Avocado (Persea americana Miller, cv. Hass)

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AVOCADO (Persea americana Miller, cv. Hass) TECNOLOGIAS DE PLANTIO EM TÍPICAS REGIÕES SERRANAS DO BRASIL

HASS

Vicente de Paula Queiroga Josivanda Palmeira Gomes Alexandre José de Melo Queiroz Nouglas Veloso Barbosa Mendes Rossana Maria Feitosa de Figueirêdo Esther Maria Barros de Albuquerque Editores Técnicos

REVISTA CIENTÍFICA


AVOCADO (Persea americana Miller, cv. Hass) TECNOLOGIAS DE PLANTIO EM TÍPICAS REGIÕES SERRANAS DO BRASIL

1ª Edição


CENTRO INTERDISCIPLINAR DE PESQUISA EM EDUCAÇÃO E DIREITO LARYSSA MAYARA ALVES DE ALMEIDA Diretor Presidente da Associação do Centro Interdisciplinar de Pesquisa em Educação e Direito VINÍCIUS LEÃO DE CASTRO Diretor - Adjunto da Associação do Centro Interdisciplinar de Pesquisa em Educação e Direito ESTHER MARIA BARROS DE ALBUQUERQUE Editor-chefe da Associação da Revista Eletrônica a Barriguda - AREPB

ASSOCIAÇÃO DA REVISTA ELETRÔNICA A BARRIGUDA – AREPB CNPJ 12.955.187/0001-66 Acesse: www.abarriguda.org.br

CONSELHO EDITORIAL Adilson Rodrigues Pires André Karam Trindade Alessandra Correia Lima Macedo Franca Alexandre Coutinho Pagliarini Arali da Silva Oliveira Bartira Macedo de Miranda Santos Belinda Pereira da Cunha Carina Barbosa Gouvêa Carlos Aranguéz Sanchéz Dyego da Costa Santos Elionora Nazaré Cardoso Fabiana Faxina Gisela Bester Glauber Salomão Leite Gustavo Rabay Guerra Ignacio Berdugo Gómes de la Torre Jaime José da Silveira Barros Neto Javier Valls Prieto, Universidad de Granada José Ernesto Pimentel Filho Juliana Gomes de Brito Ludmila Albuquerque Douettes Araújo Lusia Pereira Ribeiro Marcelo Alves Pereira Eufrasio Marcelo Weick Pogliese Marcílio Toscano Franca Filho Olard Hasani Paulo Jorge Fonseca Ferreira da Cunha Raymundo Juliano Rego Feitosa Ricardo Maurício Freire Soares Talden Queiroz Farias Valfredo de Andrade Aguiar Vincenzo Carbone



VICENTE DE PAULA QUEIROGA JOSIVANDA PALMEIRA GOMES ALEXANDRE JOSÉ DE MELO QUEIROZ NOUGLAS VELOSO BARBOSA MENDES ROSSANA MARIA FEITOSA DE FIGUEIRÊDO ESTHER MARIA BARROS DE ALBUQUERQUE (Editores Técnicos)

AVOCADO (Persea americana Miller, cv. Hass) TECNOLOGIAS DE PLANTIO EM TÍPICAS REGIÕES SERRANAS DO BRASIL

1ª Edição

ASSOCIAÇÃO DA REVISTA ELETRÔNICA A BARRIGUDA - AREPB

2022


©Copyright 2022 by

Organização do Livro VICENTE DE PAULA QUEIROGA, JOSIVANDA PALMEIRA GOMES, ALEXANDRE JOSÉ DE MELO QUEIROZ, NOUGLAS VELOSO BARBOSA MENDES, ROSSANA MARIA FEITOSA DE FIGUEIRÊDO, ESTHER MARIA BARROS DE ALBUQUERQUE Capa ESTHER MARIA BARROS DE ALBUQUERQUE Fotos da Capa Alibaba Editoração ESTHER MARIA BARROS DE ALBUQUERQUE Diagramação ESTHER MARIA BARROS DE ALBUQUERQUE

O conteúdo dos artigos é de inteira responsabilidade dos autores. Data de fechamento da edição: 05-02-2022 Dados internacionais de catalogação na publicação (CIP)

Q3a

Queiroga, Vicente de Paula. Avocado (Persea americana Miller, cv. Hass): Tecnologias de plantio em típicas regiões serranas do Brasil. 1ed. / Organizadores, Vicente de Paula Queiroga, Josivanda Palmeira Gomes, Alexandre José de Melo Queiroz, Nouglas Veloso Barbosa Mendes, Rossana Maria Feitosa de Figueirêdo, Esther Maria Barros de Albuquerque. – Campina Grande: AREPB, 2022. 337 f. : il. color. ISBN 978-65-87070-21-6 1. Avocado Hass. 2. Persea americana. 3. Sistema de produção. 4. Colheita. 5. Frutos. 6. Alimento. I. Queiroga, Vicente de Paula. II. Gomes, Josivanda Palmeira. III. Queiroz, Alexandre José de Melo. IV. Mendes, Nouglas Veloso Barbosa. V. Figueirêdo, Rossana Maria Feitosa de. VI. Albuquerque, Esther Maria Barros de. VII. Título. CDU 634.2

Ficha Catalográfica Elaborada pela Direção Geral da Revista Eletrônica A Barriguda - AREPB

Todos os direitos desta edição reservados à Associação da Revista Eletrônica A Barriguda – AREPB. Foi feito o depósito legal.


O Centro Interdisciplinar de Pesquisa em Educação e Direito – CIPED, responsável pela Revista Jurídica e Cultural “A Barriguda”, foi criado na cidade de Campina Grande-PB, com o objetivo de ser um locus de propagação de uma nova maneira de se enxergar a Pesquisa, o Ensino e a Extensão na área do Direito.

A ideia de criar uma revista eletrônica surgiu a partir de intensos debates em torno da Ciência Jurídica, com o objetivo de resgatar o estudo do Direito enquanto Ciência, de maneira inter e transdisciplinar unido sempre à cultura. Resgatando, dessa maneira, posturas metodológicas que se voltem a postura ética dos futuros profissionais.

Os idealizadores deste projeto, revestidos de ousadia, espírito acadêmico e nutridos do objetivo de criar um novo paradigma de estudo do Direito se motivaram para construir um projeto que ultrapassou as fronteiras de um informativo e se estabeleceu como uma revista eletrônica, para incentivar o resgate do ensino jurídico como interdisciplinar e transversal, sem esquecer a nossa riqueza cultural.

Nosso sincero reconhecimento e agradecimento a todos que contribuíram para a consolidação da Revista A Barriguda no meio acadêmico de forma tão significativa.

Acesse a Biblioteca do site www.abarriguda.org.br


EDITORES TÉCNICOS

Vicente de Paula Queiroga (Dr) Pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Centro Nacional de Pesquisa do Algodão-CNPA Campina Grande, PB (Brasil)

Josivanda Palmeira Gomes (Drª) Professora da Unidade Acadêmica de Engenharia Agrícola Universidade Federal de Campina Grande Campina Grande, PB (Brazil)

Alexandre José de Melo Queiroz (Dr) Professor da Unidade Acadêmica de Engenharia Agrícola Universidade Federal de Campina Grande Campina Grande, PB (Brazil)

Nouglas Veloso Barbosa Mendes (M. Sc.) C&N Serviços Agroambientais Ltda Agritech Semiárido Agricultura Ltda Pereiro, CE (Brasil)

Rossana Maria Feitosa de Figueirêdo (Drª) Professora da Unidade Acadêmica de Engenharia Agrícola Universidade Federal de Campina Grande Campina Grande, PB (Brazil)

Esther Maria Barros de Albuquerque (Drª) Doutora em Engenharia de Processos Universidade Federal de Campina Grande Campina Grande, PB (Brasil)


APRESENTAÇÃO

O abacate é uma fruta tropical com aceitação cada vez maior junto aos consumidores em todo o mundo graças ao seu conteúdo nutricional, às diferentes opções para seu consumo “in natura” e processado e ao seu uso na indústria cosmética. O abacate da var. Hass de origem californiana, conhecido popularmente como avocado, representa uma excelente oportunidade para o setor agrícola brasileiro pela possibilidade de exportação que oferece;

tornou-se

a

variedade

mais comercializada. Porém, atualmente, a

comercialização do abacate brasileiro em mercados especializados é limitada, devido à heterogeneidade no produto colhido que deriva, em parte, na variabilidade dos materiais cultivados, deficiências no controle fitossanitário da produção primária de abacate e baixos padrões de qualidade. Com o objetivo de constituir uma ferramenta prática de consulta aos produtores, é elaborado este livro que contém indicações básicas sobre o manejo adequado do cultivo do avocado Hass, o que lhes permitirá ser competitivos e ter acesso a mercados especializados. Também esta publicação faz menção às Boas Práticas Agropecuárias (BPA), que se originam na gestão da qualidade para a produção de alimentos “in natura”, as quais foram desenvolvidas para atender o alto grau de sensibilidade do consumidor, sendo imprescindível ter um produto com alta uniformidade de cor, firmeza adequada para consumo, ausência de distúrbios fisiológicos e podridões, e de longa vida de prateleira. Da mesma forma, relacionar exitosamente os efeitos dos fatores de pré-colheita sobre a qualidade pós-colheita corresponde a um dos principais desafios dos produtores, quando se visa exportar o seu fruto para o mercado internacional. Em razão disso, este livro escrito em português pode ser um dos primeiros manuais dedicados ao cultivo do avocado para o Brasil. Ou seja, aquele que decidir cultivar essa planta e conhecê-la em maior profundidade, o livro “Avocado (Persea americana Miller, cv. Hass): Tecnologias de plantio em típicas regiões serranas do Brasil”, será de grande interesse e ajuda para o produtor que necessita pôr em prática as várias tecnologias abordadas no mesmo.

Autores


SUMÁRIO

CAPÍTULO I - SISTEMA PRODUTIVO DO AVOCADO (Persea americana Miller, cv. Hass) - Vicente de Paula Queiroga, Josivanda Palmeira Gomes, Alexandre José de Melo Queiroz, Nouglas Veloso Barbosa Mendes, Rossana Maria Feitosa de Figueirêdo, Esther Maria Barros de Albuquerque, Ênio Giuliano Girão............................................................................10 CAPÍTULO II - PRÉ-COLHEITA, COLHEITA, PÓS-COLHEITA, EMBALAGEM DE FRUTOS E EXTRAÇÃO DE ÓLEO DA POLPA - Vicente de Paula Queiroga, Josivanda Palmeira Gomes, Alexandre José de Melo Queiroz, Nouglas Veloso Barbosa Mendes, Rossana Maria Feitosa de Figueirêdo, Esther Maria Barros de Albuquerque.......................................218 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................................283


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CAPÍTULO I

SISTEMA PRODUTIVO DO AVOCADO (Persea americana Miller, cv. Hass)

Vicente de Paula Queiroga Josivanda Palmeira Gomes Alexandre José de Melo Queiroz Nouglas Veloso Barbosa Mendes Rossana Maria Feitosa de Figueirêdo Esther Maria Barros de Albuquerque Ênio Giuliano Girão (Editores)


C a p í t u l o I | 11 INTRODUÇÃO O abacate (Persea americana Miller.), é uma planta frutífera, pertencente à família das Lauraceae, que tem como centro de origem as Américas, mais precisamente na parte central que hoje se encontra o México e a Colômbia. O abacateiro hoje se encontra presente em todos os continentes, mas a sua dispersão pelo mundo aconteceu de forma lenta e gradativa. Chegou oficialmente ao Brasil em 1809 por Luiz de Abreu Vieira, que trouxe algumas mudas e sementes da Guiana Francesa para D. João VI. Apenas em 1920, que começaram as introduções de variedades comerciais de abacate usadas nos Estados Unidos (MARANCA, 1983; TEXEIRA, 1991; KOLLER, 1992; DONADIO, 1995). Dentre os principais países exportadores, destacam-se o México (44,63%), Peru (14,95%), Holanda (12,79%), Chile (5,42%) e Espanha (4,4%), que em 2018 apenas esses 5 países representaram 82,19% da exportação mundial de abacate. Já os principais importadores com 69,52% das importações de abacate do mundo são: Estados Unidos, Holanda, França, Espanha e Reino Unido (ME/SECEX, 2018; FAO, 2018; AGRIANUAL, 2020). Quando se trata de fruticultura brasileira já se sabe que a maioria da produção fica no mercado nacional e com o abacate não é diferente. Segundo o IBGE (2018) a produção brasileira teve um aumento de 2014 para 2018 atingindo 235.788 toneladas em uma área de 14.331 hectares com um crescimento de 36,12% nesse período, gerando aproximadamente um valor de produção de R$ 249,585 milhões e se concentra basicamente em três estados, São Paulo, Minas Gerais e Paraná, que produziram, respectivamente, 55,98%, 26,74% e 8,2% totalizando 90,92% da produção nacional de abacate (IBGE, 2018; TODA FRUTA, 2018; AGRIANUAL, 2020). Vale salientar que o Brasil é o sexto maior produtor de abacate do mundo, apenas o décimo sexto em área plantada, o que significa uma produtividade de quase o dobro da média mundial. O motivo disso é a produção de abacate brasileiro ser concentrada em variedades tropicais, que são frutos grandes. Em relação à exportação o Brasil fica apenas em decimo sétimo entres os países exportadores, representando 0,26% do total mundialmente (TODA FRUTA, 2018; FAO, 2018; AGRIANUAL, 2020), em decorrência da restrita produção de cultivares de interesse dos consumidores estrangeiros e pelas limitadas informações sobre manejos agronômicos adequados para a produção, colheita e pós-colheita dos frutos (CANTUARIAS-AVILÉS; SILVA, 2011). Mesmo


C a p í t u l o I | 12 assim teve uma expansão de 34,9% na quantidade exportada de 2014 para 2017 e a tendência é continuar crescendo principalmente se houver a abertura de novos mercados internacionais. As variedades mais comercializadas no Brasil são na sua maioria híbridas entre as raças Antilhana e Guatemalense, chamadas comumente de abacates tropicais como ‘Geada’, ‘Fortuna’, ‘Quintal’, ‘Margarida’ e ‘Breda’, com quantidade baixa/média de óleo, são mais popularizados, e consumidos como sobremesas na forma de vitaminas ou com açúcar e limão. Já a variedade ‘Hass’, que é um híbrido das raças Mexicana e Guatemalense, é conhecida popularmente no Brasil como “avocado, e possui fruto pequeno e com alto teor de óleo (entre 17 a 21%), sendo a maior parcela de sua produção destinada ao mercado externo (DAIUTO et al., 2010), cujo volume exportado pelo Brasil aumentou cerca de 8 vezes entre os anos de 2003 e 2013 (TEIXEIRA, 1991; FAOSTAT, 2018; TODA FRUTA, 2018). Portanto, a ‘Hass’ é considerada a principal cultivar em âmbito internacional, por apresentar um ótimo padrão de qualidade de frutos, constituindo cerca de 80% do comercio de exportação de abacates no mundo. O avocado ‘Hass’ é cultivado principalmente em regiões de clima subtropical e em locais de altas altitudes, em região de clima tropical. No ano de 2010, o cultivo de ‘Hass’ representou cerca de 96% da produção de abacates da Nova Zelândia, 85% da Califórnia, 90% do México, 57% do Peru, 75% do Chile e da Espanha, 80% da Austrália, 58% da África do Sul e 35% da produção de frutos de abacates de Israel (CRANE et al., 2013). Por sua vez, o avocado representa apenas 1,28 % do volume comercializado na CEAGESP, apesar de produzir um fruto com um valor agregado superior, mas tem uma procura menor, devido à falta de conhecimento da população brasileira em relação aos pratos salgados e a falta de costume com o avocado (Hass) que muda a cor de verde para roxo escuro quando está maduro (WATANABE, 2013; BONELLA, 2013, TODA FRUTA, 2018). Além de corresponder a cerca de 80% de todos os abacates que são consumidos no mundo, as características do fruto da cultivar Hass (do tipo floral A) fazem com que o seu valor no mercado seja superior aos de outras cultivares, devido à alta qualidade da sua polpa, rica em gorduras poli-insaturadas, com uma consistência amanteigada e isenta de fibras. O seu fruto pode ficar até seis meses na planta depois de ter atingido a maturação


C a p í t u l o I | 13 fisiológica, assim estendendo a colheita. O caroço é pequeno e a epiderme muda de cor quando amadurece (maturação organoléptica), facilitando a percepção do momento ideal para consumo. Caracteriza-se por ter frutos pequenos, pesando em média 200 a 250 g, o que garante maior valor de comercialização. Devido a crescente mudança nos hábitos alimentares mundiais e brasileiros por uma alimentação mais saudável e pelo abacate ser uma fruta com muitos benefícios para a saúde, o consumo mundial de abacate passou de 3,5 milhões de toneladas, em 2007, para 5,9 milhões de toneladas, em 2017, e o seu consumo médio aumentou no Brasil de 600 gramas/habitante/ano, em 2016, para 900 gramas em 2018. Mas ainda está muito atrás dos países europeus que chegam 6 a 1,5 kg/habitante/ano, dos Estado Unidos com 5 kg/habitante/ano e do principal consumidor que é o México com 8 kg/habitante/ano. E como dito anteriormente isso deve ao fato de o brasileiro ter o costume de comer como vitaminas e sobremesas, enquanto no mundo o abacate é consumido como alimento nas principais refeições e em produtos processados (BNET, 2011; ABPA, 2018, FAO, 2018). A preferência pelos frutos de “Hass” em escala mundial impulsionou que seleções do tipo ‘Hass” fossem lançadas e avaliadas em diferentes condições edafoclimáticas. Para a obtenção das mesmas há o emprego de “Hass” como um dos parentais em programas de melhoramento ou selecionam-se as mutações espontâneas encontradas em plantios dessa cultivar tradicional, com características que podem conferir vantagens econômicas decorrentes da boa qualidade de frutos, de uma produção consistente ou de um amplo período de colheita e pós-colheita (CRANE et al., 2015). A cultivar Carmen Hass, proveniente de uma mutação espontânea selecionada em Michoacán, no México, destacou-se por florescer precocemente e produzir frutos de alta qualidade, que alcançaram maturidade fisiológica e teor de óleo adequado, significativamente mais cedo que o avocado Hass tradicional. Essa precocidade coincidiu com a entressafra dos países importadores, o que assegurou altos preços nas negociações entre México e Estados Unidos e garantiu incrementos superiores a 50% nas negociações, sobretudo a partir de 2007 (ILLSLEY-GRANICH et al., 2011; CRANE et al., 2015) De modo que o período de colheita do avocado Hass no Brasil depende das condições climáticas das diferentes regiões produtoras. A primeira quinzena do mês de março corresponde a um período de alta demanda por parte dos países consumidores do Hemisfério Norte, impulsionando e fortalecendo as exportações brasileiras (JAGUACY,


C a p í t u l o I | 14 2016). Nessas circunstâncias, a precocidade da variedade Carmen Hass, aliada às boas características de produção e pós-colheita, pode ampliar a oferta precoce dos frutos e gerar oportunidades de mercado frente à demanda internacional. No caso da cv. Hass apresenta alto nível de óleo (18 a 21%) e gorduras monoinsaturadas, além de níveis elevados de vitaminas antioxidantes (A, C e E), se tornando um dos frutos mais nutritivos com uma polpa de sabor manteiga, sem fibras e aderente ao caroço pequeno, com a colheita média para tardia dependendo da região. Surgiu de um provável cruzamento natural de variedades provindas das raças Mexicana e Guatemalense (TEIXEIRA, 1991; KOLLER, 2002; MICKELBART et al., 2007; JAGUACY, 2016). Mesmo o Brasil apresentando ótimas condições para a produção na cultura do abacate, a ampliação do cultivo é limitada por vários fatores, como a não adoção do adensamento nos pomares comerciais (MENZEL; LAGADEC, 2014) e de manejos agronômicos que favoreçam a produção e qualidade de frutos (PEREIRA, 2015), principalmente por não conseguir manejar a gomose (Phytophthora cinnamomi), e a broca do fruto (Stenoma catenifer) que são respectivamente a principal doença e praga do abacate no Brasil (KOLLER, 2002; CAMPOS, 2006; BRUWER, 2007); ademais dos fatores inerentes a ecofisiologia da planta, como vigor excessivo, baixa fixação de frutos e a dificuldade em controlar a alternância de produção (WHILEY et al., 1988) e o fato da grande maioria dos pomares comerciais serem cultivados sob condições de sequeiro. Outra dificuldade encontrada, que afeta a produtividade da cultura, é a competição que ocorre entre o fluxo de crescimento vegetativo que cresce acima da panícula de flor em inflorescências indeterminadas, com a fixação e o crescimento inicial dos frutos (SYMONS; WOLSTENHOLME, 1990). De acordo com Wolstenholme e Whiley (1989), esta competição, principalmente por carboidratos, nutrientes minerais e água ocorre a favor dos brotos vegetativos, limitando o potencial produtivo dos abacateiros. Por isso é necessário realizar o controle do vigor vegetativo, para melhorar a fixação de flores e frutos e incrementar a produtividade. A chave para uma produção bem-sucedida é o manejo adequado da cultura (WOLSTENHOLME; WHILEY, 1989; WHILEY et al., 1988) segundo as fases do seu ciclo fenológico. Thorp, Anderson e Camilleri (1995) afirmaram que é necessário o plantio em condições adequadas e a realização de práticas como poda, irrigação, adubação e pulverização, em fases especificas de emissões de fluxos vegetativos e reprodutivos. As


C a p í t u l o I | 15 aplicações de fertilizantes e o controle de Phytophthora cinnamomi devem ser feitas na época de crescimento das raízes. Além disso, o fruto do abacateiro possui um ponto de colheita (maturação fisiológica), que é o estágio em que o fruto será colhido e terá um amadurecimento organoleptico correto e uniforme fora da planta. Os frutos que apresentam tal característica são denominados climatérios, liberando etileno durante a respiração no processo de amadurecimento. A correta identificação do ponto de colheita é muito difícil, um dos métodos atuais e mais usuais para descobrir se o fruto está apto para a colheita é a percentagem de matéria seca, que está diretamente ligada ao teor de óleo do fruto, contudo essa percentagem vai variar dependendo da cultivar, e quanto maior ela for, o tempo de amadurecimento vai ser menor (KOLLER, 2002; ALMEIDA; SAMPAIO, 2013).

IMPORTÂNCIA ECONÔMICA A produção agrícola do abacate, quando comparada com as demais oleaginosas comumente empregadas na produção de óleos comestíveis, apresenta inúmeras vantagens, dentre elas: maior produção de óleo por unidade de área plantada; aproveitamento de terrenos que por sua topografia mais acidentada não se prestam à mecanização; perenidade da planta e versatilidade agrícola, podendo ser produzido, praticamente, em todas as regiões do país (DANIELLE, 2006). O consumo brasileiro per capita de abacate em 2013 foi em torno de 301 gramas/hab, enquanto que no México foi de 9,0 kg/hab.. Segundo dados de 2011, o consumo per capita da fruta em Israel foi de 5,0 kg/hab, no Chile de 4,5 kg/hab e nos Estados Unidos de 2,0 kg/hab por ano (NAAMANI, 2011). Em regiões como Espanha e alguns países da América do Sul o consumo do abacate processado vem crescendo, sendo o fruto utilizado como ingrediente no preparo de sorvetes, sopas ou em saladas (GONZÁLEZFERNANDES et al., 2015). Estudos visando o aproveitamento industrial do abacate para a extração de óleo e álcool para a geração de biocombustível e na fabricação de tintas, cosméticos, medicamentos e alimentos, também tem sido conduzido (TANGO et al., 2004; MENEZES et al., 2010). O abacate apresenta elevado valor nutricional, com conteúdo significativo de fibras, proteínas, sais minerais e vitaminas, principalmente A, B (NIETO-ANGEL et al., 2006) C e E (α-tocoferol e γ-tocoferol) (BERASATEGI et al., 2012). Possui também


C a p í t u l o I | 16 significativa quantidade de carotenoides, fitoesterois e ácidos graxos monoinsaturados (FULGONI et al., 2013; DING et al., 2007; LU et al., 2005; ROCHA, 2008). Em nosso país existem poucas informações sobre o cultivo do abacate e o manejo de seus derivados, mas deve-se destacar que essa fruta antioxidante monoinsaturada, que possui 72% de ácido oleico e ajuda a reduzir o colesterol ruim, também é rica em minerais como o potássio, magnésio e sódio. O potássio é necessário para a transmissão e geração do impulso nervoso, para a atividade muscular normal e intervém no equilíbrio hídrico dentro e fora da célula. Enquanto o magnésio está relacionado ao funcionamento do intestino, nervos e músculos faz parte dos ossos e dentes, melhora a imunidade e tem um efeito laxante leve. Possui também alto teor de vitamina E (antioxidante, intervém na estabilidade das células sanguíneas e na fertilidade) e de certas vitaminas hidrossolúveis do grupo B, como B6 ou Piridoxina, que colabora no bom funcionamento do sistema nervoso; também contém ácido fólico, vitamina C, pró-vitamina A e carboidratos (Figura 1).

Figura 1. Benefícios do abacate. Foto: Osvaldo Yamanishi.

O óleo bruto de abacate é utilizado, principalmente, na indústria de cosméticos, mas também pode ser utilizado na indústria de alimentos, tanto na elaboração de produtos


C a p í t u l o I | 17 quanto para o consumo direto. A indústria de fármacos também utiliza a fração lipídica, ou seja, incluindo o óleo, os insaponificáveis, entre outros, na elaboração de produtos farmacêuticos (WERMAN; NEEMAN, 1987; BAE; LEE, 2008). A quantidade de lipídeos varia em relação às cultivares de abacate, diferenças geográficas, condições climáticas, tempo de colheita, método de extração, dentre outros (GÓMEZ-LÓPEZ, 2002; OZDEMIR; TOPUZ, 2004). Uma possibilidade para aproveitar os benefícios do abacate seria a introdução do óleo de abacate puro para uso comestível ou utilizar em misturas com o azeite de oliva em substituição às misturas de azeite de oliva com óleos vegetais, normalmente oferecidas pelo mercado interno com a finalidade de diminuir os custos de importação do azeite de oliva no Brasil (CREDIDIO, 2010). Além de utilizar a fruta natural na alimentação, o abacate é uma fruta muito versátil que pode ser usada de várias maneiras: sucos refrescantes, saladas, molhos picantes, sopas, ensopados, sobremesas e bebidas. Também é consumida processada como polpa congelada, pasta e “guacamole” (comida típica mexicana). Além disso, a indústria de cosméticos ou artigos de beleza utiliza o abacate na produção de óleos, loções, sabonetes, máscaras de beleza e cremes (seu efeito nutritivo, conferem elasticidade e melhoram o estado da pele), matéria-prima na fabricação de xampus para cabelo seco e como medicamento (ANACAFÉ, 2004; Figura 2). Combina muito bem com frutas cítricas, vegetais frescos e mariscos. Alguns utilizam o fruto, as folhas e a sementes na medicina natural para combater problemas do sistema digestivo; e as folhas como expectorante. A semente é usada em algumas partes da América do Sul para marcar roupas por sua qualidade indelével (Figura 3).


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Figura 2. Shampoo para cabelo seco com óleo de abacate e máscara de dormir de polpa de abacate. Fotos: Vini Laby e Usaid.

Figura 3. Destaque para o fruto, polpa e semente do avocado Hass. Fotos: Usaid e Cozinha Técnica.


C a p í t u l o I | 19 O óleo de abacate é matéria-prima de muitos produtos farmacêuticos, e atualmente são comercializadas cápsulas com óleo de abacate que, de acordo com inúmeros estudos clínicos, ajudam a prevenir problemas cardíacos, aliviam a flebite, ajudam no desaparecimento de varizes e colagenosa e favorecem a prevenção de uma reincidência de ataque cardíaco devido à sua ação antioxidante. Também é encontrado em combinação com Geleia Real, que é um excelente revitalizante e estimula o metabolismo celular de corpos e mentes cansados. Os novos horizontes para este produto são muitos, além do histórico uso em cosméticos, óleos comestíveis e pelo seu teor vitamínico (AMIQUERO, 2004). Atualmente está desenvolvendo a abertura do mercado das polpas com base para produtos cremosos (matéria-prima para o preparo do guacamole), tanto “in natura” quanto congelada. Outra opção é o óleo extra virgem de avocado, cujo uso culinário o converte em um bom substituto do azeite de oliva (Figura 4). Por fim, o abacate desidratado em pó é uma boa alternativa para a indústria dessa fruta, uma vez que esta apresentação oferece a possibilidade de estender sua vida útil (OLAETA, 2003).

Figura 4. Óleo de avocado Hass. Foto: Fazenda Jaguacy (São Paulo-SP).

Por outro lado, o Guacamole é mais elaborado com o avocado Hass e consiste num tipo de molho cremoso criado pelos Astecas, povo que viveu na região onde atualmente é o México. Esse molho é preparado tradicionalmente com a polpa do avocado Hass (por seu excelente sabor e pela ausência de fibra), adicionando cebolas e suco de limão, mas há várias receitas que incluem tomates, coentro, pimenta, etc (Figura 5). Este molho é muito consumido nos Estados Unidos para assistir os jogos do Super Bowl, campeonato de


C a p í t u l o I | 20 futebol americano. Vale lembrar que o avocado Hass tem 10% a menos de calorias que o abacate comum.

Figura 5. Prato típico mexicano feito à base de avocado Hass, denominado de Guacamole, que nos Estados Unidos é um petisco amplamente consumido.

ORIGEM E HISTÓRIA As áreas montanhosas, central e oriental, da Guatemala e do México são consideradas o centro de origem do gênero Persea e, portanto, dos abacates cultivados. Foi caracterizado que os nomes abacateiro e abacate com os quais a árvore e o fruto são designados em muitos países ibero-americanos, derivam de formações de palavras da antiga língua nahuatl, com as quais os astecas do México se expressavam, eles chamavam de árvore “ahuacacuahuitl” e “ahuacatl” o fruto que, pela forma e modo de pendurar na planta, se comparava ao testículo e que na mesma língua era conhecido justamente como ahuacátl. Com base no relato anterior, o abacate tem sua origem das Américas, onde teve suas primeiras aparições descritas por navegadores entre 1526 e 1554, mais precisamente na parte central onde hoje se encontra o México e a Colômbia. O fruto do abacateiro teve diversos nomes durante o passar dos anos, antigamente eram chamados de ‘ahuacatl’ do


C a p í t u l o I | 21 idioma náhuatl falado pelos Maias e Astecas, daí vindo o nome de ‘aguacate’ como é conhecido nos países de língua espanhola, porem já em alguns países como Peru, Chile, Equador e Argentina é chamado de “palto” (palta) devido aos seus ancestrais Incas terem denominado desta forma. Pelo fato de o abacate ter origem americana, os pesquisadores achavam que era uma fruteira de cultivo recente, porém com as descobertas arqueológicas das regiões originarias do abacate, pode-se provar que o cultivo de abacate existe dentre 10 a 14 mil anos A.C. Por isso o consumo per capita de abacate nas Américas (regiões de origem), são os maiores do mundo, porque o costume de ser tratado como um alimento de primeira necessidade, entrando em todas as refeições vem desde seus ancestrais (KOLLER, 1992; 2002). Antes da chegada dos europeus, era cultivada desde o norte do México e se estendeu para o sul, passando pelos países da costa do Pacífico até o sul do Peru e norte do Chile. Há evidências de que os espanhóis encontraram abacates cultivados em toda essa vasta área. O nome do abacate nos países de língua inglesa é “avocado”, onde teve seu primeiro relato na Jamaica no ano de 1657 e 1969. O abacateiro é uma fruteira que tinha baixa adaptabilidade a novos ambientes e perdia facilmente a germinação das sementes com viagens longas e mal armazenadas, sendo assim a disseminação do seu cultivo pelo mundo foi de forma gradativa e lenta. Primeiramente chegou à Espanha por volta do ano de 1602, sendo cultivado em Valência no seu jardim botânico, depois para as Filipinas, a partir de lá se expandindo para toda Ásia tropical e subtropical, então foi se espalhando para os outros continentes chegando à África em 1750 por Gana e na América do Norte pelo Havaí e Florida em 1825 e 1833, respectivamente, hoje a abacaticultura se encontra em todos os continentes (MARANCA, 1983; KOLLER, 1992; DONADIO, 1995). A Tabela 1 mostra os anos em que o abacate foi introduzido nos diferentes países do mundo, pelos colonizadores espanhóis da América. Tabela 1. Cronologia da dissiminação do abacate no mundo.

Fonte: Modificado de Smith et al. (1992).


C a p í t u l o I | 22 O abacateiro no Brasil existe segundo relatos desde 1787, mas não se tem certeza da sua existência nessa época e ela é plausível de discussão. Sua introdução oficial se deu em 1809 por Luiz de Abreu Vieira, que trouxe algumas mudas e sementes da Guiana Francesa para D. João VI. Elas foram plantadas onde hoje se encontra o jardim botânico do Rio de Janeiro. Apenas no ano de 1920, que começaram as introduções de variedades comerciais de abacate usadas nos Estados Unidos (TEXEIRA, 1991; DONADIO et. al; 2010). Os abacates originados nas áreas altas, central e oriental, de México geraram a raça Mexicana. Os das áreas altas de Guatemala geram a raça Guatemalteca, e a raça Antilhana provém das primeiras plantas encontradas nas Antilhas (STOREY et al., 1986; Figura 6). Essas três raças de abacate, desde a antiguidade, foram naturalmente mescladas entre si por meio de seu próprio sistema de reprodução. Os resultados dessas fusões; produzida por meio de "polinização cruzada"; deram origem a inúmeras variedades e híbridos naturais indefinidos. Somente a partir do início do século passado (1900) surgiram os consumidores, dando origem às diferentes cultivares que durante décadas lideraram os mercados mundiais (INFOAGRO, 2009).

Figura 6. Supostos centros de origem das raças ecológicas Mexicana, Guatemalteca e Antilhana do abacate. Fonte: www.aga.org.gt/.../Origen%20del%20aguacate%20y% 20razas.pps.


C a p í t u l o I | 23 O abacate é uma fruta muito desejada no mercado mundial por sua consistência, sabor requintado, alto valor nutritivo e amplas possibilidades de uso não só na culinária, mas também em processos cosméticos, farmacêuticos e agroindustriais. Apesar disso, os avanços tecnológicos que ocorrem na cadeia produtiva do abacate não são divulgados e transferidos de uma forma efetiva aos produtores e comerciantes (FAO, 2009). Atualmente, estima-se que existam mais de 500 variedades, sendo a mais importante a variedade "Hass" patenteada em 1935 nos Estados Unidos (EUA), cujos progenitores são desconhecidos, mas com maior percentual de Guatemaltecos (PROFIAGRO, 2009).

ORIGEM E HISTORIA DO AVOCADO HASS Período de 1926-2002. Em 2002, a árvore que deu origem a todos os abacateiros Hass no mundo sucumbiu à podridão radicular com a idade de 76 anos. Dela descendem 95% dos abacateiros cultivados na Califórnia, e os frutos de seu trabalho geraram uma das mais importantes indústrias deste estado americano. Até hoje, apesar de especulações em contrário, ninguém sabe que semente deu origem à àrvore-mãe dos avocados Hass. A árvore começou à vida como uma descoberta por acaso, resultado de uma simples semente plantada por A. R. Rideout, da cidade de Whittier, Califórnia. Rideout foi um pioneiro no cultivo do abacateiro e vivia em busca de novas cultivares, plantando-as onde quer que fosse, ao longo de ruas e nos quintais de vizinhos. No final dos anos 1920, Rudolph Hass, um carteiro comprou uma muda de Rideout e a plantou em seu novo pomar. Ele planejava usá-la como porta-enxerto para outra variedade. Porém, como depois de várias tentativas, o resultado não foi o desejado, ele decidiu erradicar essa árvore, mas foi demovido dessa ideia por seus filhos, que consideravam os frutos dessa árvore mais saborosos do que os da variedade Fuerte, então a mais cultivada na região. Como a qualidade dos frutos dessa árvore era alta e seu rendimento era satisfatório, o carteiro Hass decidiu denominar essa variedade com seu nome e obteve para ele uma patente em 1935. Nesse mesmo ano, firmou acordo com Harold Brokaw, um viverista de Whittier, para que cultivasse e promovesse o avocado Hass, dividindo a receita bruta: 25% para Hass e 75% para Brokaw.


C a p í t u l o I | 24 A patente expirou em 1952, mesmo ano em que Rudolph Hass faleceu. Mas, então o avocado Hass já tinha grande popularidade, que ainda é mantida até hoje. Os consumidores preferem seu sabor. Atualmente, o avocado Hass é responsável por cerca de 80% de todos os abacates consumidos no mundo e gera mais de US$ 1 bilhão por ano em receitas apenas nos EUA. Brokaw começou a propagar a variedade Hass com exclusividade. Como esta era muito saborosa do que a Fuerte e amadurecia em época diferente, Brokaw teve grande sucesso, a ponto de sua produção anual de mudas esgotar-se. Naquela época, e até ao início da segunda metade do século XX, a variedade de referência no abacateiro era a cultivar ‘Fuerte’, que produz frutos de pele lisa e cor verde ao amadurecer. A introdução de uma nova variedade no mercado foi lenta, até ao momento em que se lançou uma forte campanha de marketing e se conseguiu mudar a percepção do abacate de uma fruta verde e pele lisa para uma fruta preta com uma pele rugosa (Figura 7). Assim, só em 1972 é que a produção total de ‘Hass’ na Califórnia excedeu a de ‘Fuerte’.

Figura 7. Frutos do avocado Hass. Foto: Melissa’s Produce.


C a p í t u l o I | 25 A árvore que promoveu uma revolução na abacaticultura viveu no subúrbio de La Habra Heights, no condado de Los Angeles (GRISWOLD, 1945; Figura 8). Hank, sobrinho de Harold Brokaw, cuidou dela por mais de uma década, tentando salvá-la do fungo que atacou suas raízes, mas perdeu a luta em 2002. A madeira da árvore está armazenada em um viveiro de Ventura (CALIFORNIA AVOCADO, 2013).

Figura 8. Árvore original do avocado Hass em La Habra, Califórnia (foto tirada em 1945). Foto: H. B. Griswold (1945).

Atualmente a ‘Hass’ é a variedade de referência mundial e a que domina completamente o mercado mundial de abacate. No entanto, essa aposta por parte dos comerciantes de abacate em todo o mundo para uma única variedade é um caso único em culturas frutícolas e torna difícil para o consumidor distinguir o produto local do produto importado. Na Península Ibérica é possível produzir abacate durante todo o ano com uma combinação ótima de uma série de variedades (por exemplo ‘Bacon’, ‘Fuerte’, ‘Hass’, ‘Lamb Hass’ e ‘Reed’), mas atualmente os produtores ibéricos produzem ‘Hass’ por


C a p í t u l o I | 26 alguns meses (cada vez por menos meses) e no resto do ano as empresas, para garantir uma continuidade de fornecimento aos seus clientes, importam frutos de ‘Hass’ de países terceiros, para voltarem a exportá-los para o mercado europeu. Além do risco de entrada de pragas e doenças presentes neste país, em longo prazo, essa estratégia pode ser um problema para os seus produtores, pois há cada vez mais concorrência nos mercados europeus e os seus custos de produção são maiores do que em outros países. Além disso, a dependência de uma única variedade torna a cultura extremamente vulnerável a pragas ou doenças que afetam especificamente essa variedade. Obviamente, o apoio a outras variedades complementares à ‘Hass’ precisaria de um importante trabalho de promoção entre os consumidores, que, de maneira maioritária, já costumam identificar o abacate com as características típicas de ‘Hass’. Mas isso foi precisamente o que fez a “Hass” ao destronar a “Fuerte” como a variedade de referência em todo o mundo.

DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA MUNDIAL O maior produtor mundial de abacate em 2016, segundo a FAO (2017), foi o México, seguido pela Indonésia, República Dominicana, Estados Unidos, Colômbia, Peru, Chile, Brasil, Ruanda e Quênia, tendo esses países sidos responsáveis por 81% da produção mundial. Nesse período, o Brasil ocupou a oitava colocação, produzindo mais de 180 mil toneladas desse fruto (IBGE/PAM, 2016), principalmente nas regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste. Os estados de São Paulo, Minas Gerais, Paraná e Rio Grande do Sul foram os maiores produtores (IBGE, 2016), com produção de 90,3; 50,4; 16,8 e 4,9 mil toneladas, respectivamente. A variedade de abacate que se destaca no mercado externo é a Hass, a qual tem se expandido no Estado de São Paulo, tendo sido a décima variedade em volume exportado no ano de 2010, segundo o Instituto Brasileiro de Fruticultura – IBRAF (2017). No mercado interno, por sua vez, predomina o cultivo das variedades brasileiras: Geada, Quintal, Fortuna, Margarida, Ouro Verde e Breda, inclusive a Hass (Figura 9).


C a p í t u l o I | 27

Figura 9. Variedades de abacate cultivadas no Brasil. Fonte: IBPA - Associação dos Produtores de Abacate do Brasil.

No Brasil, há um grande potencial para a expansão do cultivo de abacate, o qual é dependente do desenvolvimento de campanhas internas de marketing para divulgação de novas maneiras de consumo desse fruto, como o seu uso em saladas, pratos salgados, sanduíches, patês, guacamole e na forma de óleo, além da divulgação dos benefícios que o consumo desse fruto propicia à saúde (ROBERTO et al., 2010). O abacateiro tem sua importância econômica atrelada principalmente a sua composição nutricional da polpa e suas qualidades organolépticas, ajudando a prevenir doenças cardíacas e até câncer, além de outros benefícios. O abacate é considerado o fruto mais completo em alguns países, como os europeus que chegam a consumir 1,5 kg/habitante/ano, Estados Unidos com 5 kg/habitante/ano e o México com 8 kg/habitante/ano. Isso se deve ao fato deles consumirem o abacate nas principais refeições, o que não acontece no Brasil (KOLLER, 2002; DAIUTO et al., 2010). Mas devido a crescente mudança nos hábitos alimentares mundiais e brasileiros por uma alimentação mais saudável e pelo abacate ser uma fruta com muito benefício para a saúde, o consumo mundial de abacate passou de 3,5 milhões de toneladas, em 2007, para 5,9 milhões de toneladas, em 2018, e o seu consumo médio aumento no Brasil de 600 gramas/habitante/ano, em 2016, para 900 gramas em 2018 (BNET, 2011; ABPA, 2018, FAO, 2018). O Brasil é o sexto maior produtor de abacate do mundo, apenas o décimo sexto em área plantada, o que significa uma produtividade de quase o dobro da média mundial. O


C a p í t u l o I | 28 motivo disso é a produção do abacate brasileiro ser concentrada em variedades tropicais, que são frutos grandes. Em relação à exportação o Brasil fica apenas em decimo sétimo, representando 0,26% do total mundialmente (TODA FRUTA, 2018; FAO, 2018; AGRIANUAL, 2020). A produção brasileira teve um aumento 36,12% de 2014 para 2018 atingindo 235.788 toneladas em uma área de 14.331 ha, gerando aproximadamente um valor de produção de R$ 249,585 milhões (Tabela 2). Os principais estados produtores são: São Paulo, Minas Gerais e Paraná, com respectivamente, 55,98% (132.017 t), 26,74% (63.063 t) e 8,2% (19.333 t) totalizando 90,92% da produção nacional de abacate. Maior parte da produção fica no mercado interno. Apenas 10.279 t foram exportadas em 2019, gerando uma receita de US$ 19,131 milhões. No ano de 2020, no primeiro semestre, o volume foi de apenas 5.594 t, e uma receita de US$ 10,267 milhões (IBGE, 2018; TODA FRUTA, 2018; AGRIANUAL, 2020). Tabela 2. Produção mundial de abacate. Países

Produção (t)

Área colhida (ha)

Produtividade (t\ha)

México

2.029.886

188.723

10,8

República Dominicana

637.688

ND

ND

Peru

466.758

39.489

11,8

Indonésia

363.157

28.524

12,8

Colômbia

314.275

39.172

8,0

Brasil

235.788

14.331

16,4

Quênia

194.279

ND

ND

Venezuela

133.922

ND

ND

Chile

133.636

30.078

4,4

Estados Unidos

132.636

22.900

5,8

Outros

1.305.026

224.061

5,8

Total

5.924.398

587.278

10,1

Fonte: FAO - Food and Agriculture Organization, 2018; AGRIANNUAL (2020).

Enquanto isso, regiões costeiras brasileiras e de serra, que têm condições para produzir abacate, não recebem incentivo dos governos nem do setor privado, ainda desacreditados para o potencial da fruta. Vale frisar que no Ceará, toda a serra úmida da Ibiapaba é propícia para o plantio do avocado Hass sem irrigação.


C a p í t u l o I | 29 RAÇAS DE ABACATE Existem três raças de abacate e uma proposta para uma quarta: raça Mexicana, raça Guatemalteca, raça Antilhana e a raça Costarricense como proposta (BARRIENTOSPRIEGO et al, 2015), pois tais raças se adaptam a diferentes ambientes que vão do clima temperado ao tropical. O termo "raças" é utilizado porque estas apresentam características específicas, que são propagadas e fixadas espontaneamente por sementes (CALABRESE, 1992). Entre as características das raças estão: cor dos brotos, cheiro da folha, formato e comprimento do pedúnculo, tamanho e rugosidade do fruto, entre outras (Figura 10). São reconhecidos três raças ou grupos ecológicos de abacate: Mexicano, Guatemalteco e Antilhano, alguns autores classificaram cada raça como uma espécie separada, porém atualmente todas estão localizadas dentro da espécie Persea americana Miller. Bergh e Ellstrand (1987) adicionaram as principais variantes botânicas a cada raça para diferenciar as raças em Persea americana var. Drymifolia, para a Mexicana; Persea americana var. Guatemalensis, para o Guatemalteca e Persea americana var. Americana, para a Antilhana. No entanto, os mesmos autores reconheceram por métodos modernos de diagnóstico que são variedades botânicas de Persea americana (CALABRESE, 1992). Em 1995, foi relatada uma raça Costarricense, conhecida como “Abacate de Monte” (TÉLIZ et al., 2000).

Figura 10. Frutos de abacate das três raças. Raça Antilhana (esquerda); raça Guatemalteca (centro) e raça Mexicana (direita). Foto: Alejandro F. Barrientos Priego (1996).


C a p í t u l o I | 30 Características das raças. As características das raças são importantes para diferenciar as variedades. Além disso, elas indicam adaptação a várias áreas de cultivo e são indicativas de algumas propriedades químicas e organolépticas dos frutos, como sabor e cor (PÉREZ RIVERA, 1986). Raça Mexicana. A raça Mexicana da variedade Persea americana var. Drymifolia é originária das altas montanhas da região central do México, com clima subtropical a temperado e altitudes de 1.700 a de 2.500 metros acima do nível do mar, é resistente ao frio, possui alto teor de óleo, fruto com semente grande, pedúnculo cilíndrico de espessura média (Figura 11), pouca polpa e com sabor ligeiramente picante e folhas com cheiro característico a anis. Os frutos, de forma ovoide de coloração verde-clara, apresentam baixa fibra e polpa de açúcar (2%) e alto teor de gordura (25-30%). As cultivares desta raça são Bacon, Duke, Gottfried, Mexicola, Puebla, Topa-topa e Zutano.

RAÇA MEXICANA

RAÇA GUATEMALTECA

RAÇA ANTILHANA

Figura 11. Formas do pedúnculo das 3 principais raças de Abacate. Fonte: Pérez Rivera (1986).

Raça Guatemalteca. Originária do Centro-Oeste das altas montanhas da Guatemala vem a variedade Persea nubigena var. Guatemalensis, com altitudes entre 1.000 e 2.000 metros acima do nível do mar, caracterizada pelo longo período entre a floração e a colheita de até 15 meses. As bagas têm uma forma piriforme, de médio a grande, de cor verde escuro a roxo e possui casca grossa, resistente ao transporte da fruta. A semente é pequena e a polpa abundante, com sabor a amêndoa ou noz, pedúnculo cónico e rebentos tenros de cor avermelhada. Comercialmente, os abacates guatemaltecos são os melhores. Entre as cultivares desta raça estão: Edranol, Hass, Itzama, Linda, Mayapan, Nabal, Pinkerton e Reed.


C a p í t u l o I | 31 Raça Antilhana. A raça Antilhana da variedade Persea americana var. Americana é originária da costa do Pacífico de Chiapas (México), Guatemala, El Salvador, Honduras, Nicarágua, Costa Rica e Panamá, adapta-se bem às condições tropicais de 18-26 ºC e alturas mais baixa de 1.000 m acima do nível do mar, suscetível ao frio, resistente à salinidade e à clorose. O período de formação da flor à formação do fruto é bastante curto, caracterizado por frutos grandes de até 2,5 kg, oval, casca lisa, verde brilhante e polpa abundante. O pedúnculo é alongado em forma de cabeça de prego, a semente é solta e a polpa apresenta um leve sabor adocicado. Entre as cultivares desta raça podem ser citadas: Lorena, Comum ou Crioula, Russell, Pinelli, Venezuelana, Curumani, Fuchs, Peterson e Hulumanu. Raça Costarricense. É originaria das condições subtropicais da Costa Rica, endêmica de altitudes entre 800 e 1.500 metros acima do nível do mar, é suscetível ao frio. Apresenta fruto pequeno, pedúnculo cilíndrico de espessura média, casca lisa e flexível de espessura média, polpa de sabor leve ou insípido (TÉLIZ et al., 2000). México e América Central contam com o banco genético natural do abacate, essencial para o melhoramento genético da espécie. As variedades cultivadas, em sua maioria, são híbridas das três raças (CALABRESE, 1992), situação que inclui algumas seleções crioulas de El Salvador (PÉREZ RIVERA, 1986). Híbridos entre raças. A maioria das variedades de abacate atualmente é derivada de possíveis combinações entre as mesmas, onde a combinação da raça Guatemalteca x raça Mexicana ou que constituem variedades com boa adaptação a um clima temperado a subtropical, enquanto a combinação da raça Antilhana x raça Guatemalteca dá variedades com adaptação principalmente tropical. Por ser o abacate uma planta que apresenta alta alogamia, ou seja, alta polinização cruzada, consequentemente existe uma grande facilidade de obtenção de híbridos, seja na forma natural como artificial. Por tal razão, desde o início do século XX, iniciaram-se os processos de melhoramento do abacate, mediante a hibridização de variedades de diferentes raças. Assim foram obtidos híbridos entre as raças Mexicana e Guatemalteca e entre esta e a Antilhana, resultando em variedades com maior adaptação que a de seus progenitores. As características dos híbridos variam de acordo com os seus parentais. Além de conseguir a melhor adaptação de um novo material de abacate em uma determinada área geográfica, tem-se buscado a obtenção de frutos mais comerciais, de tamanho médio, já que o fruto de um híbrido tem


C a p í t u l o I | 32 tamanho médio ao de seus progenitores. Além disso, é possível modificar a época de colheita, tornando-a mais precoce ou mais tardio, conforme seja o caso (IBAR, 1979). Híbridos entre Guatemalteca x Mexicana. Os híbridos obtidos entre essas duas raças combinam características dos Mexicanos, como resistência ao frio, com o tamanho e a quantidade, enquanto os Guatemaltecos; como resultado dessa combinação, obtêm-se frutos de tamanho intermediário; a época de maturação também tende a ser intermediária. Portanto, o híbrido se classifica mais de raça Guatemalteca por seu maior percentual de participação em relação à raça Mexicana, tendo em vista que são as raças que têm grandes facilidades de combinação. Entre os híbridos mais representativos estão: Fuerte, Ettinger, Colin V-33 e Gwen, entre outros. Ressalta-se também a importância que representa o híbrido do avocado Hass, que atualmente ocupa aproximadamente 85% das explorações comerciais a nível mundial. Suas derivações Lamb-Hass tardia e Carmen-Hass precoce, com características que superam em produção a cultivar Hass tradicional ou resolvem problemas de colheita antecipada ou tardia como solução para colheitas locais de algumas cultivares que induzem alternância. Híbridos entre Antilhana x Guatemalteca. Os híbridos obtidos entre estas duas raças, combinam características dos Guatemaltecos, tais como: como resistência ao frio, diminui o porte das árvores, o tamanho dos frutos é menor e os tempos de maturação na árvore também diminuem. Como resultado da combinação, obtêm-se frutos de tamanho intermediário entre os seus progenitores; a época de maturação também tende a ser intermediária. Os mais representativos são: Booth 8, Choquette, Collinred, Collinson, Gripiña, Simil 44, Trinidad, Hall, Winslowson e Santana entre outros.


C a p í t u l o I | 33 BOTÂNICA, MORFOLOGIA, FISIOLOGIA E BIOLOGIA PRODUTIVA -Aspecto Botânico O abacateiro é uma planta perene e frutífera onde sua classificação mais aceita nos dias de hoje é a que, segundo Williams citado por Malo (1978), pertence à família das Lauraceae e ao gênero Persea, que ainda é dividido em dois subgêneros: Persea e Eriodaphne. As principais diferenças desses subgêneros são: que nas espécies do Persea as enxertias são compatíveis entre si e é susceptível a doença fúngica podridão das raízes (Phytophthora cinnamomi), mas quando enxertadas nas espécies da Eriodaphne não ocorre compatibilidade, e as espécies deste subgênero são resistentes a essa doença fúngica. Outra diferença importante é que os frutos do subgênero Eriodaphne são de baixa qualidade com caroços grandes, pouca polpa, ou seja, na sua maioria não são comestíveis, já no subgênero Persea ocorre o contrário, frutos comestíveis e com muita polpa (MALO, 1978; KOLLER, 2002). As espécies com interesse comercial agrícola no geral são híbridas de duas espécies do gênero Persea, e divididos em três variedades botânicas ou raças: Mexicana (Persea americana Miller var. Drymifolia), Antilhana (Persea americana Miller var. Americana) e Guatemalteca (Persea nubigena Williams var. Guatemalensis) (MALO, 1978; KOLLER, 1992). De acordo com a USDA (2019), a classificação taxonômica do avocado Hass é a seguinte:

Reino - Plantae (Plantas); Sub-reino - Tracheobionta (Plantas vasculares); Superdivisão - Espermatophyta (Sementes); Divisão - Magnoliophyta (Plantas com flores); Classe - Magnoliopsida (Dicotiledôneas); Subclasse – Magnoliidae sensu Chase & Reveal (Dipétala) Ordem – Laureles (Ranales) Família – Lauraceae Gênero - Persea Espécie - Persea americana Mill. (Var. Hass).


C a p í t u l o I | 34 -Aspecto Morfológico Planta – O avocado Hass foi obtido nos Estados Unidos (Califórnia) a partir de uma planta de semente entre as raças Mexicana e Guatemalteca (trata-se de um híbrido), embora apresente 95% das características da raça Guatemalteca e apenas 5% da raça Mexicana (DONADIO, 1995). A estrutura dessa árvore é de tamanho médio a grande, com crescimento ereto ou semi-elíptico aberto, copa arredondada e certa sensibilidade ao frio (KOLLER, 1992; RAMOS; SAMPAIO, 2008). É sensível a baixa umidade, principalmente em locais de ventos secos e quentes (RAMOS; SAMPAIO, 2008). Esta cultivar é pertencente ao grupo floral A. O fruto é de tamanho médio, pesando de 140 a 360 gramas, de formato oval-piriforme, casca grossa, áspera ou rugosa, o que lhe confere ótima resistência ao transporte. Exibe uma coloração verde da casca que ao progresso da maturação se torna de cor púrpura escura ou marrom escuro. A polpa se caracteriza por ser cremosa, com excelente sabor e é desprovida de fibras, expressando de 18 a 22% de óleo.

A semente (caroço) é pequena em tamanho com forma esférica e aderida à cavidade (polpa) (KOLLER, 1992; DONADIO, 1995). A árvore do avocado é frondosa e perene. Apresenta uma floração bastante generosa que favorece uma percentagem muito elevada de vingamento em fruto. Em razão disso, ‘Hass’ é considerada uma cultivar altamente produtiva, apresentando uma produção precoce e regular. Tende a produzir um grande número de frutos de pequeno tamanho, inferior a 200 gramas, sobretudo em regiões com predominância de climas quentes e estressantes (CRANE et al., 2013). Cossio-Vargas et al. (2008) enfatizam o correto planejamento e a execução de práticas de manejo adequadas, para reduzir o problema de produzir frutos de menor tamanho. A cultivar Hass exibe a interessante característica de manter seus frutos na planta por alguns meses (2 a 5 meses) após a maturação fisiológica, porém a polpa tende a se tornar farinhenta quando o fruto é colhido muito tarde (TÉLIZ, 2000; NEWETT et al., 2007). A tendência atual no mundo é aumentar os plantios com esta variedade devido à sua qualidade e resistência ao transporte, com flor tipo A (PROFIAGRO, 2009). Por ser uma planta sensível ao frio e à umidade, recomenda-se o seu estabelecimento em regiões livres de geadas e ventos quentes e secos (APEAMAC, 2011). O avocado ‘Hass’ é cultivado principalmente em regiões de clima subtropical e em locais de altas altitudes (1.000 m a 2.000 m), em região de clima tropical (CRANE et al., 2013).


C a p í t u l o I | 35 O crescente consumo de frutos desta cultivar pela preferência dos consumidores, resultou num número de seleções do tipo ‘Hass’ que vem sendo lançadas no mercado internacional, com diferentes épocas de colheita que ampliam o período de comercialização. Estas correspondem a mutações espontâneas encontradas em pomares comerciais de ‘Hass’ (Figura 12) ou são resultados de programas de melhoramento genético como: ‘Carmen’, ‘Gem’, ‘Harvest’, ‘Lamb Hass’, ‘Maluma’ e ‘Lavi’ (CRANE et al., 2013).

Figura 12. Avocado Hass em sistema de condução de copa, tipo taça ou multi-eixo. Foto: INIA (2017).

Raiz – O abacate é uma planta dicotiledônea, que tem um sistema radicular pivotante ou axial, contudo devido às repicagens que a muda sofre acaba danificando a raiz principal e favorecendo o crescimento das raízes secundarias, então em vez de seguir o que acontece com os pés francos e atingir profundidades de 5 a 6 metros, as suas raízes ficam 80% a um metro de profundidade. Ou seja, o seu sistema radicular tem uma raiz principal curta e fraca, sendo que as raízes carecem de pelos absorventes, e apresenta um crescimento horizontal bastante superficial, a maioria delas se concentra nos primeiros 50 cm de profundidade do solo (CALABRESE, 1992). É importante destacar que a classe dos solos desempenha uma função determinante no desenvolvimento das raízes, sendo as raízes mais abundantes, estendidas e profundas em


C a p í t u l o I | 36 solos arenosos e friáveis (soltos) do que em solos com abundância de partículas finas (argilosos). Isso tudo vai depender também das condições do solo se são profundos, sem impedimentos, com bom arejamento e se ocorrem um bom volume de precipitações e se são bem distribuídos ou se forem pomares irrigados. Em solos férteis, as radicelas que no abacateiro são desprovidas de pelos absorventes, ficam grossas e sadias e podem aparecer até 1 ou 2 centímetros abaixo da superfície do solo, quando existe uma boa palhada sob a copa das árvores (TEIXEIRA, 1991; KOLLER 1992; 2002; CRANE, 2007, Figura 13). Mesmo assim, o avocado deve ser cultivado em solos profundos e sem problemas de drenagem interna ou texturas muito argilosas.

