A Teia - nº 1

Page 1

nº REVISTA DE HUMOR SOBRE EVENTOS BEM E MAL PASSADOS

1

19 de SETEMBRO de 2017

O CANTO POLÍTICO NOVAS MÚSICAS DAS GAIOLAS DE FERRO ENCANTAM ELEITORADO


REVISTA DE HUMOR SOBRE EVENTOS BEM E MAL PASSADOS

1

19 de SETEMBRO de 2017

A TEIA é uma revista com uma periodicidade assídua, mas imprevisível. Utiliza o bom e o mau humor, as técnicas do “diz que disse” e do “foi mais ou menos assim” para discutir e refletir sobre factos objetivos, subjetivos, verdadeiros, e falsos.

Direção, edição e proprietários César Rodrigues (textos, ilustrações) D’ass! Rodrigues (textos, ilustrações) web: www.ateia.pt email: revista@ateia.pt

ÍNDICE ENTREVISTA AO EDITOR

2

ATUALIDADES Mini-cérebro / Redes Cerebrais / Singela Proposta

3

EPIFANIAS DA VIDA O Assédio

5

ESPAÇO LIVRE Paródia à Moda Antiga

7

REPORTAGEM ESPECIAL Escândalo na Igreja: Novas Oportunidades?

17

POLÍTICA NACIONAL

21

POLÍTICA INTERNACIONAL

22

VISÃO ESTRÁBICA DA REALIDADE

23

NO DIVÃ COM DANIEL Se fosses um fruto, qual serias?

24

A SEMIÓTICA DO INVISUAL Autárquicas 2017 - Uma imagem do futuro

25

O PENSADOR

29

1

A Teia - nº 1


ENTREVISTA AO EDITOR No primeiro número da revista “A Teia”, trazemos até si uma entrevista exclusiva com um dos editores da revista: César Rodrigues.

Entrevistador: A primeira pergunta é simples. Quem está a entrevistar quem? César Rodrigues: Eu estou a entrevistar-me a mim próprio. E: Então é possível que já saiba de antemão as perguntas que lhe vou fazer? CR: Sim, é possível. Mas não é provável. Não sou pessoa de raciocínio rápido. E: Então aqui vai a pergunta que se impõe: Porquê esta revista, porquê fazê-la neste momento da sua jovem vida? CR: Jovem vida? Não precisa de me dar graxa, o seu trabalho está tão garantido como o meu... Já estou quase na faixa dos trinta. Mas enfim, o aborrecimento total, a súbita falta de interesse por drogas, a ansiedade, o stress pós-trumpático, e um profundo desalento pelo modo como a comunicação se processa no estado corrente da nossa vida. Estes foram os principais motivos que me levaram a fazer uma revista de sátira. A Teia - nº 1

E: Como pode um jovem de quase 30 anos estar tão amargurado?

“A Teia” irão seguir o estilo iconoclasta que o César defende?

CR: Imagino que seja por falta de uma das maiores virtudes do homem: a paciência. Não contem comigo para plantar plantas, comigo morrem todas à sede. Não contem comigo para cuidar de animais, não sou vegetariano. Crianças? Entreguem-mas apenas quando elas já estiverem a descontar para a Segurança Social. A isto junta-se uma escoliose e uma hérnia, a acumulação de trabalhos liberais, e um país - e um mundo - onde a cultura pertence a sobrinhos e a economia a padrinhos.

CR: A bem da igualdade, prefiro dizer que sou simultâneamente um “i-conoclasta” e um “i-cona-clasta” de gema. Quererá isto dizer que esta revista vai ter nudez? Sim, irá ter.

E: Tem receio de eventuais reações políticas, sociais, ou ideológicas, contra os artigos que virá a publicar n’ “A Teia”? CR: Na verdade, o meu maior receio é não ter reações nenhumas... espero não chegar aos 40 anos de idade sem um processo contra mim como deve ser. É como diz aquela frase: ter inimigos significa que temos princípios que defendemos. E: E que tipo de princípios pretende defender nesta revista? CR: Vários tipos de princípios, na verdade. Tais como o “princípio do fim”; o do “duas mulheres é melhor do que uma, três é um exagero”; ou ainda, o “em princípio, o filho não é meu”.

