A Magazine #24

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Nº24 MARÇO 2014

6 em foco

Açores De novo à conquista do mar 16 entrevidas As ilhas estratégicas de Medeiros Ferreira 34 partidas O Trilho do Muro

Mais motivos para (re)descobrir os Açores. Vai um mergulho?


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flytap.com


editorial

AÇORES INSPIRADORES H

á muitas razões para admirar os Açores e os açorianos. A poderosa paisagem, a história de transformação de um território distante e inóspito no paraíso que hoje conhecemos são as mais óbvias – mas nem de longe as únicas. Para a ANA, por exemplo, especialmente nesta fase em que iniciamos um novo ciclo, é inspiradora a comparação com um arquipélago que não só aprendeu a viver com uma geologia em permanente rearranjo mas sabe ver nessa transformação sempre em curso uma oportunidade e uma marca distintiva. Assim como os açorianos, na ANA sabemos que a mudança é inevitável e preparamo-nos para ela – faz parte da nossa natureza. Sabemos que não implica perder a identidade nem o foco no futuro. Bem pelo contrário: como verá nas páginas desta revista, é algo que se pode capitalizar de muitas e novas formas, como os açorianos estão a fazer. Mas há outros pontos em que nos podemos inspirar nesta fascinante região. Integrando, enquanto grupo, negócios distintos e complementares (aviação, não-aviação, handling), e uma rede de aeroportos em que cada um tem características e um papel muito próprios, a ANA quer ser, cada vez mais, como os Açores: não um conjunto de ilhas isoladas mas um verdadeiro arquipélago, cuja riqueza vem tanto da diversidade como de uma forte identidade comum. Se esta identidade partilhada torna os Açores únicos, não os deixa, de modo algum, sozinhos. A sua integração cada vez maior ao todo nacional é um processo no qual a ANA tem um papel de que se orgulha. Se a contribuição dos aeroportos para o desenvolvimento regional é sempre importante, sabemos que aqui é absolutamente crítica.

Assim como os açorianos, na ANA sabemos que a mudança é inevitável e preparamo-nos para ela – faz parte da nossa natureza. Fazendo parte de uma rede nacional, com sinergias que a ANA se esforça por fazer reverter para o arquipélago, os aeroportos açorianos são um fator decisivo para que estas magníficas ilhas concretizem o seu enorme potencial. Tornando-se, não uma inspiração distante, mas um destino real que fascina e atrai cada vez mais pessoas de todo o mundo.

Luís Ribeiro

Conselho de Administração da ANA

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_sumário

editorial 03

10 Novos motivos

As potencialidades de desenvolvimento dos Açores podem passar pelos recursos naturais do seu mar. A biotecnologia, a exploração mineral subaquática e as energias renováveis de fonte marítima são oportunidades de valor económico que não se devem desprezar.

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em foco

para (re)descobrir os Açores

25 Viajar em grupo, sem stress

chegadas 10

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entrevidas

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FICH A TÉCNIC A

Berlim no trilho do muro PROPRIEDADE: ANA - Aeroportos de Portugal SA Rua D - Edifício 120 - Aeroporto de Lisboa 1700-008 Lisboa - Portugal Tel (+351) 218 413 500 - Fax: (+351) 218 404 231 amagazine@ana.pt DIRECÇÃO: Octávia Carrilho COORDENAÇÃO: Teresa do Vale Magalhães PROJECTO GRÁFICO E EDITORIAL: Hamlet - Comunicação de Marketing entre Empresas Rua Pinheiro Chagas nº17 - 4º 1050-174 Lisboa Tel 213 636 152 hamlet@hamlet.com.pt www.hamlet.com.pt REDACÇÃO: Cláudia Silveira EDIÇÃO: Cláudia Silveira e Jayme Kopke DESIGN: André Remédios e Manuel Caetano FOTOGRAFIA: Um Ponto Quatro Carlos Ramos e Paulo Andrade PUBLICIDADE: Hamlet - Comunicação de Marketing entre Empresas Rua Pinheiro Chagas nº17 - 4º 1050-174 Lisboa Tel 213 636 152 IMPRESSÃO: Projecção, Arte Grafica S.A. Parque Industrial da Abrunheira - Qta. Levi, 1 2710-089 Sintra PERIODICIDADE: Trimestral TIRAGEM: 7500 exemplares DEPÓSITO LEGAL: 273250/08 ISSN: 1646-9097

Professor, investigador de história, autor, comentador, blogger e apreciador de ópera, Medeiros Ferreira nasceu em Ponta Delgada há 71 anos. À A Magazine falou do espírito empreendedor açoriano e de uma nova fase estratégica para as 9 ilhas do Atlântico.

inovação 22 insights 24

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ambientes O Clube ANA de Ponta Delgada é um caso de sucesso na atividade associativa dos aeroportos da ANA. As atividades abrangem não apenas os colaboradores como os familiares e amigos e vão do desporto à cultura passando pelo convívio.

follow me 30 partidas 34

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lifestyle O Aeroporto de Lisboa já tem um hotel. No novíssimo Tryp Lisboa Aeroporto há a réplica de um avião histórico, uma carpete a imitar uma pista de aterragem e um bar que é uma asa de avião.

aldeia global 44 passageiro frequente 50 4


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_em foco

AÇORES

DE NOVO À CONQUISTA DO MAR

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As potencialidades de desenvolvimento dos Açores podem passar pelos recursos naturais do seu mar. De olho na nova Economia Azul, o arquipélago tem na biotecnologia, na exploração mineral do fundo do mar e nas energias renováveis de fonte marítima oportunidades de valor económico interessantes. Uma estratégia que aponta na direção do mar, ao qual os açorianos nunca voltaram costas.

“D

esafio. Nos Açores tudo é desafio”. Assim nos disse José Medeiros Ferreira na entrevista que nos deu (mais à frente nesta edição). Transformar problemas em oportunidades para criar soluções não é novidade para os açorianos. Há séculos que o fazem. Criaram pastos e culturas onde antes só existia floresta, plantaram vinha no meio de campos de lava, vão buscar energia ao calor que brota da terra, e do mar tiraram sustento e esperança. Neste novo milénio outros desafios se colocam. E por razões que são óbvias, nos Açores, muitas mãos apontam na direção do mar. Portugal tem, como se sabe, a maior Zona Económica Exclusiva da União Europeia (UE), que é tão grande como todo o continente europeu. Cerca de metade diz respeito ao mar dos Açores. Além das pescas, que têm um interesse evidente, há outras possibilidades interessantes pelo seu valor económico. Fomos saber com quem percebe do assunto que possibilidades são essas. Além das potencialidades de desenvolvimento, Helder Marques da Silva, diretor do Departamento de Oceanografia e Pescas da Universidade dos Açores, aponta oportunidades que não devem ser desperdiçadas. É o caso do Programa Horizonte 2000, que enquadra a Estratégia Marinha Europeia e a Estratégia para o Atlântico, e que contempla um considerável volume de investimento para a chamada “Economia Azul”.

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Extensão da plataforma continental para 350 milhas (mais 2.150.000 km2)

OCEANO ATLÂNTICO

Zona Económica Exclusiva (200 milhas)

Açores

Madeira

N 200KM

Ilhas Selvagens Canárias

A Economia Azul, uma designação usada pelo economista e empreendedor belga Gunter Pauli, pressupõe um novo modelo baseado no potencial dos oceanos para promover a sustentabilidade na produção de bens e serviços. Ou seja, a ideia subjacente é que, quando bem administrados, os mares e oceanos podem gerar empregos e oportunidades de negócios. Para Helder Marques da Silva, nos Açores, esse potencial é muito grande: os recursos minerais exploráveis em profundidade, a biotecnologia, a aquacultura, as ciências marinhas (que podem por si só constituir-se como motor de desenvolvimento), o transporte marítimo e as energias renováveis de fonte marítima. A pesca, que é um setor-chave desde há séculos, teve nos últimos 20 anos um crescimento significativo. Na Região Autónoma dos Açores este setor representa 40 milhões de euros (13% do valor nacional da pesca) em primeira venda mas esse valor aumenta se considerarmos que cerca de 70% é exportado e uma boa parte transformada em conserva. Para o investigador, a pesca dos Açores é valorizada devido à imagem de sustentabilidade que lhe está associada, por ser artesanal e daí resultar um produto de grande qualidade. A certificação “Dolphin Safe” e o Programa para a Observação da Pesca nos Açores, que há 14 anos observa e regista a atividade garantindo o cumprimento das normas em vigor, são outras razões que explicam a boa imagem do pescado açoriano. Por outro lado, tendo em conta que as fronteiras da pesca estão cada vez mais abertas, que a procura é cada vez maior (sobretudo de pescado selvagem, que é cada dia mais raro e difícil de encontrar), e que o preço tem subido consideravelmente, hoje em dia quase 50% da produção mundial é produzida em aquacultura. É previsível que este número continue a crescer por causa do aumento da procura e da depauperação dos recursos. Por isso a aquacultura “offshore” é também apontada como uma possibilidade de grande viabilidade económica e, defende Helder Marques da Silva, “os Açores poderão representar um território extremamente atrativo desde que se estabeleça uma estratégia e legislação claras e um plano adequado para esta atividade”. Mas o destaque do investigador vai para três áreas relacionadas com o mar que considera emergentes: a biotecnologia azul, as fontes hidrotermais e os montes submarinos. A biotecnologia marinha tem-se desenvolvido em associação com as fontes hidrotermais, o nome dado às fumarolas negras que sobem do fundo do mar perto das cadeias oceânicas, grandes cadeias de montanhas submersas

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Nos fundos subaquáticos dos Açores abundam os chamados “nódulos polimetálicos”, rochas enriquecidas com metais como ferro, manganês, cobalto, cobre, estanho, ouro e prata.

originadas pelo afastamento das placas tectónicas. “Nestas comunidades têm sido encontrados organismos quimiossintéticos (mexilhões, corais, camarões) adaptados a ambientes extremos e que são potenciais fontes para a descoberta de novos produtos de interesse biotecnológico”. Outra área com forte potencial económico é a exploração mineral. Nos fundos subaquáticos dos Açores abundam os chamados “nódulos polimetálicos”, rochas enriquecidas com metais como ferro, manganês, cobalto, cobre, estanho, ouro e prata. Vários países já se mostraram interessados em prospetar o fundo do mar dos Açores, nomeadamente um grande grupo económico canadiano, provavelmente o único com capacidade já demonstrada de exploração destes recursos. “O valor de uma tonelada destes minerais, em bruto, foi de entre 300 e 900 dólares entre os anos 1990 e 2004, variando entre anos mas também em função da sua natureza. Esta empresa, que tem em curso a exploração deste tipo de minerais em profundidade na Papua Nova Guiné, apresentou já um plano para os Açores e prevê


A Economia Azul, uma designação usada pelo economista e empreendedor belga Gunter Pauli, pressupõe um novo modelo baseado no potencial dos oceanos para promover a sustentabilidade na produção de bens e serviços. Ou seja, a ideia subjacente é que, quando bem administrados, os mares e oceanos podem gerar empregos e oportunidades de negócios.

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Cerca de metade da Zona Económica Exclusiva portuguesa (a maior da UE) diz respeito ao mar dos Açores, onde residem possibilidades económicas de grande importância que vão da pesca à exploração mineral do fundo do mar, passando pelo turismo. São oportunidades que vão ao encontro das estratégias europeias para o mar, que contemplam importantes investimentos para a chamada Economia Azul.

uma primeira fase de prospeção e pesquisa ao longo de cinco anos”, explica o investigador. As atividades turísticas relacionadas com o mar também têm crescido. A observação de cetáceos, o mergulho, a pesca desportiva, a caça submarina e, mais recentemente, o mergulho com tubarões e jamantas são alguns dos exemplos mais significativos. Helder Marques da Silva acredita que estas atividades continuem a crescer mas nota que os fluxos turísticos para os Açores dependem das conjunturas nacional e internacional. Embora possa haver outras, estas são algumas das mais promissoras áreas de investimento e investigação no âmbito da chamada “Economia Azul” que a UE está a lançar e de que a Região Autónoma dos Açores poderá beneficiar. O investigador aponta, no entanto, alguns entraves a este potencial de desenvolvimento. Primeiro, um tecido empresarial onde predominam organizações de muito pequena dimensão e ainda muito focadas no curto prazo, o que impede a sua afirmação no mercado. “Um exemplo é a dificuldade que Portugal tem tido para assegurar a manutenção da sua frota. Não obstante os apoios que têm sido concedidos à construção e modernização, muitas embarcações acabam por ser vendidas a outros países e regiões”. E refere ainda alguma dificuldade em interiorizar tecnologia de ponta e, “sobretudo, conhecimento de base regional. Parece haver algum défice de diálogo entre universidades e empresas”. Ainda assim, a Universidade dos Açores tem alguns casos de sucesso

na criação de empresas na área do mar, em atividades como a observação de cetáceos, mergulho, vela, empresas ligadas à gestão pesqueira, exportação de peixe para aquários internacionais, criação de tecnologia de imagem aplicada a programas de amostragem, educação ambiental, e mais recentemente também empresas de biotecnologia e de observação de tubarões e do fundo marinho. “Vamos precisar de dinheiro, parcialmente garantido por fundos europeus, mas também de instituições, institutos de investigação e universidades, como a nossa Universidade dos Açores, que atravessam um momento difícil, fruto da asfixia a que estão sujeitas. E vamos também precisar de empresas para melhor podermos aproveitar esses investimentos e de uma banca com capacidade de as apoiar financeiramente”.