Figura 13. Distribuíção espacial do sistema radicular da planta do avocado: a) Raiz pivotante com abundante quantidade de radicelas secundárias e b,c) raiz de uma árvore adulta. Fotos: Eduardo Mejía; Mary Lu Arpaia (2004) e Juan Pablo Montedonico Rimassa (2001).

Em solos arenosos, a profundidade alcançada pode ser de 1 a 1,5 m ou mais, a absorção de água e de nutrientes é realizada principalmente nas pontas das raízes através dos tecidos primários. Esta forma de absorção determina a suscetibilidade da árvore ao excesso de umidade que induz asfixia e ataques de fungos que apodrecem os tecidos radiculares (GODÍNEZ et al., 2000). Uma alta associação simbiótica desta espécie foi encontrada com fungos endomicorrízicos arbusculares, que facilitam a absorção de elementos minerais, mas principalmente aqueles com baixa mobilidade no solo como fósforo, cobre e zinco. O micélio dos fungos penetra no tecido cortical da raiz, causando uma acentuada hipertrofia e uma ampla ramificação. Como consequência deste fato, a superfície de


C a p í t u l o I | 37 absorção das raízes aumenta. No abacate a eficiência da raiz se acha limitada pela falta de pelos absorventes, entretanto o emprego de micorrizas, constitui uma alternativa. Talo e ramos – A superfície do tronco é rugosa, a sua ramificação é intensa e a distribuição dos ramos é verticulada. A cor dos ramos jovens é vermelho acobreado, mais intenso no ápice. A superfície é pubescente e apresenta lenticelas verdes. O caule é cilíndrico, lenhoso, ramificado e ereto, a copa é globosa e alargada. Na Figura 14, observa-se um tronco de abacate Hass com aproximadamente 8 anos, com poda de formação desde o início de seu desenvolvimento. Trata-se de uma árvore de grande crescimento vegetativo, muito produtiva nos terços inferior e médio, mas o seu crescimento inicial é lento a moderadamente agressivo, que depende da radiação solar (KOLLER, 2002).

Figura 14. Caule do avocado Hass. Foto: Casar Adolfo Dussen Barrera (2014).

Por outro lado, os ramos são abundantes, baixos, estendidos, de forma globulosa (ou campânula) finos e frágeis, sensíveis às queimaduras de sol e as geadas, rompem-se facilmente ao carregar muitos frutos ou devido à ação do vento (BÁRCENAS, 2000). A qualidade da madeira é ruim, porque os ramos são moles e quebradiços com pouco valor comercial, às vezes usados para lenha (TEIXEIRA, 1991; KOLLER 2002). Além disso,


C a p í t u l o I | 38 a produtividade do abacate está diretamente relacionada ao comportamento fisiológico de seus ramos. Tal operação se expressa corretamente na obtenção de um determinado número de flores e na formação de uma quantidade adequada de folhas ativas, em que as folhas permitem uma regulação térmica adequada por meio da transpiração da água e permitem a assimilação fotossintética do anidrido carbônico (CO 2) para ser usado no processo de produção de carboidratos. Portanto, a expectativa do agricultor em um pomar que funciona bem é que as flores sejam polinizadas, que se transformem em frutos e que estes fiquem na árvore até a colheita. No entanto, o crescimento da parte aérea do avocado não é uniforme. As árvores apresentam centros de produção indefinidos, distribuídos ao acaso, e o aumento da produtividade é restringido pela falta de uma combinação adequada de ramos de diferentes tipos, que lhes permitam cumprir, simultaneamente, as funções de crescimento vegetativo e reprodutiva. Os ramos que influenciam principalmente nessas funções são dois: ramos silépticos e ramos prolépticos. Os ramos silépticos correspondem aos que surgem lateralmente de outro ramo em crescimento (Figura 15). Os ramos prolépticos, por outro lado, são gerados a partir de gemas dormentes. Embora seja difícil reconhecer as diferenças entre os dois através das figuras, a correta identificação do ramo proléptico é feita quando o avaliador consegue reconhecer um grupo de gemas em torno da base do galho (Figura 17). Este anel de gemas é formado como resultado de uma parada no crescimento do ramo principal de onde nasce o ramo em evidencia. Quando tal anel de gemas não é encontrado, reconhece-se que o ramo se desenvolveu simultaneamente com o ramo principal, sendo chamado de siléptico. Portanto, os ramos do avocado apresentam combinações dos dois tipos de ramos (SALVO; MARTÍNEZ, 2006).


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Figura 15. A) O ramo siléptico (S) desenvolve simultaneamente em um ramo principal com um ou mais ramos laterais e B) ramos siléptico e proléptico (P). Fotos: INIA (2017).

Figura 16. Ao contrário do ramo siléptico, a base do ramo proléptico possui um anel de botões ao seu redor. O anel de gemas (cintura verde ampliada) reflete uma parada do crescimento que gera os ramos prolépticos laterais. Fotos: SALVO; MARTÍNEZ C. (2006).


C a p í t u l o I | 40 Nesta perspectiva de manejo de ramos, pesquisas realizadas no Chile e no exterior mostram a importância de se considerar um manejo adequado dos ramos, que crescem em diferentes períodos ao longo do ano e independentemente do crescimento das raízes. Os estudos realizados indicam que o avocado apresenta uma floração prolongada, simultânea com os frutos recém-vingados e outros maduros, o que gera uma situação de competição por nutrientes entre os órgãos de cultivo. Para superar em parte a situação descrita, essas investigações mostraram que é possível fazer um manejo de anelado de alguns ramos, o que permitiria criar condições para um adequado florescimento e vingamento, porém ao mesmo tempo haveria uma deterioração do vigor geral da planta que está associado ao tipo de ramos que esta cultura desenvolve. A proporção de ramos silépticas e prolépticas destaca-se como elementos necessários a serem considerados na avaliação da condição produtiva dos pomares de abacate. Práticas de poda, ortopedia (poda drástica de ramos), destacam-se como alternativas agronômicas preferenciais para modificar essa proporção (Figura 17). No entanto, essas práticas não foram definidas de forma sistemática para o avocado, em grande parte devido ao desconhecimento da arquitetura da árvore e do seu funcionamento.

Figura 17. Cortes de poda permitem novos galhos silépticos. Foto: Salvo; Martínez C. (2006).


C a p í t u l o I | 41 Folhas – Estão dispostas de forma alternada e agromeradas nas extremidades dos ramos. São pedunculados, muito brilhantes, de forma lanceoladas (Hass tradicional; Figura 18), com base aguda, margem inteira e ápice agudo. A cor das folhas maduras é verde escuro fosco e, nos ramos jovens, é vermelho acobreado, mais intenso no ápice (Figura 19). O seu pecíolo apresenta ranhuras ou sulcos e o relevo de nervuras do feixe intermediário é geralmente elevado (RÍOS et al. 2005). As folhas se renovam a cada dois anos individualmente (KOLLER, 2002). O seu desenvolvimento vegetativo ocorre em fluxos de crescimento que são facilmente visualizados por formarem anéis de cicatrização na base dos ramos (CHANDERBALI et al., 2013).

Figura 18. Folhas de distintas variedades: Gwen-Hass, Gem-Hass, Harvest-Hass e a Hass tradicional. Foto: Mary Lu Arpaia (September 2004).


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Figura 19. Detalhe das folhas jovens e maduras da planta de avocado Hass. Fonte: Alarcón, 2012.

Inflorescência – Embora algumas variedades percam a maior parte da folhagem em flores agrupadas em panículas que costumam aparecer em posição terminal. O desenvolvimento reprodutivo do avocado Hass é caracterizado pela emissão de dois tipos de inflorêscencia: na inflorescência determinada, o meristema do eixo primário forma uma flor terminal, os botões florais localizam-se no topo ou fora da árvore onde a intensidade de luz é maior, quando os frutos são colhidos, o botão floral determinado morre (SCHROEDER, 1944; REBOLLEDO; ROMERO, 2011) e na inflorescência indeterminada, o ápice do eixo primário termina em uma gema vegetativa, iniciando o crescimento no momento da antítese e continuando após a colheita dos frutos existentes na planta (crescimento subterminal) (Figura 20 A; B) (REECE, 1942; REBOLLEDO; ROMERO, 2011). Com poucas exceções, o tipo indeterminado de inflorescência é mais abundantemente produzido por esta árvore (SCHROEDER, 1944). Ambos os tipos de inflorescências consistem em ramos secundários (panículas laterais), que se desenvolvem em ramos terciários de produção acropética (cimeiras ou cimas) que carregam uma flor terminal e duas flores laterais (REECE, 1942).


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Figura 20. (A) Morfologia de um botão floral reprodutivo (indeterminado) do avocado 'Hass' em seção longitudinal diagramática, mostrando apêndices foliares e meristemas de inflorescência (não desenhados em escala). Setas curtas = local onde os meristemas do ramo axilar são produzidos; Escalas de botão = preto sólido; Brácteas de inflorescência = pontilhadas; Meristemas do ramo secundário = Traço fino; Folha rudimentar = branco (Fonte A: THORP et al., 1994). (B) Diagrama de crescimento reprodutivo e vegetativo em uma inflorescência de avocado indeterminada (Fonte B: REECE, 1942).

Em relação aos ramos reprodutivos de crescimento determinado (Figuras 21 e 22) e indeterminado, os primeiros são mais produtivos, uma vez que nos segundos as flores frequentemente secam antes do vingamento, devido à competição com os ramos vegetativos. Na ótica do produtor é, no entanto, mais desejável que ocorra vingamento nos ramos florais de crescimento indeterminado. Nestes últimos ramos reprodutivos os lançamentos vegetativos cobrem os frutos, prevenindo assim o escaldão (queimadura ou lesão da epiderme por exposição ao sol), que pode conduzir à sua queda ou à diminuição do valor comercial da fruta. Os ramos de crescimento indeterminado dão ainda origem à fruta de maior calibre, aumentando o seu valor comercial e, tendo maior crescimento vegetativo, favorecem assim as florações dos anos seguintes.


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Figura 21. Planta de avocado Hass, sob condições de Antioquia, Colombia, durante os anos 2010, 2011 e 2012. A: inflorescência na fase de Couve-flor. B: inflorescência de tipo determinado. C: inflorescência de tipo indeterminado. Fotos: Joaquín Guillermo Ramírez-Gil (2017).

Figura 22. Características de inflorescências do avocado Hass: (a). Determinadas (b). Indeterminadas. Fotos: Rebolledo; Romero (2011).


C a p í t u l o I | 45 Cada árvore pode produzir até um milhão de flores e 0,1% se transforma em fruto (Figura 23). As avaliações realizadas mostram que a primeira floração ocorre aos 1,5 anos.

Figura 23. Forte vingamento nos ramos florais de crescimento indeterminado. Foto: Amílcar Duarte; Rosário Lopes; José Furtado; João Duarte (2018).

Floração – O abacateiro possui características únicas a nível da floração. Apesar das flores serem hermafroditas, apresentam mecanismos que não permitem a autopolinização. Posteriormente, Stout (1923) classificou as cultivares de abacateiro em dois grupos: A e B. Essa classificação é baseada no comportamento das flores em relação ao período em que mostram a deiscência das anteras e a receptividade do estigma. Este fenómeno é conhecido por sincronia diurna dicogâmica protogínica. Existe dicogamia porque a maturação dos órgãos sexuais masculinos e femininos é desfasada. Trata-se de protoginia, porque a abertura da flor como feminina é sempre anterior à abertura como masculina e há sincronia porque as flores de uma mesma árvore abrem e fecham de forma sincronizada. Ou seja, as flores abrem duas vezes, a primeira abertura como femininas, depois fecham e, numa segunda abertura, são funcionalmente masculinas (Figura 24). Esta sincronia é diurna porque a abertura da flor se dá durante o dia, num ciclo diário (SALAZAR-GARCÍA et al., 2013).


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Figura 24. A. -Flor aberta do tipo masculino (direita) e flor aberta do tipo feminino (esquerda). Foto A: Joaquín Guillermo Ramírez-Gil (2017); B. -Flor na fase feminina e C. - Flor na fase masculina. Fotos: B-C: Joaquín Guillermo Ramírez-Gil (2017).

Mesmo assim, o florescimento do abateiro se mostra bastante variável conforme a região de cultivo, sendo as diferenças nas épocas de florescimento de uma mesma cultivar atribuídas as oscilações de temperatura, umidade relativa e nebulosidade, sobretude no período de indução floral (SILVA et al., 2014). Ou seja, tais fatores ambientais poderão modificar o comportamento de ambos os grupos, principalmente a hora de início e duração de cada uma das fases da flor. Para que a dicogamia se manifeste, como foi descrito por Nirody (1922) é necessário que a temperatura seja próxima de 25 °C durante o dia e que não desça abaixo de 16 °C durante a noite. Com uma floração muito intensa (Figura 25), é possível conseguir uma baixa taxa de vingamento e, mesmo assim, ter uma boa produção. A proporção de flores que dão origem a fruto é frequentemente inferior a um por cento. As dificuldades na polinização e a competição entre frutinhos são importantes causas de queda de flores/ frutos e de fatores limitantes da produtividade dos pomares. Além disso, após a queda de junho na região de


C a p í t u l o I | 47 Algarve (Portugal), ainda pode ocorrer uma importante queda de frutinhos, a qual se relaciona com elevadas temperaturas e baixa umidade relativa do ar.

Figura 25. Avocado Hass com máxima floração. Foto: Alice Bulmer (2020).

Flores – As flores de abacate são perfeitas, tem órgãos sexuais masculinos (estames; Figura 26) e femininos (pistilo); são trímeras, pequenas com diâmetro de 0,5 a 1,5 cm, são numerosas e agrupadas em uma panícula, de coloração verde-amarela, hermafroditas, pubescentes, com pedicelos curtos.

A flor quando totalmente aberta tem

aproximadamente 1,0 cm de largura e 6 a 7 mm de comprimento (DAVENPORT, 1986). Ela é perfeita, hipógina (o perianto e o androceu estão inseridos abaixo do ovário), regular e trimerosa (peças florais: sépalas e pétalas em número de três) (SCHROEDER, 1952). O perianto (conjunto de cálice e corola) é formado por três pétalas alternadas com três sépalas (REECE, 1939; SCHOLEFIELD, 1982). Estes seis segmentos do perianto estão dispostos em dois verticilos unidos em sua base, sendo o verticilo mais interno maior que o externo (DAVENPORT, 1986). No entanto, Blanke e Lovatt (1993) propuseram o uso do termo tépala, visto que sépalas e pétalas eram indistinguíveis com base na morfologia da superfície. Enquanto os estames são em número de doze distribuídos em 4 séries de 3, sendo nove funcionais e os demais (três) são estaminoides (estames modificados estéreis;


C a p í t u l o I | 48 Figura 27). Alinhado com cada pétala (ou tépala) está um estame e um estaminoide amarelo secretor de néctar. Da mesma forma, dois estames estão alinhados com cada sépala (ortepal), o interno tendo um par de nectários em sua base. As anteras são tetraloculares (BERGH, 1985), um pistilo com único carpelo e ovário com um só óvulo (Figura 11), envolvido pelos estaminoides e com um óvulo anátropo (o funículo sofre uma grande curvatura, o óvulo sofre uma rotação de 180° e a micrópila se aproxima do funículo) (SCHROEDER, 1952).

Figura 26. Estruturas reprodutivas do abacate (Persea americana Mill.). (a) Flor na fase feminina; (b) flor na fase masculina (liberação de pólen); (c) diagrama floral, onde 1 = sépala (externa) e pétalas (interna) ou mais corretamente tépalas; 2 = estame do verticilo médio; 3 = estame do verticilo interno; 4 = estaminodo glandular; 5 = pistilo. Foto: P. Fawcett em Tomlinson (1980).


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Figura 27. Esquema da flor do abacate, onde são observadas as diferentes partes. Fotos: IPGRI, 1995 e Jorge Alonso Bernal Estrada.

A duração das flores é de dois dias, antes da fecundação ou cai (AVILAN et al., 1992). É uma espécie que apresenta dicogamia e protoginia, ou seja, as flores se abrem duas vezes, primeiro agindo como flores femininas e depois como masculinas (GAZIT; DEGANI, 2007; Figura 28). Cada árvore gera grupos de flores de maneira continua, de forma que a floração é constante durante semanas e inclusive meses.

Figura 28. Flores de abacate na fase feminina (a,c); Flores de abacate na fase masculina (b,d). Fotos: J. Bernal (2014).


C a p í t u l o I | 50 Fruto – O abacate Hass tem formato oval ou periforme, com um peso entre 150 a 360 gramas, a casca é grossa, resistente ao transporte e de fácil remoção, sua cor varia do verde ao roxo escuro quando maduro. A coloração da casca inicial tem tonalidade de verde, e quando maduro, assume a cor verde-púrpura (RÍOS et al. 2005). O pedúnculo se apresenta na lateral ou no centro do fruto, por uma parte mais grossa, chamada pedicelo, e tem um tamanho de médio a longo (DONADIO, 1995; KOLLER, 2002). A polpa do avocado Hass tem excelente sabor ou qualidade, sem fibras, contém de 18 a 22% de óleo e é fácil de descascar. Por sua vez, a polpa, no meio e no final do amadurecimento, é de cor amarela creme. Quando o fruto atinge a maturidade fisiológica em climas frios, pode ser deixado na árvore por mais tempo. Em áreas moderadamente quentes a quentes, isso não é recomendado, porque a fruta adquire um sabor desagradável (LEMUS et al., 2005). A semente é pequena e esférica aderida ao mesocarpo (BARTOLI, 2008). Em alguns lugares, como Israel, Califórnia e Espanha, o abacate é uma planta dicogâmica, o que significa que o pólen da flor não pode fertilizar o ovário da mesma, sendo necessária uma fertilização cruzada, para a qual são utilizadas plantas polinizadoras do pólen, mas essas plantas em alguns casos agem como autoférteis, como no México e na América Central. Uma vez que as flores são polinizadas e fecundadas com sucesso, o processo de frutificação começa, o ovário engrossa no centro das flores, os restos de pétalas e androceu se destacam e o pedúnculo engrossa (CABEZAS et al., 2003). Na maioria das frutas, existem dois centros de crescimento: o óvulo e o pericarpo. O crescimento do pericarpo geralmente leva ao aumento de tamanho, enquanto o alongamento subsequente está relacionado ao desenvolvimento da semente (COWAN et al., 2001). Esse tamanho do fruto, além de depender do número de células, depende da divisão celular, a qual é maior na primeira etapa de desenvolvimento do fruto. Uma vez sucedendo o vingamento, 55 a 60 dias é a etapa mais sensível na divisão celular, qualquer estresse como alta temperatura ou radiação pode produzir um calibre menor do fruto (COWAN, 1997). Também o tamanho do abacate é fortemente afetado pela competição dos fotoassimilados. A escassez de carboidratos afeta o calibre potencial (WOLSTENHOLME; WHILEY, 1990). Em árvores com produção bienal, em um ano de baixa, a menor competição dos frutos produzirá tamanhos maiores (WHILEY; SARANAH, 1992). Por outro lado, o fruto do avocado Hass é uma baga que deriva de um gineceu unicarpelar e contém uma única semente (Figura 29). O pericarpo consiste em três camadas: o


C a p í t u l o I | 51 exocarpo que corresponde à casca, o mesocarpo que é a porção comestível do fruto ou a polpa, e uma fina camada interna delgada junto à epiderme da semente que corresponde ao endocarpo (CUMMINGS; SCHROEDER, 1942; SCORA et al. 2002; Figura 30).

Figura 29. Forma do fruto do avocado Hass tradicional. Foto: Samuel Salazar-Garcia (2017).


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Figura 30. Anatomia do fruto do abacate comum e do avocado Hass. Foto: Rogério Cunha Herchemann (2018).

Historicamente, o abacate foi considerado uma drupa, embora na realidade não se saiba ao certo. Estudos realizados por Barrientos et al. (1996) justificam porque o fruto é na verdade uma baga de monosperma, onde o endocarpo não é o revestimento da semente, mas uma pequena camada aderida ao endocarpo. O que se sabe é que a morfologia do pericarpo (Figura 31) é composta por exocarpo, mesocarpo e endocarpo, cada um com características específicas.


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Figura 31. Composição do pericarpo. Foto: Cummings e Schroeder (1942).

Exocarpo: vulgarmente conhecido como casca. Irregular e áspero na variedade Hass. Em climas frios esta aspereza se perde até certo ponto e em climas quentes o exocarpo é mais áspero (BARRIENTOS et al., 1996). A parte externa do exocarpo é coberta por uma camada homogênea de cera, que se denomina de cutícula, que pode ser removida por fricção. Sob essa camada de cera, uma camada epidérmica se estende por toda a superfície do fruto, interrompida apenas pelas lenticelas. Essas camadas são ricas em cloroplastos, o que dá uma cor verde a casca (Figura 32).

Figura 32. Composição do exocarpo. Foto: Cummings; Schroeder (1942).


C a p í t u l o I | 54 As lenticelas são aberturas naturais que aparecem na superfície do fruto mais velho, substituindo as aberturas do estômato presentes no início do desenvolvimento do fruto. Elas funcionam como um poro para a troca direta de gases entre a atmosfera e os tecidos internos do fruto. As lenticelas, no processo de amadurecimento do fruto, passam de quase invisíveis – pequenos pontos claros a pontos com cicatrizes bem visíveis. As lenticelas visíveis e cicatrizadas são sinais de maturação avançada. O escurecimento das lenticelas é um defeito de casca, que pode ter como causa a invasão de microrganismos pelas suas aberturas. Os estômatos estão presentes apenas na epiderme externa dos frutos jovens, pois são posteriormente substituídos pelas lenticelas. Este último aparece na superfície do fruto como manchas brancas ou cinza ligeiramente salientes (CUMMINGS; SCHROEDER, 1942; Figura 33). Alguns têm uma formação de cortiça, o que gera uma espécie de relevo. Também apresentam mudança de cor, adquirindo tons mais escuros quando o fruto está próximo ou na maturidade fisiológica. Esses sintomas são utilizados pelos produtores para determinar o corte do fruto, que deve ser realizado quando ele atingir a maturidade fisiológica.

Figura 33. Evolução das lenticelas. Fotos: CEAGESP (2015) e Jorge Alonso Bernal Estrada.

Mesocarpo (polpa): a polpa do abacate é constituída por células isodiamétricas, o que lhe confere uma estrutura uniforme. O mesocarpo é originado por divisão celular, a qual continua ainda em frutos totalmente maduros (BARRIENTOS et al., 1996). A célula parenquimática típica tem uma parede delgada de celulose e contém pequenas gotas de


C a p í t u l o I | 55 óleo (BLUMENFELD; GAZIT, 1974). Além disso, existem cloroplastos, cristais de oxalato de cálcio e amido nessas células (ROTH, 1977). A grande maioria do óleo de abacate é encontrada no mesocarpo, especificamente na forma de uma grande gota contida pelos vacúolos dos idioblastos, os quais estão circundados por células parenquimatosas (Figura 34).

Figura 34. Idioblasto e parênquima do mesocarpo de um abacate. CP = célula do parênquima; A = gota de óleo; PR = Protoplasma; PI = Parede do idioblasto. Foto: Cummings e Schroeder (1942).

Endocarpo: o endocarpo do abacate é definido como uma camada frágil de difícil identificação no fruto maduro, fortemente associada a epiderme da semente. Essas células contêm menos cloroplastos, grãos de amido, menos gotículas de óleo e cristais de oxalato de cálcio do que as células do mesocarpo (CUMMINGS; SCHROEDER, 1942). Sementes – A semente do avocado Hass é pequena em tamanho e apresenta um formato ovalado ou esférico, a qual fica aderida à cavidade, com base achatada e com ápice cônico (Figura 35); com duas camadas (epiderme e endocarpo) muito unidas (IPGRI, 1995). O endocarpo ou semente é importante na relação fruto/semente, sendo ideal uma porção maior de polpa e uma semente de tamanho médio a pequena. A superfície da semente é lisa, os cotilédones são hemisféricos de cor creme (IPGRI, 1995).


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Figura 35. Retirada da semente do fruto maduro do avocado Hass para germinação. Foto: SmartGarden Guide.

A semente tem um bom conteúdo de reservas, principalmente minerais. Durante séculos tem sido selecionada em busca de frutas com maior proporção de polpa comestível. A semente extraída de frutos completamente maduros está pronta para germinar, perdendo sua viabilidade com o passo do tempo (SCORA et al., 2007). A semente é fisiologicamente “recalcitrante”, ou seja, são sementes que não sobrevivem em condições de sequidade e frio, quando são conservadas ex situ (fora do local de origem). Essas sementes não suportam os efeitos da secura ou temperaturas abaixo de 10 °C; portanto, não podem ser conservadas por longos períodos, ao contrário das sementes ortodoxas, porque podem perder sua viabilidade (WOLSTENHOLME; WHILEY, 1999). -Aspecto Fisiológico Germinação. Em 1942, Eggers (1942) publicou sua descoberta de que, no abacate (Persea americana Mill.), a remoção dos tegumentos das sementes antes do plantio aumentava muito a taxa de germinação. Posteriormente (JOHNSTON; FROLICH, 1956), foi relatado que cortar as pontas das sementes era ainda mais eficaz (Figura 36). Um ou ambos os tratamentos são agora a prática usual na Califórnia, pelo menos com sementes que foram submetidas a armazenamento refrigerado (BERGH, 1961; EGGERS, 1960; JOHNSTON; FROLICH, 1956; ZENTMYER et al., 1958).


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Figura 36. Diagrama da seção transversal da semente de avocado, mostrando a localização aproximada das fatias do corte apical e do corte basal. Fotos: Bob Bergh (1988) e Sotomayor et al (2019).

A Figura 36 mostra uma seção transversal de uma semente de abacate. Esta vista é obtida separando os cotilédones. O embrião geralmente se divide de forma desigual entre os dois cotilédones; suas regiões internas podem ser examinadas por um corte longitudinal ao meio, como foi feito para a ilustração. A semente está corretamente posicionada para o plantio, da mesma forma que é pendurada à fruta da árvore. Ou seja, o epicótilo contém o ponto de crescimento da parte área (ponta do caule) que se originará uma árvore acima do solo. Da mesma forma, a radícula crescerá para se tornar as raízes da árvore. O corte basal deve, evidentemente, ser feito com cuidado para evitar qualquer tipo de lesão da radícula (Figura 37). Os resultados da Tabela 3 mostram que cada um dos cinco tratamentos de sementes resultou em aumentos estatisticamente significativos na germinação das sementes do avocado quando comparados com a testemunha. Também foi avaliado o tempo requerido para preparar cada tratamento (BERGH, 1988).


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Figura 37. Semente de avocado com a casca (esquerda); semente sem a casca (centro); e o corte da parte superior da semente (direita) para facilitar o seu processo de germinação. Fotos: SmartGarden Guide.

Tabela 3. Diferenças significativas na germinação das sementes de avocado submetidas aos diferentes tratamentos e o tempo requerido na preparação de cada tratamento. Tratamentos

Germinação (%) 0,0 19,4 25, 2 30,7

Tempo se Tratamento (Minutos) 0,0 16,4 5,6 7,6

1). Semente controle (semente intacta com casca) 2) Semente apenas descascada 3) Corte basal da semente (corte máximo de ½ cm) 4) Corte basal mais apical da semente (corte até 1,27 cm) 5) =4 mais descascada 39,6 13,6 6) =5 mais cortes laterais da semente 70,9 21,8 Obs: Média de todas as repetições 33 dias após o plantio (data de avaliação da germinação). Fonte: Bob Bergh (1988).

O tratamento completo (tratamento 6) foi o mais eficaz do que qualquer um dos outros em um grau altamente significativo. O segundo tratamento quase completo foi o tratamento 5; ambos os tratamentos deram resultados significativamente superiores ao tratamento 2 (apenas descascado; Tabela 3). Os tratamentos envolvendo apenas cortes inferiores e tratamentos cortes inferiores e superiores foram intermediários em eficácia entre o tratamento “apenas descascado” e o tratamento “descascado e mais ambos os cortes”, mas não acusaram diferenças significativas.


C a p í t u l o I | 59 -Aspecto da Biologia Produtiva O abacate é uma planta perene, com um tempo de vida útil de 25 anos em cultivares silvestres. No entanto, em variedades melhoradas, o ciclo de vida pode ser reduzido de 15 a 18 anos. Essas plantas têm um crescimento contínuo ao longo de seu ciclo de vida, resultado da dominância apical e do crescimento lento de botões terminais. Processo que favorece o desenvolvimento de brotos axilares fonte de floração e subsequente frutificação. Portanto, o ciclo de vida do avocado passa por quatro estágios bem definidos: 1. Produção de material vegetal: 7-10 meses. 2. Crescimento e desenvolvimento da planta até a fase juvenil: 1-4 anos. 3. Início da produção e estabilização da floração: 4-8 anos. 4. Estado adulto, produção total até a deterioração: 8-18 anos. O avocado apresenta uma trajetória de um comportamento muito particular denominada de dicogamia protogínica sincronizada (STOUT, 1923; GAZIT, 1977; BERGH; LAHAV, 1996). Ou seja, as flores do avocado abrem duas vezes e cada abertura é separada da outra por pelo menos uma noite. Na primeira abertura, as flores são funcionalmente femininas: os nove estames dobram-se para fora do perianto. O estigma é branco e receptivo ao pólen, mas o tubo polínico está fechado (Figura 38). Assim, as flores permanecem abertas por horas e depois fecham para abrir novamente pela segunda vez. Nesta segunda abertura, a flor é funcionalmente masculina. A deiscência da antera geralmente ocorre 12 horas após a segunda abertura da flor. A superfície estigmática pode permanecer branca, mas geralmente torna-se murcha e escura (STOUT, 1923; BERGH; LAHAV, 1996).

Figura 38. Primeira abertura da flor de avocado ‘Hass’ (etapa funcional feminina). Fonte: A-Amílcar Duarte; Rosário Lopes; José Furtado; João Duarte (2018) e B-Government of Western Australia, Agriculture and Food (2017).


C a p í t u l o I | 60 Para as plantas do grupo A (avocado Hass), as flores abrem pela manhã, na fase feminina, tendo o estigma (órgão feminino) receptivo e os estames dobrados, sem emitir pólen. Por volta do meio-dia, as flores fecham e só voltam a abrir no dia seguinte, aproximadamente à mesma hora. Nessa altura, o estigma tem uma coloração escura e não está receptivo, enquanto que os estames estão eretos e as anteras estão em condições de libertar o pólen, estando à flor, portanto, na fase masculina (Figura 39).

Figura 39. Segunda abertura da flor de avocado ‘Hass’ (etapa funcional masculina). Fonte: A-Amílcar Duarte; Rosário Lopes; José Furtado; João Duarte (2018) e BGovernment of Western Australia, Agriculture and Food (2017).

Com base neste comportamento floral, as cultivares de abacate são classificadas em dois grupos (STOUT, 1923): Grupo A. A primeira abertura (feminina) começa pela manhã e termina antes do meiodia. A segunda abertura (masculina) ocorre na tarde do dia seguinte. O ciclo de abertura da flor dura de 30 a 36 horas, segundo Stout (1927) e Traub et al. (1941) citados por Whiley et al. (2002). Grupo B. A abertura feminina ocorre no período da tarde e a segunda abertura na manhã do dia seguinte (Tabelas 4 e 5). O ciclo de abertura da flor dura de 20 a 24 horas, segundo Stout (1927) e Traub et al. (1941) citados por Whiley et al. (2002).


C a p í t u l o I | 61 Tabela 4. Sequência de abertura floral do abacate em condições ideais de temperatura (máximo 25 °C e mínimo 20 °C) para a floração A e B. Tipo de flor

Dia 1

Dia 1

Dia 2

Dia 2

(Manhã)

(Tarde)

(Manhã)

(Tarde)

A

Feminino

Fechado

Fechado

Masculino

B

Fechado

Feminino

Masculino

Fechado

Fonte: Government of Western Australia. Agriculture and Food (2017).

Tabela 5. Classificação das variedades comuns de abacate. Flor tipo A

Flor tipo B

Anaheim

Bacon

Gwen

Edranol

Hass

Ettinger

Hazzard

Fuerte

Lamb-Hass

Llanos-Hass

Pinkerton

Nabal

Reed

Nobel

Rincon

Sharwil

Wurtz

Shepard

-

Zutano

Fonte: Government of Western Australia. Agriculture and Food (2017).

Os fatores como a temperatura afetam o comportamento floral. Os padrões normais para a floração são temperaturas mínimas noturnas de cerca de 12 °C e máximas diurnas de cerca de 22 °C para as cultivares do grupo A, ou 26 °C para as cultivares do grupo B (LESLEY; BRINGHURST, 1951). À medida que as temperaturas mínimas noturnas ou máximas diurnas caem, as aberturas femininas e masculinas serão atrasadas, segundo indicam Stout (1933) e Peterson (1956) citados por Whiley et al. (2002). Esse atraso pode causar uma reversão no comportamento de floração entre as cultivares dos grupos A e B, conforme indicado por Stout (1927) citado por Whiley et al. (2002). Do exposto anterior, pode-se pensar que em condições de campo, a combinação de duas cultivares complementares pareceria necessária para obter um ótimo rendimento. Porém, sabe-se que a fenologia dicogâmica é afetada pela temperatura, a qual retarda a abertura das flores, o que aumenta a oportunidade de autofecundação (SEDGLEY; GRANT, 1983). Whiley e Winston (1987) citados por Téliz (2000) chegaram a concluir que na


C a p í t u l o I | 62 Austrália, com temperaturas adequadas durante a época de antese, não há necessidade do uso de polinizadores no abacate. Quando a dicogamia é influenciada pelas condições ambientais, o comportamento floral descrito no parágrafo anterior só se dá quando as temperaturas são elevadas, particularmente quando a temperatura diurna é de 25 °C e a noturna de 15 °C. As alterações de temperatura, umidade relativa do ar e nebulosidade modificam o comportamento dos abacateiros do grupo A, principalmente, a hora de início e a duração de cada uma das fases da flor. Quando as temperaturas são mais baixas, há um atraso nos ciclos de abertura das flores. Nesse caso, as flores de abacateiros do grupo A, como o ‘Hass’, depois da abertura como femininas, só abrem como masculinas no terceiro dia (ALCARAZ; HORMAZA, 2009). Em relação à época de iniciação floral do abacate, o primeiro evento comumente relatado é o início da inflorescência e ocorre em um período de dois a três meses (REECE, 1942; INOUE; TAKAHASHI, 1990). As etapas subsequentes de desenvolvimento flora até a antese podem requerer dois a três meses adicionais (REECE, 1942). Um período prolongado de “plena floração” é comum devido à presença de microclimas e aos efeitos das baixas temperaturas no momento da antese. A Tabela 6 mostra o comportamento do processo floral do abacate em diferentes condições de cultivo.

Tabela 6. Meses em que ocorrem algumas etapas importantes do desenvolvimento floral em várias cultivares de abacate. Raça, cultivar e localização.

Iniciação da

Desenvolvimento floral

Antese

inflorescência

Perianto

Estames\pistilo

Guatemalteca x Mexicana

Set. – out.

Jan.

Fev. – Mar.

Mar. - Maio

a)Hass (Califórnia)

Jul. – Nov.

Ago. – Dez.

Ago. – Jan.

Set. – Abr.

b) Hass (México)

Maio – Jul.

-

-

Set. – Dez

c) Hass (Nova Zelândia)

-

-

-

Set. – Nov.

d) Hass (Chile)

-

-

-

Ago. – Nov.

e) Hass (Austrália)

-

-

-

-

Mexicana x Guatemalteca

Nov.

-

-

Jan. – Fev.

a) Fuerte (Califórnia)

Nov.

Dez.

Jan. – Fev.

Mar. – Abr.

b) Fuerte (Japão)

Jul. – Nov.

Ago. – Dez.

Set. – Jan.

Set. – Mar.

c) Fuerte (México)

Abr. - Maio

-

Jun.

Jul. – Ago.

e) Fuerte (Autrália)

-

-

-

-

Fonte: Daniel Teliz (2000).


C a p í t u l o I | 63 POLINIZAÇAO Transporte do pólen. Estando as flores femininas e masculinas em árvores diferentes, é necessário que o pólen seja transportado entre árvores. Essa função é assegurada por diversos insectos, com especial destaque para as abelhas (CARABALÍ et al., 2017; Figura 40).

Figura 40. Abelha a recolher néctar numa flor de 'Hass'. Foto: Maria do Rosário Capela Lopes (2020).

Os estaminoides e os nectários são importantes para atrair insetos polinizadores (SCHOLEFIELD, 1982). Durante a fase feminina da flor, o néctar é segregado pelos estaminoides. Na fase masculina, o néctar é segregado pelos nectários (CUEVAS; CABEZAS, 2007). Mesmo assim, e apesar da enorme quantidade de flores, o abacateiro segrega menos de metade do néctar do que igual área de laranjeira (ISH-AM; EISIKOWITCH, 1998). Isto faz com que o abacateiro seja uma espécie relativamente pouca atrativa para as abelhas. Estudos realizados recentemente na Colômbia revelam que, naquelas condições, a presença de quatro colmeias por hectare é suficiente para ter uma boa polinização dos abacateiros, mesmo quando a distância ao apiário mais próximo é de 250 metros (PEÑA; CARABALÍ, 2018). Mesmo assim, e tendo em conta que por vezes as abelhas são atraídas para outras culturas e plantas espontâneas, recomendam-se que sejam instaladas entre dez e doze colmeias por hectare (Figura 41).


C a p í t u l o I | 64

Figura 41. Colmeias colocadas no pomar de avocado Hass. Foto: Maria do Rosário Capela Lopes (2020).

Segundo Koller et al. (1991), as gemas florais do abacateiro aparecem sempre na parte terminal ou subterminal dos ramos, que geralmente se formaram no verão. Dias antes da brotação das gemas, elas ficam mais entumecidas e voluptuosas, e com uma cor mais clara do que as gemas vegetativas que são fusiformes. Os frutos não se encontram nas extremidades dos ramos, porque as gemas vegetativas se encontram logo após as gemas florais, então quando ocorre à inflorescência, em seguida já brotam as gemas vegetativas prolongando os ramos. A diferenciação floral ainda não é bem definida, pois as condições climáticas e suas variações de ano para ano influenciam muito. Em regiões frias comumente florescem no fim do inverno/início da primavera, enquanto em regiões quentes acontece antes. As flores se reúnem em panículas do tipo racimo. A variação da quantidade de flores em cada panícula é grande podendo ir de 50 até mais de 300. E uma planta de abacate pode ter o mesmo tanto de panículas que extremidades vegetativas dos ramos (KOLLER, 2002). Além disso, a flor do abacateiro é hermafrodita, com órgãos masculinos e femininos perfeitos para produzir frutos, porém os órgãos sexuais apresentam épocas de maturidades diferentes (dicogamia protogínica), são pequenos e de cor amarelo claro, trímeras, ou seja, com 3 pétalas e sépalas com coloração semelhante, contém 12 estames, mas apenas 9 funcionais. Tem apenas um pistilo com ovário supero simples, um lóculo e óvulo (BERGH, 1975; MARANCA, 1983). O fenômeno chamado dicogamia protogínica caracteriza pela maturação do órgão masculino (anteras) que acontece depois da


C a p í t u l o I | 65 maturação do órgão feminino (estigma), ou seja, quando ocorre à liberação do pólen pelas anteras, o estigma não estará receptivo para eles na mesma flor (KOLLER, 1992; ALMDEIDA, 2013, MATHIAS, 2015). Devido a este fenômeno, a polinização de uma flor necessitaria do pólen de outra flor para que acontecesse a fecundação, contudo ainda existe outro fenômeno nas plantas de abacate que deixa ainda mais difícil a fecundação na mesma variedade. Reunindo então as variedades de abacate em dois grupos distintos, chamados de A e B (KOLLER 1992; 2002). No grupo A, as flores estarão na maturidade sexual do órgão feminina pela manhã, o estigma estará receptivo para o pólen, contudo as anteras vão estar fechadas e com os estames longe do estigma. A flor se fecha e só volta a se abrir na tarde do outro dia, onde ocorre à maturidade sexual do órgão masculino onde os estames ficam perto do estigma, quando as anteras estão abertas e liberando pólen, mas o estigma já não está mais receptivo. Esse acontecimento tem uma duração de 36 horas. O grupo B, apresenta uma ordem cronológica diferente, a fase feminina da flor vai estar em sua maturidade (estigma receptivo) na parte da tarde se fechando a noite, e a parte masculina da flor vai chegar a sua maturidade (anteras abertas) pela manhã do dia seguinte. E dando um período de 24 horas desde a primeira abertura da flor até seu fechamento final, em condições ideais (MARANCA 1983, KOLLER 1992; 2002, CAMPOS 2006). Segundo Texeira (1991) e Koller (1992) para se alcançar alta percentagem de fecundação e chegar a grandes produtividades é necessário realizar plantios intercalados de variedades de grupos florais diferentes e que florescem na mesma época. A proporção vai depender do manejo que o produtor quiser adotar, e se forem ambas as variedades de interesse comercial para ele, pode-se plantar metade de cada uma intercalando a cada linha ou de três em três linhas, mas se quiser plantar uma variedade principal apenas, pode fazer uma proporção mínima de 1:8 ou 1:12. Por isso é importante conhecer o funcionamento da biologia floral de cada variedade de abacate. Então se esse fenômeno da dicogamia protogínica acontece exatamente igual na literatura e segue à risca os grupos florais, onde um pomar de apenas uma variedade seria improdutivo, porém na prática não é isso que acontece. Em pesquisas realizadas já foi observado que ocorre uma sobreposição das fases masculina e feminina das flores na mesma planta, e dando resultados satisfatórios em relação à produtividade, ainda mais


C a p í t u l o I | 66 com a presença dos polinizadores entomófilos. Isso acontece porque as fases da flor são influenciadas pelo clima, como a variabilidade das luminosidades, umidade e temperatura. Também foi observado que em regiões tropicais a dicogamia protogínica ocorre com mais frequência do que nas regiões subtropicais. Mesmo assim é recomendado principalmente em regiões onde não se conhece o comportamento floral da variedade, plantar variedades consorciadas de grupos florais A e B com épocas semelhantes de florescimento (STOUT, 1923; 1924; MALO, 1978, citado por KOLLER, 1992; MONTENEGRO, 1951, citado por, FRANCISCO; BAPTISTELLA, 2005). Para que ocorra uma boa polinização no pomar do abacateiro, utilizam-se plantas dos dois grupos (Flor tipo A e Flor tipo B) para que se polinizem entre si. Tendo em consideração que a cultivar ‘Hass’ (pertencente ao grupo A) é a mais valorizada comercialmente, geralmente ela aparece como a cultivar principal em quase todos os pomares. Assim, é necessário plantar polinizadoras do grupo B, que polinizarão a cultivar ‘Hass’ e as flores serão polinizadas por ela. A proporção de polinizadoras deve ser de três a cinco por cento do total de árvores do pomar. Nos primeiros pomares de abacateiro plantados no Algarve (Portugal), as polinizadoras mais usadas eram as cultivares ‘Bacon’ e ‘Fuerte’. A ‘Bacon’ continua a ser amplamente utilizada, porque o fruto tem maior valor comercial e é a que tem maior coincidência de época de floração com a cultivar ‘Hass’. Nos últimos anos têm vindo a serem utilizadas outras polinizadoras como ‘Zutano’ e ‘Ettinger’. A ‘Zutano’, que floresce primeiro, poliniza a ‘Hass’ no início da sua floração, enquanto a ‘Ettinger’ a poliniza na fase descendente da floração. Levando em conta que as épocas de floração das cultivares polinizadoras nem sempre são coincidentes com as épocas de floração da ‘Hass’ e podem variar de um ano para outro, é preferível conjugar duas ou três polinizadoras do grupo B, por exemplo, ‘Zutano’, ‘Bacon’ e ‘Ettinger’. Tendo em vista as alterações à dicogamia descritas anteriormente, em certas condições ambientais pode haver polinização entre plantas do mesmo grupo e, até, entre flores da mesma planta. Isso explica o porquê de algumas árvores isoladas produzem um número significativo de frutos. A polinização direta (entre órgãos da mesma flor) é quase impossível.


C a p í t u l o I | 67 FENOLOGIA DO AVOCADO O ciclo reprodutivo do abacate 'Hass' nas condições de cultivo da Califórnia (Hemisfério Norte), foi descrito por Lovatt (1990) e é mostrado na Figura 42. A floração do abacate é muito abundante e prolongada no tempo dependendo das condições climáticas (GAZIT; DEGANI, 2002). Durante a época de floração, ocorrem os processos de polinização, fecundação e vingamento (cuajado) dos frutos; e depois de tais processos, o fruto começa seu crescimento.

Figura 42. Ciclo sazonal reprodutivo do abacate ‘Hass’ em San Diego (Califórnia). Fonte: Lovatt, 1990; modificado.

Na Figura 43 encontra-se uma representação resumida das fases fenológicas do avocado a partir do plantio da semente em canteiro de produção de mudas até alcançar a fase de pós-colheita. Bárcenas (2002) divide a fenologia do abacate em três fases: vegetativa, floração e frutificação, cada uma das quais é dividida em cinco etapas que são descritas a seguir.

Figura 43. Etapas fenológicas do avocado Hass.


C a p í t u l o I | 68

Fisiologia. O desenvolvimento da planta do abacate pode ser descrito em duas grandes fases: a fase vegetativa e a fase reprodutiva. Cada fase consta de diferentes etapas: 1.Fase vegetativa Nesta fase, a planta desenvolve uma grande área foliar e é composta por cinco etapas. Etapa 1. Corresponde ao período vegetativo de um ramo que já terminou o seu crescimento, o qual possui uma gema terminal alargada e delgada. Nas axilas das folhas, que são de formação recente, observa-se a emissão de gemas axilares. Etapa 2. Nesta fase, as gemas terminais começam a se desenvolver, incham e as escamas que as cobrem começam a se desprender. Posteriormente, as gemas adquirem uma cor amarela. O tamanho da base das gemas é exatamente o mesmo que no estado anterior, mas há uma separação maior das escamas. Etapa 3. No extremo do rebento aparecem quatro a cinco folhas. Etapa 4. A gema terminal se transforma em um rebento juvenil, cuja cor varia entre o vermelho escuro ou o vermelho pálido; entretanto, as folhas ainda não atingiram seu pleno desenvolvimento. Etapa 5. Finaliza a formação das folhas. As folhas atingem o seu total desenvolvimento, ficando com uma coloração da fase anterior. O limbo com sua atividade fotossintética, regulação estomática, etc., mas ainda não é totalmente funcional. Portanto, ao finalizar a maturação das folhas (Figura 44), que adquirem uma coloração verde clara, as etapas de desenvolvimento se repetem novamente (BERNAL, DÍAZ, 2008).

Figura 44. As cinco fases vegetativas do avocado.


C a p í t u l o I | 69 Ramificação. Está em função do vigor da planta, pois coincide com o período de alongamento, estabelece-se uma competição entre as gemas apicais e axilares, que resulta no aparecimento de novos ramos e na formação da copa ou dossel, com crescimento horizontal e vertical. 2.Fase reprodutiva A fase reprodutiva começa quando termina a fase vegetativa ou juvenil da árvore; portanto, começa com a formação das inflorescências, ou seja, com a floração. A floração do avocado consta de cinco etapas: Etapa 1. A gema apical amarela e inchada com separação das escamas superiores, enquanto as gemas axilares estão inchadas e se tornam de cor verde claro. Etapa 2. As brácteas abrem-se e das gemas laterais diferenciadas começam a aparecer às inflorescências, que se distinguem claramente os botões florais. Etapa 3. Os pedúnculos florais secundários são alongados. Etapa 4. O pedúnculo floral alcança seu estado definitivo e o racimo floral está completamente definido. Ou seja, ocorre o alongamento do eixo terciário: as flores são completamente diferenciadas, mas fechadas. Etapa 5. Começa quando os pedúnculos florais se separam e os pedicelos se abrem (abertura da flor ou antese; Figura 45).

Figura 45. As cinco fases de floração do avocado


C a p í t u l o I | 70 3.Frutificação O início dessa etapa é considerado quando ocorre a fecundação da flor, que ocorre 24 horas após a polinização. Consta de duas etapas: Etapa 1. Frutos de 1 a 15 mm de diâmetro. Em destaque: as sépalas secas revestem o ovário e estilo visível. Nesta etapa, as flores caem pela má polinização ou nenhuma polinização. Etapa 2. Frutos de 16 a 39 mm de diâmetro. Etapa 3. Frutos de 40 a 50 mm de diâmetro. Etapa 4. Frutos maiores que 51 mm de diâmetro, que ainda mantêm a cor verde claro. Etapa 5. Frutos maiores que 51 mm de diâmetro, porém verde-escuros, prontos para o corte (Figura 46).

Figura 46. Cinco fases do avocado no processo de frutificação.

Desenvolvimento do fruto: A divisão celular continua até que o fruto alcança a maturidade fisiológica. Crescimento. Começa a produção de frutos e o seu crescimento é acentuado. Duração de 1,5 a 3 anos. Plena produção. Abundantes florações e frutificações. Começa a partir do quarto ano, mas a máxima expressão da produção ocorre entre cinco e oito anos e a produção tende a se estabilizar. De forma a facilitar os registos do estado fenológico da flor e uma vez que todos estes estádios são sequenciais, foram encontradas contradições entre as várias escalas relativas às fases da flor, principalmente as de Gadish Am e Dan Eisikovich (1993) citados por Lopes (2020; Figura 47) e para Cabezas Soriano et al. (2002) foi desenvolvida uma escala


C a p í t u l o I | 71 numérica simplificada, de 1 a 10, (Figura 48). Portanto, para cada uma destas fases correspondendo o nº 1 ao botão inchado antes da 1ª abertura, o nº 2 ao estádio B1 e assim sucessivamente até ao nº 10, que corresponde ao estádio E (Figura 47). Para facilitar a identificação de cada estádio, foram utilizadas imagens das flores, recolhidas ao longo do estudo (Figura 48), segundo Lopes (2020).

Figura 47. Estádios fenológicos da flor do abacateiro segundo Gadish Am & Dan Eisikovich (1993).


C a p í t u l o I | 72

Figura 48. Estádios da fenologia da flor (*Gadish Am; Dan Eisikovich (1993); **Cabezas, C.; Hueso, J. J.; Cuevas, J. (2002); *** Escala numérica própria de Lopes (2020). Fotos: J. Duarte (2020).


C a p í t u l o I | 73 INDUÇÃO FLORAL A indução floral é uma série de alterações nas células do meristema vegetativo que permite o aparecimento de órgãos florais em vez de folhas. Essas alterações fisiológicas são causadas por alterações metabólicas nas células meristemáticas. As mudanças morfológicas ocorrem quando os primórdios das gemas axilares ou apicais são formados no final de cada fluxo de crescimento e se encontram protegidos por brácteas (Figura 49). Foto

Dias após antese

Características

8

E5: aumento no tamanho do broto floral. Escamas separadas

14

E6: as brácteas envolvem a inflorescência

28

E7: abertura das brácteas da inflorescência. Inflorescência começa a emergir.

34

E8: alongamento dos eixos secundários (estado de couveflor). Eixos terciários ainda recobertos por brácteas. Aparecem pequenas flores fechadas.

44

56

E10: flores completamente diferenciadas, mas fechadas.

E11: flores em antese. Brotação de gemas vegetativas no ápice de inflorescências indeterminadas no início do fluxo vegetativo de primavera

Figura 49. Processo de formação floral. Fonte: Rebolledo; Romero (2011).


C a p í t u l o I | 74 Essas alterações metabólicas ocorrem em função de diversos aspectos como o clima (baixas temperaturas), ações físicas (anelamento-poda) na árvore, aplicação de substâncias químicas (produtos hormonais), estresse hídrico provocado (déficit hídrico). Além disso, outro aspecto a ser considerado após a indução floral é a diferenciação floral, que é a manifestação externa ou alteração morfológica, como as partes observáveis da planta (ROMERO, 2012).

INDUÇÃO FLORAL PELA TÉCNICA DO ANELAMENTO De acordo com Duque (2012), uma das tradições que os agricultores usavam era realizar lesões ou anelamento no caule da planta com um facão na época da Semana Santa para que a árvore tivesse uma produção maior, obtendo assim bons resultados, sem saber por que isso ocorria. Ao realizar essa prática se geravam boas colheitas e davam indícios da possibilidade de programar as colheitas. Em função do exposto, na década de 80 os primeiros ensaios de anelamento de ramos foram realizados sem o conhecimento e técnica adequada para sua execução, em alguns casos não apresentaram respostas positivas quanto aos florescimentos, e em outros havia abatimento e perda de árvores devido a práticas inadequadas de execução e cicratização, os quais geraram problemas patológicos. Recentemente, em trabalhos realizados em lavouras tecnificadas durante vários anos e em diferentes áreas produtoras do país, constatou-se que o anelamento, em condições tropicais, aumenta a produtividade das árvores submetidas a esta técnica. Isso ocorre não somente pelo aumento da produção em quilos de frutas por unidade, mas também pela renda extra que pode ser auferida, por ter a possibilidade de programar as colheitas para as épocas de maior preço de venda. Para o abacate Hass, um anelamento de 1 cm de largura feito em um ramo, que será fechado em 5-7 semanas; isso mostra o início da floração 8-10 semanas após ser anelado; e dependendo da altitude acima do nível do mar (altitude, tempo), apresentaria uma colheita em 34-50 semanas após a floração (DUQUE, 2012). O anelamento nas árvores produtivas do avocado Hass, permite gerar interrupções parciais de transporte de nutrientes para a zona de floração. O anelamento é uma técnica empregada na Austrália para melhorar a floração e a frutificação a nível de toda a árvore ou no nível de ramos (galhos) ou brotos. Visa interromper temporariamente o transporte de carboidratos, metabólitos e certos hormônios para a raiz. Essa prática deve ser utilizada


C a p í t u l o I | 75 com cautela e com amplo respaldo na fisiologia vegetal, para evitar a morte da árvore por uma prática inadequada (REBOLLEDO; ROMERO, 2011), pois se for feito um corte muito profundo ou largo no caule e se depois não consegue recuperar o tecido da casca, pois tal caso pode suceder. Recomenda-se conhecer primeiro as estruturas do caule em termos dos tecidos da casca e logo proceder na implementação desta técnica. O anelamento é um corte superficial que se faz na parte externa de um ramo, cuja largura varia entre 5 e 10 mm conforme mostrado na Figura 50. Considera-se que a principal função do anelamento é a interrupção do transporte pelo floema de fotoassimilados e provavelmente fitohormônios entre a porção anelada e outras partes da planta (DUQUE, 2012)

Figura 50. Anelamento recém-realizado e 8 semanas depois. Fotos: Duque (2012) e J. Bernal (2014).


C a p í t u l o I | 76 A época para realizar o anelamento nas zonas das estações climáticas é feito durante o outono, nas zonas tropicais, o indicador se faz com relação à planta quando na copa se encontra em sobreposição permanente de todos os ciclos fenológicos, entretanto, há uma porção que está em estado de repouso e se visualiza uma grande quantidade e proporção de folhas maduras ativas e gemas latentes. Esta parte da árvore tem uma ótima resposta ao anelamento, ciclo de gemas latentes (fechadas), emissão de florações e vingamento de frutos. Portanto, dependendo da necessidade de programar as florações e colheitas que se deseja ter, pode-se decidir a porção da árvore a ser anelada, sempre e quando esta apresente uma boa proporção de folhas maduras que permitam o acúmulo de fotoassimilados (DUQUE, 2012). No Congresso Mundial de Abacate no Chile em 2011, considerou o anelamento como uma técnica efetiva e bem-sucedida para indução floral, a qual é amplamente aplicada no Hemisfério Sul e especificamente no Chile.