E: Será, então, uma revista exclusivamente direcionada para adultos? CR: Não, o sexo já não vende. A Teia é uma revista feita por familiares, para famílias. Como tal, abordaremos temas com os quais as famílias lidam diariamente, tais como o sexo desprotegido; a relação entre as religiões e os charlatães; o turismo económico; os predadores sexuais; a fase esquisita das borbulhas; o vizinho esquisito que olha para a filha, ou filho. Falaremos também sobre drogas, sobre quais são as mais seguras de usar e aquelas que devemos evitar. Talvez o tema que poderá incorrer em alguma obscenidade será o da política, dado que os seus intervenientes costumam ser uns putanheiros. E: São grandes as expectativas do que aí vem. César, gostaria de lhe agradecer esta entrevista, desejar boa sorte para a revista, e aproveitar para fazer uma última pergunta: amanhã posso chegar um pouco mais tarde? CR: Pois, com certeza!

E: Princípios fortes, portanto. As imagens a publicar n’ 2


ATUALIDADES Mini-Cérebro

Na Arábia Saudita, o Comité para a Promoção da Virtude e da Prevenção do Vício prendeu uma mulher por esta partilhar um vídeo de si mesma a usar uma mini-saia. Ora, um grupo de homens com o tamanho do cérebro normal, normalmente, gosta de ver saias curtas; aliás, quanto mais curtas - quanto mais “mini” - melhor. Sendo que este grupo de homens gosta de ver precisamente o contrário - saias mais compridas, até aos pés -, as regras da proporcionalidade inversa levou muita gente a pensar que estes senhores possuem mini-cérebros. Entretanto, a mulher saudita foi libertada. Quanto à mini-saia, essa continua encarcerada à espera de julgamento.

3

A Teia - nº 1


Redes Cerebrais Uma investigação avançou com a descoberta de que a rede social Instagram é aquela que maior, e pior, impacto tem na saúde mental dos jovens. Dados os perigos que acompanham estes serviços, está a ser avançada a criação de uma bula medicamentosa com informações sobre as características destas “redes”. Como acontece com qualquer medicamento, a bula irá conter as indicações e contra-indicações, efeitos imediatos e secundários, e recomendações de toma e dosagem.

Singela Proposta

De acordo com um estudo sueco, ter filhos é a coisa mais destrutiva que uma pessoa pode fazer ao ambiente. O estudo demonstrou que ter menos uma criança por família pode salvar uma emissão média de 58.6 toneladas de CO2 para a esfera terrestre. Já não é a primeira vez que graves problemas sociais são imputados a crianças. E todas as pessoas sabem como elas fazem imensas asneiras para depois dizerem que não fizeram nada. Mas as desculpas delas acabaram agora. Agora, temos a ciência a dizer explicitamente que a culpa é delas. Assim, da próxima vez que o leitor for apanhado desprevenido pelo preço inflacionado da gasolina, ou se de repente se vir obrigado a ir a um workshop de reciclagem e compostagem, bata com força e sem remorso no seu filho, pois a culpa é certamente dele.

A Teia - nº 1

4


EPIFANIAS DA VIDA O Assédio Porque olhava ela assim? Sem vergonha, como se lançasse dardos de veneno sexual contra mim... Eu era um inocente desprotegido prestes a copular mentalmente com uma menor, e ninguém nos arredores era capaz de intervir para parar tal blasfémia! Alguns dos maiores problemas de um qualquer jovem é, sem dúvida, o seu cabelo, o seu casaco de couro, e as cores com que se veste. O problema da beleza é o seguinte: ou nos importamos com ela, ou não lhe ligamos nenhuma; em ambos os casos, é uma questão de ego. Como poderei eu saber se estou bonito, se ainda pareço jovem e se serei atraente, quando a única pessoa que me diz que sou bonito é aquela que vive dentro do espelho em que me olho? Quem tenta convencer quem? Serei eu que tento 5

