8-PRIMEIROS ACORDES DISTORCIDOS A CONSTRUÇÃO DE UM ROCK AND ROLL BRASILEIRO NA DÉCADA DE 1950..pdf

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Artigo:

PRIMEIROS ACORDES DISTORCIDOS: A CONSTRUÇÃO DE UM ROCK AND ROLL BRASILEIRO NA DÉCADA DE 1950. Por Gustavo Moura

E

ste artigo tem como objetivo analisar os

de dois mundos na Europa.

primeiros passos do Rock Brasileiro,

Com esse crescimento do Socialismo no mundo

partindo da chegada do Rock and Roll no

os EUA não viam com bons olhos que o socialismo

Brasil, este vindo pelas telas do cinema do eixo

tomasse países onde se tinham relações próximas

Rio-São Paulo. Percebemos também os impactos

e até mesmo a tomada do ideal de seus jovens,

que a juventude brasileira veio a sofrer naquele

nesta disputa entra a indústria cultural americana

momento com o novo estilo musical que crescia

com grande influência, divulgando o “American

cada vez mais no Estados Unidos. O Mundo vivia

Way of Life1”, principalmente com a veiculação de

um momento pós grande guerra, que influenciou

filmes, e com cinema começam a chegar as roupas,

diretamente em várias áreas, com as duas grandes

músicas dentro do padrão E.U.A.

guerras os EUA veio a crescer economicamente com

relevância,

sendo

um

dos

maiores

exportadores do planeta naquele momento. O mundo vivia uma guerra econômica e ideológica entre dois lados distintos, um lado trazia a União das Republicas Socialistas Soviéticas (URSS), onde o sistema socialista foi implantado e que era uma alternativa que começava a ser vista com bons olhos por alguns outros países e do outro lado tínhamos os Estados Unidos da América, os EUA, onde o sistema que naquele momento e até hoje é defendido seria o capitalismo. Dando início à Guerra Fria onde após a guerra essas duas grandes potencias dividiram a Alemanha, simbolicamente isso significa a divisão

O Brasil da década de 50 viveu um período onde começam acontecer avanços econômicos, com a chegada de várias mercadorias, o Brasil daquele momento, comparado ao modelo de 1

American Way of Life traduzindo significa “Modo de vida americano” que é relacionado ao “American Dream” que significa o sonho americano, que foi um período de consumo em massa da população estadunidense de produtos que antes eram de luxo e começam a se tornar mais acessíveis a grande população para ver essas transformações com mais detalhes ver a Era de Ouro in Era dos Extremos, Hobsbawm (1995)


G N A R U S | 66 Estadunidense, vivia um “atraso” relevante, era

grande diferença nos seus significados. O Rock and

como se estivéssemos a 50 anos atrás do resto do

Roll é um estilo musical que tem como

mundo. A industrialização brasileira e abertura

característica a sua capacidade de levar o ouvinte

para investimento estrangeiros era essencial para

à dança como retratou Bill Haley and His Comets2

o crescimento econômico, nisso chega por

na sua música “Rock Arond The Clock” que é

exemplo a indústria automobilística, também

considerado um dos marcos fundadores do Rock

começam a ter um maior acesso as músicas vindas

and Roll que durou de 1954 à 1958.

dos EUA, podemos até colocar como uma consequência

da

estratégia

americana

de

perpetuar o seu estilo de vida, com a chegada de filmes onde artistas como James Dean viviam um vida estilo Rock and Roll, mas não podemos deixar de perceber que o capitalismo tem as suas brechas onde oferece brechas e nisso alternativas, o Rock and Roll pode ser colocado como um início de movimentos que surgiram nos anos 60 e posteriormente como críticos ferozes do sistema capitalista ROCK AND ROLL & ROCK: DIFERENÇAS Antes de entramos nas características do Rock and Roll e sua utilização pelos jovens da década de 1950, como uma forma de escapar dos dogmas e paradigmas das gerações anteriores, devemos fazer uma breve diferenciação entre: o que é Rock and Roll e o que é Rock. “É possível caracterizar 3 estágios que marcaram o rock em seu processo evolutivo. De início, os blues ritmados que era música do público negro; depois surgiu o rock and roll pelo descobrimento e utilização dos blues pelos músicos brancos e, finalmente, nos anos 60, a música jovem passou a ser chamada simplesmente de rock, principalmente após a consolidação dos Beatles como grandes intérpretes e compositores. Segundo Robert Palmer, o rock é uma música baseada no rock and roll, embora mais complexa. (PAVÃO 1989, PG. 17)”