INDUÇÃO FLORAL PELA APLICAÇÃO DE FITORREGULADORES Devido às dificuldades de produção e a necessidade de aumentar o rendimento da cultura, uma técnica que vem sendo adotada em países produtores de abacate com bons resultados, é a aplicação de fitorreguladores, utilizados para manipular o florescimento, frutificação, qualidade de frutos e o desenvolvimento vegetativo (LOVATT, 2005). Outro fator a ser considerado é a altura das plantas. Os abacateiros são naturalmente vigorosos, o que reflete em gastos excessivos para sua manutenção (BEN-YA’ACOV; MICHELSON, 1995) e numa baixa produção de frutos (BONINO et al., 2011), afinal o crescimento vegetativo abundante tende a deixar a copa da planta cada vez mais alta e internamente sombreada, resultando em baixa fixação e menor tamanho e qualidade de frutos (PENTER et al., 2000; LEONARDI, 2001). A poda é um manejo que permite a renovação das brotações e favorece a iluminação do dossel, porém ao ser podado, o abacateiro emite novas brotações muito vigorosas que não apresentam flores, contribuindo para uma menor produtividade (STASSEN et al., 1999). Pesquisas sobre as respostas dos abacateiros aos fitorreguladores têm sido bastante estudadas nos últimos 25 anos (MENZEL; LAGADEC, 2014). Trabalhos realizados em pomares irrigados de abacateiros ‘Hass’ apontaram a eficácia da aplicação de fitorreguladores durante o florescimento para aumentar produção e o tamanho de frutos


C a p í t u l o I | 77 (WOLSTENHOLME et al., 1990; WHILEY et al., 1991; ERASMUS; BROOKS, 1998; PENTER et al., 2000), sendo este um manejo muito difundido em países como Austrália, Nova Zelândia, Chile, Estados Unidos e África do Sul (WHILEY et al., 2013). Entre os fitorreguladores mais utilizados na produção de abacateiros no mundo estão os triazóis: paclobutrazol e uniconazole; as acilciclohexanodionas: prohexadione-cálcio, o ácido giberélico e as citocininas (ADATO, 1990; WOLSTENHOLME et al., 1990; CUTTING, 1993; LEONARDI, 2005; LOVATT, 2005; MENZEL; LAGADEC, 2014). Os triazóis e as acilciclohexanodionas pertencem à classe dos fitorreguladores inibidores da biossíntese de giberelinas, que são hormônios vegetais reguladores da altura da planta e seus níveis estão geralmente relacionados com o comprimento do caule, mas também desempenham papel importante em vários outros fenômenos fisiológicos, como na iniciação floral e estabelecimento do fruto (TAIZ; ZEIGER, 2013). Estes fitorreguladores são comumente aplicados em plena floração, pois possui a característica de inibirem o crescimento do broto vegetativo que é emitido acima da panícula floral, induzindo desta forma, a transferência dos fotoassimilados para o desenvolvimento dos frutos e não para o broto vegetativo. Se aplicados em rebrotos de poda, também são capazes de interromper o crescimento dos mesmos por um período de tempo, contribuindo assim para a redução do vigor (KÖHNE; KREMER-KÖHNE, 1987; ADATO, 1990; MANDEMAKER et al., 2005; ATUCHA, 2006). Outras duas classes de fitorreguladores também utilizadas no cultivo do abacateiro são o ácido giberélico e as citocininas, geralmente aplicadas em plena floração ou no desenvolvimento inicial dos frutos (GREENE et al., 1992), com capacidade de aumentar a frutificação, o tamanho de frutos e consequentemente o rendimento da cultura (LOVATT, 2005; ZHENG et al., 2011). 1. Grupo dos triazóis: paclobutrazol e uniconazole. Grande parte dos fitorreguladores utilizados em plantas é representado pelo grupo dos retardantes de crescimento vegetal, conhecidos por atuar na inibição da biossíntese de giberelinas de crescimento ativo (RADEMACHER, 1997). Os inibidores de giberelinas são muito utilizados no cultivo de abacateiros em diversos países produtores (FINAZZO; DAVENPORT, 1987) com efeitos bem conhecidos na cultura (KÖHNE; KREMER-KÖHNE, 1989; ADATO, 1990; PENTER et al., 2000;


C a p í t u l o I | 78 WOLSTENHOLME et al., 1990). Dentro deste grupo, paclobutrazol (Cultar®) e uniconazole (Magic® ou Sunny®) estão registrados para o uso em abacateiros na Austrália, Chile, Israel, Nova Zelândia e África do Sul (WHILEY et al., 2013). Tanto o uso do paclobutrazol, quanto o de uniconazole via pulverização em plena floração, podem incrementar a produtividade do abacateiro (WHILEY et al., 2013). Vuthapanich et al. (1995) registraram acréscimos significativos na produção e no número médio de frutos, com peso médio superior a 300 gramas, em um pomar irrigado de abacateiros ‘Hass’ com 7 anos de idade, pulverizados com paclobutrazol na concentração de 1% em plena floração. Os autores reportaram uma produção média de 38,6 kg.planta 1

e um número médio de 139 frutos de abacate por planta nesta categoria de calibre,

enquanto que a testemunha exibiu uma produção média de 11,6 kg.planta -1 e o número médio de 44 frutos por árvore. Na média de três safras consecutivas de um pomar de abacateiro ‘Hass’ irrigado na Austrália, Whiley et al. (1991) registraram em relação a testemunha que a aplicação de paclobutrazol na concentração de 0,065% aumentou a produção em 43%, enquanto que a concentração de 0,125% aumentou não só a produção (40%), mas também o tamanho de frutos em 11%, enquanto a concentração de 0,25% aumentou em 14% o tamanho de frutos. No Peru, Leandro et al. (2015) reportaram para um pomar de abacateiros ‘Hass’ no quarto ano de produção, um incremento significativo de 18% no número médio de frutos, quando pulverizados com 0,375% de paclobutrazol em plena florada e após vinte dias da primeira aplicação, quando comparado à testemunha. Além dos efeitos de paclobutrazol no rendimento da cultura, há registros do encurtamento de ramos vegetativos, que ocorrem concomitantemente com o florescimento. Na África do Sul, Köhne e Kremer-Köhne (1987) reportaram para abacateiros ‘Hass’ irrigados, de 19 anos de idade, uma redução significativa de 43% no comprimento dos brotos acima das panículas de inflorescências indeterminadas, assim como um incremento significativo na retenção de frutos na planta, após aplicação via pulverização foliar de paclobutrazol na concentração de 0,4% em pleno florescimento. Num experimento conduzido na Austrália, em abacateiros ‘Hass’ irrigados, de 7 anos, Wolstenholme et al. (1990) registraram uma redução significativa de 40% no comprimento dos fluxos vegetativos de primavera e um aumento significativo de 20% no


C a p í t u l o I | 79 tamanho médio de frutos, quando as plantas foram pulverizadas com paclobutrazol em plena flor nas concentrações de 1 e 2% do ingrediente ativo (i.a), respectivamente. O uniconazole, registrado como Magic® (Israel) ou como Sunny® (Austrália, Chile, Nova Zelândia e África do Sul), também tem sido utilizado para aumentar a produção e melhorar o tamanho dos frutos em abacateiros (WHILEY et al., 2013). Num experimento conduzido na África do Sul, Erasmus e Brookes (1998) verificaram em relação à testemunha, um incremento significativo de 24% na massa de frutos de abacateiros ‘Hass’ quando as plantas foram pulverizadas no florescimento com 0,05% de uniconazole. Em outro estudo conduzido na África do Sul, Penter et al. (2000) registraram que a aplicação de 0,035% de uniconazole via pulverização foliar na plena florada de um pomar de abacateiros ‘Hass’ irrigado, com 3,5 anos de idade, dobrou a produção (Kg.planta -1) de frutos em relação ao tratamento controle não pulverizado, que foi de 28 kg.planta -1 e 14 kg.planta-1, respectivamente. Na Austrália, em um pomar de abacateiros ‘Hass’ irrigados, de 6 anos de idade, Leonardi (2005) reportou nos dois anos de aplicação de 0,05% de uniconazole no florescimento, o acréscimo significativo de 24 e 30 g, respectivamente em cada ano de aplicação, na massa média dos frutos, quando comparados com a testemunha não pulverizada. Mena et al. (2003) utilizando a mesma concentração e época de aplicação do trabalho de Leonardi (2005) também registraram o efeito do fitorregulador uniconazole no tamanho médio de abacates ‘Hass’, em um pomar irrigado no Chile, verificando um incremento de 22% na massa média de frutos, em relação a testemunha. 2. Grupo das acilciclohexanodionas: prohexadionecálcio (ProCa). O fitorregulador ProCa é amplamente difundido na cultura do abacateiro com vários registros do seu uso (MANDEMAKER et al., 2005; ATUCHA, 2006; GARNER et al., 2011; ZHENG et al., 2011) assim como em outras frutíferas (ATUCHA, 2006; DIAS, 2014). Segundo Lovatt (2003) prohexadione-cálcio é usado em abacateiros para inibir o crescimento vegetativo que ocorre acima da inflorescência indeterminada, reduzindo assim, a competição existente entre o desenvolvimento dos frutos e dos brotos, sendo considerada uma alternativa ao uso do paclobutrazol, por resultar em efeitos similares no abacateiro (LOVATT, 2004).


C a p í t u l o I | 80 Num pomar irrigado de abacateiros ‘Hass’ na Califórnia, Zheng et al. (2011) reportaram um incremento significativo médio de 1,3 Kg de frutos a mais por planta em relação à testemunha, de peso médio igual ou superior a 270 gramas, quando pulverizado com 125 mg.L-1 de prohexadionecálcio em pleno florescimento. Nessas mesmas condições de clima, concentração e época de aplicação do fitorregulador ProCa, Lovatt (2003) também registrou efeito na produção e número médio de frutos, da categoria de calibres entre 206 a 262 g, num pomar de abacateiro ‘Hass’ irrigado na Califórnia. A autora registrou a produção de 5,05 kg.planta-1 e 14 o número médio de frutos por planta para esta categoria de calibres, enquanto que a testemunha exibiu os valores de 2,12 Kg.planta -1 e 6 frutos, respectivamente. No Chile, Atucha (2006) verificou que abacateiros ‘Hass’ irrigados, de 6 anos de idade, pulverizados com 125 mg.L-1 de ProCa em plena floração, apresentaram um acréscimo de 7 a 8% no peso médio de frutos, se comparados a testemunha não pulverizada. Na Califórnia, Lovatt (2004) reportou um acréscimo de 5% no comprimento médio de frutos de abacateiros ‘Hass’ irrigados em relação ao controle, com a mesma concentração de ProCa utilizada por Atucha (2006), aplicada nos estágios de couve-flor e plena antese. 3. Ácido giberélico (GA3). As giberelinas biologicamente ativas atuam como reguladores essenciais modulando várias respostas no desenvolvimento das plantas (BARRERA, 2014) como, por exemplo, na germinação de sementes, na transição para o florescimento, no desenvolvimento do pólen, no comprimento do caule, além de promover o estabelecimento e o crescimento de alguns frutos (TAIZ; ZEIGER, 2013). Somente as giberelinas biologicamente ativas podem cumprir com tais funções, já as giberelinas não bioativas existem no tecido vegetal atuando como precursoras das formas bioativas (BARRERA, 2014). Na cultura do abacateiro há respostas comerciais importantes do uso do ácido giberélico (WHILEY et al., 2013). O ácido giberélico, registrado comercialmente como ProGibb®, é utilizado em frutíferas graças ao seu potencial em manipular o florescimento, seja inibindo-o ou atrasando-o e na frutificação atua incrementando o tamanho dos frutos, reduzindo abscisões precoces e retardando a maturação dos mesmos (LOVATT, 2005). Salazar-García et al. (2007ab) também relataram o efeito do GA3 sobre o crescimento e aumento da biomassa de frutos de abacateiros, quando aplicado diretamente sobre os mesmos em desenvolvimento.


C a p í t u l o I | 81 Na Califórnia, Garner et al. (2011) demonstraram que a aplicação de 25 mg.L-1 de GA3 em abacateiros ‘Hass’ irrigados, de 7 anos de idade, em um ano ‘ON’ de produção, no período do crescimento exponencial de frutos, aumentou significativamente em 27% a produção de frutos por planta (Kg.planta-1), em relação a testemunha. Zheng et al. (2011) também reportaram acréscimos significativos na produção (70%) e no número médio de frutos (76%) de abacateiros ‘Hass’ irrigados, pulverizados com 25 mg.L-1 de GA3 no estágio de couve-flor, em relação a testemunha não tratada. Além destes resultados, os autores também registraram um acréscimo significativo de 65% na produção de frutos de calibres entre 178 a 325 g e um incremento de 70% no número médio de frutos desta mesma categoria comparado à testemunha. No México, em condições não irrigadas, Salazar-García et al. (2007b) afirmaram que a aplicação de 50 mg.L-1 de GA3 em frutos de abacateiros ‘Hass’ com idade entre 16 a 18 anos, quatro meses antes da colheita, antecipou a maturação em até 30 dias e aumentou a produção de frutos de maior calibre. 4. Citocininas: 6-benziladenina (BA). A 6-benziladenina faz parte do principal grupo das citocininas sintéticas, com a interessante característica de ser considerado um composto de pouco risco ao meio ambiente, principalmente no que diz respeito a frutíferas, pois o modo de ação deste fitorregulador é condizente com a função endógena das citocininas nas plantas superiores (BUBÁN, 2000). De acordo com Bubán (2000), as principais utilidades da BA em fruteiras são aumentar o potencial de cultivo por atuar no raleio de frutos, resultando em frutos de maior calibre. Outros efeitos da BA incluem: aumento do tamanho de frutos na colheita (ELFVING, 1989; GREENE; AUTIO, 1989; GREENE et al., 1992) e frutos de formato mais alongados (UNRATH, 1974). O uso do fitorregulador 6-benziladenina é muito difundido em diversas frutíferas, particularmente na macieira onde há diversos registros do seu efeito (UNRATH, 1974; ELFVING, 1989; GREENE; AUTIO, 1989; GREENE et al., 1992; BUBÁN, 2000) e também na cultura do abacateiro (LOVATT, 2005; LOVATT; SALAZAR-GARCÍA, 2006; ZHENG et al., 2011). Num pomar de abacateiros ‘Hass’ na Califórnia, Lovatt (2005) reportou um incremento significativo de 85% na produção acumulada (kg.planta -1) de abacates (270-325 g) em relação ao tratamento controle após 3 anos consecutivos da aplicação de 25 mg.L-1 de BA via pulverização foliar no período da antese. Zheng et al. (2011) também reportaram um


C a p í t u l o I | 82 aumento significativo na produção acumulada de pomares irrigados de abacateiros ‘Hass’ (≥ 270 g) na Califórnia, com idade variando entre 7 a 12 anos, após 3 anos consecutivos de tratamento com 25 mg.L-1 de BA pulverizado em plena florada, que apresentaram uma produção média de 35 kg de frutos.planta -1, enquanto que os abacateiros não tratados, exibiram uma produção média de 18 kg de frutos.planta-1. Lovatt e Salazar-García (2006), verificaram um acréscimo significativo na produção de frutos num pomar de abacateiros ‘Hass’ de 6 anos de idade, também na Califórnia, após pulverização foliar de 25 mg.L-1 de BA na antese, que exibiu uma produção média de 6 kg.planta-1 de peso médio entre 270 a 446 gramas, enquanto que a testemunha apresentou uma produção média de 2,5 kg.planta-1 de frutos nesta mesma faixa de peso.

MELHORAMENTO Segundo a ABPA (2019), as cultivares mais produzidas e comercializadas no mercado brasileiro são: Hass; Geada, Margarida; Quintal; Ouro Verde; Fortuna e o Breda. E pode se observar que são basicamente todas as variedades tropicais, com exceção do Hass que é, além de uma variedade subtropical, usado mais para exportação. Mostrando assim que a preferência do brasileiro se dá por frutos grandes, com baixo teor de óleo (DONADIO, 1995). Atualmente, a cultivar “Hass” detém cerca de 90% do comercio mundial de abacate para exportação (CRANE et al., 2015). Concomitantemente a isso, são descritas 13 cultivares de abacateiro protegidas por patentes em vários países, sendo menos da metade delas estabelecidas comercialmente (ERNST et al., 2015). O estudo de essas novas cultivares de abacateiros que possuam características promissoras impulsionará a diversificação no quadro produtivo da cultura, que está majoritariamente alicerçado sobre “Hass” (ARPAIA; SMITH, 2010). Além disso, ampliar o período de oferta de avocados do tipo “Hass” é de interesse para os exportadores brasileiros, uma vez que proporcionaria melhores negociações no mercado externo, pois seria inserido em uma janela de mercado do Hemisfério Norte, período de alta demanda e baixa oferta. Em consequência da preferencia mundial atribuída aos frutos da cultivar Hass, diversas seleções provindas de “mutações espontâneas de Hass” ou que envolvem este como parental em programas de melhoramento genético vêm sendo avaliadas, dentre elas, são


C a p í t u l o I | 83 citadas “Carmen-Hass”, “Gem-Hass”, “Harvest-Hass”, “Lamb-Hass” e “Maluma Hass” (CRANE et al., 2015). De acordo com Van-Rooyen (2011), a época de produção, produtividade, alternância produtiva, o tamanho do fruto e a qualidade de pós-colheita são características de interesse nas avaliações das novas cultivares, podendo discernir bons materiais com aptidão para sua inserção no mercado. É provável que essa situação de dependência de uma única variedade mude nos próximos anos. Por um lado, o abacate já é um produto bastante conhecido pelo consumidor europeu e, uma vez atingido esse ponto, pode aumentar a demanda de outro tipo de abacates que permite desfrutar de outras texturas e sabores, como sucede com outras frutas. Por outro lado, existem diferentes programas de melhoramento genético de abacate que estão produzindo novas variedades que podem complementar a produção atual de 'Hass'. O Centro de Pesquisa, do IHSM de Mayora, Espanha, também está estudando diferentes materiais com o objetivo fundamental de conseguir fruto de abacate de qualidade para os meses de setembro e outubro. Isso permitiria reduzir a pressão sobre as variedades já disponíveis para que sejam colhidas no ponto ideal de maturação fisiológica, evitando a colheita antecipada, o que prejudica a qualidade dos frutos produzidos (HORMAZA, 2021). Além destes novos materiais, o IHSM conta com uma coleção única na Europa, tendo mais de 100 acessos (variedades e porta-enxertos). Todos estão a ser analisados para avaliar os seus comportamentos nas condições de cultivo de Málaga e, além disso, estão perfeitamente caracterizados ao nível do DNA, o que permite a identificação de qualquer amostra de abacate. Nas Ilhas Canárias, a colheita de cada variedade pode ser prolongada no tempo devido à possibilidade de produção de abacates em diferentes altitudes. Assim, os frutos das variedades 'Bacon' e 'Fuerte' podem ser coletados de novembro a fevereiro, 'Hass' de novembro a junho, 'Reed' de maio a agosto e 'Hass' de junho a agosto. Em Canárias, além das variedades cultivadas na península, existe também uma pequena produção de abacates Antilhanos, especialmente em Gran Canaria e La Gomera, que costumam ser colhidos entre agosto e outubro e são frequentemente utilizados para a produção de porta-enxertos francos. A impossibilidade de importar abacates para as Ilhas Canárias para sua venda comercial torna mais viável a produção de diferentes variedades para o consumo local nas ilhas (HORMAZA, 2021).


C a p í t u l o I | 84 Embora o problema seja diferente, essa baixa diversidade do abacate cultivado também está sendo transferida para os porta-enxertos utilizados. Até poucos anos atrás, tanto na Espanha quanto nos demais países produtores de abacate, os porta-enxertos usados eram francos procedentes de semente. Nos últimos anos, os porta-enxertos clonais estão dominando o mercado e, na Espanha, mais de 50% dos novos plantios são realizados com porta-enxertos clonais, principalmente 'Duke7', 'Dusa' e 'Toro Canyon'. Esses portaenxertos foram selecionados por sua tolerância a um fungo do solo (Phytophthora cinnamomi) que causa problemas na maioria dos países produtores. Um programa de seleção avançada também está em andamento na Espanha para a seleção de porta-enxertos tolerante à Rosellinia necatrix, que causa problemas principalmente em climas mediterrâneos. No entanto, esses porta-enxertos clonais têm sido propagados a partir de porta-enxertos de sementes que apresentaram boas respostas contra esses fungos em condições de infecção natural no campo. Se os novos plantios forem baseados exclusivamente na utilização de porta-enxertos clonais, será perdida a possibilidade de localizar as árvores sobreviventes em situações de novas doenças fúngicas devido à falta de variabilidade natural (HORMAZA, 2021). As características gerais que são buscadas em uma variedade de abacate são: -Qualidade do fruto - Bom comportamento do fruto na pós-colheita - Entrada antecipada na fase produtiva - Rendimento e sua eficiência produtiva - Tamanho e vigor da árvore - Formato da árvore x tempo de produção - Sem alternância na produção - Concentração da produção - Tolerância a temperaturas frias/quentes - Resistência a pragas e doenças. A denominação cultivar é usada para as variedades que possuem boas características agronômicas e produtivas. No Brasil é encontrada uma diversidade muito grande de cultivares, cada uma com um formato, cor de casca, textura da casca, tipo de polpa e época de colheita diferente. Em cada região tem uma concentração maior de algumas


C a p í t u l o I | 85 cultivares devido a preferência de mercado e das condições edafoclimáticas da região, que influenciam no período de safra atrasando ou antecipando a colheita (KOLLER, 2002; TANGO et al., 2004). Atualmente, está trabalhando no sequenciamento do genoma e no desenvolvimento de um grande número de marcadores moleculares que permitam acelerar os programas de desenvolvimento de novas variedades de abacate. Obviamente, o apoio a outras variedades complementares ao 'Hass' necessitaria um esforço promocional significativo entre os consumidores, que, em sua maioria, já se acostumaram a identificar o abacate com as características típicas de 'Hass'. Mas foi isso, precisamente, o que fez com que ‘Hass’ destituísse a ‘Fuerte’ como a variedade de referência a nível mundial. O mesmo problema está sendo colocado para os agricultores da Califórnia que estão procurando variedades alternativas ao 'Hass' que lhes permitam diferenciar claramente seu produto das importações de outros países, no caso deles, principalmente de México.

AVOCADO HASS E OUTRAS VARIEDADES DERIVADAS Esta seção abordará a variedade Hass e outros materiais derivados de mutações espontâneas encontradas em pomares comerciais de ‘Hass’ ou são resultados de programas de melhoramento genético como: Gem-Hass’, ‘Carmen Hass’, ‘Lamb Hass’, ‘Maluma-Hass’, ‘Harvest-Hass’, ‘Lavi-Hass’ e Gwen-Hass, as quais são as mais cultivadas no mundo, apresentam hábitos de crescimento variado (Figura 51) e com uma ampla perspectiva comercial, com adaptações de clima temperado, subtropical ou tropica.


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Figura 51. Variedades de avocado com hábito variado de crescimento. Fotos: Mary Lu Arpaia (2004).

Variedade Hass (tradicional) Origem: Obtida por semente de uma planta Guatemalteca em Habra Heights, Califórnia, Estados Unidos, por Rudolph Hass e patenteada em 1935 (Figura 52). Segundo (TELIZ et al 2000), é a principal variedade comercial do mundo, altamente desenvolvida comercialmente nos Estados Unidos e difundida para Israel, Ilhas Canárias, Sul da Espanha, México e América do Sul. Possui 95% das características da raça Guatemalteca e apenas 5% da raça Mexicana. O fruto do avocado Hass é autofértil, mas obtém melhores resultados polinizando-o com as variedades “Fuerte” e “Ettinger”. A árvore tem vigor mediano, embora alcance altas produções em condições ecológicas adequadas (BARTOLI, 2008).


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Figura 52. Variedade Hass. Foto: Argyle Buthchers.

Não apresenta alternância anual em suas colheitas: No Peru, a época de colheita concentra-se principalmente entre os meses de outubro a janeiro, embora às vezes possa adiantar um pouco (JOSEPH, 2002). Produção: O avocado Hass é altamente produtivo e, com irrigação localizada, pode alcançar em torno de 16 t/ha, mas em plantações conduzidas sem irrigação (sequeiro) pode atingir até 6 t/ha. Em geral, estima-se que, no caso da Hass, o período da flor ao fruto varia entre 9 e 14 meses, aumentando com a altura acima do nível do mar (BARTOLI 2008). Características: Esta variedade é sensível ao frio, principalmente na época da floração, que é do tipo tardio (300-360 dias), também é muito sensível à umidade do ambiente, devendo ser evitadas regiões de fortes ventos descendentes, pois desidratam tanto as flores quanto os brotos jovens, perdendo a área foliar necessária à alimentação fotossintética do fruto. A Hass produz um grande número de flores que mais tarde levará a uma grande produção de frutos (RODRÍGUEZ, 1982).


C a p í t u l o I | 88 Uma vez que o fruto tenha atingido a sua maturidade fisiológica, ele pode permanecer ainda na planta por certo tempo sem prejudicar a sua qualidade, esta característica permite obter uma melhor colheita. A fruta tem forma oval-piriforme, epiderme grossa (apresenta resistência ao transporte) e rugosa, é de cor verde, escurecendo na maturidade e adquirindo uma tonalidade púrpura. Os frutos são de tamanho médio, com peso variando de 150 a 360 g (NEWETT et al., 2007) e 8 a 10 cm de comprimento (RIOS-CASTANO; TAFUR-REYES, 2003). Seu mesocarpo é de excelente qualidade e o teor de óleo é de 20%, a semente é pequena e adere ao mesocarpo (Figura 53). A variedade Hass é classificada como Tipo A, porque suas flores abrem pela manhã mostrando o órgão feminino receptivo (estigma) e o órgão masculino (estames) está imaturo (não emite pólen). No dia seguinte à tarde, a flor novamente se abre mostrando o órgão feminino já não receptivo e a antera do estame libera pólen, com respeito ao tipo de flor (MALDONADO, 2006).

Figura 53. Destaque da semente pequena do avocado Hass.

Variedade Carmen-Hass ou Méndez-Hass. Aproximadamente em 1986, um abacateiro com um hábito diferente foi observado na região sul do Vale do Basilia, no município de Uruapan, Michoacán, México, morfologicamente semelhante ao Hass convencional, mas com um padrão de floração atípico, precoce e consistente. Ou seja, a referida árvore estava inserida em um pomar


C a p í t u l o I | 89 comercial de “Hass” tradicional (mutação espontânea), sem apresentar distinção quanto ao fenótipo, até que, no período de floração, comportou-se atipicamente em relação às árvores adjacentes, resultando em uma produção de frutos de alta qualidade que alcançaram maturidade fisiológica significativamente mais cedo que a “Hass” (ILLSLEY-GRANICH et al., 2011). O período de maturação fisiológica ou colheita dessa fruta coincidiu com o da colheita da produção fora de temporada da cultivar Hass convencional, que no México é conhecida como 'Loca'. O fruto desta cultivar amadurece 1 a 2 meses antes do Hass tradicional. Carlos Méndez Vega, um conhecido produtor de abacate da região, tomou conhecimento da existência desta árvore única e continuou a observar o seu comportamento durante algum tempo. Posteriormente, o material ficou conhecido como Méndez-Hass, alguns consideram que supera a variedade predominante (Hass tradicional) em textura e sabor (ILLSLEY et al., 2011; Figura 54). Sua patente está realizada na Nova Zelândia, e em 2018 já existem grandes plantações que estão testando os resultados e sua adaptação ao meio ambiente.

Figura 54. Forma do fruto dos avocados: variedades Hass tradicional (A) e Méndez-Hass (B). Fotos: Samuel Salazar-Garcia.

No México, 40% ou mais do total dos cultivos da cultivar Carmen-Hass amadurecem 1 2 meses antes da Hass tradicional (junho-setembro). Dependendo da frutificação precoce,


C a p í t u l o I | 90 ela produz uma colheita adicional durante a temporada tradicional de Hass. A proporção varia de ano para ano. O fruto possui características pós-colheita idênticas ao Hass. Apresenta alguma alternância de produção. Não apresenta dominância apical e brotações múltiplas. Estimam-se que haja pelo menos 5.000 a 6.000 hectares plantados atualmente apenas em Michoacán de cv. Carmen-Hass ou Méndez-Hass, com produção registrada de 26,5 t/ha nos anos de maior volume (ILLSLEY et al., 2011). Está disponível durante os meses de maio a setembro, quando há baixa produção de abacate Hass. Essa diferença de cultivo, em relação à Hass, exige um manejo diferente da nutrição do pomar. Mais de 90% dos pomares de abacate no Sul de Jalisco (México) são cultivados com irrigação e os solos predominantes são de origem vulcânica, de textura arenosa e leve, com uma camada superficial rica em matéria orgânica e nutriente. O cultivo do abacate Méndez-Hass é importante para a sua adaptação ao clima semi-quente da região e para sua maturação e colheita anual precoce em relação ao Hass. No México, o hábito precoce dessa cultivar coincidiu com o período crítico de alta demanda e baixo suprimento da fruta no mercado, o que proporcionou boas negociações com os compradores, principalmente com os Estados Unidos, pela proximidade e abertura de mercado, onde participou com mais de 50% do fornecimento de abacate (ILLSLEYGRANICH et al., 2011). Nas condições da África do Sul, a Carmen-Hass atinge a sua maturidade fisiológica até quatro semanas antes da “Hass”, o que impulsionou seu plantio em áreas geográficas selecionadas, conhecidas por produzir abacates de início de temporada (ROOYEN, 2011). Variedade Lamb-Hass Os melhoristas da University of California-Riverside avaliaram 10.000 plântulas obtidas a partir de sementes de abacate, proveniente da variedade Gwen (que por sua vez foi obtida a partir de uma seleção da Hass original), na fazenda Camarillo no final dos anos 1980. Entre 1990 e 1996, os frutos de abacate com características promissoras foram selecionados neste primeiro ensaio para avaliações futuras. Uma dessas seleções semelhantes à Hass foi escolhida por produzir mais frutas do que a variedade Hass, por amadurecer mais tarde (durante o verão) e ser uma árvore menor. Este material foi denominado Lamb-Hass (BL 122) em homenagem a Bob Lamb e sua família. Entre as vantagens apresentadas pela Lamb-Hass, em relação à variedade Hass


C a p í t u l o I | 91 tradicional, são: maior produção, uma árvore mais tolerante a ventos e altas temperaturas, menos danos por queimaduras solares, menos danos por tripes e por ácaro cristalino e possibilidade

de

maior

densidade

de

plantio

(http://www.californiaavocado.

com/assets/Uploads/Growers-Site/Cultural-Management/Lamb-Hass-vs-Hass-Avocado. pdf). O fruto da Lamb-Hass é similar à variedade Hass, além de tolera condições climáticas menos favoráveis, inclusive altas temperaturas (Figura 55). Sua maturação ocorre no verão, quando saem os avocados de maior calibre que a variedade anterior (Hass). Por isso, seu cultivo foi adaptado a certas áreas de Málaga e da Comunidade Valenciana. As plantações de Lamb-Hass são cada vez mais frequentes nas áreas de plantação de Málaga e Valência, principalmente devido ao desenvolvimento precoce de frutos de maior calibre. No entanto, o mercado europeu ainda tem alguma relutância em relação a essa fruta, principalmente por causa de seu sabor ligeiramente diferente do Hass. Evidentemente, trata-se de uma variedade muito interessante para competir na Espanha com as importações peruanas, nos meses de abril e maio.

Figura 55. Cultivares Lamb-Hass x Hass tradicional (raça Guatemalteca).


C a p í t u l o I | 92 Portanto, Lamb-Hass’ provou ser a cultivar mais promissora, pois teve um rendimento cumulativo maior do que a cultivar ‘Hass’ tradicional, apresentando uma distribuição de tamanho de fruta favorável e amadureceu dois meses mais tarde do que ‘Hass. No entanto, devido às diferentes características da fruta, ‘Lamb-Hass’ não deve ser usado como um substituto para ‘Hass’, mas sim como uma cultivar para prolongar a temporada de oferta de frutos para o mercado (KREMER-KÖHNE; KÖHNE, 2001). É importante destacar que este híbrido apresenta floração tipo A. As árvores deste material são de hábito colunar (Figura 56). O fruto é de tamanho médio a grande (280 a 570 g), de formato simétrico, o qual diferencia da variedade Hass. Possui casca verdeclaro (quando verde), de espessura intermediária e polpa amarelada, de sabor suave e textura cremosa, com sabor a noz. Na aparência, os frutos da variedade Lamb-Hass são semelhantes aos do Hass, com formato oval (obovado) e sementes com tamanho médio a grande (Figura 56). A porcentagem de semente/casca/polpa é 15:14:71, respectivamente.

Figura 56. Diferenças de hábito de crescimento entre Hass e Lamb-Hass. Foto: Mary Lu Arpaia (2004).


C a p í t u l o I | 93 O fruto da cultivar Lamb-Hass tem casca áspera, ligeiramente menor que o Hass, mas ao contrário deste, o qual muda de cor de verde para preto à medida que amadurece, mas a casca do material Lam-Hass é preta mesmo imatura e permanece assim após sua colheita (http://www.cooksinfo.com/lamb-hass-avocado#ixzz2WlOnbfJQ).

Variedade Maluma-Hass O abacate Maluma foi descoberto pelo Sr. AG Dries Joubert em sua fazenda Maluma na região de Levubu, no norte da África do Sul, na década de 90. Esta variedade surgiu por mutação espontânea, tendo sido registada em 2004. Foi descrito pelo Sr. Joubert, que observou seu tamanho proporcionalmente maior, precocidade e alto rendimento em comparação as demais árvores cultivadas em seu pomar da variedade comercial Hass. É comercializado simplesmente como Maluma, mas às vezes também como Maluma-Hass devido à sua semelhança com a conhecida variedade Hass (Figura 57).

Figura 57. Campo de avocado da variedade Maluma-Hass na Austrália, a qual foi desenvolvida na África do Sul.


C a p í t u l o I | 94 O fruto da variedade Maluma-Hass está firmemente preso ao pedúnculo e resiste a ventos fortes (Figura 58). Além disso, sua pele é 0,4 mm mais espessa do que Hass tradicional, o que permite resistir melhor aos danos mecânicos. Tem um porte cilíndrico que permite uma produção intensiva. Por outro lado, também oferece maiores níveis de gordura, o que pode causar problemas de escurecimento interno por frio quando a temporada de colheita está bastante avançada.

Figura 58. Fruto e semente da cultivar Maluma Hass. Foto: Lauriemeadows.info.

É uma variedade relativamente nova de abacate sul-africano, descoberta na década de 1990. É mais produtivo que o Hass e sua baga ligeiramente maior. A polpa é macia, de muito bom sabor e cor esverdeada que vai amarelando à medida que amadurece. O material graxo é semelhante ao da cultivar Hass. O amadurecimento da fruta ocorre do início de dezembro a meados de maio. Variedade Gem-Hass A cultivar Gem-Hass, originária do Programa de Melhoramento da Universidade da Califórnia e atualmente patenteada pela Westfalia Technological Services na África do Sul, quando comparada a “Hass”, mostra-se mais tardia, estendendo a colheita em um a dois meses (ROOYEN, 2011). Oferta de frutos maiores (em média 235 g), com a casca


C a p í t u l o I | 95 ligeiramente rugosa e sabor amendoado. A árvore apresenta crescimento vigoroso de hábito vertical, com baixa tendência à alternância produtiva (CRANE et al., 2015). Outra característica interessante é que os frutos da referida cultivar ficam dispostos dentro do dossel, tornando-os menos suscetíveis a danos ocasionados pelo vento e sol (BLAKLEY et al., 2015). Segundo Rooyen (2011), na África do Sul, avocados “Carmen-Hass” e “Gem-Hass” não só tem o papel importante de prolongar a oferta de frutos do tipo “Hass”, como também apresentam produtividade e qualidade bastante satisfatórias, mostrando-se muito promissoras. Nesse país, há cerca de 200 ha de “Gem-Hass” (BRUWER et al., 2015). Suas principais vantagens são a maturação tardia, com aproximadamente 4 semanas de defasagem em comparação com a Hass (mínimo de 27% de matéria seca para colheita), e maior rendimento por quilo e tamanho, podendo chegar facilmente a 16.000 kg por hectare (Figura 59). A casca da fruta apresenta lenticelas amarelas características que permanecem durante toda a vida útil da fruta.

Figura 59. Fruto da variedade Gem-Hass em comparação ao fruto da cultivar Hass (tradiconal). Foto: Gregalder.com.


C a p í t u l o I | 96 Variedade Harvest-Hass A cultivar Harvest, do programa de melhoramento californiano, foi avaliada pela Westfalia Technological Services (WTS) desde 1996. Kremer-Köhne (2001) constatou que as cultivares Harvest-Hass, Hass e Gem-Hass apresentam um bom desempenho e rendimentos acumulados, respectivamente, 125% e 20% superiores as tradicionais 'Hass' para o período de três anos de 1999 a 2001 (KREMER-KÖHNE, 2002). Esse relatório é uma atualização da sexta safra de cultivares 'Harvest' e 'Gem' criadas na "Propriedade Westfalia" em 2004, e o progresso foi feito na avaliação de cultivares em outras regiões de produção. No trabalho de avocado conduzido por Bruwer e Mokgalabone (2005) a partir de 1996, as cultivares ‘Hass’, ‘Harvest’ e ‘Gem’, tiveram sua sexta safra em 2004. A cultivar ‘Gem’ superou as cultivares ‘Harvest’ e ‘Hass’ na temporada de 2004 em 10 e 5 ton/ha, respectivamente. No entanto, a cultivar ‘Harvest’ continuou a ser melhor para o produtor ao longo do período de seis anos, com um rendimento acumulado de 195 ton/ha. O tamanho médio da fruta das cultivares ‘Harvest’ e ‘Gem’ foi maior do que o tamanho médio da fruta ‘Hass’ (contagem 12-16, contagem 14-18 e contagem 18-22, respectivamente). A qualidade pós-colheita da fruta após o embarque simulado era aceitável para todas as três cultivares, mas a fruta da cultivar 'Harvest', permaneceu verde após o amadurecimento (Figura 60).

Figura 60. Variedades de avocado Lamb-Hass, Gem-Hass e Harvest-Hass com perspectivas para consumo em fresco.


C a p í t u l o I | 97 Variedade Lavi-Hass A cultivar ‘Lavi’ se originou de uma árvore ‘Hass’ polinizada na primavera de 1991 por um doador desconhecido. O fruto foi colhido no inverno de 1991/2, a muda foi plantada em 1993 no Kibutz Lavi, Israel (que dá nome ao cultivo) e deu seus primeiros frutos em 1994/5. A cultivar ‘Lavi’ foi considerada especialmente interessante por ser uma ‘Hass’ em sua forma, mas com frutas maiores. A produtividade da cultivar ‘Lavi’ é boa (cerca de 20 t/ha) e, em comparação com ‘Hass’. A fruta pode ser colhida diretamente sem pedúnculo, sem danificar o pericarpo (LAHAV et al., 2005). É um fruto ovalado e uniforme em forma e tamanho (Figura 61).

Figura 61. Avocado da cultivar Lavi, uma progênie de polinização aberta. Fotos: E. Lahav (1998); E. Lahav et al. (2005).

A variedade “Lavi” desenvolvida no programa de melhoramento genético do Volcani Center em Israel. É derivada de 'Hass' com polinização aberta (REGEV et al., 2005) e com tamanho de fruto maior. Sua produção atinge 20 t ha em Israel e com menos alternância do que ‘Hass’. Esta variedade não foi amplamente testada em outros países.


C a p í t u l o I | 98 Variedade ‘Turner-Hass’ A Turner-Hass é uma mutação da 'Hass' selecionada na Austrália por um produtor, com frutos maiores (17% maiores), mais sabor de nozes, pescoço do fruto mais longo e semente média (12% por peso). A árvore é de hábito aberto e produz um pouco antes de 'Hass' (CRANE et al., 2013). Não foi avaliado em vários países. A variedade Turner-Hass é considerada uma “competitiva" da' Hass 'e foi descoberta crescendo em um pomar perto de Childers (Figura 62). O exame exaustivo exigido pelo Plant Breeders Office ao fazer um pedido de registro de uma nova variedade não foi capaz de distinguir as diferenças nas características das árvores e folhagens entre ‘Turner-Hass’ e ‘Hass’. No entanto, havia diferenças suficientes entre os frutos das duas variedades para permitir o prosseguimento do pedido de registro (PBR). Neste momento, os direitos provisórios de criadores para as plantas da cultivar ‘Turner-Hass’ foram concedidos ao Sr. e à Sra. J.W. Dorrian. .

Figura 62. Variedade Turner-Hass em comparação a Hass tradicional. Foto: Tony Whiley (2006).


C a p í t u l o I | 99 Variedade Gwen-Hass Essa variedade é uma descendente de segunda geração de Hass. Seus ancestrais, portanto, são 85% de raça Guatemalteca, da qual obtêm sua casca grossa e áspera, sua semente relativamente pequena, aderente, seu sabor de nozes e sua capacidade de permanecer entre 6 a 12 meses na árvore. O restante, 15% dos genes de Gwen, é de raça Mexicana, da qual se obtém uma casca menos grossa e lenhosa. A árvore original foi plantada em 1963 e patenteada pela Universidade da Califórnia em 1984. Acredita-se que essa variedade tenha sido desenvolvida na Califórnia para substituir a variedade Hass, devido à sua casca verde e alta produtividade. No entanto, essa situação nunca apresentou, uma vez que a aceitação de Hass foi tão ampla que este material não conseguiu superá-la. A forma natural da árvore é colunar, estreita e alta. A grande vantagem de Gwen é sua produtividade; tem um período de colheita espacialmente longo e é altamente resistente ao transporte; nas mesmas circunstâncias, produz o dobro de Hass e a alternância de produções é menor (CALABRESE, 1992). O fruto é de excelente qualidade, comparável ao da Hass. É semelhante em aparência, sabor e textura ao abacate Hass; no entanto, seu tamanho é um pouco maior (310 g), a casca é um pouco mais grossa (MARKLE, 1994) (Figura 63). Possui crosta verde, fina e granulada, mas é flexível e fácil de descascar; polpa verde e cremosa, com 20,9% de gordura, 70,7% de polpa e 12,5% de fibra. É diferente de Hass porque a casca não fica preta quando madura. É um pouco mais amarelo quando está crescendo e mais lustroso. O formato do fruto é menos alongado, ovalado e curto (RIOS-CASTANO et al., 2005).

Figura 63. Fruto verde da variedade Gwen, enquanto da Hass tradicional, o seu fruto é quase preto.


C a p í t u l o I | 100 A forma natural da árvore é colunar, estreita e alta. A grande vantagem de Gwen é sua produtividade; tem um período de colheita espacialmente longo e é altamente resistente ao transporte; nas mesmas circunstâncias, produz o dobro de Hass e a alternância de produções é menor (CALABRESE, 1992). O fruto é de excelente qualidade, comparável ao da Hass. É semelhante em aparência, sabor e textura ao avocado Hass; no entanto, seu tamanho é um pouco maior (310 g), a casca é um pouco mais grossa (MARKLE, 1994). Possui crosta verde, fina e granulada, mas flexível e fácil de descascar; polpa verde e cremosa, com 20,9% de gordura, 70,7% de polpa e 12,5% de fibra. É diferente de Hass porque a casca não fica preta quando madura; É um pouco mais amarelo quando está crescendo e mais lustroso. O formato do fruto é menos alongado, ovalado e curto (RIOSCASTANO et al., 2005). O seu fruto é mais redondo do que o da Hass e um pouco maior. Além disso, a cultivar Gwen tem um sabor amanteigado e de nozes que muitos dizem ser superior ao Hass. É uma variedade anã que ocupa 1/3 do espaço das variedades maiores e ainda produz o dobro de fruta. A desvantagem de Gwen é que ela é extremamente sensível às variações de temperatura e vento. Esta cultivar também precisa de um abacate polinizador, geralmente a cultivar Zutano.

Variedade Llanos-Hass Esta variedade foi selecionada pelo Sr. Anthony Phillip Llanos em sua propriedade em Kwinana, Hope Valley, Austrália. Derivada de uma semente estabelecida de origem desconhecida, embora agora se saiba por seu perfil de DNA que 'Hass' pode ter sido um dos progenitores. É muito precoce para iniciar a produção e com rendimento consistente e amadurece 4 a 6 semanas antes de 'Hass' (LLANOS, 2003). Seu fruto é semelhante ao 'Hass' em dimensões e cor de casca, floral tipo B (Figura 64). Não foi testado em vários países.


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Figura 64. Variedade Lhanos-Hass. Foto: Anthony Phillip Llanos (2003)

ESCOLHA DE PORTA-ENXERTOS A seleção de porta-enxertos com características desejáveis para uma determinada região permitiria ao enxerto a possibilidade de expressar seu potencial produtivo, superior aos utilizados a partir de sementes que apresentam variabilidade genética e produtiva (BARRIENTOS-PRIEGO et al., 2015). Os porta-enxertos são parte essencial da unidade produtiva e têm sido chamados de "a metade escondida", e essa afirmação deriva da pouca importância dada às raízes, apesar de serem um componente fundamental do sistema vegetal. Essa seção listará os porta-enxertos atualmente em uso e os novos com perspectivas, não se incluem os experimentais, que em um futuro próximo poderá dar um novo impulso ao agronegócio mundial e nacional do abacate. As características gerais que são buscadas em um porta-enxerto de abacate são: - Rendimento - Eficiência no rendimento - Reduzir alternância - Tamanho da árvore e vigor - Entrada rápida em produção - Eficiência em absorção de nutrientes


C a p í t u l o I | 102 - Tolerância ao estresse abiótico - Resistência ao estresse biótico - Melhorias de qualidade - Melhoria na pós-colheita da fruta.

Os atuais porta-enxertos relevantes para resistência a Phytophthora cinnamomi 'Merensky 2' ('Dusa'P ®P): Seleção feita nos Serviços Tecnológicos Merensky em Wesfalia Estate, África do Sul, que mostrou boa resistência a Phytophthora cinnnamomi e produção adequada em comparação com outros porta-enxertos (BOTHA, 1991). Foi obtido de uma árvore escape em um pomar fortemente infestado com o patógeno (KÖHNE, 2004) e aparentemente possui características das raças Mexicana e Guatemalteca. Atualmente é o porta-enxerto mais propagado clonalmente na África do Sul e vem ganhando importância no restante do mundo, tornando-se o padrão de referência por sua resistência ao patógeno. Patenteado nos Estados Unidos da América e em vários países com direitos de obtentor de plantas, incluindo o México em 2007. Em junho de 2006, implantou-se o projeto de pesquisa na fazenda Jaguacy, utilizando mudas enxertadas de Hass sobre Dusa como porta-enxerto, tendo havido um aumento de produtividade ao redor de 25% em relação à porta-enxertos comuns utilizados no Brasil, possivelmente em função da maior tolerância desde porta-enxerto ao fungo do solo Phytophthora cinnamomi Rad (Figura 65).


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Figura 65. Vista geral das mudas enxertadas de Hass sobre os porta-enxertos de Dusa, na fazenda Jaguacy, Bauru (SP), provenientes da África do Sul. Foto: Aloísio Costa Sampaio.

‘Duke 7’: Seleção realizada nos anos 60 na University of California Riverside pelo Dr. George A. Zentmyer, a partir da variedade Duke da raça Mexicana (ZENTMYER, 1978). Foi o porta-enxerto clonal padrão em todo o mundo por vários anos e atualmente é o número dois. Tem resistência mediana a Phytophthora cinnamomi e proporciona as variedades enxertadas bons rendimentos, relativamente fácil de propagar pelo método de estiolamento. Por outro lado, apresenta resistência moderada a P. citricola (TSAO et al., 1992). ‘Bounty': Selecionado a partir de uma árvore de escape no Instituto de Culturas Tropicais e Subtropicais da África do Sul. Tem uma resistência a Phytophthora cinnamomi semelhante a 'Duke 7', onde em vários ensaios se mostrou superior a esta em termos de produtividade e em alguns outros melhores ou igual a 'Dusa' (VIDIELLA et al., 2015) e em particular em situações de replante. O porta-enxerto 'Bounty' é recomendado para estabelecer em solos pobres ou marginais, incluindo solos pesados e situações de


C a p í t u l o I | 104 inundação. É o terceiro porta-enxerto à venda na África do Sul (RETIEF, 2011) e com direitos de obtentor naquele país, assim como na Austrália (2015). ‘Velvick’: Selecionado na Austrália pelo Dr. Antony Wiley, que tem uma resistência mediana a alta a Phytophthora cinnamomi, porta-enxerto com características da raça Guatemalteca e também com alguns traços Antilhanos. Foi publicado que, em comparação com ‘Duke 6’ enxertado com ‘Hass’, apresenta frutos com menos danos póscolheita e menos presença de ataque de antracnose (WILLINGHAM et al., 2001). A influência do porta-enxerto na qualidade dos frutos na etapa de pós-colheita ainda é um tema pouco conhecido. Apesar disso, Marques (2002) demostra que o porta-enxerto pode afetar a incidência e severidade de doenças na fase de pós-colheita. Isso indica que, nas condições australianas, os frutos das árvores de Hass cultivadas sobre o porta-enxerto clonal Velvick apresentam menor incidência de doenças em pós-colheita, em comparação com os frutos do abacate Hass cultivado sobre o porta-enxerto da cultivar Duker 7. Porta-enxertos com perspectivas de resistência a Phytophthora cinnamomi ‘PP4’ (‘Zentmyer’): Da raça Mexicana e derivado de ‘Thomas’, selecionado pela University de California Riverside, Califórnia, EUA, suscetível à salinidade (MENGE et al., 2012). Patenteado nos EUA em 2014 (MENGE et al., 2014a) e com direitos do obtentor no México desde 2014. ‘PP14’ (‘Uzi’): Provém de uma semente de ‘G6’, uma raça Mexicana, selecionada pela University of California Riverside, Califórnia, EUA, muito suscetível à salinidade. Patenteado nos EUA em 2014 (MENGE et al., 2014b) e com direitos do obtentor no México desde 2014. ‘PP24’ (‘Steddom’): Provém de uma semente de ‘Toro Canyon’ e é da raça Mexicana, selecionada pela University of California Riverside, Califórnia, EUA, boa tolerância à salinidade. Patenteado nos EUA em 2014 (MENGE et al., 2014c) e com direitos do obtentor no México desde 2014. ‘J-Gallo’ (‘Julian’): Da raça Antilhana, obtida nas Ilhas Canárias, Espanha, pela Dra. Luisa Gallo-Llobet (DOMÍNGUEZ et al., 2010). Com trâmite de direitos do obtentor perante a Oficina Comunitária de Variedades de Plantas (CPVO). 'Dia' ('VC 207'): Porta-enxerto da raça Antilhana com a Mexicana derivado do programa de Israel liderado pela Dra. Miriam Zilberstaine e Dr. Avraham D. Ben-Ya'acov do


C a p í t u l o I | 105 Volcani Center, estabelecido em Givat-Haim (ZILBERSTAINE et al., 1992), onde após 10 anos de avaliação mostrou uma superioridade às condições do solo com Phytophthora cinnamomi (ZILBERSTAINE et al., 1995). Por outro lado, este porta-enxerto tem uma adaptação a vários fatores: salinidade + solo calcário, salinidade, solo com problemas de sódio trocável e sob condições de duna (BEN-YA'ACOV et al., 1992). Porta-enxertos para resistência a Phytophthora citricola 'Toro Canyon': Conta com moderada resistência a esse patógeno (TSAO et al., 1992). Porta-enxerto para resistência a Rosellinia necatrix ‘Albacia’: Em Espanha, surgiu a doença da raiz que foi chamada de podridão branca, causada por Rosellinia necatrix (LÓPEZ-HERRERA; MELERO-VARA, 1992). “Los Viveros Blanco” em Málaga, Espanha, oferecem o porta-enxerto clonal ‘Albacia’ derivado de ‘Lula’ da raça Antilhana com Guatemalteca, obtido de uma árvore escape a esta doença. É avaliado desde 2000 mostrando boa adaptação na presença de solos com este patógeno, além de tolerar salinidade e solo calcário (VIVEROS BLANCO, 2017). Porta-enxertos para tolerância à irrigação com água salina ‘VC 51': Da raça Antilhana também com traços Guatemalteca, é um dos melhores portaenxertos resistentes à água salina, também com adaptação a solos pesados e leves, e sobretudo com muito boa produtividade (BEN-YA'ACOV, 1992). Selecionado em Israel pelo Dr. Avraham D. Ben-Ya'acov do Volcani Center e é considerado o porta-enxerto com maior adaptação universal já encontrado (BEN-YA'ACOV et al. 1992; BENYA'ACOV; MICHELSON, 1995). Porta-enxertos para tolerância a solos calcários 'Borchard': Nos Estados Unidos da América do Norte, o viveirista W. Hank Brokaw (1987) selecionou este porta-enxerto da raça Mexicana por sua tolerância a solos calcários na fazenda de Ed Borchard em Oxnard, Ventura County, Califórnia, EUA e é atualmente usado comercialmente como um clonal. Com patente nos Estados Unidos em 1986 (BORCHARD, 1986), que já expirou.


C a p í t u l o I | 106 Efeito dos porta-enxertos sobre a redução do tamanho da árvore 'Nachtlat No. 2': Tem efeito nanismo e pode romper a dominância apical de cultivares com hábito ereto como 'Ettinger' (BEN-YA'ACOV; MICHELSON, 1995), a qual foi selecionado pelo Dr. Avrham Ben-Ya ' Acov em Israel. 'Ashdot': Selecionado em Israel e que na Austrália foi avaliado como um porta-enxerto de sementes, o qual mostra que quando enxertado com 'Hass' reduz seu tamanho significativamente, até a metade do volume da copa em comparação com o porta-enxerto mais vigoroso avaliado ('BW5 '), além de ter o índice de eficiência de rendimento de 8 kg mP -3 P de copa aos 5 anos de produção, enquanto o mais próximo foi cerca de 6 kg mP -3 P (' BW2 ') e o máximo abaixo de 5 kg mP - 3 P ('Reed') (LE LEGARED, 2011).

PROPAGAÇÃO Na cultura do abacate a propagação pode ser feita de forma sexuada ou assexuada. As mudas formadas a partir de sementes, ou seja, de forma sexuada vão frutificar somente após 6 anos e apresentam alta variabilidade genética, pelo fato de o abacateiro ser uma planta de polinização aberta, dando origem a plantas com características distintas e não apenas da planta-mãe. Então esse método de propagação é usado apenas para quebravento, e formação de porta-enxerto com sementes de abacates comum ou denominadas crioulas, pois são sementes grandes com bastante reserva e vigorosas (TEIXEIRA, 1991; SIMÃO, 1971; Figura 66).

Figura 66. Porta-enxerto do abacate crioulo de sementes de pé-franco.


C a p í t u l o I | 107 Para conseguir um êxito contínuo nos sistemas de cultivo, é imprescindível ter uma fonte confiável de material de plantio que corresponda a cultivar e que esteja livre de doenças. Embora que os abacates podem ser afetados por muitas doenças, a principal ameaça à produtividade do pomar que pode ser disseminada por mudas é a podridão radicular causada por Phytophthora cinnamomi, a qual se dissemina através da comercialização de plantas de viveiro, em substratos infectados. Em muitos casos, as mudas à venda não apresentam sintomas visíveis de qualquer doença, embora possam estar infectadas. Portanto, se a seleção do material de propagação e a higiene do viveiro não forem rigorosas o suficiente, as novas árvores podem se converter numa poderosa fonte de infecção (RIOS-CASTANO et al., 2003). A Tabela 7 descreve um protocolo proposto por Whitsell et al. (1989), das principais recomendações a serem seguidas para a obtenção de material de viveiro (mudas) livre de doenças, principalmente de Phytophthora cinnamomi. Esses são os procedimentos essenciais em viveiros da Califórnia que entraram no programa de certificação monitorado pelo Departamento de Agricultura da Califórnia (BENDER; WHILEY, 2007). Tabela 7. Protocolo recomendado para a produção de plantas (mudas) livres de doenças. 1. Use um terreno livre de Phytophthora cinnamomi e sem escoamento de água das áreas adjacentes. 2. Cercar o viveiro de modo que todo o tránsito de entrada e saída possa ser controlado. 3. Coloque uma solução de fungicida na entrada do viveiro, cobrindo tanto o tránsito motorizado quanto o de operários. Os fungicidas mais comuns e eficazes usados são sulfato de cobre, oxicloreto de cobre e hipoclorito de sódio). 4. Pulverize os caminhos de chegada e os internos, semanalmente, bem como os balcões e pisos do viveiro, com um fungicida cúprico. 5. Evite o contato dos bicos de pulverização com o solo; não pise nas bancadas e nos canteiros. 6. Desinfete regularmente todo o equipamento do viveiro, incluindo o transporte usado na mobilização do material vegetal. 7. Desinfete o substrato do viveiro com solarização, vapor (pasteurização) ou produtos químicos específicos. 8. Pulverize ou esterilize as áreas externas, se as plantas forem colocadas no chão durante o processo de endurecimento. 9. Realizar um tratamento térmico em todas as sementes que forem coletadas para a propagação, colocando-as em água a 50 ºC por 30 minutos. 10. Coletar material de propagação (sementes e gemas) apenas de fontes registradas que foram declaradas livres de Phytophthora cinnamomi. Fonte: Whitsell et al. (1989).


C a p í t u l o I | 108 Nas fazendas de produção do avocado devem existir casas de banho totalmente equipadas com lava-mãos, ducha e máquina de secar roupa, sendo todos limpos e em bom estado de funcionamento, de forma a facilitar a higiene do pessoal. Na entrada do viveiro, também as botas dos operários deverão ser desinfetadas (Figura 67).

Figura 67. Pedilúvio na entrada do viveiro, ou antes, de entrar nos lotes de produção de avocado para desinfecção de botas com cal ou outra fórmula (cal + sulfato de cobre). A manutenção necessária deve ser realizada. Fonte Alarcón, 2012.

Solarização do substrato. Para o substrato deve utilizar o solo de barranco coletado a 50-60 cm de profundidade e distante do pomar de abacateiro, para evitar problemas com infestação de sementes de plantas daninhas e de patógenos do solo. Apesar dessa medida preventiva, posteriormente o solo é peneirado e desinfetado através do processo de solarização, no qual se utiliza a energia solar com a finalidade de elevar a temperatura do solo a níveis letais para patógenos e sementes de plantas daninhas. Nesse processo, o solo coletado é espalhado em camadas finas de aproximadamente 5 a 10 cm sobre lona plástica preta em uma área ligeiramente inclinada. Em seguida, a camada de solo é levemente umedecida e coberta com lona plástica transparente, vedada nas extremidades, permanecendo por cerca de 60 dias sob a luz solar direta. Durante a solarização a temperatura atinge níveis que são letais, inativando ou inibindo o crescimento de muitos fitopatógenos e de propágulos de plantas tidas como daninhas (KATAN et al., 1976; GHINI, 1991; SOUZA, 1993; Figura 68). Em seguida, são feitas valetas no entorno da lona para facilitar o escoamento de água (MOURA et al., 2007).


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Figura 68. Método físico de desinfecção do solo por solarização. a). Uso de polietileno transparente de calibre 6; b). Canteiros de solarização (20 cm de altura). Fotos: Jorge Alonso Bernal Estrada.

Vaporização. É um método de desinfecção do solo no qual o vapor de água é usado como desinfetante para todos os microrganismos do solo. O referido vapor é obtido a partir de uma caldeira móvel, geralmente a 80 - 100ºC, que através de uma série de canos e tubos é conduzido ao solo onde é gradualmente desinfetado a uma profundidade variável (5 15 cm) dependendo do sistema utilizado, e com duração média de tratamento entre 5 e 20 minutos. Na escolha do equipamento, é importante levar em consideração a capacidade de geração de vapor, a qual determina a superfície que pode ser efetivamente tratada em cada processo de esterilização, a fim de definir a capacidade do equipamento requerida para uma determinada superfície, deve-se considerar que para vaporizar a uma profundidade de 20 ou 30 cm, são necessários 15 kg de vapor por metro quadrado e que um quilo de vapor é produzido por um litro de água, com uma pressão mínima de saída de 30 psi, equivalente a 2 bars de pressão. Além disso, devem ser obtidas informações sobre o rendimento do equipamento, ou seja, o tempo de processo e a oferta de mão de obra necessária ao seu funcionamento, de forma a se obter aplicações em tempo hábil (CARRASCO; RIQUELME, 2015; Figura 69).


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Figura 69. Vaporizador de substrato. Fotos: Carrasco e Riquelme (2015).

Em outro tipo de vaporizador, o equipamento consta de um tanque para água e um carroção para colocar o solo ou substrato a ser desinfetado (Figura 70). O vaporizador eleva a temperatura da água ao ponto de ebulição e gera vapor d'água que é conduzido por tubulação ao substrato a uma temperatura de aproximadamente 70 °C, o que permite a desinfecção de patógenos, insetos e sementes de ervas daninhas.

Figura 70. Equipamento de desinfecção do substrato. Foto: Sotomayor et al. (2019).