convencer o espelho, ou o espelho que me tenta convencer a mim? Preparava-me para mais uma viagem no metro da cidade; cerca de 20 minutos de puro desperdício de tempo que sempre são melhores que os 50 minutos que levaria a fazer o caminho a pé. Estava perto da cabine do motorista e, curioso, olhava para o interior e imaginava que era eu que ia no seu lugar. Quando voltei a olhar para o interior do metro, a menos

de 1 metro de mim estava uma rapariga bonita, atraente e com charme. De forma persistente, ela olhava para mim e para a cabine; para mim e para a cabine; para mim e para a cabine... Estará ela a olhar para mim, ou será estrábica? - perguntava-me eu. A rapariga, por fim, voltouse para a frente e ficou a olhar para o exterior do metro através da janela. A rapariga albergava uma pasta de escola com uma etiqueta onde aparecia escrito: Marta Leite; 10º Ano; A Teia - nº 1


3º Período. Portanto, era uma jovem de nome Marta com cerca de 16 ou 17 anos, no máximo. Enquanto eu olhava para a pasta de Marta, esta virou-se novamente e fixou o seu olhar em mim. Eu, petrificado por dentro, fingi estar a olhar para o infinito e não para a sua pasta. Nada de estranho até aqui, não fosse o facto de Marta ter literalmente fixado o seu olhar em mim a menos de 1 metro de distância. Utilizando a minha visão periférica, tentava compreender a situação sem no entanto perder o meu ar cool. O seu olhar firme, penetrante e quente, derreteu o objeto petrificado que tenho no meu peito e a que chamo de coração. O seu olhar assediante incendiou a minha compostura. Marta provocou o meu constrangimento total, reduzindo-me a uma situação de ingenuidade que entorpeceu o meu raciocínio. Naquele momento, eu já não sabia quem era o menor de idade; se eu, se Marta.

onde estiverem. E mais! Na maior parte das vezes são bem sucedidos. Quem me dera ser ninfomaníaco, nem sequer percebo porque é considerado uma doença. O assédio trovejante e tectónico da Marta provocou um abalo dentro de mim. O meu ritmo cardíaco começou a aumentar, e o meu corpo começou a produzir movimentos estúpidos e incontroláveis. Tal como uma criança, comecei a sentir uma vontade incontrolável de ir à casa de banho. A pressão foi imensa, e a dada altura não fui capaz de conter um sorriso de nervosismo. De um sorriso pequeno cresceu um grande sorriso. Perdera a batalha do sério com Marta. Rendido, olhei a sorrir para ela e perguntei-lhe, com os meus olhos e com o meu corpo, “Afinal, o que se passa?” - És muito bonito. Quando Marta proferiu estas

palavras, a Estupefação deu as mãos ao Estarrecimento. A resposta de Marta foi monumental por duas razões: por um lado, a sua frase expressa simplicidade absoluta; por outro, é homenageadora para quem a recebe. A minha resposta foi bem mais coloquial: - Também sou bem mais velho do que tu. O contra-argumento de Marta foi sinal de alguém significativamente liberta de restrições: torceu o corpo enquanto subia os ombros e as sobrancelhas, apologiando a aleatoriedade de algo que simplesmente acontece de vez em quando - ver alguém cuja beleza não deixa ver mais nada à sua volta. Depois desta troca de palavras, Marta acabou por sair na paragem de metro. Predadora ou não, Marta é sem dúvida um ser errante.

Porque olhava ela assim? Sem vergonha, como se lançasse dardos de veneno sexual contra mim... Eu era um inocente desprotegido prestes a copular mentalmente com uma menor, e ninguém nos arredores era capaz de intervir para parar tal blasfémia! “Será ninfomaníaca?”, pensava eu? Os ninfomaníacos são pessoas que tentam de tudo para arranjar um parceiro sexual, estejam A Teia - nº 1

6


ESPAÇO LIVRE Uma homenagem a Raphael Bordallo Pinheiro

Paródia à Moda Antiga 7

A Teia - nº 1


PORQUE ELE É O ETERNO REI DA QUINTA Ó meu Grande Porco, Mas o que escarafunchas tu? É com o bandulho cheio de merda, Que a nosso custo arrastas esse grande cu!

