos apolares ou levemente polares; o poder do solvente para compostos de baixo peso molecular é alto e diminui com o aumento do peso molecular; O SC-CO2 possui alta afinidade com compostos orgânicos oxigenados de médio peso molecular, proteínas, polissacarídeos, açúcares e sais minerais são insolúveis; e o SC-CO2 é capaz de separar compostos menos voláteis, com maior peso molecular e / ou mais polares, conforme aumenta a pressão (SAHENA et al., 2009; TEMELLI, 2009; HADINEZHAD et al., 2015). A extração SC-CO2 fornece extratos considerados totalmente naturais e recebem o status GRAS (geralmente reconhecido como seguro) pelo FDA (Food and Drug Administration, EUA), para produtos permitidos em aplicações alimentícias. Os extratos obtidos por extração de SC-CO2 são especialmente úteis nas indústrias alimentícia e farmacêutica, onde a toxicidade do meio de extração, o solvente residual e a estabilidade térmica dos materiais são as principais preocupações (CZAIKOSKI et al., 2015; HADINEZHAD et al., 2015). A extração de lipídios por SC-CO2 tem recebido atenção como alternativa aos métodos convencionais de extração e tem se mostrado um método ideal para a extração de determinados lipídios (SAHENA et al., 2009; SÁNCHEZ-VICENTE et al., 2009; TEMELLI, 2009; DE MELO et al., 2014). A utilização da extração SC-CO2 é uma alternativa promissora que pode atingir rendimentos de óleo comparáveis com relação à extração por solvente orgânico convencional com melhor qualidade do produto, e semelhante à prensagem mecânica (DUBA; FIORI, 2015). A extração do óleo por SCCO2 ocorre com a exposição da amostra ao SC-CO2 sob condições controladas de


C a p í t u l o I I | 276 temperatura e pressão, permitindo a dissolução dos lipídios da amostra no SC-CO2. Os lipídios dissolvidos serão então separados do SC-CO2 por uma queda significativa na pressão da solução (SAHENA et al., 2009). A variabilidade inerente na densidade e composição química das matérias-primas torna possível a extração de muitas substâncias por SC-CO2, em que a modificação das condições de extração, especialmente temperaturas, pressões e tempo de extração, pode ser necessária para obter a máxima eficiência de extração (ABASSI et al., 2008). A extração SC-CO2 do PSO resulta em uma extração mais seletiva de diferentes categorias dos compostos presentes nas matrizes naturais, apresentando um óleo com propriedades químicas e qualidade muito semelhantes ao óleo de semente de romã (PSO) prensado, sendo enriquecido com ácidos graxos bioativos, tocoferóis e fitoesteróis (ABASSI et al., 2008). O uso de SC-CO2 como único solvente de extração tende a resultar em um óleo com baixo teor de compostos bioativos de alta ou intermediária polaridade, como os compostos fenólicos que possuem potenciais efeitos benéficos na saúde humana e na estabilidade oxidativa dos óleos (SÁNCHEZ-VICENTE et al., 2009; HADINEZHAD et al., 2015). Na extração de SC-CO2 é comum o uso de modificadores (co-solventes), como etanol, metanol, isopropanol, acetona e água, que podem alterar as propriedades físico-químicas do SC-CO2. Os componentes que são adicionados ao fluido primário para aumentar a eficiência da extração são conhecidos como co-solventes. A adição de 1–10% de cosolvente ao SC-CO2 pode expandir sua faixa de extração para incluir compostos polares (SÁNCHEZ-VICENTE et al., 2009; SAHENA et al., 2009; TEMELLI, 2009). A aplicação de co-solventes tem sido dominada pelo etanol, que foi selecionado em 53% dos estudos de extração de SC-CO2 de matrizes vegetais (DE MELO et al., 2014; SOLANA et al., 2014). A presença do etanol afeta positivamente a extração dos polifenóis, promovendo a obtenção de um óleo com melhores propriedades funcionais e antioxidantes, e possivelmente com maior estabilidade oxidativa. O uso da água como co-solvente de extração de SC-CO2 favorece a extração de compostos polares específicos da matriz, mas as condições de trabalho do processo necessitam de pressão e temperatura maiores. SC-CO2, etanol e água têm polaridades diferentes, porém, quando se misturam em proporções diferentes, pode-se obter uma mistura homogênea, dependendo das condições de temperatura e pressão e da fração molar individual dos solventes (DA PORTO et al., 2014).