“Um exemplo é a dificuldade que Portugal tem tido para assegurar a manutenção da sua frota. Não obstante os apoios que têm sido concedidos à construção e modernização, muitas embarcações acabam por ser vendidas a outros países e regiões.”

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_chegadas

NOVOS MOTIVOS PARA (RE)DESCOBRIR

OS AÇORES Ir Aos Açores já não é apenas sinónimo de visitar as Furnas, em S. Miguel, ver o Algar do Carvão, na Terceira, ou os Capelinhos, no Faial. Outras atividades têm surgido em força e contribuído para o desenvolvimento turístico da região baseado naquilo que as ilhas têm de único e distinto: as suas características naturais. A surfar, a mergulhar com os tubarões e as jamantas ou a subir o Pico, há cada vez mais gente a descobrir os Açores.

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© Azores Photos - Visitazores.com

A “época alta” para o mergulho coincide com a tradicional época alta de verão, entre julho e até setembro, tanto pelas condições do mar como pela temperatura da água, que é mais alta durante estes meses, entre os 22 e os 25 graus.

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m qualquer voo da Sata que aterra em Santa Maria, nos Açores, cerca de ¼ dos passageiros carregam sacos de mergulho. A bagagem não deixa dúvidas: estão ali para mergulhar. E certamente quase todos alimentam a esperança de encontrar, debaixo de água, as majestosas jamantas ou, se tiverem muita sorte, o tubarãobaleia. O turismo subaquático é já a principal oferta turística da ilha, que tem características únicas para o mergulho. A “época alta” para o mergulho coincide com a tradicional época alta de verão, entre julho e até setembro, tanto pelas condições do mar como pela temperatura da água, que é mais alta durante estes meses, entre os 22 e os 25 graus. “São estas águas quentes, trazidas pela famosa Corrente do Golfo, que atraem as espécies que toda a gente quer ver: as jamantas mas também o tubarão azul e o tubarão-baleia”, diz Jorge Botelho, que abriu o seu Centro de Mergulho, Manta Maria, em 2005. Embora só ultimamente se tenha começado a falar mais do mergulho com as jamantas, já há alguns anos que quem mergulha

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_chegadas em Santa Maria se habituou a nadar com estes impressionantes exemplares. “A diferença é que há alguns anos não era preciso procurar muito para ter um bom mergulho. Mas com o aumento da pesca e a diminuição de algumas espécies, hoje só as encontramos em determinados lugares”. Locais como o Baixo do Ambrósio, o ilhéu das Formigas e o recife de Dollabarat. Estes, como explica Paulo Reis, do Centro de Mergulho Paralelo 37, são lugares baixos no meio do mar, normalmente fora da costa, onde porventura há mais nutrientes. “As jamantas aparecem com as águas quentes e de forma quase diária, em grande número por vezes, não sendo incomum vê-las à superfície. São grandes animais de extrema beleza e graciosidade, e por isso um must para qualquer mergulhador”. Outra grande atração que alimenta as expetativas dos mergulhadores é o tubarão baleia, o maior peixe do mundo. “Santa Maria não é um destino de tubarão baleia mas devido ao aquecimento global este animal tem sido mais ou menos comum na ilha de julho a outubro. Não é fácil de encontrar mas quando acontece, especialmente quando vêm acompanhados de milhares de atuns, é uma experiência para a vida”, conta Paulo Reis. São cerca de meia dúzia os centros especializados em mergulho na ilha de Santa Maria. Em 2013, pela primeira vez, o número de estrangeiros a mergulhar na ilha ultrapassou os nacionais. Paulo Reis estima que 60% sejam estrangeiros, sendo que 80% desses são espanhóis. Depois vêm os europeus no norte, os suecos, noruegueses, austríacos, alemães. O crescente interesse pelo mergulho em Santa Maria é fruto de um trabalho iniciado já há três anos. Com o apoio da Associação de Turismo dos Açores e da Associação Regional de Turismo, os empresários do mergulho da ilha têm estado presentes com um “Espaço Açores” em feiras da especialidade em França, Alemanha, Espanha, Inglaterra, e nos EUA pela primeira vez no ano passado. “Há três anos, em Paris, muita gente com quem falámos no Salon de la Plongée não sabia onde ficavam os Açores”, conta Jorge Botelho. Para Paulo Reis, as belas fotografias do mundo subaquático dos Açores que muitos fotógrafos profissionais têm publicado em revistas de todo o mundo também têm sido fundamentais na divulgação do destino. É o caso, por exemplo, das imagens de Nuno Sá, o fotógrafo subaquático português mais premiado internacionalmente em concursos de fotografia de natureza. São dele as fotografias usadas para ilustrar o “Guia de Mergulho dos Açores”, que a Associação Regional de Turismo dos Açores lançou recentemente para divulgar

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Até há pouco tempo, os Açores não estavam no topo dos destinos preferidos dos surfistas. Essa situação começou a mudar em 2009, quando foi organizada pela primeira vez uma etapa do Circuito Mundial de Surf em S. Miguel.

e incentivar a vinda de turistas. O Guia lista nada menos que 90 spots de mergulho na Região e tem informação sobre as características e grau de dificuldade de cada mergulho. A atividade tem crescido noutras ilhas também, já que a oferta é diferente de ilha para ilha. O Pico e o Faial, por exemplo, são já apontados como o melhor lugar do mundo para o mergulho com o tubarão azul. Apesar do crescimento que se tem verificado, a sazonalidade continua a ser um problema. A dificuldade em manter o negócio a funcionar todo o ano explica-se, diz Jorge Botelho, porque começaram “a vender o topo dos topos” – que são as jamantas e os tubarões que aparecem no verão – e embora também haja outras espécies com muito interesse para ver durante o resto do ano – os grandes cardumes de badés, barracudas, anchovas – torna-se mais difícil atrair as pessoas. Para o verão de 2014 Jorge Botelho já tem, no entanto, diversas reservas de grupos.


© Azores Photos - Visitazores.com

Ondas, águas quentes e 9 ilhas Até há pouco tempo, os Açores não estavam no topo dos destinos preferidos dos surfistas. Essa situação começou a mudar em 2009, quando foi organizada pela primeira vez uma etapa do Circuito Mundial de Surf em S. Miguel. O evento veio colocar o arquipélago como um dos destinos mais recentes para a modalidade, afirma o surfista Rodrigo Herédia, para quem os Açores têm as características que preenchem todos os requisitos necessários à prática do surf. “Além de ter uma temperatura amena durante todo o ano – e principalmente durante o Inverno quando a Europa se encontra com temperaturas negativas – é um destino insular, com água quente entre os meses de junho a novembro, com muitas ondas em todas as ilhas. Todas, e são 9!”. A isto acresce a beleza ímpar do destino e o facto de haver ainda poucos praticantes e, por isso, nas praias dos Açores ser possível fazer surf praticamente sozinho, diz o surfista, que é também organizador do Campeonato Mundial de Surf em São Miguel, o Sata Airlines Azores Pro, e do Campeonato da Europa de Surf por países, o Azores Eurosurf. Há locais e ondas para surfar em todas as ilhas, seja em praias de areia ou com fundos de rocha. Mas as mais conhecidas estão em S. Miguel (as praia de Sta. Bárbara, Monte Verde, Rabo de Peixe, Mosteiros e Pópulo), na Terceira (Santa Catarina, Quatro Ribeiras, Porto Martins e Praia da Vitória) e em São Jorge (Fajã de Santo Cristo). Se durante os campeonatos, que se realizam no mês de setembro, as estadias nos diversos hotéis aumentam exponencialmente, para cerca de 700, diz Rodrigo Herédia, também durante o ano já se começa a ver com maior regularidade surfistas estrangeiros e continentais.

O Guia de Mergulho dos Açores é uma edição recente da Associação Regional de Turismo dos Açores. Está ilustrado com as fotos impressionantes de Nuno Sá.

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Até ao final de novembro já tinham subido a montanha 9930 pessoas, enquanto durante todo o ano de 2012 foram 6951.

No ponto mais alto de Portugal Ver nascer o sol em cima das nuvens, no topo da montanha mas alta do país, a 2351 metros de altitude, é uma experiência inesquecível. A montanha do Pico, na ilha com o mesmo nome, é um lugar mágico, a começar pelo jogo do mostra e esconde que faz com as nuvens e pelo desafio que representa a sua subida, idealmente feita durante a noite. A distância, não sendo muito longa, tem uma considerável inclinação que faz com que os cerca de 5 km pareçam bastante mais. Até ao final de novembro já tinham subido a montanha 9930 pessoas, enquanto durante todo o ano de 2012 foram 6951. Apesar do número de nacionais ter vindo a descer nos últimos dois anos, são ainda os que mais sobem, seguidos de franceses, ingleses, alemães, italianos, etc. Podemos conhecer estes números em detalhe porque as subidas se iniciam na Casa da Montanha, uma espécie de refúgio onde se dão as boas-vindas e se preparam as pessoas para a subida. A Casa da Montanha foi inaugurada em 2008 e apenas funcionava durante a época de verão (de Maio a Setembro), quando há mais pessoas. Em 2012, pela primeira vez, passou a abrir nos fins de semana de inverno (das 8h30 às 18h30). No período de inverno, explica o diretor do Parque Natural do Pico, “os visitantes deverão passar ou pela sede do Parque Natural para se registarem, ou então nos Bombeiros Voluntários da Madalena, que têm um protocolo connosco para assegurar os registos”. Por questões de segurança é sempre aconselhável que se saiba se há ou não pessoas a subir a montanha.

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A montanha do Pico, na ilha com o mesmo nome, é um lugar mágico, a começar pelo jogo do mostra e esconde que faz com as nuvens e pelo desafio que representa a sua subida, idealmente feita durante a noite. O Pico oferece outros desafios a quem gosta de caminhar e estar em contato com a natureza. Pela sua singularidade, a ilha tem recebido diversos prémios e distinções. Manuel Paulino da Costa destaca a “Paisagem Vulcânica do Pico”, vencedor em 2010 do concurso 7 Maravilhas Naturais Portugal, na categoria de Grandes Relevos, e o Parque Natural do Pico como finalista do Prémio EDEN como Destino Nacional em 2011. Recentemente a revista inglesa BootsnALL considerou o Trilho Pedestre da Criação Velha como um dos oito melhores trilhos do Mundo e a BBC Travel citou a ilha do Pico como uma das cinco melhores ilhas secretas do mundo.

© Azores Photos - Visitazores.com

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Serviço disponível no Aeroporto de Lisboa, no piso 5 da área publica de partidas. 15


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_entrevidas

ILHAS ESTRATÉGICAS Além de político, uma atividade a que se dedicou intensamente e pela qual é talvez mais reconhecido, Medeiros Ferreira é muitas outras coisas. Professor, investigador de história, autor, comentador, blogger convicto, apreciador de ópera. E açoriano. Falou-nos do espírito empreendedor açoriano, que já vem do século XVIII, e de uma nova fase estratégica para as 9 ilhas do Atlântico.