A Teia - nº 1

8


SÃO TODOS IGUAIS, SÓ MUDA A COR

Onde está ele, Esse lagarto esquivo? De língua grande, da cor do arco-íris, E de um hálito nocivo?

9

A Teia - nº 1


SEMPRE A ANDAR PARA A ESQUERDA OU PARA A DIREITA, NUNCA EM FRENTE

De carapaça dura e grandes tenazes, Contigo o eleitorado anda em alvoroço. Mas quando te decidem abrir as entranhas, Aí é que te tornas saboroso!

A Teia - nº 1

10


PORQUE A VAIDADE É O SAL DA SUA VIDA

Oh, meu grande Pavão, Mas que lindas plumas te saem desse traseiro! Deixa que se registe a tua beleza estonteante, Para que se mostre a um qualquer forasteiro!

11

A Teia - nº 1


EM CIMA DO POLEIRO, ELE DIZ O QUE LHE APETECE

A Dádiva do Papagaio, É a de que ele sabe falar, Mas bendito é o dia, Quando ele se decide a calar.

A Teia - nº 1

12


QUANDO PEQUENOS PROBLEMAS SE TRANSFORMAM NUMA GRANDE PESTE

Lá em baixo no esgoto, Eles andam entre as sombras da javardice. E quando a merda vem à tona, O terror espalha a sua canalhice.

13

A Teia - nº 1


Lembras-te de mim? Quando nos conhecemos, ainda andavas com a disquete...

Apanhe a onda revivalista dos velhos meios. Porque ĂŠ de antigos amores que a maioria dos filhos sĂŁo feitos. A Teia - nÂş 1

14


15

A Teia - nยบ 1


“QUANDO A CABEÇA ESTÁ NAS NUVENS, AS MÃOS DEVEM ESTAR NOS BOLSOS.” Autor Desconhecido

A Teia - nº 1

16


REPORTAGEM ESPECIAL Escândalo na Igreja: Novas Oportunidades? Parece ser evidente que a Igreja está a expandir o seu negócio para novos públicos e mercados. Os “recentes” acontecimentos dão conta de abusos de menores, orgias homossexuais, e abuso de drogas entre personalidades elevadas no seio do Vaticano. Quem diz no seio, diz também no pénis.

Congregação do Vaticano para a Doutrina da Fé, alegadamente ocupado pelo secretário de um dos principais conselheiros do Papa Francisco: Francesco Coccopalmerio.

Num dos mais recentes “precalços” da sagrada instituição, a polícia encontrou drogas e um grupo de homens “encaixados em fila” num apartamento da

“O colarinho branco de um dos padres caiu ao chão. Quando este se vergou para o apanhar, um outro padre perdeu o equilíbrio e caiu sobre as suas costas. Com o

Em declarações a alguém, Francesco Coccopalmerio explicou o que se passou:

impacto, ambos perderam o equilíbrio, e um deles caiu mesmo em cheio com a boca na zona da pélvis de um outro padre que estava sentado no sofá. “Bom”, pensei eu, “já que está tudo encaixado, continuemos.” À luz destes acontecimentos, parece ser seguro afirmar que a Igreja está a explorar a respetiva sexualidade em toda a sua amplitude. Ao que parece, ter uma boa vida sexual é vantajoso para a saúde, e dado o número de tomates envolvidos nesta peripécia, a Igreja parece estar sensível à recomendação da Organização Mundial de Saúde que aconselha ao consumo diário de hortofrutícolas. Esta atitude da Igreja de enveredar pelos hortofrutícolas levou a que muitos experimentassem o chamado tomate cherry. O tomate cherry é uma espécie de tomate cujo tamanho é menor e, normalmente, o seu sabor é um pouco mais doce que um tomate comum. Nem todos os padres são adeptos desta dieta, principalmente o Papa Francisco que, de forma

