Tecnologias utilizadas no recobrimento de sementes de algodão e gergelim

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TECNOLOGIAS UTILIZADAS NO RECOBRIMENTO DE SEMENTES DE ALGODÃO E GERGELIM

Vicente de Paula Queiroga José Maria Durán Marcos Vinícius Assunção Editores Técnicos

REVISTA CIENTÍFICA


TECNOLOGIAS UTILIZADAS NO RECOBRIMENTO DE SEMENTES DE ALGODÃO E GERGELIM

2ª Edição


CENTRO INTERDISCIPLINAR DE PESQUISA EM EDUCAÇÃO E DIREITO LARYSSA MAYARA ALVES DE ALMEIDA Diretor Presidente da Associação do Centro Interdisciplinar de Pesquisa em Educação e Direito VINÍCIUS LEÃO DE CASTRO Diretor - Adjunto da Associação do Centro Interdisciplinar de Pesquisa em Educação e Direito ESTHER MARIA BARROS DE ALBUQUERQUE Editor-chefe da Associação da Revista Eletrônica a Barriguda - AREPB

ASSOCIAÇÃO DA REVISTA ELETRÔNICA A BARRIGUDA – AREPB CNPJ 12.955.187/0001-66 Acesse: www.abarriguda.org.br

CONSELHO EDITORIAL Adilson Rodrigues Pires André Karam Trindade Alessandra Correia Lima Macedo Franca Alexandre Coutinho Pagliarini Arali da Silva Oliveira Bartira Macedo de Miranda Santos Belinda Pereira da Cunha Carina Barbosa Gouvêa Carlos Aranguéz Sanchéz Dyego da Costa Santos Elionora Nazaré Cardoso Fabiana Faxina Gisela Bester Glauber Salomão Leite Gustavo Rabay Guerra Ignacio Berdugo Gómes de la Torre Jaime José da Silveira Barros Neto Javier Valls Prieto, Universidad de Granada José Ernesto Pimentel Filho Juliana Gomes de Brito Ludmila Albuquerque Douettes Araújo Lusia Pereira Ribeiro Marcelo Alves Pereira Eufrasio Marcelo Weick Pogliese Marcílio Toscano Franca Filho Olard Hasani Paulo Jorge Fonseca Ferreira da Cunha Raymundo Juliano Rego Feitosa Ricardo Maurício Freire Soares Talden Queiroz Farias Valfredo de Andrade Aguiar Vincenzo Carbone



VICENTE DE PAULA QUEIROGA JOSÉ MARIA DURÁN MARCOS VINICIUS ASSUNÇÃO (Editores Técnicos)

TECNOLOGIAS UTILIZADAS NO RECOBRIMENTO DE SEMENTES DE ALGODÃO E GERGELIM

2ª Edição

ASSOCIAÇÃO DA REVISTA ELETRÔNICA A BARRIGUDA - AREPB

2022


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Organização do Livro VICENTE DE PAULA QUEIROGA JOSÉ MARIA DURAN MARCOS VINÍCIUS ASSUNÇÃO Capa FLÁVIO TÔRRES DE MOURA Editoração ESTHER MARIA BARROS DE ALBUQUERQUE Diagramação ESTHER MARIA BARROS DE ALBUQUERQUE O conteúdo dos artigos é de inteira responsabilidade dos autores. Data de fechamento da edição: 02-03-2022

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Queiroga, Vicente de Paula. Tecnologias utilizadas no recobrimento de sementes de algodão e gergelim. 2ed. / Organizadores, Vicente de Paula Queiroga, José Maria Durán, Marcos Vinícius Assunção – Campina Grande: AREPB, 2022. 110 f. : il. color. ISBN 978-65-87070-13-1 1. Algodão. 2. Gergelim. 3. Recobrimento de sementes. 4. Semeadura de precisão. 5. Material de cobertura. I. Queiroga, Vicente de Paula. II. Durán, José Maria. III. Assunção, Marcos Vinícius. IV. Título. CDU 633.5

Dados internacionais de catalogação na publicação (CIP) Ficha Catalográfica Elaborada pela Direção Geral da Revista Eletrônica A Barriguda - AREPB Todos os direitos desta edição reservados à Associação da Revista Eletrônica A Barriguda – AREPB. Foi feito o depósito legal.


O Centro Interdisciplinar de Pesquisa em Educação e Direito – CIPED, responsável pela Revista Jurídica e Cultural “A Barriguda”, foi criado na cidade de Campina Grande-PB, com o objetivo de ser um locus de propagação de uma nova maneira de se enxergar a Pesquisa, o Ensino e a Extensão na área do Direito.

A ideia de criar uma revista eletrônica surgiu a partir de intensos debates em torno da Ciência Jurídica, com o objetivo de resgatar o estudo do Direito enquanto Ciência, de maneira inter e transdisciplinar unido sempre à cultura. Resgatando, dessa maneira, posturas metodológicas que se voltem a postura ética dos futuros profissionais.

Os idealizadores deste projeto, revestidos de ousadia, espírito acadêmico e nutridos do objetivo de criar um novo paradigma de estudo do Direito se motivaram para construir um projeto que ultrapassou as fronteiras de um informativo e se estabeleceu como uma revista eletrônica, para incentivar o resgate do ensino jurídico como interdisciplinar e transversal, sem esquecer a nossa riqueza cultural.

Nosso sincero reconhecimento e agradecimento a todos que contribuíram para a consolidação da Revista A Barriguda no meio acadêmico de forma tão significativa.

Acesse a Biblioteca do site www.abarriguda.org.br


EDITORES TÉCNICOS

Vicente de Paula Queiroga (Dr) Pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Centro Nacional de Pesquisa do Algodão-CNPA Campina Grande, PB (Brasil)

José Maria Durán (In Memorian) Profesor Catedrático de la “Universidad Politécnica de Madrid” ETSIA- Departamento de Producción Vegetal: Fitotecnia, Ciudad Universitaria, CEP 28040, Madrid, España,

Marcos Vinicius Assunção Professor Aposentado da Universidade Federal do Ceará Fitotecnia - Centro de Ciências Agrárias Fortaleza, CE (Brasil)


APRESENTAÇÃO A modernização nos sistemas de produção das culturas de gergelim e algodão e, a necessidade de aprimorar métodos para melhorar o formato irregular e o tamanho, especialmente das pequenas sementes de gergelim, requer o emprego de novas técnicas de manejo e tecnologias de melhoramento dessas características (tamanho e forma) em que a utilização do revestimento se apresenta como uma viável solução. A encapsulação está baseada no revestimento das sementes com camadas de material seco e inerte, fornecendo a elas maior massa e acabamento liso, visando facilitar a semeadura de precisão por garantir a distribuição do número exato de sementes requerido na profundidade e distancia desejada para a cultura. Após o revestimento, as sementes de gergelim tomam a forma de uma bolota, assim como as de algodão, permitindo o uso de plantadeiras mecanizadas na semeadura. Destaca-se que a semente unitária de algodão, depois de revestida, passa de 110 mg para uma semente encapsulada de 240 mg, consequentemente essa semente de maior massa melhora o desempenho da plantadeira e reduz os custos de produção. Antes de passar pelo processo de encapsulação, as sementes passam pelas máquinas de limpeza e pré-limpeza assegurando-as pureza superior a 98%. Ficando assim, livres das impurezas contidas no lote original. A tecnologia de encapsulação do algodão mais discutido no referido artigo é fornecida pela empresa holandesa Incotec. Em contato com a água, as sementes encapsuladas com os produtos da Incotec (coating, finishing e corante) se partem rapidamente, permitindo o máximo de acesso à umidade e ao oxigênio, fatores essenciais ao processo de germinação e de estabelecimento das plântulas no solo. Algumas vantagens são encontradas no uso de sementes encapsuladas, entre elas destacam-se a semeadura de precisão, menor estresse com desbaste, menor quantidade de sementes e facilidades no manuseio. Ainda é possível a utilização de nutrientes, reguladores de crescimento, inseticidas, fungicidas, entre outros produtos que são incorporados no processo de formação das sementes encapsuladas, promovendo e facilitando o desenvolvimento e o estabelecimento das plântulas. Ademais, tem-se observado para gergelim e algodão que suas sementes encapsuladas aperfeiçoaram a distribuição pela semeadora, sem perda de sua qualidade fisiológica, permitindo semeadura de precisão, que dispensa o desbaste, assim como maior velocidade de plantio e uniformidade de colheita. Espera-se, portanto, que esta publicação possa oferecer subsídios para a produção de sementes encapsuladas e o plantio de precisão das lavouras de algodão e gergelim nas diversas regiões produtores do Brasil demandadoras de alta tecnologia.

Os autores


SUMÁRIO

TECNOLOGIAS UTILIZADAS NO RECOBRIMENTO DE SEMENTES DE ALGODÃO E GERGELIM - ............................................................................................................................10 INTRODUÇÃO .........................................................................................................................11 OBJETIVOS DO RECOBRIMENTO DE SEMENTES ............................................................13 IMPORTÂNCIA DO RECOBRIMENTO DAS SEMENTES ...................................................14 ORIGEM DAS SEMENTES RECOBERTAS ...........................................................................15 TIPOS DE SEMENTES RECOBERTAS ..................................................................................15 MATERIAIS DE RECOBRIMENTO DE SEMENTES ............................................................22 EQUIPAMENTOS PARA RECOBRIMENTO DE SEMENTES ..............................................26 METODOLOGIA DE RECOBRIMENTO PARA SEMENTES DE ALGODÃO .....................33 1-SEMENTES DE ALGODÃO DESLINTADAS QUIMICAMENTE .................................33 2-DESLINTAMENTO PARA SEMENTES ORGÂNICAS ..................................................55 METODOLOGIA DE RECOBRIMENTO PARA SEMENTES DE GERGELIM ....................71 CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE OS PROCESSOS DE RECOBRIMENTO DE SEMENTES ...............................................................................................................................72 PESQUISA EM LABORATÓRIO COM SEMENTES DE ALGODÃO ENCAPSULADAS...75 SEMEADURA DIRETA DE PRECISÃO .................................................................................81 PRINCIPAIS FALHAS NO REVESTIMENTO ........................................................................86 OBTENÇÃO DE MATERIAIS DO RECOBRIMENTO DE SEMENTES ...............................90 ARMAZENAMENTO DE SEMENTES RECOBERTAS .........................................................95 SEMENTES ENCAPSULADAS FLUORESCENTES ..............................................................97 PREÇO E EMBALAGEM DA SEMENTE ENCAPSULADA .................................................98 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .....................................................................................100


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TECNOLOGIAS UTILIZADAS NO RECOBRIMENTO DE SEMENTES DE ALGODÃO E GERGELIM

Vicente de Paula Queiroga José Maria Durán Marcos Vinícius Assunção (Editores Técnicos)


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INTRODUÇÃO O estabelecimento de um cultivo depende de vários fatores que podem limitar os objetivos propostos pelo produtor e, inclusive determinar o fracasso dessa exploração agrícola. Com o decorrer do tempo, o homem tem perseguido o aperfeiçoamento máximo dos sistemas de cultivo que possam garantir maior êxito técnico e econômico, visando atender à demanda de um mercado cada vez mais exigente e competitivo (SAMPAIO, 1992).

Dos vários fatores que podem influir na produção de uma determinada cultura, alguns estão fora de controle dos produtores. Enquanto, outros fatores podem ser considerados como questões resolvidas através do uso de tecnologias modernas (SAMPAIO, 1992), como as práticas de irrigação, adubação, e o controle de pragas, ervas daninhas e doenças, entre outros.

Com relação aos fatores não controlados em sua totalidade pelos produtores, destacam-se as dificuldades de uniformizar todos os estádios produtivos das plantas, desde a emergência até a colheita. Este fundamento prático ocorre em função de características fisiológicas, físicas e genéticas que apresentam as sementes quando são utilizadas no plantio. Mesmo assim, a produção de sementes homogêneas de alta qualidade depende de diversos fatores climáticos e técnicos. Vale considerar que os produtores do agronegócio são cada vez mais exigentes nessas questões (DUNN; LORDUY, 1990).

Uma alternativa para uniformizar os diferentes estádios produtivos das plantas, é o uso do recobrimento de sementes com materiais que facilitem a mudança e a obtenção de um conjunto de características físicas, fisiológicas e morfológicas que, em condições normais, não seriam atingidas. As sementes normais apresentam dificuldades na semeadura direta, devido fundamentalmente à sua forma, tamanho, massa, falta de uniformidade na germinação e dormência (SCOTT, 1989).

As tecnologias de precisão têm sido demandadas particularmente por produtores que cultivam grandes áreas (CENTENO, 1995). As sementes recobertas têm assumido um destaque na semeadura de algumas espécies e, especialmente, aquelas de sementes pequenas,


| 12 como as de gergelim (CENTENO, 1995; DOĞAN et al, 2005), ou de formas irregulares como do algodão (LEVIEN et al., 2008).

Quando as sementes são recobertas para realizar o plantio de precisão, é possível alcançar um melhor estabelecimento de plântulas sob condições de altas temperaturas do solo (VALDÉS et al., 1985; BERTAGNOLLI, 2003). Trabalhos de encapsulação de sementes de algodão e de gergelim foram desenvolvidos por Baltiere (1993) e Doğan et al. (2005), respectivamente. Estes autores verificaram que as sementes encapsuladas aperfeiçoaram a distribuição pela semeadora, sem perda de sua qualidade fisiológica, permitindo semeadura de precisão, que dispensa o desbaste. Ademais, Baltiere (1993), Centeno (1995) e Doğan et al. (2005) observaram que as sementes de algodão e de gergelim encapsuladas reduzem significativamente os custos com mão-deobra e apresentam as seguintes vantagens: possibilidade de programação do plantio, economia de sementes, plantio no espaçamento definitivo e eliminação dos custos com a operação do desbaste. A técnica de encapsulação de sementes permite também maior velocidade de plantio e uniformidade de maturação dos frutos e colheita.

Outras vantagens do recobrimento de sementes, citadas por Duran (1989) são: a precisão na semeadura e no espaçamento de sementes pequenas e de formato irregular; a redução nos custos de produção; a diminuição de impactos que sofrem as sementes durante a semeadura; a formação de um microambiente mais uniforme ao redor das sementes no solo; a possibilidade de inclusão de produtos úteis às sementes; a economia de sementes; a redução de mão de obra de ressemeadura e desbaste; a melhoria das características de fluxo e plantabilidade, e aperfeiçoamento das condições de segurança, minimizando a exposição dos operadores ao produto químico, especialmente quando são utilizados produtos sistêmicos.

No Brasil, para as grandes culturas, o recobrimento de sementes ainda é considerado uma tecnologia que faltam informações técnico-científicas. A agregação de valor às sementes, utilizando métodos e tecnologias de produção como a de recobrimento de sementes, vem sendo uma exigência do mercado, cada vez mais competitivo. Para isto são necessárias


| 13 sementes com alta uniformidade de germinação/emergência (vigor) e que produzam plântulas com alto potencial de crescimento (BAUDET; PERES, 2004).

Embora a técnica de revestimento de sementes tenha sido desenvolvida há vários anos, as informações referentes à composição dos materiais empregados e a confecção de sementes recobertas são pouco difundidas, uma vez que esta técnica permanece inacessível junto às empresas de sementes e as companhias processadoras dos revestimentos das sementes. No processo de encapsulação, basicamente se aplicar camadas sucessivas de um determinado pó sobre as sementes, que estão em constante movimento dentro de uma betoneira (tambor de aço inoxidável), alternando a aplicação do material de enchimento com a pulverização de um cimentante solúvel em água (SILVA, 1997; SILVA; NAKAGAWA, 1998a).