T

ínhamo-nos sentado há pouco quando o toque do telefone interrompeu a conversa. Era uma jornalista que lhe pedia 10 minutos para uma declaração sobre a possibilidade de o transbordo das armas químicas recolhidas na Síria ser feito na ilha Terceira, um tema que estava na ordem do dia quando esta entrevista decorreu. Na véspera tinha falado à TSF sobre o mesmo assunto vincando a importância de Portugal indagar junto dos EUA as implicações do que se pedia e também junto das autoridades italianas porque é que teria havido reticências quando antes se falava que a transferência deveria ocorrer num porto do Mediterrâneo (o que veio a acontecer). Nunca, no entanto, pondo em causa a aceitação, em condições de segurança, da operação, que é um serviço à causa da paz mundial e decorre de uma resolução do Conselho de Segurança das Nações Unidas. Habituámo-nos a ver José Medeiros Ferreira na televisão neste papel de comentador, da atualidade política, da conjuntura internacional e até de futebol (do lado do Benfica), a lê-lo nos jornais e a ouvi-lo nas rádios. Basta escutá-lo por uns minutos para concluir que é um papel que lhe assenta bem e de que gosta. Sempre gostou do comentário e da opinião e, vendo por aí, não espanta que se tenha rendido à blogosfera, para onde foi seduzido por Joana Amaral Dias, para o blog Bichos Carpinteiros, já lá vão uns 10 anos. Apesar de ainda ai escrever de vez em quando, onde o podemos ler quase todos os dias é no Córtex Frontal. Numa das entradas no fim do ano passado dizia que “a blogosfera recebeu este ano, em Portugal, uma forte concorrência em termos de Facebook e ficaram ativos apenas aqueles blogues cujos autores, como é o meu caso, se afeiçoaram de tal modo que consideram um dever manter o seu em atividade”. Entende o blog como uma forma de intervenção cívica – havendo referências culturais e do quotidiano é, contudo, um blog eminentemente político – e diz que só não publica todos os dias “para que não se pense que é uma obrigação diária”. Falámos num café de inspiração parisiense que tem na carta chás e Moët Chandon, na montra as delícias da pastelaria francesa e no ar os grandes hits da “chanson française”, perto de sua casa, no Príncipe Real. Medeiros Ferreira nasceu em Ponta Delgada em 1942 e aos 18 anos veio para Lisboa. Tinha quase completado o 4º ano de Filosofia quando foi expulso das universidades portuguesas, em 1965, por ter falado numa reunião não autorizada de estudantes. Dirigente estudantil e opositor da guerra colonial e de Salazar, já, antes disso, tinha sido preso pela PIDE. Exilou-se na Suíça

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onde, em 1972, se licenciou em História, na Universidade de Genebra. Quando regressou a Portugal depois do 25 de abril dedicou-se exclusivamente à atividade política. Foi deputado e enquanto ministro dos Negócios Estrangeiros preparou e formalizou o pedido de adesão de Portugal à Comunidade Económica Europeia, em 1977, durante o I Governo Constitucional, chefiado por Mário Soares. Mais tarde passou a conciliar a política com uma carreira universitária, sobretudo na Universidade Nova de Lisboa, onde se doutorou em História. Apesar de regressar muitas vezes não voltou a viver nos Açores. Quando lhe perguntamos que relação mantém atualmente com as ilhas responde, diante de um cappuccino e no seu estilo acutilante: “A de quem utiliza os aeroportos da ANA”. Medeiros Ferreira foi deputado à Assembleia da República pelos Açores durante 10 anos (de 1995 a 2005), o que o obrigava a deslocações frequentes a Ponta Delgada e a visitar todas as ilhas pelo menos uma vez por ano. Quando se tornou professor do mestrado de Relações Internacionais na Universidade dos Açores, continuou a ir com regularidade, também para fazer conferências sobre temas políticos ou a história das relações internacionais, que é a sua especialidade como professor universitário. Sente-se micaelense mas reconhece que depois da autonomia regional (ou depois do 25 de abril, como se costuma dizer) a tendência é olhar para os Açores como uma Região. Para isso contribuíram as infraestruturas lançadas nos anos 80, o crescimento da Sata inter-ilhas, o aparecimento da televisão e antes o da rádio que, nota Medeiros Ferreira, também teve uma enorme importância na construção da identidade açoriana. “É uma história pouco contada: durante a 2ª Guerra Mundial o Presidente da

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Blogger dedicado, mantém o blog Córtex Frontal quase diariamente.

República, Marechal Carmona, foi até aos Açores para inaugurar o que se chamou na altura o Emissor Regional dos Açores e uma das estações de Onda Curta da Emissora Nacional. Os Açores tiveram, depois de Lisboa e de algumas estações metropolitanas, a primeira estação de Onda Curta fora do continente”. Embora o motivo principal se prendesse com as comunicações de guerra, o Emissor também teve um papel importante ao dar a conhecer os Açores aos ouvintes dos Açores. Os tempos mudaram. Hoje em dia o açoriano que viaja − provavelmente ainda uma parcela reduzida da população, reconhece − fá-lo mais frequentemente por via aérea, mas também por via marítima, no caso do transporte inter-ilhas. Esse aumento dos transportes e o crescimento da hotelaria são, diz, duas consequências do crescimento do turismo, que é já uma atividade económica de relevo e com espaço para crescer mesmo internamente. Para falar das possibilidades económicas dos Açores, Medeiros Ferreira vai atrás (“sem querer fazer aqui história económica”) para recordar que a vida económica da região foi pautada por ciclos. No século XVIII houve o ciclo da laranja, que deu origem a um projeto (executado em parte) de um porto de mar artificial em Ponta Delgada quando ainda não existiam portos artificiais no continente. “Foi uma grande diferença, a partir da 2ª Guerra Mundial, com o porto de Ponta Delgada onde os barcos podiam acostar para embarque e desembarque de passageiros e mercadorias. A Terceira só mais recentemente foi dotada de um porto oceânico, o da Praia da Vitória, que de certa forma nasceu das exigências norte-americanas, como ponto de apoio à Base Aérea das Lajes, e que depois é executado já durante a autonomia e a integração de Portugal na Europa, com financiamento europeu, o que tem a sua ironia”.


Quando a “doença da laranja” arruinou os planos dos grandes proprietários e comerciantes de S. Miguel, que já tinham uma frota, o porto artificial em construção e clientes em Inglaterra, foi preciso procurar novos produtos, produtos exóticos. “Foi uma procura incessante e demonstrou, como se diz hoje, um grande espírito empreendedor de um grupo social alargado que ia desde os produtores agrícolas até aos grandes exportadores. Assim surgiu a ideia do chá. Está muito bem visto porque o chá tem uma mais-valia forte, pesa pouco e é um ótimo produto de exportação. O conceito da criação de riqueza era muito esclarecido”. Mas o chá teve as suas dificuldades de imposição e passou-se ao ananás. Este teve um período áureo, antes da 1ª Guerra Mundial, e durante a 2ª Guerra ficou associado ao abastecimento alimentar das populações afetadas. Quando terminou a riqueza gerada pelas frutas, já em meados do século XX, a

A “doença da laranja” ditou o fim de um ciclo. Da busca por novos produtos exóticos por parte dos grandes proprietários e comerciantes de S. Miguel chegou-se ao chá. Mas este teve as suas dificuldades de imposição e seguiu-se depois o ciclo do ananás. Foi só em meados do séculos XX que a paisagem se alterou e da grande propriedade se passou ao pasto e ao “ciclo da vaca” que fomentou a indústria os lacticínios.

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Para falar das possibilidades económicas dos Açores, Medeiros Ferreira vai atrás (“sem querer fazer aqui história económica”) para recordar que a vida económica da região foi pautada por ciclos. No século XVIII houve o ciclo da laranja, que deu origem a um projeto (executado em parte) de um porto de mar artificial em Ponta Delgada quando ainda não existiam portos artificiais no continente. passagem da grande propriedade ao pasto levou ao que se chama o “ciclo da vaca”, que permitiu indústrias como a dos lacticínios. “O ciclo da vaca, de certa maneira, apoiou social e eleitoralmente a génese do PPD-PSD, que esteve 20 anos no poder na fase inicial do regime autonómico e lançou as tais infraestruturas, sobretudo portuárias mas também os aeródromos de âmbito regional. Depois o PS ganhou as eleições e quando isso aconteceu a atmosfera arcaica do tipo de desenvolvimento, muito assente nas virtudes perenes das populações, na sua vida habitual, muito ligada à terra, deu origem a um ciclo mais diversificado e urbano, ligado ao turismo e aos serviços”. Para Medeiros Ferreira esta fase, a atual, deverá evoluir para a procura de novos produtos de exportação, mais especializados. É disso que fala o último capítulo do seu livro “Os Açores na política Internacional” que tem por título “Os Açores como plataforma científica e tecnológica mundial”. Aquilo a que chama “uma nova dimensão” para os Açores tem a ver, por exemplo, com o estudo dos oceanos, com os observatórios sísmicos e vulcanológicos e até com ensaios nucleares marítimos subterrâneos. Tal como com serviços tecnológicos prestados à observação das trajetórias dos satélites europeus, sediados em Santa Maria onde também estão a ANA e a NAV. “Tudo isto são possibilidades que fazem parte de uma nova dimensão dos Açores, na sua nova fase estratégica”. “Estratégica” não é uma palavra nova para falar dos Açores. Há muitos anos que a sua importância estratégica é reconhecida dos dois lados do Atlântico. Isso fez com que ao longo do tempo tenha havido, como nota Medeiros Ferreira no mesmo livro, “ilhas mais americanas e outras mais europeias”, como resultado da influência que cada um destes blocos teve em cada uma. Enquanto a Horta foi pró-alemã com os cabos submarinos, a Terceira já foi oficialmente pró-inglesa e Santa Maria oficialmente pró-americana. “S. Miguel é a ilha que, de certa maneira, ainda conseguiu manter um estatuto mais autónomo, mas teve uma base naval norte-americana em 1917-1918 que foi desmantelada logo depois da guerra e cujos termos estavam regulamentados em notas diplomáticas como, aliás, aparentemente, a Base das Lajes”. Aparentemente? “Porque a Base das Lajes começou por uma exigência portuguesa que não se manteve − a não ser talvez para o futuro e não é por vontade explícita de Lisboa, penso eu − que foi o Dr. Salazar ter dito, em 1948-1949, ‘uma base americana permanente nos Açores, nunca’”. Seja como for, Medeiros Ferreira não acredita que os Estados

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_entrevidas

Medeiros Ferreira não acredita que os Estados Unidos abdiquem totalmente da base açoriana: “A Base tem mudado tantas vezes de funções, depende muito dos acontecimentos internacionais”.

Unidos abdiquem totalmente da base açoriana: “A Base tem mudado tantas vezes de funções, depende muito dos acontecimentos internacionais”. Os mesmos acontecimentos internacionais que podem determinar influências sobre as ilhas. E embora exista atualmente um clima de cooperação entre as potências oceânicas, o investigador defende que é importante garantir a coesão entre todas as ilhas. “Os EUA de certa maneira fazem uma avaliação de uma grande estabilidade internacional no Atlântico mas apesar disso mantêm tropas na Europa. Também é de notar que os países do continente europeu já não tinham uma presença tão grande nos Açores desde a integração na União Europeia. Há uma presença que aumenta, com os fundos europeus, com os programas, com esses serviços de observação dos satélites e a sua manutenção. Mas estamos num clima de cooperação e isso retira perigosidade. E ao mesmo tempo retira visibilidade”. Tantas deslocações aos Açores permitem-lhe, no Verão, tirar proveito de uns mergulhos de mar, nomeadamente no Pesqueiro “que é uma instituição de Ponta Delgada tão importante como a pista da Nordela”, o nome pelo qual era conhecido o Aeroporto de Ponta Delgada quando abriu ao tráfego em 1969. O Pesqueiro é um lugar de banhos com uma longa tradição que ao longo dos anos foi mudando de aspeto sem nunca perder a clientela fiel. Terá começado há mais de 60 anos com uma piscina municipal que foi demolida para permitir a construção da Avenida Marginal. Mesmo sem piscina as pessoas continuaram a frequentar o local, dentro da doca da baía de Ponta Delgada. “Foi quando, espontaneamente, surgiu o Pesqueiro, onde as pessoas passaram a encontrar-se, nomeadamente à hora de almoço, davam o seu mergulho, conversavam e iam aos seus respetivos empregos. Os ociosos, entre os

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“Os EUA de certa maneira fazem uma avaliação de uma grande estabilidade internacional no Atlântico mas apesar disso mantêm tropas na Europa. Também é de notar que os países do continente europeu já não tinham uma presença tão grande nos Açores desde a integração na União Europeia. Há uma presença que aumenta, com os fundos europeus, com os programas, com esses serviços de observação dos satélites e a sua manutenção. Mas estamos num clima de cooperação e isso retira perigosidade. E ao mesmo tempo retira visibilidade”. quais me incluo, ficavam um bocadinho mais”. Com a transformação da marginal com as Portas do Mar, a vontade popular foi tida em conta e foi feito um Pesqueiro especial, em cimento, e uma nova piscina. Avô, pai e marido, gosta de organizar as férias com a família e dedicar-lhes tempo. Entretanto, abandonou as crónicas no Diário de Notícias, os comentários na Antena 1 e na televisão para se concentrar nas coisas que quer fazer. Neste momento são conferências e livros – publicou recentemente a obra “Não há mapa cor-de-rosa - A História (mal)dita da Integração Europeia” e está a escrever umas entradas de um dicionário sobre o 25 de abril. Não abandona nunca é a música enquanto trabalha. Podem ser óperas, sinfonias, bossa nova, Amália Rodrigues, Zeca Afonso, Adriano Correia de Oliveira, António Variações ou o Fausto. “Uma pessoa ouve o Fausto e delira, “Por este Rio Acima” é uma coisa de uma criatividade original…”. Quanto ao afastamento da vida partidária, justifica: “Sempre fui um homem muito a tomar partido e muito pouco homem partidário. Mantenho esse espírito. E há as novas gerações, que estão muito empolgadas com aquilo que fazem e com o que não fazem e isso também tem que se ter em conta. Quando a gente vê o pessoal empolgado o melhor é dar tempo à racionalidade e às vezes isso leva tempo e treino”.