Para um apreciador do estilos, muitas vezes as duas denominações podem ser interpretadas com o mesmo sentindo, mas entre as duas há uma

Bill Halley and His Comets

O Rock vem a partir da década de 60, década em que há um grande levante da juventude para as questões políticas norte-americana, na qual aconteciam simultaneamente ao Rock lutas internas por obtenção de direito dos cidadãos e guerras. O Rock tem em sua essência a temática política tendo como um de seus marcos fundadores a música de Bob Dylan3, "Blowin’ the

Wind" de 1963, cantada como hino dos direitos na tumultuada

década

de

1960,

denominada

primeiramente de “Música de Protesto”, depois sendo denominada de Folk Rock4. Também começam a surgir bandas de Rock na Inglaterra dentre elas “The Beatles” e “Rolling Stones” que como Bob Dylan foram divisores de águas nessa diferenciação de denominação entre Rock and Roll e Rock. 2Cantor

americano de rock'n'roll, em atividade entre 1949 e 1981, quando morreu. 3Robet Allen Zimmerman, nasceu em Minesota, em 1941. Começou a tocar violão aos 12 anos e formou vários grupos ainda na escola. Foi na universidade que adotou o pseudônimo de Bob Dylan, provavelmente em homenagem ao poeta Dylan Thomas. (Kubrusly, 1984 pg. 75) 4Estilo musical que mistura a música folclórica norteamericana com as guitarras do Rock and Roll, sendo uma das raízes do Rock Psicodélico.


G N A R U S | 67 jovens no início da adolescência até o momento crítico da entrada nos tortuosos caminhos da linha de produção. Isto é, o nosso público é aquele que vai da primeira mesada ao primeiro salário.” (CHACON, 1983. PG.16)

Albert Pavão diz que a juventude dos anos 50 tinha um certo poder aquisitivo - ao contrário das décadas anteriores - o que se explica pela situação extremamente favorável da economia norteamericana nos anos de Eisenhower.5 Nessa fala de Albert Pavão vemos que o jovem começa a procurar caminhos de independência financeira, mas não devemos ser generalizantes, pois apenas Bob Dylan

uma parcela da classe média conseguia essa ascensão, com isso o público consumidor do Rock

ROCK AND ROLL: SUAS ORIGENS E ÍCONES No decorrer das épocas uma parcela da juventude era evidenciada e posta como um meio de evolução dos pensamentos que estruturavam a

and Roll geralmente não eram jovens de classe baixa, esse maior consumo das outras classe só virá a partir da década de 60 e terá força na década de 80.

sociedade em que viviam, muitas vezes indo de encontro aos dogmas e tradições mantidas pelos seus pais e parentes mais velhos, sendo sempre à juventude creditado o pensamento contra cultural de uma localidade, vemos no decorrer dessa

Com toda essa ascensão juvenil pós-guerra surge nos E.U.A. um novo estilo musical, que desacreditado por conta das misturas de estilos tradicionais, onde ao mesmo tempo agregava em si a música Negra e Branca.

história que a partir da segunda guerra mundial os jovens começaram a se encontrar em lugares que os levaram a questionar, governos, sistemas e até as pessoas, sendo que buscavam um amparo nas artes que em várias vertentes levava os gritos, daqueles que desacreditados e excluídos das

Existem três elemento que fazem com que o seu público seja amplo, elas são a pop music, o

rhythm and blues e a country and western music. Com a junção de três elementos distintos se constrói o seu estilo próprio, chamado de Rock and Roll.6

decisões queriam mostrar que poderiam também escolher e opinar nos rumos de uma sociedade. Com tudo isso as indústrias culturais começaram a perceber, que em um público jovem que começava a se surgir uma ascensão da sua liberdade individual, poderia haver um sistema consumidor em potencial, sendo lucrativo em duas vertentes a de produção e a de consumo. “Sim, mas quem é esse consumidor? Majoritariamente, ele é representado pelos