O recobrimento é utilizado para carregar e incorporar materiais como fungicidas, micronutrientes, inseticidas, hormônios vegetais e polímeros que proporcionam melhorias no desempenho das sementes, suas respectivas plântulas e até mesmo em estádios mais avançados da cultura (SAMPAIO, 1992). OBJETIVOS DO RECOBRIMENTO DE SEMENTES O processo de revestimento de sementes tem como principais objetivos:

- Modificar a massa, tamanho e forma das sementes muito pequenas (MEDEIROS et al., 2004; DOĞAN et al., 2005), ou de formas irregulares como as sementes do algodão (LEVIEN et al., 2008);

- Proporcionar semeadura direta de precisão devido ao estabelecimento completo, rápido e uniforme de plantas sobre todas as condições ambientais (SAMPAIO, 1992), permitindo a distribuição da semente no espaçamento correto e quantidade desejada; - A incorporação nas espécies de leguminosas de bactérias fixadoras biológicas de nitrogênio do gênero Rhizobium, específicas para cada uma destas espécies, a fim de maximizar a capacidade de produzir nódulos (LOWTHER, 1975);


| 14 - Incorporar às sementes, geralmente de pequeno tamanho, um complexo de fungicidas, inseticidas e inclusive fertilizantes e reguladores de crescimento, especificamente recomendados para conseguir um melhor desenvolvimento vegetativo e nutrição das plântulas (TONKIN, 1979; SCOTT et al., 1987; SAMPAIO, 1992, OLIVEIRA et al., 2003; ASERGO et al., 2006, BAUDET; PERES, 2004; BAYS, 2005); - Adicionar as sementes no processo de recobrimento, substâncias (polímeros) com alta capacidade de controlar a umidade do solo para as mesmas, visando promover sua melhor germinação (SAMPAIO, 1992).

IMPORTÂNCIA DO RECOBRIMENTO DAS SEMENTES A tecnologia de recobrimento de sementes poderá proporcionar importantes vantagens e benefícios para os cultivos de algodão e gergelim, entre os quais: 1- Permitir mudança completa no sistema tradicional de plantio usado em condições de campo, devido ao efeito positivo na uniformidade e homogeneização das espécies em evidência; 2- Incrementar substancialmente a capacidade de semeadura no sistema de plantio mecanizado e reduzir os custos de produção (hora máquina/homem); ou seja, as sementes recobertas (mais pesadas, de maior tamanho e com mais uniformidade) permitem aumentar significativamente a velocidade de plantio devido à maior vazão da semeadora. 3- Modificar a técnica de produção, tornando-a mais competitiva pelo aumento da demanda de sementes, em consequência da maior produtividade da cultura; 4- Utilizar os mesmos materiais encapsulantes na técnica de recobrimento de sementes (algodão ou gergelim) para plantio direto. 5- Permitir maior controle da emergência de plântulas na semeadura direta de precisão, o que é extremamente importante para os produtores conseguir uma população homogênea de plantas (sem desbaste), por ser semeada apenas uma semente por unidade encapsulada.


| 15 6- O encapsulamento de sementes constitui-se no primeiro passo para se chegar à produção de sementes sintéticas, associando o domínio desse processo às áreas de biotecnologia e nanotecnologia (DURAN; RETAMAL, 1989).

ORIGEM DAS SEMENTES RECOBERTAS O recobrimento de sementes foi primeiramente utilizado pelos chineses que revestiam as sementes de arroz com lodo para evitar que flutuassem. As primeiras pesquisas envolvendo essa tecnologia foram obtidas em sementes de hortaliças, para melhorar sua plantabilidade. Os custos das lavouras de hortaliças, especificamente no caso da cenoura, alcançavam níveis muito altos, principalmente de mão-de-obra, pela necessidade de fazer o desbaste para uniformizar o estande populacional de plantas. O recobrimento das sementes de hortaliças permitiu resolver este problema, ao uniformizar o tamanho e formato das mesmas, assegurando a precisão na semeadura e na aplicação dos produtos químicos, proporcionado ainda uma significativa redução nos custos da referida lavoura (CENTENO, 1995). A aplicação comercial da técnica de recobrimento de sementes surgiu em 1940, sendo a Vogelsang considerada a primeira companhia interessada no processo de produção e comercialização de sementes “peletizadas” (ROOS; MOORE, 1975). Com base nos resultados promissores das sementes recobertas, em 1946 foi formalizada a primeira patente mundial em favor da empresa CERES com as sementes de beterraba. Em 1974, um estudo realizado pela companhia Agrow Seed Co, constatou que 43% dos produtores de hortaliças dos USA utilizavam técnicas de semeadura de precisão, de maneira que o êxito para implantação de vários cultivos dependia do uso de sementes recobertas (CENTENO, 1995).

TIPOS DE SEMENTES RECOBERTAS Basicamente, qualquer tipo de semente pode ser recoberta. Entretanto, só é interessante revestir sementes que apresentam dificuldades de distribuição na semeadura, por serem pequenas, ásperas, de formato irregular ou por conterem pêlos, espinhos, arista, etc. Os materiais de recobrimento formam a maior fração da camada de revestimento e deve se constituir de materiais inertes, insolúveis em água e de granulometria fina e uniforme, para


| 16 que se tenha porosidade suficiente para evitar a restrição de trocas gasosas entre a semente encapsulada e o ambiente externo (SAMPAIO, 1992). A partir da década de 1980, houve um avanço tecnológico no processo de recobrimento das sementes, que foi acompanhado de certa confusão terminológica. Em muitos casos, tem sido constatado que a mesma técnica era descrita utilizado termos distintos. Com base na literatura consultada por Sampaio (1992), foi possível estabelecer alguns termos técnicos mais relacionados com os diferentes processos de recobrimento das sementes em geral (Tabela 1). Tabela 1. Classificação das sementes recobertas com base em suas características e utilização ou não para semeadura de precisão. TIPOS

CARACTERÍSTICAS

Revestida

SEMEADURA DIRETA

Massa, tamanho e forma inicial pouco modificadas.

Incrustada

Massa

Peletizadas

e

tamanho

pouco

Adequado ou não para

modificados. Forma modificada.

semeadura de precisão

Grânulos que podem conter uma ou mais sementes Tabletes

Encapsuladas

Recobrimento

por

realizado

por

pressão. Recobrimento

Recobertas

realizado

aglutinação de materiais em tambor giratório.

Entre- Fitas

Produzido especialmente para semeadura de precisão

As sementes são distribuídas entre duas fitas de material solúvel em água.

Sampaio (1992) encontrou as seguintes definições para cada tipo de sementes recobertas:

Semente Revestida: refere-se à obtenção de uma fina película sólida ou líquida sobre a semente, mediante aplicação de sólidos diluídos ou em suspensão, formando então uma capa continua que cubra a superfície natural da semente. Uma vez efetuado o processo, as sementes se mantêm individualizadas e o tratamento apenas modifica a massa e a forma original.


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A peliculização se refere a um revestimento feito às sementes com um film-coating (polímero), que possui como principal característica a sua solubilidade em água. Possui ainda excelente capacidade de aderência às sementes, melhorando a eficiência dos produtos utilizados em associação aos tratamentos químicos (fungicidas, inseticidas, nutrientes). Também os polímeros líquidos transparentes são usados junto com enchimentos em pó para o revestimento da semente, visando aumentar a massa e modelar a forma da semente (Figura 1).

Figura 1. Sementes de milho revestidas com polímeros. Foto: Vicente de Paula Queiroga.

Semente incrustada: Uma vez realizado o tratamento com um sólido, as sementes se mantêm individualizadas, com modificações importantes do tamanho e massa inicial, mas não na sua forma original (Figura 2). Segundo a empresa Matsuda (2010), é definido como um revestimento que aumenta de 1 a 5 vezes a massa das sementes, constituído de materiais que não prejudicam a germinação, podendo ser acrescidas de vários nutrientes, além do polímero, fungicida e inseticida.


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Figura 2. Sementes incrustadas produzidas por empresa nacional. Foto: Vicente de Paula Queiroga.

Semente Peletizada: É o resultado da aplicação de materiais sólidos, em quantidade suficiente, para a formação de grânulos, aproximando-se de uma forma esférica ou elíptica, com uma ou mais (geralmente 4 a 5) sementes por unidade. Esse processo não é muito utilizado em sementes de forrageiras, é mais comum em hortaliças (Figura 3), tabaco e espécies florestais. Para a Matsuda (2010), esse processo é idêntico à incrustação, com a diferença que o aumento de massa é de 15 a 200 vezes em relação à massa das sementes originais.


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Figura 3. Sementes de hortaliças submetidas ao processo de peletização com distintas cores. Foto: Vicente de Paula Queiroga.

Sementes Encapsuladas: Este tipo de semente é destinado fundamentalmente à semeadura de precisão; ou seja, cada unidade contém apenas uma semente com a forma esférica ou elíptica. Em razão das modificações do tamanho e forma da semente, externamente não é possível reconhecer a espécie encapsulada.

a) Sementes em Tabletes. Trata-se de sementes encapsuladas obtida por compressão. As sementes de hortaliças são colocadas uma a uma sobre uma plataforma alveolada ou encerradas em adubo colorido em pasta, sendo que a sua forma final vem dada por um molde utilizado no processo de encapsulação. Estas sementes são denominadas de tablet seeds (Figura 4).


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Figura 4. Sementes de hortaliças em tabletes, diferentes tamanhos e formas. Foto: Vicente de Paula Queiroga.

b) Sementes Recobertas: Trata-se de semente encapsulada obtida por agitação das sementes no interior de um tambor rotativo, onde o adesivo e o material em pó são aglutinados. O adesivo pode ser incorporado mediante nebulização, enquanto o material inerte (pó) pode se incorporar através de polvilhamento. O tambor em rotação e o resvalamento de umas sementes sobre as outras faz com que o pó se adira à superfície das sementes e, finalmente, forme uma pílula, cuja forma final pode ser esférica ou elíptica (SAMPAIO, 1992; Figura 5).


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Figura 5. Sementes de gergelim originais e recobertas (encapsuladas). Fotos: Vicente Paula Queiroga e João Henrique Zonta.

Sementes entre Fitas: Essas sementes se obtêm pelo processo especial de recobrimento, mediante a incorporação das sementes, de forma mecânica, sobre uma fita celulósica (papel) ou plástica, facilmente degradável pela água. A fita, contendo as sementes espaçadas, pode ser dobrada, formando um rolo (Figura 6), facilmente transportável e apta para ser estendida diretamente sobre o solo. A mesma também é chamada de taped seeds.

Figura 6. Rolos contendo sementes de hortaliças distribuídas entre duas fitas. Foto: Vicente de Paula Queiroga.


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MATERIAIS DE RECOBRIMENTO DE SEMENTES A encapsulação se caracteriza pelo processo de envolvimento das sementes por um pó (agente encapsulante) e um adesivo (agente adesivo), misturados em proporções adequadas (MEDEIROS et al., 2006), de maneira que o recobrimento da semente serve também de proteção para a mesma a fatores externos, bem como às intempéries naturais (VALDÉS et al., 1985).

Para satisfazer o processo de recobrimento, Sampaio (1992) afirma que os adesivos têm que apresentar algumas características especiais: a) maior afinidade para determinados substratos; b) distintos graus de solubilidade (ou insolubilidade) em água; c) resistência e plasticidade para evitar fraturas e polvilhar, e d) viscosidade apropriada para facilitar sua aplicação.

Os adesivos estão divididos em três grupos: orgânicos, minerais e sintéticos (Tabela 2). Por ser mais conhecido e de fácil aquisição, o grupo dos orgânicos tem sido mais utilizado. Baltiere (1993), Arantes et al. (2000) e Doğan et al. (2005) relacionam vários produtos adesivos testados em recobrimento de sementes de algodão e gergelim, que não apresentaram efeitos adversos sobre a germinação e crescimento das plântulas. Alguns desses produtos são compostos de material celulósico solúvel em água, amido solúvel em água, metil-celulose (methocel) (Figura 7), goma arábica mais sacarose, celulose mais hemicelulose de pasta de madeira e materiais inorgânicos naturais (minerais de argila e composto de silicato).


| 23 Tabela 2. Classificação de materiais empregados no recobrimento das sementes, segundo seu desempenho no processo. ADESIVOS

COBERTURAS

Orgânicos

Minerais

CORANTES

ADITIVOS

Corante aliment.

Nutrientes

autorizados

Óleo vegetal

Argilas

Areia

Amarelo limão T

Aminoácidos

Açúcar

Bauxita

Vermiculita

Amarelo de quinoleína

Açucares

Caseína

Bentonita

Fosforita

Azul V

Minerais

Etilcelulosa

Dolomita

Talco

Clorofila solúvel

Praguicidas

Gelatina

Turba

Gesso

Clorofilina solúvel

Antídotos

Goma arábica

Trípoli

Carb. Cálcio

Eritrocina G

Bactericidas Insecticidas

Leite em pó

Terra de

Caulim

Laranja PAL

diatomeas Metilcelulose

Nematicidas

Coloídes

Negro BBN

hidrófilos

Animais

Herbicidas Repelentes

Orgânicos Minerais e Sintéticos

Fungicidas

Vegetais

Vermelho Fresa AM

Reguladores de crescimento

Punzo 3 RF

Auxinas Citoquininas

Óleos minerais

Farinha de

Carvão

Rosalina FA (anilina)

Etileno Giberelinas

ossos Acetato polivinila

Galinhaço

Pó de Serra

Outros

Ácido Abscísico

Álcool polivinílico

Mucilagem

Cascalhos

Esmaltes

Outros

Óxidos polietileno

Sangue

Musgos

Lacas

Cofatores Vitaminas

Poliuretanas

Tintas

C. hidrófilos

Resina plástica

Peróxidos

Polielectrolitos

C. hidrófobos

Fonte: Sampaio (1992).


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Figura 7. Adesivo methocel diluído e em pó. Foto: Vicente de Paula Queiroga.

Sampaio (1992) admite que todos os adesivos citados na Tabela 2 podem ser utilizados nos múltiplos recobrimentos de sementes com maior ou menor eficácia. Por outro lado, o polivinil pirrolidona( PVP) é um adesivo altamente apropriado para recobrir sementes que devem suportar alguns tipos de impacto ou abrasão durante a semeadura, provocadas pelas plantadeiras mecânicas e pneumáticas ou quando as sementes são pré-mescladas com fertilizantes. Este é um material de elevado custo, utilizado onde os incrementos de custo são compensados pelos benefícios que aportam (MEDEIROS et al., 2004).

Os materiais de coberturas das sementes são bastante numerosos (Figura 8; Tabela 2); em razão disso, sua escolha e utilização irão depender de alguns fatores: a) a espécie da semente a ser recoberta; b) os objetivos pretendidos com o recobrimento; c) das condições ambientais em que o cultivo desejado será submetido e d) a compatibilidade com os outros materiais e os tratamentos aplicados de forma combinada para as sementes (SAMPAIO, 1992).


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A

B

C

D

E

F

Figura 8. Inorgânicos: caulim (A), talco (B) e bentonita (C) e orgânicos: carvão ativado (D), pó de serra (E), cascalhos (F). Fotos: Vicente de Paula Queiroga.

Em ensaio experimental de recobrimento de sementes de algodão com o material amido, Ghosh e Elawady (1973) observaram que este material proporcionou às sementes cobertas, melhor característica de fluxo pela máquina semeadora.

