One house in cascais

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ONE HOUSE IN CASCAIS

mediante regras inteligíveis que implicam a referência à sua tectonicidade, também existe hoje a possibilidade de ilusão (construção, encenação?) espacial sem recurso às mesmas regras: provocam-se sensações espaciais ao manipular, mais do que a nossa percepção do espaço, o nosso entendimento do que percebemos dele. É uma ideia que remete para o problema da relação entre a razão humana e as coisas (naturais ou produzidas pelo Homem) e que também ocupa e divide os filósofos desde o tempo dos Gregos. Trata-se de um acontecimento espacial dependente da transformação de determinadas impressões percepcionadas pelos nossos sentidos, em conceitos imagináveis. Aquilo que nos permite sentir o que é esse espaço para além da sua realidade material, sem termos que recorrer à nossa experiência anterior, ou a uma linguagem convencionada, mas apenas à nossa experiência da obra. Talvez a isso se deva a insistência de Le Corbusier em afirmar que a arquitectura é uma “machine à emouver” 12 e o seu recurso a objectos de “reacção poética” para darnos conta de que, para ele, a arte não trabalha só com objectos, ou com a sua ordenação, mas também com as sensações que estes nos provocam e a sua associação com ideias que estão fora deles e que formam parte contínua dos nossos pensamentos. Por seu lado, para Mies, a obra de arte como concretização do pensamento humano na relação com a natureza, permite-nos testar “o efeito dos nossos pensamentos, para podermos pensar”. Consciente que o pensamento nasce da acção e que, com um juízo crítico e construtivo volta à acção, dizia querer ”fazer algo para poder pensar” e era com essas palavras que descrevia o efeito que os seus edifícios deveriam ter sobre quem os estuda – deveriam servir à meditação13. Também nós gostaríamos de contribuir para que esta Casa possa ser [mais] uma “Machine à Mediter”.

Fig. 1 Auto retrato Self portrait

anteriormente se utilizou ordens arquitectónicas para estruturar uma composição mediante regras inteligíveis que implicam a referência à sua tectonicidade, também existe hoje a possibilidade de ilusão (construção, encenação?) espacial sem recurso às mesmas regras: provocam-se sensações espaciais ao manipular, mais do que a nossa percepção do espaço, o nosso entendimento do que percebemos dele. É uma ideia que remete para o problema da relação entre a razão humana e as coisas (naturais ou produzidas pelo Homem) e que também ocupa e divide os filósofos desde o tempo dos Gregos. Trata-se de um acontecimento espacial dependente da transformação de determinadas impressões percepcionadas pelos nossos sentidos, em conceitos imagináveis. Aquilo que nos permite sentir o que é esse espaço para além da sua realidade material, sem termos que recorrer à nossa experiência anterior, ou a uma linguagem convencionada, mas apenas à nossa experiência da obra. Talvez a isso se deva a insistência de Le Corbusier em afirmar que a arquitectura é uma “machine à emouver” 12 e o seu recurso a objectos de “reacção poética” para darnos conta de que, para ele, a arte não trabalha só com objectos, ou com a sua ordenação, mas também com as sensações que estes nos provocam e a sua associação com ideias que estão fora deles e que formam parte contínua dos nossos pensamentos. Por seu lado, para Mies, a obra de arte como concretização do pensamento humano na relação com a natureza, permite-nos testar “o efeito dos nossos pensamentos, para podermos pensar”. Consciente que o pensamento nasce da acção e que, com um juízo crítico e construtivo volta à acção, dizia querer ”fazer algo para poder pensar” e era com essas palavras que descrevia o efeito que os seus edifícios deveriam ter sobre quem os estuda – deveriam servir à meditação13. Também nós gostaríamos de contribuir para que esta Casa possa ser [mais] uma “Machine à Mediter”.


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