C a p í t u l o I | 111 O vapor gerado pelo equipamento é distribuído por tubos de ferro galvanizado que ficam enterrados no solo, os quais são cobertos por uma lona resistente a altas temperaturas. Com este sistema, o solo pode ser desinfetado até uma profundidade de 20 a 25 cm (CARRASCO; RIQUELME, 2015). Muitos dos países produtores de avocados introduziram programas de produção de mudas em viveiros que fornecem aos agricultores árvores certificadas livres de doenças. Esses programas incentivam fortemente a obtenção de material para propagação de árvores que correspondem às variedades e que estão em ótimo estado de sanitário (RIOS-CASTANO et al., 2003). Em geral, para manter um estado sanitário adequado, para a produção de plantas de avocado em viveiros, devem-se seguir algumas recomendações básicas. Todas as plantas devem ser colocadas sobre um balcada de madeira ou malha de aço, elevada a pelo menos 30 cm do solo, com passarelas de concreto ou asfalto, e o restante da área deve ser coberto com 5 cm de cascalho grosso e limpo (Figura 71). Para garantir que não haja Phytophthora cinnamomi ou outros patógenos que ataquem o sistema radicular, todos os substratos dos canteiros ou sacos; eles devem ser solarizados ou pasteurizados por vaporização a 60 oC por 30 minutos (ALLAN et al., 1981). Os viveiros são construídos com estrutura de metal ou madeira e protegidas com plástico para as estufas com proteção UV.


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Figura 71. Adaptações em um viveiro de avocado: isolamento de solo, isolamento de perímetro, uso de galpões e disposição de sacos plásticos sobre uma bancada de madeira ou grade de aço, principalmente em regiões chuvosas. Fotos: Elbis Leonel Lavaire (2020) e Alarcón, 2012.

Em locais com alta radiação solar, é necessário fornecer às plantas (em canteiros, estufas e áreas sombreadas) meia sombra, utilizando tela de sombrite com 50% de sombra; isso para proteger as plantas dos altos níveis de raios UV e da evapotranspiração excessiva, o que permite conservar a umidade do solo e da planta (Figura 72).


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Figura 72. Sombreamento e cobertura do solo em viveiro de avocado para regiões mais quentes, inclusive com uma ligeira inclinação do terreno para facilitar a drenagem. Fotos: Andrea Sotomayor et al. (2019) e Victor Omari (2019).

Método tradicional de formação de plantas de abacate: obtenção de porta-enxertos por semente e enxerto da variedade. Devido à polinização cruzada e ao alto grau de heterozigosidade da progênie, existe uma grande variabilidade de porta-enxertos oriundos de sementes, sendo impossível obter plantas geneticamente uniformes, condição ideal para a formação de pomares comerciais (GLEESON et al., 2015; PETRY et al., 2012). Portanto, embora enxertadas, as plantas cujos porta-enxertos foram obtidos de sementes diferem entre si em tamanho, produtividade, qualidade do fruto e tolerância a fatores bióticos e abióticos (PETRY et al., 2012). Devido à alta segregação genética dos porta-enxertos obtidos de sementes, recomenda-se que a seleção da planta doadora de sementes seja feita em função de seu vigor, produtividade, qualidade e adaptação às condições climáticas locais (CASTRO; FASSIO, 2015), além de a compatibilidade com as variedades que serão enxertadas (WHILEY et al., 2007). Porém, nem sempre é possível reunir todas as características desejáveis em um único porta-enxerto. Os porta-enxertos podem ser obtidos de cultivares das raças Guatemaltecas, Mexicanas ou Antilhanas. No Chile, utilizam-se sementes de cultivares da raça Mexicana (CASTRO et al., 2003) para a obtenção do porta-enxerto, enquanto no México se utilizam predominantemente sementes de cultivares criolas, as quais originam plantas vigorosas e


C a p í t u l o I | 114 rústicas. No Brasil, os viveiristas também optam pela utilização de sementes de plantas não enxertadas para a obtenção de porta-enxertos rústicos, não havendo uma cultivar definida como fonte de sementes. As sementes de abacate usadas para a formação de porta-enxertos devem ser retiradas de frutos maduros provenientes de plantas saudáveis (Figura 73). Recomenda-se retirar a película que envolve as sementes (tegumento ou testa) que inibe a germinação, e que sejam semeadas imediatamente após a coleta e processamento. Antes da semeadura, as sementes podem ser desinfetadas por imersão em água a 49-50 °C, secando-as posteriormente à sombra, ou por tratamento químico, o qual consiste na imersão das sementes em soluções fungicidas específicas. Geralmente, a semeadura é realizada em sacos plásticos contendo o substrato livre de patógenos e pragas, podendo-se agregar outras fontes de nutrientes (Figura 74). As sementes são dispostas a uma profundidade de 5 cm, tendo o cuidado de posicionar a superfície mais plana da semente para baixo e a mais pontiaguda para cima. Os sacos são mantidos em ambiente ventilado e com sombreamento moderado, com cerca de 50% de luminosidade e a irrigação é realizada quando necessário.

Figura 73. Utilizar para germinação apenas a semente retirada diretamente do fruto maduro cortado do abacateiro. Foto: Rhiannon Taylor October (2020).


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Figura 74. Germinação de sementes de abacate para porta-enxertos (a). Crescimento e desenvolvimento de porta-enxertos saudáveis (b). Fonte: Alarcon, 2012.

Desinfecção de sementes. As sementes sem polpa devem ser expostas ao sol por 20 a 30 minutos para facilitar o desprendimento da casca; em seguida, elas são imersas por 10 minutos em uma solução aquosa com um fungicida como o Metil Tiofanato (Banrot; Figura 75). Recomenda-se proteger a semente com fungicidas em pó como: Arazán, Captán ou PCNB, nas doses de 10 gramas por quilo de semente (BARTOLI, 2008). Água quente a 49 - 50 °C pode ser usada por 30 minutos para eliminar o fungo Phytophthora cinnamomi. Temperaturas abaixo de 45 ºC não são efetivas e temperaturas acima de 51 ºC prejudicam o embrião da semente; em seguida, eles são resfriados e arejados, para remover a sua casca.


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Figura 75. Tratamento de sementes atráves da preparação de uma solução fúngica. Foto: José Angel Alfonso Bertoli (2008).

Segundo recomendações de Sotomayor et al. (2019), as sementes de avocado são desinfetadas colocando-as em solução a base de Carboxim + Thiram (2 g L-1) por uma hora. Se necessário, pode-se adicionar um inseticida à base de Deltametrina (0,5 ml L-1) ou Diflubenzuron (0,5 g L-1) (Figura 76).

Figura 76. Desinfecção de sementes de avocado. Foto: Sotomayor et al. (2019).


C a p í t u l o I | 117 Preparação do substrato em sacos plásticos. O abacate é um cultivo muito sensível ao excesso de umidade e a falta de ar no solo, portanto, é importante usar misturas de solos que reduzam esses fatores adversos. Deve-se usar um material solto o suficiente para que as raízes possam crescer adequadamente e ter oxigenação. Um substrato que contém solos muito argilosos, geralmente se compacta, e retém muita umidade, favorecendo a asfixia radicular e o desenvolvimento de doenças. A mescla de solo para os sacos de viveiro deve ser 50% de terra preta com textura argilosa ou arenosa, 25% de matéria orgânica e 25% de areia. Outra proporção de substrato pode ser 60% terra preta, 25% matéria orgânica e 15% areia (MÉNDEZ, 2001). O substrato também pode conter vermicompostagem, compostagem, esterco bem curtido, mas sem ultrapassar 25% da mistura. A desinfecção do substrato é feita com os mesmos produtos e proporções indicadas para os canteiros. É necessária uma área de recepção e preparação do substrato protegida da chuva. Esta área é usada para armazenar solo, fertilizantes orgânicos e diferentes substratos usados como meio de germinação e crescimento das plantas. Da mesma forma, deve haver espaço para tratamento e misturas dos substratos utilizados no enchimento dos sacos e uma área para a sua colocação nos sacos que irão para o viveiro. São utilizados sacos plásticos pretos de 9 x 14 polegadas de dimensão, capacidade 2,2 kg e calibre 3 mm, estes devem ter 4 ou 5 orifícios na base para facilitar o escoamento do excesso de água. Durante o enchimento dos sacos, estes devem ser batidos contra o solo para evitar espaço de ar e podem ser enchidos até o nível ideal de 2 cm abaixo da borda do saco (SOTOMAYOR et al., 2019; Figura 77).


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Figura 77. Área de preparação do substrato e colocação do substrato nos sacos. Fotos: Sotomayor et al. (2019). Em Michoacán (México), são utilizados sacos grandes de 26 cm x 48 cm até que o portaenxerto atinja a idade do enxerto (Figura 78), depois são transferidos para sacos de 35 x 65 cm, onde crescem sem problemas de espaço por até um ano ou idade limite para comercialização.

Figura 78. Sacos com substrato desinfetado para plantio e germinação de sementes.


C a p í t u l o I | 119 Preparação do canteiro. Para facilitar a germinação das sementes, recomenda-se preparar um canteiro de um metro de largura por 20 a 30 cm de profundidade por 10 m de comprimento ou de acordo com as necessidades das plantas a produzir. O substrato a ser utilizado pode ser uma mistura de areia, silte e argila em proporções iguais ou aumentar a porcentagem de areia para favorecer o desenvolvimento das raízes. Os canteiros devem ser desinfetados antes da semeadura (Figuras 79 e 80). São várias as técnicas como a solarização, o uso de água quente (vaporização) e a aplicação de produtos como: Brometo de Metila, Formol, Ridomil, Basamida, Banrot e Cal-Sulfato de Cobre, entre outras, para desinfetar os canteiros de insetos, nematóides, fungos e bactérias. Um método de desinfecção do substrato dos canteiros consiste em misturar 25 quilos de cal e 5 quilos de Sulfato de Cobre para cada 6 metros cúbicos de solo ou substrato. Essa mistura pode ser usada para o substrato dos sacos plásticos no viveiro. Para o brometo de metila em doses de 450 g por 10 metros quadrados de solo, deve ser recoberto com plástico para que o gás não escape, fica três dias e retira a vedação, e depois se deixa arejar por sete dias para poder semear. No caso da vaporização do solo do canteiro, pode ser semeado no mesmo dia. Com uso do Basamida em doses de 40-50 g por dois metros quadrados de canteiro, o produto é misturado, regado, coberto com plástico, após 5 a 7 dias destapar e mexer continuamente. Semeie após 14-19 dias, após a aplicação do produto (BARTOLI, 2008).

Figura 79. Desinfecção do canteiro ou sementeira (a céu aberto) antes da semeadura do avocado. Fotos: José Angel Alfonso Bertoli (2008).


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Figura 80. Estrutura de sementeiras em suspensão. Fotos: Jorge Alonso Bernal Estrada.

O substrato desinfetado dos canteiros será terra solta, limo e areia. Em um canteiro de 2 metros quadrados, são produzidos os porta-enxertos para um hectare. A semeadura é de 10 centímetros entre as sementes e 20 entre as linhas (Figura 81). A germinação do avocado ocorre 40-50 dias após a semeadura. Quando as plantas têm de 10 a 15 cm, são transplantadas para sacos de polietileno de 20 cm x 35 cm ou 23 cm x 35 cm.

Figura 81. Semeadura de sementes cortadas de avocado no canteiro (a céu aberto), posicionado a ponta cortada para cima e sem cobri-las com substrato. Fotos: José Angel Alfonso Bertoli (2008) e Jorge Alonso Bernal Estrada.

Tanto em canteiros quanto em sacos, a semeadura tem 5 centímetros de profundidade, posicionada com a parte larga para baixo e a ponta para cima (Figura 82). Quando a capacidade de germinação da semente é duvidosa, ela é cortada a 1 ou 2 centímetros da


C a p í t u l o I | 121 ponta, de forma transversal, para facilitar a entrada de umidade. Essa prática é desnecessária em sementes frescas, uma vez que é uma via de entrada de patógenos. As sementeiras ou bolsas devem ser protegidas com ramada, evitando inundações e animais domésticos (SOTOMAYOR et al., 2019).

Figura 82. Formas de colocar a semente do avocado no substrato e semente germinada. Foto: Jorge Alonso Bernal Estrada.

Para as condições de semeadura da maioria dos viveiros, a germinação ocorre entre 30 e 60 dias, sendo a enxertia realizada a partir do momento em que o caule atinge cerca de um centímetro de espessura, a uma altura de aproximadamente 20 cm, mostrando-se apta para receber os ramos da variedade a ser produzida comercialmente (BETTIOL NETO; PIO, 2016). Estudos têm demonstrado que a escarificação de sementes de avocado antes da semeadura é uma ferramenta eficaz para reduzir o tempo de germinação (WHILEY; WHILEY, 2005), podendo ser realizada através do corte parcial dos cotilédones na extremidade apical da semente (Figura 83). Alguns viveiristas também cortam ou raspam a base da semente (CASTRO; FASSIO, 2013a).


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Figura 83. Preparação de sementes para a semeadura. Fotos: Cerdas Arroyo e María del Milagro (2006) e José Angel Alfonso Bertoli (2008). Métodos de enxertia. O avocado pode ser propagado na forma assexuada pelos métodos de enxertia, mergulhia e estaquia, mas atualmente o método mais utilizado é a enxertia de garfagem; são enxertados os garfos de ponteiros semilenhosos ou semi-herbáceos sob porta-enxertos que podem ser de sementes (Figura 84) ou de propagação vegetativa. Nos porta-enxertos provindos de propagação vegetativa, se busca principalmente variedades com resistência/tolerância a gomose (Phytophthora cinnamomi), além de tolerância ao frio, a solos salinos, altas produtividades e nanismo (KOLLER, 2002).

Figura 84. Germinação de sementes para produção de porta-enxertos (a). Crescimento e desenvolvimento de porta-enxertos saudáveis (b). Seleção de garfos saudáveis (c). Enxerto e tutoramento (d). Fonte: Alarcón, 2012.


C a p í t u l o I | 123 Com relação à variedade Hass, dois métodos de enxertia são utilizados. A primeira é a enxertia pelo método de garfagem lateral, que consiste na retirada do talo do porta-enxerto por meio de corte em bisel, sendo o mesmo tipo de corte também realizado no garfo de ponteira da planta-mãe (Figura 85). O outro método, mais utilizado em viveiros comerciais, é o enxerto por garfagem de fenda simples ou garfagem de topo de fenda cheia, que consiste em fazer um corte longitudinal de aproximadamente 3 cm no portaenxerto, no qual será encaixado o ponteiro da variedade, cortado em formato de cunha (Figura 86). Em ambos os casos, a região da união do porta-enxerto/copa deve ser fixada com fita adesiva e o enxerto deve ser protegido com saco plástico, de forma a evitar a desidratação do garfo ou vareta, devendo permanecer com o saco plástico e a fita de amarrar por cerca de 30 a 40 dias, até a brotação das varetas. Após esse período, os brotos do porta-enxerto devem ser removidos, realizar tratamentos fitossanitários, conduzir e climatizar

progressivamente

as

plantas,

entre

outras

práticas

de

manejo.

Aproximadamente 10 a 12 meses após a semeadura do porta-enxerto, as plantas estarão prontas para serem levadas ao local de plantio definitivo (BETTIOL NETO; PIO, 2016).

Figura 85. Processo de enxertia com garfagem lateral. a) Colocação do garfo, b) Vedação com fita de enxerto, e c) Colocação de saco plástico. Fotos: Sotomayor et al. (2019).


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Figura 86. Enxertia do tipo garfagem no topo em fenda cheia em porta-enxerto. Fotos: FreshFruitPortal.com.

Dentre os fatores responsáveis pelo sucesso de qualquer método de enxertia, o principal é o contato entre os tecidos meristemáticos do enxerto e o porta-enxerto (HARTMANN et al., 2002). De acordo com o exposto, Mang'omban e Toit (2013) investigaram a influência do comprimento da superfície do corte diagonal do enxerto e porta-enxerto no método 'inglês' e registraram que o corte longo de 40 mm é o mais recomendado para este tipo de enxertia, uma vez que proporcionou 70% de sobrevivência aos abacateiros enxertados. Segundo Bettiol Neto e Pio (2016), para evitar a desidratação do enxerto, é necessário o uso de um saco plástico para proteger a região do enxerto. Nesse sentido, Jacomino et al. (2000), avaliando o efeito de diferentes materiais de proteção durante o processo de formação de plantas de abacate 'Fortuna', concluíram que os materiais Parafilm e o filme de policloreto de vinila (PVC) foram os mais indicados na proteção do enxerto de abacate, resultando em uma taxa de preenchimento do enxerto de 80 e 53%, respectivamente. Outro fator importante que influencia no êxito do método de enxertia é a época do ano em que o mesmo é realizado, sendo os meses de novembro e dezembro indicados para as condições brasileiras, quando há disponibilidade de varetas das diferentes variedades aptas para enxertia (OLIVEIRA et al., 2008b).


C a p í t u l o I | 125 Para isso, dependendo da época de colheita dos frutos do porta-enxerto da planta-mãe, pode ser necessário armazenar as sementes, o que é possível se forem previamente tratadas com fungicida e acondicionadas em sacos plásticos mantidos em refrigeração ou em recipientes contendo serragem umedecida (NEVES; MOREIRA, 1991). Práticas para o bom desenvolvimento das plantas enxertadas É necessário instalar um sistema tutorado após o plantio para orientar e apoiar a árvore durante os primeiros meses no campo (Figura 87). Utilizar o tutor entre 50 a 70 centímetros de altura, cada tutor deve ser desinfetado com fungicida ou cal; irrigação, fertilização, controle adequado de ervas daninhas, pragas e doenças, por pelo menos 4 a 7 meses.

Figura 87. Tutoramento no viveiro. Foto: Zapata Guzmán et al. (2018). Propagação vegetativa de porta-enxertos de avocado. Por ser uma espécie altamente heterozigótica e de polinização cruzada, a multiplicação do abacate pela semente dá origem a uma progênie altamente variável em relação às características morfológicas e biológicas (OLIVEIRA et al., 2008a). A multiplicação por métodos vegetativos garante às novas plantas a expressão de características desejáveis da planta-mãe, selecionadas pelo aspecto nutricional, tolerância a doenças, menor tamanho,


C a p í t u l o I | 126 adaptação às condições edafoclimáticas específicas e por apresentar boas características de produção e qualidade dos frutos, ademais de permitir a produção de mudas em larga escala a partir da seleção de determinado material genético (HARTMANN et al., 2002). As primeiras técnicas desenvolvidas para a propagação vegetativa de abacate datam de 1924, com a implantação da propagação por estacas buscando a multiplicação de portaenxertos com características superiores (SWINGLE; ROBINSON, 1924), sendo posteriormente continuada por Eggers e Halma (1937) e por Haas (1937). Porém, a propagação do abacate pelo método de estaqueamento apresenta algumas limitações devido à síntese excessiva de compostos fenólicos, rápida oxidação e desidratação dos tecidos, além da formação de calos sem a emissão de raízes adventícias (PETRY et al., 2012; ESCOBEDO; ESCOBEDO, 2015; GLEESON et al., 2015). Entre os principais fatores que influenciam o enraizamento de estacas de abacate estão: (a) as características e a idade da planta-mãe; (b) tipos de estacas; (c) época de colheita das estacas; (d) uso de reguladores vegetais; (e) tipo de substrato; (f) intensidade da luz; (g) aquecimento do meio de enraizamento; (h) nenhuma remoção das folhas das estacas e (i) estiolamento das estacas (HARTMANN et al., 2002). Trabalhos de investigação indicaram que, de um modo geral, a utilização de estacas herbáceas em vez de lenhosas retiradas na primavera, a redução em 50% da intensidade da luz, a aplicação exógena de reguladores de crescimento, o estiolamento e a Campainha (SILVEIRA et al., 2004) são técnicas úteis para melhorar o enraizamento. Mindêllo-Neto et al. (2006), avaliando diferentes concentrações da auxina sintética ácido indol butírico (AIB) em estacas herbáceas de abacate cv. 'Fuerte' (híbrido das raças Guatemalteca x Mexicana), verificou que a imersão das estacas por 5 segundos em solução de 500 mg • L-1 AIB promoveu o enraizamento de 47,5% das estacas, enquanto a imersão por 5 segundos em concentrações de 2.000 e 4.000 mg.L-1 de AIB exibiram um enraizamento de 32,5 e 30,0%, respectivamente. Além disso, o enraizamento foi nulo quando as estacas foram imersas na solução de AIB por 24 horas, independentemente da concentração do regulador utilizado. Este estudo demostrou que a concentração do hormônio sintético em valores superiores ao necessário para estimular o enraizamento ocasionou um desequilíbrio entre os hormônios promotores e inibidores e, consequentemente, o não enraizamento das estacas.


C a p í t u l o I | 127 Quando o enraizamento por estacas é difícil, o processo de estaquiamento subterrâneo pode ser usado combinado com o estiolamento dos ramos do abacate, inicialmente descrito na África do Sul por Ernst e Holtzhausen (1978). O estiolamento dos ramos (BIASI, 1996) promove seu enraizamento, pois aumenta a concentração de auxinas, diminui a lignificação dos tecidos, aumenta o acúmulo de amido na região estiolada e diminui o conteúdo de cofatores negativos no enraizamento (HARTMANN et al., 2002). A técnica de estiolamento foi descrita pela primeira vez por Frolich (1951), que teve éxito em enraizamento de estacas fisiologicamente maduras de abacate da raça Guatemalteca. Estudos posteriores levaram ao desenvolvimento da técnica de produção comercial de mudas clonais de abacate (FROLICH; PLATT, 1972) e variações da mesma já foram descritas por vários autores desde então (BARRIENTOS-PRIEGO et al., 1992; MOLL; WOOD, 1980), sendo atualmente utilizado comercialmente nos Estados Unidos, Austrália, Israel e África do Sul (ERNST et al., 2013) para a produção clonal de portaenxertos de abacate com características superiores. Silveira et al. (2004) verificaram que o estiolamento proporcionou o enraizamento de 62,5% das mudas de abacate 'Ouro Verde' (híbrido das raças Guatemalteca e Antilhana), enquanto a cultivar Baronesa (raça Antilhana) não apresentou mudas enraizadas, indicando que o estiolamento não é uma prática efetiva para todas as cultivares. O trabalho de Petry et al. (2012) relataram que não apenas o estiolamento, mas também o anelamento do caule foi confirmado como técnicas eficientes na propagação do abacate. Obtenção de porta-enxertos clonais e enxertia da variedade A obtenção de porta-enxertos clonais tem sido bastante estudada e sua utilização resulta em mudas com qualidade e uniformidade muito superiores quando comparadas áquelas que utilizam porta-enxetos obtidos por sementes. Contudo, devido á alta porcentagem de perda de material inerente ao processo de clonagem (ESTAY et al., 2016), à estrutura necessária, como câmara de estiolamento e mão-de-obra treinada, as mudas costumam ter preços superiores (CASTRO; FASSIO, 2013b). Por outro lado, a árvore do avocado Hass é compatível com vários porta-enxertos, adaptados a solos diversos e é muito produtiva. Portanto, a propagada por enxertia, em porta-enxertos clonais ou seminais, começa a produzir a partir do terceiro ano, entrando em plena produção entre o quarto e o quinto ano e com uma expectativa de vida média da árvore de 15 anos.


C a p í t u l o I | 128 O maior benefício de se obter uma planta de abacate em porta-enxerto clonal está na superioridade de enraizamento e desenvolvimento radicular (BEN-YA'ACOV; MICHELSON, 1995; DE VILLIERS; ERNST, 2007; DE VILLIERS; ERNST, 2015; FASSIO et al., 2016), com efeito positivo no desempenho da planta em campo (DE VILLIERS; ERNST, 2007). Detalhamento de dois métodos de obtenção de portaenxertos clonais: 1- Método de Frolich e Platt (1972). O método de propagação do porta-enxerto clonal começou com os pesquisadores Frolich e Platt (1972) da Universidade da Califórnia, em Riverside, Estados Unidos. Essa metodologia inovadora de obtenção de porta-enxertos por métodos vegetativos revolucionou a forma de propagação do abacate em todo o mundo. O uso comercial dessa técnica se popularizou na década de 1970 na Califórnia, quando alguns viveiros substituíram porta-enxertos de sementes por porta-enxertos clonais com características de tolerância a patógenos (principalmente Phytophthora cinnamomi), tolerância a déficit hídrico e solos salinos, entre outras características (CASTRO; FASSIO, 2013a, CASTRO; FASSIO, 2013b). O método de Frolich e Platt (1972) consiste na produção de uma planta de abacate por semente e quando atinge o diâmetro adequado (Figura 88a), o enxerto é realizado por garfagem terminal ou fenda simples da cultivar a ser propagada como um porta-enxerto (Figura 88b). Após a união completa do enxerto (Figura 88c), os brots do enxerto são removidos (Figura 88d), e posteriormente as plantas são levadas para uma câmara escura (Figura 88e) para que ocorra o estiolamento dos brotos das gemas do enxerto. Quando esses brotos atingem cerca de 8 a 10 cm de comprimento, as plantas são retiradas da câmara escura (Figura 88f) e transferidas para um ambiente iluminado. Nesse local, que deve ser semi-sombreado, cobre-se todo o perímetro do caule dos ramos estiolados com um cilindro de material plástico ou metálico, contendo substrato úmido, de forma a manter essa região protegida da luz, deixando descobertas apenas as extremidades apicais dos ramos, permitindo que as folhas expostas se desenvolvam e recuperem a clorofila (Figura 88g). Quando essas mudas apresentam bom desenvolvimento (Figuras 88h, 88i), o cilindro que cobria os ramos é retirado e com tesoura de poda contam-se os ramos estiolados que estão prontos para ser enraizados como estacas (Figuras 88, 88k).


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Figura 88. Técnica de Frolich e Platt para enraizamento de porta-enxertos clonais de abacate (FROLICH; PLATT, 1972). Planta obtida da semente (a); Enxerto por garfagem terminal ou fenda simples do porta-enxerto (b); Estabelecimento do enxerto (c); Redução de brotos (d); Plantas armazenadas em câmara escura (e); Brotos estiolados (f); Cobrir os rebentos estiolados com um cilindro cheio de substrato (g); Plantas em ambiente semisombreado (h); Plantas prontas para reprodução por estacas (i); Plantas prontas para reprodução por estacas após remoção do cilindro de cobertura (j); Estaca removida da planta (k); Estaca enraizada (l).


C a p í t u l o I | 130 Entre seis e oito semanas depois, as estacas estarão enraizadas (Figura 88l) e prontas para serem transplantadas em sacos plásticos de maior capacidade e climatizadas. Estacas enraizadas e estabelecidas podem ser enxertadas com a variedade de interesse comercial. Este método também permite realizar o anelamento para forçar a emissão de raízes nos ramos estiolados. Nesse caso, quando as mudas são retiradas da câmara escura, é feita um anelamento na base do ramo em todo o perímetro do caule do broto estiolado. Da mesma forma, essa região do caule é envolta por um cilindro de material plástico ou metálico preenchido com substrato, como ocorre no processo de propagação por estratificação, de forma que a região fique protegida da luz e estimule o processo de enraizamento. Nesse caso, o enraizamento ocorrerá na região do anelamento, sendo o restante do processo idêntico ao anteriormente explicado (FROLICH; PLATT, 1972). 2- Método Hofshi adaptado de Brokaw. Em primeiro lugar, antes da semeadura, é preparado o recipiente que vai condicionar as plantas. É utilizado um saco plástico de 2 litros, o qual deve ser dobrado externamente até a metade do seu comprimento. O saco é preenchido com substrato até a metade de sua capacidade, então com as mãos uma cavidade é aberta no interior do substrato, a fim de facilitar o condicionamento da radícula no momento da semeadura. A semente com a radícula é cuidadosamente introduzida na cavidade do substrato. Posteriormente, uma estaca de bambu é inserida no recipiente, servindo como um tutor para o broto estiolado. Então, com uma fita adesiva é fixado um copo plástico transparente (240 mililitros), com a base livre ao redor do broto estiolado e na região da aplicação do hormônio de enraizamento. A seguir, o copo plástico é preenchido com substrato estéril e com uma fita adesiva é fixado no tutor de bambu (Figura 89a). Se o rebento estiolado for longo o suficiente, um segundo copo de plástico pode ser colocado da mesma forma, cerca de 20 cm acima do primeiro. Cerca de um mês depois, dependendo das condições ambientais, já será possível visualizar as raízes adventícias nas paredes do vaso transparente (Figura 89b). Quando o broto atinge um bom crescimento aéreo, a copa da variedade comercial é enxertada e quando este segundo enxerto desenvolve brotos com cerca de 6 a 10 cm de comprimento, a nova planta clonal é então separada da semente-'mãe', transplantada para um novo recipiente e mantida em um local com temperatura e umidade relativa do ar controladas, até que esteja em condições adequadas para o plantio no local definitivo,


C a p í t u l o I | 131 enquanto a semente 'mãe' pode ser semeada novamente para a produção de um segundo porta-enxerto clonal (HOFSHI, 1996a, b).

Figura 89. Clonagem do porta-enxerto de abacate pelo método Hofshi adaptado de Brokaw (ERNST et al., 2013). Rebento coberto por copo plástico preenchido com substrato e tutelado por bambu (a); Raízes adventícias do caule estiolado (b).

Micropropagação A micropropagação consiste na aplicação de técnicas de cultura de tecidos para multiplicação de plantas em larga escala, utilizando pequenas partes da planta (explantes) em condições assépticas, com vantagens em termos de nutricionais, de sanidade e qualidade das plantas micropropagadas. Também possibilita a manutenção dos genes de interesse, proporcionando maior estabilidade genética e a obtenção de materiais mais tolerantes a doenças radiculares, como a podridão radicular causada por P. cinnamomi e a estresses ambientais, além de reduzir o tempo necessário para a obtenção das plantas (HARTMANN et al, 2002). Apesar dos aspectos positivos apresentados, a


C a p í t u l o I | 132 micropropagação para cultivo de abacate pode não ser efetiva devido à rápida oxidação e necrose dos tecidos do explante (CASTRO et al., 1995). No entanto, tal técnica se apresenta como uma alternativa para reduzir a variabilidade genética de mudas a partir de sementes (NHUT et al., 2008). Existem vários estudos de propagação in vitro realizados em abacate, entre os quais morfogênese “in vitro”, cultura de brotos (jovens e adultos) (Figura 90), cultura de embriões, cultura de calos, embriogênese somática, isolamento de protoplastos, entre outros. Muitos deles são também produtos de transformação genética, mutagênese, hibridização somática ou aclimatação, com resultados ainda não conclusivos (PLIEGO et al., 2007).

Figura 90. Propagação “in vitro” do abacate, por meio de microestacas. Foto: Jorge Alonso Bernal Estrada.

A micropropagação através da proliferação de ápices caulinares e gemas axilares são os processos mais utilizados para multiplicação ‘in vitro’ de plantas, por ser um método de propagação vegetativa que apresenta grande estabilidade genética (AMATO, 1977; KRIKORIAN, 1991, citados por BIASI et al., 1994). Em abacateiro este método foi utilizado visando à propagação vegetativa de porta enxertos necessários para a manutenção de características importantes como a resistência à salinidade e à podridão


C a p í t u l o I | 133 de raiz. No entanto, resultados apesar de promissores, ainda não permite a utilização do processo em escala comercial (BIASI et al., 1994). Por meio da cultura de brotos e da embriogênese somática, é possível recuperar as plantas de abacate a partir de células e da cultura de tecidos. O cultivo de rebentos é muito útil como um método alternativo para a propagação vegetativa de materiais exclusivos, particularmente de novas seleções de porta-enxertos. Por sua vez, a embriogênese somática é essencial para a manipulação do genoma, por meio da transformação genética e da indução de mutações “in vitro” (PLIEGO-ALFARO et al., 2013).

COMPOSIÇÃO QUÍMICA EM SEMENTES DO AVOCADO HASS O abacate ‘Hass’, denominado ‘avocado’, destaca-se

dentre as variedades

comercializadas no mercado brasileiro, sendo de menor diâmetro, casca mais grossa, maior teor de lipídios, menor teor de água e, portanto, apresentando uma polpa mais consistente. Segundo Daiuto et al. (2012), a proporção de casca, polpa e semente presentes no avocado ‘Hass’ é de, respectivamente, 28,13; 58,71 e 13,16%, e seus produtos de maior interesse comercial derivam apenas da polpa, tais como: óleo, polpas, guacamole e pastas. Porém, ainda a maior parte da produção do ‘avocado’ é destinada ao mercado externo. O avocado (Persea americana Mill.) possui notável qualidade nutricional, pois contém grande quantidade de vitaminas, minerais, proteínas e fibras, além do elevado teor de lipídios que confere destaque ao fruto como auxiliar na prevenção de doenças cardiovasculares. Além disso, contém níveis elevados de compostos fitoquímicos bioativos, incluindo a vitamina E, carotenoides, esteróis, compostos fenólicos, entre outros (LEE et al., 2004). Por motivos como este, o abacate foi investigado detalhadamente e hoje é considerado uma das frutas com maior contribuição nutricional devido aos elementos que o compõem. É uma fonte muito rica em vitamina E, por isso é considerada a melhor fonte de antioxidante entre as frutas. A Tabela 8 mostra a quantidade de elementos, vitaminas e ácidos graxos que fazem do avocado um alimento de alto conteúdo nutricional, o que favorece de certa forma os inúmeros benefícios à saúde que lhe são atribuídos.


C a p í t u l o I | 134 Tabela 8. Composição proximal por 100 gramas de polpa do avocado Hass. ELEMENTO

QUANTIDADE (mg)

ELEMENTO

QUANTIDADE (g)

Cálcio

24,0

Potássio

604

Ferro

0,5

Fibra

0,4

Zinco

0,4

Carboidratos

5,9

Magnésio

45,0

Proteínas

1,8

Sódio

4,0

Graxa total

18,4

CONTEÚDO

ÁCIDOS GRAXOS

CONTEÚDO

A

85 μg

Saturados

3 gr

D

10 μg

Monoinsaturados

8,9 gr

E

1,53 mg

Poliinsaturados

2 gr

K

8 μg

B1

17 mg

B2

0,1 mg

B6

0,25 mg

C

15 mg

Niacina

1,8 mg

Ácido pantotênico

0,89 mg

VITAMINAS

Retinol

17 mg

Ácido fólico

32 μg

Fonte: Téliz et al. (2000) e Calabrese (1992).

O abacate é reconhecido como um fruto que possui alto teor de lipídeos em sua polpa, podendo alcançar até 32% dependendo da variedade (OZDEMIR; TOPUZ, 2004). Os lipídeos presentes no mesocarpo do abacate são ricos em ácidos graxos monoinsaturados, principalmente ácido oleico (em torno de 60%), além deste, possui quantidades significativas dos ácidos graxos: palmítico (20%), linoleico (10%), palmitoleico (5%) e esteárico (0,5%). O teor de ácidos graxos, poli-insaturados (PUFA) no óleo de abacate, de acordo com Santos et al. (2014), é de aproximadamente 12%. CONDIÇÕES EDAFOCLIMÁTICAS O abacateiro tem uma adaptabilidade boa a diferentes regiões de climas subtropicais e tropicais. Dentre os principais fatores que afetam sua produtividade temos: luminosidade; temperatura; precipitações pluviométricas; ventos; umidade relativa do ar; fertilidade do solo e sua profundidade e porosidade (KOLLER, 1992; WHILEY et al., 2002). Mesmo o Brasil apresentando ótimas condições para a produção na cultura do abacate, a falta de


C a p í t u l o I | 135 conhecimento dos produtores e técnicas de manejos adequadas faz com que o Brasil perca alguns mercados mundiais de abacate, um deles é de não conseguir controlar a gomose (Phytophthora cinnamomi), e a broca do fruto (Stenoma catenifer) que são respectivamente a principal doença e praga do abacate no Brasil (KOLLER, 2002; CAMPOS, 2006; BRUWER, 2007). É importante considerar que os fatores ambientais incluem o clima (temperatura, vento e precipitação), qualidade do ar e os efeitos posicionais, tanto dentro do pomar quanto dentro da árvore. Elementos como o vento, uma precipitação intensa e as geadas podem causar a perda direta do fruto na cadeia de pós-colheita, devido às cicatrizes que causam no fruto. Também é prejudicial a maior incidência de patógenos vegetais associados com as condições de chuvas abundantes, especialmente durante a floração (por exemplo, antracnose) e a perda de frutos danificados por geadas. Requerimentos edafoclimáticos do avocado Hass 1.Fatores climáticos Temperatura. A temperatura depende da altitude e principalmente de certos microclimas, por isso é necessário conhecer esta informação sobre o local onde está prevista a implantação do plantio para poder selecionar adequadamente a variedade de abacate e assim garantir o seu máximo desenvolvimento. A temperatura para o desenvolvimento normal da cultura varia entre 17 a 24 °C, onde a uma temperatura de 20 °C a planta atinge seu ótimo desenvolvimento (Figura 91). Da mesma forma, o abacateiro requer 10 °C a 17 °C como temperatura mínima e 28 °C a 33 °C como máxima para o vingamento de frutos. Para o avocado Hass, as temperaturas ideais estão entre 14 e 24 °C, e até 30 °C. Antes de estabelecer uma plantação, os dados apresentados acima devem ser levados em consideração para não haver problemas em termos de maturidade térmica e requisitos de qualidade. Embora a cultura seja altamente resistente ao frio, é melhor estabelecer pomares em áreas livres de geadas (INTAGRI, 2019).


C a p í t u l o I | 136

Figura 91. A temperatura ideal para o desenvolvimento do cultivo do avocado Hass está entre 17 e 24 °C. Fonte: Intagri, 2019.

Em trabalho realizado na Colômbia, Bernal (2011) constatou que os frutos de Hass, obtidos de lavouras implantadas em áreas mais baixas e quentes (1.340 metros acima do nível do mar), apresentavam formas mais arredondadas do que os frutos obtidos em áreas altas e frias (2.400 metros acima do nível do mar), o que contraria os relatados por Barcenas (2002), no México. No entanto, ele concorda com o autor, onde menciona que a epiderme dos frutos de Hass em ambientes mais quentes tende a ser mais áspera, enquanto em climas mais frios, é mais lisa (Figura 92), situação que apresentou nos frutos de Hass, colhidos de cultivos comerciais em Antioquia, Colômbia.

Figura 92. Influência da altura na forma e aspecto da epiderme do fruto do avocado Hass em Antioquia, Colômbia (Bernal, 2012). Foto: J. Bernal (2014).


C a p í t u l o I | 137 Altitude. Variando entre 1000–2000 metros acima do nível do mar. Os terrenos localizados nos extremos dessas altitudes devem ser avaliados por um técnico para definir se a cultura é viável e estabelecer as medidas preventivas a serem tomadas. A menos de 1000 metros acima do nível do mar, o avocado tem a sua frutificação comprometida. A mais de 2.000 metros acima do nível do mar, as horas de luz são mais baixas e ocorrência de temperaturas mais baixas, o que se reflete em uma baixa taxa de fertilização das flores. Precipitación. O avocado Hass necessita ser plantado em locais com regime de chuvas entre 1.200 e 1.800 milímetros de chuva anual (GODÍNEZ et al., 2000). Contudo isso vai variar dependendo da região, tipo de solo, relevo e tratos culturais. Exemplo disso são locais com verões quentes e com dias longos e invernos frios, a exigência de chuva pode ir de 150 mm a 50 mm no mês bem distribuído, respectivamente. Menos que essas quantidades, será necessária irrigação em alguns momentos específicos (KOLLER, 1992; 2002; WHILEY et al., 2002). Durante a época produtiva, a irrigação localizada (goteamento) prolonga o período produtivo, aumentando os rendimentos em cerca de 30% e melhorando as qualidades organolépticas dos frutos (INTAGRI, 2019). As estiagens prolongadas causam queda de folhas, o que reduz a produtividade e produz frutos de menor calibre, o excesso de precipitação durante a floração e frutificação reduz a produção e provoca queda dos frutos. Com a precipitação que ocorre na Costa Rica (média de 2.500 mm por ano), os programas de controle de doenças preventivas devem ser estabelecidos para reduzir a morte prematura de árvores, frutos de pouco peso e problemas na pós-colheita (DÍAZ, 2003). Vento. A plantação do avocado precisa de proteção natural contra o vento, pois provoca danos, quebra de ramos, queda de frutos, principalmente quando são pequenos. Além disso, quando o vento está muito seco durante a floração, reduz o número de flores polinizadas e consequentemente de frutos. Os ventos muito fortes têm um efeito direto na qualidade do fruto, uma vez que as lesões são produzidas na sua casca devido ao movimento brusco dos ramos. O fator vento pode trazer mais prejuízos do que benefícios ao abacateiro, seu principal benefício é a circulação do ar em um pomar, provocando um arejamento e retirando o excesso de umidade que favorece algumas doenças. Dentre os principais prejuízos


C a p í t u l o I | 138 causados pelo excesso de ventos fortes são: aumento da transpiração da planta, queda de frutos, folhas, quebra de ramos, e diminuição da polinização entomófila e fecundação, danos nas brotações e dos frutos pequenos favorecendo a entrada de doenças (INTAGRI, 2019). Isso tudo acarreta diminuição da produtividade de um pomar. É recomendado a

utilização de quebra-ventos, e de plantas que tenham um crescimento rápido e que não perça suas folhas (eucaliptos, abacateiros de pé franco, pinus etc.), plantadas em uma distância de pelo menos 8 metros para não sombrear o pomar e nem competir por nutrientes e água (KOLLER, 1992; 2002). Luminosidade. A questão de luminosidade está muito atrelada à temperatura, porque geralmente em regiões com temperaturas elevadas os dias são longos, sem nebulosidade e com luminosidade intensa e ao contrário em regiões com temperaturas baixas. A luminosidade é importante para a fotossíntese da planta e para alcançar altas produtividades, por isso em locais sombreados ou com alta taxa de sombreamento pelas neblinas não são recomendados os plantios, porque as plantas vão crescer verticalmente prejudicando a produção e dificultando alguns tratos culturais. Outro problema causado pela alta taxa de luminosidade pode ser a queima dos ramos e do tronco em plantas novas ou adultas doentes com queda de folhas acentuadas, mas salvo isso a luminosidade é muito importante, devendo plantar em locais com pelo menos 6 horas de luminosidades solar direta (KOLLER, 1992; 2002). Se houver pouca luz, os rendimentos serão baixos, embora haja frutos maiores. A redução na produção pode ser de até 35%. As plantações devem ser localizadas onde haja melhor iluminação e onde o terreno seja ligeiramente irregular ou ondulado Umidade relativa. A umidade ideal está entre 60 a 80%. O excesso de umidade relativa pode levar ao desenvolvimento de doenças fúngicas que afetam a folhagem, a floração, a polinização e os frutos, afetando diretamente a aparência e a qualidade da polpa do abacate. Um ambiente muito seco provoca a morte do pólen com efeitos negativos na fertilização e com isso a formação de menos frutos, o que também pode se refletir em frutos deformados. Já foi observado que o abacateiro apresenta boa adaptação a diferentes regiões com taxas distintas de umidade relativa. É importante saber que a umidade relativa influencia diretamente no consumo de água da planta, em locais com menos de 50% de umidade


C a p í t u l o I | 139 aumenta a taxa de evapotranspiração, consequentemente aumentado a necessidade hídrica e em locais com mais de 80% diminui a perda de água da planta, mas favorece o aparecimento de doenças. Então o ideal seria local com 50% a 80% de umidade relativa para o plantio de pomares de abacateiro (KOLLER, 1992; 2002). 2. Fatores edáficos Solos. Textura leviana, profundos, bem drenados, com pH neutro ou levemente ácido (5,5 a 7) ou solos argilosos, mas com boa drenagem. O excesso de umidade é o pior inimigo da cultura. A umidade proporciona um ambiente adequado para o desenvolvimento de doenças radiculares, fisiológicas como asfixia radicular e fungos como Phytophtora ou Fusarium, sendo que o primeiro praticamente acabou com as plantações de abacate costeiro na Costa Rica (DÍAZ, 2003). Se o abacate Hass for plantado em condições que não satisfaçam as necessidades de solo e clima da cultura, dada à suscetibilidade, isso se refletirá em uma baixa produção, o fruto será pequeno e suscetível a distúrbios fisiológicos pós-colheita, o que diminui a vida útil em prateleira. O solo é um dos principais fatores que devem ser levados em consideração no plantio de um pomar de abacateiro, apesar da adaptabilidade de progredir em diversos tipos de solo, desde arenoso a argiloso, necessita de condições especificas para crescer vigorosamente e alcançar altas produtividades. Das condições físicas e químicas do solo, as físicas são mais importantes porque a químicas seriam mais fáceis de corrigir (KOLLER, 2002). Preferencialmente o abacateiro deve ser plantado em solos profundos com pelo menos 2 metros de profundidade, férteis e com alta percentagem de matéria orgânica, porosos e com boa drenagem, mas com bom armazenamento de água. Isso tudo para poder acontecer uma boa fixação da planta no solo, crescimento de raízes e melhor absorção de água e nutriente e principalmente evitar a entrada da podridão do pé, também conhecida como gomose (Phytophthora cinnamomi), que é favorecido pelo encharcamento de solos mal drenados, com baixa porosidade, compactações e teores altos de argila (KOLLER, 2002; CRANE et al., 2007). Algumas formas de corrigir esses tipos de solos são: a utilizações de subsoladores, plantio de leguminosas nas entre linhas, manutenção da vegetação espontânea para matéria


C a p í t u l o I | 140 orgânica, incoporação dela para melhoria das qualidades físicas e biológicas do solo, além do plantio em camalhões (KOLLER, 1992; 2002). Segundo Donadio (1995), a salinidade do solo é um fator que também deve ser levado em consideração, porque o abacateiro apresenta sensibilidade a altas concentrações. Podendo causar diminuição da produtividade e queima na ponta e borda das folhas. Em Israel, esse fator tem sido superado com a utilização de porta-enxertos vindos da raça Antilhana que é mais adaptado a essas condições (KADMAN, BEN’YA’ACOV, 1976). Matéria orgânica. O cultivo do abacate requer solos com um teor de matéria orgânica de 2,5 a 5%, o que lhe proporciona boa estrutura e uma adequada proporção de ar e água para facilitar a drenagem dentro do solo. A razão para isso é a sensibilidade do abacate à asfixia radicular (INTAGRI, 2019). Textura. Apesar da planta de abacate possa se adaptar a uma grande diversidade de solos, os solos de textura franca de consistência média e ricos em matéria orgânica são os mais adequados (Figura 93). Os solos argilosos não são muito convenientes devido à sua má drenagem e os solos arenosos requerem um intenso programa de irrigação e fertilização (INTAGRI, 2019).

Figura 93. As plantas de abacate podem se adaptar a diferentes tipos de solo, mas as condições ideais seriam solos argilosos de consistência média e ricos em matéria orgânica. Fonte: Intagri, 2019.

Profundidade. A profundidade e a textura são características determinantes na quantidade de água que os solos podem reter. Os abacateiros requerem solo moderadamente profundo, pois têm raízes superficiais. O abacate produz colheitas abundantes em solos de 30 a 40 cm de profundidade (INTAGRI, 2019).


C a p í t u l o I | 141 pH e salinidade. Em relação à questão do pH, o abacate absorve de forma ideal os nutrientes entre os valores de 5,5 a 7,0. Por outro lado, sendo uma planta muito sensível à salinidade, os valores normais de condutividade elétrica são menores que 2 ou 3 dS / m. Porém, quando esses níveis são ultrapassados, os efeitos tóxicos da salinidade (cloretos de sódio e magnésio) começam a se manifestar, produzindo queimaduras nas bordas e pontas das folhas até causar desfoliação (INTAGRI, 2019).

SISTEMA DE PRODUÇÃO Para a instalação e condução de pomares de avocado, vários aspectos devem ser considerados visando o sucesso do empreendimento, uma vez que a cultura, de caráter perene, e quando instalada, deverá permanecer na área por vários anos. As árvores de avocado começam a produzir comercialmente aos 4 anos de idade e a produção comercial com retorno econômico começa a partir do 8º - 10º ano. Além disso, é importante salientar que quanto mais favoráveis forem as condições para o crescimento e desenvolvimento das plantas, melhor e mais rápido será o retorno financeiro do empreendimento. Somado a isso, um estudo e posterior planejamento econômico do capital a ser investido, que envolve os custos para a instalação e manutenção da cultura são muito importantes e devem ser realizados inicialmente. O mercado consumidor do produto deve ser identificado e caracterizado no tocante às suas principais necessidades e demandas. A definição do mercado consumidor do abacate é de fundamental importância, uma vez que as principais cultivares aceitas no mercado internacional de exportação (exemplo da variedade Hass), não são ainda bem aceitas no mercado interno. A preferência de consumo dos brasileiros é para um abacate como fruta de sobremesa e utilizado no preparo de sucos e vitaminas com casca verde, tamanho grande, com peso médio dos frutos entre 400 – 700 g., as quais são características bem distintas das frutas produzidas pelo avocado Hass demandadas pelo mercado internacional.


C a p í t u l o I | 142 ESCOLHA DA ÁREA O local de plantio deve ser escolhido cuidadosamente. Inicialmente o local escolhido deve apresentar clima e solo favoráveis para o avocado Hass. Outro aspecto a ser considerado é a topografia do terreno, que preferencialmente deve ser plantada, com declividade entre 3 a 10%. A facilidade de boas estradas de acesso à propriedade, visando não só o manejo da cultura, mas principalmente o escoamento da produção, são itens importantes no planejamento do pomar. Se o destino final for à exportação dos frutos, a proximidade de portos ou aeroportos, que permita a rápida remessa do produto, é muito desejável.

ESCOLHA DA CULTIVAR HASS Como foi abordado anteriormente, a escolha do avocado Hass tradicional é considerada quando o destino final da comercialização é o mercado internacional. Para a promoção de algumas facilidades no manejo do avocado e também visando a sazonilidade da produção, o avocado Hass dispõe de outras variedades derivadas com época de maturação precoce (cv. Carmen-Hass), de meia estação (cv. Hass Tradicional) e tardia (LambHass). Também as variedades derivadas da Hass tradicional apresentam algumas características específicas, tais como: Lamb-Hass que suporta as altas temperaturas do ambiente; Muluma-Hass apresenta resistência de frutos aos ventos fortes; Lavi-Hass apresenta menor alternância de produção; Gwen-Hass apresenta a casca verde no fruto maduro e a polpa de elevado sabor; Harvest-Hass apresenta maior rendimento acumulativo.

ANÁLISE DE SOLO É importante conhecer a condição química do solo antes do estabelecimento do avocado; portanto, recomenda-se realizar uma análise completa de macro e micronutrientes, salinidade (condutividade elétrica), matéria orgânica, capacidade de troca catiônica e pH. No entanto, deve-se tentar verificar anualmente a acidez do solo para garantir o bom desenvolvimento das raízes, absorção eficiente dos elementos minerais; portanto, obterse-ão plantas com bom estado nutricional (MORALES, 2017). Deve ser realizada a amostragem antes da aplicação das fontes de fertilização mais importantes para a cultura. Para isso, uma amostra composta de solo (média de 20


C a p í t u l o I | 143 subamostras) deve ser retirada do terreno homogêneo, a uma profundidade de 0 a 30 cm. Para a amostragem de solo são necessários os seguintes materiais: trados ou com pá de corte, balde plástico e saco plástico. O trado torna a operação mais fácil e rápida. Além disso, ele permite a retirada da amostra na profundidade correta e da mesma quantidade de terra de todos os pontos amostrados. Na Figura 94 estão representados os tipos de ferramentas que podem ser utilizadas na amostragem de solo.

Figura 94. Ferramentas que podem ser utilizadas na amostragem de solo. Fonte: Agrolink (2011).

A pesquisa já demonstrou que quanto maior o número de amostras simples tomadas para compor uma amostra composta, maior é a possibilidade de se ter uma amostra representativa. No caso de área homogênea, tomam-se amostras em 10 a 12 pontos bem distribuídos, limpando-se em cada local a superfície do terreno, retirando-se as folhagens, resíduos orgânicos, etc, sem, contudo, raspar a terra (Figura 95). O número no qual o erro amostral é bastante reduzido é de 20 amostras simples compondo uma amostra composta. Em cada ponto, retirar os detritos na superfície do solo. Essas subamostras devem ser armazenadas em balde plástico e, ao final da coleta, serem homogeneizadas, gerando uma única amostra de um quilo. Em seguida, deve-se secar o solo, armazená-lo em saco plástico ou caixa de papelão, identificar corretamente a embalagem e enviá-la para laboratório de confiança.


C a p í t u l o I | 144

Figura 95. a) Abertura da cova em forma de V; b) Corte de uma lâmina de solos de 2 a 3 cm; e c) Disposição dos pontos de amostragem de solos em forma de ziguezague.

PREPARAÇÃO DO SOLO Preparo do solo com subsolagem e aração profunda. Quando o solo permitir o uso de maquinário agrícola, deve-se prepará-lo com passagem de arado e uma ou duas passagens de gradagem. A subsolagem é uma prática realizada a uma profundidade de 40 a 50 cm do solo, seguida de aração e gradagens necessárias, antes e depois da aração, para incorporar restolho, adubos verdes e desagregar grandes torrões de solo. Conforme Fachinello et al.

(1996), este sistema permite colocar os nutrientes em maiores produtividades e a distância das raízes da planta do avocado. Melhora a aeração do solo e a infiltração da água, além de romper camadas adensadas existentes, facilitando a penetração e o desenvolvimento do sistema radicular das plantas. Os inconvenientes desse sistema são de que não pode ser utilizado em solos rasos, pedregosos ou com horizonte adensado, exige máquinas apropriadas e apresenta um custo inicial mais elevado. O calcário e o fósforo devem ser aplicados em duas etapas: metade antes da subsolagem e metade antes da aração. Preparo convencional do solo. Neste sistema, o solo é preparado e corrigido numa profundidade menor, que varia de 20 a 25 cm. Realiza-se normalmente de 1 a 2 arações, seguidas de gradagem superficial. Este sistema é utilizado em locais onde possa haver impedimentos à mecanização, tais como pedras e declive acentuado. Apresenta menor custo operacional. A adubação fosfatada e o calcário também são aplicadas em duas etapas, metade antes da aração e metade antes da gradagem. Em solos com topografia acidentada, apenas as ervas daninhas, os arbustos e outras espécies indesejáveis são eliminadas de forma manual ou mecânica (PARADA


C a p í t u l o I | 145 BERRÍOS, 2001) e são preparadas as covas de semeadura, que podem ser de dimensões variáveis dependendo da qualidade do solo, devendo ser de 0,6 m x 0,60 m até 0,80 m x 0,80 m. Em solos de má qualidade, deve-se adicionar matéria orgânica. Nesse momento, a amostra de solo deve ser retirada para análise e assim obter recomendações precisas de fertilização, embora isso seja sempre necessário para todos os tipos de solos. Curvas de nível. Este sistema é utilizado em terrenos com declividade de 15 a 45%, para reduzir ao máximo a erosão do solo, nele também são realizadas outras obras de conservação. Isso é combinado com os outros dois tipos de traçado, desde que as curvas sejam mantidas niveladas. As ferramentas usadas para desenhar linhas de contorno são o nível óptico e o pé-de-galinha e bolsões frios poderão ocorrer em áreas baixas, como o fundo de um vale (Figura 96).

Figura 96. A) Esquematização do plantio do avocado, em curva de nível, num terreno inclinado e B). Quanto mais íngreme o terreno, mais caro se torna o manejo do pomar. Foto: Department of Agriculture, Forestry and Fisheries, África do Sul.

SISTEMA DE PLANTIO Plantio em covas. As covas são abertas através de broca acoplada ao trator, em profundidades que podem variar de 40 x 40 x 40 cm (Figura 97) a 70 x 70 x 70 cm de profundidade, largura e espessura, dependendo do tipo de solo onde será instalado o pomar. O plantio em covas prevê somente a marcação inicial do terreno e facilita o plantio. Contudo, pode apresentar alguns inconvenientes como a compactação das


C a p í t u l o I | 146 paredes da cova em solos argilosos, que dificultam a penetração das raízes das plantas e em casos graves, forma uma verdadeira barreira de impedimento (FACHINELLO et al., 1996).

Figura 97. Abertura de cova para o plantio do avocado.

Para obter um bom desenvolvimento radicular nos primeiros anos, recomenda-se que a cova tenha 1 m x 1 m de largura e 40 cm de profundidade. É preferível fazê-la no início do inverno, porque no verão os solos ficam secos e a operação fica mais difícil. Depois de feito a cova, é recomendável deixá-lo por um mês, exposto aos raios solares, para uma desinfecção adequada. Plantio em sulcos. É o sistema mais adotado para a implantação de grandes pomares. Os sulcos são abertos nas linhas de plantio, normalmente com sulcadores a uma profundidade de 40 cm (Figura 98). Posteriormente são demarcadas as covas para o plantio das mudas sobre os leirões formados (Figura 99).

Figura 98. Sulcador de 2 linhas. Foto: Agroads.


C a p í t u l o I | 147

Figura 99. Plantio de avocado em camalhões (leirões). Foto: IDEAR (México).

ESPAÇAMENTO O espaçamento a ser adotado deve levar em consideração vários fatores, dentre eles: o sistema de crescimento lateral ou vertical da cultivar Hass, a profundidade e a fertilidade, a topografia da área, o trânsito de máquinas e equipamentos, o tamanho do pomar e principalmente, os objetivos comerciais que condicionarão a longevidade dos pomares. Em pomares pequenos, onde não serão utilizados máquinas e implementos grandes, os espaçamentos podem ser menores. Atualmente existe uma tendência para o adensamento dos cultivos, mesmo em grandes áreas, com o manejo da copa através da poda, visando maiores produtividades. No sistema de plantio adensado, com a utilização da poda, é possível usar espaçamentos menores de 5 m x 8 m até 7 m x 9 m (KOLLER, 2002). Em propriedades comerciais na região de Botucatu\SP, os produtores cultivam o abacate de várias cultivares no espaçamento de 5 m x 6 m. Os produtores preconizam o adensamento para aproveitamento do espaço e o crescimento das plantas é controlado através das podas. O arranjo de plantio é a forma como as plantas estão dispostas no campo. A mais simples é o sistema quadrado, onde as árvores são plantadas na mesma distância entre a planta e as fileiras (sulcos; Figura 100). Ou seja, o plantio em quadrado é sempre o mais preferido para o avocado, pela facilidade nos tratos culturais e colheita (RAMOS, 1982). Nesse sistema, os espaçamentos podem variar de 7,5 m x 7,5 m; 8,0 m x 8,0 m a até 10,0 m x


C a p í t u l o I | 148 10,0 m entre linhas e entre plantas, respectivamente, para onde não será realizado o adensamento de plantio.

Figura 100. Diferentes sistemas de plantio do avocado: quadrado, retangular e quincôncio.

No sistema retangular, a distância entre as fileiras é maior do que a distância entre plantas. Outro caso é o sistema quincôncio, que tem uma planta no centro de cada arranjo quadrado, obtendo quase 80% de plantas do sistema quadrado (Tabela 9), porém a densidade das árvores diminui com o desbaste (GODÍNEZ et al., 2.000) Tabela 9. Principais espaçamentos e densidades de plantio no cultivo do avocado em vários países (México, Guatemala, El Salvador). Variedade

Hass

Espaçamento

Quantidade de

Sistema de

Observação

(m)

plantas (Ha)

plantio

8x8

156

Quadrado

9x9

123

Quadrado

10 x 10

100

Quadrado

12 x 12

69

Quadrado

14 x 14

51

Quadrado

6x6

277

Quadrado

Temporal até 7 a

7x7

204

Quadrado

10 anos

5 x 10

200

Retangular

(adensado)

10 x 10

178

Quincôncio

Fontes: IICA-Frutal-ES, 2001, CENTA, 1978, El Salvador, PROFRUTA, 2.000 Guatemala e F. Produce et al. (1998), México.