Quando as sementes recobertas com o produto coating atingem o tamanho desejado, aplicase de imediato o produto finishing (produtos inorgânicos e adesivos) de acabamento para fixar as camadas de pó às sementes, sendo esses materiais desenvolvidos pela Incotec. O último pó promove o acabamento final, que resulta em cápsulas uniformes, lisas e individualizadas. Após todo o processo, as sementes são cuidadosamente peneiradas para retirar o material não agregado (QUEIROGA et al., 2010bc). Junto com os materiais inertes e adesivos utilizados para formar o recobrimento das sementes, podem ser acrescentadas outras substâncias, tais como: nutrientes, inseticidas, fungicidas, etc (SAMPAIO, 1992; Tabela 1).


| 26 Uma das etapas no processo de recobrimento de sementes inclui a aplicação de polímeros e corantes. Os polímeros de cobertura de sementes são disponíveis em: filmes incolores (PolySeed) ou filmes coloridos (ColorSeed) . Os filmes coloridos, em cores padronizadas ou sob encomenda, podem ter diferentes acabamentos, como sólido, brilho, perolado ou metalizado (RIGRANTEC, 2011).

Os filmes coloridos são usados como um identificador, diferenciando as sementes tratadas por diversas formas. Além disso, os filmes coloridos também podem ser a principal forma de proteger e diferenciar sementes de grãos (RIGRANTEC, 2011).

EQUIPAMENTOS PARA RECOBRIMENTO DE SEMENTES O equipamento para recobrimento de sementes assemelha-se muito a uma betoneira, com o tambor misturador modificado (sem arestas), que deve ser feito de aço inoxidável, para evitar agregação de partículas de pó na sua superfície interna. Outra modificação seria do movimento do tambor, acionado por um motor (2 c.v.) com variação da velocidade de rotação de zero até 60 rpm. Incorporado à betoneira, há uma bomba peristáltica (que impulsiona o líquido para o tambor) e uma pistola pulverizadora de regulação manual através de um temporizador e um comando elétrico automático. Também vem equipado com um depósito de 10 quilos para a saída do pó utilizado para recobrir as sementes, auxiliado por um mecanismo de alimentação de rosca sem fim, movido por um motor com variação de velocidade eletrônico (capacidade de 0,5 c.v.) e acompanha um pequeno compressor de ar. Este equipamento da Figura 9 é fabricado pela empresa espanhola JOMAGA de Huesca, Espanha (QUEIROGA et al., 2010bc).


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Figura 9. Equipamentos de recobrimento de sementes do fabricante Jomaga com aspirador. Fotos: Arquivos das empresas Jomaga e Evanthia

Existe a possibilidade de uso da máquina drageadeira em aço inox 304 do fabricante Produtos W.F.A. (2009), desde que devidamente adaptada (Figura 10) para essa finalidade, especialmente quanto ao mecanismo de regulagem de velocidade de rotação do recipiente das sementes, que deve variar de 40 rpm a 50 rpm. Além disso, o tamanho do tambor recomendado para o recobrimento de sementes de algodão deve possuir uma capacidade mínima de 40 litros (QUEIROGA et al., 2010bc). Na Figura 11, observam-se todos os mecanismos de funcionamento de um determinado equipamento com alta capacidade de revestimento de sementes.


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Figura 10. Máquinas drageadeiras de revestimentos de sementes. Fotos: Arquivo da Empresa exapro.es e Maestro Manolo.

Figura 11. Equipamento de revestimento de sementes destacando as suas partes estruturais e os principais dispositivos eletrônicos


| 29 Todo o equipamento de recobrimento deverá possuir um sistema (chave) de ajuste do tambor, pois dependendo do tamanho das sementes, o seu ângulo de inclinação precisa de ser regulado (Figura 12). Uma vez regulado o tambor, durante o movimento rotatório das sementes no seu interior, são desencadeadas várias forças de distintas naturezas, tais como: coesão, mecânica, Van der Waals e eletrostática, que favorecem o aglutinamento natural das sementes com o material de recobrimento, mesmo na ausência de adesivos aplicados em nebulização (SAMPAIO, 1992; CENTENO, 1995).

Figura 12. Ângulo de inclinação de 45º do tambor para o recobrimento de sementes de algodão. Equipamento da Universidade Politécnica de Madrid, Espanha. Foto: Vicente de Paula Queiroga.


| 30 Para evitar que os materiais de aglutinação (orgânico + inorgânico) mesclados com o adesivo não sejam aderidos às paredes do recipiente durante o processo de recobrimento de sementes, a empresa Ramiro Arnedo Semillas utiliza apenas tambor feito em aço inox 316 e de acabamento interno extremamente liso (Figura 13). Vale a ressalva que o equipamento do fabricante Jomaga não atende esses padrões técnicos, apesar de ser dotado de um tubo exaustor de poeira.

Figura 13. Acabamento interno do tambor liso com capacidade de 10 litros do miniequipamento de recobrimento de sementes da Universidade Politécnica de Madrid. Espanha. Foto: Vicente de Paula Queiroga.

Quando o recobrimento é realizado em um tambor pequeno (10 litros), ocorre um aumento proporcional de umidade nas sementes e no material de cobertura, decorrente da aplicação do aditivo na forma de pulverizações. Para manter um nível de umidade baixo em todo processo de recobrimento, Sampaio (1992) recomenda incorporar ao sistema, um insuflador de ar para dirigir o ar aquecido diretamente à superfície exterior do tambor em rotação, utilizando um equipamento que permita regular a temperatura (Varitemp, modelo VT 752 A), que não deverá ultrapassar os 25 ºC no seu interior (Figura 14).


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Figura 14. Equipamento insuflador de ar quente (vermelho) direcionado à superfície externa do tambor. Foto: Diego Antonio Nóbrega.

A Drageadeira Newpack é uma das primeiras no Brasil a possuir controladores digitais que acionam os temporizadores de injeção e de pausa do spray, controle do giro da esfera, controle digital da temperatura e acionamento temporizado do soprador térmico, eliminando assim o alto custo de mão-de-obra.

A Drageadeira N-150 foi desenvolvida pela empresa Newpark máquinas para diversos tipos de revestimentos, como corantes, aromatizantes, pós, grãos, entre outros (Figura 15). Possui ajustes digitais que controlam o aquecimento e o giro da esfera de inox. É uma das primeiras do mercado a possuir controladores digitais que acionam os temporizadores de injeção e de pausa do spray, controle do giro da esfera, controle digital da temperatura e acionamento do soprador térmico, eliminando assim o alto custo de mão-de-obra. As principais características do equipamento Drageadeira modelo N-150: a) - Regulagem da velocidade da cuba; b) Spray com vazão de 40 ml/minuto; c) - Aletas removíveis para facilitar a higienização; d) -


| 32 Soprador térmico e ar ambiente; f) - Estrutura feita em aço inox polido; g) - Sistema de operação: pneumático; e h) - Sistema com regulagem de tempo de borrifamento.

Figura 15. A) Drageadeira N150 e B) Drageadeira N-10 de bancada. Fotos: Arquivo da Newpark máquinas.

Enquanto a Drageadeira N-10 foi desenvolvida para setores laboratoriais, sendo um equipamento de pequeno porte e possuindo ajustes digitais que controlam o aquecimento e o giro da esfera de inox, realiza regulagem da velocidade da cuba; possui spray com vazão de 40ml/minuto; tem aletas removíveis para facilitar a higienização; dotado de soprador térmico e ar ambiente; apresenta estrutura feita em aço inox polido; e possui sistema de operação mecânico/pneumático; e é dotado de sistema com regulagem de tempo de borrifamento.


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METODOLOGIA DE RECOBRIMENTO PARA SEMENTES DE ALGODÃO 1-SEMENTES DE ALGODÃO DESLINTADAS QUIMICAMENTE Antes do processo de deslintamento, os técnicos da Deltapine Monsanto recomendam submeter uma pequena amostra de sementes com línter ao teste de acidez, utilizando os seguintes procedimentos de laboratório: 1) Na pequena prensa hidráulica se extrai 1 mL de óleo da amostra de sementes (Figura 16). Como o equipamento de extração não tem filtro, o importante é que a umidade da semente não seja superior a 12%, pois do contrário fica difícil obter o óleo; 2) O óleo obtido se mescla com 2,8 mL de solução de fenoltaleina a 1% e logo se faz a titulação com hidróxido de sódio; 3) A quantidade de gotas de hidróxido de sódio utilizado indica o grau de acidez da amostra, sendo o limite definido de 1% para deslintar.

Figura 16. Prensa hidráulica de sementes com línter, acionada por uma bomba de ar comprimido, para extração de óleo. Foto: Riselane de Lucena Alcântara Bruno.


| 34 O primeiro passo para a produção de sementes encapsuladas de algodão é o deslintamento químico das sementes com línter, utilizando a proporção de 1 litro de ácido sulfúrico para 7 quilos de sementes (QUEIROGA et al., 2007; QUEIROGA et al., 2010bc).

Para deslintar uma pequena quantidade, a semente de algodão revestida com línter é colocada em um tanque ou balde de plástico, onde é adicionado o ácido sulfúrico e faz-se a agitação com uma colher de madeira (tipo bastão com uma extremidade achatada) por menos de 5 minutos. Nesse tempo pode ocorrer à degradação do línter, tendo como produto final, as sementes sem línter, o línter degenerado, ácido e glicose. Após o contato com o ácido, a semente deve ser lavada com água corrente em abundância e, em seguida, neutralizada por uma solução de hidróxido de cálcio (5%), para remover o ácido remanescente nas sementes, e finalmente devem ser secadas naturalmente à sombra antes do tratamento químico com fungicidas (BELTRÃO; AZEVEDO, 2008).

No deslintamento químico em maior escala, realizado após o mecânico, o línter é desintegrado por ácidos (GELMOND, 1979). Há, basicamente, três sistemas de deslintamento com ácido: via úmida concentrada (H 2SO4), via úmida diluída (H2SO4) e via gasosa (HCl). Vale frisar que os três processos proporcionam sementes totalmente livres de línter. Mesmo assim, nos processos químicos podem ocorrer problemas na qualidade das sementes decorrentes do tempo e da temperatura de reação e da presença de sementes danificadas mecanicamente (GABRIEL et al., 2015).

Deslintamento mecânico em conjunto com o químico. De acordo com MacDonald et al, (1947), há uma possível vantagem do deslintamento químico quando o mesmo é realizado em conjunto com o deslintamento mecânico. Esses autores afirmam que o deslintamento mecânico reduz consideravelmente o línter, mas quando é complementado pelo processo químico (ácido sulfúrico) estará eliminando totalmente o línter da superfície da semente (Figura 17). A ação conjunta de ambos os processos é mais eficiente por reduzir o tempo de reação e por representar uma economia na quantidade de ácido sulfúrico. Por meio de roscassem-fim e elevador de caçambas, as sementes são transportadas para alimentar o deslintador mecânico (Figura 18).


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Figura 17. Em alguns casos, o deslintamento de sementes apenas com ácido sulfúrico pode não ser eficiente na eliminação do línter (A); enquanto o deslintamento mecânico de sementes e complementado com o químico elimina totalmente o línter (B). Fotos: Vicente de Paula Queiroga

Figura 18. A- Roscas-sem-fim e B- elevador de caçambas ou canecas para transporte de sementes com línter; C- Deslintadores mecânicos de serras para cortar e eliminar parcialmente o línter. Fotos: Édio Brunetta e Vicente de Paula Queiroga.

Deslintamento químico (Diluído). Existem vários processos de deslintamento utilizados no mundo, porém os mais comuns estão os químicos via úmida, que empregam ácido sulfúrico concentrado ou diluído. A tecnologia de deslintamento químico via-úmida e diluída é utilizada pela usina de deslintamento de sementes Itaquerê (Udesil) em Primavera do Leste-MT. É importante frisar que a Udesil emprega a mais moderna tecnologia disponível na atualidade, a


| 36 qual foi importada dos Estados Unidos em 1999 e se baseia na aspersão de uma mistura da ordem de 6 a 8% de ácido sulfúrico acrescido de água e detergente (com função de quebrar a tensão superficial das células que compõe a fibra) sobre o montante de sementes com línter, que em associação com o movimento rotativo das máquinas deslintadoras e o calor acrescido ao sistema, transformam a celulose da fibra em um pó fino como talco, que após a neutralização pode ser utilizado como fertilizante. Todo o processo é controlado por um sistema automatizado e monitorado nas diversas etapas do processo (BRUNETTA et al., 2011). O processo consiste inicialmente em promover a diluição, com água, do ácido sulfúrico concentrado (98,2%) para em torno de 10%. Em seguida, procede-se a mistura da solução com as sementes com línter em um dispositivo de mistura. As sementes são então conduzidas para um reator, constituído de tambor rotativo com passagem forçada de ar quente (MOTA, 2009; Figura 19). O ar quente promove a evaporação da água utilizada na diluição do ácido, ao mesmo tempo em que provoca a concentração do ácido aos níveis iniciais. Quando isso ocorre, verifica-se a hidrólise ácida da celulose e o consequente desprendimento do línter do tegumento da semente (MOTA, 2009). Por exaustão, o línter é retirado do reator, conduzido a um ciclone para posterior recolhimento em silos ou big bags. Esse línter contém parte do ácido sulfúrico utilizado na reação e, por isso, para sua disposição adequada no solo, como resíduo, deve ser total ou parcialmente neutralizado com CaCO3 ou NaOH (MOTA, 2009).

Figura 19. A). As sementes com ácido diluído são submetidas à temperatura inicial do ar de entrada no reator de 120 ºC e a de saída de 48 ºC (processo perdura por 75 minutos) e B). Através


| 37 das perfurações do tambor, o línter hidrolisado é arrasado pelo ar do exaustor, passa pelo ciclone e é recolhido por rosca sem-fim. Fotos: Emilia Gonçalves da Mota, 2009.

As sementes são descarregadas do reator, neutralizadas com carbonato de cálcio (CaCO3) ou hidróxido de sódio (NaOH), beneficiadas e empacotadas (MOTA, 2009). As amostras de línter hidrolisado e línter neutralizado provenientes do deslintamento químico diluído e o línter mecânico do proveniente do deslintamento mecânico, encontram-se na Figura 20.

Figura 20. Resíduo gerado após deslintamento (A); línter hidrolisado (a), línter neutralizado (b) e línter mecânico (c). Fotos: Emilia Gonçalves da Mota, 2009.

Para que esse método possa ser utilizado sem causar problemas ambientais é necessário que se faça adequado tratamento do afluente gerado no deslintamento antes de sua disposição no meio ambiente. Para cada tonelada de sementes deslintada, gera-se cerca de 1.300 litros de resíduo líquido, composto, aproximadamente, de 1.000 litros de água, 100 litros de celulose parcialmente hidrolisada e 186 litros de ácido sulfúrico (MOTA, 2009). Deslintamento químico (Concentrado). A Embrapa conheceu o sistema de deslintamento químico concentrado empregado pela Usina da Payco S./A., instalada na propriedade Golondrina, estado de Caazapá, Paraguai. Esse sistema se baseia na aspersão de ácido sulfúrico comercial ou


| 38 concentrado (98% de pureza com densidade de 1,84 kg por litro) e aplica-se sobre as sementes com línter na proporção de 1 litro para 6 a 8 quilos de sementes durante 3 a 5 minutos (GURJÃO FILHO et al, 2010; Brunetta et al., 2011; GABRIEL et al, 2015). Ao mesmo tempo, as sementes são movimentadas por várias palhetas presas a um tubo ou eixo central, ambos feitos de ácido inoxidável, dentro de uma calha feita de fibra de vidro. A rotação do tubo pode variar de 15 a 25 rpm dependendo do tempo estabelecido de deslinte (entre 3 a 5 minutos), do dimensionamento das engrenagens motora e do comprimento de cada calha (até 5 metros) percorrida pelas sementes em movimentação constante, devido à ação das palhetas ao longo do tubo ou eixo central. Essas palhetas são presas por porcas quadradas em diferentes posições do eixo e são mais eficientes que a rosca-sem-fim, pois como as mesmas são projetadas para passar a poucos centímetros da parede da calha, de modo que na sua parte inferior as sementes não são acumuladas e movimentadas lentamente como sucede quando se usa a rosca-sem-fim (Figura 21). No final da calha superior com ácido, as sementes são descarregadas por gravidade em pequenas camadas para outra calha inferior de lavagem.