Como já observado na criação do Rock and Roll vemos que em uma das suas raízes temos a música negra americana, sendo ela um estilo que traz ao ouvinte a necessidade de interagir com a música, sendo moldado em um estilo dançante, que com essa característica conseguiu muitas críticas e repressões por parte de uma sociedade americana dos anos 50, que vivia com sentimentos racistas 5 6

PAVÃO,1989. PG.15 CHACON, 1983


G N A R U S | 68 expostos, os pais conservadores não queriam ver

Violência (...) plateias de todo o mundo provocavam tumultos que chamavam atenção para a insatisfação reinante entre os jovens e, sob o ponto de vista da comunicação, para o poder de mobilização contido no novo ritmo.” 8

seus filhos dançando sensualmente em público, atitude que inevitavelmente era feita pelos jovens que apreciavam a música. Para muitos, o maior intérprete do Rock and Roll, foi Elvis Presley, que

A chegada deste filme ao Brasil, que foi

em suas aparições na TV era proibido de ser

exibido no eixo Rio-São Paulo, foi sentida como

mostrado da cintura para baixo, por ser “obsceno

em outras partes do mundo, era um filme que

de mais” para aparecer dentro das casas

mostrava um drama juvenil que tinha como trilha

conservadoras americanas, com isso ganhou o

sonora o Rock and Roll.

apelido de Elvis “The Pélvis”. Vemos que mesmo com as suas restrições esse estilo começa a ser

“O Filme da Metro, "Sementes da Violência" é exibido no Rio e em São Paulo, mostrando para os jovens atônitos daqui, mais do que um drama juvenil dos vizinhos do Norte, mas uma música infernal e incontrolável que era o rock and roll.”9

anexado aos meios da indústria cultural. O cinema começa a se adequar a essa juventude, trazendo em seus conteúdos, questionamentos e temas que aquela

juventude

descobrir.

pós-guerra

começava

a

.

Com essa chegada do Rock and Roll no Brasil, começam

a

ser

abertos

novos

tipos

de

comportamentos, em uma parcela da juventude “No cinema sempre há um espaço para dançar”: a chegada do rock and roll no Brasil.

brasileira,

baseando-se

nos

ícones

norte-

americanos, esses jovens começam a ter no que ser

No Brasil uma parcela da juventude não ficou

espelhar e justificar atitudes, para a partir daquele

inerente a todos esses acontecimentos externos ao

momento liberar seus sentimentos e vontades que

país, começavam a surgir movimentos nacionais

na sociedade brasileira era reprimida por toda a

ligados ao Rock and Roll nos final dos anos 50,

conjuntura política e comportamental, construída

sendo as primeiras representações do Rock

por uma sociedade em sua maioria ainda

brasileiro.

conservadora. Uma amostra de

toda essa

liberdade que os corpos juvenis mostraram foi “Embora tenha surgido nos Est. Unidos e logo após feito enorme sucesso na Inglaterra e países de língua inglesa, o rock’n roll invadiu o mundo todo. Já nos anos 50, na grande maioria dos países ocidentais, se encontrava um ídolo de rock local. Isto sucedeu na França, Itália, México, Argentina e... Brasil. ”7

O Rock and Roll, chega no Brasil a partir do cinema na década de 50, mais precisamente em 1955, mas esse efervescência no mundo já

noticiada num jornal paulistanos, que mostra que sendo liberados das amarras dos dogmas da sociedade brasileira dos anos 50, os jovens foram de encontro a ela, desobedecendo suas leis e imposições. Vemos nesse logo trecho do livro “Rock Brasileiro 1955-65”, onde é importante para se exemplificar esse comportamento. Albert Pavão transcreve o noticiado nesse jornal:

começava em 1954:

“Rock and roll na cidade” “A fita ontem exibida era aguardada ansiosamente por certo tipo de moças, cuja