C a p í t u l o I | 149 A distância da plantação depende, entre outros fatores, da variedade, tipo de solo e características climáticas. Anteriormente, recomendavavam o espaçamento de 8 m x 8 m até 14 m x 14 m. Verificaram-se que as árvores crescem mais em áreas com baixas altitudes, neste sentido é recomendado para áreas altas (1.000 - 2.000) um sistema quadrado 6 m x 6 m (277 plantas por ha; Figura 101) ou 7 m x 6 m (238 plantas por ha), no caso do solo ser muito fértil, profundo e bem drenado. Em áreas de baixa altitude (30 - 500 msnm), recomenda-se 8 m x 8 m (159 plantas por ha) ou 8 m x 7 m (178 plantas por ha).

Figura 101. Distribuição do abacate no espaçamento quadrado. Foto: Jorge Alonso Bernal Estrada.

Em Michoacán (México), com espaçamentos de 10 metros, os ramos se entrelaçam depois de 18 anos. Os espaçamentos curtos correspondem mais às condições subtropicais de clima mediterrâneo, onde o crescimento das árvores é lento, embora os desbastes necessários sejam sempre realizados (CALABRESE, 1992).

ÉPOCA DE PLANTIO A época mais recomendável para a semeadura no local definitivo é no início das chuvas para se conseguir um bom crescimento inicial das plantas; no entanto, é possível semear em outra época se houver irrigação, embora os custos aumentem.


C a p í t u l o I | 150 O plantio deve preferencialmente ser realizado na primavera, nos meses de outubro e novembro no estado de São Paulo, porém sempre condicionado à disponibilidade de água. As mudas de avocado normalmente são comercializadas na forma de torão, pois as de raízes nuas normalmente não sobrevivem, pois, o seu sistema radicular é delicado e sujeito à dessecação. A muda deve ser colocada um pouco acima do nível do terreno para compensar o acamamento da terra na cova, antes de chegar terra no torrão. A bacia de irrigação feita ao redor da muda, aliada a colocação de palha de capim seco é importante para conservação da umidade (Figura 102).

Figura 102. Plantio de muda de avocado com tutoramento no local definitivo e aplicação de gesso em redor de cada planta com irrigação. Fotos: Ecofarms

Semeadura. No mínimo, deve-se abrir uma cova de 0,5 x 0,5 x 0,5 m. Em seguida, adiciona-se 5 kg de adubo argânico de boa qualidade e formar um monte de 10 cm de altura e 50 cm de largura (Figura 103). Posteriormente, plante a muda de avocado naquele monte. A muda deve ser enterrada a 1/3 abaixo do nível do solo, o restante ficará imerso no monte.


C a p í t u l o I | 151

Figura 103. Monte sugerido para plantar a muda de avocado. Fotos: Cerdas Araya et al. (2006) e Alarcón (2012).

De forma geral, deve-se dar preferência ao plantio de cultivares precoces em locais mais quentes, visando a antecipação da colheita e escolher cultivares tardias para o plantio em regiões frias, para atrasar a mesma (KOLLER, 2002). No município de Bauru, que está inserido na região Centro-Oeste do Estado de São Paulo, Brasil, o pico de oferta do avocado Hass ao mercado internacional ocorre no mês de marco, período em que há grande demanda pelo fruto no mercado externo (JAGUACY, 2016). Sendo assim, a diferença na época da maturação do fruto ocorre não só devido as caractéristicas intrínsicas da cultivar utilizada, mas também conforme a região na qual a mesma está inserida (SENTELHAS, 1995), pois, o efeito das condições eafoclimáticas sobre as fases de desenvolvimento da planta determinam sua época de produção, que pode compreender de 6 a 12 meses até o completo desenvolvimento do fruto (CHANDERBALI et al., 2015).


C a p í t u l o I | 152 SISTEMA DE CULTIVO Monocultivo. A monocultura facilita o manejo agronômico e fitossanitário homogêneo e intensivo da plantação, e as projeções de produção, o mercado de variedades comerciais e o cálculo dos custos de produção (Figura 104).

Figura 104. Pomar de avocado Hass: sistema de cultivo em monocultivo. Foto: SmartGarden Guide.

Ao planejar um monocultivo de avocado, durante os primeiros anos se podem consorciar de forma temporal com culturas anuais ou bianuais. Por exemplo: na Guatemala intercalam-se hortaliças de baixo crescimento, dando manejo diferenciado a cada cultura, obtendo-se assim uma renda extra, até que o abacate produza (GODÍNEZ et al. 2.000). Também é possível consorciar pastagens, grãos básicos, feijão e hortaliças, mantendo os perímetros dos abacateiros limpos, para que as lavouras não concorram entre si (MÉNDEZ, 2001). A banana é outra opção temporária usada nas Ilhas Canárias, Espanha (CALABRESE, 1992). Multicultivo. Um sistema multi ou policultivo considera o abacate como componente do pomar, com relações de complementaridade ou competição com outras plantas, tanto no tempo quanto no espaço. Existem experiências de consorciações permanentes do abacate com culturas de vários estratos como: abacaxi, sapote, jocote, caju, inhame, mamão, tamarindo, feijão etc; entre


C a p í t u l o I | 153 os grupos étnicos e pequenos agricultores de Tabasco e Yucatán, no México, e as terras baixas da Guatemala, resultando em maiores benefícios totais para o agroecossistema e os produtores. Os abacateiros da raça Antilhna associam-se bem com a manga e a frutapão, os da raça Guatemalteca com frutas cítricas e anonáceas e os da raça Mexicana com pêssegos, maçãs e florestas de pinheiros (BERGH, 1992; GAMA; GÓMEZ, 1992; GIAONETTO, 2001). Em Cuba, é relatada uma consorciação de 20 anos entre abacate, frutas cítricas, manga, coco, goiaba, palmeiras e uma exploração comercial de orquídeas do gênero Cattleya, onde as árvores são suportes vivos para essas epífitas de alto valor de mercado (CORTÉS et al., 1997). Nos pomares indígenas da Amazônia colombiana, existe uma consorciação permanente do abacate com: urucum, mamão, caimito, guama (ingas), tabaco, plantas aromáticas e medicinais (VERGARA RUÍZ, 1992).

IRRIGAÇÃO A irrigação é uma parte fundamental para uma exploração comercial do avocado. Para isso, o produtor deve ter uma fonte de água, em quantidade suficiente para atender às necessidades da plantação; a implantação de um sistema de irrigação por gotejamento proporciona uma eficiência de aplicação de até 90%, com economia de até 50% em relação a outros sistemas (LAVAIRE, 2013). O gerenciamento de quanto e quando irrigar deve ser feito baseado no conteúdo de água do solo, na demanda atmosférica por evapotranspiração e em sinais visuais, como a murcha das folhas, porém, o tipo do clima e do solo onde os pomares se encontram também tem forte influência na decisão de quanto e quando se deve irrigar. Em ambientes de clima quente a frequência de irrigação varia entre sete a 12 dias no sistema de irrigação por aspersão, dois a sete dias no sistema de irrigação baseado em mini aspersores e entre um e três dias no sistema de irrigação baseado em gotejamento. Entretanto, em ambientes com elevada temperatura e solos arenosos o intervalo entre eventos de irrigação chega a ser ainda mais curto. Estudos realizados com algumas variedades de abacate têm mostrado que o volume de água para a irrigação no primeiro


C a p í t u l o I | 154 ano de cultivo varia de quatro a oito litros por planta, enquanto que no quarto ano o volume varia de 80 a 150 litros por planta. A disponibilidade de água é um fator determinante que pode influenciar no crescimento da árvore, na produção e na qualidade dos frutos. A época compreendida entre o vingamento dos frutos e a sua maturação fisiológica é o período mais crítico, no qual a cultura deve dispor de água suficiente, mas não encharcamento, pois assim irá gerar o ambiente propício ao estabelecimento e desenvolvimento de fungos patogênicos. Da mesma forma, durante o estabelecimento da cultura recomenda-se determinar os requerimentos por árvore, para isso, é importante localizar corretamente os equipamentos de irrigação, calibrá-los e realizar a manutenção em tempo hábil e evitar erros no manejo e na frequência de irrigação. Recomenda-se a instalação de sistemas de irrigação localizados que são mais eficientes, (ICA; APROARESAT, 2009). Para determinar a quantidade de água requerida para a cultura do abacate (requisitos de irrigação), a primeira coisa que deve ser estabelecida é a evapotranspiração (ET) do campo onde a cultura está instalada. A evapotranspiração (ET) é a soma de dois fenômenos que ocorrem na relação cultura-solo, a transpiração da cultura e a evaporação do solo, a mesma que constitui a perda fundamental de água, a partir da qual é calculada a necessidade de água da cultura (ECURED, 2018). As medições de evapotranspiração podem ser feitas diretamente no campo ou a partir de informações da estação meteorológica mais próxima. Segundo Jiménez (1992) citado por Grajales (2017), são muitos os fatores que influenciam na magnitude da evapotranspiração de uma cultura, como o tipo de solo, nível de umidade, práticas culturais e variedade dentro de cada plantação; estabelecer o valor da (ET) de forma adequada se pode determinar a água suplementar necessária através da irrigação. Se a quantidade de água adicionada for à requerida pelo cultivo e se for fornecida de acordo com uma boa programação, a produção é aumentada e a qualidade da fruta é melhorada (GRAJALES, 2017). Em estudos realizados na Califórnia por Faber et al (1995) indicam que a cultura do avocado Hass apresenta os máximos rendimentos quando se aplicam lâminas de água equivalentes a 70% ETo (Kc = 0,7), enquanto nos tratamentos onde foram aplicadas maiores quantidades de água, equivalente a 110% ETo (Kc = 1,1), os rendimentos diminuíram em aproximadamente 50%. No Chile, Bozzolo (1993), com base em uma


C a p í t u l o I | 155 análise de lâminas aplicadas a dois pomares de avocado Hass e informações climáticas, estimou, para a área de Quillota (Chile), coeficientes de cultura próximos a 0,5 na primavera; 0,65, no verão; e 0,55 no outono. Por sua vez, Cardemil (1999) também no Chile, sugere coeficientes de 0,6 em julho e agosto; de 0,6 a 0,7, entre setembro e novembro; e de 0,8 a 0,9, nos meses de verão. Para determinar a quantidade de água a aplicar, é necessário estabelecer o valor da evapotranspiração da cultura, seu estado fenológico, temperatura, umidade relativa, regime de precipitação na área e características do solo. É imprescindível localizar corretamente os equipamentos de irrigação, calibrá-los e fazer a manutenção em tempo hábil, evitando erros no manejo e na frequência de irrigação. Recomenda-se a implementação de sistemas de irrigação localizada. No trabalho de irrigação do abacateiro conduzido por Guzmán (2017), foram utilizados os gotejadores autocompensados com tecnologia anti-drenagem para evitar que as variações de pressão geradas no sistema influenciem sobre a vazão a ser escoada de cada gotejador, que é de 8 L/h. Em cada árvore foram instalados dois anéis com 10 gotejadores cada um, espaçados a 1 m e 1,4 m do tronco e a uma distância entre gotejadores de 60 cm e 80 cm respectivamente. A área umedecida pelos gotejadores correspondeu a 4 m 2 da área coberta pela copa das árvores. A Figura 105 mostra um diagrama da área umedecida pelo tipo de irrigação instalada (GUZMÁN, 2017).

Figura 105. Esquema da área umedecida pelo sistema de irrigação instalado nas áreas de execução da pesquisa. Fotos: Dorado et al. (2017).


C a p í t u l o I | 156 Um manejo inadequado do gotejamento prejudicará a irrigação do avocado, dependendo do tamanho da planta e do estado fenológico em que se encontra a planta. As vantagens oferecidas pelo sistema de irrigação por gotejamento (Figura 106) são: • Representa uma economia considerável em mão de obra. • Adapta-se a qualquer condição topográfica do terreno • O recurso hídrico é usado ao máximo. • Não há contato da água de irrigação de uma árvore para outra. • É importante ter em mente que se alguma planta for atacada por bactérias, fungos, nematóides ou outros, no colo e raízes de uma árvore, a água de irrigação não deve ir para outras plantas.

Figura 106. Muda irrigada (Foto A) e plantas jovens de avocado entre duas mangueiras de gotejamento com cobertura de cavaco de madeira (Foto B). Fotos: Elbis Leonel Lavaire (2013) e Tatiana Cantuarias-Avilés.

Excesso de umidade. A disponibilidade de água é um fator determinante no crescimento e na produção da árvore. Há períodos críticos em que o excesso ou déficit hídrico leva à redução do rendimento e até mesmo ao prejuízo da planta. Por exemplo, quando há períodos de precipitação intensa e prolongada (mais de um mês), o excesso de umidade pode gerar a perda de flores, redução de O2 no solo, limita-se a disponibilidade de alguns nutrientes e se favorece o estabelecimento e desenvolvimento de doenças. É importante que, antes da semeadura, sejam identificados os locais do campo por onde passa a água, para que se possa fazer as valas de drenagem de forma oportuna e eficiente, evitando que alguma árvore fique localizada nos locais que vão ser encharcados. Da


C a p í t u l o I | 157 mesma forma, uma vez estabelecida a cultura, é bom identificar aquelas árvores para as quais é necessário fazer uma vala, em meia-lua, na parte de cima do terreno inclinado para desviar a água e evitar inundações em seus abacateiros (ICA; APROARESAT, 2009). Por outro lado, a produção de abacate de sequeiro bem-sucedida depende da quantidade e distribuição da precipitação anual, da demanda evaporativa atmosférica e da capacidade de armazenamento de água do solo e subsolo (WHILEY; SCHAFFER, 1994). O conhecimento dos principais efeitos do estresse hídrico na fisiologia e na produtividade do abacateiro também é necessário para definir estratégias adequadas para reduzir os impactos negativos da seca sobre o crescimento e a produção das árvores. É possível que o déficit hídrico gere perda de flores e frutos, principalmente na fase entre o vingamento e a maturação fisiológica (LAHAV; KADMAN, 1980). É imprescindível que, junto com um consultor técnico, os requerimentos por árvore sejam determinados, para estabelecer um plano de irrigação adequado. A irrigação constitui uma estratégia no manejo de riscos climáticos, que para o abacate Hass são basicamente dois: baixas temperaturas podem prejudicar as folhas e frutos e, em casos extremos, a árvore; altas temperaturas acompanhadas de baixa umidade durante a floração e formação de frutos podem diminuir a produção (LAHAV; WHILEY, 2002). No estado de São Paulo e em outras regiões produtoras de abacate do Brasil, o período de maior estresse hídrico ocorre desde o início do outono, em abril, até o final do inverno, em setembro, coincidindo com a fase de diferenciação do botão floral (OLIVEIRA et al., 2008), floração, frutificação inicial e fluxo vegetativo na primavera (SILVA et al., 2017) para todas as cultivares exploradas comercialmente. Durante a floração, a superfície evaporativa da copa do abacate aumenta em até 90%, devido à presença de abundantes flores pequenas com alta taxa de evaporação, levando a um incremento de 13 a 15% na taxa de transpiração total da árvore (WHILEY et al., 1988). Portanto, a ocorrência de estresse hídrico durante esse estágio fenológico pode causar aborto de flores, abscisão de frutinhas e queda precoce de folhas (WHILEY; SCHAFFER, 1994; SCHAFFER et al., 2013), restringindo a disponibilidade de fotoassimilado para sustentar a frutificação e prejudicando o potencial produtivo da árvore. O suprimento restrito de água durante a floração e frutificação também pode levar ao tamanho menor


C a p í t u l o I | 158 do fruto (LAHAV et al., 2013) e deterioração da qualidade interna do fruto, pois aumenta a incidência de escurecimento da polpa (BOWER et al., 1989). No atual contexto de mudanças climáticas globais, a variação da disponibilidade hídrica causada pela crescente ocorrência de eventos climáticos extremos, como secas e inundações, pode afetar negativamente a produção de abacate, devido à alta suscetibilidade desta espécie à falta de água e oxigênio no solo (LABANAUSKAS et al., 1978; GIL et al., 2009). O abacate tem um sistema radicular raso que é muito sensível ao déficit de água e eventos de alagamento do solo, o que pode resultar em murchamento ou abscisão de folhas e frutos e pode comprometer irreversivelmente a qualidade final do fruto (BOWER et al., 1989; GIL et al., 2009).

FERTILIZAÇÃO O cultivo do abacate requer fertilização constante durante todo o processo produtivo, pois é muito exigente em termos de necessidades nutricionais. Uma fertilização eficaz influencia o vigor da planta, a cor das folhas, a floração, a frutificação e o rendimento na colheita. As concentrações dos nutrientes nas folhas servem de referência para ajustar os níveis de produção ao longo dos anos. A Tabela 10 apresenta as faixas gerais de suficiência da concentração foliar de nutrientes no abacate. Tabela 10. Níveis nutricionais em folhas de abacate.

Fonte: Chapman, 1973; Lahav; Kadman (1980).


C a p í t u l o I | 159 A aplicação de fertilizantes deve ser baseada em análises de solo e foliar; buscando sempre obter os maiores benefícios agronômicos e econômicos possíveis, sem agredir o meio ambiente. No caso do abacate, é de vital importância à aplicação dos macronutrientes nitrogênio (N) e potássio (K) e dos nutrientes secundários cálcio (Ca) e magnésio (Mg). Em solos com médio a alto teor de fósforo (P) sem problemas de pH ou outros fatores que possam reduzir a disponibilidade de fósforo para a planta, recomendase apenas a aplicação de doses de manutenção de fósforo (P) (aplicar apenas a quantidade de fósforo que está sendo retirado da parcela) a cada 2 ou 3 anos (FHIA, 2008). A Tabela 11 mostra a quantidade de elementos removidos pela planta de avocado Hass em um pomar não irrigado em Nayarit, México. Tabela 11. Elementos removidos pela planta do avocado Hass em pomares sem Irrigação. Elementos\nutrientes

N P2O5 K2O Ca1 Mg5 S Boro Cu Fe Mn Mo Al Fonte: FHIA, 2018.

Kilogramos de nutrientes removidos por cada 20 toneladas de fruto fresco Microelementos 51,5 20,6 93,8 0,71 0,93 6,9 Micro-elementos 0,08 0,04 0,12 0,02 0,004 0,06

Uma boa nutrição começa desde que a planta se encontra no viveiro. Isso ajudará a evitar muitos problemas no momento do seu estabelecimento em campo, já que as plantas vão mais fortes e vigorosas. Aos 30 dias após o transplante é realizada uma fertilização. A Tabela 12 mostra um plano de fertilização de acordo com a idade da plantação.


C a p í t u l o I | 160 Tabela 12. Plano de fertilização de acordo com a idade da plantação. Idade da plantação (anos)

Nutrientes (gramas/árvore/ano) NP 205 1-4 100-300 200-450 5-8 301-680* 451-900 >8 681-1.400* 901-1.100 * Dependendo da produtividade esperada. Fonte: FHIA, 2008.

K20 100-450 451-900 901-1.400

Na Tabela 13 apresenta um exemplo das quantidades de fertilizantes comerciais que podem ser usados na fertilização de acordo com o nível recomendado. Tabela 13. Quantidade de fertilizantes comerciais para obter o nível recomendado. Idade da plantação (anos) 1-4 5-8 >8 Fonte: FHIA, 2008.

Nitrato de amônia (33,5% N) 299-896 899-2,030 0,033-4,179

Superfosfato triplo (46% P2O5) Gramas\planta 435-978 980-1,956 1,959-2,391

Cloreto de potássio (60% K2O) 167-750 752-1,500 0,502-2,333

Épocas de aplicação. Para uma aplicação eficaz, devem-se buscar as épocas de maior demanda de nutrientes pela planta, as quais são: floração, início do desenvolvimento vegetativo e desenvolvimento dos frutos. Essas fertilizações devem ser feitas de acordo com a variedade, pois os tempos de floração são diferentes. A fertilização é aplicada em sulcos paralelos à linha de plantio ou em furos rasos próximos à planta (Figura 107). A primeira fertilização anual é aplicada no início das chuvas, e as outras duas a cada dois meses.

Figura 107. Zona de aplicação de fertilizantes em árvores em produção e o peso seco e o conteúdo de nutrientes (com base no peso seco - dry weight) da casca, polpa e semente do abacate maduro. Fotos: J. Bernal (2014) e Rosecrance et al. (2020).


C a p í t u l o I | 161 Fertilização foliar. Esta é uma forma de fornecer micronutrientes à planta e é aplicada através da folhagem da planta, com base principalmente em análises de solo e foliar. Período de formação. Quando a planta do avocado for plantada no local definitivo, entre 30 a 40 dias após o transplante, aplicar 15 g de nitrogênio/ planta (45 g/ planta de nitrato de amônio), mais 30 g de P2O5 (65 g/planta de superfosfato triplo). Aos 180 dias após o transplante, aplicar 20 g de nitrogênio/planta (60 g/planta de nitrato de amônio) (FHIA, 2008). Adubo orgânico. Além da fertilização química, é necessário adicionar adubo orgânico à plantação seja compostagem ou esterco; esse trabalho deve ser feito para ter um bom nível de matéria orgânica e assim alcançar maior fertilidade dos solos, o qual é fundamental para ter plantas saudáveis e bem nutridas aumentando assim o rendimento das árvores. O esterco de bovino, porco, galinha, é o mais utilizado para as necessidades de matéria orgânica. A compostagem é o produto obtido como resultados da decomposição da matéria orgânica de diferentes fontes sejam de origem vegetal ou animal, o qual se realiza por meio de um processo de fermentação microbiana, que permite a transformação de substratos orgânicos em complexos de nutrientes em formas simples assimiláveis para as plantas. Ou seja, um adubo totalmente pronto para ser utilizado pelas lavouras (ZAMORA, 2015). De acordo com as informações coletadas por meio de entrevistas, a aplicação do adubo deve ser realizada no período de seca (outubro - abril), em pequenas árvores de 1, 2 e 3 anos deve ser de um saco com capacidade de 25 quilos; para árvores de 4, 5 e 6 anos, aplicam-se 50 quilos de estrume; e para as maiores de 6 anos, 75 quilos de estrume. Esta atividade será realizada a cada ano para fornecer nutrientes ao solo e consequentemente ao abacateiro. Calagem. O uso adequado de calagem é um dos fatores mais importantes no sucesso da produção agrícola. Vários autores coincidem em afirmar que a faixa adequada de pH do solo para o abacate está entre 5,5 - 6,5. O excesso de acidez é um dos principais obstáculos para a obtenção de elevados rendimentos e produtividade dos solos em longo prazo, porém, deve-se ter cuidado ao aplicar o calcário, pois depende do pH do solo as boas práticas com calagem.


C a p í t u l o I | 162 A quantidade de calcário dolomita (CaCO3: 50%, MgCO3: 50%) necessária para aumentar o pH do solo de 5,1 para 5,5 em uma área de coroamento com raio de 0,5 m em redor da árvore será de 0,5 kg e em um coroamento de 1 m de raio será 2,2 kg; em ambos os casos é considerada uma profundidade de 20 cm à qual o calcário deve ser aplicado. Os benefícios de um programa de calagem confiável são os seguintes: a calagem melhora as propriedades físicas, químicas e biológicas dos solos, melhora a fixação simbiótica de nitrogênio, influencia a disponibilidade de nutrientes para a planta, calagem agrícola também reduz a toxicidade de alguns elementos minerais, melhora a eficácia de certos herbicidas, além de fornecer cálcio (Ca), magnésio (Mg) e outros nutrientes minerais (LAZCANO, 2015). As quantidades de calagem que devem ser aplicadas são: 100 gramas devem ser aplicados em árvores de um ano e conforme a idade da árvore aumenta, 100 gramas devem ser aumentadas até atingir o ano 9, onde a quantidade a ser aplicada será mantida constante. Este trabalho deve ser aplicado a cada ano no início do período chuvoso (maio-junho).

CONTROLE DE PLANTAS DANINHAS As plantas daninhas na cultura do abacate são de grande importância econômica ao longo do ciclo vegetativo, principalmente na fase de viveiro e estabelecimento, onde se forma o sistema radicular da futura árvore, já que o desenvolvimento inicial é lento e sua área foliar é limitada, deixando uma área significativa de exposição a condições ambientais que favorecem a reprodução e disseminação de plantas daninhas. Apesar disso, é comum que os agricultores prestem mais atenção às plantações em produção, apesar do prejuízo da competição, como já observado, ser muito maior em pomares jovens (ARDERI et al., 1996; GELMINI et al., 1994). Ou seja, as plantas daninhas são um problema para as plantações, competem por nutrientes, água, espaço e luz, são hospedeiras de pragas e doenças, aumentam os custos, reduzem a produtividade e a qualidade da colheita. Embora proporcionem uma cobertura benéfica e protetora do solo, em locais de alta pluviosidade e encostas íngremes, elas protegem o solo da erosão, por isso devem ser manejados com regularidade e prudência. Existem três tipos de controle de plantas daninhas:


C a p í t u l o I | 163 a) Controle Mecânico e Manual. O controle mecânico é feito entre as fileiras do avocado, pode-se usar um cultivador, roçadeira motorizada, enxada, estrovenga, etc. É importante realizar esses controles no início, meio e final do período chuvoso, porém recomenda-se fazer uma limpeza no verão. Com o uso desse maquinário, devem-se ter o cuidado para não danificar as raízes superficiais do abacate, pois isso poderia permitir a entrada de patógenos e causar sérios danos à plantação. b) Controle Químico. Não é aconselhável nos primeiros anos, pois causam danos às mudas. Onde a mão de obra é escassa, são usados herbicidas, exclusivamente em plantações adultas. Podem ser usados: Diuron, Paraquat, Glifosato e Óleos. As doses dependerão do tipo de planta daninha presente e não devem ser aplicadas perto de rios, córregos ou nascentes. Não existem produtos seletivos, nem são recomendados herbicidas usados em frutas cítricas como Bromacil e Terbacil, pois causam danos ao abacateiro (FHIA, 2008). c) Controle Cultural. Esse controle consiste na aplicação de uma série de medidas alternativas de controle de plantas daninhas, que também beneficiam o solo e a plantação: Mulch. Ao cobrir o solo com plásticos opacos se consegue um efeito negativo sobre o desenvolvimento das plantass daninhas, devido à ausência de luz (Figura 108). Segundo Malo (1976), esse método é relativamente caro e muito trabalhoso; plásticos opacos e outros revestimentos sintéticos devem ser avaliados localmente para determinar sua relação custo/benefício.

Figura 108. Mulch de plástico usados en cultivos permanentes. Fotos: David Sarmiento (2018).


C a p í t u l o I | 164 O seu uso moderado permite a conservação da umidade no ambiente da cultura e beneficia-se antes de possíveis ataques de pragas. É utilizado na época de finalização das chuvas (novembro) e na estação seca, porque no período chuvoso favorece a proliferação de fungos patogênicos. É recomendado em terrenos planos com declives de 0 a 5%. Cobertura morta. O uso de restos de vegetação ou cobertura morta pode produzir um efeito semelhante ao do plástico opaco. Além disso, os resíduos vegetais oferecem a vantagem adicional de melhorar a estrutura do solo e, em alguns casos, suprimir as plantas daninhas pela liberação de toxinas. As coberturas em abacate estabelecem condições especiais no solo, que favorecem o desenvolvimento das árvores e a produção da cultura. Alguns estudos indicam que o tamanho da árvore e a produção são maiores com coberturas do que com aplicação de herbicidas (REYES et al., 1994). É uma prática vantajosa que reduz o uso de produtos químicos como herbicidas e fertilizantes e satisfaz parcialmente as demandas nutricionais das árvores (Figura 109). Se houver volume suficiente de restolhos e plantas daninhas, se espalham em uma direção perpendicular ao declive do terreno, cobrindo o máximo de superfície possível.

Figura 109. Cobertura morta em volta do avocado. Foto: J. Bernal (2014).

Cultivos intercalares. Essa prática contempla a semeadura de lavouras ou coberturas vivas nas áreas descobertas no cultivo do abacate, a fim de maximizar o uso da terra e evitar o desenvolvimento de plantas daninhas, principalmente em pomares jovens. Durante os primeiros quatro anos de cultivo, recomenda-se o plantio de culturas de porte baixo como feijão, soja, abacaxi, milho, entre outros, os quais podem ser plantados nas áreas livres ou ruas do cultivo, como alternativa para o manejo de plantas daninhas e aproveitamento da área improdutiva em plantações de abacate jovem. Tais cultivos


C a p í t u l o I | 165 localizam-se nos entrecruzamentos, preferencialmente devem ser leguminosas de rápido crescimento que sufocam as plantas daninhas e favorecem um solo rico em matéria orgânica, onde a remoção das ervas daninhas remanescentes é feita manualmente. Por outro lado, nas plantações adultas, ocorrem plantas daninhas com pouco crescimento e de raízes superficiais, que quase não competem com o abacateiro, evitando, ao contrário, a perda de umidade do solo em épocas de estiagem e a erosão excessiva em épocas chuvosas. Coroamento. A capina de coroamento visa eliminar as ervas daninhas ao redor da árvore, que competem por nutrientes e água. A área de coroamento deve ser desprovida de vegetação, com diâmetro mínimo de 140 centímetros. Este trabalho é feito antes do plantio das plantas no campo e periodicamente uma vez que a safra esteja estabelecida. Recomenda-se, após a prática do plantio ao redor das árvores, bem como da capina mecânica nas ruas do pomar, incorporar os resíduos vegetais na planta, com o objetivo de formar uma cobertura morta, que favorece a aeração, a capacidade de retenção de umidade e o aumento de microrganismos no solo (WOLSTENHOLME, 2007 citado por BERNAL et al., 2014). Consequentemente, benefícios podem ser gerados para a cultura, como um maior número de raízes alimentadoras permitindo um melhor aproveitamento dos nutrientes liberados quando a matéria orgânica se decompõe, regulação da disponibilidade e absorção de água, atendendo às necessidades da árvore (WHILEY, 2007, citado por BERNAL et al., 2014), moderação de mudanças drásticas no ambiente radical, proteção das raízes da desidratação, bem como mudanças repentinas de temperatura (GREGORIOU; RAJKUMAR, 1984, citado por BERNAL et al., 2014) e biológicas de controle do fungo.

PRAGAS O manejo de pragas na cultura do abacate tem como foco a obtenção de frutas de qualidade aceitas no mercado internacional, embora os requisitos de qualidade dependam do cliente ou do país de destino, existem algumas pragas que são limitantes no comércio internacional e sua presença na fruta é uma das principais limitações à admissibilidade de frutas frescas para exportação; portanto, é necessário formular e implementar planos de manejo integrado de pragas durante o processo de produção de frutas.


C a p í t u l o I | 166 Segundo Téliz e Mora (2007), as brocas do ramo, tronco e fruto, ácaros e tripes, são as pragas que apresentam maior impacto econômico devido às práticas fitossanitárias aplicadas para seu manejo e controle. Assim sendo, é necessário determinar o limite e o nível de dano econômico para poder estabelecer uma melhor estratégia de manejo. O principal país importador de abacates no mundo é os Estados Unidos, que possui uma barreira fitossanitária que impede a importação de locais com presença de pragas quarentenárias, e uma delas é a lagarta ou broca do fruto (Stenoma catenifer) a principal praga do Brasil que além de impedir a exportação para alguns países, causa perdas absurdas na produção nacional de abacate (WOLFENBARGER; COLBURN; 1979; HOHMANN; MENEGUIM, 1993). Broca do fruto de abacate. Nome científico: Stenoma Catenifer Walsingham Segundo a descrição de Lynce (2015), os adultos são mariposas com hábitos noturnos de cor amarelo palha quando jovens que mudam para marrom-acinzentado com 25 mm de expansão das asas. Nas asas anteriores apresenta 25 pontos escuros formando um "S" transversal. Os ovos são depositados nos frutos ou perto deles e nos ramos jovens, têm formato semiesférica de cor verde claro, as larvas recém-eclodidas são esbranquiçadas. Os frutos infestados podem ser diferenciados dos saudáveis pela marca que a larva de primeiro instar faz no exocarpo sob a cúpula (pedúnculo) à medida que penetra na semente. Essa marca pode ter a forma de um único sulco ou às vezes bifurcado (Figura 1a). SENASICA (2006) relata também que a presença de “Stenoma catenifer” é detectada pela presença de resíduos alimentares que são expelidos pelo orifício de penetração e permanecem aderidos à epiderme do fruto. As larvas se alimentam vorazmente de diferentes partes do fruto do abacate, destruindo inicialmente a epiderme para penetrar na polpa que utilizam como alimento; mesmo dentro da fruta, os excrementos e exúvias deixados pelas larvas causam a podridão do fruto. Essa sintomatologia pode ser observada nas Figuras 110, 111 e 112.


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Figura 110. Diferentes estágios do ciclo de vida de Stenoma catenifer Walsingham. (a) Marca de penetração na fruta, barra de escala = 10 mm; (b) ovo; (c) larva de primeiro ínstar, barras de escala = 0,5 mm; (d) larva de quarto ínstar; (e) larva do quinto instar; (f) pupa fêmea; (g) segmentos terminais de uma pupa masculina, barras de escala = 1 mm. Foto: L. Cervantes Peredo et al. (1999).


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Figura 111. Desenvolvimento de S. catenifer. Larva (a); pupa (b); adulto (c). Fotos: Hoodle, 1999.

Figura 112. Dano de S. catenifer e armadilha garrafa plástica com melaço. Fotos: Carlos Fernando Urrea e Jiménez Jorge Enrique Cardona Cardona (2020).

Manejo O manejo mais adequado para as pragas de hábito da broca (talo e fruto) é o manejo cultural, pois permite encurtar o ciclo de vida do inseto. O manejo baseia-se na poda dos ramos e coleta dos frutos para soterramento com prévia aplicação de calcário. Também podem ser instaladas as armadilhas de luz, uso de feromôneo que já existe nos USA, podendo ser sintetizada no Brasil, garrafas plásticas com melaço (garrafa com furo na


C a p í t u l o I | 169 base - Figura 112 -, contendo calda de água + 10% melaço de cana; pendurar a garrafa em uma altura de 1,5 m do solo, nas bordaduras do talhão; 1 garrafa a cada 0,3 hectares; pulverizar quando capturados > 10 adultos por garrafa), plásticos amarelos com atrativo. Essas armadilhas são usadas para atrair insetos adultos e são muito eficazes quando usadas continuamente. Uma medida preventiva para reduzir o ataque da broca-do-abacate, mais apropriada para pomares pequenos e/ou orgânicos, é a catação e destruição dos frutos caídos. Isso impede que a praga complete o ciclo no solo reduzindo as populações das gerações seguintes (TEIXEIRA, 1991). Outra opção seria a deposição dos frutos atacados caídos em gaiolas, dentro do próprio pomar, que além de evitar as reinfestações da praga permitiria a multiplicação de parasitoides de lagartas. As gaiolas podem ser confeccionadas com armação de madeira, ou outro material disponível na propriedade, tendo na parte inferior uma tela para permitir a passagem da água da chuva. A gaiola deve ser coberta por tecido voil que permita o escape dos inimigos naturais, mas impeça a saída das mariposas. Sobre o fundo da gaiola deve-se colocar uma camada de solo, folhas e outros resíduos em decomposição de aproximadamente 5 cm para criar um ambiente propício para o desenvolvimento da pupa. Além de proporcionar a redução da infestação da broca, a adoção da prática permite o acompanhamento do período de emergência das mariposas. Essa informação é importante para detectar o início das posturas e evolução das infestações, e consequentemente a aplicação de medidas de controle. Segundo Nava et al. (2005a; 2005b), cem porcento das colheitas em algumas regiões do Brasil estão infestadas com a broca do fruto, e mesmo com pulverizações frequentes (7 a 11) de defensivos de ampla ação, ainda chega até sessenta porcento de frutos infectados. De acordo com Hohmann; Meneguim (2005), colheitas muito tardias podem favorecer o desenvolvimento da praga, ainda mais se não for feita uma catação adequada. A mariposa faz a deposição no fruto geralmente novo, quando sai do ovo a lagarta vai brocar o fruto e vai se alimentando do fruto em direção ao caroço aonde vai ficar até se transformar em pupa. Podendo ser no próprio fruto depois de caído ou no solo a uma profundidade de 0,5 a 1,5 centímetros (KOLLER, 2002). Por outro lado, dois parasitoides foram encontrados se alimentando de larvas de Stenoma catenifer, as espécies Chelonus sp. (Braconidae) e Eudeleboea sp. (Ichneumonidae), cuja pupa leva 9,8 ou 0,5 dias para se desenvolver. Apenas os machos desta última espécie


C a p í t u l o I | 170 foram obtidos (Figura 113). Ambos os parasitoides foram encontrados em números muito baixos (CERVANTES PEREDO et al.,1999).

Figura 113. Macho de Eudeleboea sp., um parasitoide de Stenoma catenifer. Barra de escala = 2 mm. Foto: L. Cervantes Peredo et al. (1999).

Vários grupos de inimigos naturais de S. catenifer foram detectados em diferentes pomares do Norte do Paraná, principalmente nos municípios de Arapongas e Cambé onde tem se concentrado a maioria dos trabalhos do IAPAR. Entre os inimigos naturais, estão parasitoides de lagartas pertencentes às famílias Ichneumonidae (Eudeleboea costanetoi) e Braconidae (Apanteles desantisi), com níveis de parasitismo próximo a 10% e presença de nematoides entomopatogênicos em cerca de 18% dos espécimes coletados. Contudo, os inimigos naturais mais frequentes pertencem à família Trichogrammatidae: Trichogramma pretiosum Riley, Trichogramma bruni Nagaraja e Trichogrammatoidea annulata De Santis, sendo esta última espécie a mais comum. Espécies de Trichogramma


C a p í t u l o I | 171 têm sido o grupo de inimigos naturais mais estudado e extensivamente utilizado em programas de controle biológico do mundo para controle de uma infinidade de pragas agrícolas e florestais Bicudo da semente do abacate. Nome científico: Heilipus lauri (Boheman) Zapata, et al. (2018) consideram esta como a praga economicamente mais importante na exportação do avocado Hass para os Estados Unidos, e uma das pragas que mais afetam as lavouras de abacate na Colômbia. Bernal et al. (2014) descrevem-no como “adulto preto brilhante ou marrom escuro, com duas bandas amarelas incompletas, de formato alongado nos élitros, que se estendem de um lado para o outro. Estas manchas caracterizam as espécies de H. lauri e a diferenciam de outras espécies como H. pittieri e H. trifasciatus. O inseto tem de 14 a 17 mm de comprimento. As fêmeas de H. lauri têm rostro ou bico mais curvo, longo (14,5 ± 0,5 mm) e espesso, em comparação com os machos (12,5 ± 0,6 mm). As fêmeas do bicudo para ovipositar, inicialmente fazem um furo, rompendo a casca do fruto e parte da polpa. Depois depositam os ovos de forma individual sob a epiderme da fruta. Têm cinco instares larvais em um período de 54 a 63 dias, podendo alcançar um comprimento de 12,5 a 25 mm e abrem uma galeria através da polpa da fruta que se estende até a semente, que normalmente é destruída. Além disso, produzem uma podridão secundária da polpa e da semente. As pupas se desenvolvem dentro do fruto após 14 a 16 dias, em alguns casos abandonando o fruto e formando sua crisálida no solo. Os adultos têm uma vida média de 3,4 a 4 meses; eles se alimentam de folhas, brotos, gemas e frutos, produzindo 2 gerações de insetos por ano (LYNCE, 2015). H. lauri afeta a produção por árvore em até 80% ao destruir a casca, a polpa e a semente, causando em alguns casos a queda prematura do fruto. Os frutos atacados por este bicudo, ao chegarem à colheita, não têm valor comercial, portanto a severidade do dano é de 100%. Essa sintomatologia pode ser observada na Figura 114.


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Figura 114. A-Danos causados pelo bicudo (H. lauri) no fruto (furo) do avocado Hass; B-Larva e C-adulto. Fotos: Carlos Fernando Urrea e Jiménez Jorge Enrique Cardona Cardona (2020).

Manejo Uma vez realizado o monitoramento, as árvores-foco são localizadas de forma a capturar os adultos do inseto, que normalmente são encontrados aos pares. H. Lauri pertence à família Curculionidae, os bicudos. Quando esses insetos sentem movimentos estranhos ou qualquer fator anormal em seu ambiente, fingem estar mortos deitando-se no chão, dificultando sua coleta. Por esse motivo, os técnicos recomendam que antes de sacudir a árvore, estenda-se um pano branco que cubra todo dossel da árvore, para evitar que os insetos caiam ao solo e garantir sua coleta (ICA, 2012). Como os insetos adultos foram capturados, todos os frutos danificados presentes na árvore e no pano devem ser recolhidos, estes devem ser retirados do lote, depositados em uma cova (50 cm de profundidade) e enterrados após a aplicação do calcário. Este trabalho é muito importante uma vez que os frutos em decomposição com danos recentes se comportam como focos e dão lugar ao desenvolvimento do ciclo de vida do inseto onde o resultado final são mais adultos afetando a produção. O controle químico para reduzir a incidência dessa praga não é eficaz, pois após a oviposição os ovos e larvas ficam protegidos dentro do fruto. Se o nível de incidência for muito alto, após o referido trabalho cultural, é importante a aplicação de um inseticida no abacateiro para encurtar o ciclo de vida dos insetos que podem ter permanecido no solo, como em alguns estados imaturos.


C a p í t u l o I | 173 Broca de ramo de abacate. Copturomimus perseae Hustache (Coleoptera: Curculionidae). Dano Essa praga perfura o tronco e os ramos, as quais vão secando até provocar a morte da árvore. Seu dano se estende inclusive até os frutos (Figura 115). Foram relatadas perdas próximas a 85% em lavouras atacadas por essa praga. Observam-se pontos de cor branca, de consistência pulverulenta, que se desprendem facilmente, que são secreções de seiva da árvore; sob essas secreções, os estágios imaturos do inseto podem ser encontrados.

Figura 115. Danos em tronco causados por C. perseae. Fonte: Caicedo, 2012.

As larvas formam galerias superficiais quando são pequenas e profundas em seus estágios de maior desenvolvimento. Enquanto os adultos fazem pequenos orifícios de saída de 3 a 4 mm de diâmetro. Os ramos atacados por essa praga vão secando e, quando o dano avança, ocorre a morte da árvore. O dano se manifesta por meio de pequenos pontos, cobertos por uma exsudação esbranquiçada, que corresponde a uma seiva cristalizada, a qual lentamente vai adquirindo uma coloração enegrecida muito característica sobre a superfície da casca. A haste principal pode ser atacada de uma baixa altura acima do nível do solo (mais ou menos 20 cm.), até a parte terminal; e os ramos terciários, quaternários e terminais desde o próprio local de desprendimento até a terminação. As manchas se


C a p í t u l o I | 174 apresentam de diferentes dimensões e às vezes em forma contínua desde a base quase até a extremidade do ramo. Manejo • Acompanhar todas as atividades que permitem a obtenção da muda e da variedade nos viveiros. • Revisar a semente proveniente de diferentes áreas do país, usada na produção de mudas. • Desinfetar e selecionar sementes livres de insetos e doenças. • Colher as gemas saudáveis provenientes de um pomar básico registrado. • Monitorar permanentemente, realizando raspagem em áreas com exsudatos brancos e procurando por larvas de insetos dentro delas. Efetuar inspeções semanais às mudas de viveiro e árvores de pomares comerciais em cada etapa de produção e desenvolvimento, com o propósito de estabelecer um diagnóstico do grau de incidência e danos. • No viveiro, Caicedo (2012) sugere instalar no mínimo quatro (4) armadilhas piramidais (desenvolvidas por Corpoica, C. I. Palmira) por hectare. Em pomares comerciais, no mínimo 1 (uma) armadilha piramidal por hectare, as quais devem ser verificadas duas vezes ao dia, de manhã e à tarde. As armadilhas devem ser instaladas próximo ao tronco principal das árvores e sacos em pomares, comerciais e viveiros, respectivamente. • Estabelecer armadilhas pegajosas de coloração para monitorar e manejo de adultos (TÉLIZ; MORA, 2007). • Poda os ramos afetados 40 cm depois da lesão, retire-os do lote e destrua-os. Retirar imaturos do tronco e ramos primários por meio de cirurgias, que devem ser devidamente desinfetadas e seladas. • Aplicar agentes de controle biológico. São relatados como inimigos naturais Aphanteles sp. em larvas, aracnídeos e ácaros em adultos (MARIÑO, 1947). • Aplicar inseticidas para controle da praga sob supervisão do assistente técnico, seguindo as recomendações do rótulo do produto selecionado. É relatada a aplicação de fungos (Beauveria bassiana e Metarhizium anisopliae) desde a instalação do pomar. • Evitar aplicar produtos químicos uma vez que os insetos tenham penetrado no tronco e ramos; então os produtos são inofensivos (TÉLIZ; MORA, 2007).


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Trips. Nome científico: Frankliniella occidentalis - Scirtothrips dorsalis. De acordo com Bernal et al. (2008), são considerados importantes pragas do abacate e causam danos às folhas, flores e frutos. Para a América, têm sido relatadas 26 espécies em abacate dos gêneros: Caliothrips, Frankliniella, Heliothrips, Leucothrips, Neohydatothrips, Pseudophilothrips, Scirtothrips e Selenothrips. As espécies associadas a danos relatados em todo o mundo são: Heliothrips haemorrohidalis, Selenothrips rubrocinctus, Scirtothrips persea, S. aceri, Frankliniella spp. e Liothrips perseae. Os trips do abacate passam por seis estágios durante seu ciclo de vida. As fêmeas ovipositam seus ovos em folhas jovens ou frutos. Os estágios larvais se desenvolvem posteriormente, alimentando-se de folhas e frutos jovens, os estágios de pupa, pré-pupal e pupal se desenvolvem em troncos e folhas sob a árvore, sem alimentação. Os adultos que emergem após o estágio de pupa se alimentam de folhas e frutos e podem voar (AVORESEARCH, 2001). Segundo Lynce (2015), os trips se alimentam dos tecidos jovens do abacate, como flores e brotos terminais, causando uma deformação do tecido ao reduzir sua parede, deformando-o quando ocorre o novo fluxo de seiva, produzindo assim os chamados Ramos de chicote, a hipertrofia ao ovário das flores e a deformação e partenocarpia mecânica induzida (frutos sem sementes) dos novos frutos. Seu desenvolvimento é afetado quando a umidade relativa é inferior a 75%, as ninfas morrem quando a umidade ambiental é inferior a 50% e quando a temperatura descende a 11 °C a redução da praga é total. Esta sintomatologia pode ser observada na Figura 116.


C a p í t u l o I | 176 Figura 116. Sintomas de danos por trips em frutos de abacate e gênero de trips. Fotos: Carlos Fernando Urrea e Jiménez Jorge Enrique Cardona Cardona (2020).

Manejo • Realizar monitoramento permanente. • As avaliações são realizadas nas florações batendo-se em toda a inflorescência sobre uma superfície preta, contando o número de trips que caem sobre ela e comparando-o com o número de flores avaliadas, se é encontrado mais de 1% nas flores, deve-se ser feita uma aplicação de controle. Os níveis devem ser avaliados em todas as faces da árvore, sendo: - Foco: se a incidência for maior que 1%; - Ponto quente: se estiver entre 0,5 e 1%; - Sem controle: quando for menor que 0,5%. • Controle oportuno e adequadamente as plantas daninhas em torno da árvore e entre as fileiras. • Podar os ramos e estruturas doentes (LYNCE, 2015). Percevejos (Antiteuchus tripterus, Fabricius; A. pallescens Stal; A. piceus, Palisot de Beauvois; (Hemiptera: Pentatomidae)) Morfologia Adulto. Caracteriza-se por ter uma cor castanha brilhante e ter forma ovalada com manchas vermelhas sobre o tórax e a base das asas. A fêmea oviposita em qualquer parte da árvore (BERNAL; DÍAZ, 2005). A fêmea adulta é preta com pontos de cor creme e o macho é de cor preta. Dano O adulto causa danos em ramos e pedúnculos, e adultos e ninfas sugam seiva. Normalmente quando há uma alta população da praga, observam-se pústulas e manchas pretas sobre os frutos e pedúnculos; as frutas secam e caem. Manejo • Realizar podas sanitárias regularmente. • Coletar frutos e estruturas afetadas, eliminando estruturas maduras ou deterioradas e descartá-los adequadamente fora do lote. • Aplicar biocontroladores registrados para controle da praga, seguindo as instruções do assistente técnico.


C a p í t u l o I | 177 • Aplicar inseticidas específicos para controlar a praga, desenvolvendo assim um plano de aplicação onde são utilizados diferentes princípios ativos, seguindo as recomendações do assistente técnico e do rótulo do produto. Nesse sentido, é relatada a utilização de produtos contendo Dimetoato, Malathion e Carbaryl como princípios ativos (BERNAL; DÍAZ, 2005). Formiga cortadeira Atta cephalotes (Hymenoptera: Formicidae) Morfologia Adulto. Possui três castas diferentes: operárias (mínimo, 2 mm de comprimento; médio, 10 mm de comprimento, e soldados mais velhos, 20 mm de comprimento, com uma cabeça muito maior). Os machos ou zangões, a rainha e as rainhas virgens são os de maior tamanho (cerca de 25 mm de comprimento), com o tórax e o abdômen espessados (Figura 117). Além disso, são as únicas raças que têm asas e que têm a habilidade de voar.

Figura 117. Formiga cortadeira A. cephalotes. Fonte: Alarcón, 2012.

Dano Causam desfolhamento total ou parcial da árvore e afetam principalmente as folhas e ramos jovens. Por esse motivo, é importante o controle durante o transplante e nos primeiros seis meses de estabelecimento. Manejo • As formigas devem ser controladas antes e depois do estabelecimento do cultivo do abacate; danos severos podem gerar perdas econômicas.


C a p í t u l o I | 178 • Remoção de formigueiros: fazer as condições menos favoráveis para as formigas mediante a destruição mecânica de suas colônias e por atividades normalmente realizadas nas lavouras, como preparo do solo e aração. • Colocar um funil ou cone de plástico invertido no tronco da árvore com a parte mais larga voltada para baixo para evitar a subida das formigas até a copa; isso é útil em plantas jovens. • Aplicar fungos controladores. • Utilizar iscas tóxicas granuladas sob a supervisão do assistente técnico.

DOENÇAS NA FASE DE PRÉ-COLHEITA As doenças estão entre os fatores que mais limitam a produtividade e longevidade da árvore. A importância de um organismo fitopatogênico varia de acordo com o país, região produtora e tipo de mercado (nacional ou internacional) e pode ser dada pela distribuição e gravidade dos danos causados pelos patógenos ou pela importância da quarentena para um país importador (TÉLIZ ; MORA, 2007). Em geral, o estabelecimento e disseminação de doenças em um pomar de abacate é devido ao manejo inadequado da cultura. Podridão da raiz (Agente causal: Phytophthora cinnamomi Rands).

Sinais e sintomas Raiz: Phytophthora cinnamomi causa principalmente a podridão de raízes em plantas de todas as idades e se desenvolve mais rapidamente em solos encharcados (Figura 118). Afeta as raízes mais finas, as quais se tornam de cor marrom-escura e posteriormente morrem. Ao examinar as raízes secundárias, elas apresentam necrose parcial (TAMAYO, 2005) (Figura 119).


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Figura 118. Sintomas de podridão da raiz no abacate. Foto: Carlos Fernando Urrea e Jiménez Jorge Enrique Cardona Cardona (2020).

Figura 119. Sintomas na raiz de uma planta afetada por P. cinnamomi. Com a morte das raízes, a planta sofre um severo estresse hídrico mesmo em solos úmidos. A infecção, combinada com a absorção limitada de água, leva rapidamente à morte. Fonte: Alarcón, 2012.


C a p í t u l o I | 180 A podridão da raiz do abacate é a doença mais séria e afeta a maioria dos países que produzem este fruto (CRANDALL, 1948). A sua importância reside na grande quantidade de plantas hospedeiras que o fungo possui: azálea, castanha, canela, eucalipto, carvalho, pinho, alfafa, crucíferas, tomate, cenoura e morango; pode causar podridão radicular (HO; ZENTMYER, 1977) e afetar as plantas de qualquer idade e tamanho. Aponte (1975), citado por ICA (2012) assinala que árvores de qualquer idade e tamanho, desde enxertos no viveiro até árvores velhas e grandes, são afetadas por esta doença. As árvores afetadas declinam gradualmente, embora ocasionalmente ocorra uma rápida deterioração; portanto, a morte pode tardar de alguns meses a 2 ou 3 anos. Nos estágios iniciais do problema, as radicelas morrem e apodrecem, pelo qual é difícil encontrar raízes normais em árvores doentes. As raízes apresentam enegrecidas e enrugadas e se desprendem facilmente de sua casca quando as radicelas ainda não estão necróticas. As raízes primárias e secundárias são pouco afetadas. A podridão é observada nas raízes pivotantes e nas laterais e no colo, estendendo-se no tronco até 50 cm aproximadamente. Produz grandes áreas necróticas de cor marromescura sem penetrar profundamente no lenho. A ausência de radicelas e pelos absorventes, evita a absorção de água, de modo que o solo sob as árvores doentes tende a permanecer úmido (TAMAYO, 2005). Folhagem. A deterioração das raízes causa retardo de crescimento e até mesmo a morte da planta quando não recebe manejo ou quando as condições locais o tornam difícil. Em plantas adultas, observam-se queda foliar e necrose; em plantas de viveiro, morte ascendente da muda e descendente da copa. Os sintomas iniciais na folhagem incluem descoloração e murchamento das folhas. As folhas novas são escassas e menores que o normal e com sua superfície frequentemente dobrada em direção ao feixe sobre a nervura principal. Na parte inferior, as nervuras ficam roxas e, por fim, as folhas murcham e caem, de modo que as copas das árvores afetadas logo tombam, embora algumas folhas secas possam permanecer presas aos ramos. Frutos. São menores e delgados, pois as raízes não conseguem controlar a absorção de sais. Pode ocorrer excessiva floração e frutificação, mas os frutos não atingem o tamanho normal, as árvores morrem gradativamente, dos extremos dos ramos para baixo.


C a p í t u l o I | 181 A alta produção de pequenos frutos geralmente ocorre logo após o aparecimento dos primeiros sintomas da doença. Isso é explicado pela acumulação de nitritos na parte superior da árvore; da mesma forma, o dano radicular pode começar várias semanas ou meses antes que a copa mostre o problema. As árvores podem se recuperar parcialmente do declínio e emitir novos brotos e ramos. Essa recuperação é de curta duração, a menos que produtos específicos sejam aplicados para controlar a doença (APONTE, 1975, citado por ICA, 2012). Manejo • Use material de plantio saudável. • Evite o fluxo de solo e água de um lote com plantas doentes para um lote sem doenças. • Colocar os pontos de desinfecção de calçados e veículos na entrada da propriedade. • Desinfetar regularmente as ferramentas e equipamentos usados no cultivo. • Colocar sinais (chamadas) para identificar os lotes infectados. • Erradicar as plantas doentes, removê-las do cultivo, isolar e desinfetar o local quando a pressão da doença e fatores ambientais tenham causado uma perda econômica significativa. • Aplique irrigação adequada e tenha um bom sistema de drenagem. • Evite estabelecer cultivos de abacate em lotes que podem estar infectados com o patógeno. • Evite causar lesões ao caule e as raízes. • Elevar os camalhões. • Fertilizar adequadamente e oportunamente: uma planta bem nutrida será mais tolerante à doença. • Controle as plantas daninhas de maneira adequada. • Estabelecer plantações em solos profundos, bem drenados e arejados. • Obter plantas para plantio em condições assépticas; para isso, os viveiros devem ser isolados das lavouras e as mudas devem ser obtidas a partir de frutas e árvores saudáveis. • As ferramentas utilizadas nos trabalhos de corte (poda e retirada de chupões) devem ser desinfetadas antes e depois de cada árvore. • Incorporar matéria orgânica aos solos (local de plantio); favorece o crescimento e multiplicação de microrganismos antagônicos ao P. cinnamomi. A serapilheira das mesmas árvores pode ser usada para este propósito.


C a p í t u l o I | 182 • Uso de esterilizantes de solo: Cloropicrina, Vapam ou Dazonet. Esses produtos são aplicados em locais a serem replantados. • Mantenha as árvores com bom nível nutricional e livres de plantas daninhas. • Erradicar completamente as árvores afetadas, incluindo as árvores circundantes, uma vez que pelo contato com as raízes podem estar contaminados. • Trabalhar com a seleção de genótipos resistentes ao fungo, para serem utilizados como porta-enxertos. Os materiais Duke-6, Duke-7, G-6, G-22, G755 e Huntalos, de origem Mexicana e Guatemalteco mostram resistência a P. cinnamomi. • Aplicar fungicidas específicos para o controle do fungo, procurando desenvolver um plano de aplicação onde sejam utilizados diferentes princípios ativos, seguindo as recomendações do assistente técnico e do rótulo do produto. Nesse sentido, Tamayo (2005) relata o uso de produtos contendo Metalaxil. Também foi relatado que o uso de fungicidas sistêmicos com Metalaxil, Acilalanina, fosfato de alumínio e ácido fosforoso deram bons resultados na recuperação de árvores com infecções precoces. Em geral, são injetados ao tronco (ALARCÓN et al., 2012; Figura 120).

Figura 120. Injeção de fosfitos no tronco do abacateiro. Foto: Guerrero (2016 ). a. Seringa adequada para o procedimento a qual faz pressão; b. Ângulo de aplicação apropriado de 45º; c. Seringa adequada + agulha para gerar pressão.


C a p í t u l o I | 183 CONTROLE FÍSICO Remoção de árvores. Recomenda-se que seja realizada em fazendas onde a doença está realmente avançada, onde a árvore infectada deve ser removida e o local desinfetado com uma dose de 1 cc / lt de Ridomil. Locais de desinfecção. Na entrada dos lotes, preparar locais com recipientes que contenham produtos como: Carbonato de Cálcio, Hipoclorito de Sódio ou Iodo Agrícola, para a desinfecção das botas e assim diminuir os riscos de entrada da doença procedente de outros campos ou explorações e as doses serão de acordo ao assistente técnico (COFFEY, 1987). Solarização. Será realizada em locais onde haja retirada de árvores e onde será realizado novo replantio, recomenda-se também solarizar o local mesmo que não seja semeado, para evitar sua propagação (COFFEY, 1987). Murchamento da planta de abacate (agente causal: Verticillium albo atrum Reinke e Berthier). Sinais e sintomas Raiz. Os sinais e sintomas apresentados pela planta podem ser confundidos com podridão da raiz causada por P. cinnamomi (BERNAL; DÍAZ, 2005); portanto, é importante que o diagnóstico seja realizado sobre uma análise laboratorial (AGRIOS, 2005). Ramos e folhas. As espécies de Verticillium sp. normalmente provocam o murchamento da planta que começa nas folhas mais baixas, que ficam verdes claras e depois amareloalaranjadas. Primeiro, a planta apresenta recuperação à noite e os sintomas só podem ser vistos em algumas partes da planta, mas se o caule for cortado horizontalmente, pode-se observar uma pequena descoloração marrom dos vasos (Figura 121) (MOSSLER; CRANE, 2001). No entanto, o sistema radicular pode permanecer intacto, pois as árvores infectadas param em parte seu crescimento, já que o fungo pode invadir os ramos e caules de um lado da planta, causando uma súbita murcha total ou parcial das folhas, as quais tomam uma coloração marrom (Figura 122), estas ficam aderidas à árvore por um tempo e depois caem, mas os frutos ficam lá; mais tarde, estes caem e há uma morte descendente de alguns ramos (TAMAYO, 2005).


