A Magazine #4

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_entre vidas © Pedro Monteiro - Fora de Série

Calculadora aeronáutica, um instrumento importante no planeamento de qualquer voo.

O GESTOR QUE SABE VOAR

Quando tudo indicava que seria piloto, tornou-se engenheiro e depois gestor. Não perdeu contudo o gosto por voar nem por construir. Depois de um ano difícil e na entrada de um ciclo de crise económica, o presidente executivo da TAP PORTUGAL diz que não é hora de mudar estratégias.

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Fernando Pinto é um dos poucos pilotos em Portugal habilitado a pilotar este hidroavião ultraleve.

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ste não foi um bom ano para a TAP. Aliás, a subida galopante do preço dos combustíveis fez de 2008 um mau ano para o transporte aéreo em geral. À data desta entrevista Fernando Pinto não tinha ainda valores exactos, mas o pesar com que aborda o tema não deixa dúvidas. “Não é uma boa sensação, depois do trabalho que foi feito por todo o grupo de trabalhadores que se dedicou e esforçou muito, ter um ano perdido como este”. Após um recorde de resultados em 2007, quando a empresa atingiu 32,8 milhões de euros de lucros, o maior da sua história, os resultados opostos têm um sabor mais amargo, sobretudo se induzidos por factores externos. Mas Fernando Pinto está habituado

a desafios. Quando chegou à presidência da TAP a empresa perdia 120 milhões de euros. Volvidos 8 anos e depois da reestruturação que operou na companhia, a preocupação já não é sobreviver, mas competir. Para o próximo ano não tem receitas milagrosas nem planeia alterações de estratégias, apenas continuar, cautelosamente, o processo de melhoria de eficiência e crescer mais moderadamente. “Ao longo destes 8 anos a empresa duplicou de tamanho, o que melhorou muito a eficiência porque basicamente os custos fixos se mantiveram mas os proveitos duplicaram. Agora estamos moderando um pouco mais o crescimento”. Ainda assim estão em cima da mesa algumas hipóteses de novos destinos, nomeadamente no Leste europeu e

na Escandinávia. Também em África existe, segundo Fernando Pinto, algum espaço de crescimento, aqui no que respeita ao número de frequências. Destinos novos que contribuem para continuar a desenvolver a placa giratória de Lisboa, uma das suas maiores apostas desde o início. A actual conjuntura económica também aconselha prudência uma vez que influi necessariamente no volume de passageiros, mas o presidente da TAP não tem dúvidas quanto à necessidade de um novo aeroporto em Lisboa. “Historicamente, as crises aparecem e o negócio do transporte aéreo é afectado mas é crescente. O maior erro que se pode cometer é mudar a estratégia por causa de um ciclo. Isso já aconteceu e acho que não deveríamos repetir esse erro de retardar a construção do novo aeroporto”. Com 57% da operação do dia-a-dia, a TAP é de longe o maior cliente do Aeroporto de Lisboa. Fernando Pinto nota a importância da adaptação do aeroporto ao crescimento de tráfego da companhia aérea portuguesa, nomeadamente através do Plano de Expansão, que decorre até 2011. Um dos aspectos mais relevantes é a ampliação das salas de embarque e desembarque de passageiros de voos não-Schengen, que passarão a ser servidas por mangas telescópicas – um requisito fundamental para Fernando Pinto. “A ausência das mangas é um problema porque nós competimos no longo curso com outros aeroportos da Europa que têm todas essas facilidades. Então, muitas vezes eu estou apanhando o passageiro no Brasil e levando-o, via Lisboa, para Paris ou para outros destinos até mais distantes na Europa, mas

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