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_inovação

TECNOLOGIA DE SATÉLITE AJUDA NA PRODUÇÃO DE CARTAS AERONÁUTICAS

O projeto de inovação tecnológica G-AOC propõe a recolha de dados de satélite da Agência Espacial Europeia (ESA) para a elaboração de cartas de obstáculos, essenciais à segurança da navegação aérea. O projeto conta com a participação da ANA, do Instituto Politécnico de Beja, da Edisoft e com a própria ESA.

O projeto G-AOC propõe a utilização dos satélites da ESA para recolher dados para a construção de cartas tridimensionais que ilustrem os obstáculos à navegação aérea junto dos aeroportos.

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aumento do tráfego aéreo e, simultaneamente, a construção de torres de comunicações e edifícios cada vez mais altos obriga a constantes atualizações das cartas de navegação aeronáutica, em especial das designadas cartas de obstruções dos aeroportos, Airport Obstruction Charts (AOCs), na terminologia internacional. As cartas de obstáculos são publicações aeronáuticas com representações gráficas de obstáculos naturais ou construídos num determinado território. Estes documentos seguem regras e procedimentos definidos pela Organização da Aviação Civil Internacional (OACI/ICAO). No entanto, a elaboração destas cartas apresenta consideráveis dificuldades. Tradicionalmente eram simples equipas de campo que faziam os levantamentos topográficos dos obstáculos, mas esse procedimento torna-se impraticável para levantamentos deste tipo num país inteiro. Além disso, a elaboração das cartas aeronáuticas pela metodologia atualmente utilizada é um processo muito demorado. O recurso à tecnologia é obviamente uma alternativa complementar, nomeadamente a baseada em sensores de LIDAR (do inglês Light Detection and Ranging), uma tecnologia ótica de deteção remota que mede propriedades da luz refletida de modo a obter a distância ou outra informação a respeito de um objeto. Esses sensores têm a particularidade de usar aeronaves como plataformas, por exemplo aviões e helicópteros que sobrevoam a zona pretendida para


a deteção de obstáculos. Só que no caso dos aeroportos trata-se de uma solução complicada e cara por implicar a interdição do espaço aéreo e a interrupção das atividades no aeroporto enquanto se fazem os sobrevoos necessários. Por tudo isto, a implementação de um sistema economicamente mais vantajoso para a criação de cartas de obstáculos é essencial para a indústria aeronáutica, sendo que o levantamento dos dados é uma questão-chave no processo. Foi a esse desafio que o projeto G-AOC pretendeu responder. Essencialmente, o projeto propõe que a elaboração das cartas seja feita através da observação remota das zonas definidas com base em plataformas espaciais (satélites) ao invés das plataformas aéreas atualmente utilizadas. O G-AOC surgiu da possibilidade de utilizar uma inovadora técnica de interferometria aplicada a imagens SAR (Synthetic Aperture Radar), ou seja, imagens obtidas por Radares de Abertura Sintética, para a localização de obstáculos à navegação aérea e elaboração das cartas aeronáuticas. “Por se utilizar uma plataforma mais elevada, neste caso os satélites espaciais, é possível fazer o mesmo tipo de varrimento sem qualquer prejuízo operacional”, explicou Isabel Rebelo, da ANA. O projeto G-AOC, que nasceu de um estudo académico incentivado pela Direção dos Aeroportos dos Açores, envolveu depois a

Surgido de um estudo académico incentivado pela Direção dos Aeroportos dos Açores, o projeto G-AOC envolveu depois a Escola Superior de Tecnologia e Gestão, do Instituto Politécnico de Beja, a ESA e a Edisoft.

O passo seguinte será desenvolver os esforços necessários junto das entidades aeronáuticas internacionais, como a Eurocontrol e a ICAO, para mostrar que este é um modelo eficaz, com um grau de precisão que corresponde aos requisitos estabelecidos. Escola Superior de Tecnologia e Gestão, do Instituto Politécnico de Beja, que já dispunha de algum know-how nesta matéria, e foi mais tarde apresentado à Agência Espacial Europeia (ESA), que aprovou e aceitou financiar o projeto. O grupo de trabalho foi constituído pela própria ESA, pelo Instituto Politécnico de Beja (através do seu Grupo de Investigação em Deteção Remota e Sistemas de Informação Geográfica), pela EDISOFT (a empresa que faria o desenvolvimento do software necessário) e pela ANA Aeroportos de Portugal, prevista como utilizador final da solução. O projeto teve ainda o apoio e acompanhamento do Instituto Nacional de Aviação Civil. O novo método de elaboração de cartas de obstáculos traz vantagens para a navegação aérea sendo que a mais evidente é, basicamente, a possibilidade de a elaboração e atualização das cartas aeronáuticas serem feitas mais rapidamente e com maior frequência. O passo seguinte será desenvolver os esforços necessários junto das entidades aeronáuticas internacionais, como a Eurocontrol e a OACI, para mostrar que este é um modelo eficaz, com um grau de precisão que corresponde aos requisitos estabelecidos. O projeto foi concluído no final do ano passado e, como nota Isabel Rebelo, “é um trabalho pioneiro na área do levantamento de obstáculos e um olhar para o futuro no que diz respeito ao desenvolvimento de uma solução económica, tecnicamente sofisticada e rápida”. Além disso, nota, a solução tem aplicação quer para a comunidade aeronáutica quer para diversas outras áreas do ordenamento do território. Para já, a ANA e o Instituto Politécnico de Beja estão a registar a patente do novo método para a produção de cartas de obstruções aeronáuticas.

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_insights

AGORA O AEROPORTO

COMEÇA EM SUA CASA Aproveitar as promoções das lojas, reservar estacionamento e uma série de serviços como câmbios, transporte e proteção de bagagem, salas de reunião, tudo isto pode agora ser feito através do Airport Shopping Online, o site de comércio eletrónico da ANA.

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eservar um lugar de estacionamento, comprar aquele artigo que só está à venda no aeroporto, reservar moeda, tratar do voo, do hotel, agora é possível fazer tudo isto numa única plataforma. O Airport Shopping Online, a plataforma comercial da ANA Aeroportos de Portugal, passou a integrar este variado leque de serviços de modo a facilitar a vida a quem viaja. A reserva do estacionamento e a oferta comercial dos aeroportos, que antes tinham sites dedicados, estão agora centralizados no mesmo lugar.

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No Airport Shopping Online é possível aceder à SkyBags que, em Lisboa, disponibiliza um serviço personalizado (inovador em Portugal e na Europa) de recolha de bagagem no local onde se encontra o passageiro. É também possível fazer um pedido de reserva para a Safe Bag, um serviço de proteção de bagagem que além de proteger pode também rastrear e localizar a mala durante a viagem. Precisa de um lounge para um evento ou de uma sala para uma reunião? A reserva de instalações no Airport Business Center também está disponível no site. Basta preencher um formulário e dizer de que tipo de espaço precisa. O mesmo em relação ao mais variado tipo de material disponível na loja Rent-a-Stuff, no Aeroporto de Lisboa, de iPads a pranchas de surf, carrinhos de bebé e tudo o mais o que for “fora de formato”. Nesta plataforma todos os clientes registados podem seguir as suas reservas e encomendas e ainda usufruir de promoções e descontos exclusivos. Experimente!


_insights

VIAJAR EM GRUPO,

SEM STRESS

Groups Airport é um conjunto de serviços desenvolvidos a pensar nas exigências das viagens em grupo. Para divulgar estas soluções personalizadas a ANA produziu um vídeo com passageiros Playmobil onde tudo é explicado como uma brincadeira de crianças.

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s passageiros que viajam em grupo, seja em viagens organizadas por si, por operadores turísticos ou de eventos, têm a promessa de uma experiência aeroportuária mais aprazível e confortável no Aeroporto de Lisboa. O Groups Airport é um conjunto de serviços que, em lazer ou em trabalho, oferece assistência personalizada, facilita o embarque em grupo, disponibiliza espaços personalizáveis para receções, reuniões e eventos e um conjunto de outros serviços que tornam a experiência de quem viaja em grupo mais prática e confortável. E muitos destes serviços adaptam-se também a pessoas que viajam sós. São vários os serviços disponíveis no Aeroporto de Lisboa: as Assistências personalizadas a passageiros agilizam o processo de embarque e desembarque; os Balcões de Acolhimento e Espaços Personalizáveis permitem um acolhimento mais exclusivo e diferenciado, tanto na área de Chegadas como na de Partidas; o serviço de Bagageiros está disponível para grupos até cinco passageiros e pode ser combinado com a assistência personalizável. No leque de serviços estão disponíveis também Salas para eventos - das reuniões às conferências, passando pelo lançamento de marcas ou cocktails, traçados à medida dos objetivos e necessidades. Com um cariz mais exclusivo, o CIP STAR é um serviço exclusivo para passageiros de voos privados ou fretados e inclui facilidades no embarque e desembarque, com controlo de passaportes e alfândega exclusivos e transporte direto do avião para a viatura sem passagem pelo terminal. O Aeroporto de Faro também disponibiliza já alguns serviços para grupos tal como Balcões de Acolhimento e Espaços Personalizáveis e serviço de bagageiros. Para dar a conhecer este conjunto de serviços orientados para os passageiros que viajam em grupo, a ANA lançou um vídeo no seu canal no YouTube (http://www. youtube.com/user/ANAAEROPORTOS). Filmado em stop motion com brinquedos Playmobil, este vídeo apresenta de forma inovadora as soluções disponibilizadas pelo Aeroporto de Lisboa através de uma brincadeira infantil de “faz de conta”. O Groups Airport faz parte da marca Living Airport, um conceito de serviços criados a pensar em diferentes tipologias de passageiros, procurando a melhoria contínua da qualidade do serviço aeroportuário.

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_ambientes O C lu b e A N A d e Po n ta De lg a d a é u m c aso d e s u c esso n a at i v i d a d e asso c i at i va d os aero p or t os da ANA . As at i v i d a d es a b ra n g e m n ã o a p e n as os c o l a b ora d ores c o m o os fa m i l i ares e a m i g os e vã o d o d es p or t o à c u lt u ra passa n d o p e lo convívio. Tudo f e i to co m a p rata d a c asa .

CLUBE ANA DE PONTA DELGADA

À PROCURA DO PLENO D

os 55 colaboradores que trabalham no Aeroporto de Ponta Delgada, 54 são associados do Clube ANA deste aeroporto. É um caso de sucesso no panorama destas associações nos aeroportos da ANA, que enche de satisfação o presidente da direção e o faz afirmar: “Ainda não desistimos do pleno”. Esta taxa de “98% de sucesso deve-se ”, afirma Ricardo Alves, à procura constante da satisfação dos associados através da organização de eventos culturais, desportivos e recreativos. A estratégia que seguem é, como diz, a de “triplo WIN”, tentando que todos beneficiem com a satisfação dos colaboradores: os próprios, mais motivados pela participação nos eventos; o clube, que assim vê confirmada a sua utilidade e valor; e a própria ANA, que beneficia por ter colaboradores mais empenhados e dedicados ao sucesso da empresa. No ano que passou o Clube organizou 15 atividades, das quais Ricardo Alves destaca o IV Passeio, em que 73 participantes percorreram cerca de 200 km de automóvel com a ajuda de um “road book” elaborado pelo Clube. Outra iniciativa que lhe merece destaque foi a Festa de Natal, celebrada com um jantar na histórica sala Casino do Hotel Terra Nostra, nas Furnas, onde entre os colaboradores do Aeroporto de Ponta Delgada e os seus familiares se reuniram 112 pessoas. Além da distribuição de presentes pelas crianças, a festa ficou marcada pela realização de um bingo, apoiado pelas Lojas Francas de Portugal, do qual resultou uma receita que vai ser usada em solidariedade social, uma área a que o clube também dedica todos os anos alguma atenção.

Dos 55 colaboradores que trabalham no Aeroporto de Ponta Delgada, 54 são associados do Clube ANA deste aeroporto. É um caso de sucesso no panorama destas associações nos aeroportos da ANA.