17

A Teia - nº 1


A Teia - nยบ 1

18


desesperada, nos últimos meses tem andado a gritar pelos corredores do Vaticano para que os seus compadres abandonem esta dieta vegetariana. Enquanto a estratégia de captação de novos públicos não estiver bem definida, Papa Francisco estabeleceu as novas palavras de ordens: “Mantenham as salsichas fechadas nos pacotes, e deixem os tomates cherry amadurecer em paz.” Mas esta santa blasfémia não é um acontecimento novo. No obscurantismo da Igreja reina um código de silêncio disfarçado pela luz que guia

19

A Teia - nº 1


a ação benevolente destes padres católicos. Para alguns, esta luz é Deus. No entanto, para outros, é o brilhozinho nos olhos dos pequenos crentes que guia a santa batina. Com tanta luz a entrar nos olhos, por vezes torna-se difícil ver com clareza. O

excesso de iluminação tem vindo a deturpar a ética daquela que é uma das instituições mais antigas do mundo contemporâneo. A necessidade de modernização tornou obrigatório algumas mudanças, sendo que uma das hipóteses que se encontra em discussão é a utilização permanente de óculos de sol

“estilo católico” para amenizar o ímpeto de um olhar voraz e indecentemente iluminado. Enquanto estas mudanças não são implementadas, fica o censelho: protejam os rabinhos desta santa blasfémia.

SUBSCREVA, APOIE e COMPRE a nossa revista web: www.ateia.pt email: revista@ateia.pt

A Teia - nº 1

20


POLÍTICA NACIONAL

Autárquicas 2017: estudo independente revelou que os diretores de comunicação responsáveis pelas autárquicas de 2017 têm uma média de 8 anos de idade.

Armas roubadas dos paóis em Tancos foram devolvidas da Quinta Dimensão. Ladrões argumentaram que estas não funcionavam, e ameaçaram ainda o Estado português com um processo de indeminização.

Partido Comunista Português continua a defender o regime Venezuelano, mas admite que a Internet ainda é uma coisa nova para eles e que, provavelmente, estão um pouco confusos com tanta informação.

Standard & Poor’s retira Portugal do “lixo” normal para colocá-lo no lixo orgânico. Assim, Portugal fica agora habilitado a ser submetido a técnicas de compostagem para estimular a estabilidade social.

Em declarações públicas, Pedro Passos Coelho justificou declarações infelizes dos últimos meses com “a enorme tusa” e “sentimentos mistos” que António Costa lhe provoca.

Deputados parlamentares do CDS-PP admitem que bater palmas no final dos discursos do orador da sua bancada serve para afastar mausolhados e doenças venéreas provenientes dos partidos de esquerda.

21

A Teia - nº 1


POLÍTICA INTERNACIONAL

Republicanos Americanos não acreditam que a proibição de armas de fogo possa parar a violência nas ruas. No entanto, acreditam que a proibição do aborto possa parar o aborto realizado ilegalmente.

A Casa Branca confirma: presidente Trump com enjoos matinais dois meses depois do encontro secreto com Putin realizado durante a cimeira do G20.

Coreia do Norte lança um novo website de turismo. No entanto, o website lançado caiu no mar, perto da costa japonesa, e não provocou quaisquer danos materiais.

Na Turquia, cada vez mais pessoas são voluntariamente detidas pela polícia por acharem que têm mais liberdade de expressão dentro da prisão.

Futuros bombistas suicidas do Daesh marcam greve por sentirem falta de progressão na carreira e exigem reformas antecipadas. O governo do autoproclamado Estado Islâmico responde com um aumento de horas laborais.

Estudo científico mostrou que um pequeno confronto entre grupos de neo-nazis num extremo do mundo, pode provocar uma grande manifestação de paz no outro lado do mundo.