Figura 21. A-Palhetas presas ao eixo central por porcas quadradas e ajustadas para passar a poucos centímetros da superfície da calha de fibra de vidro. B- Local da descarga de sementes da calha superior com ácido (H2SO4) ou base (NaOH) para a calha inferior de lavagem. Fotos: Vicente de Paula Queiroga.

O mecanismo operacional do deslintamento de sementes de algodão com línter com ácido sulfúrico concentrado, via úmida, passa por 4 calhas feitas de fibra de vidro e é composto, fundamentalmente, de um chassi para suporte dos seguintes dispositivos: alimentador do tipo elevador de canecas, para o transporte da semente de algodão com línter; moega reguladora


| 39 da quantidade de semente a ser introduzida na primeira calha de deslintamento (Figuras 22 e 23). Na primeira calha, as sementes com línter são submetidas à aspersão do ácido por dois bicos de pulverização existentes no túnel de proteção. Ou seja, o tanque de ácido sulfúrico com bomba alimentadora, instalado na parte externa do galpão, permite sua circulação no cano por pressão, o qual se bifurca em dois nas proximidades do túnel de proteção, dando origem aos bicos reguladores de vazão de ácido sulfúrico (Figura 24). Uma vez submetidas a tal tratamento, as sementes, por agitação das palhetas, são conduzidas ao outro extremo da calha de 5 metros de comprimento.

Figura 22. Esquema geral (planta baixa) de funcionamento do processo de deslintamento de sementes de algodão com línter: Primeira calha com pulverização de ácido sulfúrico concentrado sobre as sementes com línter e sua agitação com palhetas; Segunda calha com lavagem com água das sementes sem línter e sua agitação com palhetas para reduzir o efeito do ácido; Terceira calha com pulverização de NaOH (solução de 5%) sobre as sementes sem línter e sua agitação com palhetas para neutralizar os resíduos do ácido; e Quarta calha com lavagem com água das sementes sem línter e sua agitação com palhetas para eliminar os resíduos da base. Em seguida, as sementes deslintadas e úmidas são transportadas por várias chapas plásticas presas a corrente dentro das calhas inclinadas para os secadores. Foto: Vicente de Paula Queiroga e Sergio Cobel.


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Figura 23. A- Moega de alimentação de sementes com línter; B- Elevadores de caçamba; CTúnel de pulverização de ácido sulfúrico na primeira calha; D- Painel de automação do sistema de deslintamento; E- as paredes do galpão são formadas, em parte, por blocos vazados para arejar o ambiente, evitando assim seu aquecimento pelos secadores e a intoxicação humana pela inalação do ácido. Fotos: Vicente de Paula Queiroga e América Gonzalez Sanabria.

A

B

Figura 24. Extremidade da primeira calha um túnel de proteção com dois bicos de pulverização para introduzir o ácido sulfúrico por dois canos (cor alaranjada) com pressão da bomba centrífuga de 0,25 a 0,5 Watts de potência. Fotos: Vicente de Paula Queiroga e América Gonzalez Sanabria.


| 41 Por meio de um furo no fundo da calha, as sementes já deslintadas são descarregadas na segunda calha (5 metros de comprimento) com seu fundo perfurado (ou tela) com crivos de 2,5 mm de diâmetro para escoamento da água. Além disso, a mesma é dotada de palhetas para movimentação das sementes e de vários bicos de água pressurizada provenientes dos tubos de PVC, cuja lavagem irá reduzir o efeito corrosível do ácido sobre as sementes sem línter (Figura 25). Do mesmo modo anterior, as sementes são descarregadas para a terceira calha (5 metros), a qual possui um pequeno túnel de aspersão de uma solução de hidróxido de sódio (5% de NaOH), também conhecido de solda caustica, para o processo de neutralização por agitação das palhetas. Na quarta calha (5 metros), as sementes em movimentação, por ação das palhetas, são lavadas com água pressurizada para eliminar os resíduos de NaOH e completar o processo de neutralização das sementes deslintadas.

A

B

C

Figura 25. A- Calha de fibra de vidro com palhetas para agitação de sementes com H2SO4 ou NaOH e B, C- calha de lavagem de água pressurizada com agitação de palhetas para eliminar os resíduos de ácido ou base. Fotos: Vicente de Paula Queiroga e América Gonzalez Sanabria.

Os secadores contínuos de fluxo cruzado caracterizam-se pela passagem do ar perpendicularmente a uma camada de sementes, os quais se movem entre chapas perfuradas. Possui um ventilador para a insuflação do ar aquecido sobre a massa de sementes. Os secadores de fluxo cruzado são mais populares pela simplicidade de construção e baixo custo


| 42 (STEVENS; THOMPSON, 1976). Enquanto o secador de túnel opera pelo sistema contínuo e possui o agente de secagem com fluxo de ar contracorrente a passagem das sementes (PARK et al, 2007; Figura 26).

Figura 26. Secadores de túnel da Empresa Payco de sementes. As flechas pretas representam o material que está sendo seco (3 – entrada e 4 – saída), enquanto as flechas brancas representam o agente de secagem (1 – entrada e 2 – saída). Fotos: Vicente de Paula Queiroga, América Gonzalez Sanabria e Kil Jin Park et al. (2007).

O ácido sulfúrico, empregado no deslintamento é um agente oxidante que degrada com facilidade tecidos vegetais, principalmente celulose e hemicelulose. Assim, é necessário que os resíduos do ácido sulfúrico sejam neutralizados para não representarem maiores problemas no armazenamento de sementes e ao meio ambiente. Desta forma a neutralização pode ser feita com bases fracas tais como os hidróxidos de sódio, potássio, cálcio e magnésio que se apresentam como estabilizadores de estresses (SALLUM et al., 2010; MACHADO NETO et al., 2006).

O tratamento do resíduo proveniente do processo de deslintamento químico de sementes de algodão com cal virgem dolomítica (CaO e MgO), com granulometria entre 200 e 325 Mesh


| 43 (0,075 a 0,045 mm), que possibilita uma fácil neutralização de sua acidez, minimizando assim os impactos de sua disposição no meio ambiente, possibilitando o reuso como adubação de culturas e contribuindo para a manutenção da integridade física dos trabalhadores que estão diretamente envolvidos no processo (SILVA et al., 2008).

Ao final do deslinte químico, as sementes com mais umidade são depositadas numa moega. Em seguida, as mesmas são transportadas em pequenas porções pelos dois elevadores inclinados (chapas pequenas de plástico duro em forma de meia lua; Figura 27) para alimentar os dois secadores de túnel que operam à temperatura de 41ºC e recebem o calor produzido pelo ventilador com ar aquecido na câmara de secagem devido à queima de diesel. Em cada secador, existe um termostato para controlar a temperatura do ar na câmara de secagem das sementes que circula dentro do túnel.

A

B

Figura 27. A- Dois elevadores inclinados usados para alimentar os secadores com sementes úmidas e B- detalhe dos elevadores com várias chapas em formato de meia lua presas as correntes para transportar pequenas porções de sementes úmidas. Fotos: Vicente de Paula Queiroga e América Gonzalez Sanabria. É importante destacar que as calhas do processo de deslinte químico quando são posicionadas horizontalmente (Figura 22) oferecem maior seguridade ao operador que controla o painel de funcionamento nas diversas etapas do processo. Outra segurança oferecida pela empresa Payco é que os depósitos com ácido sulfúricos e com a solução de hidróxido de sódio são instalados na parte externa do galpão. Ao contrário do modelo das calhas em cascata, esses depósitos químicos são instalados na parte superior do próprio equipamento de deslintamento (Figura 28). Esse protótipo ajustado para o deslintamento com tempo de exposição das


| 44 sementes ao ácido por 3 minutos apresenta rendimento de 750 kg de sementes com línter por hora e consumo de 2 e 2,6 l/min de ácido sulfúrico e solução neutralizante, respectivamente. O consumo de água de pré-lavagem e lavagem das sementes são de 141 e 146L/min, respectivamente (GURJÃO FILHO et al., 2010).

A

B

Figura 28. A- Os tanques dos produtos químicos e compressor de ar da empresa Payco estão na parte externa do galpão da unidade de deslintamento, enquanto o B- protótipo de deslintamento em cascata os depósitos com os produtos químicos estão no próprio equipamento, oferecendo assim maior risco de acidente ao operador (10- Calhas transportadoras das roscas; 11- Roscas transportadores das sementes; 12. Reservatório para o neutralizante; 13- Correntes para acionamento das engrenagens e 14- Motor que aciona o alimentador de sementes a serem distribuídas nas calhas). Fotos: Vicente de Paula Queiroga e Odilon Reny Ribeiro Ferreira da Silva.

O pH desse resíduo não neutralizado é de 0,5 o que inviabiliza o seu descarte, pois de acordo com o parágrafo 4º do art.34 da Resolução de nº.357 do CONAMA (BRASIL, 2005), os efluentes, para serem lançados direta ou indiretamente em corpos de água, devem ter pH compreendido na faixa entre 5 e 9 (SILVA et al., 2008). Portanto, o resíduo do deslintamento, pó com textura próxima à de um talco, é neutralizado com cal apagada (Ca (OH)2) pela Udesil e utilizado como fertilizante na produção de mudas. De certa forma, a unidade deslintadora Udesil, em Primavera do Leste-MT, é considerada uma empresa ambientalmente correta, possuidora inclusive das licenças dos órgãos ambientais regulamentadores da atividade, nos mais diferentes aspectos Ministério da Agricultura, Corpo de Bombeiros, Polícia Federal, Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Crea), Instituto de Defesa Agropecuária (Indea), Secretaria


| 45 do Meio Ambiente (Sema), entre outros. A atividade da empresa deslintadora é sazonal e seu período de produção é compreendido entre junho e dezembro de cada ano (BRUNETTA et al., 2011).

Pré-limpeza. Após as etapas de deslintamento e de secagem, as sementes neutralizadas são classificadas por tamanho por meio de um conjunto de peneiras com furos de tamanho diferentes (Figura 29). Essa máquina de pré-limpeza de sementes sem línter de algodão está projetada para remover eficientemente os materiais estranhos contidos dentro do lote. A eficiência dessa máquina para produzir sementes deslintadas mais limpas ou padronizadas, dependerá do desempenho da etapa de deslintamento químico realizado sobre as sementes para eliminar totalmente o seu línter. Suas peneiras de pré-limpeza possuem bandejas de 60 polegadas de largura e tem uma capacidade nominal de 75-100 tons por dia.

Figura 29. Esquema de funcionamento da máquina de ar e peneiras: A- Moega; BVentilador aspirador; C- Primeira peneira; D- Segunda peneira; E- Terceira peneira; FVentilador de impulsão; G- Depósito de impurezas leves; H- Saída de sementes limpas; e I) Saída de impurezas grossas. Sementes de algodão classificadas em cinco tamanhos diferentes através da máquina de ar e peneiras, após o deslintamento e sementes com línter antes do deslintamento. Fotos: Odilon Reny Ribeiro Ferreira da Silva e Patrícia Brunetta.

Em geral, todos os lotes de sementes devem passar inicialmente pela máquina de ar e peneiras, pois muitos lotes podem ser completamente limpos por meio desse equipamento (VAUGHN et al., 1976). Além disso, a pré-limpeza e/ou classificação prévia das sementes em diferentes


| 46 tamanhos na máquina de ar e peneiras, favorecem uma separação mais precisa na mesa de gravidade.

Seleção de sementes em mesa de gravidade. O emprego do deslintamento das sementes com ácido sulfúrico é de fundamental importância econômica porque, ao eliminar completamente o línter, as sementes são submetidas ao processo de seleção em mesa de gravidade. Consequentemente, esse processo poderá influir consideravelmente na obtenção de sementes de elevado valor cultural, reduzindo os custos de produção, por dispensarem as práticas do desbaste e do replantio e assegura uma melhor regulagem das máquinas (GREGG, 1969; QUEIROGA, 1985).

As pesquisas têm evidenciado que a inclusão da mesa gravitacional na linha de beneficiamento é vantajosa para o aprimoramento da qualidade das sementes de algodão (Figura 30). A evolução da qualidade do material pode ser avaliada quando se toma por base o início do deslintamento químico das sementes com línter até a etapa final da mesa de gravidade. Ao estudar essas perdas em toda linha de beneficiamento, estima-se uma perda de 20 a 25% de massa de sementes. Ou seja, essa perda quantitativa de sementes é possível exemplificar da seguinte forma: para cada 100 kg de sementes com línter irá resultar em 75 a 80 kg de sementes deslintadas de alta qualidade no final do processo de classificação em mesa de gravidade.

Figura 30. A operação na mesa de gravidade seleciona e melhora a qualidade das sementes deslintadas de algodão.


| 47 Os equipamentos que separam pela densidade, como a mesa de gravidade, têm sido amplamente usados na indústria de sementes já que melhoram a qualidade ao retirar do lote sementes danificadas, chocas, perfuradas por pragas, partidas ou trincadas, doentes, ou outros materiais indesejáveis que são geralmente leves do que as sementes boas. Isso permite a comercialização de uma porção do lote de sementes que de outra forma seria descartada como sementes por não preencher os requisitos mínimos de qualidade dos padrões recomendados pelo MAPA. Tratamento de sementes. Depois da etapa de seleção em mesa de gravidade, essas sementes voltam para o armazém para aguardar a retirada pelo produtor, ou podem ainda ser direcionadas a um dos centros de tratamento de sementes, dando assim ao agricultor a opção de levar a sua semente tratada e pronta para plantio.

Portanto, na manutenção da qualidade das sementes e na prevenção e controle de doenças e pragas no campo, o controle químico é essencial. Neste contexto o tratamento das sementes com fungicidas e inseticidas tem sido uma prática indispensável (Tabela 3), sendo que praticamente 100% das sementes utilizadas pelos agricultores são tratadas com a mistura desses produtos, bem antes do plantio. Tabela 3. Alguns produtos químicos usados no tratamento de sementes de algodão. Nome Técnico Captan Thiran Difenoconazole Tolylfluanid Pencycuron Quintozene (PCNB) Carboxin-Thiran Benomyl Thiadimenol Carbendazin Fonte: Goulart (1998).

Produto Comercial Captan 750 TS Rhodiaurum 50 SC Spectro Euparen 50 WS Monceren 50 PM Kobuto/Brassicol Vitavax-Thiran 200 SC Benlate 500 Baytan FS Derosal 500 SC

Dose para 100 kg de sementes Ingrediente ativo Produto comercial 120g 160g 280 mL 560 mL 5 ml 33,4 ml 75 g 150 g 150 g 300 g 300 g 400 g 100 + 100 mL 500 mL 100 g 200 g 30 mL 200 mL 40 mL 80 mL

O tratamento de sementes com fungicidas e inseticidas tem sido adotado rotineiramente pelos produtores de sementes, uma vez que, as sementes tratadas apresentam melhor conservação (Figura 31). Além do controle exercido sobre os microrganismos transmitidos pelas sementes,


| 48 os produtos químicos têm, com bastante frequência, ação residual que protegem as sementes e as plântulas contra a invasão de microrganismo do solo e do armazenamento, principalmente quando as condições externas não são favoráveis à germinação, ao crescimento e a conservação (TOLEDO; MARCOS FILHO, 1977).

Figura 31. Tratador de sementes. Foto: Vicente de Paula Queiroga.