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Mas, como bem nota Ricardo Alves, tendo a felicidade de viver numa ilha fantástica e usufruindo de um clima ameno, o Clube procura tirar partido das atividades ao ar livre e das magníficas paisagens de S. Miguel. Passeios pedestres, percursos todo-o-terreno, canoagem e passeios de barco são algumas das formas encontradas para desfrutar da natureza. A manutenção física está também garantida através do futebol, da recém-criada equipa de ciclismo (que já conta com 20 membros) e dos protocolos com ginásios com condições vantajosas para sócios e familiares. Outra área em que têm investido é a da aprendizagem, com a realização de workshops. Culinária, windsurf e fotografia foram as atividades já experimentadas e outras novidades estão preparadas para 2014. Ricardo Alves, que é Assessor da Direção dos Aeroportos dos Açores e responsável pela Gestão da Qualidade nos Aeroportos dos Açores, nota que todos os eventos são produzidos e realizados exclusivamente

pela direção do Clube, constituída por sete pessoas. “Reunimos os conhecimentos de todos os elementos e cuidamos de tudo, desde os aspetos organizativos, financeiros, burocráticos até à sempre complicada vertente logística, o que nos permite realizar mais com menores custos”. O suporte financeiro é garantido tanto pelas quotas pagas pelos sócios como pela verba anual assumida pela empresa. Além desses, o Clube encontra outras formas de receita na utilização do campo de futebol por terceiros e também na comparticipação que os participantes são convidados a fazer em cada evento. Apesar de serem em primeiro lugar direcionados aos sócios e famílias, dificilmente se esgota a capacidade de cada evento, considerando o número de sócios e a dificuldade de todos aderirem às iniciativas ao mesmo tempo. Por isso, a abertura e facilidade de participação é alargada aos familiares e por vezes também aos amigos. O que não foi possível até agora, apesar da intenção da anterior direção da ANA nesse sentido, foi integrar os clubes de todos os aeroportos açorianos geridos pela ANA debaixo de um único chapéu de Clube ANA Açores. Em Santa Maria existe um clube, apoiado pela ANA e pela NAV e aberto à comunidade; mas na Horta e nas Flores (onde a ANA

O IV Passeio foi uma das atividades mais concorridas do ano passado. Mais de 70 pessoas percorreram cerca de 200 km de automóvel com a ajuda de um “road book” feito pelo próprio clube.

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_ambientes

O Clube procura tirar o máximo proveito das belas paisagens e do clima ameno organizando muitas atividades ao ar livre. Passeios pedestres, percursos todo-o-terreno, canoagem e passeios de barco são formas de estar mais perto da natureza.

só tem 5 colaboradores) a atividade associativa não está organizada. Em Ponta Delgada o Clube ANA foi originalmente criado em 1978 como uma delegação do Clube ANA E.P., uma associação do pessoal da empresa Aeroportos e Navegação Aérea E.P., tal como os que foram criados nos outros aeroportos, dos quais ainda perduram os de Faro e Porto. Quando Ricardo Alves aderiu ao clube, em 1989, este estava já numa fase decrescente. No final da década de 90 procurou-se revitalizar a atividade, sem grande sucesso. Foi só em 2008, quando o então Conselho de Administração se confrontava com “a menor satisfação dos colaboradores na vertente social”, diz Ricardo Alves, que se decidiu revitalizar os clubes ANA, apoiando e incentivando as organizações locais em vez da tal estrutura central suportada por delegações. Uma estratégia que se mostrou acertada. Ricardo Alves tornou-se presidente da direção em fevereiro de 2009 e a sua equipa cumpre já o segundo mandato. “Tem sido um trajeto com muitas realizações e sempre com orientação para a satisfação dos nossos sócios”. Ideias e planos não faltam, como as “Conversas & Café, uma pausa mensal para apresentarmos, refletirmos, discutirmos sobre matérias de interesse relevante para os sócios/colaboradores, quando possível com a participação de convidados”.

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O suporte financeiro é garantido tanto pelas quotas pagas pelos sócios como pela verba anual assumida pela empresa. Além desses, o Clube encontra outras formas de receita na utilização do campo de futebol por terceiros e também na comparticipação que os participantes são convidados a fazer em cada evento. Mais atividades ao ar livre – como o passeio pedestre do Monte Escuro ao Pico do Ferro seguido de um cozido nas caldeiras das Furnas –, passeios de BTT, incursões no mundo rural e contatos com o mundo animal, degustação de diferentes sabores, outros workshops de culinária, de prova de vinhos, de fotografia, surf e karting são alguns dos eventos com que os sócios podem contar em 2014. Além deste programa, Ricardo Alves deixa o desejo de que regressem brevemente as atividades com a participação de todos os aeroportos. “Sabemos que o momento é difícil, conhecemos as dificuldades mas também acreditamos que com a participação de todos, ANA, Clubes e colaboradores, tudo é possível. Sendo esta uma questão que nos transcende, só podemos manifestar a disponibilidade para colaborar na construção de uma solução viável para este desejo”.


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_follow me

“GERALMENTE

NINGUÉM DÁ POR NÓS”

Se sempre é bom controlar o que se gasta, numa altura de crise o Planeamento e Controlo de Gestão de qualquer empresa assume uma relevância ainda maior. É essa a função de Cláudia Oliveira na Direção dos Aeroportos dos Açores onde, garante, também não se está em tempo de abrir os cordões à bolsa.

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eralmente ninguém dá por nós”. Mas a verdade é que eles estão lá. “Eles” são a divisão de Planeamento, Gestão e Controlo, neste caso da Direção dos Aeroportos dos Açores, e o reconhecimento da invisibilidade da equipa é de Cláudia Oliveira, responsável pela área de controlo de gestão. Cláudia Oliveira vive em Ponta Delgada, a 15 minutos do aeroporto onde trabalha há já 13 anos. O pai trabalhava num banco e tanto ela como a irmã tinham apetência para os números. Seguindo essa habilidade familiar, formou-se em Economia na Universidade Nova de Lisboa. Depois do curso, voltou aos Açores, fez um estágio na ANA e ali ficou a trabalhar. Na Direção dos Aeroportos dos Açores, a divisão de Planeamento, Gestão e Controlo é responsável por várias áreas, entre as quais o ambiente, os recursos humanos, o controlo de gestão propriamente dito, e os sistemas de informação. Para responder adequadamente a cada uma destas áreas, formou-se uma equipa – que neste momento é de cinco pessoas –, uma espécie de núcleo duro, onde encontramos gente com formação diferenciada e que se ocupa de diferentes áreas. A equipa presta apoio aos quatro aeroportos açorianos da ANA: Ponta Delgada, Horta, Flores e Santa Maria, embora Cláudia Oliveira reconheça que raramente sai do de Ponta Delgada. “O controlo de

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gestão é basicamente igual em qualquer ramo de atividade, neste caso é aplicado à atividade aeroportuária. Trata-se, em traços gerais, de garantir que não se gasta mais do que se deve”, explica a economista. O apoio às chefias é outra faceta da função: na preparação de apresentações, na elaboração de orçamentos, no planeamento e preparação das reuniões de controlo orçamental, etc. Tendo sempre por finalidade última o cumprimento rigoroso dos orçamentos. Por outro lado, o sistema informático fornece muitos relatórios que têm de ser analisados ou, como diz Cláudia Oliveira, “é preciso descascar toda a informação”. E dessa análise nascem novos comportamentos e mudam-se atitudes. “Por exemplo, quando há algum acréscimo inesperado nos gastos ou nos consumos, chamam-se os responsáveis da área para esclarecer a que se deve tal aumento”. E a resposta para baixar consumos e gastos pode ser tão simples como desligar o ar condicionado em determinadas horas. Numa altura em que os Aeroportos do Açores estão a medir a sua pegada ecológica, este tipo de mudança de hábitos é fundamental. Nos três grandes grupos de custos − custos com fornecedores de serviços externos, custos com pessoal e custos com investimentos − este último, explica Cláudia Oliveira, “é o que exige um controlo financeiro mais rigoroso e é talvez a área que mais distingue esta atividade de outra qualquer. Trata-se de investimentos avultados, geralmente obras, relacionados com os aeroportos e com o crescimento da atividade aeroportuária”. Uma tendência que é geral nos últimos anos e à qual os Açores não passaram ao lado é a redução dos orçamentos. “Sobretudo nos últimos dois anos assistimos a muitos cortes nos Aeroportos dos Açores, nas iniciativas, nos investimentos… Alguns melhoramentos que estavam programados ficaram em stand by”. Uma das últimas obras de grande dimensão foi, em 2010, a ampliação e melhoramento da sala de embarque do Aeroporto de Ponta Delgada que aumentou em 50% a sala que existia e disponibilizou quatro novas portas de embarque, de modo a expandir a capacidade de processamento deste aeroporto de 600 para 900 passageiros por hora. Mais ou menos na mesma altura, foi também ampliada a plataforma de estacionamento e construídos novos caminhos de circulação para os aviões. Estes trabalhos permitiram que a entrada e saída de passageiros passassem a ser feitas mais perto da aerogare, economizando assim nos meios afetos à assistência a voos e encurtando a distância que os passageiros têm de percorrer entre o avião e a aerogare. Assídua participante nas atividades do clube ANA, Cláudia Oliveira, mãe de duas crianças pequenas, tem vindo aos poucos a retomar o seu ritmo do dia-a-dia, como a ginástica, que os afazeres da maternidade lhe roubaram durante uns tempos. O mesmo aconteceu com as viagens. Recorda que a última, digna desse nome, foi a Itália, já lá vão uns anos. Para este ano está prometida a primeira viagem aos Estados Unidos, que ainda não conseguiu fazer. “Vamos ver se é desta”.


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“É O PASSAGEIRO

QUE CHORA, QUE SORRI E SE EMOCIONA”

Para o chefe do Serviço de Gestão OPERACIONAL Do Aeroporto de Ponta Delgada, os aeroportos já não servem apenas para atender os aviões e as suas tripulações. Servir o passageiro e proporcionar-lhe uma boa experiência é o que move Rui Coutinho. E um “Obrigado” é a melhor recompensa.

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ui Coutinho estava há uma semana a chefiar o Serviço de Gestão Operacional quando um vulcão islandês entrou em erupção afetando o tráfego aéreo em boa parte do mundo. Mesmo sendo um aeroporto sazonal – com metade do tráfego anual a acontecer durante o verão e o resto diluído no resto do ano – as cinzas do Eyjafjallajökull tiveram impacto também na vida dos passageiros que se encontravam no Aeroporto de Ponta Delgada. Foi preciso resolver rápidamente uma série de coisas para atender os passageiros que subitamente se encontravam ali retidos, arranjar mais cadeiras, água, fornecer informação, procurar circuitos alternativos para os percursos inter-ilhas… Apesar do trabalho extra, recorda esses dias de março e abril de 2010 como dos mais gratificantes que já teve em mais de uma década a trabalhar em aeroportos. Servir o passageiro. É o que move e mais prazer dá a Rui Coutinho. É com convicção que afirma que é preciso deslocar a orientação dos aeroportos, historicamente muito voltada para o avião, o seu comandante e tripulações, para os seus passageiros. “Cada vez mais os aeroportos têm que se voltar para os passageiros. São eles que se emocionam, que sorriem, que choram, que nos agradecem. É para o passageiro que estamos aqui: todos os serviços, do planeamento aos socorros e à manutenção aeroportuária, todos têm que estar orientados para os passageiros. Não me lembro de um comandante ou uma tripulação alguma vez me ter agradecido por algum serviço que lhes tenha prestado. Já os passageiros, recordo-me de muitos que me agradeceram, por uma informação, porque precisavam da minha ajuda”. Apesar de nascido em S. Miguel, Rui Coutinho cresceu na ilha de Santa Maria, onde os pais trabalhavam no aeroporto, do qual o avô foi diretor. É, portanto, a terceira geração da família nas lides aeroportuárias. Aos 16 anos foi estudar para Ponta Delgada e daí seguiu para Aveiro para fazer o curso de Contabilidade e Administração. Apesar dos antecedentes familiares, os aviões e o mundo da aviação não o seduziam por ai além. A possibilidade colocou-se quando a mãe lhe ligou para dizer que estava aberto um concurso para Oficial de Operações Aeroportuárias (OPA) nos Açores. Concorreu, foi admitido e colocado numa ilha que conhecia bem, Santa Maria. Mas ao fim de apenas dois meses conseguiu uma permuta com um colega e regressou a S. Miguel.