A Teia - nº 1

22


VISÃO

Estrábica da

REALIDADE Textos e ilustração de D’ass! Rodrigues

Apelo à Minha Primeira Namorada de Revista A primeira namorada não se esquece, e eu não fujo à regra. Lembro-me perfeitamente da minha primeira namorada porque ela era estrangeira. É verdade! Era uma rapariga americana muito bonita, muito bem feita, com um corpo de sonho e lustroso que se desdobrava toda para me agradar. Digo “desdobravase” porque estava na página central de uma revista da Playboy que me chegou às mãos por volta dos meus catorze anos de idade. Como fui feliz com aquela rapariga! Acho que foi a única que nunca me disse “Não” a nada e ia comigo para todo o lado. Tudo corria bem, até que alguém ma roubou. Nunca descobri quem foi. 23

Por isso, ocorreu-me escrever esta carta para tentar encontrar os dois; a minha namorada, e o sacana que a levou: “Baby, se estiveres a ler esta carta, quero dizer-te que estou disposto a perdoar-te se deixares esse desgraçado com quem fugiste! Não importa se já não tiveres a frescura de quando te conheci, e podes até já estar toda amarrotada e ter perdido o lustro, porque isso eu aceito. Mas há só uma condição da qual não abdico para te aceitar novamente: tens que ainda ter as páginas todas!”.

Califórnia Estava na esplanada com a minha mulher quando passou uma rapariga muito gira com uma t-shirt que tinha a palavra “Califórnia”

estampada à altura do peito. Perguntei à minha mulher: - Viste aquela rapariga? Ela respondeu que sim, e eu disse-lhe: - Trazia uma t-shirt com um lugar que gosto muito. - A Califórnia? - perguntou ela. - Não, as mamas. - respondi eu.

Castigo Cruel Em miúdo sofri o castigo mais cruel que se pode dar a uma criança: ficar 2 dias sem internet e telemóvel. Foi cruel porque nessa altura não haviam essas coisas, por isso acabei por ser castigado a ficar sem internet e sem telemóvel até aos 30 e tal anos. A Teia - nº 1


NO DIVÃ COM DANIEL crónica “O que dizem os teus olhos?”

Se fosses um fruto, qual serias e porquê?

António Costa

Assunção Cristas

Marcelo Rebelo de Sousa

Olha Daniel, como eu gosto de andar à marmelada com vários parceiros, diria que seria um marmelo!

Estão sempre a dizer-me que, para eu ter sumo, tenho de ser espremida. Por isso, seria uma laranja, mas pintada de azul!

Um pêssego. Entre outras coisas, porque gosto de ser descascado com afeto antes de ser comido.

A Teia - nº 1

24


horas dedicadas aos trabalhos manuais dos meninos e meninas. Finalmente, a política percebeu-se a si mesma: ela é coisa de crianças. Tal como os bebés, também os políticos gostam de estar sempre a chuchar nos seios até que as maminhas não tenham mais alimento. E é assim que, de biberão em biberão e de tacho em tacho, os políticos vão crescendo de forma saudável.

Amorim Viso Alberto

A SEMIÓTICA DO INVISUAL “Eu vejo o que me dizem. Porque sou cego.”

Autárquicas 2017 - Uma imagem do futuro Muitas vezes falamos das saudades que nos deixaram as míticas imagens de propaganda política e ideológica do século passado. Imagens essas que foram capazes de mover ódio entre ideologias antagónicas, e de mobilizar indivíduos a defender a sua pátria com a sua própria vida. Essas belas peças iconográficas deixam saudades. No entanto, as recentes imagens produzidas para as autárquicas de 2017 inauguram um novo modo de fazer comunicação e 25

propaganda. E, meus caros leitores, nunca o refinamento esteve em tão alto nível. Estas imagens irão marcar o início de um novo período de ouro na propaganda política. As máquinas partidárias tiveram a genialidade de pedir às escolas primárias das suas regiões para trabalharem na sua comunicação e fazerem os seus outdoors. Esta proposta foi recebida com um grande entusiasmo pelas professoras que, de imediato, incluíram esta proposta nas