Processo de encapsulamento em sementes de algodão deslintadas quimicamente. As sementes de algodão deslintadas e tratadas com uma mistura de fungicidas (por exemplo: carboxin + tiram) e de inseticida (pirimiphos), como proteção ao ataque de doenças e fungos de solo (MARTINS et al., 2009; Figura 32) são submetidas ao processo de encapsulamento (coating, finishing e corante), utilizando-se uma betoneira elétrica (Figura 33), cujo tambor de aço inoxidável é adaptado (capacidade de 40 L) para evitar agregação de partículas de pó em sua superfície. Este equipamento para o recobrimento das sementes, permite o ajuste da rotação do tambor em até 50 rpm. A inclinação do tambor para o recobrimento das sementes de algodão pode ser de 45º e a rotação recomendada do tambor utilizada é de 40 rpm (QUEIROGA et al., 2010bc). Utiliza-se a formulação comercial de um pó fino, formado pela presença de dois agentes encapsulantes e um agente adesivo (methocel), denominado coating (C1) fornecido pela empresa holandesa Incotec. Os dois agentes encapsulantes contidos no pó são: pó de serra de hayedo (Fagus silvatica- orgânico) e terra diatomácea (algas com


| 49 elevado teor de silício- inorgânico), os quais não apresentam toxidades às sementes durante o seu processo germinativo (QUEIROGA et al., 2010bc).

Figura 32. Sementes de algodão com linter; deslintadas e deslintadas + tratadas. Foto: Vicente de Paula Queiroga.

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C

D

Figura 33. Sementes de algodão deslintadas (a); deslintadas + tratadas (b); deslintadas + tratadas + encapsuladas sem corante (c); deslintadas + tratadas + encapsuladas com corante (d) na betoneira grande da Empresa de Ramiro Arnedo Semillas. Calahorra - Espanha, 2006. Foto: Vicente de Paula Queiroga.

Conforme se pode observar na Figura 34, as sementes encapsuladas de algodão apresentam um acabamento esférico ou elíptico perfeito, em função do processamento em betoneira grande (40 L) da Empresa Ramiro Arnedo Semillas, Espanha (QUEIROGA et al., 2010bc). .


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Figura 34. Acabamento esférico ou elíptico perfeito das sementes de algodão encapsuladas, sendo o processo realizado pela Empresa Ramiro Arnedo Semillas e utilizando os produtos da Incotec. Foto: Vicente de Paula Queiroga.

Para a encapsulação, as sementes se movimentam com a rotação do tambor da betoneira sendo adicionadas alternadamente pequenas porções de água para umedecimento das sementes e de pó que, através do umedecimento, se adere às sementes. À medida que se repete (várias vezes) essa operação, estas pequenas quantidades de pó (cobertura) acrescentadas se transformam em finas camadas e, consequentemente, as sementes aumentam lentamente o seu tamanho (QUEIROGA et al., 2010bc).

Durante o revestimento das sementes existe a preocupação com o formato e tamanho homogêneos das mesmas, visando favorecer o manuseio e a regulagem da plantadeira e proporcionar uma distribuição mais precisa no campo (QUEIROGA; DURÁN, 2009). O tamanho desejado das sementes revestidas é atingido quando uma amostra dessas sementes é submetida a uma pequena peneira manual e retidas pelos seus orifícios previamente determinados (Figura 35).


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Figura 35. Tipo de peneira manual que serve de parâmetro para calibração do tamanho da semente durante o seu processo de revestimento.

Em seguida, é realizado o acabamento final aplicando o produto denominado finishing (produtos inorgânicos + adesivos), desenvolvido pela Incotec, que proporcionam cápsulas uniformes, lisas e individualizadas. Após este processo, as sementes são cuidadosamente peneiradas para retirar o material não agregado (QUEIROGA et al., 2010bc; Figura 36).

Figura 36. Máquina classificadora usada para separar partículas estranhas não agregadas as semente de algodão. Foto: Diego Antonio Nóbrega.


| 53 A água é injetada na massa de sementes por processo de nebulização com o auxílio de um pequeno compressor de ar da marca Sagola (mod. 777), acoplado a uma pistola da mesma marca (mod. 472; Figura 37). Após o processo de encapsulação, as sementes recobertas são imediatamente secas em estufa com circulação de ar forçado, à temperatura de 40 ºC durante 30 minutos, para redução do grau de umidade. Esta secagem rápida permite a redução da umidade da semente encapsulada para 7 a 8% (QUEIROGA et al., 2010bc; Figura 38).

Figura 37. Emprego da nebulização da água no recobrimento de sementes de algodão com uma pistola de pressão. Foto: Vicente de Paula Queiroga.


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Figura 38. Secador de umidade específico para sementes revestidas. Foto: Diego Antonio Nóbrega.

Por último, as sementes encapsuladas retornam à betoneira média para receberem a coloração. Uma vez acionado tal equipamento, as sementes passam a girar na rotação de 40 rpm e, lentamente, mudam de coloração com o adicionamento de corante verde (solução) feito a base de anilina, produzido pela Incotec (QUEIROGA et al., 2010bc; Figura 39).


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Figura 39. Sementes de algodão tratadas e encapsuladas com coating, finishing, sem e com corante anilina. Foto: Vicente de Paula Queiroga.

2-DESLINTAMENTO PARA SEMENTES ORGÂNICAS Um dos obstáculos no cultivo do algodão é sua semente revestida de uma fibra curta, tecnicamente denominada de línter, a qual impede o seu fluxo no sistema de distribuição da plantadeira a tração animal ou matraca utilizada no plantio do algodão. Enquanto os métodos de deslintamento indicados para as sementes de algodão orgânicas são:

Deslintador com escovas e rolos (deslintamento total). O deslintador mecânico de semente orgânica desenvolvido no USA é formado por um tambor posicionado horizontalmente, sendo que a sua parede interna é revestida alternadamente por dois conjuntos de escovas, sendo 42 de escovas de nylon e 42 de arame (Figura 40). Esse tambor gira na velocidade de 300 rpm, quando acionado por um motor elétrico, e funciona como uma lixa quando está em operação. Também no interior do tambor, encontram-se 2 rolos rotativos, movimentando-se no sentido oposto ao tambor, os quais estão posicionados junto as escovas e têm por função pressionar a passagem das sementes com línter entre rolos e escovas (Figura 41).


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Figura 40. Escovas de nylon e de arame posicionadas alternadamente na parede interna do tambor do equipamento deslintador mecânico. Foto: Greg Holt, Tom Wedegaertner, John Wanjura, and Mathew Pelletier (2016).

Figura 41. Detalhe do pequeno equipamento deslintador mecânico de sementes de algodão herbáceo, que funciona com duas escovas. Fotos: Greg Holt, Tom Wedegaertner, John Wanjura, and Mathew Pelletier (2016).

Uma vez em funcionamento o equipamento, as sementes são introduzidas numa extremidade do tambor em movimento e sai na outra exterminada já totalmente desnudas devido ao efeito abrasivo gerado pelas escovas de nylon e de arame. Um equipamento de sucção ou exaustor (Figura 42), através de um tubo de conexão, extrair todo material do tambor e no seu interior, as sementes, já separadas do línter, são recolhidas numa boca de saída e em outra boca, o línter. O pequeno deslintador experimental tem a capacidade de deslintar à quantidade de 30 kg de sementes com línter por 10 minutos (ou 180 kg por hora; Figuras 43). A empresa


| 57 fabricante dos USA (BC Supply) ainda está pretendendo desenvolver um protótipo de maior capacidade de processamento com 5 rolos rotativos (Figura 44).

Figura 42. Equipamento de sucção que retira todo material do tambor e separa no seu interior as sementes do línter. Foto: Greg Holt, Tom Wedegaertner, John Wanjura, and Mathew Pelletier (2016).

Figura 43. A;B). Sementes com línter e sementes totalmente deslintadas pelo deslintador mecânico com escovas e rolos; C). Resultado das sementes deslintadas pelas escovas alternadas: 42 de Nylon e 42 de arame. Fotos: Greg Holt, Tom Wedegaertner, John Wanjura, and Mathew Pelletier (2016).


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Figura 44. Rolos rotativos (5) instalados próximo a parede interna do tambor do grande equipamento deslintador mecânico (protótipo). Foto: Greg Holt, Tom Wedegaertner, John Wanjura, and Mathew Pelletier (2016).

Flambagem (deslintamento parcial). No deslintamento através da flambagem, as sementes de algodão passam, por gravidade, no interior de um tubo vertical que possui um a três bicos queimadores de gás na sua parte inferior e média cujas chamas flambam grande parte do línter, dependendo da frequência de passagem das sementes pelo tubo: uma, duas e três vezes pelo fogo com capacidade de deslintar em torno de 150 kg de sementes de algodão/dia (apenas uma passagem) no equipamento desenvolvido pela metalúrgica de Barbalha, CE. Existem várias versões do método e relatos de temperaturas no interior do tubo de até 1315ºC (SILVA, 1977). Além disso, esse equipamento é simples e itinerante, o qual é indicado para o programa da agricultura familiar por se tratar de uma operação mais economia em relação ao método de deslintamento mecânico. Portanto, a fluidez da massa aumenta, facilitando o plantio, mas não o suficiente para permitir o processamento adequado. Após a flambagem é crucial que ocorra rápido resfriamento, para que não haja queima das sementes (DELOUCHE, 1981).


| 59 Na Figura 45 encontra-se o miniflambador itinerante, desenvolvido em uma metalúrgica de Campina Grande - PB, com recursos financeiros do Instituto C&A através do projeto Algodão em consórcios Agroalimentares, executado em parceria pela Embrapa e Diaconia. Esse protótipo é constituído em chapas de aço inoxidável com 1,92 m de altura, 0,30 m de largura e 0,18 m de comprimento, formando a câmara de combustão que possui internamente três queimadores de 0,25 m de comprimento em diferentes alturas. A temperatura na câmara de flambagem em operação chega a atingir 350°C próxima aos queimadores e, na parte superior, em torno de 90°C. Os queimadores são acionados manualmente, abastecidos com gás butano por um botijão de 13 kg e com acendimento elétrico automático. Na parte superior da câmara do flambador, as sementes são alimentadas por gravidade pelo elevador de caneca em movimento. Na lateral, na parte inferior da câmara, foi colocada uma turbina para conduzir e resfriar as sementes por meio de jato de ar até uma caixa de tela metálica, a qual recebe as sementes (Figura 46).

Figura 45. Miniflambador itinerante dotado de elevador de canecas desenvolvido pela Embrapa Algodão em parceria com a Metalúrgica de Campina Grande, PB. Fotos: Vicente de Paula Queiroga.


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Figura 46. Fluxo de ar produzido pelo ventilador da marca Varivelox, modelo Siroco 2P, instalado na parte inferior do miniflambador e apresentando as seguintes características: Motor varivelox 1/3cv de 3.500 rpm, turbina injetada em nylon com fibra e caracol em alumínio. Possui tensão monofásico 110/220 volts ou na tensão trifásico 220/380v; vazão aproximada 12m3/minuto e pressão aproximada 20 mmca.

Uma vez esparramadas as sementes sobre uma mesa, um operador vai alimentando manualmente a moega do elevador de canecas com sementes de algodão com línter, o qual se encontra em movimento para abastecer por gravidade (na parte superior do elevador) a câmara do flambador. As sementes vão cair pela força da gravidade ao passar por três chamas incandescentes para a queima parcial do línter. Abaixo da caixa, verifica-se à ação do vento produzida por um ventilador, cuja finalidade é reduzir a temperatura das sementes e não comprometer a sua germinação. Este trabalho deve ser realizado de forma uniforme e contínua para que as sementes sejam flambadas de forma igual. O conjunto da estrutura quadrática do flambador mais o elevador de canecas está montado sobre uma base metálica com rodas, permitindo assim que esse equipamento itinerante seja transportado facilmente na caçamba de uma camioneta (Figura 45). Uma pesquisa experimental foi desenvolvida com o flambador na Embrapa Algodão (alimentação manual: uma pessoa aciona o cilindro manualmente por meio de uma manivela


| 61 e abastece a câmara de flambagem com sementes com línter por meio de pequeno rastilho), utilizando o delineamento inteiramente casualizado com 5 repetições, sendo as três frequências de passagem de sementes com línter (uma, duas e três vezes) através do tubo flambador em comparação as sementes deslintadas com ácido sulfúrico e a testemunha absoluta (sementes com línter; Figura 47).

Figura 47. Detalhe das sementes de algodão com línter, 1-3 flambadas (passagem de sementes por 1, 2 e 3 vezes no tubo ou câmara de flambagem). Foto: Odilon Reny Ribeiro Ferreira da Silva.

Como resultados observou-se que o protótipo apresenta a capacidade de deslintar em torno de 60 kg de sementes de algodão/hora, consumindo em média 250 gramas de gás butano com o custo de R$ 1,35. A temperatura na câmara de flambagem em operação chega a atingir 350°C próxima aos queimadores e, na parte superior, em tono de 90°C. O tempo de passagem das sementes na câmara flambadora situou-se em 3 segundos (Tabela 4).


| 62 Tabela 4. Resultados da perda de peso das sementes deslintadas, do consumo de gás e do tempo de passagem das sementes de algodão com línter em quilo pela câmara de flambagem. Peso inicial do bujão (kg)

Peso final do bujão (kg)

Consumo de gás (kg)

Tempo (min)

23,5

23,37

0,13

03:05

Peso inicial do bujão(kg)

Peso final do bujão (kg)

Consumo de gás (kg)

Tempo (min)

23,37

23,27

0,10

02:53

Peso inicial do bujão(kg)

Peso final do bujão (kg)

Consumo de gás (kg)

Tempo (min)

23,27

23,16

0,11

03:01

Peso inicial do bujão(kg)

Peso final do bujão (kg)

Consumo de gás (kg)

Tempo (min)

23,16

23,05

0,11

03:07

Peso inicial do bujão(kg)

Peso final do bujão (kg)

Consumo de gás (kg)

Tempo (min)

23,05

22,95

0,10

02:48

Amostra 1

Amostra 2

Amostra 3

Amostra 4

Amostra 5

Consumo médio de gás (kg)

0,11

Os valores médios relativos aos testes de germinação e vigor (comprimento de plântulas) das sementes submetidas aos distintos métodos de deslintamento, encontram-se na Tabela 5. Observa-se que não houve diferença significativa entre as sementes com línter de algodão (testemunha) e os demais tratamentos estudados. Este fato pode ser justificado, em razão do esfriamento artificial ocorrido nas sementes após o processo de flambagem pela ação eficiente do ventilador. Estes resultados de flambagem divergem dos dados obtidos por Bezerra et al. (1990), os quais acusaram redução significativa da seguinte forma: flambadas um (78%), duas (79%) e três vezes (30%) pela câmara de flambagem com um bico de chama e na ausência de ventilador de resfriamento de sementes, fato indicativo da eficiência do protótipo no que tange à sua utilização até duas vezes por uma mesma quantidade de sementes. Ou seja, não é recomendado o uso do equipamento por três vezes. Segundo Bezerra


| 63 et al. (1990), o protótipo estudado tem condições de flambar até 11,49 kg por hora, mas seu mecanismo de alimentação é feito esparramando manualmente as sementes, o qual distingue do atual equipamento que apresenta um depósito e uma moega para receber e distribuir as sementes com capacidade de 60 kg/horas. Vale destacar que na entrada da câmara existe um eixo cilindro com pinos metálico giratório, acionados manualmente por uma manivela e que trabalham entre uma grade para separar os aglomerados de sementes.

Tabela 5. Germinação e vigor de sementes de algodão herbáceo submetidas aos processos de deslintamento químico e de flambagem em comparação a testemunha (sementes com línter). Germinação (%)

Vigor (cm)

Semente com Línter

99,2

8,15 b

Químico (H2SO4)

99,6

11,27 a

Flambagem (1 Passada)

100,0

6,84 b

Flambagem (2 Passadas)

99,6

7,69 b

Flambagem (3 Passadas)

99,2

7,75 b

CV

1,1

10,34

Tratamento

Na Figura 48 encontra-se o miniflabador desmontável, constuído por Bezerra et al. (1990). As sementes de algodão cv. CNPA Precoce 1 flambadas, também chamadas deslintadas pelo fogo, foram obtidas após a passagem das sementes brancas (com línter) por chama de maçarico. Esta chama no interior do tubo flamba parte dos 5 a 12,5% de línter existentes nas sementes de algodão herbáceo (PASSOS, 1977), no momento em que elas passam por gravidade através do tubo.


