Revista Matriz | 2ª Edição

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Joel Araújo Formado em Design. Amante de automóveis clássicos

Tu Precisas de um Clássico tuprecisasdeumclassico.com Um blog sobre o dia-a-dia de um jovem e um clássico. Olá. Sou o Joel e estudei Design na Universidade de Aveiro entre  e . Não me considero de todo um blogger, não sou patrocinado por uma marca de óculos de sol e falta-me o estilo para usar lifestyle nos meus conteúdos. Contudo, não nego a vontade enorme que tenho de escrever sobre as coisas que gosto e que acredito serem úteis ao meu público imaginário. Curiosamente, o meu primeiro blog foi sobre a minha vida universitária, “Em direto do º Direito” (ainda não se falava em acordo ortográfico em ), no início da licenciatura. Quantos de vós querem esconder do mundo como é a vida miserável de estudante? Dos pratos de massa com atum, das diretas a trabalhar, das ressacas e do vosso quarto irremediavelmente desarrumado? Bem, eu não. Nem eu, nem os meus dois colegas de casa. ( Emdirectodoquartodireito.blogspot.com ) Apesar de já ninguém usar o Blogger da Google, ainda está lá (quase) tudo, incluindo toda a matéria embaraçosa que na altura fez todo o sentido escrever. Naturalmente, e nos afastávamos de , o ano forte dos blogs, e porque eventualmente tínhamos mais que fazer, o “ºDireito” acabou por deixar de ser atualizado. Antes de acabar o mestrado em Design (na verdade não o acabei, mas por bom motivo), ainda me juntei a estes mesmos colegas de casa para desenhar a imagem da AAUAv que vês hoje. O bom

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motivo para saltar do mestrado, para além da falta de vontade, foi o convite irrecusável de ser cofundador da startup mais preguiçosa de Portugal, a FHOLD, incubada na IEUA – Incubadora de Empresas de Universidade de Aveiro, parceira da Associação Académica. Parceria que nos levou a entregar em  e  umas bases em cartão para PC portátil bem giras a todos os novos alunos da UA. Isso, e empurrar um carrinho de compras no Shark Tank Portugal. Se mete rodas, às tantas isto ainda vai para o blog. O meu segundo blog teria um tema bem diferente, e que tal como o primeiro o fazia na altura, reflete algo muito atual da minha vida. Para alguns, só se atinge a maioridade ao acabar a Universidade. Para outros, é quando passas a tratar do IRS. Para alguns é casar e ter filhos. Para alguns ser adulto é saber estrelar um ovo sem sujar (muito) a cozinha. Cada um com as suas metas. Para mim, um desses objetivos foi comprar um carro, mas não um qualquer. Tive a sorte de em criança ter um contacto muito próximo com automóveis, como na manhã fria de  em que levei com um Renault  Chamade bordô na cara. Tinha eu  anos de idade. Ironia do destino, durante as  semanas que passei no hospital, todas as minhas visitas trariam carrinhos de brincar para me oferecer, felizmente nenhum R. Apesar de ser um desejo que alimentava há imenso tempo, ter um carro próprio foi um luxo ao qual voluntariamente me privei. Sabia que quando comprasse um, não o quereria apenas como mula de transporte de passageiros de A a B. Seria sempre uma compra numa perspetiva de investimento e nunca de desenrasque. Algo que respondesse a uma série

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de critérios que estabeleci para mim mesmo, e que para além de tudo, fosse um projeto que pudesse usar como base para a minha aprendizagem sobre automobilismo, mecânica, detalhe, e que fosse o meu bilhete de entrada para a comunidade mais fascinante de pessoas que já conheci, a dos clássicos. O grande percursor para a minha mudança de ideias foi o meu novo emprego, que deixou de estar a  min. a pé para estar a uns graciosos  min. de casa. Graças ao fantástico clima e serviço de transportes públicos da cidade de Aveiro, passado umas semanas de longas caminhadas até ao trabalho (sorte que em Aveiro não chove!), comecei a achar que os meus pais teriam razão (têm sempre) e talvez precisasse mesmo de um carro, rapidamente. Sempre fui contra a expressão “clássico é carro de fim-de-semana”. Sempre quis provar que qualquer pessoa, jovem, inexperiente e com pouco dinheiro, pode ter um clássico como carro diário. O blog tuprecisasdeumclassico.com foi a forma que encontrei de perceber ao longo dos próximos tempos, o quão certo ou errado estarei. O meu primeiro carro, e por sua vez estreante do blog foi um Toyota Starlet ep XL de . No blog registei tudo o que já fiz com o carro, e agora que volto atrás, não foi pouco: participei nos meus primeiros encontros de clássicos, criei o blog tuprecisasdeumclassico.com (a razão deste texto para a Matriz), aprendi (alguma coisa) sobre detalhe automóvel e (muito pouco) sobre mecânica. Foi ao volante que participei nas primeiras provas de perícia, e onde limei os pneus no circuito Vasco do Sameiro em Braga, cidade onde vivo atualmente. Foi o Starlet que me transportou a bateria para alguns dos concertos que dei até . Foi também ele que me levou o dinheiro dos pratos para substituir um radiador e junta da


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