“Em 1954, após a projeção de Sementes de 8 7

PAVÃO,1989. p.18

9

RODRIGUES, 1994. PG. 15 PAVÃO,1989. p. 21


G N A R U S | 69 idade varia entre 14 e 18 anos (teenagers nos Est. Unidos). Não é ainda a adolescência; pelo menos para os garotos é ainda puberdade. Os meninos vestem blue jeans, calça de zuarte desbotada com bainhas dobradas, que entre nós são usadas como índice de grãfinismo e, no lugar de origem, utilizadas para a ordenha das vacas ou limpeza de chiqueiros. Também vestem blusão de camurça e uma camiseta de jersey; amarram o estojo de ray-ban na cintura, usam cabelos sobre as orelhas, descendo pela nuca e fofos no topete; fumam, leem gibis e imitam Marlon Brando ao enrolar os suéteres ao redor do pescoço. Estão matriculados em colégios caros. Já as meninas suspiram por James Dean, usam cabelos curtos despenteados, vestem calças compridas coloridas, apertadas e abertas abaixo dos joelhos; mastigam bubble gums e usam malhas colantes, óculos escuros e sapatos de salto alto ou sandálias de praia”. Na exibição do “Ao Balanço das Horas”, houve uma baderna como jamais se havia visto em São Paulo. Enquanto o filme era exibido, os jovens dançavam, gritavam e até queimavam rolos de inseticida. O tumulto foi tão grande que o governador do Estado (Jânio Quadros) foi obrigado a intervir. Informado, Jânio encaminhou despacho ao Secretário de Segurança nos seguintes termos: “Determine à polícia deter, sumariamente, colocando em carro de preso, os que promoverem cenas semelhantes. Se forem menores, entregá-los ao honrado Juiz. Providências drásticas”. Por sua vez, o Juiz de Menores, Aldo de Assis Dias, tratou logo de baixar Portaria proibindo o filme até 18 anos. Nela escreveu: “O novo ritmo divulgado pelo americano Elvis Presley é excitante, frenético, alucinante e mesmo provocante, de estranha sensação e de trejeitos exageradamente imorais”. E prossegue: “A música exerce influência prejudicial à juventude. Parece-me também conveniente que seja feito apelo às estações de rádio e televisão para que não transmitam música com esse ritmo, até que se restabeleça o equilíbrio dessa mocidade”.10

Como vimos na transcrição de Albert Pavão o governo de São Paulo se assustou diante dessa explosão juvenil emitindo uma "Nota Oficial", que dizia: "Determine à polícia deter, sumariamente,

colocando em carro de preso, os que promoverem cenas semelhantes. Se forem menores, entregá-los ao honrado Juiz. Providências drásticas". Esse

gesto mostra como foi reprimida uma nova atitude, sendo ela diferenciada dos padrões ditos normais estabelecidos pela sociedade. O filme como vemos no cartaz era tratado como “O mais sensacional filme da atualidade” e também tinha como classificação a idade de 18,

com isso

analisamos que era um filme direcionado não para aquela juventude que tinha 15 ou 16 anos, mas sim uma juventude que já obtinha um certo poder aquisitivo, onde isso fazia com que o consumo de produtos que apareciam no filme viessem a ser notados, sendo impresso na nota divulgada pelo governador de São Paulo no momento em que ele fala

de

jovens

que

“promoveriam

cenas

semelhantes”.

Cartaz filme Sementes de Violência

Influenciados por esse estilo musical que chegava no Brasil pelo cinema, como já vimos anteriormente, os jovens brasileiros começavam a imitar os personagens dos filmes, vestindo as mesmas roupas, anexando palavras em inglês a sua fala, isso mostra que parte da juventude brasileira começava a se inserir em um sistema que tinha como exemplo uma cultura estrangeira, mas que poderia se encaixar nas condições do Brasil, que

10

PAVÃO,1989. p. 23-24


G N A R U S | 70 poderiam ser reproduzidas em vários âmbitos, seja o família ou o social. Produção roqueira brasileira na década de 1950 O Brasil vivia um período chamado de “Anos Dourados”, estando como presidente Juscelino Kubitscheck, tinha como plano de metas do seu governo o desenvolvimento brasileiro referente a 50 anos em 5. Com esse plano de desenvolvimento e a chegada do Rock and Roll no Brasil dos anos 50, temos o registro da primeira gravação de Rock and Roll. “No Brasil, o rock comportamento teve muita importância durante todo o tempo, embora o rock música não mostrasse a mesma repercussão, pois não teve o apoio dos principais veículos de comunicação no período 1955-65, que mostravam clara e óbvia preferência pela bossa nova.”11