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Figura 121. Corte longitudinal do ramo do abacate com necrose. Fonte Bernal et al. (2013).

Figura 122. Sintomas de Verticillium sp. em ramos de abacate. Foto: Carlos Fernando Urrea e Jiménez Jorge Enrique Cardona Cardona (2020).

Manejo • Estabelecer o cultivo em lotes bem drenados, não encharcados. • Solarizar o solo previamente à semeadura. • Usar material de plantio saudável. • Evitar estabelecer cultivos de abacate em lotes infectados (lotes que já foram plantados com cultivos suscetíveis a este fungo, como tomate, morango, batata e mandioca). • Podar os ramos afetados e, posteriormente, aplicar tinta à base de óleo na região podada. • Erradicar as plantas que morreram devido à doença. • Em árvores com sintomas iniciais da doença, recomenda-se a aplicação de fungicida específico na folhagem, solo e caule para o controle do fungo.


C a p í t u l o I | 185 • Elaborar um plano de aplicações onde são utilizados diferentes princípios ativos, seguindo as recomendações do assistente técnico e o rótulo do produto. Nesse sentido, Tamayo (2005) relata o uso de produtos que contêm Benomyl, Tiabendazol ou Metil Tiofanato como ingrediente ativo. • Desinfestar adequadamente os substratos no viveiro. • Colocar pontos de desinfecção de calçados e veículos na entrada dos lotes. Verrugose ou Sarna (agente causal: Sphaceloma perseae Jenkins) Sinais e sintomas Frutos. Observam-se lesões redondas ou irregulares, de cor castanha ou castanha clara, com aparência rolhado, protuberantes, que podem juntar-se e afetar grande parte do fruto. Com a rachadura das áreas afetadas, a entrada de outros organismos é favorecida, afetando seu valor comercial (Figura 123).

Figura 123. Frutos afetados por Sphaceloma perseae. Fonte: Alarcón (2012).

Folhas. Observam-se as lesões em folhas e em pequenos ramos; em casos severos, aparecem distorcidos e atrofiados. Da mesma forma, podem ser observadas manchas marrons salientes e de várias formas que posteriormente se aglutinam nas nervuras, pecíolos e casca dos ramos (PEGG et al., 2002). Manejo • Realizar podas sanitárias que facilitem a circulação do ar e a penetração da luz. • Elimine as estruturas afetadas e remova-as do lote. • Monitorar e controlar oportunamente as populações de tripes, pois são eles que abrem as portas de entrada do patógeno.


C a p í t u l o I | 186 • Aplicar fungicidas específicos para o controle do fungo, elaborar um plano de aplicações onde são utilizados diferentes princípios ativos, seguindo as recomendações do assistente técnico e do rótulo do produto. • Tamayo (2005) relata o uso de produtos contendo Clorotalonil, Difenoconazol, Benomyl, Oxicloreto de Cobre ou Hidróxido Cúprico em rotação.

Mancha angular do fruto (agente causal: Cercospora purpurea Cooke) Sinais e sintomas Fruto: Produz infecções latentes no campo antes da colheita e só se manifesta nos frutos na fase pós-colheita. Observam-se pequenas manchas (0,3 a 1 cm de diâmetro), de cor marrom ou marrom escuro, irregulares ou angulares, com bordas avermelhadas definidas e circundadas de um marcado halo clorótico. Na pós-colheita, causa a chamada "mancha preta do fruto" e pode causar perdas de 2% em condições de armazenamento inadequado. As lesões são de tamanho médio (1 a 2 cm de diâmetro), de cor negra, com bordas angulares avermelhadas ou irregulares que prejudicam o aspecto do fruto (TAMAYO, 2005). Folhas e ramos. Existem manchas individuais castanhas a roxas rodeadas por um halo amarelo, muito pequeno (cerca de 2,5 mm de diâmetro), as quais podem juntar-se e formar manchas irregulares de cor marrom (Figura 124). Em épocas de alta pluviosidade, ao observar com lupa, é possível encontrar massas de cor cinza (esporos) (PERNEZNY; MARLATT, 1994).

Figura 124. Folha e frutos afetados por C. purpurea. Fonte: Bernal et. al (2013).


C a p í t u l o I | 187 Manejo • Usar densidades de plantio adequadas que permitam a penetração da luz e o fluxo de ar. • Aplicar uma fertilização balanceada. • Eliminar as estruturas afetadas e remova-as do lote. • Manejar adequadamente os insetos-pragas e outras doenças que debilitam as plantas. • Realizar podas sanitárias e aplicar selante nos cortes realizados. • Elaborar um plano de aplicação onde diferentes ingredientes ativos são usados seguindo as recomendações do assistente técnico e o rótulo do produto. Nesse sentido, Tamayo (2005) relata o uso de produtos que contêm Oxicloreto de Cobre, Hidróxido Cúprico, Benomil, Carbendazim, Ciproconazol ou Flusilazol como princípio ativo.

Morte descendente de ramos e brotos, Antracnose do fruto (Agente causal: Glomerella cingulata (Stoneman) Spauld & Schrenk) Sinais e sintomas Ramos e folhas. Nas mudas de viveiro, observam-se a morte descendente da copa e a podridão do enxerto. Em plantas adultas, geram morte progressiva e descendente de ramos e botões de marrom escuro a preto, que em condições de alta umidade relativa, causa murchamento, morte das folhas e o caule fica coberto por massas de cor de salmão (Figura 125).

Figura 125. Sinais de dano por G. cingulata em frutos e folhas. Fotos: Alarcón (2012); Carlos Fernando Urrea e Jiménez Jorge Enrique Cardona Cardona (2020).


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Flores. Pode produzir sua queda e lesões nos estágios iniciais de formação. Fruto: No campo, são observadas lesões marrons no pedúnculo dos frutos em formação e causam sua queda nos estágios iniciais de desenvolvimento. Embora não sejam frequentes os sintomas de ataque do fungo aos frutos em plantações estabelecidas, o patógeno penetra na sua epiderme e permanece latente até a sua maturidade, quando aparecem as manchas que provocam a queda prematura da árvore. Na pós-colheita observam-se manchas redondas de tamanho variável em qualquer parte do fruto, ligeiramente deprimidas no centro e sem bordas definidas (TAMAYO, 2005). Manejo • Utilizar material de plantio saudável. • Estabelecer o cultivo sob uma densidade de plantio adequada que permita uma ótima penetração de luz e fluxo de ar. • Realizar podas sanitárias, retirar os ramos doentes e arrume-os fora do lote. • Realizar a colheita de frutos oportunamente. • Implementar tratamento pós-colheita que permita manter a vida útil da fruta. • Desinfectar periodicamente as salas de armazenamento e os cestos onde se comercializa a fruta. • Aplicar fungicidas específicos para o controle do fungo, traçando assim um plano de aplicação onde são utilizados diferentes ingredientes ativos, seguindo as recomendações do assistente técnico e do rótulo do produto. Nesse sentido, Tamayo (2005) relata o uso de produtos contendo Oxicloreto de Cobre, Hidróxido Cúprico, Benomil, Tiofanato Metílico, Carbendazim, Tiabendazol ou Difenoconazol como ingrediente ativo. Podridão dos frutos de Rhizopus (Agente causal: Rhizopus stolonifer (Ehrenb.: Fr.) Vuill) Sinais e sintomas Fruto. Distingue-se um bolor de aspecto acinzentado no ponto de inserção do pedúnculo com o fruto, que corresponde às estruturas do fungo (Figura 126). Nessa inserção é possível observar uma pequena lesão de cor marrom que invade parcialmente a casca e a polpa. Com o passar do tempo, nota-se uma podridão marrom-escura com bordas irregulares, que avança gradativamente em direção ao centro do fruto até invadi-lo completamente e causar uma podridão interna da polpa que fica marrom claro e pode chegar a colonizar a semente. Isso confere à fruta um sabor desagradável. O fungo pode causar perdas próximas de 30% ao deteriorar a qualidade do fruto em más condições de armazenamento (TAMAYO, 2005).


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Figura 126. Frutos afetados por R. stolonifer. Fonte: Alarcón, 2012.

Manejo • Utilizar material de plantio saudável. • Desinfetar regularmente as ferramentas usadas no trabalho de cultivo. • Colher os frutos mantendo o pedúnculo. • Desinfetar regularmente as áreas de armazenamento, seleção e embalagem de frutas, bem como os cestos. • Aplicar fungicidas para evitar a podridão das frutas seguindo as recomendações do assistente técnico e o rótulo do produto. Tamayo (2005) relata o uso de produtos que contêm Tebuconazol, Iprodiona ou Ludioxonil como ingrediente ativo. Secagem descendente, necrose do enxerto, podridão do fruto (agente causal: Lasiodiplodia theobromae (Pat.) Griffiths e Maubl) Sinais e sintomas Folhas e ramos. Em mudas de viveiro provoca ressecamento descendente e necrose do enxerto que progride da mesma forma (descendente) causando sua morte. Raiz. Provoca podridão da raiz e causa atraso no desenvolvimento das plantas no viveiro. Fruto. Afeta os frutos no período pós-colheita na inserção do pedúnculo com o fruto, onde se observa uma lesão marrom-escura que progride de forma gradativa e uniforme em direção ao centro do fruto e do ramo (Figura 127).


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Figura 127. Sinais e sintomas de danos causados por L. theobromae em frutas e ramos. Fonte: Kader e Arpaia, 2001; Alarcón, 2012.

Manejo • Manter as mudas de vivero isoladas do solo, livres de encharcamento e excessos de umidade. • Empregar material de plantio saudável. • Ter ventilação adequada na fase de viveiro. • Desinfestar periodicamente as salas de armazenamento e cestas onde a fruta é vendida; bem como as ferramentas utilizadas no processo de produção. • Descarte os frutos afetados e colocar fora do cultivo e da área de pós-colheita. • Aplicar fungicidas específicos para o manejo preventivo da doença no viveiro, elaborando assim um plano de aplicação onde são utilizados diferentes princípios ativos, seguindo as recomendações do assistente técnico e do rótulo do produto. Nesse sentido, Tamayo (2005) relata o uso de produtos contendo Oxicloreto de Cobre, Hidróxido Cúprico, Benomil, Tiofanato Metílico, Carbendazim ou Tiabendazol como ingrediente ativo.


C a p í t u l o I | 191 Nematoides (Helicotylenchus sp.) Dano Em geral, observa-se retardo de crescimento, acompanhado de clorose moderada (BERNAL; DÍAZ, 2005). Manejo No momento de estabelecer a cultura é importante verificar se o lote possui histórico de problemas causados por nematoides. Deve-se ter cuidado ao selecionar um lote livre de nematoides. Se ainda não estão presentes no lote, as seguintes medidas de prevenção devem ser implementadas: • Evitar o trânsito de pessoas, animais ou veículos de áreas contaminadas. • Realizar um manejo adequado de plantas daninhas, especialmente aquelas que são hospedeiros alternativos. • Monitorar permanentemente o cultivo. Se eles estiverem presentes: • Estabelecer o gênero a qual pertencem e a densidade populacional. • Uma vez determinada à presença de focos, isole as áreas afetadas e evite o trânsito de água, veículos ou pessoas dali para o restante do lote. • Seguindo as recomendações do assistente técnico, considerar a aplicação de um nematicida caso seja necessário reduzir o nível populacional. • Com baixo nível populacional, podem ser estabelecidas coberturas com plantas dos gêneros Crotalaria e Tagetes.

Fumagina. Nome comum: Cinza negra, mofo preto Agente causal: Capnodium sp. Sua incidência e severidade são comuns nas folhas inferiores da árvore e são agravadas pelas condições de alta umidade relativa e pela presença de formigas, cochonilhas, pulgões e moscas brancas, que secretam substâncias açucaradas que favorecem o crescimento superficial do fungo e impedem o desenvolvimento normal da fotossíntese (ZAPATA et al., 2018). Zapata el al. (2018) afirmam que esses sintomas se manifestam na superfície da folha e do caule, onde se observa uma fina camada de um pó preto, que se desprende facilmente ao ser raspado. E às vezes, a fumagina afeta os caules e os frutos, deteriorando a sua qualidade. Essa sintomatologia pode ser observada na Figura 128.


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Figura 128. Sintomas por fumagina em frutos de abacate. Foto: Carlos Fernando Urrea e Jiménez Jorge Enrique Cardona Cardona (2020).

Manejo. O manejo dessa doença deve ser feito em tempo hábil, controlando a presença de insetos sugadores na folhagem das árvores, pois esses insetos secretam açúcares que dão lugar ao desenvolvimento do fungo. Além de ter as árvores bem arejadas e realizar podas oportunas para evitar o acúmulo de umidade no interior da árvore. Controle físico. Apenas a poda dos ramos afetados é considerada necessária, uma vez que a incidência da doença é muito baixa e não é necessária a adoção de medidas de controle e manejo adicional. Controle químico. Recomenda-se a pulverização com inseticidas à base de Diazinon para controlar os insetos e da mesma forma reduzir a presença dessa doença.


C a p í t u l o I | 193 PATOLOGIAS NA FASE DE PÓS-COLHEITA As doenças pós-colheita ocupam um lugar importante no grupo das doenças do abacate, representando um sério problema para a exportação de frutas. O fator comum dessas doenças é que elas aparecem quando a fruta começa a amolecer. Desta forma, os sintomas visíveis aparecem quando as frutas estão no mercado consumidor. Enquanto a fruta permanecer verde, as infecções permanecem em quiescência, impossibilitando a sua remoção da embalagem. Mesmo as frutas infectadas podem passar despercebidas nas inspeções de qualidade comumente realizadas nas embalagens. Portanto, o produtor é obrigado a produzir frutos de excelente qualidade, livres de infecções latentes de patógenos pós-colheita. A produção de frutas livres de doenças é particularmente crítica para a exportação, uma vez que as frutas estão sujeitas a longos períodos de armazenamento em frio durante o seu transporte para os mercados de consumo. As condições ambientais durante o transporte, como temperatura, atmosfera do contêiner, umidade, meio de embalagem, etc., afetam a fruta e influenciam no desenvolvimento de doenças pós-colheita de origem patológica, mas também de distúrbios fisiológicos. Os fatores do ambiente de armazenamento podem interagir de várias maneiras, tornando a interpretação de seus efeitos um problema complexo. As doenças pós-colheita de origem biótica que ocorrem com mais frequência em frutos de abacate são a antracnose e a podridão do pedúnculo ou podridão do caule. São frequentes também os distúrbios fisiológicos associados à sensibilidade do fruto de abacate ao frio e ao etileno. 1-ANTRACNOSE A antracnose é a doença do abacate mais importante em todos os países onde é cultivada. Afeta gravemente a qualidade da fruta desde o campo até a pós-colheita, causando perdas econômicas importantes à cultura. Sintomas: os sintomas da antracnose podem se desenvolver em frutas de abacate tanto antes como depois da colheita. Os sintomas que se desenvolvem após a colheita aparecem até que o fruto comece a amadurecer. Os sintomas aparecem inicialmente como lesões pequenas, circulares, de cor marrom-claro. À medida que a lesão se alastra, torna-se afundada no centro e muda-se a cor marrom-escura ou preta (Figura 129). Em condições


C a p í t u l o I | 194 úmidas, massas de esporos de cor salmão aparecem no centro das lesões. Os sintomas externos da antracnose são difíceis de observar em frutos de abacate Hass maduros devido à cor do fruto.

Figura 129. Esquerda: danos na epiderme em estádios iniciais. Centro: danos na polpa. À direita: estádio avançado da antracnose. Observe a esporulação abundante do fungo. Fotos: Salvador Ochoa A.

Organismo causal: a antracnose do abacate é predominantemente causada por Colletotrichum gloeosporioides, embora C. acutatum também tenha sido diagnosticado como agente causal na Austrália (COATES et al., 1995), Nova Zelândia (HARTILL, 1991) e México (AVILA-QUEZADA et al., 2007). O C. gloeosporioides é um importante patógeno de espécies tropicais e subtropicais, incluindo várias árvores frutíferas, e apresenta grande variação genética entre isolados obtidos de abacate (FREEMAN et al., 1996). O C. acutatum tem uma gama de hospedantes mais limitada e as lesões que causam em frutos de abacate geralmente se desenvolvem mais lentamente do que aquelas produzidas por C. gloeosporioides. Além disso, as massas de esporos produzidas por C. acutatum tendem a ser mais alaranjadas do que aquelas produzidas por C. gloeosporiodes (SIMMONDS, 1965; HARTILL, 1991). O telomorfo de C. gloeosporioides, Glomerella cingulata (Stonem.) Spaul & Schrenk, às vezes pode ser observado em culturas “in vitro” (SIMMONDS, 1965), mas desempenha apenas um papel menor na epidemiologia da doença.


C a p í t u l o I | 195 Ciclo da doença e epidemiologia: os conídios de C. gloeosporioides são produzidos em folhas mortas e ramos dentro da copa da árvore e são dispersos pela água durante o tempo chuvoso. A infecção pode ocorrer durante longos períodos de tempo quente e chuvoso; os frutos são suscetíveis em todos os seus estádios desde a fertilização até a colheita. Na presença de água livre, os conídios depositados na superfície do fruto germinam após 7 horas. Cada conídio germinado produz um tubo germinativo de 10-20 µm de comprimento. Aproximadamente 5-6 horas após a emergência do tubo, começa o desenvolvimento de um apresorio terminal. Quando atinge seu tamanho máximo, a parede do apresorio torna-se delgada e se forma um poro germinativo do qual emerge uma hifa que penetra nas camadas de cera mais externas e na cutícula da epiderme do fruto. O crescimento da hifa de penetração é interrompido na região cuticular, onde permanece quiescente até o amadurecimento do fruto. Isso porque o fungo é incapaz de colonizar tecidos verdes devido à presença de composto antifúngico na epiderme do fruto (PRUSKY et al., 1983). Durante a maturação, os níveis do composto antifúngico diminuem, permitindo que o crescimento do fungo seja ativado. As células mais externas da cutícula e da polpa são colonizadas, levando ao desenvolvimento de sintomas. Em estágios avançados de desenvolvimento das lesões, acérvulos ocorrem abaixo da superfície da fruta. Eventualmente, a cutícula e as paredes celulares da epiderme se rompem e os conídios são liberados em uma matriz mucilaginosa. Os conídios são então dispersos pela água. Controle: são necessárias tanto de estratégias de pré-colheita como de pós-colheita para o controle da antracnose do abacate. Fungicidas de contato ou sistêmicos são comumente usados no campo para o controle de doenças. Os fungicidas à base de cobre, como oxicloreto de cobre e hidróxido de cobre, são usados em países onde a antracnose ocorre em níveis elevados. Geralmente, esses compostos são aplicados em intervalos de 28 dias, desde a formação dos frutos até a colheita. A azoxistrobina isolada ou em combinação com o programa de fungicida à base de cobre oferece bons resultados de controle da antracnose A sanidade do pomar é importante no controle da antracnose. A remoção de madeira, folhas e frutos mortos infectados podem reduzir os níveis de inóculo (HARTILL et al., 1991). A ventilação dentro da árvore pode ser favorecida mediante podas, o que permite


C a p í t u l o I | 196 diminuir as condições favoráveis para a acumulação de inóculo. O controle de insetospraga também pode reduzir a incidência da antracnose, uma vez que os danos por eles produzidos provocam diminuição dos níveis de dienos na área afetada, o que permite a colonização por parte do fungo. O tratamento pós-colheita com fungicidas para controle da antracnose é comum em países onde seu uso é permitido. Por exemplo, procloraz demonstrou ser um fungicida eficaz para o controle da antracnose e é amplamente utilizado na Austrália, Nova Zelândia e África do Sul. No entanto, devido a restrições ao uso de fungicidas na fase de póscolheita, alguns países não permitem o tratamento de frutas com procloraz. O fungicida azoxistrobina tem mostrado ser um tratamento eficaz na pós-colheita (COATES et al., 2001). A maturação controlada e o manejo da temperatura em pós-colheita podem ter maior influência no desenvolvimento da antracnose nos frutos colhidos. O armazenamento de frutas em frio reduz a incidência de C. gloeosporioides, mas não a incidência de C. acutatum (EVERETT, 2003). Existe uma forte correlação entre o tempo de maturação e o desenvolvimento da antracnose (DARVAS, 1985; HOPKIRK et al., 1994), de forma que os tratamentos que reduzem o tempo de maturação também reduzem a incidência de antracnose. As temperaturas de maturação acima de 24 °C aumentam significativamente os níveis de antracnose Numerosos ensaios de campo demonstraram o potencial de várias cepas de Bacillus subtilis (Ehrenberg) Cohn para o controle da antracnose e outras doenças do abacate (KORSTEN et al., 1989, 1991). De forma similar, várias bactérias e leveduras foram selecionadas em estudos de laboratório por sua capacidade de suprimir o desenvolvimento de antracnose (STIRLING et al., 1995). Outra possibilidade de controle não químico da antracnose que recentemente começou a ser estudada é a manipulação de compostos antifúngicos que estão naturalmente presentes na epiderme dos frutos. As variações na sensibilidade dos frutos de abacate à antracnose estão relacionadas aos níveis de epicatequina (um precursor de dienos) na fruta (PRUSKY et al., 1988). A exposição de frutos de abacate a altos níveis de CO2 ou inoculação com variantes não patogênicas de Colletotrichum magna S.F. Jenkins & Winstead estimula a produção de dienos antifúngicos e retarda o desenvolvimento dos sintomas da antracnose (PRUSKY et al., 1991, 1993, 1994). O uso de certos antioxidantes também pode atrasar


C a p í t u l o I | 197 a aparição dos sintomas, por promover um atraso na diminuição dos níveis de dienos durante a maturação (PRUSKY, 1988) Os porta-enxertos têm um impacto significativo na suscetibilidade dos frutos do avocado Hass à antracnose em pós-colheita. A incidência e severidade da doença foram significativamente menores quando se utilizou 'Velvick', um porta-enxerto da raça Guatemalteca em comparação quando foi usado 'Duke 6', um porta-enxerto de raça Mexicana. A diferença nos níveis de infecção foi relacionada às concentrações de dienos nas folhas e nutrientes minerais nas folhas e frutos, particularmente Mn, Ca e Mg (WILLINGHAM et al., 2006).

2-PODRIDÃO DO PEDÚNCULO A podridão do pedúnculo ou podridão do colmo (SER) é uma doença amplamente distribuída em todas as áreas de produção de abacate e pode ser muito severa se as condições de armazenamento dos frutos não forem adequadas (MENGE; PLOETZ, 2003). Estima-se que em Israel essa doença cause perdas de mais de 20% (SCHIFFMANNADEL; ARZEE, 1970), enquanto na África do Sul não é considerada importante (JACOBS, 1974). Em Queensland, Austrália e Nova Zelândia, a podridão do pedúnculo é considerada uma das doenças mais importantes para o abacate (PETERSON, 1978; EVERETT; PAK, 2002). Sintomas: a podridão começa na região de união do fruto com o pedúnculo, em forma de enrugamento do tecido. O micélio pode ser visto na área de abscisão quando o pedúnculo é removido. Os sintomas aparecem na polpa como lesões conspícuas, marrom-escuras a pretas, com margens bem definidas, que avançam da parte apical e eventualmente invadem todo o fruto à medida que a maturação avança. O fruto eventualmente aparece enrugado, brando e fica coberto de micélio (JOHNSON; KOTZÉ, 1994). Às vezes, a descoloração dos feixes vasculares ocorre em estágios avançados de decadência. Algumas podridões são secas e de textura cortiçosa e os frutos só amolecem se forem invadidos por outros organismos (Figura 130). Em frutas severamente danificadas são possíveis observar as esporulações do patógeno (MENGE; PLOETZ, 2003).


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Figura 130. Sintomas gerais de SER na polpa. Fotos: Salvador Ochoa A.

Organismo causal: vários fungos têm sido relatados como causadores da podridão do pedúnculo em diferentes regiões produtoras (JOHNSON; KOTZÉ, 1994). Em Israel, a principal causa da podridão do pedúnculo é Botryosphaeria rhodina e na África do Sul Fusiccocum luteum e Nectria pseudotrichia (anamorfo: Tubercularia laterita); na Austrália e na Nova Zelândia B. ribis e F. luteum, enquanto nos Estados Unidos Neofusicoccum luteum é a causa mais comum da doença (TWIZEYIMANA et al., 2013). No México, foi relatado que Phomopsis viticola causou a doença (OCHOA-ASCENCIO et al., 2007). Colletotrichum gloeosporioides e C. acutatum também podem causar podridão peduncular, isoladamente ou em associação com outros fungos (MENGE; PLOETZ, 2003; OCHOA-ASCENCIO et al., 2007). Outros fungos que são relatados como causadores da doença são Albonectria rigidiuscula, Alternaria sp., Dreschlera setariae, Gibberella pulicaris (anamorph: Fusarium sambucinum), Pestalotiopsis versicolor, Phomopsis perseae e Rhizopus stolonifer (DARVAS; KOTZÉ, 1987). Ciclo da doença e epidemiologia: Muitos dos fungos que causam a podridão de pedúnculo ocorrem como endófitos nos tecidos do pedúnculo (JOHNSON; KOTZÉ, 1994), razão pela qual eles podem infectar facilmente inflorescências e tecidos da parte


C a p í t u l o I | 199 final desssa estrutura (JOHNSON et al., 1992). Os esporos produzidos pelos patógenos sobre folhas mortas, ramos e brotos também são uma fonte de inoculo primário. A infecção pode ocorrer por meio de feridas ou, no caso de alguns fungos, como C. gloeosporioides, por penetração direta. A infecção também pode ocorrer no momento da colheita, através da superfície de corte do pedicelo do fruto. À medida que aumenta o tempo entre a colheita e o consumo, aumenta a probabilidade de desenvolvimento de podridão peduncular. A maioria das infecções por podridão do pedúnculo permanece quiescente até a maturação do fruto (PRUSKY et al., 1988) As condições ambientais determinam a predominância dos fungos causadores da doença. Ambientes quentes favorecem a B. rhodina, enquanto condições de alta umidade favorecem C. gloeosporioides e N. pseudotrichia. O estresse hídrico estimula as infecções latentes de várias espécies de Botryosphaeria. A temperatura sob a qual os frutos são armazenados também tem um efeito: temperaturas frias promovem as infecções de C. gloeosporioides e Phomopsis perseae, enquanto a 30 °C B. rhodina predomina sobre outras espécies de Botryosphaeria e Fusicoccum (JOHNSON; KOTZÉ, 1994). Controle: As pulverizações de campo com fungicidas à base de cobre podem fornecer um bom controle da doença. A azoxistrobina é um excelente fungicida para o controle de doenças. Os tratamentos pós-colheita com procloraz proporcionam um bom controle da podridão causada pelo Colletotrichum, mas não é eficaz contra os outros patógenos que causam a doença. A poda e a remoção de folhas e ramos mortos reduzem a incidência de podridão. A aplicação de cálcio para aumentar a relação Ca + Mg / K na fruta reduz significativamente a incidência da doença (EVERETT et al., 2007). O risco de colonização do tecido endofítico é reduzido notavelmente se o bom vigor da árvore for geralmente mantido e o manejo adequado da copa for praticado. A ausência de estresse hídrico é particularmente importante. Em alguns casos, a doença é atenuada se o pedicelo for removido ou se é selado com fungicida e cera. Também é importante não colher frutos úmidos e evitar o atrito. O controle biológico com espécies de Bacillus oferece bons resultados (KORSTEN et al., 1991).


C a p í t u l o I | 200 PRODUTIVIDADE Os abacateiros “Hass” iniciam a produção comercial a partir do terceiro ano de idade, que aumenta gradativamente entre os 8 e 15 anos e podem atingir produtividade máxima até por volta de 15 a 20 anos (MACIEL, 2008; KOLLER, 2002). No entanto, a produção varia conforme a cultivar utilizada, qualidade da muda implantada, manejo aplicado e condições de cultivo no decorrer do desenvolvimento da cultura. Além disso, a alternância produtiva, fenômeno comum para outras frutíferas, mas de ocorrência intensa em abacateiros, acarreta perdas significativas de rentabilidade entre os anos de alta (on) e baixa produção (of), o que compromete o fornecimento de frutos ao mercado (SALAZAR-GARCIA; LOVATT, 1998; LOVATT, 2010). Os abacateiros produzem um número excessivo de flores (1-2 milhões de flores / árvore). No entanto, apenas um ou dois frutos de cada inflorescência atingem a maturidade. Um bom número de frutos colhidos por árvore poderia estar entre 200 e 300 de acordo com Whiley et al. (1998) citado por Whiley et al. (2002), embora possa variar entre cultivares, chegando a mais de mil frutos por árvore. Assim, a produção de frutos no abacate poderia representar apenas 0,002 a 0,02% da quantidade de flores inicialmente produzida. A produtividade do abacate está diretamente relacionada ao comportamento fisiológico de seus brotos. Tal operação se expressa corretamente na obtenção de um determinado número de flores e na formação de uma quantidade adequada de folhas ativas, em que as folhas permitem uma regulação térmica adequada por meio da transpiração da água e permitem a assimilação fotossintética do anidrido carbônico (CO2) para ser usado no processo de produção de carboidratos. Portanto, a expectativa do agricultor em um pomar que funciona bem é que as flores sejam polinizadas, que se transformem em frutos e que estes fiquem na árvore até a colheita. Há grandes diferenças de produção entre as plantas. No México, por exemplo, as plantas de “Hass” produzem entre 35 a 48 kg\planta até os 6 anos, aumentando para 60 a 100 kg\planta entre 7 e 10 anos de idade (DONADIO, 1995). As plantas de Hass sobre os porta-enxertos clonais “Borchard”, “Duke 7” e “Toro Canyon” apresentaram na média de 10 anos, produção acumulada de 450 kg por árvore (ARPAIA; MENGE, 2004). Um experimento conduzido por Mickelbart et al. (2007) na California, mostrou plantas de “Hass” sobre “Duke7” com 6 anos de idade, produzindo em média 39 kg de frutos\planta, distribuídos em 257 frutos\planta com peso médio de 173 g. Nos países que empregam o


C a p í t u l o I | 201 “Dusa” como porta-enxertor para Hass, observou um aumento de produtividade ao redor de 25% em comparação a outros porta-enxertos (SALATA; SAMPAIO, 2008). Na Califórnia e Israel, a variedade ‘Hass’ apresentou uma produtividade entre 8 e 12 t\ha; na Africa do Sul, os rendimentos médios foram maiores, de 10 a 15 t\ha (GAILLARD, 1987). No Brasil, a produtividade média do Hass varia de 15 a 18 t\ha (DONADIO, 1995). Resultados de um experimento realizado na África do Sul, avaliando a produtividade de abacateiros ‘Has’ sobre ‘Dusa’, mostraram plantas de 5 e 7 anos de idade produzindo 19,7 e 20,7 t\ha, respectivamente (VAN ROOYEN, 2011). Na Califórnia, um bom rendimento para o abacate ‘Fuerte’ está entre 5,6 e 11,2 toneladas/ha e para o ‘Hass’ de 7,8 a 13,4 toneladas/ha. Informações mais recentes para a cultivar 'Hass' em Michoacán (México) indicam que uma produção comum para um pomar adulto (100 árvores/ha) com manejo intermediário varia entre 11 e 15 toneladas/ha de acordo com os citados Aguilera-Montañez e Salazar-García (1996) por Téliz (2000). A baixa produtividade do abacate é um dos principais problemas da cultura. Estima-se que a produtividade média no Chile atingiu apenas pouco mais de seis toneladas por hectare (t/ha) em 2005, enquanto, segundo a literatura internacional, em climas subtropicais áridos pode produzir até 15 t/ha e em climas subtropicais úmidos até 25 t / ha. Assim, o avocado Hass no Chile tem um rendimento médio inferior a seu potencial. Uma ideia sobre o potencial de produção do abacate pode ser obtida comparando-se o custo energético da frutificação com a capacidade fotossintética da árvore de acordo com Wolstenholme (1986) citado por Téliz (2000). O abacate, por ser rico em gorduras (óleos monos e poliinsaturados), tem um custo energético superior ao das frutas que acumulam açúcares de peso semelhante (maçãs, frutas cítricas). A consequência é uma menor produção por hectare de acordo com Wolstenholme (1986) citado por Téliz (2000). Se a produção potencial média de um pomar de maçã de alta densidade e manejo intensivo em porta-enxertos anões for de 100 toneladas/ha, o custo de energia equivalente para o abacate seria de 32,5 toneladas/ha.


C a p í t u l o I | 202 ALTERNÂNCIA REPRODUTIVA O crescimento dos ramos do avocado ocorre em fluxos distintos, ocorrendo uma, duas ou três temporadas durante o ano (ou seja, ondas de primavera, verão ou outono). Nem todos os ramos contribuem para cada fluxo, resultando em um dossel composto com folhas e ramos de várias idades (DAVENPORT, 1982; SCHOLEFIELD et al., 1985; VENNING; LINCOLN, 1958). Uma vez que ramos vegetativos de diferentes idades cronológicas e de desenvolvimento estão presentes, há uma variação considerável na proporção de ápices vegetativos que continuam o crescimento do ramo ou se desenvolvem em inflorescências. Esta complexidade torna difícil saber até onde avançou o desenvolvimento da inflorescência para a maioria dos botões em um determinado momento e torna difícil manipular o processo de floração com algum grau de confiabilidade. Portanto, os pomares de abacate apresentam diferentes produtividades, dependendo das condições edafoclimáticas da região, cultivar utilizada, manejos culturais e fitossanitários. Geralmente, as plantas de abacate provenientes de mudas enxertadas começam sua produção comercial por volta do terceiro ou quarto ano de vida, que pode variar de 12 a 30 kg/planta, devido às condições citadas anteriormente (TEIXEIRA, 1991; KOLLER, 1992). A produção vai aumentar gradativamente com o passar dos anos, atingindo seu máximo por volta dos 8 anos até os 20 anos, esse tempo até atingir tal produção por hectare é muito influenciado pelo espaçamento. Pois segundo Koller (2002), pode atingir uma produtividade máxima de 25 a 50 t/ha com um espaçamento de 5 m x 7 m em 8 anos até 15 anos, já em um espaçamento de 10 m x 12 m pode levar de 15 até 20 anos. Outro fator importante no abacateiro e a produção alternada ou bienalidade, que algumas cultivares de abacate apresentam de forma mais acentuada do que outras, que nada mais é que uma planta apresentar alta produtividade em um ano e no seguinte ano uma baixa produtividade, porém algumas cultivares chegam a produtividades tão altas em um ano que acaba compensado a baixa produtividade do próximo ano. Esse fenômeno pode acontecer tanto de forma generalizada, como apenas em algumas plantas ou parte delas (MONSELISE; GOLDSCHMIDT, 1982). A alternância de produção é caracterizada por um ano de colheita pesada (ano “alto”) seguido por um ano de baixa produção (ano “baixo”) (MONSELISE; GOLDSCHMIDT, 1982). Uma colheita abundante pode suprimir o número e a intensidade dos fluxos


C a p í t u l o I | 203 vegetativos, bem como reduzir a intensidade da floração e retardar o tempo de antese (SALAZAR-GARCÍA et al., 1998). A redução no número de fluxos vegetativos durante o ano “alto” reduz ainda mais a intensidade da floração através da redução de locais potenciais (gemas) para a formação de inflorescências. Um exemplo desse comportamento foi documentado na Califórnia, onde durante o ano de colheita abundante a produção de inflorescências ocorreu apenas em 13% dos brotos florais, também distinguindo que a maioria das gemas apicais originaram brotos vegetativos (SALAZARGARCÍA et al., 1998; Tabela 14). Tabela 14. Crescimento reprodutivo e vegetativo em árvores do avocado ‘Hass’ durante anos de “alta” e “baixa” produção na Califórnia. Nível produção

de

Rendimento

Nº de brotes\

(kg\árvore)

ramo

Tipo de crescimento (% brotes totais) Inflorescência

Brote

Gemas

vegetativo

inativas

“Alto”

66,1 a

17,6

13,3 b

71,9 a

14,9 a

“Baixo”

18,3 b

21,0

45,7 a

38,3 b

15,1 b

Fonte: Adaptado de Salazar-García et al. (1998).

Estudando a inflorescência e desenvolvimento da flor do avocado 'Hass' (Persea americana Mill.) durante os anos de safra "On" e "Off", Salazar-Garcia et al. (1998) verificaram que durante esta transição, o meristema do ramo primário mudou de convexo para plano e convexo. Esses eventos foram seguidos pela iniciação de brácteas adicionais e seus meristemas da inflorescência associados ao ramo secundário. Um período de dormência não era um pré-requisito para o desenvolvimento da inflorescência. A produção contínua dos meristemas da inflorescência do ramo secundário foi observada de agosto a outubro, seguida de antese sete meses depois. Ao todo, onze estágios visuais do desenvolvimento do botão foram distinguidos e correlacionados com a organogênese para criar uma escala que pode ser usada para prever estágios específicos de inflorescência e desenvolvimento da flor. O desenvolvimento da inflorescência foi correlacionado com a temperatura mínima <15 ºC, enquanto a produção teve pouco efeito no tempo de eventos de desenvolvimento de botões individuais da inflorescência. No entanto, o alto rendimento do ano "on" reduziu o número de inflorescências e aumentou o número de ramos vegetativos. Nenhuma inflorescência determinada foi produzida


C a p í t u l o I | 204 durante o ano "on". Para o ano "off", 3% e 42% dos ramos produziram inflorescências determinadas e indeterminadas, respectivamente (Tabela 15). Tabela 15. Intensidade de floração de avocado 'Hass' durante um ano de safra "On” (alta produção) e "Off" (Baixa produção)z. Ano de produção "On" (1994-95) "Off'(1995-96)

Árvores com> 50 inflorescências 80 100

Intensidade média de floraçãoy 2,2 + 0,2 bX 4,2 + 0,2 a

zMédias ± SE foram obtidas a partir de 20 repetições de árvores, exceto para a intensidade de floração na safra "on" em que apenas dez repetições foram utilizadas. Y Escala visual (quantidade do dossel coberto por inflorescências): 1 = sem inflorescências; 2 = <25%; 3 = <50%; 4 = <75%; 5 = 76% a 100%. X Significa separação em colunas pelo teste de soma de classificação de Mann-Whitney, P. 0,05. Fonte:

Samuel Salazar-Garcia, Elizabeth M. Lord e Carol J. Lovatt (1998).

No entanto, além dos problemas de manejo, o abacateiro também apresenta fatores inerentes a sua própria ecofisiologia que limitam sua produtividade. É muito comum os abacateiros apresentarem alternância produtiva (ano ‘ON’/ ano ‘OFF’) SALAZARGARCÍA et al., 1998; MANDEMAKER et al., 2005; LOPEZ-JIMENEZ et al., 2011; ZHENG et al., 2011). Há indícios que este fenômeno é inerente à natureza policarpica destas plantas (MONSELISE; GOLDSCHMIDT, 1982). No ano ‘ON’ ocorre uma inibição correlativa entre os hormônios auxina e citocinina nas gemas que produzem os brotos vegetativos de verão/outono, inibindo a brotação das gemas de primavera do ano seguinte, o qual tenderá a ser um ano ‘OFF’ (LOPEZ-JIMENEZ et al., 2011). De maneira geral, as sementes em desenvolvimento são reconhecidas como uma fonte de hormônios das plantas. Sabe-se também que as frutas se caracterizam por sua intensa demanda metabólica. Esses dois fatores poderiam explicar o efeito dos frutos sobre a floração e sua relação com a alternância produtiva segundo Wright (1989) citado por Téliz (2000). A relação inversa observada entre a carga de frutos e a iniciação floral pode ser explicada pela competição entre os locais de demanda, sendo o fruto o maior demandante. Como os primórdios florais são pequenos e débeis demandantes, seria de se esperar que o fruto em desenvolvimento recebesse os assimilados que corresponderiam aos primórdios florais. No entanto, há evidências de que os hormônios produzidos pelas sementes inibem a iniciação floral (MONSELISE; GOLDSCHMIDT, 1982). Os frutos


C a p í t u l o I | 205 partenocárpicos (sem sementes) permitem uma boa intensidade de floração depois de uma colheita abundante (HOAD, 1978). Resulta importante o equilíbrio entre os três principais hormônios, citocininas, ácido abscísico e giberelinas para alcançar as condições adequadas para a iniciação das inflorescências no abacate. BOWER et al. (1990) propuseram um modelo simples para explicar a participação e o controle dos hormônios endógenos na iniciação floral no abacate. Neste modelo, é proposto que durante o estresse de baixa temperatura (no outono), o broto vegetativo deixa de crescer (o nível de giberelina diminui) e os carboidratos são consumidos pelas raízes. Com isso, novas raízes são formadas, as quais passam a produzir mais ABA e citocininas. Os altos níveis dos dois últimos, juntamente com baixos níveis de giberelina, criam um ambiente interno adequado para a iniciação das inflorescências. O papel das citocininas aqui é aumentar o número de gemas que brotaram, enquanto ABA está supostamente envolvido na conversão dessas gemas reprodutivas. Assim, em árvores frutíferas tropicais e subtropicais, incluindo cítricos, manga e abacate, a fisiologia da raiz é o fator chave envolvido nos processos de floração e frutificação, onde este fator é controlado tanto pelos reguladores de crescimento como pelo conteúdo de carboidratos da árvore. Um problema que a cultivar ‘Hass’ sofre de acordo com Lovatt (2010), com a bienalidade em regiões de climas temperado, é que nos anos de produção elevada os frutos podem ficar pequenos devido à grande quantidade, e perdendo um pouco do valor comercial. E no ano com pequena produção, os frutos ficam grandes, mas em pouca quantidade. O abacateiro tem tendência para a alternância de produções entre anos de alta e baixa produção. Para controlar essa alternância, recomenda-se o bom uso da poda, para regular a carga de flores e frutos das árvores; assim, é recomendada nos anos de alta carga floral, uma eliminação de flor para evitar um vingamento excessivo.


C a p í t u l o I | 206 PODA Antes de iniciar a prática da poda, é aconselhável examinar cuidadosamente o mecanismo fisiológico que regula o crescimento da planta, pois o abacateiro possui gemas terminais e laterais. Nem todas as gemas têm a mesma probabilidade de se converterem em brotos vegetativos. O crescimento vegetativo ocorre principalmente a partir de gemas apicais. Uma boa parte das gemas axilares se desprende e outra parte permanece em estado dormente, e isso ocorre mais escassamente para aquelas gemas formadas durante o período de máximo crescimento vegetativo. A caída de gemas ocorre com menos intensidade no final do período vegetativo, de modo que no ramo que parou sua vegetação, as gemas dormentes estão particularmente concentradas logo abaixo da gema apical, na área do ramo que se caracteriza por entrenós curtos (CALABRESE, 1992). As condições tropicais da Colômbia (ou do Brasil) implicam em um manejo florestal muito particular, por isso a questão da poda deve ser analisada com atenção. A necessidade de recorrer à poda aparece principalmente nos países da zona temperada produtores de abacate, onde normalmente é necessário maximizar a produtividade das superfícies disponíveis e reduzir os custos de produção (CALABRESE, 1992). A poda do abacate é uma prática que vem se disseminando devido às respostas positivas obtidas nas plantações comerciais. Essa planta, por ser uma espécie sempre verde, requer uma poda específica, diferente da usada em árvores decíduas. Por esse mesmo motivo, há uma tendência de não podar o pomar, permitindo que as árvores se desenvolvam naturalmente e realizando apenas alguns desbastes quando houver certa superlotação na plantação. Portanto, a poda no abacateiro é uma opção que deve ser tomada com cautela e de forma racional para que os resultados sejam positivos. Além disso, essa prática vai depender da variedade, vigor e tendência de crescimento da árvore e das condições de clima e solo (RODRÍGUEZ, 1982). Em geral, ao planejar a poda, os seguintes princípios devem ser levados em consideração: • Evite o desequilíbrio entre folhagem e frutificação, pois existe uma relação entre a quantidade de folhas (que sintetizam os carboidratos) e o desenvolvimento dos frutos (que se alimentam dos fotoassimilados produzidos pelas folhas), de cuja relação dependem os


C a p í t u l o I | 207 níveis de produção por árvore e de produtividade por hectare (RODRÍGUEZ, 1982). Estimam-se que sejam necessárias cerca de 50 folhas para o enchimento de um fruto de abacate (BISONÓ; HERNÁNDEZ, 2008). • Para obter bons rendimentos, é necessário um número adequado de ramos produtivos; se estes são podadas, apenas o crescimento das folhas será estimulado. No abacate, as inflorescências apresentam nas partes terminais. • O desenvolvimento da copa que constitui a árvore deve ser harmonioso, sólido, bem equilibrado, arejado, vigoroso e com ramos dispostos de forma que facilitem todos tratos culturais, sejam obtidos ramos que resistam à ação dos ventos e protejam a árvore da ação direta dos raios solares. • Uma vez formados os abacateiros, deve-se conseguir um equilíbrio perfeito entre a produção de frutos e o desenvolvimento correto e equilibrado das demais partes da árvore. Caso contrário, haverá alguns anos de grande produção de frutos, seguidos de outros em que a árvore, tendo diminuído as reservas e tendo que recuperá-las, seria de pouca produção, ou seja, irregular. Essa situação é chamada de “poda de produção”. • É necessário conhecer as diferenças que as árvores apresentam quanto ao formato da copa ou dossel, dependendo da variedade que está sendo cultivada. Portanto, é necessário considerar copas de tipo colunar, piramidal, obovada, retangular, circular, semicircular, semi-elíptica, irregulares ou outra, para assim direcionar adequadamente a poda às nossas condições (IPGRI, 1995). A poda do abacate vai depender em grande parte da densidade de plantio e, por isso, pomares de alta e ultra alta densidade vão requerer podas sistemáticas para manter as árvores com luz suficiente para alcançar altos rendimentos. Por outro lado, a poda de árvores plantadas em densidades menores será manejada de forma que não haja competição entre si, o que significa menor uso dessa prática. Ao efetuar a poda, e de forma a danificar o mínimo possível a árvore e conseguir sua recuperação rápida, devem-se tomar os seguintes cuidados: • Essa prática deve ser feita nas primeiras horas da manhã, para diminuir o estresse sobre a planta.


C a p í t u l o I | 208 • Usem ferramentas afiadas, tesouras ou facas; os cortes devem ser limpos e em bisel, tomando o cuidado para não lesionar a casca. É necessário desinfetar as ferramentas ao passar de uma planta para outra, para o qual é preparado a solução à base de hipoclorito de sódio ou à base de iodo; a diluição desses produtos deve ser de 1%. Portanto, é aconselhável utilizar duas ferramentas: uma que fica submersa no desinfetante e outra com a qual é feito o trabalho de poda. Para prevenir a entrada de doenças pelas feridas feitas, um fungicida (isto é, mancozeb, na dose de 3,0 g/L) deve ser aplicado nos cortes das plantas podadas. • Quando a espessura do ramo cortado ultrapassar 1 cm, recomenda-se aplicar uma pasta cicatrizante sobre a ferida, que pode ser feita misturando-se um inseticida, um fungicida e um selante. Tinta à base de água também pode ser usada para cobrir cortes após a poda. O abacate, sendo uma espécie perene, requer uma poda específica. Por esse mesmo motivo, há uma tendência de não podar o pomar, permitindo que as árvores se desenvolvam naturalmente e realizando apenas alguns desbastes ao cultivo (RODRÍGUEZ, 1992, citado por BERNAL et al., 2014). Qualquer tipo de poda traz um benefício no comportamento fenológico da árvore frutífera, quando comparada a uma árvore não podada. Porém, quando se faz um tipo de poda e não volta a manejá-la novamente, isso pode trazer consequências desagradáveis, como o crescimento de "chupões", ramos longos que buscam o sol, que podem ser produtivos, mas logo irão competir com vários ramos líderes múltiplos, provocando áreas sombreadas. Os principais tipos de podas que se realizam no cultivo do abacate são: formação, manutenção e renovação. PODA DE FORMAÇÃO. A poda de formação consiste no corte de ramos, com a finalidade de direcionar o crescimento, estimulando a brotação de novos ramos e dando uma estrutura equilibrada à planta para potencializar a sua área produtiva; essa poda ocorre no viveiro e no campo. Antes de retirar as mudas do viveiro, deve-se podá-las de maneira adequada para que possam ser plantadas no local definitivo, sem mais poda posterior. O abacate, quando cultivado por semente, tem um crescimento muito elevado, por isso recomenda-se fazer o seu desponte a 1,2 m de altura. Árvores enxertadas tendem a crescer mais desordenadamente e lateralmente; portanto, são aparados apenas os ramos que estão voltados para o solo ou que estão muito próximos dele, para evitar possíveis doenças. O


C a p í t u l o I | 209 resto da árvore é deixado livre para crescer ou fazer despontes em caso de apresentar ramo chupão com acentuada dominância apical. Na fase de viveiro e durante os primeiros anos de cultivo, devem ser eliminados os chupões ou podar os chupões que crescem no tronco ou abaixo da área do enxerto (Figura 131); tal operação consiste em retirar manualmente os rebentos chupões quando estão ainda tenros.

Figura 131. Poda de ramos baixos do abacate e remoção do ramo apical. Fotos: Cabildo et al., 2007 e INIA (2017).

A primeira poda de formação pode ser feita após o plantio, principalmente no abacate Hass. Consiste em cortar 2 ou 3 cm do meristema terminal para promover o crescimento. Este corte apical só deve ser feito se as árvores necessitarem, visto que algumas possuem bifurcações ou futuros eixos produtivos incluídos desde o viveiro (FHIA, 2008). Posteriormente, são eliminados os ramos indesejados, como os orientados ou próximos ao solo e os que se cruzam na parte central da árvore. Da mesma forma, são podadas as deformações de alguns ramos, a fim de corrigir defeitos no crescimento. O abacate desenvolve-se melhor quando se deixa crescer livremente, de tal forma que a poda de formação só se limite a pequenas modificações, as mais essenciais e criteriosamente escolhidas. Apenas no caso bastante frequente de a árvore crescer sem ramos, dando origem a um único tronco muito alto, deve ser corrigido, cortando este ramo a uma altura adequada para se conseguir uma ramificação oportuna. Assim, apenas


C a p í t u l o I | 210 cultivares de porte ereta requerem uma poda de formação (GALÁN-SAÚCO, 1990). Por exemplo, na cultivar Reed, que apresenta comportamento de crescimento vertical, é aconselhável podar a haste central, a fim de reduzir sua dominância apical e estimular a brotação dos ramos laterais. Em árvores adultas, uma vez iniciada a produção, não se deve fazer podas pesadas, pois ocasionam um desequilíbrio de nutrientes, repercutindo em uma baixa e atrofiada floração, o que reduz a produção. Os ramos muito inclinados ou rasteiros serão podados a uma altura de um metro do tronco para evitar a proliferação de pragas e doenças. Da mesma forma, são eliminados os ramos centrais que não recebem luz solar e são improdutivos, recomendado após a colheita. Com a poda de formação irá favorecer a aeração da árvore, que traz dois benefícios: 1) a troca de ar e principalmente de CO2, que sem dúvida favorece uma maior fotossíntese e, portanto, no rendimento; 2) aeração adequada para reduzir a incidência de pragas e doenças, evitando a formação de microclimas favoráveis a esses organismos. A aplicação de cal nos galhos é necessária para evitar danos dos raios solares (pintar a base do caule com a seguinte fórmula: água 3 litros + 2 litros de tinta vinílica + 3 kg de cobre tribásico + 250 cc de saprol). Em relação à poda da formação, Lynce-Duque (2012) menciona que a arquitetura ideal de árvores para condições tropicais e em densidades médias é a de forma de copa, com um tronco principal e quatro talos distribuídos espacialmente no dossel, onde se comportam como árvores individuais dentro da mesma árvore, deixando um espaço central não forçado que permite a entrada de luz em toda a copa a partir de sua base. A seleção dos eixos principais é realizada a partir de três meses após o transplante no campo e consiste na seleção de quatro brotos ou eixos nas árvores distribuídos em quatro pontos cardeais, que serão os seus caules principais. O sentido da poda é promover a formação lateral das árvores a partir desses quatro eixos, com a emissão permanente de brotos desde a parte externa da copa, com uma base estrutural bem formada. Na maioria das vezes, os produtores não concordam em praticar a poda de ramos interiores, pois dizem que a parte próxima à superfície do solo é onde há maior produção em uma árvore. Porém, não levam em consideração que essas frutas não têm a melhor qualidade, devido à alta competição por alimento e espaço; geralmente são danificados por fricção e ataque de fitopatógenos. Esses ramos impedem outras atividades frutíferas


C a p í t u l o I | 211 como: irrigação, aplicação de calagem, adubo, incorporação de materiais e pintura de troncos, entre outras. Além disso, eles causam microclimas favoráveis aos fitopatógenos do solo, formação de cancro no caule e anelamento do pedúnculo do fruto. Além disso, é aconselhável praticar a poda levantando até 40 a 60 cm da superfície da taça da copa para cima; a referida poda é praticada principalmente com tesouras. Embora em galhos grossos se use a tesoura de "braço" e até a própria motosserra. Poda de ramos apicais e laterais. Deve ser feito apenas nas regiões onde há sobreposição de diferentes florações e, portanto, de colheitas. Essa poda permite retardar o crescimento lateral e apical, fazendo com que as árvores demorem mais para fechar (Figura 131). Recomenda-se fazer após a frutificação e quando o ramo vegetativo da primavera terminar de crescer. Os ramos devem ser reduzidos em 30 a 50% de seu comprimento. Poda apical total. Uma poda apical total (topping) é usada em variedades muito agressivas que ultrapassam os 8 metros de altura. A redução da copa lateral (hedging) é realizada quando os espaçamentos de plantio são adensados, proporcionando melhor iluminação nas áreas mais baixas e facilitando a movimentação de homens e materiais. Um excesso de poda severa em ramos altos atrasa o tempo de produção, pois a planta entra na fase juvenil de crescimento vegetativo, então se esta for realizada deve ser alternada, efetuando em datas distantes e nunca cortando todas no mesmo tempo. Em árvores adultas, as podas podem ser realizadas a cada 3 ou 4 anos, de forma a não interferir no processo contínuo de produção da árvore frutífera e obter aumentos gradativos na produtividade. PODA DE MANUTENÇÃO. A poda de manutenção consiste na eliminação de ramos doentes, afetados por insetos ou mortos, bem como ramos improdutivos (geralmente aqueles que nascem dentro da copa e competem por nutrientes) e ramos que já produziram, que poderiam ser foco de patógenos e afetar as partes vitais da árvore, incluindo os frutos. A poda deve ser efetuada tentando modificar ao máximo o crescimento irregular da árvore. Com podas leves e frequentes, as plantas podem ser mantidas em uma altura adequada para cada variedade e dependendo do solo e do clima. Da mesma forma, os ramos que competem entre si devem ser eliminados. Dentro desta poda, considera-se a poda de redução da copa das árvores em produção, que consiste em retirar a parte terminal das árvores, de tal forma que não ultrapassem uma altura superior a 70% da distância entre as plantas. Portanto, as árvores plantadas a uma distância de 7 m umas das outras devem ser mantidas a uma altura inferior a 4,9 m.


C a p í t u l o I | 212 PODA DE RENOVAÇÃO, MUDANÇA DE COPA E RECONVERSÃO. Estas podas são efetuadas quando as copas das árvores ultrapassam a distância de plantio e os seus ramos estão cruzados, em árvores pouco produtivas e de material de baixa qualidade comercial, e em cultivos velhos e com poucas densidades de plantio. Por sua vez, a poda de renovação consiste em cortar os ramos que formam a copa, estimulando a formação de novos ramos, ou em fazer novos enxertos com materiais de melhor qualidade comercial. Este trabalho deve ser realizado gradativamente, podando apenas 50% da árvore e a outra metade quando a produção for reiniciada na parte renovada ou de forma escalonada, fazendo-se por sulcos intercalados, podando toda a copa e deixando um tronco principal de 1,5 metros de altura para que a árvore se renove completamente. Por outro lado, a poda de reconversão é muito semelhante à poda de renovação escalonada, apenas que os enxertos de coroa com um novo material são realizados no tronco principal (Figura 132). Ressalta-se que essa prática é aplicada em lavouras com idade avançada e baixa densidade de plantio, por isso é utilizada para aumentá-la semeando uma árvore dentro do sulco, por exemplo, em uma cultura com distâncias de plantio de 12 x 12 metros e número de 70 árvores por hectare, ao estabelecer uma nova árvore conforme indicado, a distância de plantio seria de 6 x 12 metros e a densidade de 140 árvores por hectare.


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Figura 132. Enxerto de coroa ou casca. a). Inserção da gema entre a casca e a madeira do tronco; b). Amarração das gemas enxertados; c). Impermeabilização de vinil da área exposta do tronco; d). Tutoramento os brotos "prendidos" ao enxerto; e). Crescimento da variedade enxertada; f). Árvore adulta produzida por enxerto. Fotos: Jorge Alonso Bernal Estrada.

A poda de rejuvenescimento é mais praticada em árvores centenárias de 24 a 35 anos; em pomares abandonados que apresentam maior prejuízo para a copa da árvore; cortando as árvores no tronco principal, em alturas diversas, conforme o gosto: 1,8 m de altura, deixando braços de 40 a 50 cm de comprimento. Ou deixando 10 cm de comprimento onde surgem os ramos secundários grossos do tronco principal (quase "rentes" ao solo). Todos eles são importantes. É necessário pintar as toras com a calda bordalesa para que o sol não as “queime”. É aconselhável realizar esta poda em seções de 100 árvores a cada ano; evitando nas fileiras, uma planta sim, outra não.


C a p í t u l o I | 214 Poda fitossanitária. Como o nome indica, são praticados em árvores atacadas por insetos-praga, como a broca do ramo por Copturus do abacate; ou por morte descendente de ramos ocasionada por Fusarium sp, Dotriorella sp, Diplodia sp, Colletotrichum gloeosporioides, Verticillum alboatrum e Phytophthora cinnamomi entre outros fitopatógenos. Sempre cicatrizando a ferida cortada com arborsan; ou uma mistura de impermeabilização com 1 kg de cobre tribásico. Poda de desbaste de árvores e mudança varietal. Consiste em eliminar total ou parcialmente (deixando apenas o pé da árvore para enxertar) em 50% de fileiras da plantação, proporcionando a oportunidade de melhorar a qualidade da produção do abacate pela mudança da variedade. A mudança de variedade pode ser feita por enxertia em árvores podadas da variedade anterior e que servem de porta-enxerto. A mudança de variedade via enxerto é realizada em troncos sadios e os brotos dos enxertos não devem crescer além de 1,5 metros (Figura 133). Outra forma de mudar a variedade é eliminando completamente as árvores, que são substituídas por plantas da nova variedade.