C a p í t u l o I I | 277 A principal desvantagem da extração de SC-CO2 é o custo do equipamento; entretanto, o custo de longo prazo pode ser reduzido em comparação ao método tradicional de extração por solvente, pois os materiais usados na extração de SC-CO2 são reduzidos e podem ser reutilizados no final do processo (SAHENA et al., 2009; TEMELLI, 2009). Portanto, o uso do SC-CO2 na extração de óleos vegetais é viável e de grande relevância para a obtenção de produtos enriquecidos com compostos bioativos naturalmente presentes na matriz sólida (SÁNCHEZ-VICENTE et al., 2009; HADINEZHAD et al., 2015). NORMAS DE QUALIDADE APLICADAS A ROMÃ A Norma CODEX STAN 310-2013 para as romãs comerciais que são fornecidas frescas ao consumidor final, após um processo de acondicionamento e embalagem. Esta norma impõe uma série de requisitos mínimos para as romãs, de que devem estar sãs, inteiras, limpas e isentas de: apodrecimento ou deterioração que as torne impróprias para o consumo; qualquer matéria estranha visível; pragas, e os danos causados por elas, que afetem o aspecto geral do produto; umidade anormal em sua área externa, exceto condensação sob câmara fria; qualquer odor e/ou sabor estranhos; danos causados por congelamento e por baixas e/ou altas temperaturas; queimadura solar que afeta os arilos da fruta. Por outro lado, as romãs devem ter atingido um ótimo desenvolvimento e grau de maturação adequados aos critérios peculiares à variedade vegetal cultivada e à área de cultivo (ambiente físico). O desenvolvimento e condições das romãs devem permitir-lhes suportar o transporte e manipulação, bem como chegar ao destino final em condições satisfatórias. Da mesma forma, a norma define a seguinte classificação para romãs: Categorias “Extra”: As romãs devem ser de qualidade superior e com características da variedade. Não deve apresentar defeitos, excepto ligeiramente superficiais quando não afectem o seu aspecto geral, qualidade, estado de conservação e apresentação na embalagem final.

Categoria l: As romãs devem ser de boa qualidade e com características próprias da variedade. No entanto, podem ser permitidos alguns pequenos defeitos que não afetem o aspecto geral, a qualidade, estado de conservação e apresentação na embalagem final.


C a p í t u l o I I | 278 -Pequenos defeitos de forma -Pequenos defeitos de cor -Defeitos leves na casca, incluindo rachaduras. -Esses defeitos não podem afetar o arilo do fruto. Categoria ll: Inclui romãs que não podem ser classificadas em nenhuma das duas categorias anteriores, mas que atendem aos requisitos mínimos estabelecidos pela norma. No entanto, certos defeitos nas romãs podem ser permitidos, de forma que continuem a manter as suas características essenciais no que diz respeito à qualidade, conservação e apresentação: - Defeitos de forma -Defeitos de coloração -Pequenos defeitos na casca, incluindo rachaduras. -Esses defeitos podem não afetar o arilo do fruto O calibre da granada pode ser determinado de três maneiras principais: a-Por contagem, de acordo com o número de peças por embalagem. b) Pelo diâmetro máximo da seção equatorial de cada fruto (Tabela 21). c) Pelo peso individual de cada fruta. Tabela 21. Códigos de calibre segundo os diâmetros-pesos do fruto de romã. Código de calibre 1 2 3 4 5

A B C D E

Diâmetro (mm) ˃̠81 71-80 61-70 51-60 40-50

Peso (g) ˃̠501 401-500 301-400 201-300 125-200


C a p í t u l o I I | 279 Posteriormente procedeu-se ao cálculo da relação DT⁄DL, representativa da forma do mesmo (Figura 206).

Figura 206. Dimensões do fruto da romãzeira – romã.

Para o suco de romã concentrado, procedimentos físicos adequados podem ser utilizados e/ou combinados com a difusão concomitante de água de suas células vegetais e/ou seu bagaço de frutas, desde que os sucos extraídos com água sejam adicionados ao suco primário na linha de processamento antes de passar à concentração. A água utilizada para o referido procedimento deve ser aquela derivada do procedimento de concentração do fruto (suco). O nível mínimo de graus Brix para suco reconstituído a partir de suco concentrado de romã e suco natural não derivado de concentrado será 12 e 11,2, respectivamente.


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