Num par de anos tornou-se chefe de serviço dos OPAs e, em 2007, o seu nome foi indicado para o cargo de diretor do Aeroporto de Santa Maria, o mesmo que o seu avô ocupara até 1980. Além do cargo foi também ocupar a mesma casa, no parque habitacional do aeroporto, na Vila do Porto, a maior povoação da ilha. “Fui viver exatamente na mesma casa onde tinha crescido. Era a casa do diretor e ainda é”. No portfólio dos aeroportos da ANA, o de Santa Maria tem características particulares, desde logo pela herança histórica. Quando, depois da Segunda Guerra Mundial, a antiga base aérea americana que ali funcionava foi entregue ao Governo português, foi necessário construir habitações para os técnicos, vindos do continente e de S. Miguel para operar o aeroporto. Nessa altura, explica Rui Coutinho, algumas estruturas de cariz provisório foram aproveitadas e transformadas em moradias para albergar as pessoas que foram viver para a ilha. Assim nasceu o parque habitacional do aeroporto, que mais tarde foi ampliado com novas casas já de alvenaria, um projeto que teve intervenção do arquiteto Keil do Amaral. Principal pilar económico da ilha por décadas, a atividade aeronáutica – além do aeroporto ali está também o Centro de Controlo Aéreo do Atlântico, que administra uma das maiores e mais importantes regiões de informação de voo do mundo – continua a ser o principal motor, não só económico, de Santa Maria. “Como a ilha é muito pequena, a comunidade tem um grande envolvimento com o aeroporto e toda a gente tem alguma coisa a dizer sobre a gestão do aeroporto e das infraestruturas”. O trabalho a realizar tem também algumas particularidades. Como o aeroporto tem um perfil especial, sendo mais usado para escalas técnicas, geralmente para grandes aviões de carga ou pequenos aviões particulares, o serviço é mais voltado para as aeronaves e as suas tripulações. Ao fim de uma comissão de 3 anos Rui Coutinho voltou ao Aeroporto de Ponta Delgada. O Serviço de Gestão Operacional, que atualmente coordena, engloba mais áreas para além da mais óbvia, que é a operação aeroportuária. Os Socorros, as Relações Públicas, os Auxiliares, os Parques de Estacionamento (supervisão e apoio na administração), e a gestão de um conjunto de contratos, como os dos serviços de comunicações e de limpeza, são tudo atividades da sua responsabilidade. Além ainda de funções de apoio à tomada de decisão da direção, a análise de ocorrências na área de safety e dos processos de segurança e a participação em diversos comités. Estas funções de gestão fazem-no passar algum tempo à secretária a lidar com papéis. “Infelizmente”, diz, porque o que lhe agrada mais é estar no terreno e lidar com os passageiros. E volta a defender a sua dama: “Temos que estar à altura das expectativas dos passageiros. Temos que lhes proporcionar uma boa experiência e não nos podemos desleixar em nada. E isso significa que se ao passarmos na aerogare estiver um papel no chão, temos que o apanhar e deitar no lixo”. Tão simples como isso.

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_partidas

NO TRILHO

DO MURO Foi em tempos uma fronteira mortífera mas hoje é uma das ciclovias mais fascinantes que se podem encontrar. O Trilho do Muro de Berlim é um cinturão verde que oferece uma viagem surreal pela história da cidade. Este ano passam 25 anos sobre a queda do Muro de Berlim.

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ma clareira na floresta. À frente há um lago onde os raios do sol se refletem. A bicicleta está parada ali ao lado e o local é um excelente sítio para tirar o almoço da mochila e desfrutar. De vez em quando passa um jogger ou uma família em passeio domingueiro. Fora isso só há calma e silêncio. E um pedaço de um muro em ruínas, todo pintado de grafiti onde se pode ler “Always remember”. Ali perto há uma cruz de madeira com 17 nomes inscritos. Este elemento incongruente na paisagem é na realidade uma pequena parte do que em tempos foi o Muro de Berlim, escondido na floresta, a sudoeste da cidade. Hoje é difícil imaginar a paisagem serena cortada ao meio por uma parede de cimento, torres de vigia, holofotes e cães de guarda. Mas foi assim até novembro de 1989: um extenso muro com 160 km que selava Berlim Ocidental da Alemanha de Leste. Aquela que foi uma das fronteiras mais mortíferas do mundo é hoje em dia uma ciclovia fascinante. Seguindo a rota do muro e da chamada “faixa da morte”, que circundava Berlim Ocidental durante as décadas sombrias da Guerra Fria, o Trilho do Muro de Berlim (Berliner Mauerweg) oferece uma viagem surreal pela história da cidade. No ano em que passam 25 anos sobre a queda do muro, esta pode ser uma boa maneira de saber mais sobre o passado da capital alemã. É fácil combinar uma viagem ao longo de uma das linhas da frente da história da Europa com um pouco de diversão numa das cidades mais excitantes


Um moderno edifício do governo alemão ao lado do Reichstag, o prédio onde funciona o parlamento federal da Alemanha, na margem do rio Spree; um marco do Muro de Berlim na Potsdamer Platz, o centro da Berlim reunificada e onde se inicia o trilho; uma cena no Mauerpark, um parque público onde em tempos esteve o Muro e a Faixa da Morte; um pedaço do Muro ainda de pé na floresta a sudoeste da cidade.

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_partidas O Checkpoint Charlie, um posto militar entre a Alemanha Ocidental e a Alemanha Oriental durante a Guerra Fria, é uma concorrida atração turística; nos dias que se seguiram a 9 de novembro de 1989 as pessoas tiveram pressa em derrubar o muro que dividiu a cidade por 28 anos; um aspeto do Memorial às Vítimas do Muro de Berlim.

do mundo. O trilho está organizado em 14 secções, cujos pontos de partida são facilmente acessíveis de comboio ou metro. Pode fazer-se todo o percurso de bicicleta, parando durante a noite ao longo do caminho. O trilho começa na Potsdamer Platz, que é agora o centro da Berlim reunificada. Mais de 40 km de muro percorriam o centro da cidade mas na euforia que se seguiu ao colapso do Muro, a maior parte foi rapidamente destruída e pouco está ainda de pé. Muitas vezes é difícil visualizar onde esteve exatamente apesar de existirem marcos: uma dupla fileira de paralelepípedos assinala parte da rota e a guarita no Checkpoint Charlie foi reconstruída. Logo depois da queda, as propostas iniciais para preservar, pelo menos, alguns pedaços para a posteridade ou transformar a “faixa da morte” num percurso para motociclistas foram apelidadas de “loucura” e rapidamente afastadas. “Aqueles que esquecem o passado estão condenados a repeti-lo”, disse à Reuters Michael Cramer, um líder do partido Os Verdes que ignorou a crítica generalizada e passou uma década a tentar que se construísse o trilho. “Toda a gente queria que a parede desaparecesse o mais rapidamente possível e chamaram-nos loucos porque queríamos preservar algumas partes. Infelizmente houve um certo rigor prussiano em demolir tudo” disse. É preciso entender os berlinenses. Entre o dia em que foi construído, a 13 de agosto de 1961, até à sua queda a 9 de novembro de 1989, pelo menos 136 pessoas morreram ao tentar atravessar o Muro que dividiu famílias, amigos e a sociedade berlinense. A maioria foi baleada por guardas de fronteira da Alemanha Oriental. Cerca de 5000 conseguiram atravessar. Na Bernauer Strasse a lembrança do horror permanece conservada, com as paredes exteriores e interiores e a “faixa da morte” entre os dois. No centro de documentação, em frente, fotos arrepiantes mostram como o muro foi construído “da noite para o dia” em agosto de 1961 e podem ler-se relatos incríveis de desesperadas tentativas de fuga. Mais adiante, a torre de vigia em Kieler Strasse (de um total de 300 torres apenas duas sobreviveram) é agora um museu dedicado a Gunter Liften, o primeiro de muitos a ser filmado enquanto tentava atravessar a “barreira antifascista de proteção”.

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COMO IR A partir de março a Air Berlin voa de Faro para o Aeroporto de Tegel, em Berlim, às quartas, sextas e domingos. A 21 de junho a easyJet inicia também uma operação de Faro para Berlin Schoenefeld, com voos às quartas e sábados.

Uma vista aérea de Berlim e, em baixo, uma dupla fileira de paralelepípedos que assinala a rota do Muro.

Em pouco tempo, porém, as principais atrações turísticas ficam para trás e pedalamos ao longo das margens do canal Teltow, através de campos e bosques, com um memorial ocasional que nos lembra onde estamos. Continuando para sul chegase a Wannsee, um pitoresco subúrbio à beira de um lago, que por acaso foi o local onde os nazis planearam a Solução Final.

muito difíceis de encontrar noutras capitais e centros de artes, como Nova Iorque, Londres ou Paris. Se não fizer noitada, na manhã seguinte poderá continuar o percurso do Muro. Por exemplo, apanhar o comboio para norte, em direção a Hermsdorf. Na estação os sinais que indicam o Mauerberg guiam-nos através de ruas suburbanas até uma reserva natural. Há cisnes a nadar num riacho e imagens dos animais que se podem encontrar ao longo do caminho. Não muito longe fica a encantadora vila de Lübars, com suas ruas de paralelepípedos e a pequena igrejinha. É aqui que está o famoso Checkpoint Qualitz, um local batizado com o nome de um agricultor, Helmut Qualitz, que, exasperado com o lento processo de demolição, tomou o assunto nas próprias mãos e a 16 de junho de 1990 “furou” o muro com o seu trator, abrindo o Checkpoint Qualitz às pessoas de Lübars e da vizinha Blankenfeld. O local exato está assinalado por uma placa colocada num pedaço do Muro.

No ano em que passam 25 anos sobre a queda do Muro, esta pode ser uma boa maneira de saber mais sobre o passado da capital alemã. É fácil combinar uma viagem ao longo de uma das linhas da frente da história da Europa com um pouco de diversão numa das cidades mais excitantes do mundo. Pouco depois estamos a pedalar por florestas a caminho de Potsdam. A ponte Glienicke, onde a troca dos agentes secretos foi negociada, brilha do sol, e as villas, em tempos usadas pelos nazis – e numa das quais Winston Churchill se hospedou durante a Conferência de Potsdam de 1945 – são agora casas de berlinenses mais abastados. Quem não estiver na disposição de continuar a pedalar e quiser desfrutar da vibração da Berlim do século XXI pode meter-se no comboio (com a bicicleta) e em pouco tempo estará na cidade. Uma hipótese é Prenzlauer Berg, no distrito de Pankow, que desde a reunificação se tornou num centro de boémia com pubs, restaurantes, cafés, galerias e lojas que criam uma atmosfera noturna única em Berlim. Recentemente tornou-se uma área popular entre americanos e europeus que ali procuram apartamentos centrais e mais baratos e espaços de trabalho, como estúdios e ateliers, que são

À medida que se pedala através dos prados ao longo do que era a estrada de patrulha da fronteira, a torre de televisão de Alexanderplatz começa a aparecer, furando o horizonte. Se continuar a seguir as placas vai chegar ao Mauerpark, um espaço verde onde antes havia uma terra de ninguém. O domingo é dia de feira da ladra e o movimento é grande. Há quem aproveite para mostrar dotes artísticos como cantar ou dançar. E , num dia como este, os horrores do passado são apenas uma memória distante.

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_lifestyle

A CIDADE E OS AVIÕES

NO NOVO HOTEL DO AEROPORTO Há a réplica de um A avião histórico, uma

carpete a imitar uma pista de aterragem e um bar que é uma asa de avião. No novo Tryp Lisboa Aeroporto podemos dormir no aeroporto antes de ir para o aeroporto. Ou depois.

Na zona da receção, a réplica da Bleriot XI, a aeronave usada por Louis Blériot em 1909 para a primeira travessia aérea do Canal da Mancha.

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briu recentemente e enquanto não acontece a inauguração oficial, prevista para breve, o Tryp Lisboa Aeroporto está a funcionar em regime de “soft opening”, que é como quem diz, ainda não com todos os serviços em pleno mas já pronto para receber hóspedes no aeroporto. Dedicado ao tema “I’m in TRYP in Lisbon”, o novíssimo hotel do Aeroporto de Lisboa tem uma localização privilegiada, junto ao Terminal 1 do aeroporto e com acesso direto à Segunda Circular / A1, a principal entrada rodoviária da capital. Com um projeto de arquitetura do atelier Pedro Ferreira, o hotel tem linhas modernas e funcionais, às quais Nini Andrade Silva imprimiu o seu cunho pessoal com uma decoração plena de detalhes distintivos. Ali vamos encontrar apontamentos que remetem tanto para a cidade, através dos nomes de bairros lisboetas atribuídos aos vários pisos, como para o mundo da aviação.