Figura 133. Poda para mudança de variedade em árvore de abacate. Foto: Damián et al., 2013.


C a p í t u l o I | 215 Também o desbaste é realizado quando a folhagem das árvores se junta, dificultando o trânsito do maquinário e provocando falta de luz e aeração, o que acarreta aumento nas populações de pragas e doenças, reduzindo a produção. Para plantações em espaçamento normal, sugere-se a eliminação em linhas diagonais, mantendo o espaçamento inicial orientado de norte a sul em declives não superiores a 5% (MORALES et al., 1999; Figura 134).

Figura 134. Diferentes tipos de poda: a) sem poda; b) podar a folhagem em fileiras alternadas; e c) poda da folhagem de todas as árvores. Foto: Morales et al., 1999.

Na segunda eliminação, o espaçamento pode ser ampliado ou pode ser feito um corte de rejuvenescimento em linhas diagonais ou alternadas para diminuir o porte das árvores e melhorar sua estrutura (Figura 135).

Figura 135. Eliminação definitiva de fileiras alternadas. Foto: Morales et al., 1999.


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Em geral, as podas devem ser feitas em épocas de boa disponibilidade hídrica, pois se são feitas em épocas de seca podem ocasionar um efeito negativo na árvore, causando desidratação severa e até a sua morte (BERNAL et al., 2014). Poda mecanizada. O sistema de formação de sebes (cerca viva) podadas mecanicamente para obter a forma piramidal é atualmente muito popular na Austrália, Israel e África do Sul (LAHAV, 1999; NEWETT, 1999; TOERIEN, 1999), em locais onde a topografia permite o trânsito de maquinaria pesada através dos pomares (Figura 136). Porém, devido ao hábito de frutificação periférica do abacate e a persistência dos frutos na árvore, estratégias de poda são requeridas para minimizar os danos à colheita, mantendo a produtividade e regulando o tamanho da árvore (WHILEY, 2007).

Figura 136. Forma piramidal de árvores plantadas em cerca viva (sebes). a). Poda ou cobertura apical; b). Poda lateral. Fotos: Francisco Mena Volker.

A poda mecânica em forma de sebe produz uma densa parede de folhagem, o que dificulta a penetração de luz e as pulverizações de agroquímicos nas folhagens (agrotóxicos ou fertilizantes) no interior da sebe, o que pode ser evitado podando suas paredes laterais, seguindo uma estratégia de remoção periódica de ramos longos. Isso normalmente é feito uma vez por ano (WHILEY, 2007). Para obter os benefícios dessa forma de manejo da copa, é importante que a poda seja realizada na época correta, principalmente em relação à obtenção de botões florais maduros, uma vez que a manutenção de árvores em estado produtivo é a maneira mais eficaz para restringir o crescimento dos ramos. Também é importante colher os frutos


C a p í t u l o I | 217 assim que atingirem a maturidade comercial, para manter cargas aceitáveis de frutos nas árvores (WHILEY, 2007). A melhor orientação para uma sebe piramidal é norte-sul (STASSEN, 1999). O controle natural do tamanho da árvore em uma sebe piramidal permite uma poda menos intensa e bastante simples, situação a ser considerada em plantações de grande extensão, usando espaçamentos de 3,5 × 7 m, 4 × 7 m, 5 × 7 m, para populações de 408, 357 e 285 árvores/ha. Esse sistema permite maior circulação de ar entre as fileiras do pomar, reduzindo assim as populações de pragas e doenças que afetam a lavoura. As árvores dentro do sulco (entre plantas) não são podadas, permitindo que se cruzem; a poda, portanto, é feita lateralmente, com o que, como o próprio nome indica, as árvores assim manejadas formam uma sebe (cerca viva). Enxerto de chupões. Para a enxertia de chupões, as árvores devem ser rebaixadas até um toco de 45 a 60 cm. Este toco é estimulado para o crescimento de chupões a partir das gemas quiescentes na base das árvores. Quando os chupões crescem, parte deles deve ser eliminado, deixando de 3 a 5, bem localizados e com melhor desenvolvimento, para posteriormente proceder à enxertia (Figura 137). O método mais comum de enxertia desses chupões é de garfagem no topo. Uma vez que haja prendido e os enxertos tenham crescidos, os chupões indesejados são removidos, bem como os enxertos não fixados.

Figura 137. Enxerto de renovação de copa, mediante o uso de chupões. Fotos: J. Bernal (2014).


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Capítulo II

PRÉ-COLHEITA, COLHEITA, PÓS-COLHEITA, EMBALAGEM DE FRUTOS E EXTRAÇÃO DE ÓLEO DA POLPA

Vicente de Paula Queiroga Josivanda Palmeira Gomes Alexandre José de Melo Queiroz Nouglas Veloso Barbosa Mendes Rossana Maria Feitosa de Figueirêdo Esther Maria Barros de Albuquerque (Editores Técnicos)


C a p í t u l o I I | 219 1.PRÉ-COLHEITA Maduração fisiológica. Um abacate fisiologicamente maduro é aquele que atingiu um determinado estágio de desenvolvimento no qual, se colhido, amadurece para uma condição comestível, com um sabor aceitável e uma textura identificável para a variedade específica. Ao contrário, uma fruta fisiologicamente imatura é aquela que não atingiu aquele estágio particular de desenvolvimento e, embora amoleça, não terá uma qualidade comestível aceitável (BARMORE, 1977). Um abacate imaturo armazenado em condições em que normalmente amadureceria, geralmente encolhe, torna-se gamoso e descolorido (HATTON et al, 1964). Pode-se dizer que nos frutos de avocado Hass existem dois estágios de maturação, são eles a maturação fisiológica e a maturação organoléptica. A qualidade da fruta começa na colheita, com maturidade fisiológica. A maturidade é conhecida por afetar tanto o armazenamento quanto a qualidade comestível (ZAUBERMAN; SCHIFFMANNNADEL, 1972). A maduração ou maturação fisiológica ocorre no final do crescimento do fruto, e na literatura inglesa é feita uma distinção entre “maturation”' e “ripening”' (Figura 138). De acordo com Westwood (1993), 'maturation' é o tempo entre o final do crescimento do fruto e o início do amadurecimento (‘ripening') e o fruto passa de um estado imaturo para a maturação (maturity/ fruit mature) e adquire a capacidade de amadurecer. O amadurecimento ('ripening') é o conjunto de mudanças que levam a fruta a atingir suas características gustativas específicas (amadurecimento organoléptica), quando a fruta termina está pronta para o consumo (fruit ripe); começa depois que a semente atinge a maturidade fisiológica (GILLASPY et al. 1993) e é anterior à senescência do fruto (AGUSTÍ, 2000). Ou seja, a maturidade organoléptica refere-se ao ponto de maturação em que a fruta desenvolveu as características de cor, sabor e aroma que o consumidor deseja.


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Figura 138. Estágios de amadurecimento (Ripening) de frutos do avocado Hass.

É importante identificar a maturidade fisiológica mínima que garanta uma qualidade aceitável quando o fruto amadurece organolépticamente (HOFMAN; JOBIN-DÉCOR, 1997). Uma fruta imatura é de baixa qualidade, gosto ruim com aparência e textura desagradáveis. Os frutos se desidratam mais rápido e são suscetíveis a danos fisiológicos. Por outro lado, fruta passada amolece rapidamente e não consegue amadurecer totalmente (ARPAIA, 1990). O mercado com os melhores preços é a América do Norte e a vantagem do Chile é que colhe frutas quando a oferta é baixa. Os melhores preços são alcançados no início da temporada, o que incentivou muitos produtores a enviar frutas imaturas, o que prejudica a imagem da indústria chilena de abacate (GARDIAZABAL; ROSENBERG, 1991). Índices de maturação. Os índices de maturação são indicadores do momento em que o fruto atingiu a maturidade fisiológica e, portanto, pode ser colhido. A maioria dos padrões de maturação depende da mudança na concentração de um componente da fruta, uma vez que seu aumento ou diminuição está relacionado a um determinado sabor e aceitação; com isso, pode-se prever o tempo em que estará maduro (WOOLF et al. 2004). Para determinar se o abacate está comercialmente maduro, vários parâmetros foram adotados em diferentes países, entre os quais podem ser observados os seguintes: 1.Cor do exocarpo (casca): o índice mais utilizado historicamente é a mudança na cor ou na tonalidade do exocarpo. À medida que a fruta madurece fisiologicamente, uma descoloração parcial se vai gerando (degradação da clorofila), então a cor verde brilhante vai desaparecendo gradualmente e a fruta começa a ficar mais opaca (Figura 139); ao


C a p í t u l o I I | 221 mesmo tempo, os estômatos começam a se converter em grandes poros chamados lenticelas. A aparição evidente de lenticelas e a perda de brilho indicam que o fruto atingiu a maturidade fisiológica (ZAPATA et al., 2014).

Figura 139. Esquerda: Fruta brilhante fisiologicamente imatura. À direita: Fruto opaco, fisiologicamente maduro. Fotos: Zapata et al., 2014.

O método de determinação da maturidade fisiológica pela mudança de cor não é confiável, pois muitas vezes o fruto pode ter um lado opaco e outro brilhante, e o colhedor não é capaz de perceber tais variações. É também um método subjetivo, uma vez que para uma pessoa é opaco e para outra pode não ser. Provavelmente, ambas as pessoas estejam precisando de experiência e habilidade visual. 2.Cor do mesocarpo (polpa): à medida que o fruto atinge a maturidade fisiológica, a cor da polpa passa de ser pálida cada vez mais para verde-amarelada e de textura cremosa (Figura 140A), sendo que a fruta que está fisiologicamente madura possui estas últimas características. A cor da polpa é mais perceptível na parte que está em contato com a semente (Figura 140B). Mesmo assim, Zapata et al. (2014) admitem que esse método não é bastante confiável, tal como sucede com a cor do exocarpo, pois as alterações são tênues e é necessária experiência para fazer a determinação.


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Figura 140. a).Mudança na cor da polpa e b). Amarelecimento atrás da semente. Fotos: Jorge Ceja E. (2014).

3.Teor de óleo: o teor de óleo reflete as condições de crescimento durante os diferentes estágios de desenvolvimento do fruto (BEAN, 1956). Neste caso, utiliza-se a porcentagem de óleo que possui a polpa ao ser separada da árvore, já que o grau de maturação fisiológica do fruto está relacionado à data da colheita. Assim, se for muito cedo, a fruta tem uma quantidade insuficiente de óleo para atingir a maturação organoléptica para consumo (KADER 2002). Por sua vez, Olaeta et al. (1986) observaram que à medida que o fruto se desenvolve, ocorre um aumento significativo do teor de óleo e, por sua vez, cada cultivar apresenta curvas características. Ao relacionar o caso anterior da cor da polpa com a palatabilidade da fruta, Olaeta et al. (1986) determinaram que, à medida que as frutas se desenvolvem na planta, há também um aumento em suas características de sabor. Ou seja, conforme a fruta amadurece fisiologicamente, aumenta o teor de óleo, diminui a umidade e aumenta a palatabilidade. O teor de umidade ou matéria seca acaba sendo o melhor estimador do teor de óleo na fruta. O nível mínimo de matéria seca com que os frutos de cada cultivar devem ser colhidos é de 18% em Fuerte e 26% em Hass (MARTÍNEZ, 1984).


C a p í t u l o I I | 223 Além disso, o teor de óleo no abacate é afetado por diversos fatores, sendo os principais a cultivar, as condições agroecológicas em que a árvore é cultivada e o estado de desenvolvimento do fruto (CARO, 1998). 4.Matéria seca: este parâmetro mostrou-se de fácil aplicação, pois há relação entre o aumento da porcentagem de matéria seca na polpa, a diminuição da umidade e o teor de óleo. A maioria dos países produtores estabelece um padrão mínimo de maduração para garantir que frutas inaceitavelmente imaturas não sejam comercializadas. A Califórnia utiliza um padrão de 20,8% para a variedade Hass. Outros países usam padrões mais elevados (aproximadamente 25%) para reduzir os distúrbios após o armazenamento por longo prazo (PAK et al, 2003). A Avocados Australia Limited (2008) recomenda um padrão mínimo de maduração de 23% MS (mais de 10% de óleo) para o abacate Hass, embora estudos com consumidores indiquem uma preferência de pelo menos 25% MS (HARKER et al, 2007). Em relação à aceitação pelo consumidor, as frutas com alto teor de matéria seca têm maior probabilidade de apresentar melhor sabor (CLARK et al, 2003). Por outro lado, os frutos colhidos no início da safra (baixa MS) têm sido relatados como pobres em textura e sabor (HARDING, 1954; LEE et al, 1983; PAK et al, 2003). A qualidade comestível dos abacates melhorou ao longo da temporada de colheita, e isso foi associado a um aumento no teor de óleo (HODGKIN, 1928; 1939). A porcentagem de matéria seca tem alto grau de correlação com o teor de óleo, é usada como índice de maturidade fisiológica na Califórnia e na maioria das áreas produtoras de abacate no mundo; a matéria seca mínima exigida varia de 19 a 25%, dependendo da cultivar (19,0% para a cv. Fuerte, 20,8% para a cv. Hass e 24,2% para a cv. Gwen) (KADER; ARPAIA, 2002). No Chile, os frutos da cultivar Hass não devem ser colhidos com menos de 26% de matéria seca, correspondendo a 11% de óleo nos frutos. A classificação de "muito agradável" pelos juízes do comitê sensorial é atingida com 32% de matéria seca, o que equivale a cerca de 14,5% de óleo (ESTEBAN, 1993). Se o fruto pequeno estiver mais maduro do que o grande, o último deve ser amostrado para garantir que todos os frutos tenham o nível mínimo exigido na colheita. Além disso, deve-se amostrar uma quantidade adequada de avocados, no mínimo 10 frutos por setor, um por árvore, para evitar o erro que ocorre quando há grande variação de matéria seca


C a p í t u l o I I | 224 nos frutos próximos. Da mesma forma, os frutos que apresentam danos devem ser eliminados (HOFMAN; JOBIN-DÉCOR, 1997). Os resultados do teor de matéria seca são obtidos em poucas horas para que possam ser utilizados para determinar se um lote da plantação está pronto para a colheita e para realizar análises nos frutos colhidos em caso de dúvida sobre o grau de maturação fisiológica; em curto espaço de tempo permite dar informação oportuna aos produtores para modificar os critérios (refinar) de colheita. O equipamento necessário inclui um forno de micro-ondas, uma balança analítica, um dessecador e cápsulas (tipo placas de petri ou similares) para colocar as amostras. O método consiste em cortar aproximadamente 10 g de polpa em rodelas (fatias) muito finas (cortar com um descascador de batata e colocá-las no forno de micro-ondas para secar até peso constante, processo que leva de 5 a 15 minutos (YAHIA, 2011). Assim que o peso se torna constante, a % MS é calculada com a seguinte equação:

Por outro lado, os estudos realizados por Coffey et al. (1985) concluem que mudanças na porcentagem de matéria seca fornecem uma previsão muito insignificante da capacidade de maduração do fruto. Além disso, há o fato de que os dados observados variam muito entre as diferentes localidades onde o avocado é cultivado. 3.Diâmetro e peso do fruto: É usado na Flórida, onde cada cultivar deve exceder certos valores mínimos para o fruto ser colhido (IBAR 1979). Lee e Young (1983), quando mediram o crescimento do fruto, determinaram que, fazendo uma extrapolação linear, o valor O, na porção de descenso da curva de crescimento do avocado, obtém-se um ponto definitivo indicando que a maturação fisiológica ocorreu e, em muitos casos, esta data está relacionada à data de maturidade do pomar, determinada por um painel de análise de sabor. Por sua vez, COGGINS (1986) considera que o tamanho do fruto dá uma previsão de maturação bastante limitada, pois varia muito entre áreas que estão a curta distância.


C a p í t u l o I I | 225 b).Novas alternativas de índices de colheita 1.Medição da velocidade ultrassônica: Self et al. (1994) observaram que durante a maturação do abacate cv. "Fuerte", a 15 °C, a fração de volume do espaço intercelular, ou seja, o conteúdo de ar tende a diminuir e é negativamente correlacionado com a densidade da polpa. Por sua vez, a velocidade ultrassônica está positivamente correlacionada com a umidade da polpa. Além disso, é necessário extrapolar a velocidade medida nas seções de polpa para o fruto completo, a fim de fornecer um índice não destrutivo para avaliar a maturação fisiológica do abacate. 2.Métodos de ressonância magnética nuclear (NMR): ao conduzir experimentos com NMR, Chen et al. (1993) determinaram que tanto a intensidade da imagem, a proporção de óleo e os "picos" de ressonância da água de uma dimensão do espectro, entre outros, foram correlacionados com a maturação do fruto 3.Espectroscopia de fluorescência da clorofila: o espectro de fluorescência padrão da casca da fruta indica a organização normal da clorofila contida no complexo da membrana tilacóide, e os resultados obtidos com a espectroscopia de fluorescência podem ser usados como uma ferramenta para estudar a organização da clorofila durante os períodos de crescimento e maturação da fruta (GROSS et al., 1983). 4. Medição de produtos florescentes da peroxidação lipídica: Meir (1991) sugere que a peroxidação dos lipídios pode ser um dos primeiros processos detectáveis durante a maturação dos frutos, desta forma, a análise do fracionamento de produtos fluorescentes e seus resultados podem ser usados como uma característica hortícola para estimar o início da maturação nos abacates. Ibar (1979) também assinala que outros parâmetros têm sido propostos para determinar o momento certo de maturidade fisiológica, como a medida da quantidade da enzima pectinmetilesterase; mas esses tipos de parâmetros, igualmente que outros baseados em metodologias complicadas, não são amplamente usados na prática.


C a p í t u l o I I | 226 2.COLHEITA A colheita é a fase da exploração comercial da cultura do avocado Hass, na qual o produtor planeja, organiza, executa e supervisiona todas as tarefas que permitem a colheita e colocar a fruta no mercado. O produto colhido deve satisfazer os requisitos do cliente, em termos de qualidade, preço e condições de entrega (ARPAIA, 2004). Nas árvores enxertadas, a colheita começa a partir do terceiro ano; a colheita de frutos é um dos fatores que tem mais influenciam no êxito da comercialização. Isso pode ser feito quando a fruta alcança a sua maturidade fisiológica. É importante destaca que o abacate não amadurece (maturação organoléptica) na árvore, ou seja, a fruta alcançará este estádio somente após ser separado da planta. Portanto, recomenda-se que apenas se deve colher os frutos da árvore que tenham alcançado sua maturação fisiológica. Segundo Chitarra e Chitarra (2005), a maturidade fisiológica refere-se ao estádio de desenvolvimento da fruta, no qual ocorreram o crescimento máximo e a maturação adequada, para que a ontogenia continue após a colheita. É importante destacar que a colheita do abacate é feita com base na experiência dos produtores, que geralmente utilizam a cor e o tamanho do fruto como indicadores de maturação fisiológica. No entanto, para alguns autores, esses indicadores não são confiáveis (CAJUSTE et al., 1994). Isso acarreta uma ampla variabilidade ou heterogeneidade na qualidade do fruto, prejudicando diretamente o seu valor comercial e aos consumidores finais, ao mesmo tempo em que debilita o seu sistema de comercialização (GALLO, 1996). -Métodos de colheita 1) Manual: com este método é utilizada uma grande variedade de ferramentas manuais, tais como: canivetes, facas, tesouras, etc. (FAO 1987; Figura 141). A colheita do avocado deve ser realizado cortando o pedúnculo a uns 6 a 10 mm de distancia do fruto. Ao aparar o primeiro corte da fruta, certifique-se de que o pedúnculo foi cortado rente a casca (Figura 142), tanto quanto possível, assim evita que os pedúnculos causem danos físicos a outras frutas durante o transporte. O melhor é colher os frutos cortando manualmente um a um ou usando um saco pequeno de lona atada a uma vara comprida e leviana para colher os frutos de galhos altos. É conveniente colocar os frutos em caixas, de preferência com capim seco no fundo e entre as camadas.


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Figura 141. Tesouras pequenas e especiais, frequentemente utilizadas para a colheita do avocado, em pomares de crescimento muito baixo, onde a altura das árvores não é superior a 2-2,15 m. Foto: Aproare (2009).

Figura 142. Aparando o corte do pedúnculo do avocado depois de colhido.


C a p í t u l o I I | 228 Primeiramente, são colhidos os frutos baixos, ao alcance das mãos, pelo corte do pedúnculo, rente à casca do fruto. De imediato, colhedores habilidosos sobem na árvore e colhem os frutos que estão mais próximos de galhos grossos e resistentes no interior da copa. Para colher os frutos da periferia da copa (entre 2 a 4 m de altura) é possível utilizar escadas com tripé, que não necessitam ser apoiadas nos galhos, desde que elas sejam apropriadamente fixadas sobre o solo. Finalmente, os frutos mais altos podem ser colhidos, subindo-se em escada de apoio, feitas de metal ou madeira leve e resistente, cuja base é larga, e a extremidade superior deve ser apoiada firmemente em galhos suficientemente resistentes para não quebrarem (KOLLER, 2002). Os avocados jamais devem ser colhidos sem o pedúnculo. Pelo contrário, parte deste deve acompanhar o fruto na colheita. É importante deixar o pedúnculo para evitar a entrada de fungos nos frutos. Posteriormente apara-se o excesso do pedúnculo com uma tesoura de poda ou uma faca afiada, para facilitar o acondicionamento na embalagem. Constatou-se que em pomares comerciais, o índice de ferimentos causados nos frutos pelo contato com o pedúnculo de outros frutos chega a ser relativamente alto, por não se tomarem os devidos cuidados na hora da colocação dos frutos nas caixas e não se aparar o excesso de pedúnculo (BLEINROTH, 1995). A mudança de cor da casca é o sintoma mais óbvio da maduração. Nos abacates com casca roxa, manifesta-se pela perda do brilho da cor e aquisição de sua cor característica. A grande maioria das variedades apresenta pouquíssima alteração na cor da casca, o que dificulta o procedimento e exige um bom conhecimento da cultura. O tamanho dos frutos, embora não seja um critério muito prático, pode auxiliar na determinação da época de colheita, quando o tamanho médio é conhecido nas diferentes cultivares. Existem também critérios físicos como a queda do fruto ou a facilidade com que o pedúnculo do fruto se rompe ao ser submetido a uma determinada torção. A firmeza ou processo de amolecimento da fruta é a alteração mais associada ao amadurecimento organoléptico da fruta. A colheita deve ser realizada nas horas mais frescas do dia, a partir das 6h00 da manhã, quando a luminosidade permite uma boa avaliação da maturação fisiológica dos frutos. O avocado colhido deve ser colocado dentro de caixas plásticas limpas em várias camadas (3 ou 4), mas sem encher demais as embalagens, pois isso acarreta danos por compressão ao empilhar as caixas durante o transporte (CAJUSTE et al., 1994).


C a p í t u l o I I | 229 Os frutos não devem ser lesionados ou sofrerem ranhuras ou qualquer outro tipo de dano à epiderme. O seguinte procedimento é sugerido: a) Corte com ganchos que tenham um objeto pontiagudo como tesouras ou lâminas afiadas integradas no anel onde a fruta é inserida no saco pequeno ou rede, que evitando assim que a fruta caia ao solo; a seguir a ponta da vara é baixada até o solo para recolher o fruto (KOLLER, 2002). Esse processo de colheita com vara é demorado. Talvez ele possa ser agilizado, substituindo o saco por um tubo de lona ou de pano, com diâmetro superior ao fruto, o qual, após descartado da árvore, escoa suavemente pelo tubo, até o fruto ser aparado e recolhido por um operário que o apanha. Assim, vários frutos podem ser colhidos, um após outro, sem necessidade de baixar a ponta superior da vara até o nível do solo (KOLLER, 2002). Para retirar os frutos que se encontram nas partes mais altas das árvores (em torno de 4 metros de altura) são utilizados “apanhadores de saco”, que consistem em longas varas de bambu (aproximadamente quatro metros de comprimento) providas na extremidade de uma sacola de tecido resistente presa a um aro de ferro de 1\4”, com cerca de 20 cm de diâmetro e que tem no extremo oposto à vara uma lâmina de metal cortante de aproximadamente cinco centímetros (Figura 143). Este colhedor é o mais recomendado, porque o operário introduz na sacola o fruto a ser colhido e com um puxão dado à vara secciona o pedúnculo com a lâmina cortante do apanhador. Convém sempre que o pedúnculo seja cortado com o máximo de comprimento possível. Um colhedor prático é capaz de colher, por dia cerca de 900 kg de abacate ou o correspondente a 30 caixas de colheita ou 45 caixas de mercado (caixa M) (BLEINROTH, 1995). Também existe no mercado um gancho-tesoura (também chamado de colhedora ou tesoura de altura) que em vez de ter uma lâmina cortante na parte mais alta, tem uma espécie de tesoura que é conectada por uma longa vara à parte inferior por um dispositivo, o qual permite acionar a tesoura (Figura 144).


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Figura 143. a) Gancho colheitador, onde a lâmina cortadeira afiada do pedúnculo do fruto se encontra no lado oposto da vara e b). Amolando a lâmina cortadeira.

Figura 144. Tesoura afiada de colheita manual do avocado e deve ser desinfetada periodicamente. Foto: Aproare (2009).


C a p í t u l o I I | 231 Para árvores altas (maiores que 4 m), as tarefas são um tanto difíceis, pois nem mesmo com os ganchos, os pedúnculos a serem cortados são alcançados. A fruta pode ser alcançada por meio de tratores com andaimes ou máquinas agrícolas especializadas, sempre que a topografia permitir.

b) Do saco pequeno do gancho, a fruta passa para uma sacola de lona que fica pendurada no ombro do cortador. Ao encher essa sacola, o cortador transfere a fruta para as caixas plásticas localizadas em locais com sombra; novamente, o conteúdo da sacola deve ser esvaziado com cuidado para não maltratar a fruta. c) As caixas plásticas não devem ser enchidas além de 80% de sua capacidade, para evitar que, ao serem empilhadas, as frutas que contêm sejam maltratadas. d) Os reboques ou veículos que transportam a fruta dentro do pomar até o local de beneficiamento não devem estar sobrecarregados e a carga não deve ficar solta. e) A fruta deve ser levada para o setor de embalagem no mesmo dia do corte. O transporte deve ir coberto para evitar raios solares diretos ou que a carga não seja molhada se chover, mas deve-se deixar ventilação suficiente para evitar o aquecimento da fruta. Durante o transporte, a carga deve ter um movimento mínimo, por isso deve ser bem amarrada. f) As manobras de carga e descarga devem ser realizadas com cuidado, evitando bater nas caixas e movimentação excessiva das mesmas. 2) Semi-mecanizado: pode envolver vários níveis de tecnologia. Podem ser simplesmente um veículo que se move entre as fileiras da cultura (FAO, 1987) e é provida de uma pequena base triangular com três rodas (Figuras 145AB). A máquina é dotada de um guincho hidráulico móvel, tipo guindaste, para alcançar a parte superior da copa da árvore de avocado, cujo comando é realizado pelo próprio colhedor que está com a bolsa plástica (Figura 145CD).


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Figura 145. Veículo dotado de um pequeno guindaste hidráulico móvel para realizar a colheita de avocado na parte superior de sua copa.

Também são utilizadas máquinas de colheita complexas, que tornam o trabalho mais rápido (FAO, 1987). Na California\EUA, onde o custo de mão-de-obra é alto, já estão sendo usadas máquinas acopladas a reboques, que se deslocam entre as linhas de árvores e que são providas de um pequeno guindaste, extremamente móvel, em todas as direções, na extremidade superior do qual se acomoda um operário dentro de um recipiente, onde ele deposita os frutos que colhe, até transferi-los mais tarde para um “bin” ou caixa de colheita, de forma semelhante à colheita de frutas cítricas. Essa máquina é provida de 4 sapatas hidráulicas, duas de cada lado, que permitem fixá-la firmemente ao solo, inclusive em terrenos bastante íngremes (Figuras 145C; D). Evidentemente que, com apenas uma pessoa fazendo a colheita manualmente, o custo operacional de uma máquina desse porte


C a p í t u l o I I | 233 é muito alto em países, onde os salários pagos a operários são tão baixos, como ocorre no Brasil (KOLLER, 2002). -Época de colheita Refere-se ao momento preciso em que deve ser colhida de acordo com as demandas do mercado. Quando a colheita é feita mais cedo ou mais tarde, há problemas com a qualidade dos produtos coletados, conforme segue: a) Colheita antecipada • Maturidade fisiológica incompleta. • Problema com gosto, cheiro, aroma. • Perda de peso e de murchamento. • Baixo rendimento no processamento. • Engano do consumidor. b) Colheita tardia • A vida útil do produto é curta. • Propenso a doenças. • Textura macia. • Perda de produto na planta. • Casca frágil e suscetível a feridas. • Fruta passada. • Pouco tempo para comercialização (VILLAMIZAR; OSPINA, 1995). As frutas colhidas que não alcançaram sua maturação fisiológica ou desenvolvimento completo devem ser rechaçadas para sua conservação. Já as frutas totalmente maduras se conservam muito bem em câmaras frigoríficas durante 4 semanas, sob condições de 7 ºC e umidade de 85% a 95%, mantendo a concentração de CO2 em torno de 10%. Portanto, o avocado deverá atingir uma fase de desenvolvimento fisiológico que assegure a finalização do processo de maduração, de acordo com os critérios peculiares da variedade Hass e a área em que ela é produzida. A fruta madura (organoléptica) não deverá ter sabor amargo. O desenvolvimento e as condições dos avocados devem ser tais que lhes permitam: suportar o transporte e o manuseio e chegar em condições satisfatórias ao local de destino (GALLO, 1996). Durante as operações de colheita deve-se manter um padrão de higiene no campo. Os produtos não desejáveis para o mercado devem ser removidos. A colheita deve ser


C a p í t u l o I I | 234 realizada na época certa e com seleção imediata do produto para possibilitar as operações subsequentes. Pode-se ainda deixar o produto descartável na planta durante a primeira operação e em seguida, fazer a operação de limpeza (CHITARRA; CHITARRA, 2005). Em nenhuma circunstância o produto rejeitado deverá permanecer no solo por períodos longos de tempo, por se tornar uma fonte de infecção aos produtos sadios. Preferivelmente, o material que poderá ocasionar alguma infecção e deverá ser destruído. A limpeza adequada dos instrumentos e equipamentos utilizados na colheita e manuseio é também de importância fundamental (CHITARRA; CHITARRA, 2005). A limpeza e desinfecção da ferramenta de corte, antes e periodicamente durante a colheita, é uma etapa fundamental para reduzir a disseminação de patógenos. Recomenda-se limpar primeiro a ferramenta com sabão, para retirar matéria orgânica da superfície, pois este inativa os princípios ativos que serão utilizados na desinfecção (Figura 146). Após a limpeza, a ferramenta deve ser desinfetada com soluções de hipoclorito de sódio, dióxido de cloro ou iodo a 1%.

Figura 146. Lavagem da tesoura com água para retirar o sabão e desinfecção da ferramenta de corte (pulverizando com um nebulizador).

Para a norma padrão para o abacate, segundo a CODEX STAN (1995), aplicam-se às variedades comerciais de abacates obtidas de Persea americana Mill., da família Lauraceae, que devem ser fornecidas frescas ao consumidor, após o seu acondicionamento e embalagem. Em todas as categorias (exemplo: primeira e segunda), sujeito às disposições especiais para cada categoria e às tolerâncias permitidas, os


C a p í t u l o I I | 235 abacates devem ser: inteiros; saudáveis e isentos de apodrecimento ou deterioração que os tornam impróprios para o consumo; limpos e praticamente isentos de qualquer matéria estranha visível; isentos de pragas e danos por insetos, os quais afetam o aspecto geral do produto; isentos de umidade externa anormal, exceto a condensação resultante de sua remoção de uma câmara fria; isentos de qualquer cheiro e / ou sabor estranhos; assim como danos causados por baixas e / ou altas temperaturas; finalmente os frutos devem ter um pedúnculo de comprimento não superior a 10 mm, cortados com precisão. Porém, sua ausência não é considerada defeito, desde que o local de inserção do pedúnculo esteja seco e intacto. Armazenamento transitório de frutas. Após a colheita, a fruta deve ser enviada o mais rápido possível para o local de embalagem. Em muitas ocasiões, a fruta precisa ser armazenada por algumas horas enquanto o volume é recolhido para encher o caminhão. Para isso, os frutos devem ser armazenados em locais adequados, com boa ventilação, vedados para evitar a entrada de insetos, em galpão com coberturas para evitar a radiação direta e o contato com chuva ou brisa. Este local deve ser limpo, livre de impurezas e elementos que possam representar riscos físicos para a fruta. Não deve ser exposto ao sol, pois o aumento da temperatura interna da fruta acelera o processo de maduração. Transporte de frutas. O caminhão de transporte deve estar totalmente fechado e sua carroceria não deve ter furos, para evitar a contaminação dos frutos por impurezas e a entrada de insetos. O caminhão deve viajar idealmente pela manhã ou à tarde, a fim de evitar as altas temperaturas que ocorrem ao meio-dia, que podem acelerar os processos fisiológicos da fruta. As caixas (cestos) não devem ser enchidas com a capacidade máxima (Figura 147), mas com o máximo de 80% para evitar atrito ou algum dano mecânico à fruta.

Figura 147. Danos causados nos frutos de abacate, causados por caixas bastante cheias.


C a p í t u l o I I | 236 3.PÓS-COLHEITA Manejo poscolheita para exportação de frutas. Após a colheita, as frutas devem ser encaminhadas o mais rápido possível para o “packing house”, onde serão submetidas a tratamento fitossanitário, seleção, classificação, embalagens e armazenamento, para em seguida serem transportadas e comercializadas (AMIQUERO, 2004). O processamento da fruta para seu acondicionamento, conservação e transporte compreende as seguintes etapas: a) Lavagem. Lavar as frutas com água e uma solução fungicida como o tiabendazol, em dose de 0,5 a 1 grama por litro de água, para prevenir o desenvolvimento de doenças. O fruto é seco e ligeiramente escovado, o que lhe confere um aspecto brilhante. b) Seleção. A fruta é então submetida a uma primeira seleção, onde são separadas as frutas que não atendem aos requisitos mínimos que o embalador fixou. Esses requisitos são variáveis, dependendo do destino da fruta, ou seja, se o mercado a que se destina é internacional ou nacional. Também há variação nos critérios de cada embalador, dependendo se este possui ou não um controle de qualidade, para isso, deve-se consultar as normas da OCDE e da CEE / ONU. c) Classificação. A próxima etapa é a classificação da fruta por tamanho (diâmetro) ou peso, de acordo com o sistema de funcionamento do maquinário utilizado. Nessa etapa do processo, a fruta é separada pelo critério de tamanhos, ou seja, a quantidade de frutas que vão parar em uma caixa de embalagem com capacidade de 4 kg. d) Embalagem. A partir daí, segue-se para a própria embalagem, onde é feita uma seleção de segunda qualidade simultaneamente devido ao aspecto da fruta. As caixas individuais vão para o processo de paletização, assim denominado por serem empilhadas e amarradas com cintas de base de madeira e cantoneiras também de madeira ou fibra de vidro em conjuntos conhecidos internacionalmente como paletes, que são considerados unidade de embalagem para transporte. Estas paletes devem ser submetidas a determinadas medidas que são determinadas pelos contentores em que são transportadas. O número de caixas por palete é variável entre os embaladores, mas geralmente é composto por pouco mais de 200 caixas de 4 quilos e um número menor quando se trata de caixas de 6 quilos. e) Refrigeração. Os paletes devem ir imediatamente para salas frigoríficas onde passam inicialmente pelo processo de pré-resfriamento por um período de 8 a 12 horas a uma


C a p í t u l o I I | 237 temperatura de 4,5 a 5,5 graus Celsius. Após o pré-resfriamento, eles vão para a câmara de armazenamento onde permanecerão até serem carregados por meio de transporte. A temperatura de armazenamento varia de 5,5 a 6,5 graus Celsius ou temperatura pode ficar em torno de 6 ° a 8 ° C durante a conservação (AMIQUERO, 2004). Portanto, a conservação sob baixa temperatura tem sido o método mais empregado, cujas condições variam de cultivar para cultivar. Abacates ‘Quintal’ podem ser armazenados a 7 °C por 14 dias (GAYET et al., 1995), enquanto os ‘Hass’, a 2 °C ou 5 °C, por até 4 semanas (ZAUBERMAN; JOBIN-DECOR, 1995) e os Clone II, a 4°C ou 0°C, não podem ser armazenados por períodos superiores a 2 semanas (VIEIRA, 1985). As injúrias pelo frio, ou “chilling injury”, são resultantes da interação entre tempos mais longos e temperaturas mais baixas no armazenamento dos frutos. Injúrias em abacates ‘Pinkerton’, armazenados a 2 °C, 5,5 °C e 8 °C, e em ‘Fuerte’, armazenados a 2 °C, foram relatadas por Bower et al. (2003). 1.AMADURECIMENTO ORGANOLÉPTICO O processo de amadurecimento organoléptico é um conjunto de mudanças de cor, sabor e textura que uma fruta experimenta ao completar seu crescimento. Na maioria dos frutos carnosos, essas alterações estão associadas à perda de firmeza da polpa, mudança na cor da casca, aumento do teor de açúcares solúveis, diminuição dos ácidos orgânicos, formação de substâncias voláteis responsáveis pelo aroma, e outros como o acúmulo de vitaminas, taninos, etc. Despois desse amadurecimento, o fruto inicia sua senescência que se caracteriza pela perda de turgência, o aumento da sensibilidade às condições ambientais, a perda do controle metabólico e posterior abscisão do fruto (AGUSTÍ, 2000). Ao contrário da maioria das árvores frutíferas, o fruto do avocado não atinge o amadurecimento organoléptico para consumo na árvore (SCHROEDER, 1953), mas fora dela, esse fenômeno parece ser explicado pela presença de uma substância que atua como reguladora do amadurecimento, processo que se baseia no metabolismo de lipídios e um rápido acúmulo de óleo e matéria seca. Essas alterações bioquímicas ocorrem quando se observa um amolecimento do fruto em nível celular, o qual se deve ao aumento da atividade de enzimas sujeitas a um forte controle do etileno. De acordo com Burg e Burg (1962), uma das possíveis explicações para esse fenômeno é que enquanto o fruto estiver preso à árvore, o mesmo se beneficiará de alguns fatores que inibem o seu amadurecimento. Outra possível explicação é dada por Grumet et al. (1981) e Dopico et


C a p í t u l o I I | 238 al. (1993), ao observarem que os frutos de abacate e algumas espécies de tomate silvestre começam a amadurecer após a abstenção da planta-mãe. É possível que a perda de água dessas frutas após a sua ausência seja um mecanismo que inicie a síntese e o desenvolvimento do etileno. O abacate é um fruto climatérico, considerado tropical, com excelentes características sensoriais, que, por se tratar de uma fruta com alto teor de lipídios, com ácidos graxos insaturados de relevância nutracêutica, oferece potencial para seu consumo “in natura” ou transformado (DEVIA, 2009). A maturação nesta planta constitui um processo complexo no qual há degradação e construção de compostos, o que torna o estudo de grande relevância da evolução dessas características (WU et al., 2005; MORENO et al., 2007; TEJACAL et al., 2007). Portanto, é necessário colher os frutos com os melhores índices de qualidade, principalmente o teor de gordura, que em locais como a Califórnia nos EUA, o valor mínimo de gordura é de 11,2% e a matéria seca de 19 a 25% da variedade Hass, devido a que esses parâmetros determinam a aceitabilidade exigida pela indústria. Entre outros índices, é mencionado o conteúdo de proteínas, vitaminas e minerais. Por outro lado, o processo de amadurecimento varia com os frutos de outras espécies frutíferas, a partir do qual é possível agrupá-los em dois grandes grupos de acordo com seu comportamento fisiológico e diferentes mecanismos de maduração (ALEXANDER; GRIERSON, 2002). a) Frutos climatéricos: caracterizam-se por acumular amido durante o crescimento e hidrolisar durante a maturação em principalmente monossacarídeos, glicose e frutose. Como esse processo exige grande quantidade de energia, ocorre um aumento da respiração que é precedido por um aumento da concentração ativa de etileno nos espaços intercelulares do mesocarpo (AGUSTÍ, 2000). b) Frutos não climatéricos: produzem pequenas quantidades de etileno durante o amadurecimento e acumulam monossacarídeos diretamente durante seu crescimento e, portanto, durante o amadurecimento não experimentam aumentos significativos em sua taxa respiratória (AGUSTÍ, 2000). Esses frutos não conseguem continuar sua maturação, uma vez que são separados da planta (KADER, 2001). A maturação da fruta é baseada no metabolismo de lipídico, com um rápido acúmulo de óleo e de matéria seca (DAVENPORT; ELLIS, 1959). Após as frutas atingirem a maturidade fisiológica e que sejam colhidas, diferentes reações bioquímicas, produto da


C a p í t u l o I I | 239 respiração e da transpiração, fazem que ocorra a diminuição do teor de umidade, e aumente o teor de óleo e de matéria seca; chegando até a maturidade organoléptica. Durante o armazenamento na câmara ambiental, a cada 2 dias e até a maturação organoléptica, McGuire (1992) registrou a perda fisiológica de massa (PFM), sendo que esta maturidade (organoléptica) foi atribuída aos frutos que ultrapassaram 75% da casca que ficou preta (Frutos 4 e 5; Figura 148). A maturidade organoléptica refere-se ao ponto de maturação em que a fruta desenvolveu as características de cor, sabor e aroma que o consumidor deseja.

Figura 148. Escala de maturação dos frutos de Méndez Hass, de acordo com a mudança da cor da casca: 1) verde floresta; 2) fruta escureceu a preto (25%); 3) fruta escureceu a preto (50%); 4) fruta escureceu a preto (75%); 5) 100% fruta preta. Fotos: HerreraGonzález et al. (2017).


C a p í t u l o I I | 240 2-FISIOLOGIA PÓS-COLHEITA Para dar um bom manejo aos frutos após a colheita, deve-se considerar o fato que esses produtos são orgânicos ou estruturas vivas e que não só se encontram vivos quando se acham unidos à planta, mas que após a colheita, ainda continuam a ser assim, e seguem desenvolvendo os sistemas fisiológicos que operam durante o seu estágio de crescimento na planta, como são a respiração e a transpiração, principalmente. Por esse motivo, podem-se dizer, em termos gerais, que os processos fisiológicos que mais afetam a deterioração dos frutos durante a pós-colheita são a respiração e a transpiração, processos que são acelerados pelas condições de temperatura e umidade a que está sujeito as fases de colheita (KADER, 1992). As frutas, uma vez colhidas, possuem apenas as reservas de nutrientes armazenadas e como não podem mais repor, entretanto, à medida que se vão esgotando, ocorre o processo de envelhecimento (FALLIK, 2004). 2.1.Respiração. O abacate é uma fruta climatérica, com um aumento de quatro vezes na taxa de respiração no clímax, que precede o amolecimento e amadurecimento organoléptico para consumo e é um requisito para esses processos (BLANKE; WHILEY, 1995). O principal substrato para a respiração é constituído de açúcares provenientes do amido (BLANKE, 1991) degradados pelas enzimas α- e β-amilase, embora os ácidos graxos também sejam degradados pela β-oxidação. Os açúcares C7 (monoheptulose e perseitol) diminuem substancialmente com o aumento da respiração (LIU et al., 1999). 2.2.Transpiração. É o processo pelo qual a fruta perde água na forma de vapor. Este é um processo muito importante porque os frutos têm alto teor de água entre 80-85%, e sua perda se reflete no murchamento (VILLAMIZAR; OSPINA, 1995). O fruto perde água por meio de tecidos vivos na forma de vapor, tanto aqueles que estão ligados à plantamãe como os que foram colhidos. 3.HETEROGENEIDADE DA QUALIDADE E CONDIÇÃO DO AVOCADO Em geral, o abacate tem uma vida de pós-colheita média (30-50 dias) determinada por certas características da fruta como a alta taxa respiratória, a produção de etileno e a alta suscetibilidade a danos por temperaturas abaixo de 4-5 oC. A heterogeneidade da fruta, em termos de qualidade e condição, é um dos principais fatores que limitam a comercialização do avocado Hass nos mercados de destino de exportação desde o país de


C a p í t u l o I I | 241 origem (no caso Brasil). A heterogeneidade do produto se manifesta tanto nas características externas (por exemplo, cor da epiderme), quanto nas características de maturação (por exemplo, o tempo necessário para atingir a maturidade organoléptica). Além do desenvolvimento de problemas de condição durante o armazenamento e transporte, como é a desidratação excessiva, o desenvolvimento de distúrbios como escurecimento de polpa e a casca externa, ocasionados tanto pelo uso de baixas temperaturas ou pela senescência da fruta, quanto pela mudança de sabor e pela presença de podridões. Essa situação, apesar de observada no momento da recepção, tem uma grande repercussão no consumidor final por não poder ter um produto com maturidade uniforme (DEFILIPPI et a., 2015). Como consequência, muitas vezes há um custo extra-associado ao momento de recepcionar um embarque com frutas desuniformes em suas características, porém o mais importante, ainda existe o risco de chegar com frutas muito heterogêneas ao nível do consumidor sem atender às expectativas de qualidade desse produto. As causas que afetariam essa heterogeneidade vão desde diferenças entre a idade fisiológica dos avocados, dada pelo longo período de floração da espécie, até o efeito de fatores de précolheita, como clima, solo ou manejo cultural. Embora a etapa de colheita seja importante para poder classificar os frutos, durante as tarefas de embalagem do avocado só é possível fazer uma seleção automatizada dos frutos com base em aspectos externos de qualidade, como cor e tamanho (calibre). No entanto, até o momento não existe para o abacate nenhum instrumento, índice ou metodologia de pré-colheita ou pós-colheita que permita classificar de forma eficiente os lotes de acordo com sua capacidade de armazenamento. Além disso, observa-se que a fruta em geral apresenta uma boa pós-colheita quando o armazenamento a frio (refrigerado) é de apenas 25 dias. Por conta disso, as análises de informação se concentram na pós-colheita dos frutos armazenados por 35 e 45 dias (DEFILIPPI et a., 2015).


C a p í t u l o I I | 242 4.ORIGEM DA HETEROGENEIDADE: QUALIDADE PADRÃO E CONTROLE DE QUALIDADE 4.1.Indicadores de qualidade Em produtos hortícolas, a qualidade tem sido definida como o grau de excelência ou superioridade, e é uma combinação de atributos, propriedades ou características que dão valor a cada produto, dependendo do seu uso. Os componentes da qualidade de um produto são aparência, textura, sabor e valor nutritivo (KADER, 2000). A importância relativa de cada componente de qualidade depende do produto e do modo de uso e varia entre produtores, distribuidores e consumidores. Os parâmetros de qualidade de um produto podem ser determinados com base em métodos instrumentais e analíticos, e também por meio de análises sensoriais que nos permitem conhecer a percepção do consumidor da qualidade do produto (KADER, 2000). A qualidade do abacate é determinada pelo tamanho, cor e forma da fruta, pela ausência de danos na casca e na polpa, e por sua textura e sabor. Muitos desses fatores de qualidade dependem da cultivar (a cor é importante em variedades que mudam de cor com o amadurecimento, como a Hass; Figura 149) e também dependem das preferências do consumidor que variam entre regiões e países (WOOLF et al. 2004). A qualidade dos produtos frescos é tradicionalmente baseada em características externas como tamanho, cor e ausência de defeitos (BALDWIN, 2004). Atualmente, a percepção do consumidor da qualidade em produtos frescos inclui parâmetros como: textura, sabor, valor nutricional, segurança, etc. A textura é um atributo de qualidade, que compreende as propriedades estruturais e mecânicas dos alimentos e sua percepção sensorial nas mãos ou na boca; e inclui fatores como firmeza, suculência, cremosidade, etc. (ABBOTT; HARKER, 2004). O sabor compreende a percepção do gosto e do aroma de muitos compostos e inclui fatores como doçura, acidez, amargor, aromas, etc. (BALDWIN, 2004). Os frutos de abacate colhidos em um estágio inicial de maturação fisiológica têm textura pobre (coriáceo, fibroso, etc.) e sabor (herbáceo, amargo, etc.) (GAMBLE et al. 2010).


C a p í t u l o I I | 243

Figura 149. Heterogeneidade de amadurecimento dos frutos de avocado Hass.

No abacate, a qualidade do consumo (qualidade alimentar) é determinada pelo teor de óleo da fruta. No entanto, cultivares com alto teor de óleo não necessariamente apresentam melhor qualidade de consumo, indicando que outros componentes do fruto, como textura, desempenham um papel importante (HOFMAN et al., 2002). Há controvérsias na literatura sobre a melhoria da qualidade de consumo do abacate ao avançar o período de colheita do fruto e o aumento do teor de óleo (HOFMAN et al., 2002; GAMBLE et al., 2010). 4.2.Efeitos de parâmetros climáticos na qualidade No campo, a maioria dos fatores ambientais são dificilmente modificáveis, mas ao mesmo tempo têm uma grande influência na qualidade e no valor nutricional de inúmeros produtos agrícolas, tanto devido ao efeito da intensidade e qualidade da luz que recebem, como pelas temperaturas a que estão expostos, teor de CO2 no meio ambiente, entre outros. Os fatores climáticos que mais afetam a qualidade dos frutos são as altas temperaturas e umidade relativa no período de pré-colheita, que podem causar uma série de alterações; a magnitude do dano depende de dois fatores, bem como do tempo de exposição e do estado de desenvolvimento da fruta (ROMOJARO; MARTÍNEZ, 2012).


C a p í t u l o I I | 244 4.3.Relação de parâmetros físicos com a qualidade A seleção realizada pelo produtor na colheita do avocado tem sido feita levando-se em consideração as especificações técnicas de qualidade (peso, tamanho, forma dos frutos, cor, que não apresentem danos por insetos ou injúrias, etc.); essas considerações foram levadas em consideração tanto para o abacate de primeira como para a segunda categoria das variedades Fuerte e Hass (AGUILAR, 2016). 4.3.1.Cor. Na maioria dos frutos, durante o seu amadurecimento, se produz uma mudança na cor da casca, que se deve à degradação da clorofila e à síntese de outros pigmentos, os carotenoides e as antocianinas. No avocado Hass, a casca da fruta muda de cor, de verde para preto-púrpura, durante o amadurecimento organoléptico. Essa mudança de cor é importante tanto para a indústria quanto para os consumidores, pois serve como um indicador do amadurecimento da fruta (COX et al. 2004). Abaixo estão os valores experimentais de cor, firmeza, peso, diâmetro e densidade específica (Tabela 16), que caracterizam os frutos utilizados em duas cultivares neste estudo.

Tabela 16. Análise física dos frutos de duas cultivares (Fuerte e Hass) do abacate de primeira e segunda categoria. Características

VARIEDADES DE PRIMEIRA CATEGORIA

Físicas Fuerte

Hass

Fuerte

Hass

Fuerte

Hass

Verde

Marrom

Verde

Marrom

Verde

Marrom

claro

escuro

claro

escuro

claro

escuro

Firmeza (N)

75

74

76

78

76

75

Peso (g)

227

203

304

242

304

221

Diâmetro

5,5

6,5

7,2

6,0

6,0

5,6

Gravidade

0,86

0,85

0,86

0,86

0,85

0,87

Cor

específica (g\cm3) VARIEDADES DE SEGUNDA CATEGORIA Cor

Verde

Marrom

Verde

Marrom

Verde

Marrom

claro

escuro

claro

escuro

claro

escuro

Firmeza (N)

78

81

76

79

75

80

Peso (g)

212

178

264

212

262

178

Diâmetro

3,5

5,6

4,5

3,8

4,5

4,8

0,84

0,85

0,84

0,85

0,86

0,85

Gravidade 3

específica (g\cm ) Fonte: Laboratório LASACI – UNIT. Reporte 02\02\2015; AGuilar (2016).


C a p í t u l o I I | 245 Outras pesquisas mencionam que o fruto do avocado Hass é verde escuro durante a fase de crescimento e de maturação fisiológica na árvore e torna-se roxo ou preto arroxeado durante o amadurecimento organoléptico (NEWETT et al., 2002; COX et al., 2004; Figura 150). A cor verde da casca do fruto é devido ao teor de clorofila, principalmente clorofila a e b; e a mudança de cor é produzida pela diminuição, no início do amadurecimento organoléptico, do teor de clorofila, seguida de aumento nos níveis de antocianinas, principalmente cianidina 3-O-glicosídeo (COX et al., 2004; ASHTON et al. al., 2006).

Figura 150. Mudança de cor para preto da epiderme do avocado Hass ao sair do frio (considerada fruta alterada a preto nos níveis 4 e 5).

4.3.2.Firmeza. Essa medida está relacionada ao grau de amadurecimento e pode ser influenciada pela variedade do produto e pela região e condições de cultivo. O penetrômetro é usado por produtores, embaladores e distribuidores para ajudar a determinar o estágio de amadurecimento de uma fruta (Figura 151) e por varejistas para estabelecer a presença de um sabor agradável ao consumidor e prazo de validade para seus próprios registros (CRISOSTO, 1995).

Figura 151. Medição de firmeza da fruta de avocado Hass com penetrômetro (60 a 50 lbf = firmeza da fruta para ser colhida da planta; 1 a 2 lbf – o fruto apresenta firmeza de consumo, avocado pode ser moído; e sobre 30 lbf, retirar da refrigeração (frio) = o fruto tem firmeza adequada para ser comercializado.


C a p í t u l o I I | 246 De acordo com outras investigações realizadas a respeito da firmeza do abacate, foram obtidas 50 Newtons da variedade Fuerte e 76 Newtons da variedade Hass, de acordo com os resultados de Aguilar (2016), as médias de firmeza obtidas para a variedade Fuerte são de 76 Newtons e de 78 Newtons da variedade Hass, respectivamente. Ou seja, as estas distorções dos dados entre as duas pesquisas são devidas à solubilização gradual das pectinas, as quais são componentes da parede celular que proporcionam firmeza. A solubilização das pectinas é realizada por enzimas pécticas ou pectinases, principalmente a poligaracturonase, cuja síntese é promovida pelo etileno no início do amadurecimento, produzindo o amolecimento progressivo do fruto (AGUSTÍ, 2004). O amolecimento é o principal aspecto do processo de amadurecimento dos frutos de abacate, em decorrência das modificações na composição e estrutura da parede celular. As alterações que ocorrem provavelmente se devem à hidrólise dos compostos pécticos presentes na parede celular, devido à ação das enzimas pectinases, poligalacturonases, celulases e amilases, associada à perda do turgor celular devido à transpiração, dando como resultado o amolecimento do fruto de abacate (OLIVEIRA, 2008). 4.3.3.Calibre. O tamanho ou calibre é determinado de acordo com a massa do fruto, para o qual os valores normalizados são estabelecidos nos diferentes países, exemplo do Equador, o Instituto Nacional Equatoriano de Normalização é o encarregado de emitir as normas (INEN, 2009). Os países produtores de abacate devem atender aos padrões de calibre, especialmente para poder exportar para países como Estados Unidos, Japão e Canadá. A Tabela 17 detalha a apresentação e o calibre que as frutas devem atender para cada um dos mercados mencionados anteriormente.


C a p í t u l o I I | 247 Tabela 17. Apresentação e calibres internacionais de abacate. México

USA

Canadá e Europa

Japão

Calibre

Peso 9 (g)

Calibre

Peso 9 (g)

Calibre

Peso 9 (g)

Calibre

Peso 9 (g)

Super

226 - 365

36

301 - 330

12

˃306

24

205 - 265

Extra

211 - 265

40

266 - 300

14

266 - 305

30

170 - 204

Primeira

271 - 210

48

206 - 265

16

236 - 265

Mediano

136 - 170

60

171 - 205

18

211 - 235

Comercial

85 - 135

70

150 - 170

20

191 - 210

22

171 - 190

Embalagem: recipiente

Embalagem:

Embalagem:

Embalagem:

de plástico (10 e 20 kg)

recipiente de papelão

recipiente de papelão

recipiente de papelão

(4 kg)

(4 kg)

(4 kg)

Fonte: Revista Fundación Produce Guerrero con datos de SAGARPA–SIAP, febrero 2012.

Gardiazabal (2004) afirma que o calibre é afetado principalmente pela quantidade de colheita da árvore. O tamanho do fruto pode ser aumentado reduzindo os intervalos de irrigação e aumentando o volume de água aplicado, dentro de certos limites. 4.3.4.Peso. O peso do fruto depende da cultivar, das condições de crescimento e da colheita. Quase todos os mercados preferem a fruta de 300 a 500 gramas. Para obter esses tamanhos, técnicas especiais de cultivo serão necessárias em algumas cultivares (CODEX, 2005). Os frutos de tamanhos demasiadamente pequenos têm a desvantagem de ter sementes muito volumosas. No abacate, tem-se a sensação que com o fruto pequeno se adquire pouca polpa, embora realmente não seja assim, pois a relação volumétrica polpa/fruto é uma função linear do tamanho. No caso de frutas muito grandes, podem se tornar muito caras para comprar por unidades e contendo bastante polpa para alimentar uma pessoa (DÍAZ; FRANCO, 1997). Segundo Aguilar (2016), para o avocado Hass, em referência ao peso entre a primeira e a segunda categoria, há uma média de 222,0 e 189,3 gramas com variabilidade absoluta de 19,5 e 19,6 gramas e variabilidade relativa de 8,79% e 10,37%. Isso indica um maior peso na primeira categoria e um peso homogêneo nas duas categorias. Ao comparar as médias de peso dos abacates correspondentes às variedades Fuerte e Hass, Galán (1990) constatou que na primeira variedade o valor do peso (278 g) é maior


C a p í t u l o I I | 248 do que na variedade Hass (222 g), isto se deve basicamente ao número de células e o teor de água que apresenta cada uma das variedades. Esses resultados estão entre os encontrados por Agustí (2000), que determinou que os pesos médios para a variedade Fuerte são de 180 g a 420 g e para a variedade Hass de 180 a 360g. 4.3.5.Diâmetro do fruto. O diâmetro do fruto é um índice muito evidenciado na dinâmica do fruto e está relacionado em grande parte com a produção final (PROMPEX, 2002) que ocupa o volume alcançado da fruta (RAFAEL, 2010). Para o avocado Hass, o diâmetro foi de 6,03 cm na primeira categoria e 4,73 cm na segunda, com dispersão semelhante. Consequentemente, o abacate Fuerte tem um diâmetro maior na primeira categoria e a cultivar Hass na segunda categoria (AGUILAR, 2016). De acordo com outras investigações realizadas no Equador, o tamanho do diâmetro relatado por Amortegui (2001) foi de 7,0 - 8,0 cm para a cultivar Fuerte e aproximadamente 6,5 - 7,5 cm para o avocado Hass. Além disso, os resultados obtidos por Aguilar (2016) mostram inferioridade em ambas às categorias avaliadas (primeira e segunda). Por outro lado, em relação ao trabalho realizado por Gil-Albert (1996), a segunda fase (fase II) de expansão ou espessamento celular, as células formadas aumentam de volume devido ao acúmulo de água e carboidratos (fotoassimilados) e o fruto aumenta significativamente em peso e em tamanho. Ela começa quando a fase de divisão celular termina e sua duração é altamente variável (30 a 60 dias) e quando finaliza o fruto alcança quase seu tamanho final. 4.3.6.Gravidade específica. A gravidade específica é a relação entre o peso da fruta e o peso da água que ocupa o volume deslocado da fruta (RAFAEL, 2010). Com base na pesquisa realizada por Martínez (2004), o mesmo menciona que a densidade relativa do avocado Hass varia de 0,85 a 0,95 g/cm3. 4.4.Relação de parâmetros químicos vs qualidade

4.4.1.Matéria seca. Na maioria das áreas produtores de abacate em outros países, o teor de matéria seca é utilizado como um índice de maturidade fisiológica para definir a época da colheita. Tabela 18, o qual deve alcançar de 19 a 25%, dependendo da cultivar. Este teor é determinado através de um método simples, barato e rápido com um forno para desidratação.