Passaremos, então, a analisar esta simbiose entre a perceção infantil e o modo de fazer política. Um eleitor atento depressa se aperceberá de uma tendência: a utilização da fotografia do candidato acompanhado de uma frase contra um plano de cor (fig. 1). Coisa simples, direta e, obviamente, perspicaz por parte dos miúdos. Ora vejamos, é sabido que o discurso político está cada vez mais esvaziado de conteúdo. Não concordamos que, de modo geral, vivemos um período em que a política se tem vindo a esgotar ideologicamente? Pois bem, as crianças captaram esta essência ao utilizar apenas planos de cor no fundo das imagens de campanha. Muitas destas imagens fazem lembrar aquelas telas verdes utilizadas na televisão, onde as pessoas estão sentadas contra um fundo verde e só depois, em pós-produção, é que é colocado um cenário. No caso das imagens de campanha, as crianças optaram por não colocar esses cenários para transmitir esta ideia de esvaziamento político, A Teia - nº 1


da sua carreira de mamão. Também aqui, a perspicácia infantil fez-se notar de forma soberba.

fig. 1 - Fernando Martins (PS)

onde não existe ambiente, complexidade, intenção. A tendência em utilizar estes planos de cor simples ilustra a opacidade ideológica e falta de profundidade que acompanha o discurso político. Verdadeiramente genial da parte dos miúdos. Mas ao nível da teoria da cor, as crianças que fizerem estas imagens não se ficaram por aqui. Elas abandonaram aquela ideia do partido associado a uma determinada cor e fizeram cartazes onde misturam as cores partidárias todas, independentemente

fig. 2 - Cartaz PSD em Fajozes A Teia - nº 1

do espectro político do candidato. Há mesmo casos onde numa mesma candidatura, a cor do plano de fundo é diferente. Esta mistura de cores, que os miúdos tanto adoram fazer, acaba por representar uma espécie de daltonismo político-ideológico que tem vindo a marcar os nossos tempos, o que por vezes nos impede de perceber o que diferencia a esquerda da direita. Isto serve também para representar aqueles casos em que o mesmo indivíduo passa por vários partidos políticos ao longo

Olhemos agora para as mensagem trazidas por esses cartazes. Quem não adora ouvir crianças quando, de forma inocente, se trocam a dizer palavras? Estes trocadilhos maravilhosos estão na base de slogans de campanha como o do PNR - “A melhor p’ALMADA”, e do PS - “Pelo PÓ, SEMPRE!” São títulos com piada, empáticos, que não ferem suscetibilidade e reforçam o caráter parvalhão da política portuguesa. Nestes casos, as crianças estiverem bem. Noutros casos, convém dizer, foram mais preguiçosos e utilizaram a técnica do “completa a frase”, um exercício que tantas vezes aparece durante os testes da primária (fig 2). Existem outros exemplos onde a ideia foi boa, mas ingénua - o que também é próprio dos miúdos. Num dos cartazes do CDS-PP, de

fig. 3 - Cartaz CDS-PP de Salomé Castanheira 26


Salomé Castanheira (fig. 3), podemos ver um homem dos seus 50 anos com um balão a dizer “Eu sou o Victor, mas podes chamar-me Salomé”. Pois bem, eu até percebo que as crianças pudessem estar a querer explorar a ideia do transgénero, mas na realidade, se eu entrar num café de Águeda e chamar “Salomé” ao Sr. Victor à frente dos seus amigos, temo que a resposta dele não seja assim tão diplomática. No entanto, fica a boa intenção dos miúdos que pensaram este cartaz. Por fim, enunciar aquela que

me pareceu ser uma estratégia comunicacional transversal aos partidos mainstream - a técnica do virado de pernas para o ar. É fácil perceber como as crianças tiverem esta ideia. Chegar a casa e ouvir a mãe a dizer “O teu quarto está todo de pernas para o ar! Vê se o arrumas, quero ver tudo direito!” é algo comum na vida de um qualquer jovem. De forma soberba, elas conseguiram aplicar a mesma ideia nestes cartazes (figs. 4 e 5), e mostrar, de modo elegante, que o discurso político, também ele, está virado de pernas para o ar.