O Primeiro rock and roll feito por brasileiros é uma composição de Miguel Gustavo, com o título, “Rock and Roll em Copacabana” essa música foi gravada pro Cauby Peixoto pela RCA em Janeiro de 1957, mas só foi lançada em Maio, ela conta uma história de um jovem que com outras pessoas na porta do cinema começava a dançar o novo ritmo, mostrando como era contagiante e

Esse novo estilo inicialmente foi absorvido pelo

dançante.

pelas orquestras de Jazz, sendo o Jazz como já

Vemos que a produção roqueira é feita por

vimos anteriormente um dos pilares do rock e

artistas de outros gêneros, gravando músicas

talvez por isso seja coerente ele inicialmente ter

isoladamente. A chegada dos novos hits tinha uma

absorvido as canções roqueiras.

certa dificuldade para chegar no Brasil com isso a

A Primeira cantora no Brasil desse novo estilo

alternativa

foi Nora Ney, uma cantora de boleros e samba

brasileiros.

canção que gravou o primeiro rock, mostrando

a

regravação

por

artistas

“Em 1957, nossas principais fábricas de discos não tinham representação de importantes gravadoras dos Est. Unidos. Assim sendo, não poderiam lançar tudo que entrava no hit-parade de lá. A solução eram as gravações em inglês feitas por aqui mesmo, que vinham a substituir os lançamentos originais. Uma expoente desta fase de covers foi Lana Bitencourt, que cantava Little Darling no lugar da gravação de sucesso do grupo vocal Diamonds. O saxo-fonista Bolão, juntamente com seu conjunto (Rockettes), também se especializou nesse tipo de trabalho, destacando-se o sucesso de Short Shorts. O rock no Brasil já completava mais de um ano e nossos intérpretes jovens não apareciam. É bom lembrar que não existia cantor de rock, mas cantores populares que também cantavam rock, como Cauby, Agostinho, Lana, Nora Ney e outros.”13

mais uma vez como o cinema influenciou nessa massificação do novo estilo no Brasil, Nora Ney gravou a canção “Rondas das Horas” (Rock around the clock) em inglês, e em Outubro de 1955, em novembro do mesmo ano a gravadora Continental lança no mercado um disco de 78rpm12 contendo “Ronda das Horas”.

11

PAVÃO,1989. p. 19 O disco de 78 rotações ou 78 rpm era uma chapa, geralmente de cor negra, empregada no registro de áudio (músicas, discursos, efeitos sonoros, trilha sonora de filmes, etc.). Em geral, foram grandemente utilizados na primeira metade do século XX. Até 1948 eram o único meio de armazenamento de áudio, quando foi inventado o LP, mais resistente, flexível, e com maior tempo de duração.

era

12

13

PAVÃO,1989. p. 25


G N A R U S | 71 Os Primeiros artistas nascidos do rock and roll vieram no final da década de 1950, estes novos

“O terceiro momento de “crise” e mudança na música popular, vem depois da II Guerra mundial, com o advento do rock’n roll e da cultura pop, como um todo. O jazz também sofre mudanças. (BeBop, Free Jazz etc.). A experiência musical é o espaço de um exercício de “liberdade” criativa e de comportamento, ao mesmo tempo em que se busca a “autenticidade” das formas culturais e musicais, categorias importantes para entender a rebelião de setores jovens, sobretudo oriundos das classes trabalhadoras inglesas ou da baixa classe média americana.” 15

intérpretes começavam a disputar com grandes nomes como foi o caso de Celly Campello, com “Estupido Cupido”, cuja vendagem foi tão significativa que disputou com as de artistas internacionais, como Elvis Presley por exemplo. A TV teve grande importância na consolidação do Rock and Roll, sendo na Tv Record o primeiro programa de rock, comandado pelo irmãos A

Campello que já eram ícones da juventude da época,

nele

apareciam

grandes

atrações

juventude

brasileira

deu

uma

nova

significância a essa nova alternativa, com isso usou no decorrer das décadas a rebeldia que o Rock and

internacionais como Bill Halley.