Logo à chegada somos surpreendidos com uma carpete a simular uma pista de aterragem, que nos leva da entrada até à receção. No ar, pendurada no teto do lobby, paira uma bela réplica vermelha da Bleriot XI, a aeronave usada por Louis Blériot em 1909 para fazer a primeira travessia aérea sobre o Canal da Mancha. E quando chegamos ao bar, em vez do balcão, encostamo-nos a uma asa de avião! Fotografias antigas de Lisboa e dos seus monumentos completam a decoração dando-lhe um toque de classe. Com uma ampla oferta de serviços, o hotel tem um restaurante de gastronomia regional e internacional, serviço de cafetaria com horário alargado, pequeno-almoço buffet completo, room service, estacionamento, internet gratuita, centro de congressos e 20 salas de reunião, num total de 1.500 m2, além de um inovador serviço de escritório virtual. Um Wellness Center (que estará concluído nos primeiros meses deste ano) com um completo SPA, ginásio, piscina interior climatizada, piscina para crianças e piscina exterior, banho turco, sauna e hidromassagem, completam a oferta deste hotel de 4 estrelas. O Tryp Lisboa Aeroporto é a mais recente unidade do Grupo Hóti Hotéis, que assim reforça a sua presença em Lisboa, inovando com uma oferta cada vez mais versátil e adaptada à realidade diária das grandes metrópoles. O hotel tem 167 quartos e resultou de um investimento de cerca de 18 milhões de euros.

O hotel tem 167 quartos e diversas instalações para congressos e reuniões, num total de 1.500 m2

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_lifestyle

O ESTILO URBANO DA É SPRINGFIELD

O estilo urbano e descontraído da Springfield chegou ao Aeroporto do Porto. São mais de 100 m² com peças e artigos para looks simples, modernos ou arrojados.

CHEGOU AO AEROPORTO DO PORTO

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uma marca em que nos habitámos a confiar e que encontramos de norte a sul. Agora também a podemos encontrar quando viajamos: a 58ª loja da Springfield em Portugal acabou de abrir no Aeroporto do Porto e promete não deixar ninguém indiferente. São cerca de 100 m² preenchidos pelas principais tendências desta estação, para homem e mulher. Tal como a marca já nos habituou, a loja oferece peças e artigos para todos os estilos e gostos, para compor desde looks mais simples e contemporâneos, até aos mais urbanos e modernos, passando pelos mais arrojados. A Springfield é uma marca global do Grupo Cortefiel criada em 1988 com um forte espírito internacional e um crescimento significativo. A marca, que em mais de duas décadas se tornou líder de mercado no segmento de moda masculina, avançou em 2006 uma nova linha, a Springfield Woman, dirigida a jovens ativas com forte personalidade e um apurado sentido de moda. A mais recente aposta foi no segmento feminino, com o lançamento de uma linha completa de maquilhagem, a SPF Cosmetics.


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_lifestyle

AZULEJOS

E GALOS DE BARCELOS

O artesanato está entre as coisas que os turistas preferem para levar de recordação de Portugal. Do galo de Barcelos aos elétricos e passando pelas filigranas do norte e pelo azulejo, o variado artesanato português está agora numa nova loja no Aeroporto de Lisboa.

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e artesanato é a “arte nativa”, isto é, a arte própria de um lugar, de uma região, povo ou etnia, também é aquilo que tradicionalmente reconhecemos como o símbolo ou ícone dum país ou cidade: o galo de Barcelos para Portugal, o elétrico para Lisboa, por exemplo. Estes e outros símbolos, peças de artesanato de todo o país, estão numa nova loja no Aeroporto de

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Lisboa. À porta, dois manequins vestidos com trajes regionais dão as boasvindas a quem queira levar um pouco de Portugal consigo. Lá dentro há peças de cerâmica regional, loiças típicas de diversas regiões do país, a filigrana tradicional de Gondomar e da Póvoa do Lanhoso, bordados, produtos em cortiça e muitos galos de Barcelos. Na parede atrás do balcão da loja, um painel de azulejos típicos portugueses, brancos e azuis, remete-nos para as ruas de Lisboa e traz para o aeroporto o charme dos bairros mais tradicionais da capital. O azulejo é um dos elementos decorativos usados nas casas de Lisboa que mais agrada aos nossos visitantes. Apesar de ser comum relacionar-se o termo azulejo com a palavra azul – dado ser esta a cor mais usada nesta cerâmica – saiba que a palavra tem na realidade a sua origem no árabe “azzelij”, que significa “pequena pedra polida” e era usada para designar o mosaico bizantino do Oriente Médio.


_lifestyle Se não quiser ir carregado de compras quando viajar, tem agora a possibilidade de comprar ao desembarcar no Aeroporto de Lisboa. Esta possibilidade aplica-se aos passageiros provenientes de países Schengen, que podem fazer compras na área comercial do aeroporto quando aterram. Sem stress nem pressas.

FAZER COMPRAS À CHEGADA S

abe aquela peça que lhe apeteceu mesmo comprar na última vez que passou pelo aeroporto mas da qual desistiu para não ir mais carregado na viagem? Isso deixou de ser problema no Aeroporto de Lisboa. Com a expansão da área comercial, os passageiros provenientes de países da zona Schengen, que desembarcam no Terminal 1, no seu percurso para a sala de recolha de bagagem, podem disfrutar da área comercial deste aeroporto e comprar nas mais de 30 lojas. Com a vantagem de que não têm nenhum avião à espera e por isso podem fazê-lo sem pressas nem stress. Desde perfumaria e cosmética, a bebidas e tabaco, marcas de luxo na área da moda e acessórios, tecnologia e gifts, são muitas as marcas e propostas para todos os gostos e bolsos. Victoria’s Secret, Ermenegildo Zegna, Salvatore Ferragamo, Montblanc, Ralph Lauren, Burberry, Fnac, Springfield, Geox e Dreams Gourmet são apenas algumas das lojas disponíveis.

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_aldeia global OVNI levou a cancelamento de voos na Alemanha

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m objeto voador não identificado (OVNI), que aparecia e desaparecia nos radares dos controladores aéreos durante três horas, levou, no início de janeiro, ao cancelamento de um voo de Frankfurt com destino ao Aeroporto de Bremen e ao desvio, para Hannover, de outro avião vindo de Munique. OVNI ou drone? A pergunta continua por responder, ainda que o tráfego aéreo no aeroporto de Bremen, no norte da Alemanha, tenha voltado à normalidade pouco depois. O jornal “Weser Kurier” chegou a reportar que o objeto voador podia ser visto com binóculos a partir da torre de controlo do aeroporto. A declaração oficial da polícia alemã, reproduzida no site do “Süddeutsche Zeitung” garante: “Ainda não sabemos o que lá estava, mas estava lá alguma coisa”. OVNI é como permanece a forma apanhada pelo radar. As maiores probabilidades pendem para justificar a forma como sendo um drone ou uma aeronave em forma de balão. Na noite anterior à ocorrência, uma outra aeronave fez temer pela segurança noutra localidade da Alemanha, perto de Zwickau, na Saxónia. De acordo com o “Süddeutsche Zeitung”, ela aterrou num campo aberto situado nas traseiras de uma casa, acabando por ser identificado horas mais tarde como um balão do tipo Zepellin operado por controlo remoto.

Site americano aponta Guarulhos como o pior aeroporto do mundo

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Aeroporto Internacional de Guarulhos, o maior do Brasil, foi considerado o pior aeroporto do mundo, de acordo com uma lista divulgada por um site americano de análise financeira, o Wall St. Cheat Sheet. Na lista que o site recomenda evitar, estão ainda 3 aeroportos americanos, 2 europeus, 2 asiáticos e 2 africanos. Os critérios analisados foram a pontualidade, a informação, as filas de imigração e o espaço físico, entre outros. Guarulhos ganhou a “distinção” sobretudo devido aos atrasos dos voos, aos serviços de alimentação caros e às longas filas no controlo de passaporte. O aeroporto de Chicago, nos EUA, ficou em segundo lugar, especialmente devido aos problemas de pontualidade. Os dois aeroportos de Nova Iorque também entraram na lista: John F. Kennedy (3º) por ser considerado o mais feio do mundo; e LaGuardia (em 7º), pelo acesso difícil em transporte público. Na Europa, Paris Beauvais-Tillé (5º) sofre do mesmo problema por não possuir metro que o ligue ao centro da capital francesa e por fechar à noite. E Heathrow (6º), o maior de Londres, por também ser considerado feio. O aeroporto do Chade, na África, que ficou em 4º lugar, é infestado de insetos, e o de Nairobi, Jomo Kenyatta (9º), no Quênia, tem capacidade para apenas metade do seu atual fluxo de

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passageiros, que gira em torno de 5 milhões por ano. Nas Filipinas, o Ninoy (8º) é considerado muito cheio e as greves de funcionários são bastante comuns. Fechando a lista, o Aeroporto Internacional do Nepal, Tribhuvan, é sujo, confuso e enfrenta muitos problemas relacionados com o clima.


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ma mãe está a processar o Aeroporto de Trudeau, em Montreal, no Canadá, pedindo uma indemnização de 80 mil dólares, depois de ela e o seu filho de dois anos terem ficado presos no tapete de recolha de bagagem e percorrido uma boa parte do percurso daquele mecanismo. Fatima Sellaoui afirma que o incidente, ocorrido em janeiro de 2011, estragou as suas férias na Argélia e causou-lhe danos permanentes nas costas e nos pés. “Salvei o meu filho mas perdi a minha saúde”, disse à agência QMI. Sellaoui e seu marido estavam a fazer o check-in da bagagem quando o curioso Amir subiu para o tapete, de acordo com o descrito na ação que foi interposta. A mãe conta que, quando ninguém do staff do aeroporto reagiu, ela saltou para o tapete. Os dois acabaram na escuridão, sacudidos para a frente e para trás, no meio de um barulho infernal numa “autoestrada” de tapetes transportadores de bagagem. Sellaoui conta que gritou por ajuda mas que ninguém a ouviu. “Foi como um filme, o que aconteceu comigo”. A mãe diz que agarrou Amir com força e que o calvário só terminou quando um funcionário do aeroporto saltou uma parede e puxou os dois para fora do tapete. O menino sofreu uma lesão menor no pé menor mas Fatima diz que não foi capaz de se levantar do seu assento durante o voo para a Argélia e que assim que desembarcou teve de ser internada. Agora Fatima Sellaoui acusa o Aeroporto de Trudeau de negligência e pede uma indemnização por danos físicos e morais. As alegações não foram comprovadas em tribunal. Sellaoui diz que Amir, agora com cinco anos de idade, se

_aldeia global Mãe presa em tapete de transporte de bagagem com o filho processa aeroporto

sente culpado pelos seus ferimentos. “Às vezes ele diz-me: Mamã, a culpa de que você se sinta mal é minha, não é?”. A Autoridade Aeroportuária de Montreal recusou-se a comentar o caso.

Aeroporto de Macau cresceu 11%

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Aeroporto Internacional de Macau registou cinco milhões de passageiros em 2013, o que representa um aumento de 11% face ao ano anterior, segundo dados da empresa proprietária. De acordo com os dados da CAM – Sociedade do Aeroporto Internacional de Macau, avançados pela LUSA, a infraestrutura aeroportuária registou no ano passado um aumento de 16% no movimento de tráfego aéreo para cerca de 48 mil viagens. Só em Dezembro, o Aeroporto de Macau foi utilizado por cerca de 450 mil passageiros, mais 14% face ao mesmo

mês de 2012, e verificou um aumento de 16% no movimento de tráfego aéreo para 4.400 viagens. “O Aeroporto Internacional de Macau começou a introduzir companhias de baixo custo e a desenvolver um mercado turístico diversificado, melhorando, particularmente, o desenvolvimento do mercado do sudeste asiático, que, em resultado, aumentou de 7% do total de passageiros para 39%”, salienta a empresa em comunicado. Atualmente, mais de 20 companhias operam no Aeroporto de Macau.

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_aldeia global Construir uma arma depois do controlo de segurança

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epois do 11 de setembro, as regras de segurança nos aeroportos de todo o mundo ficaram mais apertadas, mas aparentemente ainda se pode embarcar num avião com todos os meios para construir uma arma bastante poderosa. Foi o que fez Evan Booth, um programador informático e “investigador de segurança” nos tempos livres que construiu, testou e apresentou uma caçadeira concebida integralmente com objetos que qualquer passageiro pode comprar num aeroporto, já depois de passar pelo controlo de segurança. Booth, que embarcou neste projeto depois de a Administração de Segurança dos Transportes (TSA) dos EUA introduzir os scanners corporais, que ele considera violarem a privacidade dos passageiros, desenhou ainda uma série de outros dispositivos

Marijuana é legal no Colorado mas proibida no Aeroporto de Denver

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igualmente perigosos. “Quem perceba de segurança sabe que os procedimentos atuais existem mais para descansar os passageiros, trata-se de um golpe de teatro, digamos. Se tiver tempo suficiente, um atacante vai, até certo ponto, ser bem-sucedido”, disse. Na sequência das suas experiências, Evan Booth enviou relatórios ao FBI e à TSA. Enquanto a TSA ainda não respondeu, o FBI já enviou agentes para investigar o homem. ”Isso foi realmente um alívio. Foi a primeira vez que eu soube que alguém tinha investigado esta possibilidade de se construir armas depois de passar no controlo de segurança de um aeroporto”. Segundo Booth, as perguntas dos agentes federais foram no sentido de apurar se ele tinha chegado ou não a construir aquela arma num aeroporto, mas não terá sido esse o caso.