Resumindo, as crianças que desenvolveram as imagens das campanhas para as autárquicas de 2017 estão de parabéns. Elas conseguiram criar imagens que, de modo perfeito, espelham o status quo da política: discurso vazio e sem conteúdo, daltonismo político-ideológico, simplicidade saloia, e populismo. Uma grande salva de parabéns a estas crianças e às suas professoras. Elas conseguiram dar-nos um vislumbre do futuro da política, onde o básico será o novo minimalismo.

fig. 4 - Cartaz CDS-PP. O cartaz é tão confuso, que nem Assunção Cristas sabe como há-de colocar as mãos.

ATENÇÃO Estes cartazes são reais, não foram criados pelos editores d’ A Teia com a finalidade de gerar mal-dizer e chacota em relação aos candidatos envolvidos. Consideramos que as máquinas partidárias fizeram já um excelente trabalho a ridicularizar os seus candidatos, revelando uma imaginação que não sabemos se conseguiríamos igualar. Por fim, uma vez que os partidos passam 4 anos a avacalhar com o seu eleitorado, achamos justo que, pelo menos 1 vez em cada 4 anos, estes candidatos sejam expostos ao ridículo pelas suas famílias políticas. fig. 5- Cartaz Bloco de Esquerda. 27

A Teia - nº 1


Uns dizem para poupar papel. Outros, para poupar água. A solução?

Não cagues!

Protege o Ambiente A Teia - nº 1

28


O PENSADOR Textos e ilustração de

D’ass! Rodrigues

Estes pensamentos que aqui vos deixo são do tipo que ocorrem a qualquer um. Àqueles que poderão com eles ficar chocados, gostaria de deixar aqui, desde já, o meu muito obrigado.

• O WC é o único local onde o homem consegue fazer duas coisas ao mesmo tempo. • Não percebo por que razão as mulheres estão sempre a comprar roupa quando nós

só pensamos em despi-las.

• Tenho tanto azar, que se voltar a reencarnar vou ter a mesma mulher e o mesmo emprego. • Já estou habituado a ir na rua e ser tratado como um símbolo sexual. É muito frequente as pessoas passarem por mim na rua e dizerem: “olhem

caralho!”.

para aquele

• Conheço uma senhora que se inscreveu numa escola de equitação. Acabou por desistir depois de lhe dizerem que o cavalo tinha que ser montado com as patas para baixo. 29

• Tu

és o filho que qualquer pai gostaria de ter parido. • Nunca tive muita sorte na vida. Tenho 55 anos, trabalho desde os 18, e nada do que eu tenho é meu - nem os filhos. • Um dia vou mudar de sexo. Vou trocar o meu por um maior - e logo a seguir vou implantar umas mamas, na boca.

• Nos homens, só a altura é que não se mede aos palmos. • Paradoxo é quando alguém diz: “Tenho um grande problema: um sexo pequeno”. • Tenho um tabuleiro de xadrez com

uma rainha tão gorda, tão gorda, que ocupa dois quadradinhos.

A Teia - nº 1


Super BOBI O melhor amigo d’ A Teia está treinado para lhe explicar como pode ir buscar o seu jornal. Por jornal, entenda-se “a revista”. Por revista, entenda-se “A Teia”.

Demonstração - Bobi, meu amigo! Eras capaz de me ir buscar A Teia? - Mas sou teu criado? Estás com esses dedos tão gordos que não podes carregar na porcaria dumas teclas? É só ir a www.ateia.pt e fazer o download do PDF do último número. - Lindo rapaz! Inteligente como o raio! Já que percebes tanto de computadores, fazes o favor de ver o meu e-mail?

1

19 de SETEMBRO de 2017 Copyright © A Teia - 2017 Todos os direitos reservados A Teia - nº 1

edição limitada

Aquele a quem imputar as responsabilidades: César Rodrigues revista@ateia.pt

30


SE A VIDA FOSSE FÁCIL NINGUÉM SE RIA

Se gostar, partilhe com os seus amigos.

web: www.ateia.pt email: revista@ateia.pt

Se não gostar, partilhe com os seus inimigos.


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.