Roll trouxe com sigo das suas raízes negras, onde eram expressas suas formas de comportamento na música popular brasileira em períodos de repressão , pois desde a palavra rock and roll que vem de um gíria dos negros americanos que tem conotação

sexual,

até

das

formas

de

comportamento que a juventude usou, esse comportamento se refletia na forma de vestir, na forma de cantar e de perceber as dificuldades encontradas na sociedade conservadora, onde no Brasil era muito forte, pois chegou a se fazer uma caminhada contra a guitarra elétrica na década de 60, onde artistas de renome participaram, com isso vemos o medo que o brasileiro trazia desse hibridização, que inevitavelmente temos nas

CONSIDERAÇÕES FINAIS Os anos 50 foram um momento de crescimento do

homem,

aconteceram

muitos

avanços

tecnológicos que trouxeram uma maior variedade dos bens de consumidos e uma maior exploração do trabalho do homem.14 O Rock and Roll nasce de um terceiro momento da evolução da música popular esse momento é colocado como um “momento de crise” como coloca Marcos Napolitano: 14

RODRIGUES,1992. p 15.

nossas raízes culturais. O Rock se apropriou de uma das maiores virtude da juventude, que é a vontade de mudança, por que enquanto houver um jovem revoltado com a sociedade em que vive haverá Rock nesse local, pode até parecer uma concepção ou

palavras

religiosamente

expressas,

mas

historicamente o Rock and Roll é fruto da vontade de mudança e quebra dos paradigmas impostos e sempre haverá paradigmas a serem quebrados na 15

NAPOLITANO, 2002. p. 13.


G N A R U S | 72 busca por uma sociedade livre, Marcuse(1990) ao ver os movimentos que aconteciam onde o rock era a música que regia os protestos, coloca todas as suas fichas na Arte como um meio de liberdade do homem na sociedade capitalista, nela segundo Marcuse (1990) será feita a construção de uma nova realidade, mesmo que não tenham feito em algum momento a transformação coletiva temos certeza que a transformação individual foi feita em várias pessoas no mundo e no Brasil como vimos no decorrer desse trabalho. Gustavo Moura é graduando no Curso de Licenciatura Plena em História da Universidade Estadual do Piauí (UESPI) Campus Alexandre Alves de Oliveira. ParnaíbaPiauí.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRANDÃO, Antônio Carlos; DUARTE, Milton Fernandes. Movimentos Culturais da Juventude. São Paulo: Moderna, 1990. CHACON, Paulo. O Que é Rock. 3. Ed, São Paulo:

Brasiliense, 1983. DAPIEVE, Arthur; ROMANHOLLI, Luiz Henrique. Guia de rock em CD. 2. Ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2004. FRIEDLANDER, Paul. Rock and Roll: Uma história social. 7. Ed. Rio de Janeiro: Record, 2012. HOBSBAWM, Eric. Era dos Extremos: O breve século XX (1914-1991). 2. Ed. São Paulo: Companhia das Letras, 1995. KUBRUSLY, Mauricio. Enciclopédia do Rock: Todos os nomes mais importante do mundo do rock de A a Z. São Paulo: Editora Três. 1984. LEMOS, José Augusto. Rock'n'Roll, São Paulo: Editora Abril, 2003. MARCUSE, Herbert. A Arte na Sociedade Unidimencional. In: LIMA, Luiz Costa (Org). Teoria da Cultura de Massa. 4. Ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1990, pg. 245-256. MUGNAINI JR, Ayrton. Breve História do Rock. São Paulo: Editora Claridade, 2007. NAPOLITANO, Marcos. História & Música: História Cultural da Musica Popular. Belo Horizonte: Autêntica, 2012. PAVÃO, Albert. Rock Brasileiro 1955-65: Trajetória, Personagens e Discografia, São Paulo: EDICON, 1989. RODRIGUES, Marly. A Década de 50: Populismos e metas desenvolvimentistas no Brasil. São Paulo: Ática, 1992.

Elvis, The Pélvis.


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