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Figura 48. A) Sementes de algodão herbáceo com muito línter; B) Processo de flambagem utilizado para a eliminação parcial do línter das sementes de algodão com alimentação manual da câmara do flambador; e C) Sementes flambadas com pouco línter. Foto: Sergio Cobel.

Além da perda de línter durante o processo de deslintamento, foram analisados os seguintes parâmentos: germinação (%), crescimento de plântula (cm), umidade da semente (%) e peso de 100 sementes. Com base nos resultados obtidos, conclui-se que o uso do flambador com uma passada no tubo de fogo aumentou significativamente a germinação e o vigor das sementes de algodão, enquanto o deslintamento com fogo por duas e três passadas reduziu significativamente os valores desses dois parâmentros, quando comparados com os resultados da semente com linter (testemunha).

Deslintador mecânico (deslintamento parcial). No plantio do algodão orgânico, as sementes devem ser deslintadas mecanicamente, o que corresponde a um processo de deslintamento parcial por não eliminar totalmente o línter (Figura 49). Mesmo assim existe matraca apropriada ou plantadeira mecânica de tração animal apropriada para sementes de algodão com pouco línter (Figura 50).


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Figura 49. A) Sementes de algodão herbáceo com muito línter; B) Deslintador mêcanico utilizado para a eliminação parcial do línter das sementes; e C) Sementes deslintadas mecanicamente com pouco línter. Fotos: Vicente de Paula Queiroga.

Figura 50. Matraca apropriada e plantadeira mecânica adaptada de tração animal para a semeadura de sementes de algodão com pouco línter. Fotos: Odilon Reny Ribeiro Silva.

Recobrimento para sementes com línter de algodão. A técnica de encapsulação consiste em envolver as sementes com línter numa massa de revestimento ou cobertura, de modo que possam ser semeadas com precisão, individualizadas e mecanicamente. Para possibilitar a aplicação uniforme dos produtos sobre as sementes de algodão deslintadas (pacialmente) mecanicamente ou flambadas (com línter) deverá ser adaptada uma mini betoneira, a qual foi


| 66 desenvolvida para o incrustamento ou revestimento de sementes de várias espécies (MELO, 2013). A mesma foi construída a partir de tubos metálicos quadrados de 20,0 mm de espessura. Lateralmente a mesma possui a forma de um trapézio retângulo, possuindo a base 50,0 cm e a parte superior 22,0 cm e altura de 50,0 cm, formando uma inclinação de aproximadamente 45º (Figura 51A). A mesma possui 40,0 cm de largura e no centro da estrutura metálica, foi acoplada uma furadeira elétrica (Black&Decker-3/8” KR505 -500 Watts com rotação aproximada de 40 rpm) para girar o recipiente da betoneira. O acionamento da betoneira é realizado por meio de um interruptor + timer de velocidade (Figura 51B) com o timer, pode-se escolher a velocidade desejada para uso na aplicação dos produtos. Na parte frontal da estrutura metálica, foi fixado um conjunto de rolamento e eixo, interligando assim o mandril da furadeira e a base do recipiente. O recipiente da betoneira possui capacidade para 8,0 litros e tem na base um mecanismo de retirada do recipiente para limpeza. Esse mecanismo é travado por um parafuso com porca do tipo borboleta facilitando o manuseio (Figura 51C). No interior do recipiente, foram fixados três misturadores para auxiliar na uniformização da aplicação dos produtos (Figura 51D).

Figura 51. Mini betoneira desenvolvida e adaptada para aplicação dos produtos em sementes de algodão orgânico com línter: (A) visão lateral; (B) visão posterior; (C) ligação entre a furadeira e o recipiente da betoneira e (D) misturadores no interior do recipiente. Campina Grande, Paraíba, 2. Fotos: Bruno Adelino de Melo e Raul Porfírio de Almeida (2013).


| 67 Para efetuar o recobrimento, as sementes se movimentam com a rotação de 40 rpm da panela metálica da mini -betoneira elétrica, sendo adicionadas alternadamente pequenas porções de solução adesiva (ou água) por processo de nebulização (Figura 52) para umedecimento das sementes de algodão com pouco línter (deslintadas mecanicamente ou com flambagem) e de pó que, através do umedecimento, se adere às sementes. À medida que se repete (várias vezes) esta operação, estas pequenas quantidades de pó (cobertura) acrescentadas se transformam em finas camadas e, consequentemente, as sementes aumentam lentamente de tamanho (QUEIROGA et al., 2010). Uma vez atingido o acabamento final no interior da minibetoneira (quando não se observa mais línter visível), essas sementes resultantes vão ficar com uniformidades, bem lisas e individualizadas.

Figura 52. Nebulizador de plástico.

Após o processo de revestimento, as sementes são retiradas da mini-betoneira. Em seguidas, são espalhadas sobre folhas de jornal e deixadas para secar a sombra por 24 horas (BALTIERE, 1993). Nas Tabelas 6 e 7, estão alguns produtos encapsulantes e adesivos testados em sementes de algodão com línter após os processos de deslintamento mecânico e flambagem (BALTIERE, 1993).


| 68 Tabela 6. Relação de adesivo e encapsulante para sementes (250 g) de algodão deslintadas mecanicamente. Adesivo (g) Açúcar Amido (milho) Bentonita Caulim Argila

100 22,5 10 160 100

Açúcar Amido (milho) Bentonita Caulim Argila

80 25 9 170 100

Açúcar Amido (milho) Bentonita Caulim Argila

100 22,5 10 170 100

Calcário calcinado (g) 387 210 225 145 200

Encapsulantes Calcário (g)

Água (mL) Gesso (g) 100 90 100 20 25

317 250 265 250 203

80 100 130 20 25 215 171 200 203 250

80 90 130 20 25

Fonte: BALTIERE, 1993. (OBS: Calcário comercial (CaC03); Gesso agrícola (CaS04.2H2); Calcário calcinado (CaC03 e Mg0); Açúcar refinado; Amido de milho (empregado na indústria de papel); O caulim e argila foram empregados sem diluição.

Tabela 7. Relação de adesivo e encapsulante para sementes (250 g) de algodão deslintadas mecanicamente e flambadas. Adesivo (g) Açúcar Amido (milho) Bentonita Caulim Argila

80 20 10 160 100

Açúcar Amido (milho) Bentonita Caulim Argila

80 20 9 160 100

Açúcar Amido (milho) Bentonita Caulim Argila

75 20 10 60 100

Encapsulantes Calcário calcinado (g) Calcário (g) 242 173 225 173

Água (mL) Gesso (g) 80 80 100 20 25

350 250 228 250 250

80 80 100 20 25 189 158 223 163 163

75 80 130 20 25

Fonte: BALTIERE, 1993.

Alguns desses produtos são compostos de material celulósico solúvel em água, amido solúvel em água, metil-celulose (methocel) (Figuras 53 e 54), goma arábica mais sacarose, celulose


| 69 mais hemicelulose de pasta de madeira e materiais inorgânicos naturais (minerais de argila e composto de silicato).

Figura 53. Adesivo methocel diluído e em pó. Foto: Vicente de Paula Queiroga.

Figura 54. Sementes de algodão encapsuladas ou revestidas, sem e com corante anilina. Foto: Vicente de Paula Queiroga.

Tratamento das sementes orgânicas. Antes da semeadura, a semente deve ser tratada com calda sulfocálcica ou outros agentes biológicos. O tratamento de sementes é uma prática realizada para proteger a semente de agentes externos como enfermidades e roedores. No caso de produção ecológica, as normas não permitem o uso de sementes de produção convencional e nem o uso de sementes tratadas com produtos químicos, mas é permitido o


| 70 tratamento com produtos biológicos e produtos naturais a base de minerais. Na Tabela 8, os métodos alternativos usados para o tratamento contra doenças fúngicas de sementes orgânicas:

Tabela 8. Fungicidas naturais para tratamentos de sementes de algodão. Produto Calda Sulfocálcica

Eucalipto

Esterco de gado

Pó de Mastruz

Cinza de lenha

Modo de preparação

Dose/método

A calda sulfocálcica é um defensivo utilizado na agricultura. Constituída essencialmente por polissulfetos de cálcio, é o resultado de uma reação entre o óxido de cálcio (da cal virgem) e o enxofre, quando dissolvidos em água e submetidos à fervura. Possui ação inseticida, acaricida e fungicida. Mistura a calda sulfocálcica em 20 litros de água. Introduz as sementes em um saco de malha. Submergir na calda por 3 minutos. Em seguida, as sementes são extraídas e secadas à sombra, evitando a exposição direta com raios solares. Uma vez concluída a secagem, as sementes são ensacadas em novos sacos de polipropileno. Colocar as folhas de eucalipto para secar ao sol. Moer as folhas secas até obter uma espécie de pó. Uma vez moída, mesclar o pó com as sementes e umedecer levemente até obter uma pasta consistente. Deixar secar e ensacar. Essa prática deve ser realizada um dia antes da semeadura ou três horas antes de plantar. Os produtores de algodão na Índia encerram as sementes dentro do esterco de vaca. O estrume de vaca tem características fungicidas que afastam as bactérias nocivas. Um fungo não destrutivo, do gênero Trichoderma, contém esporos que competem e destroem outros fungos ou bactérias devastadoras.

¼ litro de sulfocálcica em 20 litros de água

Para o armazenamento, recomenda-se tratar as sementes deslintadas mecanicamente com pó de mastruz (Chenopodium ambrosioides). O método simples é coletar a planta inteira (parte aérea) e colocá-la em condições ambiente (sol) para ser desidratada. Em seguida, a planta seca é triturada em pilão (ou liquidificador) e passar em uma peneira fina até obter um pó. É necessário guardar o pó em vidro seco e bem lacrado. Controla vários fungos Aspergillus flavus, A. glaucus, A. niger, A. ochraceous, Acanthoscelides obtectus, Colletotrichum gloesporioides, etc. Para o armazenamento, recomenda-se tratar as sementes deslintadas mecanicamente com cinza de lenha para controle de fungos

Pó de 3 folhas de eucalipto por 1 kg de sementes

Inicia-se com a distribuição de uma fina camada de esterco no fundo do sulco e depois vem a semeadura. Em seguida, as sementes são cobertas com outra camada de esterco. A dosagem de mastruz de 0,30 g do pó/20 g de sementes, o que equivale a 150 g do pó para 10 kg de sementes, correspondente a quantidade de um ha.

Mistura a cinza de lenha com as sementes deslintadas, na proporção de 5% do volume total.

Fuente: Fundación Valles (2011); Dantas, 2001.

Em casos excepcionais, a entidade certificadora de produtos orgânicos poderá autorizar o uso de sementes convencionais para as seguintes situações: - Quando existam suficientes evidências e a organização certificadora demonstre que no mercado local ou regional comercializa apenas sementes convencionais, não havendo disponibilidade de sementes de produção ecológica. - As sementes ou plantas não sejam geneticamente modificadas (OGM). No caso do produto com risco de OGM no contexto local, recomenda-se apresentar uma declaração do fornecedor sobre o uso dessas práticas.


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METODOLOGIA DE RECOBRIMENTO PARA SEMENTES DE GERGELIM Antes de passar pelo processo de encapsulamento, as sementes de gergelim são submetidas a uma rigorosa classificação que assegure pureza superior a 98% (DOGAN et al., 2005; Figura 55).

Figura 55. Máquina classificadora usada para separar partículas estranhas de sementes de gergelim do fabricante Jomaga, Espanha. Foto: Diego Antonio Nóbrega.

No recobrimento de sementes de gergelim, Dogan et al. (2005) utilizaram uma mistura especial produzida por dois materiais inorgânicos naturais (minerais de argila e composto de silicato) em quatro diferentes proporções, visando formar dois grupos diferentes de sementes encapsuladas: sementes com diâmetro inferior a 3,5 mm (entre 3 e 3,5 mm) e sementes com diâmetro superior a 3,5 mm. O mecanismo de encapsulação é realizado em um tambor feito de borracha maciça (ou ácido inox), instalado em um eixo com inclinação de 30º e rotação de 40 rpm. Para a aplicação do adesivo em solução visando à aglutinação dos compostos inorgânicos sobre as superfícies de cada semente, foi utilizada uma pistola de spray de vidro,


| 72 com auxílio de um compressor. Para a secagem das sementes encapsuladas utilizou-se um ventilador.

Uma máquina para revestir sementes foi desenvolvida por Peres (2001), que testou a sua funcionalidade com vários produtos adesivos (goma arábica, acetato de polivinila e vinil acetato de polivinil pirrolidona) e aglomerantes (bentonita, vermiculita, serragem, carvão moído e calcário) em sementes de cebola, cenoura, trevo branco e arroz. A máquina desenvolvida foi eficiente na modificação da forma das sementes e o acetato de polivinila, a goma arábica e a vermiculita foram considerados mais apropriados ao revestimento das sementes.

CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE RECOBRIMENTO DE SEMENTES

OS

PROCESSOS

DE

A maioria dos trabalhos de recobrimentos de sementes desenvolvidos no Brasil utiliza uma técnica bastante simples para modificar o tamanho e a forma das sementes. As sementes revestidas resultam do recobrimento da aplicação de um aglomerante inorgânico, como é o caso do emprego da vermiculita em sementes de cenoura (MEDEIROS et al., 2004), ou dois aglomerantes inorgânicos: vermiculita + calcário em sementes de arroz (ARSEGO et al., 2006). Para fixação dos aglomerantes em ambos os casos, são utilizados o adesivo acetato de polivinila (cola branca) e, para o acabamento externo do revestimento, um polímero.

Dependendo da camada de materiais sólidos e da aplicação exclusiva de materiais inorgânicos no revestimento de sementes podem ocasionar uma restrição à difusão de oxigênio entre a semente e o ambiente, bem como representar uma barreira mecânica à protrusão da radícula. Este fato foi detectado por Silva et al. (2002), estudando sementes peletizadas de alface em função do material cimentante e da temperatura de secagem dos péletes. Observaram que a emergência de plântulas das sementes recobertas foi retardada em comparação às sementes sem recobrimento.


| 73 A metodologia de recobrimento, alternando uma nebulização de adesivo e uma aplicação de um sólido inorgânico sobre as sementes, é bem diferente da metodologia de recobrimento de sementes realizada com os produtos desenvolvidos pela Incotec (Figura 56). Esta empresa fornece dois tipos de produtos sólidos de revestimento de sementes: “coating” (misturas em pó de materiais sólidos: inorgânico + orgânico + adesivo) e “finishing” (inorgânico + adesivo). O produto coating é aplicado alternadamente com nebulização apenas de água para formação da capa de cobertura (enchimento), enquanto o acabamento é realizado com o produto finishing, após aplicar uma nebulização de água sobre as sementes recobertas com coating (QUEIROGA et al., 2010bc; QUEIROGA et al., 2011).

A

B

Figura 56. Pó coating (A) e finishing (B) utilizados no encapsulamento das sementes de algodão. Fotos: Vicente de Paula Queiroga.