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ecentemente o Colorado tornou-se no primeiro estado dos EUA onde pequenas quantidades de marijuana podem ser vendidas para fins recreativos em lojas especializadas. No entanto, quem deixar o estado através do Aeroporto Internacional de Denver não poderá levar consigo nem uma amostra de erva. Os passageiros estão proibidos de passar marijuana no controlo de segurança e o aeroporto planeia também proibir a substância no terminal. O aeroporto está a instalar sinais que incluem a marijuana entre o lote de items proibidos nas instalações aeroportuárias, disse a portavoz do aeroporto Stacey Stegman. “Estamos apenas a deixar claro que o aeroporto não é lugar para marijuana”, disse. Mas quem se esquecer de deixar o produto em casa não precisa desesperar. Se os funcionários da Administração de Segurança dos Transportes encontrarem pequenas quantidades num passageiro irão encaminhar o assunto às autoridades locais e é pouco provável que o passageiro seja detido pela polícia do aeroporto, diz Stegman. Quem quiser seguir viagem terá de se desfazer da substância e quem não o quiser fazer terá de deixar o aeroporto, esclarece.


Depois de atrasos e derrapagens, Mumbai apresenta novo terminal

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_aldeia global

Aeroporto de Mumbai mostrou finalmente, no mês passado, o seu muito aguardado e dispendioso novo terminal. Rodeado pelas favelas de Mumbai, o renovado Aeroporto Internacional Chhatrapati Shivaji foi adiado por quase dois anos e ultrapassou o orçamento em 25% do previsto, chegando a verba aos 2 mil milhões de dólares. O projeto ficou marcado por disputas políticas, problemas de regulação e dificuldade na desocupação de mais de 300 hectares de terra perto da pista onde viviam dezenas de milhares de pessoas em situação ilegal.

A empresa construtora e operadora do aeroporto, uma parceria público-privada liderada pelo GVK Group, está, no entanto, convencida que os passageiros vão considerar que valeu a pena a espera tendo em conta o resultado: um espaço elegante e arejado, com muitos espaços verdes e cerca de 7 mil peças de arte da Índia. As obras de arte compõem a peça central do terminal, incorporada numa parede interna com 3 km de comprimento que corre ao longo dos portões de embarque e desembarque do edifício de quatro andares. O espaço de check-in tem uma cobertura branca reluzente com dezenas de claraboias que se assemelham à plumagem de um pavão, o pássaro nacional da Índia. Na área comercial, com mais de 700 m2, há mais de mil candeeiros em forma de flor de lótus. O aeroporto vai mudar todas as companhias internacionais para o novo terminal e espera que a maior parte das companhias nacionais vá operar num piso abaixo no mesmo edifício, cerca de um ano depois de demolirem o atual terminal e terminarem a 4ª perna do novo edifício em forma de X.

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Turquia tem 4 dos 10 aeroportos europeus com maiores aumentos de passageiros

os dez aeroportos europeus que registaram maiores aumentos de passageiros entre Janeiro e Novembro de 2013, 4 ficam na Turquia, atingindo em conjunto um incremento de 12,8 milhões de passageiros, de acordo com os dados do Airports Council International (ACI) Europa. Os dados do ACI mostram ainda que a Rússia é o segundo país com mais aeroportos no Top10, os quais têm um aumento conjunto de sete milhões de passageiros. Os dados do ACI relativos aos 11 meses de 2013 incluem 172 aeroportos com um total de 1.345,7 milhões de passageiros, acima do período homólogo de 2012 em 2,7% ou 34,8 milhões. O maior contributo para este crescimento vem dos dois aeroportos de Istambul, Atatürk e Sabiha Gökçen, respetivamente com mais 5,65 milhões (+13,6%, para 47,198 milhões), consolidando-se como o 5º maior aeroporto europeu, e com mais 3,5 milhões (+25,6%, para 17,29 milhões). Além dos dois aeroportos de Istambul, no Top10 dos maiores aumentos de passageiros

estão ainda o Antalya, com o 6º maior aumento (mais 2,095 milhões ou +8,5%, para 26,75 milhões), e o Ankara Esenboga, com o 8º maior aumento (mais 1,54 milhões ou +18%, para 10,1 milhões).

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_aldeia global Número de armas confiscadas nos aeroportos dos EUA aumentou 20% em 2013

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número de armas confiscadas a passageiros que tentavam embarcar em aviões nos Estados Unidos registou um aumento de 20% em 2013, com o Aeroporto de Atlanta a liderar a lista com 110 apreensões. No total foram apreendidas 1828 armas, o maior valor registado desde que existem registos, o que representa uma média de cinco armas apreendidas por dia nos aeroportos norteamericanos. A grande maioria das armas - 84% - estavam carregadas quando os agentes da Administração de Segurança dos Transportes (TSA) as descobriram durante os procedimentos de segurança, e uma em cada três dessas armas já tinha uma bala na câmara, ou seja, estava preparada para disparar. Este aumento em relação a 2012 é o terceiro salto anual desde 2010, e o maior.

Esta informação resulta de uma análise dos dados semanais que a TSA divulga no seu blog e foi feita pela Medill National Security Journalism Initiative. Mas é de esperar que os números finais sejam ligeiramente mais elevados do que os compilados pela Medill. Dos 207 aeroportos em que pelo menos uma arma foi encontrada, Atlanta está à frente com 110, seguida de Dallas - Fort Worth (98) e Houston Bush (67). Um em cada quatro aeroportos registou 10 ou mais apreensões.

O aeroporto que se transformou em campo de refugiados

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Aeroporto de Bangui, a capital da República CentroAfricana, transformou-se nos últimos tempos num imenso campo de refugiados para atender as famílias que fogem de um dos piores conflitos que atualmente atingem África. A República Centro-Africana enfrenta instabilidade e violência entre milícias cristãs e muçulmanas desde março de 2013, quando rebeldes tiraram o presidente do poder. Mas a situação piorou em dezembro, com confrontos que já fizeram mais de mil mortos. No final do ano passado a Organização das Nações Unidas (ONU) autorizou uma operação militar da França para estabilizar o país, e manter o controle do aeroporto

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foi um dos primeiros objetivos das tropas francesas. Os franceses transformaram o aeroporto em base de operações para assegurar acesso à principal porta de entrada e saída do país. Assim que as famílias começaram a ser forçadas a deixar as suas casas por causa da guerra passaram a ver os arredores do aeroporto como um local seguro. Em pouco tempo, a população deslocada cresceu e o aeroporto transformou-se num gigantesco campo de refugiados improvisado. O arame farpado que isolava áreas do aeroporto foi destruído e cabanas foram construídas dentro do edifício, em áreas como o estacionamento. Atualmente, a ONU estima que haja cerca de cem mil pessoas a viver no local.


A A Magazine agradece a colaboração das seguintes pessoas e entidades na elaboração desta edição: Bruno Almeida Fundação Pauleta Elisabete Silva

Viajar de avião nunca foi tão seguro

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pesar de o número de passageiros estar em permanente crescimento em todo o mundo, segundo a Agência Europeia de Segurança Aérea (AESA) viajar de avião nunca foi tão seguro como no ano passado. Para a AESA, “o início de 2014 marca ao mesmo tempo o 100º aniversário da aviação comercial e um recorde em matéria de segurança”. “Os acidentes mortais no mundo provocados por aviões comerciais foram menos frequentes em 2013 do que nos últimos cinco anos, com 17 acidentes registados contra 27 em média por ano”, explica a instituição com sede em Colónia, na Alemanha. A AESA ressalva que em 2013 não se registou nenhum acidente entre seus membros, que operaram cerca de 6 milhões de voos comerciais e transportaram mais de 800 milhões de passageiros. “A Europa continua a deter o recorde mundial de segurança, mas não se pode descansar. No momento em que o tráfego aumenta nos céus europeus e no mundo, devemos prosseguir com nossos esforços para manter e até mesmo aperfeiçoar a segurança aérea”, comentou Patrick Ky, diretor executivo da AESA, citado no documento. A Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA), que estima que a barreira dos 3 mil milhões de passageiros transportados em aviões tenha sido superada em 2013, ainda não divulgou o seu relatório anual. Em 2012, a IATA indicou que houve um acidente para cinco milhões de voos. Essa era até então a taxa mais baixa da história da aviação comercial. O acidente mais grave de 2013 aconteceu com um avião da companhia russa Tatarstan Airlines, um Boeing 737 que estava em operação há 23 anos e explodiu no aeroporto de Kazan, matando todos os 44 passageiros e os seis membros da tripulação. Outro grave acidente envolveu uma aeronave Embraer 190 da companhia moçambicana LAM, que caiu na Namíbia quando fazia a ligação entre as capitais de Moçambique, Maputo, e de Angola, Luanda. Esse acidente fez 33 mortos.

Parque Natural do Pico Eurico Silva Visit Azores Helder Silva Diretor do Departamento de Oceanografia e Pescas, Universidade dos Açores Jorge Botelho Mantamaria José Medeiros Ferreira Professor e investigador Manuel Paulino Soares Ribeiro da Costa Diretor do Parque Natural do Pico Paulo Reis Paralelo 37 Pedro Pauleta Ex-jogador de futebol e diretor da Federação Portuguesa de Futebol para as Seleções Nacionais de Formação Rodrigo Herédia DAAZ Eventos NA ANA: Ana Catarino Marketing Aeroporto de Faro Cláudia Oliveira Controlo de Gestão, Aeroporto de Ponta Delgada Dulce Botelho ANA Consulting Ingrid Lourenço Coordenação de Marketing e Desenvolvimento de Serviço ao Passageiro Iolanda Campelo Direção Comercial Não Aviação Isabel Rebelo ANA Consulting Luis Ribeiro Administrador da ANA Ricardo M. Alves Assessoria da Direção dos Aeroportos dos Açores Rui Coutinho Serviço de Gestão da Operação no Aeroporto de Ponta Delgada

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_passageiro frequente

QUEM ESPERA

SEMPRE ALCANÇA D

urante os 13 anos em que me dediquei à atividade de profissional de futebol viajei muito. Normalmente de duas em duas semanas lá estava eu e a equipa a viajar para mais um jogo, para mais uma estadia numa cidade em qualquer sítio. Sem contar com as deslocações especiais, para torneios, campeonatos, jogos de solidariedade… Foram muitas horas dentro de aviões. E em aeroportos. Perdi a conta aos aeroportos por onde passei ao longo destes anos. Nessas passagens e escalas pelos aeroportos do mundo − na Europa, na América, África, Ásia − houve muitas histórias que poderia contar aqui. Curiosamente a situação de que me lembro melhor aconteceu já depois de ter deixado de jogar, e até foi recentemente e “em casa”. Muitas vezes tinha que fazer várias ligações entre aeroportos para chegar ao destino final mas não me lembro de atrasos grandes ou de ficar a secar num aeroporto. Certamente que os houve mas nada que me tenha ficado na memória. Então, há uns tempos atrás, preparei-me para ir ver um jogo de solidariedade com alguns jogadores da Seleção Nacional no Porto. Tinha que fazer a viagem de Ponta Delgada para Lisboa e daí para o Porto. Quando cheguei a Lisboa fiquei surpreendido e desapontado quando vi que o voo de ligação para o Porto estava com várias horas de atraso. Possivelmente só chegaria ao Porto depois do jogo! Lá se iam os planos por água abaixo… Era preciso encontrar uma solução, não queria perder o jogo, não tinha vindo dos Açores para agora ficar ali no Aeroporto de Lisboa enquanto o jogo decorria. Afinal a solução acabou por ser muito simples: um amigo que também tinha vindo no voo de Ponta Delgada ia seguir para o Porto de automóvel e convidou-me para o acompanhar. Aceitei sem hesitar. Alguns colegas, apesar do atraso, optaram por ficar a aguardar o voo de ligação em Lisboa.

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Estava muito mau tempo, com chuva forte, fraca visibilidade… e, por causa disso, tivemos uma viagem bastante atribulada. Mas conseguimos chegar ao Porto mesmo a tempo do início do jogo. Foi por pouco mas estávamos lá ainda antes do apito inicial! Assim que entrei no estádio dei de caras com os colegas que tinham ficado em Lisboa à espera do avião para o Porto. Parece que afinal o voo não estava tão atrasado como tinha sido anunciado e lá estavam eles, todos contentes e descontraidamente à espera do jogo! Moral da história: mesmo atrasado, o avião é a melhor forma de chegar rapidamente a qualquer lugar! Mais vale esperar.

PAULETA

Ex-jogador de futebol e diretor da Federação Portuguesa de Futebol para as Seleções Nacionais de Formação.


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