C a p í t u l o I I | 249 Tabela 18. Teor de mesocarpo e matéria seca para as variedades Hass e Fuerte. Variedade

Mesocarpo (%)

Matéria Seca (%)

Hass

55,70

25

Fuerte

70,60

21,1

Fonte: Rojas et al. (2004).

Os frutos de abacate da variedade Fuerte têm um teor médio de matéria seca de 28,8% e 26,7% e do avocado Hass de 27,1% e 25,2% de primeira e segunda categoria (Figura 12). Segundo Stritzler et al. (2004), a estimativa da porcentagem de matéria seca é importante porque permite estabelecer as quantidades de nutrientes que são consumidos. Isso é devido a que os seus principais componentes são os constituintes das paredes celulares, como carboidratos e lignina, adicionados aos constituintes protoplasmáticos, como as proteínas, lipídios, aminoácidos, ácidos orgânicos e certos elementos minerais que formam a parte não essencial de outros compostos (SALISBURY; ROSS, 2000). Em suma, a matéria seca está composta de uma fração de resíduos orgânicos e outra de resíduos inorgânicos, denominada cinza (SALISBURY; ROSS 2000). 4.4.2.Porcentagem de umidade. O teor de umidade dos alimentos é de grande importância por muitas razões científicas, técnicas e econômicas. A água é encontrada nos alimentos essencialmente em duas formas, como água de constituição e como água disponível ou livre. A água de constituição inclui moléculas de água unidas quimicamente, ou através de ligações de hidrogênio a grupos iônicos ou polares, enquanto a água livre é a que não está fisicamente unida à matriz alimentar e pode ser facilmente congelada ou perdida por evaporação ou secagem. Este é um fator muito importante, pois a perda de peso pode ser o problema mais sério em alguns produtos hortofrutíferos, e o abacate não está imune a isso. A maioria das frutas tem uma pressão de vapor d'água equivalente a 99% de umidade relativa. O uso de umidades relativas, que oscilam entre 90 e 95%, permite que a fruta apresente uma desidratação muito leve sem afetar o seu valor comercial (BERGER, 1996). Para avocado Hass, em referência ao percentual de umidade entre a primeira e a segunda categoria, há uma variabilidade absoluta de 4,8 e 5,23% e uma variabilidade relativa de 6,6% e 7,0% (AGUILAR, 2016). Segundo estudos realizados no Brasil, Bora et al. (2001)


C a p í t u l o I I | 250 citam que o teor de umidade para a variedade Fuerte é de 78,24% e para a variedade Hass 77,3%. 4.4.3.Ácidos graxos. No abacate, a formação dos ácidos graxos é realizada pelo rompimento do hidrocarbonato em acetato, seguida da síntese dos ácidos graxos a partir do acetato, auxiliando na diminuição da quantidade de açúcares armazenados na polpa do abacate, enquanto o teor de óleos aumenta durante a formação dos frutos (RAMOS, 2007). O abacate deve sua grande quantidade de óleo a células especiais chamadas idioblastos, que têm a capacidade de acumular lipídios, sendo na maturidade quando se alcança a máxima percentagem de óleo (DELFINO, 2001). É importante destacar que o ácido graxo dominante no abacate é o oleico (70 a 80%), que se acumula nas células preferencialmente na forma de triglicerídeos. Outros ácidos graxos que se formam com o desenvolvimento da fruta, embora em proporções bem inferiores que o oleico, são: linoleico (10 a 11%) e palmítico (quase 7%), também há vestígios de ácido esteárico, merístico, linolênico e araquídico. Os ácidos graxos insaturados são predominantes na composição, tornando o óleo de abacate altamente apto para a alimentação (SNOWDON 1990). As pesquisas realizadas em frutos de abacate mostram um teor de óleo de 20,6% da variedade Hass e 23,4% da variedade Fuerte (PALPEX, 2010). 4.4.4.Teor de proteína. As proteínas condicionam as propriedades funcionais dos produtos e desempenham um papel específico no campo nutricional. Elas servem para o crescimento e manutenção dos tecidos, regulam os processos corporais, fortalecem os mecanismos de defesa e fornecem energia. Para Bora et al. (2001) segundo os estudos realizados no Brasil, mencionam que o teor de proteína para a variedade Fuerte foi de 1,01% e a variedade Hass de 1,6%. Essas variações se devem aos diversos componentes que contêm os frutos do abacate e estão relacionadas à área de cultivo, condições de cultivo e época de colheita. 4.4.5.Conteúdo de sólidos solúveis totais. Para o avocado Hass, em referência aos sólidos entre a primeira e a segunda categoria, há uma média de 16,1 °Brix, para ambas com variabilidade absoluta de 1,4 °Brix e variabilidade relativa de 8,7 °Brix em ambas as categorias. Isso indica que os sólidos solúveis totais são idênticos nas duas categorias (AGUILAR, 2016). Em relação ao abacate da variedade Fuerte, no que se refere aos


C a p í t u l o I I | 251 sólidos totais entre a primeira e a segunda categoria, há uma média de 16,3 °Brix, para ambas com variabilidade absoluta de 1,3 °Brix e variabilidade relativa de 8,01 °Brix em ambas as categorias. Esses resultados observado de que não há semelhança entre as variedades, aspecto que provavelmente se deve à atividade metabólica que envolve o conjunto enzimático das α e β amilases, as quais durante a maturação hidrolisam o amido em carboidratos mais simples dos tipos dissacarídeos e monossacarídeos (KADER, 2002). 5.FATORES QUE AFETAM OS FRUTOS DO AVOCADO NA PÓS-COLHEITA A época de colheita adequada é aquela em que o fruto apresenta valores mínimos de óleos apropriados para uma correta maturação e proporcionando as melhores características organolépticas (CAJUSTE et al., 1994). A partir da década de 80, na Califórnia, Estados Unidos, passaram a ser utilizados percentuais mínimos de óleo, diferentes para cada cultivar, correspondendo a 10% para a cv. Forte e 11,2% para cv. Hass (ARPAIA, 1990). Pelas características próprias da fruta, incluindo uma alta taxa respiratória, alta produção de etileno e suscetibilidade a baixas temperaturas, o abacate apresenta uma vida média em pós-colheita de 25 a 55 dias. A temperatura é o fator mais importante a se levar em consideração no armazenamento do avocado, devido aos seus efeitos nos diversos processos biológicos que ocorrem na fruta. O principal efeito de submeter o fruto a baixas temperaturas e reduzir a sua deterioração natural, mas sem causar injurias por frio (PAZ, 1987). Essa baixa temperatura favorece o prolongamento da vida do fruto, reduzindo a velocidade com que são realizados os processos que levam à maturação e a senescência. O processo de amolecimento do abacate, durante a maturação, é um evento natural bem característico que a fruta experimenta. Isso está associado a mudanças nos açúcares e pectatos de cálcio que compõem a lamela média, hemicelulose e celulose. As enzimas relacionadas a este processo são as poligalacturonases e a celulase (BERGER, 1996). A maioria das espécies tropicais e subtropicais é sensível à deterioração de sua condição, quando as frutas colhidas são armazenadas em temperaturas entre 0 e 12 ºC, dano conhecido internacionalmente como dano por frio ou “injúria por frio” (Figura 152).


C a p í t u l o I I | 252

Figura 152. Injúrias por frio no avocado. Fotos: Ferreyra et al. (2012).

Há um equilíbrio tênue entre frutas firmes e danos externos pelo frio, uma vez que as temperaturas de transporte podem resultar em frutas moles na chegada ao destino, enquanto temperaturas muito baixas resultam em frutas danificadas pelo frio. Os distúrbios fisiológicos correspondem a manifestações no aspecto do mesocarpo, feixes vasculares e exocarpo, causados pelo armazenamento em frio (refrigerado) por períodos prolongados de tempo (FERREYRA et al., 2012). A magnitude do dano estará relacionada à qualidade dos frutos que chegaram à armazenagem e às condições de armazenamento (GINSBURG, 1985). Os sintomas de frio (resfriamento) são claramente evidentes apenas quando a fruta atinge a maduração de consumo, e isso geralmente é tarde para fins de comercialização (CORRALES; TLAPA, 1999). Os avocados colhidos no início da safra (temporada), com menos de 14% de óleo, são mais suscetíveis ao frio; ao contrário, as frutas com índice de maturação de 14 a 16% de óleo tendem a ter menos danos (TÉLIZ, 2000). A desidratação é um dos fatores mais importantes que lidera a deterioração, portanto, a manutenção de uma alta umidade relativa durante o armazenamento e o transporte é usada para reduzir a perda de umidade do fruto. Portanto, à semelhança de outras frutas, o armazenamento do avocado deve considerar a armazenagem com umidade de câmara não inferior a 90% para evitar que a desidratação da fruta ultrapasse 5-10%, nível que não comprometeria seu valor comercial apesar da perda de volume (BERGER, 1996).


C a p í t u l o I I | 253 Um dos problemas que o avocado chileno enfrenta nos mercados de destino é a heterogeneidade do produto, principalmente no desenvolvimento da cor externa e no tempo de amolecimento para atingir a maduração do consumidor. Esta situação, apesar de ser observada no momento da recepção, em termos de cor e firmeza da polpa, tem um grande efeito quando chega ao recebedor porque o produto não apresenta uma maduração uniforme. Portanto, muitas vezes há um custo associado ao recebimento do avocado no mercado de destino, no qual se a desuniformidade for alta, o recebedor deve novamente selecionar e embalar. Por outro lado, existe o risco de chegar com fruta muito desuniforme ao nível do consumidor, sem cumprir às expectativas para este produto (FERREYRA et al., 2012).

6.FATORES DE MANEJO AGRONÔMICO QUE AFETAM A PÓS-COLHEITA DO AVOCADO HASS As causas dessa heterogeneidade variam desde diferenças no teor de óleo, ou na idade fisiológica dos abacates, até o efeito dos fatores de pré-colheita. Durante o trabalho de embalagem do abacate, só é possível realizar uma separação automatizada da fruta com base em aspectos externos, como cor e tamanho (calibre). No entanto, até o momento, não existe para o abacate um instrumento de índice ou metodologia de pré-colheita ou pós-colheita que permita separar os lotes de forma eficiente de acordo com a capacidade de armazenamento (FERREYRA et al., 2012). Os principais fatores de manejo agronômico que podem influir sobre a qualidade dos frutos colhidos são: 6.1.Nutrição mineral. A nutrição mineral tem um efeito significativo sobre a evolução da fruta durante o armazenamento refrigerado e no seu prazo de validade da vida útil na prateleira, uma vez que afeta o aparecimento de distúrbios fisiológicos e doenças pós-colheita (WHILEY, 2001). Thompson (2010), assinala que a composição química dos frutos é afetada pelo estado nutricional do solo onde se desenvolvem as árvores de avocado, afetando seu tempo de armazenamento. Também menciona que a relação mineral do fruto não é previsível para esse fim, porém em alguns casos o estado nutricional é utilizado para determinar a póscolheita.


C a p í t u l o I I | 254 O abacate é caracterizado por apresentar geralmente uma baixa demanda de nutrientes e a estratégia de fertilização do avocado Hass no Chile é baseada na aplicação de nitrogênio, boro e zinco ao solo (BARRERA et al., 2006). A influência das práticas nutricionais na qualidade do abacate ainda não foi bem esclarecida, porém diferentes pesquisas têm demostrado que o estado nutricional do fruto pode afetar sua qualidade pós-colheita. Estudos prévios sugerem que a qualidade do abacate parece ser afetada, em primeiro lugar, pelo cálcio (ATKINSON et al., 1980; POOVAIAH et al., 1988; THORP et al., 1997; PENTER; STASSEN, 2000) e em segundo lugar pelo nitrogênio (ARPAIA et al., 1995) e boro (SMITH et al., 1997). 6.1.1.CÁLCIO. O cálcio é o mineral mais frequentemente relacionado com a vida útil da fruta e os distúrbios fisiológicos internos, existindo vários trabalhos onde após o aprimoramento da nutrição de cálcio, o armazenamento desta fruta é melhorado (ATKINSON et al., 1980; POOVAIAH et al. , 1988). Thorp et al. (1997) e Penter e Stassen (2000) indicam que altas concentrações de cálcio na fruta estão relacionadas a uma menor incidência de escurecimento da polpa e bronzeamento vascular. Além disso, um aumento nas concentrações de cálcio nas frutas foi correlacionado com o atraso no amadurecimento (VUTHAPANICH, 1998). Esses efeitos seriam explicados em parte pela respiração, porque houve um retardamento no "pico" (peak) de etileno, consequentemente ocorreu um atraso geral na senescência da fruta. Chaplin e Scott (1980) consideram que as aplicações de cácio em pós-colheita reduzem as lesões quando a fruta é armazenada em baixas temperaturas. Enquanto Cutting el al. (1992) relatam uma diminuição na descoloração da polpa quando submetida a baixas temperaturas de armazenamento. Hofman et al. (2002) estabeleceram uma relação indireta entre a concentração de cálcio no avocado Hass e a cor da polpa na maturação. Portanto, há um importante conjunto de evidências que vincula diretamente as concentrações de cálcio na fruta com distúrbios fisiológicos que podem se desenvolver nos abacates durante o manejo de pós-colheita. A idade da fruta também determina a sua condição interna. As frutas colhidas tardiamente na temporada (permanecendo a fruta mais tempo na planta após a sua maturação fisiológica) são mais suscetíveis a distúrbios de armazenamento devido ao seu menor teor de cálcio, em comparação com frutas colhidas mais cedo (PENTER; STASSEN, 2000; THORP et al., 1997)


C a p í t u l o I I | 255 Embora a administração de cálcio para otimizar as concentrações na fruta do abacate pareça desejável, mesmo assim é difícil de conseguir, em razão do cálcio ser absorvido pelas raízes e distribuído para o resto da árvore principalmente através do xilema. Nas folhas, que perdem a maior quantidade de água, mais cálcio se acumula do que outros órgãos. Assim, os fatores que afetam o acúmulo de cálcio no fruto são: as concentrações de cálcio no solo, as concentrações de outros cátions (porque competem pela absorção de cálcio pelas raízes), o vigor da árvore (WITNEY et al., 1990), manejo da irrigação e provavelmente, o porta-enxerto. a-Cálcio e escurecimento da polpa. O escurecimento da polpa (Figura 153), também denominado de escurecimento interno ou descoloração da polpa, pode ser causado por uma série de fatores, incluindo a presença de altas concentrações de CO 2 durante o armazenamento, uso de baixas temperaturas durante o armazenamento, idade avançada do fruto após colheita (permanecer na planta por muito tempo em relação ao ponto de maturação fisiológica) ou senescência do fruto. Muitos distúrbios, como o escurecimento da polpa, estão relacionados à deficiência de cálcio, que induz à falha no sistema de membrana celular. O escurecimento da polpa é o resultado da oxidação de compostos fenólicos que estavam armazenados nos vacúolos, que após a perda das membranas são oxidados pela ação da enzima polifenol oxidase (PPO) presente no citoplasma (BANGERTH, 1976).

Figura 153. Diferentes níveis de escurecimento da polpa do avocado Hass. Fotos: Bower et al. (2015).


C a p í t u l o I I | 256 Hofman et al. (2002) relataram uma menor incidência de escurecimento da polpa no avocado Hass, quanto maior era o teor de cálcio, magnésio, e maior a relação (Ca + Mg)/K. A alta concentração de fósforo e potássio foi correlacionada com uma maior incidência desse distúrbio. b.Cálcio e escurecimento vascular. Em abacate var. 'Fuerte', a combinação entre alto teor de potássio no solo (maior que 98 mg.kg-1) e alta concentração foliar de potássio (maior que 1,4%), se correlaciona com uma menor incidência de escurecimento vascular (Figura 154) após armazenamento em frio (DU PLESSIS; KOEN, 1988). Por sua vez, Thorp et al. (1997) observaram em avocado Hass que a concentração de cálcio na fruta é um melhor indicador do possível nível de escurecimento vascular, no que diz respeito aos teores de cálcio, magnésio e potássio da fruta; assim, a fruta com maior teor de cálcio apresenta menos escurecimento vascular.

Figura 154. Diferentes níveis de escurecimento vascular em avocado Hass. Fotos: Bower et al. (2015).

Por outro lado, um aumento de magnésio na fruta está correlacionado com uma maior incidência de escurecimento vascular, justamente por causa da diminuição da absorção de potássio. Além disso, o nitrogênio mais alto na polpa também aumenta a incidência desse distúrbio (DU PLESSIS; KOEN, 1988). Em geral, a suscetibilidade a distúrbios fisiológicos aumenta com o atraso da colheita, conforme indicado por Carrillo (1991) e Barrientos (1993). O cálcio atua no tecido da fruta de várias maneiras. Como componente estrutural, está presente nas paredes celulares (FERGUSON, 1984). Durante o amadurecimento, as pectinas são solubilizadas e atuam na eliminação do cálcio estabilizador. Quanto mais


C a p í t u l o I I | 257 cálcio estiver presente, mais tempo levará para completar o processo e, portanto, mais tempo será necessário para o amolecimento (CONWAY et al., 1992). O cálcio também estabiliza as membranas (BATTEY, 1990), reduzindo a possibilidade de danos durante o estresse, principalmente na pós-colheita. Além disso, o cálcio atua como um regulador bioquímico, ajudando a controlar uma série de importantes reações celulares. Entre eles está a respiração, com níveis mais elevados de cálcio, provoca menos respiração, o que tem efeito positivo na vida de prateleira da fruta. Embora o cálcio seja, sem dúvida, importante em termos de qualidade da fruta, é evidente que, de um ponto de vista prático, é difícil manejar o cálcio da fruta por aplicação exógena de cálcio. Sua absorção e localização na fruta devem ser alcançadas modificando a fisiologia que controla o processo. O adequado teor de água no solo é necessário para garantir o movimento do cálcio na árvore, mas a relação entre o crescimento vegetativo e o fruto é provavelmente mais importante (BOWER et al., 2015). 6.1.2.NITROGÊNIO. O nitrogênio é o nutriente mineral mais importante que determina a produção do abacate. Os desequilíbrios em sua aplicação podem gerar grandes crescimentos vegetativos em detrimento da produção (WHILEY, 2001). O excesso de nitrogênio é acompanhado por um crescimento vigoroso dos ramos, folhas grandes com coloração verde escura (exceto os crescimento novos). Isso conduz a árvores excessivamente vegetativas que favorecem a acumulação de carboidratos e nutrientes em geral nos ramos, em detrimento da frutificação. Por conseguinte, Van Rooyen e Bower (2005) encontraram que, de todos os elementos minerais relacionados à descoloração do mesocarpo, o nitrogênio é o mais importante devido ao seu efeito no crescimento vegetativo e, através deste, o movimento do cálcio às frutas, assim como provavelmente, os fatores relacionados com o movimento de carboidratos. A Figura 155 mostra o efeito sobre a qualidade interna da fruta de diferentes origens, observendo-se fruta de boa qualidade (A) com baixo teor de nitrogênio na fruta e fruta de baixa qualidade (B) com alto teor de nitrogênio. Os exportadores sul-africanos também usam o teor de nitrogênio na fruta como uma ferramenta de diagnóstico de qualidade. Um nível de nitrogênio no mesocarpo de <1% em janeiro (aproximadamente 4 a 5 meses após o vingamento e 4 a 5 meses antes da colheita) foi considerado um bom indicador do potencial de qualidade do fruto (SNIJDER, et al., 2002).


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Figura 155. Efeito do nitrogênio na fruta sobre a qualidade. A fruta do produtor A contém baixo nível de nitrogênio e do produtor B, alto nível de nitrogênio. Fotos: Van Rooyen e Bower (2005).

Em relação à fertilização nitrogenada, Lovatt (2000) observou um ligeiro aumento do escurecimento interno da polpa, associado a um tratamento de fertilização com nitrato de amônio distribuído em duas doses, nos meses de agosto e setembro (fevereiro e março do Hemisfério Sul), aplicado em um ano de alta produção. O nitrogênio, em particular, afeta o vigor da árvore (WITNEY et al., 1990) e, portanto, também o fornecimento de carboidratos por meio da fotossíntese e da distribuição ou separação dos carboidratos. Os carboidratos são importantes em termos de qualidade da fruta, pois são necessários para a respiração e o amadurecimento normal (TESFAY 2009). Portanto, a quantidade de carboidrato disponível para a respiração na época da colheita terá impacto na vida de prateleira e possivelmente também na qualidade em termos de distúrbios fisiológicos. O abacate difere da maioria das outras frutas porque os açúcares de 6 carbonos, como glicose e frutose, estão presentes apenas em pequenas quantidades, e os açúcares predominantes são, na verdade, dois açúcares de 7 carbonos estreitamente relacionados, a manoheptulose e o perseitol (LIU et al., 1999). 6.1.3.BORO. Elemento tipicamente deficiente em pomares de abacate. O controle cuidadoso das aplicações é a chave para aumentar a produção e melhorar a qualidade da fruta (WOLSTENHOLME, 1999). A deficiência também tem efeito no avanço do


C a p í t u l o I I | 259 amolecimento da fruta logo após a colheita. Uma vez que 95% do boro total é encontrado na parede celular, é atribuído um papel na preservação da estrutura da parede celular (BONILLA, 2000; SMITH et al., 1997). 6.2.Localização e orientação da fruta. Segundo Muñoz (2004), a localização dos frutos em relação à altura na árvore influencia no grau de maturidade, não havendo diferenças na localização geográfica, tanto que a cv. Hass quanto à cv. Fuerte. Essa diferença de maturidade causada pela localização dos frutos em relação à altura deve-se ao maior número de horas de radiação que recebe diariamente a parte superior da árvore, em comparação com as áreas inferiores (frutos periféricos). Hofman e Jobin-Décor citados por Arpaia (2004), afirmam que a orientação do lado de onde a fruta é colhida não tem impacto sobre o teor de matéria seca do abacate, ao contrário do que ocorre em outras espécies como a manga (Mangifera indica L.) ou Litchi (Litchi chinensis). Provavelmente é devido a que em pomares sombreados não ocorra uma distribuição normal de luz. As folhas desenvolvidas na sombra produzem menos fotossíntese líquida, podendo consumir a metade dos carboidratos sintetizados (GILL, 1999). 6.3.Porta-enxerto\variedade Kremer-Kohne et al., citado por Arpaia (2004) observaram que o avocado Hass apresenta maior porcentagem de frutos sem a presença de distúrbios fisiológicos na pós-colheita, em comparação com a variedade Fuerte. O uso de porta-enxertos clonais de abacate é uma técnica relativamente recente e, portanto, a influência de porta-enxerto sobre a qualidade da pós-colheita ainda é pouco conhecida. Apesar disso, Marques (2002) demostra que o porta-enxerto pode afetar a incidência e severidade de doenças de póscolheita. Isso indica que, sob as condições australianas, o fruto das árvores cultivadas no porta-enxerto clonal Velvick tem menos incidência de doenças na pós-colheita, em comparação com o fruto do avocado Hass cultivado no porta-enxerto Duke 7. 6.4.Poda e reguladores de crescimento Outra consideração muito importante para as árvores frutíferas tropicais e subtropicais é a época de poda. Se a poda ou o anelado ocorrer em um momento em que promovem o crescimento vegetativo em detrimento do crescimento do fruto, pode ocorrer um


C a p í t u l o I I | 260 desequilíbrio de cálcio e uma redução do tamanho final do fruto. Em avocado Hass, Whiley et al. (1992) encontraram maiores níveis de cálcio durante as primeiras oito semanas de crescimento do fruto, quando o crescimento vegetativo na primavera foi controlado com o regulador de crescimento [(2Rs, 3Rs) -1- (4-clorofenil) -4, 4-dimetil-2 ( 1,2,4-triazolil-1) pentanol-3] (paclobutrazol). Cutting e Bower (1992) mostraram que, nas condições subtropicais da África do Sul, os abacates provenientes de árvores, em que o crescimento vegetativo havia sido controlado por poda, apresentavam teores mais elevados de Ca, Mg, K e P na colheita. Hofman et al. (2002) também observou que qualquer tratamento de poda que estimule o crescimento vegetativo próximo ou durante o vingamento e o crescimento dos frutos, reduz sua qualidade e que os reguladores de crescimento que reduzem o crescimento podem diminuir esses problemas. Na Austrália, as recomendações atuais estipulam que os tratamentos de manejo do dossel das árvores devem evitar aumentar o crescimento vegetativo durante o crescimento dos frutos, para não ser afetada a qualidade do fruto. 6.5.Estresse hídrico É difícil quantificar os efeitos da irrigação na qualidade da fruta na fase de pós-colheita. No entanto, Bower (1985) observou que o déficit de água antes da colheita aplicado aos abacateiros influencia os níveis de polifenol oxidase (PPO) medidos em abacates maduros armazenados por 30 dias a 5,5 oC. A PPO foi associada à descoloração do mesocarpo em abacates. Este autor também verificou que o déficit hídrico na fase de pré-colheita influencia sobre a capacidade da fruta de suportar baixos níveis de O 2 e altos níveis de CO2. Os frutos de árvores com estresse hídrico de pré-colheita apresentaram mais distúrbios fisiológicos após o armazenamento e maturação, em comparação com o fruto de árvores não estressadas. Segundo Lahav (1990), as plantas submetidas ao déficit hídrico apresentam um menor teor de cálcio na polpa. Isso pode ser explicado porque o cálcio entra nas plantas por fluxo massal, o qual significa que quanto maior a transpiração, maior a absorção de cálcio. Espera-se também que o nível de cálcio nos frutos seja maior nas áreas onde a evapotranspiração de referência é maior (LAHAV, 1990). Uma boa irrigação significa uma gestão eficiente da água, sem causar estresse hídrico. Isso inclui tanto conteúdo insuficiente quanto níveis excessivos de água no solo (BOWER, 1985). O estresse hídrico resulta no fechamento dos estômatos, conduzindo a


C a p í t u l o I I | 261 uma diminuição do fluxo de água na árvore, bem como à diminuição da fotossíntese. Menos fluxo de água afeta a absorção e distribuição de cálcio e outros elementos minerais. Uma diminuição da fotossíntese dará lugar a uma redução da acumulação de carboidratos, não só na árvore e na carga frutal, mas também na fruta, principalmente na qualidade do fruto e na sua vida útil (BERTLING; BOWER, 2005). Os efeitos do estresse hídrico na qualidade da fruta não se limitam ao teor de água imediatamente antes da colheita, mas também durante o período de seu desenvolvimento, como os efeitos sobre a absorção de cálcio e sua deposição na fruta que deve ocorrer durante a fase inicial de divisão celular (BOWER, 1987). As deficiências neste estágio provavelmente não podem ser reparadas posteriormente. Também foi encontrado que as frutas submetidas a certo estresse hídrico antes da colheita parecem mais suscetíveis a distúrbios internos e aos danos causados pelo frio durante o armazenamento (BOWER et al., 1986).

7.DESCARTE DE FRUTOS DEFEITUOSOS A qualidade das frutas e vegetais se traduz em indicadores nutricionais, microbiológicos, tecnológicos, comerciais e sensoriais, e os parâmetros associados às propriedades funcionais, origem e defeitos também desempenham um papel importante (BILL et al., 2014). A qualidade do avocado Hass é alcançada nas lavouras por fatores genéticos, condições ambientais, manejo agronômico, critérios de colheita, seleção de frutos e presença de pragas e doenças, entre outros, e deve ser preservada e levada à sua máxima expressão durante as práticas pós-colheita, pois os demais frutos que não atendem aos tais parâmetros devem ser descartados durante as fases de pré-colheita, colheita e packinghouse, conforme as Figuras 156, 157 e 158 (BILL et al., 2014; FERREYRA et al., 2016; HERRERA-GONZÁLEZ et al., 2013; OCHOA, 2012; RAMÍREZ-GIL et al., 2017; SALAZAR-GARCÍA et al., 2016).


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Figure 158. Malformação, deficiências nutricionais, defeitos mecânicos, distúrbios e danos ambientais que afetam as frutas no avocado Hass : (A) malformação de origem desconhecida; (B) deficiência de boro; (C) deficiência de zinco; (D) variegação natural; (E) formato do fruto; (F) dano mecânico; (G) fruto sem pedicelo; (H) dano do herbicida; (I) pescoço de anel; (J) dano por impacto; (K) queimaduras solares; (L) dano de granizo; (M – O) frutas maduras demais; (P) semente necrótica; (Q) dano de lenticela; (R) lesão por frio. Fotos: Ramírez-Gil et al. (2020).

Figure 159. Danos causados por pragas que afetam as frutas do avocado Hass: (A) ácaros (principalmente associados com Olygonichus yothersi Mcgregor); (B) Melolonthidae (principalmente associado a Astaena pigydialis Kirsch); (C) tripes (Thysanoptera); (D) o inseto monalônio (Monaloniun velezangeli Carvalho e Costa); (E, F) larva de galhas de ovário (Bruggmanniella perseae Gagné); (G, H) escamas (Hemiptera: Coccoidea) (Fotos: Wilmar Perez); (I – K) traça da semente do abacate (Stenoma catenifer Walsingham) (L, M) e gorgulho da semente do avocado (Heilipus lauri Boheman); (N, O) dano de roedor. Fotos: Ramírez-Gil et al. (2020).


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Figura 160. Sintomas de doenças que afetam os frutos em avocado Hass: sintomas de A a D associados à antracnose (Colletotrichum gloeosporioides sensu lato). (A) lesão na epiderme externa; (B) lesão na epiderme interna; (C) infecção avançada na epiderme externa; (D) infecção avançada em todo o mesocarpo; (E) sintomas típicos associados à podridão do caule causada por diferentes microrganismos (Rhyzopus sp., Lasiodiplodia sp., Dothiorella sp., Pestalotia sp.; Phomopsis sp.); (F) trincas superficiais causadas por Pseudocercospora purpurea (Cooke) Deighton; (G) lesão do pedicelo causada por diferentes microrganismos (Colletotrichum gloeosporioides sensu lato, Pseudocercospora purpurea (Cooke) Deighton, Sphaceloma persea Jenk, Pestalotia sp.) (Foto: Anibal Lopez); (H) crosta causada por Sphaceloma persea Jenk; (I) infecção simultânea causada por Colletotrichum gloeosporioides sensu lato e Sphaceloma persea Jenk; (J) podridão dos frutos causada por diferentes microrganismos (Rhyzopus sp., Lasiodiplodia sp., Botryosphaeria obtusa Schwein, Dothiorella sp., Pestalotia sp. Fotos: Ramírez-Gil et al. (2020).

4.UNIDADE DE EMBALAGEM DO AVOCADO Na unidade embaladora, o produto é condicionado para o mercado de in natura, as operações que ali são realizadas contribuem para manter a qualidade do produto, estendendo sua vida útil e garantindo ao consumidor produtos seguros. É importante capacitar os funcionários da unidade embaladora e os agricultores sobre as mudanças no abacate durante o amadurecimento, as doenças mais comuns, danos mecânicos e como se manifestam quando a fruta atinge a maturidade comestível, mudanças de cor, danos por insetos e outros, bem como medidas preventivas para minimizar seu surgimento. A preparação do abacate para o mercado in natura também deve levar em conta os requerimentos do mercado-alvo, as características e condições na cadeia de distribuição e comercialização (tempos, temperaturas, tipo de veículos, etc.) a que o produto estará submetido à unidade de embalagem até os pontos de venda e seus expositores. Recepção e inspeção. A qualidade do abacate não melhora após a colheita, mas pode ser preservada mediante o manuseio cuidadoso no campo, durante as operações na unidade de embalagem e na cadeia de comercialização (Figura 159).


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Figura 159. Recepção e inspeção da fruta. Foto: J. Bernal (2014).

O recebimento da fruta deve ser ágil, para evitar as esperas no meio de transporte sob o sol ou a chuva, que deterioram a qualidade. A operação de recepção tem alguns procedimentos, como o registro da quantidade de produto que é entregue, a procedência dos produtos, a identificação do lote, o comprovante de recebimento para o produtor, entre outros. Alguns aspectos técnicos estão incluídos dentro do termo fiscalização, como o monitoramento da qualidade dos frutos recebidos, a qual deve se ajustar aos critérios de colheita, a acomodação do produto para evitar contaminação cruzada e permitir sua identificação em todo momento, assim como a revisão dos meios de transporte e as embalagens. Seleção. Após a inspeção, os frutos colhidos são selecionados para separar aqueles que não apresentam as condições adequadas para sua comercialização (Figura 160). Devemse descartar os frutos com danos físicos e/ou por insetos, cicatrizes, malformações, frutos imaturos ou muito maduros, bem como os que se observem desidratados, com ausência de pedúnculo ou com manchas causadas por agentes biológicos e de acordo com as especificações de qualidade que tenha o mercado para o consumidor que busca a fruta. O local destinado à seleção deve ter boa ventilação, ser protegido dos raios solares e longe de fontes de contaminação como agroquímicos, adubos, fertilizantes ou animais, entre outros. Esta etapa complementa a seleção feita em campo, mas não a substitui, pois é feita para garantir que o produto que entra possui as características de qualidade requeridas, e para evitar que o produto em mau estado contamine a água de lavagem e os equipamentos na unidade de embalagem.


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Figura 160. Seleção de frutos.

Classificação. Uma vez selecionado, procede à classificação do produto, com o fim padronizar a qualidade, de acordo com uma ou mais características, como cor, tamanho, peso (Tabela 19) e sanidade. A classificação leva à formação de categorias ou classes comerciais do produto (Figura 161). Tabela 19. Categorias para a classificação do avocado Hass na Colômbia. CATEGORIA

PESO EM GRAMAS

Extra

>180

DEFEITOS Não tolera: Dano mecânico Danos de pragas ou doença Queima da casca por insolação

Primeira

>140 a 180

Não tolera: Dano mecânico Queima da casca por insolação Tolera: Até 6 cm2 de dano por praga ou doença, exceto o passador do fruto

Industrial

>90 a 140

Não tolera: Dano mecânico Tolera: Queima da casca por insolação

Descarte

Fonte: Estrada et al. (2014).

<90


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Figura 161. Classificação de acordo com o calibre da fruta do avocado Hass. Fonte: Adaptado do padrão Icontec (2003).

Isso pode ser feito manualmente ou mecanicamente, mas geralmente os dois métodos são combinados (Figura 162). A classificação manual requer operadores qualificados e treinados para realizar esta tarefa. A classificação mecânica é realizada através de bandas e equipamentos desenhados para tal finalidade, combinando diversos critérios de classificação, de acordo com a variedade e o mercado alvo. As máquinas de classificação de peso computadorizadas foram projetadas e construídas inteiramente pela Corporación Industrial Uruapan. A máquina de classificação utiliza a separação entre seus rolos para permitir que os pequenos frutos caiam por gravidade, enquanto o fruto de tamanho adequado continuará na linha de processamento, tornando a seleção subsequente mais eficiente.


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Figura 162. Máquina de classificação por tamanho do fruto de avocado. Foto: Estrada et al. (2014).

Lavagem e desinfecção. A função da lavagem e desinfecção da fruta é remover a sujeira e microorganismos patogênicos da superfície do avocado. A lavagem é superficial e com ela diminui a carga microbiológica que a fruta traz do campo. Essa operação é muito importante para preservar a qualidade da fruta (estender o prazo de validade) e minimizar o risco de transmissão de doenças aos consumidores (Figura 163).

Figura 163. Máquina de lavagem e desinfecção de frutos de avocado.


C a p í t u l o I I | 268 Para essa operação, utiliza-se principalmente água clorada (100 a 150 ppm), à base de hipoclorito de sódio ou de cálcio, em tratamento por imersão de 2 a 3 minutos. É conveniente que a lavagem seja feita em caixas limpas, para as quais uma transferência cuidadosa da fruta pode ser feita na unidade embaladora, ao mesmo tempo em que é selecionada. Use água de boa qualidade. Tratamentos com fungicidas. As doenças pós-colheita mais comuns do avocado são a antracnose e a podridão do pedúnculo. O controle destas e de outras doenças começa no campo, com as práticas de colheita e pós-colheita da fruta. As principais fontes de contaminação neste período são os implementos e recipientes de colheita, armazéns, veículos de transporte e água contaminada para lavagem e desinfecção das frutas. Além das medidas preventivas, a fruta deve passar por um tratamento com fungicida para tratar infecções latentes e prevenir o desenvolvimento de outras. A implementação de um tratamento fungicida por imersão é muito fácil de realizar com o produto acondicionado em caixa plástica com drenagem suficiente, com tempos de imersão de um minuto. Posteriormente, é importante remover a umidade superficial após o tratamento, o que pode ser feito mediante rolos com espuma em processos contínuos; com o uso de ventiladores sobre o produto; ou deixando-o escorrer por um tempo razoável. Embalagem. As principais funções das embalagens são conter e proteger o produto até o mercado-alvo. Além disso, facilita o manuseio e a comercialização, com peso e qualidade padronizados. A embalagem deve proporcionar resistência mecânica suficiente para suportar o empilhamento das caixas e não transferir o esforço para a fruta embalada, permitir um resfriamento rápido e evitar o acúmulo de gases indesejáveis como o etileno para evitar que se acelere o amadurecimento. A embalagem mais indicada para a comercialização de avocado a nível nacional é a caixa plástica, na qual se acomodam, desde o momento da colheita, até 15 kg de frutas (Figura 164) ou em embalagem de papelão para o mercado internacional (Figura 165). Evitar machucados dos frutos embalados na caixa por excesso de peso


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Figura 164. Frutos de abacate em embalagem de caixa plástica para o mercado nacional.

Figura 165. Embalagem de papelão do avocado Hass para o mercado internacional. Fonte: Mejía, 2011.

Pallets. Uma vez embaladas, as caixas são colocadas em pilhas ou pallets de três filas e cinco caixas cada, amarradas com alças e colocadas sobre estrados de madeira (48” x 48”), que facilita a sua transferência para o local de armazenamento. Deve-se completar o número de caixas por pallet segundo o destino para o qual está sendo embalado e suas especificações: Estados Unidos da América 1.600 caixas de 11,3 kg; Japão 3.200 caixas de 6 kg, França 5.280 caixas de 4 kg e Canadá de 4.400 caixas de 4 kg; uma amarração é feita com fita plástica e são inseridos os seguintes dados: nome do pomar, registro do


C a p í t u l o I I | 270 pomar, produtor, calibre, marca, variedade, data de embalagem e data de remessa. Isso é importante para uma boa e rápida rastreabilidade (Figura 166).

Figura 166. Preparação de pallets.

Pré-refrigerado. Quando os paletes são embalados de acordo com o destino do país para o qual serão enviados, o calor do campo é extraído através de túneis de pré-resfriamento (resfriamento rápido de 8 horas; Figura 167), ou são armazenados em câmaras de conservação (14 horas) sem ser colocado em túneis frios (processo mais lento, mas igualmente seguro). Essa pré-resfrigeração permite reduzir a taxa de respiração (calor proveniente da fruta), a perda de umidade (transpiração), a taxa de amadurecimento e a produção de etileno, para maior eficiência é realizada em sistemas integrados de préresfriamento e câmaras frias. Para obter um pré-resfriamento bem-sucedido, deve-se levar em consideração: • Temperatura inicial do produto (deixe a fruta repousar) • Tempo entre a colheita e a extração de calor do campo (embalar no dia seguinte). • A boa cadeia de frio não deve ser interrompida (pallets de frio igual em temperatura). • Uma boa umidade relativa de pelo menos 85% dentro das câmaras.


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Figura 167. Sistema integrado de pre-refriamento e sala fria com 7 ºC por 24 horas, com o objetivo de eliminar o calor do campo e assim propiciar uma maturação uniforme.

Armazenamento em frio. Após completar o processo de pré-resfriamento, há que considerar o mês e o resultado da análise da matéria seca em que a fruta tem sido cortada da planta (quando o abacate Hass é colhido com 20,8% de matéria seca, leva de 30 a 35 dias para ser cortado e vendido ao consumidor final), então são definidos os graus Celsius que corresponderão ao local de armazenamento (câmara frigorífica; o armazenamento em frio do avocado Hass pode ser feito entre 5 – 7 ºC e 95% de umidade relativa) e o embarque. A sala é monitorada de hora em hora e para cada uma das pallets que vai entrando no frio é preenchido um diário (registro) em cada câmara em que se encontram. Se o pré-resfriamento não for feito, a fruta vai demorar mais para se adaptar à temperatura da câmara fria (Figura 168). A partir deste ponto a temperatura deve ser sempre a mesma até o destino, e será a previamente determinada.


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Figura 168. Armazenamento em frio com temperatura igual em cada sala.

Em geral, a armazenagem de produtos agrícolas é feita com o propósito de conservar o excedente de produção, regular a oferta, normalizar os preços ou simplesmente porque não há meios de transporte em tempo hábil. A temperatura e umidade são fatores intimamente relacionados com o tempo de conservação nos depósitos ou locais de armazenamento. Uma vez atingidas às condições de armazenamento requeridas, elas devem ser mantidas constantes, principalmente no que diz respeito à temperatura, umidade relativa e circulação de ar. O abacate contém mais de 85% do seu peso em água, o qual é necessário conservar, aumentando a umidade relativa e diminuindo a temperatura de armazenamento, minimizando a transpiração e a perda de água, mantendo assim sua textura e qualidade. Transporte. Recomenda-se o uso de caminhões refrigerados, pois as oscilações de temperatura provocam condensação de água sobre a casca da fruta e isso favorece a deterioração patológica do abacate, reduzindo sua vida comercial. Se as distâncias são curtas, caminhões com isolamento térmico podem ser usados para conservar a temperatura do produto. O manejo da temperatura durante o transporte deve ser mais cuidadoso no transporte do abacate maduro, pois o produto é mais sensível aos danos físicos e o efeito do aumento da temperatura sobre a deterioração do produto é maior.


C a p í t u l o I I | 273 TRATAMENTOS PÓS-COLHEITA Revestimentos. Os abacates revestidos apresentam menor taxa de respiração, coloração mais verde e melhor firmeza em comparação com os não revestidos. Os revestimentos podem criar uma atmosfera modificada que reduz os problemas de respiração e umidade. Pode ser revestido com lipídios, resinas, polissacarídeos, proteínas e polímeros (MAFTOONAZAD; RAMASWAMY, 2005). A metilcelulose é um polissacarídeo que pode ser usada no revestimento do fruto. Pode ser encontrada nas plantas. Isso pode ser modificado para produzir pequenas placas de éter-éster de celulose (PSOMIADOU et al, 1996), o último é flexível, transparente, tem força moderada, resistência à migração de gordura e óleo, e pode atuar como uma barreira contra umidade e oxigênio (HAGENMAIER; SHAW, 1990). Maftoonazad e Ramaswamy (2005) descobriram que a barreira de metilcelulose diminuiu a taxa de substrato catabólico, a capacidade de gerar energia usada para reações bioquímicas de escurecimento, a taxa respiratória, as alterações cromáticas da casca e da polpa e o amolecimento do tecido, aumentando assim a duração do produto armazenado. Atmosferas modificadas. A embalagem em atmosfera modificada consiste em acomodar a fruta dentro de um material com alta barreira a gases cuja composição atmosférica foi alterada para reduzir a respiração, o crescimento microbiológico e a atividade enzimática para prolongar a vida do produto (YOUNG et al. 1988). Scott e Chaplin (1978) descobriram que armazenando abacates em sacos de polietileno reduz a incidência de lesões por frio. Por sua vez, a vida útil do abacate armazenado é imensamente prolongada se for embalado em um saco de polietileno. Embalando abacate não maduro (ainda verde) em um saco plástico leva tempo para amolecer e apodrecer. A atmosfera desenvolvida dentro da embalagem tornou-se mais anaeróbia e permanece constante, esse ambiente pode afetar a função das enzimas responsáveis pelo amolecimento do tecido do abacate (OUDIT; SCOTT, 1973). Gerdes e Parrino-Lowe (1995) estudaram esse fenômeno e descobriram que o abacate embalado não apresentou perda significativa de peso. Embalar frutas em um saco de náilon de polietileno parece ser um método eficaz para evitar a perda de peso devido à umidade. Atmosferas controladas. Como se trata de um produto que constantemente está respirando (cujas taxas de respiração são, por sua vez, altas), a alta disponibilidade de oxigênio no ambiente faz com que a respiração seja acelerada, portanto, ao utilizar atmosferas controladas, onde se controla as porcentagens de oxigênio e de dióxido de


C a p í t u l o I I | 274 carbono, pode diminuir a frequência respiratória e a senescência do produto. Uma alta concentração de dióxido de carbono e uma reduzida de oxigênio na atmosfera retarda a maturação (amolecimento e mudança de cor na casca), uns 8% de dióxido de carbono e 3% de oxigênio possibilitaram o armazenamento do abacate por 9 semanas (MEIR et al, 1995). A concentração de gases a serem utilizados é um ponto muito crítico que deve ser ajustado de acordo com o estado de cada carga, e essa concentração deve ser mantida durante todo o período de armazenamento ou transporte. O uso inadequado desses sistemas pode ter efeitos muito negativos nas frutas. Níveis baixos de oxigênio diminuem os níveis de respiração e parecem bloquear o sistema de formação de etileno. Altas concentrações de dióxido de carbono também reduzem a maturação, possivelmente por atuar como competidor do etileno (OCHOA, 2009). As atmosferas controladas podem estender a vida útil de prateleira, manter a qualidade, reduzir drasticamente os danos por frio e armazenar em temperaturas mais baixas (EKSTEEN et al, 1992). Os melhores resultados foram obtidos em atmosferas controladas armazenando abacates entre 2% - 5% de oxigênio e até 10% de dióxido de carbono (EKSTEEN; TRUTER, 1983; KADER, 1989). Quando se utiliza atmosfera controlada para o avocado Hass, a temperatura e a umidade relativa são mantidas iguais, a concentração de dióxido de carbono (CO2) é de 3-5% e a concentração de oxigênio (O2) é de 3%. 1-MCP. O 1-metilciclopropeno (1-MCP) é um composto volátil que demonstrou ser um forte inibidor da ação do etileno (SEREK et al., 1995), posicionado nos locais receptores de etileno nos tecidos da fruta e controla suas respostas (SISLER; WOOD, 1988) estendendo o período de armazenamento pós-colheita do abacate (JEONG et al., 2002). Em abacates armazenados por 4 semanas a 5 °C, o 1-MCP reduz a descoloração do mesocarpo e a atividade da polifenol-oxidase (PESIS et al., 2002). Jeong et al. (2002) reporta concentrações ótimas de 0,9 µL/L, enquanto Pesis et al. (2002) relata concentrações de 0,3 µL/L, afirmando que a mesma permite o amolecimento normal da fruta. A concentração de abacates tratados com 0,3 µL/L de 1-MCP é comparável à observada em frutas mantidas em atmosfera controlada (OCHOA ASCENCIO et al, 2003).


C a p í t u l o I I | 275 5.EXTRAÇÃO DE ÓLEO O abacate é reconhecido como um fruto que possui alto conteúdo de lipídeos em sua polpa, podendo alcançar até 32% dependendo da variedade (OZDEMIR; TOPUZ, 2004). Os lipídeos presentes no mesocarpo do abacate são ricos em ácidos graxos monoinsaturados, principalmente ácido oleico (em torno de 60%), além deste, possui quantidades significativas dos ácidos graxos: palmítico (20%), linoleico (10%), palmitoleico (5%) e esteárico (0,5%). O teor de ácidos graxos, poli-insaturados (PUFA) no óleo de abacate, de acordo com Santos et al. (2014), é de aproximadamente 12%. Segundo a empresa Jaguacy, o azeite de abacate ainda é desconhecido dos consumidores e tem dificuldade de aceitação no mercado porque a preferência ainda é pelo azeite de oliva. Outra dificuldade está no preço, onde o litro varia entre R$ 30,00 a R$ 40,00, e é comercializado em garrafas de 250 e 500 mL (Figura 169), assim como em cápsulas (BONATO, 2013).

Figura 169. Óleo de abacate. Foto: Avoleo (2004). Segundo Tango (1992), a proporção das partes do avocado Hass como polpa é de 67,5%, caroço de 19,0% e casca de 13,5% (Figura 170), sendo a porção da polpa é a de maior interesse, pois nela concentra-se a maior parte de lipídeos quando comparado com o teor dessas substâncias na casca e no caroço. Os caroços e cascas que corresponderam em torno de 1/3 das massas dos frutos, devem ser retirados na etapa de despolpa para o preparo da extração de óleo, para não reduzir a eficiência de extração devido a possíveis


C a p í t u l o I I | 276 entupimento e paradas de máquina para manutenção (TANGO, 2004). Vale destacar que a variedade Quintal apresenta com a maior porcentagem de polpa (81,3%) e a menor porção de caroço e casca (18,7%), sendo ideal para a extração do óleo.

Figura 170. Endocarpo, mesocarpo e epicarpo do avocado Hass. Fonte: Avocado Slicesinternet (2017).

A diferença entre as denominações “azeite” e “óleo” consiste tanto na origem como no método de extração. O azeite é definido quando a extração é realizada da polpa do fruto por meios mecânicos em temperaturas até 50 ºC (extração a frio), já a expressão óleo é normalmente utilizada quando a extração é realizada das sementes, com o uso de solventes, seguido dos processos de refino como neutralização, deceragem, clarificação e desodorização (CARDOSO, 2006). A cor do azeite pode variar de amarelo a esverdeado claro e escuro, dependendo da variedade. A Figura 171 representa a variedade Hass (à esquerda) e a variedade Margarida (à direita).


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Figura 171. Variação da coloração do óleo de abacate: Hass (esquerda) e Margarida. Foto: Jorge (2014).

A composição em ácidos graxos de óleo da polpa dos frutos do avocado Hass é formada por: 24,5% de ácido palmítico (16:0); 13,3 % de ácido palmitoléico (16:1); 0,3% de ácido esteárico (18:0); 47,7 % de ácido oleico (18:1); e 14,2% de ácido linoléico (18:2). O componente majoritário encontrado é o ácido oléico, seguido de ácido palmítico e ácido linoléico, mas a composição de lipídeos varia em relação às cultivares de abacate, diferenças geográficas, condições climáticas, tempo de colheita ou estágio de maturação, método de extração, dentre outros (GÓMEZ-LÓPEZ, 2002; OZDEMIR; TOPUZ, 2004). Além dos ácidos graxos, o óleo de abacate apresenta, outros constituintes, como os fosfolipídeos, fitoesterois e outros compostos bioativos, incluindo carotenoides, álcoois alifáticos, álcoois terpênicos, tocoferois e esqualeno (SANTOS et al., 2014). Normalmente, no processo comercial de extração do azeite de abacate é usada a fruta inteira e madura, com secagem, seguida de prensagem mecânica em temperatura elevada, para eliminar a presença de solventes orgânicos usados na extração. O uso desses solventes em escala industrial de produção tem sido questionado devido à preocupação com a poluição, além do fato de que a qualidade do azeite poderá ser afetada, em função da necessidade de remoção do solvente (FERRARI, 2015). Além disso, a extração por solvente também necessita das operações de refino, branqueamento e desodorização,


C a p í t u l o I I | 278 resultando num óleo de cor clara, com boa estabilidade, mas com pouco sabor e com redução dos componentes benéficos a saúde (JORGE, 2014). As características do óleo são amplamente influenciadas pelo processo de extração, pois, compostos voláteis, índice de acidez, teor de fosfolipídeos e de insaponificáveis, perfil de ácidos graxos, teor de compostos bioativos, bem como outras características, são dependentes da interação e da afinidade do solvente com o óleo e os demais compostos lipossolúveis. O óleo bruto de abacate é utilizado, principalmente, na indústria de cosméticos, mas também pode ser utilizado na indústria de alimentos, tanto na elaboração de produtos quanto para o consumo direto. A indústria de fármacos também utiliza a fração lipídica, ou seja, incluindo o óleo, os insaponificáveis, entre outros, na elaboração de produtos farmacêuticos (WERMAN; NEEMAN, 1987; BAE; LEE, 2008). Uma possibilidade para aproveitar os benefícios do abacate seria a introdução do óleo de abacate puro para uso comestível ou utilizar em misturas com o azeite de oliva em substituição às misturas de azeite de oliva com óleos vegetais, normalmente oferecidas pelo mercado interno com a finalidade de diminuir os custos de importação do azeite de oliva no Brasil (CREDIDIO, 2010). Métodos de extração. Dentre os diversos métodos já reportados para a extração do óleo de abacate, podem ser mencionados a extração por centrifugação da polpa úmida, extração do óleo por solventes, extração por prensagem hidráulica contínua ou descontínua, com a adição de material auxiliar de prensagem, por tratamento da polpa fresca com produtos químicos, por processos enzimáticos ou ainda por processos convencionais de extração de óleos utilizados para sementes oleaginosas (TURATTI et al., 1985; TANGO; TURATTI, 1992; BIZIMANA et al., 1993; BORA et al., 2001; SALGADO et al., 2008; SANTANA et al., 2011; ORTEGA et al., 2013). Segundo esses autores, o óleo de abacate deve ser extraído quando os frutos estiverem maduros, pois é quando apresentam teores mais elevados de óleo. O método mais comumente empregado para extração do óleo é com solventes, entretanto, os riscos ambientais ocasionados por solventes derivados do petróleo, servem de estímulo à busca por alternativas mais sustentáveis e que preservem os compostos bioativos, como é o caso da prensagem a frio, a qual utiliza meios mecânicos ou físicos a temperaturas inferiores a 50 °C, de forma semelhante à aplicada para extração de azeite de oliva extra


C a p í t u l o I I | 279 virgem (EYRES et al., 2001; WOOLF et al., 2009). Nova Zelândia, México, Chile, Estados Unidos e África do Sul estão entre os principais produtores de óleo de abacate prensado a frio, com uma produção de cerca de 2.000 ton/ano (WOOLF et al., 2009). Extração por centrifugação. Para o método de extração por centrifugação o abacate pode ser colocado em um moinho do tipo martelo e a massa gerada bombeada para um mixer, onde passa pelas etapas de homogeneização e aquecimento até o início da separação do óleo. A pasta formada é bombeada para uma centrífuga onde é possível separar as frações sólidas e líquidas, podendo ser adicionada água em alguns casos (BUOSI, 2013). A Figura 172 demonstra um exemplo do fluxograma do processo de extração do azeite de oliva que foi adaptado para a extração do azeite de abacate pelo método de centrifugação.

Figura 172. Fluxograma do processo de extração do azeite de oliva adaptado para extração do azeite de abacate por centrifugação. Fonte: Ferrari (2015).

Os frutos do avocado Hass passam pelo tanque de lavagem para a higienização e sanitização, seguindo para o despolpador (Figuras 173 e 174). A polpa é extraída sendo separada da casca e semente, e enviada com adição de água na proporção 1:1 para um tanque com agitação por 40 – 60 minutos a 45 – 50 ºC, operação chamada de malaxagem. A adição de água no processo é para facilitar a homogeneização e o deslocamento da polpa diminuindo a sua viscosidade (FERRARI, 2015).


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Figura 173. Despolpador de frutas Tortugan modelo MS-450. Fonte: TORTUGAN (s.d.).

Figura 174. Máquina despolpadora: separa a polpa do caroço e da casca do fruto de avocado. Fonte: PROFIAGRO (2009).


C a p í t u l o I I | 281 A próxima etapa consiste na centrifugação, onde são separadas as três fases chamadas de óleo, água e sólidos na centrífuga de três fases (Figura 175a). Após a separação do óleo, este passa por um decantador e filtro prensa (Figura 175b). O processo gera como coprodutos as cascas e caroços, que apresentam compostos de interesse como lipídeos, fibras, teor de amido e como subprodutos a fase aquosa e a de sólidos da centrifugação que são descartados, por não apresentarem quantidades de componentes significativos para o reaproveitamento (FERRARI, 2015).

Figura 175. Centrífuga Gratt modelo GMT 400 (a) e filtro prensa Scott Tech. Fonte: GRATT; Indústria Scott Tech de Vinhedo, SP

O processo de extração mecânica do tipo centrífuga (Figura 175a) visa separar o óleo do restante da fruta, aproveitando as diferenças no peso específico das várias fases, devido ao efeito da decantação após a adição da água, onde o óleo se separa em um fluxo diferente. A força centrífuga faz com que a torta se acumule na parte interna do cilindro, portanto, nas operações por lotes, é necessário interromper o processo para removê-la. Uma vez terminado o procedimento, o óleo é armazenado em tanques de aço inoxidável e em ambiente inerte, para assegurar sua qualidade. No processamento por centrifugação, vários estudos têm sido realizados variando as condições do processo como temperatura, adição de sal e velocidade de centrifugação (rotações por minuto, rpm) (ESTRADA et al., 2014). A montagem de uma linha de processo para extração do óleo de avocado exige a aquisição de equipamentos especializados, uma vez que os processos requerem maior precisão para se conseguir a separação correta da fase oleosa presente na polpa do fruto. Na Figura 176


C a p í t u l o I I | 282 apresenta de forma geral a montagem de uma planta para extração de óleo. O processo exige que a fruta entre no processo sem casca, posteriormente com uma rosca sem-fim se retira a semente e a polpa é transportada para um homogeneizador; a próxima etapa é realizada em um novo tanque, onde é adicionada água e o pH é ajustado.

Figura 176. Esquema do processo para extração de óleo de abacate. Foto: Estrada et al. (2014).

Segundo Koller (1992), o aproveitamento do óleo de avocado é, normalmente, a principal finalidade de sua industrialização, que pode render de 800 a 1.300 kg. ha–1, contra 330 kg. ha–1 do óleo de soja, fato que estimula a sua produção.


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