A capa de acabamento produzida com o produto finishing é bastante fina, por tratar-se de um material rígido que irá proporcionar maior proteção às camadas aplicadas de enchimento (coating), que evita o seu despovilhamento. A coloração das sementes com a anilina, fornecida pela Incotec, é apenas um complemento do acabamento com finishing (QUEIROGA et al., 2010c).


| 74 A cobertura das sementes de algodão com os produtos da Incotec apresenta rachaduras, quando as sementes encapsuladas entram em contato com papel de filtro úmido (Figura 57), revelando que o processo de encapsulação não constitui em barreira à germinação (QUEIROGA et al., 2010b). Essas são resultantes (rachaduras) da dilatação do pó orgânico (pó de serra de hayedo) contido no produto coating (misturas de pó: orgânico, inorgânico e adesivo), durante o umedecimento das sementes encapsuladas. Portanto, vale ressalvar que, dependendo dos materiais inorgânicos aplicados no recobrimento de sementes, ou seja, na ausência de material orgânico na sua composição, podem retardar ou reduzir a germinação das sementes encapsuladas (SILVA et al., 2002).

Figura 57. Capa de revestimento de semente de algodão fragmentada ao entrar em contato com a umidade do papel de filtro. Foto: Vicente de Paula Queiroga.


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PESQUISA EM LABORATÓRIO COM SEMENTES DE ALGODÃO ENCAPSULADAS Os experimentos foram conduzidos nos Laboratórios de Fitotecnia da Universidade Politécnica de Madrid (UPM) e na empresa Ramiro Arnedo Semillas da cidade de Calahorra, província de La Rioja, Espanha, no período de junho a novembro de 2006, utilizando sementes de algodão da cultivar 1SM439 provenientes dos campos irrigados de produção de sementes certificadas da empresa Monsanto de Sevilha, na Espanha (QUEIROGA et al., 2010bc). As sementes de algodão com línter (5 kg) foram submetidas ao processo de deslintamento químico na empresa Monsanto e tratadas com fungicidas (carboxin e thiran 200 Sc) e inseticida (pirimiphos methyl) (MARTINS et al., 2009).

Para o recobrimento, as sementes tratadas e encapsuladas não foram submetidas a nenhum tipo de classificação prévia. O processo de encapsulamento ocorreu em betoneira grande (40 litros) da empresa de Ramiro Arnedo Semillas, Espanha (QUEIROGA et al., 2010bc).

Utilizou-se uma betoneira grande para a encapsulação (coating e finishing) das sementes deslintadas + tratadas com e sem corante, além de uma testemunha não encapsulada. Foi adotado o delineamento inteiramente casualizado com quatro repetições. As variáveis analisadas foram percentagem de germinação, comprimento de plântulas e massa de 100 sementes (QUEIROGA et al., 2010bc).

Com base nos resultados obtidos da Figura 58, verificaram-se que as sementes tratadas e encapsuladas foram mais eficientes nos testes de germinação, vigor e massa de 100 sementes em relação à testemunha ou às sementes apenas tratadas (QUEIROGA et al., 2010b). Esses resultados concordam com aqueles obtidos por Arantes et al. (2000), que verificaram maior qualidade fisiológica das sementes encapsuladas de algodão em relação às não encapsuladas.


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A

B

C

Figura 58. Germinação (A), vigor (B) e massa de 100 sementes tratadas de algodão (Gossypium hirsutum, L. cv. 1SM-439) em função dos tratamentos encapsulamento das sementes mais sua coloração com corante. Os valores médios seguidos pela mesma letra não apresentam diferenças significativas (p ≤ 0,05). Madrid - Espanha, 2006.

Para as sementes encapsuladas, não se constatou diferenças significativas entre aquelas com corante e sem corante (Figura 59). Queiroga et al., (2007) e Queiroga et al. (2010b) observaram que não houveram perdas na qualidade fisiológica das sementes encapsuladas, mesmo apresentando uma camada distinta de pó envolvendo as sementes; pois, essa capa de revestimento rompeu-se facilmente em pouco tempo após o contato com a umidade do papel de filtro durante o processo germinativo.


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A

B

C

D

Figura 59. Sementes de algodão encapsuladas (com e sem corante): A- com 6 horas; B- com 24 h; C- com 48 h; e D- com 72 h de contato com a umidade do papel de filtro. Fotos: Vicente de Paula Queiroga.

Por outro lado, o teste de germinação utilizando sementes de gergelim com e sem recobrimentos foi comparado entre si, tendo Mazzani (1999) concluído que os resultados de laboratório acusaram ganhos não significativos em favor das sementes normais (Tabela 9).


| 78 Tabela 9. Resultados de germinação de sementes de gergelim convencionais e encapsuladas em condições de laboratório. Sementes

Germinação (%) 3 dias

6 dias

Convencionais

96

96

Encapsuladas

79,5

93,5

Fonte: Mazzani (1999).

Germinação e desenvolvimento de plântulas de algodão - A germinação começa quando a semente absorve água e oxigênio através da calaza após o plantio. A calaza é o principal local de absorção de água e oxigênio durante a germinação. A ponta da raiz primária, ou radícula, é a primeira parte da planta a emergir através da micrópila (Figura 60).

Figura 60. Estrutura interna da semente de algodão, destacando os pigmentos de gossipol. Foto: Glen L. Ritchie, Craig W. Bednarz, Philip H. Jost and Steve M. Brown.


| 79 - A água intumesce os tecidos dormentes, então a divisão e o crescimento celular começam a ocorrer.

-A radícula emerge através da micrópila (A-B) e cresce mais profundamente no solo (Figura 61), desde uma raiz principal que fornecerá água e nutrientes durante toda a vida útil da planta.

Figura 61. Germinação e desenvolvimento de plântulas de algodão, destacando a emergência da radícula (micrópila), abertura dos cotilédones e o surgimento da primeira folha verdadeira. Foto: Glen L. Ritchie, Craig W. Bednarz, Philip H. Jost and Steve M. Brown.

--O hipocótilo se alonga a partir da radícula e forma um arco ou curvado que começa a empurrar o solo, um breve período geralmente chamado de estágio de curvatura (C).

- O surgimento de plântulas ocorre normalmente entre 4 a 14 dias após o plantio. Na superfície do solo, o hipocótilo endireita e puxa os cotilédones dobrados para fora do solo (D), um processo conhecido como germinação epígea.

- Depois que os cotilédones são puxados pela superfície do solo, eles se desdobram e expõem o epicótilo e o meristema apical, ou ponto de crescimento, que será a fonte do crescimento subsequente (Figura 62). Os cotilédones têm um papel duplo na germinação. Antes de se


| 80 abrir, eles fornecem alimentos armazenados para as novas plântulas em germinação e após a sua abertura, eles produzem clorofila, tornam-se verdes e produzem energia através da fotossíntese. Enquanto o meristema apical emerge na base dos cotilédones e todo o crescimento vegetativo e reprodutivo da planta ocorre através dos meristemas.

Figura 62. Destaque do meristema apical e a primeira folha verdadeira em plântulas de algodão. Fotos: Glen L. Ritchie, Craig W. Bednarz, Philip H. Jost and Steve M. Brown.


| 81 - Uma semana ou mais após o estabelecimento das plântulas, a primeira folha verdadeira aparece acima dos cotilédones (F) (Figura 62). Essa primeira folha da plântula é a primeira fonte de energia a partir do armazenamento para a fotossíntese e sinaliza a mudança da emergência para o crescimento vegetativo. - Nesse ponto, a germinação e a emergência das plântulas estão completas e as plantas começam seu ativo crescimento vegetativo.

SEMEADURA DIRETA DE PRECISÃO Todo cultivo a ser implantado, necessita que o preparo de solo favoreça germinação das sementes e o desenvolvimento das plântulas, pois em condições desfavoráveis de plantio (preparo de solo, clima, controle de ervas daninhas, insetos, roedores, etc) maior quantidade de sementes será demandada (CENTENO, 1995). O sistema mecanizado de distribuição de sementes encapsuladas é um método de precisão muito utilizado para semeadura de sementes pequenas em lavouras de alta tecnologia, permitindo que o trator trabalhe a grande velocidade (MAZZANI, 1999). Foi com essa tecnologia que a Espanha conseguiu expandir a área de produção de beterraba para extração de açúcar, tendo como objetivo atender a toda demanda do produto consumido pela sua população (QUEIROGA et al., 2010a). As sementes de gergelim (Sesamum indicum L.), que se caracterizam pelo pequeno tamanho, pouco peso e formato irregular, dificultam a sua individualização e distribuição, tanto no processo manual quanto mecânico de semeadura (BELTRÃO et al., 2001). Logo, a semeadura direta de precisão é extremamente importante para a obtenção de uma população homogênea de plantas. Essa prática é facilitada quando as sementes pequenas de gergelim são encapsuladas (uma semente por unidade), visando o aumento de peso e tamanho da semente, de maneira a facilitar o seu fluxo de vazão na semeadora (CENTENO, 1995; Figura 63).


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Figura 63. Semeadura mecanizada com sementes de gergelim encapsuladas. Fotos: 1.Bruno Mazzani e 2.João Henrique Zonta.

Com a utilização de sementes encapsuladas de gergelim, é possível reduzir os custos de produção durante a fase de plantio, por diminuir o consumo de sementes, facilitar a mecanização da semeadura e eliminar a prática do desbaste de plantas excedentes. Outro aspecto positivo é a possibilidade de incorporação de nutrientes e outros agroquímicos (fungicidas e inseticidas) durante o processo de encapsulação, que constitui melhorias na sanidade das sementes e no estabelecimento das plântulas (CENTENO, 1995). No caso do gergelim não encapsulado, são necessárias 3 kg de sementes para o plantio de um hectare, e a indispensável operação de desbaste (QUEIROGA et al., 2007). No processo de encapsulação de sementes, basicamente se aplicam sucessivas camadas de material seco e inerte (pó) dentro de um tipo de betoneira em constante movimento, para conferir às sementes o formato arredondado, maior massa e acabamento liso, para facilitar a sua distribuição e manuseio, especialmente daquelas muito pequenas, rugosas ou deformadas (CENTENO, 1995). Vários produtos adesivos já foram testados em revestimento de sementes pequenas; dos que não apresentaram efeitos adversos sobre a germinação e crescimento das plântulas citam-se: composto de material celulósico solúvel em água, amido solúvel em água, metil-celulose (methocel), goma arábica mais sacarose e celulose mais hemi-celulose de pasta de madeira (QUEIROGA et al., 2007).


| 83 Segundo Centeno (1995), o método de encapsulamento das sementes de gergelim é considerado eficiente, por lograr melhor manejo do material encapsulado por parte dos vários equipamentos comuns de semeaduras (matraca, plantadeiras à tração animal e motriz (Figura 64). A semente encapsulada de gergelim apresenta o formato arredondado e maior tamanho (tipo bolota). Essa tecnologia facilita o plantio de precisão, que garante profundidade, espaçamento e número exato na distribuição das sementes, utilizando diferentes tipos de plantadeiras.

Figura 64. Plantio de sementes de gergelim encapsuladas nos seguintes sistemas: mecânico manual (matraca), animal e tratorizado. Fotos: Odilon Reny Ribeiro Ferreira da Silva. Atualmente, a Embrapa Algodão está empenhada no desenvolvimento da primeira cultivar indeiscente de gergelim. Uma vez lançada no mercado brasileiro, haverá uma grande demanda para a incorporação dessa tecnologia no seu sistema produtivo (QUEIROGA et al., 2007). No caso do algodão, as sementes encapsuladas podem permitir o plantio de precisão e aumentar a velocidade de plantio, usando uma simples plantadeira mecanizada (ARANTES et al., 2000; DOGAN et al., 2005). O peso da semente unitária de algodão convencional, após o encapsulamento, é elevado a seu dobro de 110 mg para 240 mg, o que facilita o desempenho da plantadeira e reduzir os custos de produção (BALTIERE, 1993; QUEIROGA et al., 2010b).

Para BALTIERE (1993) as sementes recobertas de algodão apresentam, além de elevado peso, alto custo, enquanto que outros enfatizam que o efeito físico da cápsula sobre a semente constitui em obstáculo, fazendo com que a semente necessite de maior quantidade de água


| 84 para dissolver a cobertura (MEDEIROS et al., 2004). Por sua vez Tomic (1976), trabalhando com sementes de cenoura revestidas e não, em solo com e sem irrigação, observou que em condições irrigadas, os tratamentos equivalem-se. No entanto, sob condições de solo seco (sequeiro), as sementes nuas apresentaram melhor desempenho. A Matsuda lançou recentemente no Brasil a “Semeadeira Show”, desenvolvida para o plantio de sementes revestidas, a qual é considerada a primeira no País. Do tipo pendular, o equipamento permite semear com precisão, sementes forrageiras de alta tecnologia. Essa semeadeira possui um mecanismo que é acionado pela tomada de força do trator, sistema alojado em uma caixa hermeticamente fechada e lubrificada, evitando o contato com impurezas (MATSUDA, 2011; Figura 65).


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Figura 65. Semeadeira Show desenvolvida pela Matsuda para o plantio de sementes revestidas. Foto: Arquivo da Matsuda. Segundo o fabricante Matsuda (2011), a Semeadeira Show apresenta uma maior vida útil e seus pêndulos garantem uma fluidez das sementes sem quebras do revestimento. Também é indicada para semear sementes puras com polímero e sementes convencionais.


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PRINCIPAIS FALHAS NO REVESTIMENTO O problema do revestimento é que não se trata de apenas aumentar o tamanho das sementes, já que tal processo é bastante simples. No entanto, para se obter uma semente revestida de qualidade, Takashi (2011) considera alguns pontos que merecem ser avaliados pelos produtores em geral, quais sejam: 1- Se o mercado comercializa sementes revestidas de baixa qualidade. 2- Se o material de aglutinação empregado no revestimento das sementes permite a absorção de água. 3- Se o adesivo utilizado no recobrimento manterá aderido o material aglutinante às sementes. 4- Se apenas as sementes puras foram revestidas.

As variações das condições de processamento podem dar origem a defeitos de qualidade inaceitáveis no revestimento de sementes. A origem desses defeitos e suas causas prováveis podem ser:

Falsa pureza. O maior problema do recobrimento de sementes está na própria legislação, por considerar que uma semente revestida é pura se apresentar mais de 50% da sua superfície recoberta (por exemplo: uma semente chocha com mais de 50% de revestimento é considerada semente pura). É também o caso de um torrão que estiver 100% recoberto, que poderá ser classificado equivocamente como semente pura (BRASIL, 2009).

Cobertura resistente. A origem desse problema é devido ao processo de revestimento de sementes com materiais inadequados. Takashi (2011) avaliando várias amostras de sementes revestidas em laboratório, as quais foram adquiridas no mercado brasileiro, constatou que os resultados de germinação das sementes revestidas foram abaixo de 40%, e ao se eliminar totalmente o revestimento, os resultados foram acima de 70%. Estes dados comprovam que as sementes eram viáveis, mas o material de revestimento inadequado (provavelmente materiais inorgânicos) impedia à sua germinação.


| 87 Superfície desuniforme. Para evitar agregação de partículas de pó na superfície interna do tambor, Queiroga et al .(2010b) recomendam que o mesmo seja fabricado em aço inoxidável, pois o resíduo interno pode provocar um revestimento desuniforme da camada de pó sobre a semente (Figura 66). Este é um defeito observado com frequência quando se aplica o revestimento por nebulização.

Figura 66. Acabamento imperfeito do revestimento de sementes de algodão. Foto: Vicente de Paula Queiroga.

Fratura. As cultivares de sementes pequenas de algodão deslintadas (Exemplo da Deltaopal) com massa unitária abaixo de 9 mg são mais apropriadas para o processo de revestimento em comparação às cultivares de sementes grandes com massa unitária superior a 11 mg (QUEIROGA et al., 2009). As sementes maiores de algodão, quando são submetidas ao processo de revestimento, apresentaram uma determinada porção de sementes revestidas com distintas fraturas na sua camada de cobertura (Figura 67).


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A

B

C Figura 67. (A)- Sementes de algodão deslintadas e deslintadas + tratadas, apresentando dois tipos de tamanho: pequeno e grande; e (B e C)- Sementes de algodão com defeitos no revestimento. Fotos: Vicente de Paula Queiroga.


| 89 Avaliando as sementes de algodão da cultivar 1SM439, Queiroga et al. (2007) observaram uma ampla distribuição de massa entre 60 e 150 mg, predominando a classe de sementes com massa entre 100 e 109,9 mg (Figura 68). Em todas cultivares de algodão tal variação ampla é esperada, devido à influência da posição do capulho na planta (BOZHKOVA, 1973). Consequentemente, dentro de cada cultivar de algodão, as sementes pequenas e médias têm maiores chances de serem recobertas com sucesso (sem fraturas) do que as grandes (massa unitária acima de 11 mg).

Figura 68. Distribuição de frequência de sementes deslintadas e tratadas de algodão de acordo com sua massa unitária. Madrid - Espanha, 2006.

Superfície granulada. O revestimento se caracteriza pela aplicação ao redor das sementes de uma mistura proporcional de materiais inertes na forma de pó com granulometria muito fina, obtida num moinho de pedra (Figura 69-A), visando à uniformidade da massa, tamanho e uma superfície lisa das sementes revestidas. Quando a Empresa Ramiro Arnedo Semillas tentou testar um novo produto para o revestimento da semente de algodão, como é o caso do pó algalita, o qual é considerado um subproduto de algas marinhas produzido pela Empresa Hispanagar de Burgos, Espanha, mesmo assim não houve o aparecimento de uma superfície lisa das sementes revestidas, ou seja, a superfície revestida ficou repleta de minúsculos grânulos. Essa imperfeição no acabamento ocorreu em função do pó de algalita ter sido


| 90 processado manualmente numa peneira de malha fina, consequentemente isto pode comprometer o seu fluxo de vazão nas máquinas semeadoras. A algalita utilizada apresentou a seguinte composição química: potássio, sódio, cálcio e magnésio nas quantidades de 22,62; 8,15; 31,64 e 15,94 meq/100 g, respectivamente, e pH de 8,4 (QUEIROGA et al., 2011; Figura 69-B).

Figura 69. A) Moinho de pedra e B) Pó de algalita obtido em peneira de malha fina e testada no recobrimento de sementes de algodão pela Empresa Ramiro Arnedo Semillas, Espanha. Foto A: Diego Antonio Nóbrega e Foto B: Vicente de Paula Queiroga

OBTENÇÃO DE MATERIAIS DO RECOBRIMENTO DE SEMENTES

Nas sementes em geral, podem ser utilizados vários tipos de recobrimento, desde um simples revestimento até uma estrutura mais complexa de encapsulação. Entretanto, quando uma empresa se propuser a obter um revestimento de sementes de elevada qualidade, duas são as opções a serem consideradas importantes com relação à utilização dos produtos de revestimentos:


| 91 A primeira opção é adquirir os seus materiais de coberturas junto a uma empresa que trabalhe com materiais de qualidade superior comprovada, como são atualmente os produtos de cobertura da empresa holandesa Icotec (Figura 70; INCOTEC–RAMIRO ARNEDO, 1989). a)- COATING: material em pó de enchimento das sementes (patenteado), formado pela mistura dos produtos: orgânicos + inorgânicos + adesivos, em proporções não reveladas pela empresa holandesa Incotec (INCOTEC–RAMIRO ARNEDO, 1989). b)- FINISHING: material em pó de acabamento das sementes (produtos inorgânicos + adesivos). c)- CORANTE VERDE: feito a base de anilina

Figura 70. Sementes de algodão tratadas + encapsuladas sem corante com os produtos da Incotec. Fotos: Vicente de Paula Queiroga e Flávio Tôrres de Moura.


| 92 Além de mandar confeccionar as máquinas encapsuladoras ou betoneiras com diferentes volumes (tamanhos), esta estratégica de adquirir os produtos (coating, finishing e corante) da empresa holandesa Incotec foi adotada com sucesso pela Empresa de Ramiro Arnedo de Semillas na cidade de Calahorra, província de La Rioja, Espanha (INCOTEC–RAMIRO ARNEDO, 1989). Vale acrescentar que a metodologia utilizada por essa empresa para sementes de beterraba com os produtos da Incotec é a mesma usada para as sementes de algodão e gergelim.

A segunda opção seria investir numa pesquisa junto às universidades ou órgãos públicos de pesquisa, visando desenvolver um produto de enchimento de elevada qualidade, similar ao produto coating da Incotec, através da combinação de três sólidos com propriedades distintas (orgânico, inorgânico e adesivo) para o revestimento de sementes. Apesar de ser um processo bastante complexo, a importância está na independência quanto a aquisição e importação desses produtos que oneram os custos de produção das sementes encapsulada (Tabela 10). Ademais, os novos produtos de revestimento podem ser patenteados pelos integrantes da equipe das empresas obtentoras. Tabela 10. Valores aproximados dos preços em reais dos produtos produzidos pela Incotec para revestimento de sementes. Produtos

Preço em Euros/kg

Preço em Reais/kg

Coating

1,15

6,90

Finishing

1,32

7,92

Fonte: José Maria Durán Cotação comercial de um euro: R$ 6,00.

Para escolha de material a ser utilizado no processo de encapsulação, incluindo os de enchimento, os adesivos e os de acabamento (polímeros), deve-se levar em consideração a sua influência, dentre outros aspectos, na rigidez do revestimento, na absorção de água e na


| 93 troca gasosa entre a semente recoberta e o ambiente externo. Casos estes aspectos não sejam cuidadosamente avaliados pela empresa, poderão afetar negativamente à germinação das sementes, causando geralmente, redução na velocidade de germinação e do crescimento das plântulas (SACHS et al., 1981; SACHS et al., 1982; SILVA; MÁRTON, 1992; SILVA et al., 1992).

Silva (1997) e Silva e Nakagawa, (1998a; 1998b; 1998c; 1998d) propuseram diferentes métodos para avaliação de materiais e verificaram diferenças marcantes quanto ao tempo de dissolução e a resistência física das sementes recobertas, fatores que influenciam a absorção de água e a troca gasosa, e consequentemente, à germinação das sementes. Em avaliações preliminares para seleção de material, definiu-se a areia fina, microcelulose, bentonita e acetato de polivinila como sendo as melhores opções de ingredientes para formulação da camada de recobrimento. A areia e a microcelulose são utilizadas como material para enchimento. A bentonita e a cola à base de acetato de polivinila (cola PVA) são utilizadas como cimentante. A bentonita tem a função de formar o núcleo da semente recoberta, por ser uma argila que agrega levemente as partículas utilizadas como enchimento. A cola PVA é utilizada para cimentar a camada de acabamento, por ter maior capacidade de agregação das partículas, proporcionando a rigidez necessária à semente recoberta. No entanto, os adesivos formam uma solução de alta viscosidade, o que dificulta a troca gasosa entre a semente coberta e o ambiente externo, sendo, portanto, interessante minimizar o uso de cola PVA. Para o acabamento das sementes recobertas com pó, recomenda-se o uso de polímero “PolySeed” do fabricante Rigran.

Para o acabamento das sementes revestidas com pó, pode ser usado os polímeros PolySeed CF e PolySeed 70 do fabricante Rigran do Estado do Rio Grande do Sul (Tabela 11). Provavelmente, o custo/ beneficio por hectare desses polímeros poderá ser inferior ao produto finishing fornecido pela Incotec (RIGRANTEC, 2011).


| 94 Tabela 11. Polímeros da Rigran e dosagens recomendadas para o acabamento das sementes de algodão e gergelim. PolySeed CF (por 100 kg de

PolySeed 70 (por 100 kg de

semente)

semente)

Algodão

80 a 125 ml

120 a 180 ml

Gergelim (ou sorgo)

15 a 40 ml

25 a 60 ml

Cultura

Fonte: Rigrantec (2011)

O polímero PolySeed CF é especialmente recomendado para o revestimento de sementes, utilizando os mais diversos equipamentos e materiais, por possuir elevado poder de adesão e compatibilidade com as sementes, materiais e solos, garantindo a manutenção da germinação das sementes tratadas em elevado percentual. Este polímero é altamente efetivo no revestimento de sementes, reduzindo ou eliminando o desprendimento de pó durante o tratamento, o ensaque, o transporte e o plantio (RIGRANTEC, 2011).

O produto da Rigran PolySeed 70 também garante a manutenção da germinação das sementes tratadas em elevado percentual. A resina PolySeed 70 poderá ser usada no tratamento de sementes, especialmente nas situações de elevada carga de pós de enchimento, como ocorre com algodão (RIGRANTEC, 2011).

Vale ressaltar que, ao utilizar o material orgânico vegetal na composição do material de revestimento, deve ser evitado o pó de serra de plantas que produzem substâncias fenólicas (anel benzênico ligado diretamente a uma hidroxila), as quais são universais nas


| 95 Angiospermas (SALATINO, 2011), devido a sua toxidade, que inibem a germinação das sementes revestidas.

ARMAZENAMENTO DE SEMENTES RECOBERTAS Nos últimos anos, tem se verificado um aumento significativo no uso de sementes revestidas no Brasil, embora seja limitada a informação sobre seu comportamento durante o armazenamento. Entretanto, pode-se afirmar que os princípios fundamentais para uma correta conservação de sementes recobertas são os mesmos que têm sido amplamente reconhecidos para as sementes nuas. Em geral, estes fatores são exatamente contrários àqueles que proporcionam as melhores condições de germinação, ou seja, para conseguir uma boa conservação é necessário manter o mínimo da atividade metabólica das sementes; isto é possível quando as mesmas são armazenadas à baixa temperatura e umidade relativa do ar, com o objetivo de minimizar a velocidade de deterioração e controlar a ação nociva dos microorganismos próprios de armazenamento (SAMPAIO, 1992).

Considerando as condições ambientais importantes para a conservação fisiológica das sementes, é possível entender como o tipo de material aglomerante utilizado no processo de recobrimento da semente poderá influenciar na sua qualidade ao longo do período de armazenamento. Roos (1979a) utilizou quatro tipos de matérias de coberturas com distintas propriedades para dificultar a passagem da umidade para as sementes de alface e armazenou suas sementes nuas e recobertas, em diferentes condições de temperatura e umidade relativa do ar, durante três anos. Concluiu-se que as sementes, independentemente serem nuas ou recobertas, poderão manter a capacidade germinativa ao longo do período de três anos, sem diferença significativa da germinação inicial, desde que sejam conservadas num ambiente apropriado, temperatura abaixo de 10ºC e umidade relativa do ar menor que 70%. Entretanto, caso o armazenamento ocorra em condições de temperaturas superiores a 21ºC e umidade relativa do ar acima de 70%, as sementes recobertas se deterioram mais rapidamente que as nuas.


| 96 Em trabalho desenvolvido por Roos (1979b), pode-se constatar que diferentes materiais de cobertura podem afetar enormemente as condições higroscópicas das unidades de germinação (sementes + recobrimento) durante períodos de conservação variáveis entre 6 meses e 3 anos. Presumivelmente, as sementes estudadas (nuas e recobertas) alcançaram o mesmo nível de umidade de equilíbrio, embora o tempo necessário para atingir o equilíbrio seja distinto. No processo de recobrimento ainda é possível acrescentar polímeros que servem para formar uma película protetora, evitando o contato direto dos produtos químicos por ocasião do manuseio e também diminuir a absorção de umidade do ambiente externo. Trabalhando com sementes de soja, Henning (1990) estudou a eficácia de polímeros em conjunto com fungicidas para manter a viabilidade das sementes durante o armazenamento e constatou que o tratamento reduziu de maneira significativa a taxa de entrada de umidade do ambiente, enquanto que a qualidade das sementes foi mantida. Verificou também que, para assegurar a integridade do recobrimento, deve ser adicionado talco durante o processo para impedir a aglomeração das sementes e observou que o grau de umidade inicial nas sementes é crítico e deve ser mantido entre 5,8 e 8,4%. Segundo West (1983), o polímero ideal não deve ser permeável ao vapor de água, mas deve ser obrigatoriamente solúvel em água e permitir a embebição das sementes; ou seja, para que haja uma boa conservação das sementes recobertas, além do uso de um aglomerante hidrofílico, é necessário que a semente esteja envolvida por uma fina camada com materiais impermeáveis (polímeros), como forma de prevenir uma inadequada absorção de umidade nas etapas de transporte e/ou durante o período de armazenamento (ROOS; JACKSON, 1976). Para a variedade de gergelim Aceitera, Centeno (1995) conseguiu uma encapsulação esférica, polida, com diâmetro entre 3,25 mm e 4 mm, com umidade de 8,2% e um aumento de peso de 1 kg de sementes normais para 16 kg de sementes encapsuladas. A germinação inicial de 93%, após 4 anos de armazenamento em embalagem hermética, foi reavaliada sobre papel germitest e o resultado foi reduzido para 78%.


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SEMENTES ENCAPSULADAS FLUORESCENTES As sementes encapsuladas florescentes podem ser utilizadas para atenderem dois importantes requisitos:

1- Nas primeiras horas da noite é possível realizar a regulagem de vazão da semeadora, desde que sejam suspendidas suas rodas de compactação, de modo que as sementes encapsuladas, marcadas com lápis fluorescente (Figura 71), sejam expostas sobre a superfície dos sulcos e, mediante a luz, que pode ser produzida por uma lanterna, as mesmas podem se tornar fluorescentes (na escuridão).

A

B

C

Figura 71. Sementes encapsuladas de algodão marcadas com lápis fluorescente: (A) sementes na presença da luz natural; (B) sementes numa sala escura; e (C) sementes numa cabine de visualização de luz ultravioleta com comprimento de ondas dos raios luminosos de 366 nm (nanômetro). Fotos: Vicente de Paula Queiroga.

2- Para o produtor idôneo de sementes revestidas, que pretende se prevenir da concorrência desleal do material pirata, a estratégia de identificação, em cada unidade de sementes revestidas (balde de plástico), de apenas 30 sementes marcadas com lápis fluorescente e distribuídas na parte superior desse depósito ou balde, na forma de circulo ou cruz ou letra, poderá funcionar como um código para identificação.


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PREÇO E EMBALAGEM DA SEMENTE ENCAPSULADA Devido a Empresa Ramiro Arnedo Semillas da Espanha ter realizado alguns revestimentos com sementes de algodão e gergelim para atender exclusivamente as pesquisas científicas da Universidade Politécnica de Madrid, são consideradas apenas os preços praticados por aquela empresa para o revestimento de sementes de beterraba (INCOTEC–RAMIRO ARNEDO, 1989).

Na Espanha, a beterraba encapsulada é plantada por unidades, sendo habitual o emprego de 1,2 a 1,6 unidades por hectare, considerando que uma unidade (U) de sementes de beterraba contém 100.000 sementes encapsuladas. Portanto, o preço da semente encapsulada de beterraba, no mercado espanhol, oscila entre 90 e 120 euros por unidade (100 mil sementes encapsuladas).

Vale salientar que as sementes encapsuladas são comercializadas pela Empresa Ramiro Arnedo Semillas em baldes de plástico com tampa (Figura 72) e a tecnologia de encapsulação utilizada por essa empresa é fornecida pela Incotec (coating, finishing e corante) (INCOTEC– RAMIRO ARNEDO, 1989).

A

B

Figura 72. A) Balde de plástico (com alça) utilizado na embalagem de sementes encapsuladas e B) Amostra de sementes de beterraba encapsuladas em embalagem de plástico. Fotos: Vicente de Paula Queiroga.


| 99 Em contato com a água, as sementes de algodão e gergelim encapsuladas com os produtos da Incotec se fragmentam rapidamente, permitindo o máximo de acesso à umidade e ao oxigênio, fatores essenciais ao processo de germinação e de estabelecimento das plântulas no solo (INCOTEC–RAMIRO ARNEDO, 1989).


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